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4 Juizados Especiais Cíveis dos Estados e do DF – Lei 9.099/95 1. As causas de menor complexidade no âmbito civil Além das matérias previstas nos incisos II a IV do seu art. 3º, a lei 9.099/95 admite que outras sejam debatidas dentro do Sistema dos Juizados Especiais, desde que o valor da causa não seja superior a 40 salários mínimos e que esta não esteja entre aquelas expressamente excluídas pela lei especial (§ 2º, art. 3º). As causas mais freqüentes na cidade de São Paulo são as relativas às relações de consumo, cobranças em geral (inclusive danos morais) e ao direito de vizinhança. Muitas vezes, porém, as causas de valor inferior a 40 mínimos e aquelas previstas nos incisos II a IV do art. 3º da lei 9.099/95 apresentam alta complexidade jurídica. Outras vezes, grande complexidade probatória. As questões de direito, por mais intrincadas e difíceis que sejam, podem ser resolvidas dentro do Sistema dos Juizados Especiais, o qual sempre é coordenado por um Juiz togado. Discussão semelhante, que há quatro décadas envolveu a lei 1.533/51 e o rito sumaríssimo do mandado de segurança, foi resolvida pelo TJSP no sentido de que “As questões de direito, por mais intrincadas e difíceis, podem ser resolvidas em mandado de segurança” (RT 254/104). Por outro lado, quando a solução do litígio envolve questões de fato que realmente exijam a realização de intrincada prova, após a tentativa de conciliação o processo deve ser extinto e as partes encaminhadas para a justiça comum. É a real complexidade probatória que afasta a competência dos Juizados Especiais. Observe-se, porém que a lei confere ao julgador do sistema especial ampla liberdade para determinar a produção de provas, admite a adoção de regras da experiência comum (art. 5º) e autoriza a inquirição de técnicos e a realização de inspeções (e mesmo pequenas perícias), instrumentos que na maior parte das vezes são suficientes para a solução das controvérsias. Em São Paulo, o Juizado Especial Cível Central I conta com o trabalho do Escritório Politécnico do Grêmio Politécnico da Universidade de São Paulo, o qual realiza gratuitamente inspeções e laudos na área de engenharia civil, hidráulica e mecânica. A conclusão é que a complexidade referida pelo legislador diz respeito a matéria de fato e não a matéria de direito, critério que aliás também é adotado para a conversão do procedimento sumário em procedimento ordinário (§ 7º do art. 275 do CPC), devendo o Juiz colher todas as provas disponíveis antes de reconhecer a incompetência do Juizado . 4 Silvana Campos de Moraes , lembra que “No entender do1 Desembargador Sérgio Augusto Nigro Conceição a complexidade está intrinsecamente ligada à produção de provas”. 2. Os princípios: Os artigos 2º, 5º e 6º da lei 9099/95 explicitam princípios que norteiam os Juizados Especiais Cíveis e que convergem na viabilização do amplo acesso ao Judiciário e na busca da conciliação entre as partes. Em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, seção Letras Jurídicas, edição de 07/10/95, o Professor Walter Ceneviva cita lição da Desembargadora Fátima Nancy Andrighi (TJ-DF), que remete à China do século 7, no curso das dinastias Manchus. À época, o então imperador Hang Hsi teria baixado um decreto ordenando que todos aqueles que se dirigissem aos tribunais fossem tratados sem piedade ou consideração, a fim de que seus súditos se apavorassem com a idéia de comparecer perante os magistrados (os quais além de pedantes eram venais, corrompidos e submetiam os jurisdicionados a múltiplas humilhações). Hang Hsi tinha por objetivo evitar que seus súditos concebessem a idéia de que tinham à sua disposição uma Justiça acessível e ágil, o que ocorreria se pensassem que os juízes eram sérios e competentes. Para o imperador, tal crença seria um desastre, pois os litígios surgiriam em número infinito e a metade da população seria insuficiente para julgar os litígios da outra metade. Os treze séculos que se passaram desde então, porém, acabaram