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Infecções do Sistema Nervoso Central (SNC)
Introdução
	Uma das infecções mais frequente do SNC é a meningite aguda. Entre as etiologias mais comuns é possível citar as de origem bacteriana, seguida por infecções virais e fúngicas. Esta última é mais frequente em indivíduos imunossuprimidos. Variações na incidência da doença vem sendo observadas em decorrência da imunização da população contra Haemophilus influenzae tipo B e S. pneumoniae. Outros fatores interferentes incluem alterações no perfil de susceptibilidade à penicilina de algumas bactérias, que passam a apresentar resistência ao antibiótico.
Um aspecto importante do diagnóstico é o cultivo microbiológico de anaeróbios, cuja a aplicação é mais indicada para meningites agudas de origem nosocomial. A presença de microrganismos no licor é baixa e qualquer achado é importante e deve ser notificado. Para facilitar o diagnóstico, essas amostras com baixa concentração de microrganismos normalmente são centrifugadas com o objetivo de concentrar a solução.
Metodologia
	Para o diagnóstico de infecção do sistema nervoso central foi coletado uma alíquota do liquor em um volume de aproximadamente 4 mL. O material apresentava-se em bom estado e sem turvação. O primeiro tratamento efetuado foi a concentração da amostra através de uma centrifugação a 4500 rpm por 15 minutos, com remoção do excesso de liquor através de uma pipeta estéril até o volume de 1 mL. O pellet resultante da centrifugação foi ressuspendido e a partir daí foram feitos os procedimentos subsequentes. 
	Primeiramente, foi efetuado a coloração por Gram da amostra. Usando uma pipeta estéril, uma gota da suspensão foi dispensada sobre a lâmina e espalhada até compor um esfregaço delgado. A lâmina foi mantida próximo à chama para secar e por fim, com passadas rápidas sobre o fogo, o esfregaço foi fixado e seguiu para a bateria de coloração por Gram. Inicialmente, foi adicionado o cristal violeta com três gotas de bicarbonato por dois minutos, seguindo para a adição do lugol, após a dispensa do corante anterior, por um minuto. Ao fim, a lâmina foi vertida e descorada rapidamente com éter e lavada com água corrente em seguida. Por fim, foi adicionado o contracorante, safranina, por 30 segundos, seguido de mais uma lavagem com água corrente após decorrido o tempo. A lâmina foi seca antes da leitura em objetiva de imersão.
	O inóculo para cultivo em anaerobiose foi feito utilizando dois meios não seletivos e ricos, ágar sangue e ágar chocolate, e um meio sólido seletivo para bactérias Gram negativas, o ágar MacConkey. Usando uma pipeta Pasteur estéril foi retirado uma gota da amostra e dispensada em cada placa. A partir daí, foi feito o isolamento pela técnica de esgotamento por estrias compostas.
Resultados
Gram: presença de cocos Gram negativos em pares ou isolados frequentes, sugestivo de Neisseria meningitidis. 
Cultura: Positiva nos três meios utilizados, apresentando baixo crescimento em ágar MacConkey.
Discussão
	Os achados apontam para uma possível infecção por Neisseria meningitidis visto que essa bactéria se apresenta no Gram como cocos ou diplococos Gram negativos. Como esperado, as colônias observadas apresentaram tamanho médio a grande e de aspecto acinzentado nos meios ricos não seletivos, na presença de atmosfera rica em gás carbônico. O baixo crescimento observado em ágar MacConkey, após cinco dias, provavelmente decorre das características da bactéria, uma vez que Neisseria meningitidis é uma espécie fastidiosa.
	Assim, os achados apontam para uma infecção causada por Neisseria meningitidis.
Referência
Carmem Oplustil, Cássia Zoccoli, Nina Tobouti & Sumiko Sinto. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica. Capítulo 16: Cultura de amostras do trato respiratório inferior. 3ª edição, 2010. Editora Sarvier.

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