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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 31 Última, amém!!! – Lá vem o sol e muita pressão 1) COMPREENDER FATORES DE RISCO PARA O SURGIMENTO DE LESÕES DE PELE Já se sabe há bastante tempo, em bases clínicas e experimentais, da existência de fatores carcinogênicos de diversas naturezas: Físicos: raios ultravioletas, sobretudo na faixa de 290 a 320 nm (RUV-B); radiação ionizante (raios Grenz, raios X); calor e traumatismo; Químicos: alcatrão e seus derivados; arsênico etc. Biológicos: vírus e hormônios. Isolados ou concomitantemente, esses fatores agem sobre a epiderme e/ou derme do tegumento, provocando alterações iniciais (bioquímicas e ultra estruturais) que podem regredir, nessa fase ou após um período de latência, passar à fase proliferativa ou neoplásica propriamente dita. Ainda aqui pode ocorrer a regressão espontânea, até mesmo em câncer já plenamente constituído (melanoma e carcinomas). 2) ENTENDER A DIFERENÇA DO PROCESSO DE PROLIFERAÇÃO DAS LESÕES BENIGNAS E MALIGNAS Diferenciação e anaplasia: Tumores benignos assemelham-se ao tecido de origem e são bem diferenciados. Tumores malignos são indiferenciados (anaplásicos). Velocidade de crescimento: Tumor benigno possuem crescimento lento. Invasão local: Tumores benignos são circunscritos e possuem cápsula. Tumores malignos são mal circunscritos e invadem os tecidos normais circundantes. Metástase: Tumor benigno permanece localizado no sítio de origem, enquanto tumor maligno é localmente invasivo e metastatiza para locais distantes. TUMORES BENIGNOS São formados por células adultas que crescem de forma ordenada e lenta. Não invadem os tecidos adjacentes, mas podem fazer compressão das estruturas vizinhas. Formado por células semelhantes àqueles presentes no tecido normal. Têm como características: formato regular, cápsula fibrosa, células bem diferenciadas, crescimento por expansão e localizado, taxa de proliferação celular baixa e raramente recidivam após ressecção. TUMORES MALIGNOS As células sofrem alterações nas funções reguladoras do DNA: Proliferação celular. Perdem a função especializada e adquirem novas características ou funções. Invadem os tecidos adjacentes e disseminam por meio de vasos sanguíneos e sistema linfáticos (metástase). Têm como características: Não apresentam cápsula envolvente, possui forma irregular e com limites mal definidos, crescem por expansão e invasão de forma mais rápida, as suas células são indiferenciadas e têm uma alta taxa de proliferação celular, podendo ocorrer recidivas após o tratamento. O câncer da pele responde por 33% de todos os diagnósticos de câncer no Brasil. O tipo mais comum, o câncer da pele não melanoma, tem letalidade baixa, porém a incidência é muito alta. Os mais comuns são os carcinomas basocelulares e espinocelulares, responsáveis por 177 mil novos casos da doença por ano. Mais raro e letal que os carcinomas, o melanoma é o tipo mais agressivo de câncer da pele e registra 8,4 mil casos anualmente. 3) DIFERENCIAR AS CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E DIAGNÓSTICAS DAS LESÕES MALIGNAS E BENIGNAS LESÕES MALIGNAS CARCINOMA BASOCELULAR (CBC): Mais prevalente dentre todos os tipos. Surge nas células basais, que se encontram na camada mais profunda da epiderme. Tem baixa letalidade e pode ser curado em caso de detecção precoce. Frequentemente, surge em regiões expostas ao sol: face, orelhas, pescoço, ombros. Certas manifestações se assemelham a lesões não cancerígenas: eczema ou psoríase. O tipo mais encontrado é o CBC nódulo-ulcerativo: caracterizado por pápula vermelha, brilhosa, com uma crosta central, que pode sangrar com facilidade. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 CARCINOMA ESPINOCELULAR: Segundo mais prevalente dentre todos os tipos de câncer de pele. Manifesta-se nas células escamosas, que constituem as camadas superiores da pele. Pode se desenvolver em todas as partes do corpo, embora seja mais comum nas áreas expostas ao sol: orelhas, rosto, couro cabeludo, pescoço. A pele possui dano solar: enrugamento, mudança na pigmentação e perda de elasticidade. É duas vezes mais frequente em homens do que em mulheres. Têm coloração avermelhada e se apresentam na forma de feridas espessas e descamativas, que não cicatrizam e sangram ocasionalmente. MELANOMA: Origina-se dos melanócitos. Tem aparência de pinta ou de sinal na pele, em tons acastanhados ou enegrecidos, com mudança de cor, formato ou tamanho. Apresenta relação com a hereditariedade e com a exposição inadequada ao sol. Menos frequente, porém tem pior prognóstico e alto índice de mortalidade. A chance de cura é superior a 90%, quando há detecção precoce. As lesões podem surgir em áreas difíceis de serem visualizadas pelo paciente, embora sejam mais comuns nas pernas, em mulheres; nos troncos, nos homens; e pescoço e rosto em ambos os sexos. LESÕES BENIGNAS HEMANGIOMA São proliferações de vasos sanguíneos. Aparecem na pele como manchas ou tumorações avermelhadas ou arroxeadas. LIPOMA Acúmulo de tecido gorduroso que surge no subcutâneo. Podem crescer bastante, causando incômodo estético e físico. NEVOS MELANOCÍTICOS Tumor benigno composto por células pigmentares (melanocíticas). São conhecidos, popularmente, como sinais, pintas ou verrugas. CISTO EPIDÉRMICO (CISTO SEBÁCEO) Nódulo semelhante a um caroço, da mesma cor da pele, esbranquiçado, ou amarelado, que tem tamanho variável e pode ser único ou múltiplo, com consistência dura, elástica, com flutuação ou pus quando inflamado. VERRUGA VIRAL São causadas pelo Papiloma Vírus Humano (HPV). A infecção acontece em decorrência de um crescimento anormal das células da epiderme e para que o HPV se instale, é preciso que existam pequenas feridas que servem de porta de entrada. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 QUELOIDE Crescimento anormal de tecido cicatricial que se forma no local de um traumatismo, corte ou cirurgia de pele. CORNO CUTÂNEO Lesão acentuadamente hiperqueratótica, cônica e circunscrita, que pode ocultar tanto lesões benignas como malignas. CERATOSE ACTÍNICA É uma lesão de pele causada pelo sol, considerada uma lesão pré-maligna, pois pode evoluir para o carcinoma espinocelular. CERATOSE SEBORREICA Lesão benigna da pele, geralmente arredondada ou irregular, de coloração acastanhada, amarronzada ou negra, e de aspecto verrucoso. 4) COMPREENDER A FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA ÚLCERA DE PRESSÃO (ESCARA) As úlceras de pressão, também conhecido como úlceras de decúbito, formam-se nas interfaces de sustentação do corpo sobre proeminências ósseas (sacro, maléolo, quadris, podendo também acometer a região occipital, hélices, cotovelos e extremidades inferiores, incluindo calcanhares e tornozelos.), em consequência de compressão externa da pele, forças de cisalhamento e atrito, causando necrose tecidual isquêmica. Basicamente, são lesões de partes moles, produzidas pela pressão constante sobre proeminências ósseas. Qualquer idade pode ser acometida, embora a maior prevalência das úlceras de pressão seja observada em pacientes idosos acamados por longos períodos de tempo. Fatores de risco: Idade (idosos); Sexo masculino; Alteração sensorial (pé diabético); Umidade; Mobilidade (aos pacientes internados, devem ter cuidados adequados da enfermagem); Nutrição (favorece o surgimento de qualquertipo de ferida); Fricção/contato; Lesão medular; Desnutrição, tabagismo, álcool/uso de drogas, uso de medicação de dor. FISIOPATOLOGIA As úlceras por pressão são causadas por fluxo sanguíneo inadequado como resultado de pressão prolongada ou fricção. Uma compressão tecidual acima da pressão de enchimento capilar de 32 mmHg dure mais de 2 horas pode provocar isquêmica local (partes moles) e necrose. Existe uma relação inversa entre a pressão e tempo para ulceração = precisa-se de muito mais tempo de pressão exercida sobre o tecido quando se tem uma pressão mais baixa. Os tecidos moles inferiores são mais suscetíveis à isquemia do que a pele, como os músculos. As áreas de maior pressão variam de acordo com posição: Na posição supina (deitado) as regiões mais acometidas: calcanhar e sacro. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS As úlceras por pressão iniciam-se com um eritema persistente da pele intacta e podem progredir para perda cutânea de espessura total com extensa destruição do tecido subjacente. Em pacientes com sensibilidade, mobilidade e faculdades mentais normais, as úlceras de decúbito geralmente não ocorrem. Classificação do National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) é em 4 estágios e designada apenas para descrever a profundidade de uma úlcera visível no momento do exame. ESTÁGIO I: eritema da pele íntegra/intacta, que não empalidece sob pressão, calor e infiltração; Reconhecimento e tratamento efetivo neste estágio são especialmente importantes porque, quando cuidado adequadamente, o caso pode ser resolvido em 5 a 10 dias. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 ESTÁGIO II: necrose superficial (rasa) ou de espessura parcial acometendo a epiderme e/ou a derme. Bolhas -> necrose da derme (negra) -> úlcera superficial ESTÁGIO III: necrose profunda, úlcera em forma de cratera com perda espessura total da pele, envolvendo o subcutâneo. A lesão ou necrose podem se estender até a fáscia, porém sem penetrá-la. ESTÁGIO IV: necrose de espessura total (→ ulceração) com acometimento das estruturas de sustentação, como músculo e osso. Pode crescer até atingir muitos centímetros. Pode ser ou não dolorosa à palpação. As bordas das úlceras podem estar solapadas. As úlceras de pressão bem desenvolvidas com tecido desvitalizado na base (escara) têm mais probabilidade de adquirir infecção secundária que compromete ou impede a cicatraização. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é estabelecido clinicamente. Pode ser solicitados exames hematológicos: Cultura do material da ferida: para bactérias aeróbias e anaeróbias; Hemoculturas: costuma haver bacteremia aós manupulação da úlcera; Patologia: Biópsia de pele: Necrose da epiderme com necrose da glândula e ducto écrino. As úlceras profundas exibem infartos cuneiformes do tecido subcutâneo. Biópsia óssea: Fundamental para o diagnóstico de osteomielite contígua. TRATAMENTO Mudança frequente de decúbito do paciente a cada 2 horas e redução de carga com camas e colchões especiais são componentes-chave na sua prevenção e tratamento. O tratamento atual baseia-se em quatro pontos cruciais: Redução da pressão e prevenção de novas úlceras; Tratamento da ferida; Intervenção cirúrgica; Nutrição. Com o tratamento adequado, as úlceras de estágio I e II cicatrizam em 1 a 4 semanas, enquanto as úlceras dos estágios III e IV cicatrizam em 6 a 12 semanas ou mais. ÚLCERAS DE ESTÁGIOS I E II: Antibióticos tópicos (exceto neomicina) sob gaze estéril úmida podem ser suficientes para as erosões iniciais. Curativos de hidrogel ou hidrocoloide. ÚLCERAS DE ESTÁGIOS III E IV: Tratamento cirúrgico: desbridamento do tecido necrótico, remoção das proeminências ósseas, retalhos e enxertos de pele. COMPLICAÇÕES INFECCIOSAS: Ciclo prolongado de agentes antimicrobianos, dependendo do antibiograma, com desbridamento cirúrgico do osso necrótico na presença de osteomielite. REFERÊNCIAS Azulay, RD., Azulay-Abulafia, L. Dermatologia. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. Wolff, K., Johnson, R.A., Saavedra, A. P. Dermatologia de Fitzpatrick. 8. ed. 2019.
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