por ensinar o contrário. Ou seja, um dos maiores fatores de desestabilização social é a litigiosidade reprimida, litigiosidade esta que os Juizados Especiais visam solucionar. Em nota preliminar do manual "Juizado Especial de Pequenas Causas" - lei 7244/84 - o mestre Theotonio Negrão já afirmava: " Para que o povo tenha confiança no Direito e na Justiça, é preciso que esta seja onipresente; que as pequenas violações de direito, tanto quanto as grandes, possam ser reparadas". Na fase de conhecimento dos processos cíveis disciplinados pela lei 9099/95, o CPC sequer expressamente apontado como norma supletiva de interpretação, circunstância que não impede sua aplicação por analogia (artigo 4º da Lei de Introdução ao Código Civil) mas que recomenda a superação das omissões do legislador com base nos próprios princípios do novo Sistema. a. Princípio da Oralidade - A forma escrita só é 1 Silvana Campos de Moraes, Juizado Especial Cível, Forense, p. 42. 4 obrigatória nas hipóteses expressamente previstas em lei, autorização que na prática se manifesta da seguinte forma: o mandato ao advogado poderá ser verbal, exceto quanto aos poderes especiais de receber a citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso (artigo 38 do CPC) ; apenas os atos essenciais serão registrados por escrito e os demais atos poderão ser gravados em fita magnética, que será inutilizada ( na verdade reaproveitada ) após o trânsito em julgado da decisão (artigo 13, § 3º, da lei especial) ; o pedido inicial pode ser oral e será reduzido a termo pela Secretaria do Juizado (Artigo 14, § 3º da lei especial); a contestação e o pedido contraposto podem ser orais (artigo 30 da lei especial); a prova oral não será reduzida a escrito e os técnicos poderão ser inquiridos, com a dispensa de laudos (artigos 35 e 36 da lei especial) ; o início da execução poderá se dar por simples pedido verbal do interessado (artigo 52, IV, da lei especial) ; os embargos de declaração poderão ser interpostos oralmente, etc. Conforme já se verificava nos Juizados Especiais de Pequenas Causas, muitas vezes o depoimento pessoal do réu é colhido concomitantemente com sua contestação ou mesmo a título de pedido contraposto, especialmente quando ele estiver desacompanhado de advogado. A transcrição da prova gravada em fita magnética, prevista no artigo 43 da lei especial, deve ser compreendida como a cópia de uma fita cassete para outra fita cassete e não como a expressão escrita dos sons. A sentença, porém, deve consignar, , no essencial, os informes trazidos nos depoimentos. b. Princípios da Informalidade e da Simplicidade - Independentemente da forma adotada, os atos processuais são considerados válidos sempre que atingem sua finalidades (artigo 13 da lei 9099/95 ). Processo é meio e não fim, razão pela qual nenhuma nulidade é reconhecida sem a demonstração do prejuízo (artigo 13, § 1º). A citação pode ser efetivada pelo correio, salvo absoluta necessidade da diligência ser realizada por oficial de Justiça. As intimações podem ser realizadas por qualquer meio idôneo, inclusive Fac-símile. Dispensa-se o instrumento de Carta Precatória. c. Princípio da Economia processual ( Gratuidade ) no primeiro grau de jurisdição - Da propositura da ação até o julgamento pelo juiz monocrático ( processo de conhecimento ), em regra as partes estão dispensadas do pagamento de custas, taxas ou despesas. O juiz, porém, condenará o vencido ao pagamento das custas e honorários advocatícios nos casos de litigância de má-fé. O parágrafo 2º do artigo 51 dita que no caso de extinção do processo em razão da ausência injustificada do autor em qualquer das audiências, deve ele ser condenado ao pagamento das custas ( pode também ser condenado ao pagamento dos honorários da outra parte). O artigo 55, II, prevê a condenação do embargante ao pagamento das custas e honorários advocatícios se os embargos forem julgados improcedentes. Parao recurso, excetuada a hipótese de assistência judiciária gratuita, exige-se o preparo (custas de 2% sobre o valor da causa, porque devem ser incluídas aquelas dispensadas até o primeiro julgamento e 4 demais despesas processuais, nos termos do Provimento 511 do Conselho Superior da Magistratura do Estado de São Paulo). Se vencido no recurso, o recorrente pagará o total das despesas + os honorários advocatícios. Nas causas de valor até 20 salários mínimos, a assistência das partes por advogado é facultativa e não compulsória, regra que derroga o inciso I do artigo 1º da lei 8906/94 (Estatuto da OAB) e que encontra respaldo nos incisos XXXIV, "a", e XXXV, ambos do artigo 5º da CF. Para o recurso, qualquer que seja o valor da causa, é obrigatória a presença do advogado. Quando a causa recomendar, o juiz alertará as partes da conveniência do patrocínio por advogado. Caso a ré seja pessoa jurídica ou firma individual (assistida ou não por advogado ), ou se uma das partes comparecer assistida por advogado, a outra parte, se quiser, contará com a assistência judiciária prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial. d. Princípio da Celeridade - Instauração imediata da sessão de conciliação caso ambas as partes compareçam perante o juizado, dispensados o registro prévio do pedido e a citação (artigo 17). Concentração da defesa, produção de provas, manifestação sobre os documentos apresentados, resolução dos incidentes e prolação de sentença, sempre que possível, em uma única audiência (artigos 28 e 29). Vedação da intervenção de terceiros e da assistência (são comuns os indeferimentos de pedidos de denunciação da lide a seguradoras nos Juizados Especiais Cíveis) , embora admita-se o litisconsórcio (artigo 10). e. Princípio da Ampla Liberdade do Juiz na condução do processo e na produção das provas - artigos 5º e 6º da lei 9099/95: No Juizado Especial, o Juiz dirige o processo com ampla liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e para dar especial valor às regras da experiência comum ou técnica, adotando em cada caso a decisão que reputar mais justa e equânime. O julgamento, à semelhança do que se verifica nos processos criminais, deve ter como objetivo a verdade real e não a verdade formal, atendendo assim aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum (artigos 5º e 6º). 3. Conciliação O acordo extrajudicial ( transação ), de qualquer natureza ou valor, poderá ser homologado no juízo competente ( o pedido pode ser encaminhado ao Juizado Especial quando a matéria e o valor estiverem dentro da competência deste), independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial. A conciliação pode abranger causas de procedimento diverso do previsto na lei 9099/95 e de valor superior a 40 salários mínimos, conforme se conclui da análise conjunta dos artigos 3º ( § 3º ) e 51 ( II ) da lei 9099/95. A regra indica a subsistência do chamado Juizado Informal de Conciliação dentro do sistema dos Juizados Especiais Cíveis. 4 Vale como título executivo extrajudicial o acordo celebrado pelas partes e referendado pelo órgão competente do Ministério Público ou pelos advogados dos transatores ( artigo 585, II, do CPC ). Os negócios jurídicos processuais, os atos dispositivos das partes, também são chamados de atos de causação. " A sentença definitiva é ato de uma só pessoa, isto é, do juiz que a elaborou. No entanto, quando a lide é composta mediante ato de causação, há ato decisório subjetivamente complexo. É que dele participam o Juiz, homologando o negócio jurídico processual, e o autor ou autores da declaração de vontade com que se solucionou o litígio. Sentença subjetivamente complexa é aquela composta de atos processuais provindos de pessoas ou órgãos diferentes, e que se aglutinam entre si, para constituir um único ato decisório. E tal fenômeno processual verifica-se no negócio jurídico processual, devidamente homologado, com que se encerra o processo de conhecimento" ("Manual de Direito Processual Civil", ed. Saraiva, José Frederico Marques, vol. 03, pg. 34, 8º edição). 4. Partes (artigo 8º) : a. Autor: pessoa física plenamente capaz, excluído o cessionário de pessoa jurídica. Os maiores de 18 e menores de 21 anos (relativamente incapazes nos termos do artigo 6 º, I, do Código Civil) , independentemente de assistência, podem ser autores nas causas processadas pelo Juizado Especial (artigo 8º, § 2º). A pessoa jurídica de direito privado pode ser ré mas não autora. Com base no princípio da igualdade das partes (artigo 125, I, do CPC) , alguns autores admitem que os relativamente incapazes, autores do pedido principal, figurem como réus em pedidos contrapostos, bem como aceitam que a pessoa jurídica ré do pedido originário seja autora no pedido contraposto. Pela lei 9841/99, já regulamentada pelo Decreto 3474/00, as microempresas também estão autorizadas a figurar como autoras nos Juizados Especiais. Dados da Receita Federal indicam que as micros correspondem a mais de 60% de todas as empresas regularmente constituídas no País. Espera-se, por isso, um grande aumento no movimento dos Juizados Especiais Cíveis, os quais, em diversas unidades da Federação, já absorvem mais da metade dos novos processos distribuídos. Aceitamos que a pessoa jurídica ré figure como autora do pedido contraposto, mas a questão não é pacífica. O Comerciante Individual (ou firma individual) , por sua vez, é a própria pessoa física ou natural, respondendo seus bens pelas obrigações que assumiu. Só é considerado pessoa jurídica para fins Tributários (ficção jurídica - TJSC e 4 Rubens Requião, “Curso de Direito Comercial”, Saraiva, 17ª edição, pg. 76) e por isso deve ser admitido como autor. Várias vezes a lei especial distingue o comerciante individual da pessoa jurídica (artigo 9º, § 1º; artigo 18, II, etc), confirmando a orientação aqui exposta. Ainda prevalece em São Paulo que os condomínios e demais entidades denominadas “não personalizadas” , ou “universalidades de direitos” (massa falida, consórcio etc ), não têm legitimidade para figurar no pólo ativo das ações que tramitam perante os Juizados Especiais Cíveis. Tal entendimento tinha por base maior o conceito de que o sistema foi criado para defender os direitos do cidadão comum, pessoa física. Diante da admissão das microempresas no pólo ativo das ações o entendimento restritivo passou a ser minoritário. Conclusões dos Encontros Nacionais de Juizados demonstram que em quase todo o Brasil ( as exceções são as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba ) os condomínios estão sendo admitidos a propor ações perante os Juizados Especiais Cíveis, legitimação que está sendo explicitada em pelo menos três projetos de lei federal que tramitam no Congresso Nacional. b. Réu: Pessoa física absolutamente capaz ou pessoa jurídica de direito privado. Sociedades de economia mista e empresas públicas são pessoas jurídicas de direito privado e podem figurar no pólo passivo. As empresas públicas da União, porém, não podem figurar no pólo passivo das ações que tramitam perante os Juizados Especiais Cíveis, pois têm a Justiça Federal como foro privativo e os juizados são órgãos da Justiça dos Estados-Membros e do Distrito Federal ( ainda não temos Juizados instalados no âmbito da Justiça Federal ou do Trabalho, embora desde a Emenda Constitucional 22/99 haja previsão de que lei federal disporá sobre a criação de Juizados Especiais no âmbito Federal ). c. Não podem ser partes ( autor ou réu ): o incapaz, o preso, as pessoas jurídicas de direito público (entes políticos, autarquias e fundações públicas) as empresas públicas da União ( que mesmo sendo pessoas jurídicas de direito privado têm por foro de competência a Justiça Federal - artigo 109, I, da CF) , a massa falida e o insolvente civil. A participação do Ministério Público nas causas cíveis processadas junto ao Juizado Especial é bastante restrita, conforme se conclui da análise dos artigos 9º e 82 do CPC, c. c. o artigo 8º, caput, da lei especial ( naprática está limitada aos processos de conhecimento que envolve, liquidação extrajudicial ). Admite-se a participação de espólio no pólo ativo ou passivo da ação, desde que entre os sucessores não haja incapaz. 4 5. Competência - Causas Cíveis de menor complexidade. A lei 7244/84, em seu artigo 3º, considerava pequenas causas somente aquelas que: a. versavam sobre direito patrimonial; b. tinham valor inferior a 20 salários mínimos à data do ajuizamento e; c. Tivessem por objeto alguma das hipóteses taxativamente previstas em seu texto ( condenação em dinheiro; condenação à entrega de coisa certa móvel ou ao cumprimento de obrigação de fazer, a cargo de fabricante ou fornecedor de bens e serviços; e a desconstituição e a declaração de nulidade de contrato relativo a coisas móveis e semoventes três requisitos ). Era necessária a soma dos três requisitos. A lei 9099/95, por sua vez, dispõe que o Juizado Especial Cível tem competência para o julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas aquelas que preencham algum dos seguintes requisitos: a. Em razão do valor (ratione valoris) : as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo; b. Em razão do objeto (ratione materiae) : b.1 as causas sujeitas ao procedimento sumário (artigo 275, II, do CPC). Benedito Calheiros Bonfim , com razão, sustenta que este2 inciso II do art. 3º da lei 9.099/95 incorporou a preexistente redação do inc. II do art. 275 do CPC (mais ampla que a atual), fazendo da redação daquela sua própria redação. Assim, lastreado no princípio segundo o qual lei especial (9.099/95) não é revogada pela lei geral (o CPC e as alterações da lei 9.245/95), o autor defende que na análise deste inc. II do art. 3º da lei 9.099/95 devem ser consideradas de competência do Juizado as doze alíneas da redação anterior do inc. II do art. 275 do CPC (“a” a “m”) e não as sete (“a” a “g”) atuais. Eis as causas incorporadas pelo inc. II do art. 3º da lei 9.099/95 e ainda vigentes para fins de análise da competência do novo sistema: a. que versem sobre a posse ou domínio de coisas móveis e de semoventes; b. de arrendamento rural e de parceria agrícola; c. de responsabilidade pelo pagamento de impostos, taxas contribuições, despesas e administração de prédio em condomínio; d. de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; e. de reparação de dano causado em acidente de 2 Ex-Presidente do Instituto Brasileiro dos Advogados, em artigo publicado no “ O Diário das Leis”, janeiro de 1998. 4 veículos; f. de eleição de cabecel g. que tiverem por objeto o cumprimento de leis e posturas municipais quanto à distância entre prédios, plantio de árvores, construção e conservação de tapumes e paredes divisórias; h. oriundas de comissão mercantil, condução e transporte, depósito de mercadorias, gestão de negócios, comodato, mandato e edição; i. de cobrança da quantia devida, a título de retribuição ou indenização, a depositário e leiloeiro; j. do proprietário ou inquilino de um prédio para impedir, sob cominação de multa, que o dono ou inquilino do prédio vizinho faça dele uso nocivo à segurança, sossego, ou saúde dos que naquele habitam; l) do proprietário do prédio encravado para lhe ser permitida a passagem pelo prédio vizinho, ou para restabelecimento de servidão de caminho, perdida por culpa sua; a. para a cobrança dos honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto na legislação especial. Parágrafo único. Esse procedimento não será observado nas ações relativas ao estado e à capacidade das pessoas b. 2 a ação de despejo para uso próprio (em regra o valor da causa no despejo corresponde a doze meses de aluguel - artigo 58, III, da Lei 8245/91). A respeito deste item, observo que a lei 9099/95 não limita o despejo para uso próprio a imóveis residenciais e relembro que há presunção da necessidade, embora o pedido esteja sujeito a impugnações quanto à sua veracidade (artigo 47, § 1º, da lei 8245/91). b.3 as ações possessórias sobre bens imóveis de valor não excedente ao fixado no inciso I deste artigo. Também compete ao Juizado a execução de seus julgados e dos títulos executivos extrajudiciais de valor até 40 salários mínimos, observando-se na última hipótese o rito do artigo 53 da lei 9099/95. 5.1 A questão do valor da causa : Da análise do artigo 3º e seus incisos, percebe-se que ora a lei limita a competência do Juizado Especial a 40 salários mínimos (incisos I e IV) , ora não o faz expressamente (incisos II e III). O texto, no entanto, deve ser interpretado conjuntamente com o § 3º do próprio artigo 3º e com os artigos 15 e 39 da lei especial, ou seja: a expressão "sentença condenatória" , para os fins da lei 9099/95, engloba todas as hipóteses distintas da "sentença meramente homologatória", limitando o valor da condenação a 40 salários mínimos inclusive nas hipóteses dos incisos II do seu artigo 3º. 4 Diante do texto legal , muitos sustentam que também as causas especificadas no item II do artigo 3º (as enumeradas no inciso II do art. 275 do CPC) estão limitadas ao montante de 40 salários mínimos Creio que a interpretação sistemática da lei 9.099/95, em especial a análise conjunta dos seus as artigos 3º (§ 3º) 15 e 39, autoriza a conclusão de que a sentença condenatória, mesmo nas hipóteses do inciso II do art. 275 do CPC, será ineficaz na parte que superar a alçada do sistema especial. A Súmula 11 das Turmas Recursais do Rio Grande do Sul dita que “ Mesmo nas causas cíveis enumeradas no art. 275 do CPC, quando de valor superior a 40 salários mínimos, não podem ser propostas perante os Juizados Especiais”. O magistrado de Joinville, SC, Joel Dias Figueira Jr. ,3 leciona que ...“o parágrafo de um artigo de lei sempre pertine a todo o dispositivo no qual está inserido, mormente quando posto em tópico final. E, assim está redigido o mencionado § 3º: ´A opção pelo procedimento previsto nesta lei importará renúncia ao crédito excedente ao limite estabelecido neste artigo, excetuada a hipótese de conciliação’. Humberto Theodoro Junior , sustenta que: “ Pela matéria,4 são da competência do Juizado Especial: a) as causas enumeradas no art. 275, II, do Código de Processo Civil, ou seja, todas aquelas que ratione materiae, devem, na Justiça contenciosa comum, seguir o rito sumário (lei 9.099, art. 3º, inciso II). A maioria delas refere-se à cobrança de créditos (aluguéis, danos, rendas, honorários, seguros etc.). Algumas, porém, referem-se a coisas, como as derivadas do arrendamento rural e da parceria agrícola. Nas primeiras, o procedimento do Juizado Especial ficará restrito ao teto de 40 salários. Nas últimas, não haverá restrição ao valor da causa, por não se tratar de cobrança de crédito (Lei 9.099, art. 3º, § 3º)”. (Destaquei). No mesmo sentido a opinião do Desembargador Antonio Raphael da Silva Salvador .5 Em sentido contrário: “As causas Cíveis enumeradas no Art. 275, II do CPC, ainda que de valor superior a quarenta salários mínimos, podem ser propostas no Juizado Especial” .6 Os magistrados de Goiás Roldão Oliveira de Carvalho e Algomiro Carvalho Neto sustentam que “Esse valor, excetuadas as hipóteses do inciso7 7 Roldão Oliveira de Carvalho e Algomiro Carvalho Neto, Juizados Especiais Cíveis e Criminais, LED 6 Conclusão 2 do I Encontro Nacional de Coordenadores de Juizados Especiais, Natal, maio de 1997, maioria. 5 Exposta no Caderno de Doutrina da Tribuna da Magistratura, edição n. 69, abril de 1.966. 4 Humberto Theodoro Júnior, Direito Processual Civil, Forense, 13ª edição, vol. III, pg. 471. 3 Joel Dias Figueira Jr., Da Competência nos Juizados Especiais Cíveis, RT, pg. 43. 4 II, deste artigo, não poderá ultrapassar o valor de 40 salários mínimos”. Os magistrados cearenses José Maria de Melo e Mário Parente Teófilo Neto , também defendem a tese de que as causas relacionadas no inciso II8 do art. 275 do CPC não estão sujeitas ao limite de 40 salários mínimos, com os seguintes argumentos: “ De acordo com a redação do artigo suso serão processadasno Juizado Especial as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo, bem como as ações possessórias sobre imóveis que não ultrapassarem este valor. Além destas, também as causas, qualquer que seja o valor, que versem sobre as matéria enumeradas no art. 275, II, do CPC (conforme a nova redação que lhe foi dada pela lei 9245/95) e a ação de despejo para uso próprio”. No mesmo sentido temos a manifestação do magistrado paulista Décio Luiz José Rodrigues .9 A Lei Complementar Paulista 851/98, ao disciplinar o sistema, expressamente consigna que são da competência do Juizado Especial Cível “ as causas enumeradas no art. 275, inc. II, do Código de Processo Civil, sem limitação de valor”. posição ratificada por recente conclusão do VII Encontro de Coordenadores dos Juizados Especiais do Brasil ( maio de 2000 ).. 5.2 Renúncia ao valor excedente: Caso o valor do pedido supere a alçada do Juizado Especial mas seu objeto não esteja entre as causas excluídas do sistema (artigo 3º, § 2º), subsiste a possibilidade do autor optar pelo Juizado Especial, importando a escolha (exceto na hipótese de conciliação) em renúncia ao crédito superior a 40 salários mínimos. Aliás, a própria sentença condenatória (não incluída, portanto, a hipótese de conciliação e sua sentença homologatória) é ineficaz na parte que exceder a 40 salários mínimos (artigo 39 da lei 9.099/95), regra que se ajusta ao critério. Aquele que tem crédito de valor superior a 20 salários mínimos e não deseja a assistência de advogado, pode renunciar ao crédito excedente a este valor e ingressar com seu pedido pessoalmente (artigo 9º, caput, c.c. o § 3º do artigo 14, ambos da Lei 9.099/95). Relembro que ao contrário da desistência, que caracteriza tão somente a extinção de um processo que pode ser renovado, a renúncia importa em abdicação definitiva do próprio direito e por isso, a partir do seu aperfeiçoamento, é irretratável Devido à extensão de suas conseqüências, no processo 9 Décio Luiz José Rodrigues, Juizados Especiais Cíveis, ed. Fiúza, p. 15. 8 José Maria de Melo e Mário Parente Teófilo Neto, Lei dos Juizados Especiais Comentada, Juruá, 1997, pg. 23. Editora de Direito, 1997, pg. 36. 4 comum a renúncia exige homologação judicial para o seu aperfeiçoamento. Quanto ao novo sistema , uma primeira leitura da lei 9.099/95 induz à conclusão de que a renúncia a valor superior a 40 salários mínimos (ou a 20 salários mínimos se o requerente estiver desacompanhado de advogado) se dá com a simples distribuição do pedido ao Juizado Especial. Há que se observar, porém, que muitas vezes o pedido inicial é reduzido a termo por leigos (§ 3º do art. 14 da lei 9.099/95) e por isso nem sempre o autor toma plena ciência das conseqüências da renúncia. Por isso, além de admitir que a conciliação seja formalizada com valores superiores a 40 salários mínimos, a lei 9.099/95 determina que ao manter seu primeiro contato com as partes o juiz deve orientá-las quanto às conseqüências do parágrafo 3º do art. 3º da lei 9.099/95. A renúncia a valor superior ao valor de alçada, portanto, somente se aperfeiçoa após a fase prevista no art. 21 da lei 9.099/95, após as partes serem orientadas pelo juiz a respeito das conseqüências de sua opção pelo novo sistema, ocasião em que poderão inclusive requerer o apoio da assistência judiciária. “Se o reclamante ajuíza causa de valor superior a 20 salários mínimos, desacompanhado de advogado, deve o Juiz, no momento oportuno, adverti-lo da imposição do art. 9º da lei nº 9.099/95, e se for o caso, nomear-lhe um Assistente Jurídico, sob pena de nulidade do feito” .10 “A assistência obrigatória prevista no Art. 9º da Lei 9.099/95, tem lugar a partir da fase instrutória, não se aplicando para a formulação do pedido e a sessão de conciliação.”11 6. As causas excluídas: Estão excluídas da competência do Juizado Especial as causas de natureza alimentar, falimentar, fiscal e de interesse da Fazenda Pública, e também as causas relativas a acidentes do trabalho, a resíduos ( e outras questões testamentárias ) e ao estado e capacidade das pessoas, ainda que de cunho patrimonial. As lides trabalhista (decorrentes de vínculo empregatício) estão excluídas por imposição constitucional (art. 114 da CF ) , já que os Juizados Especiais são órgãos da Justiça Ordinária e as lides trabalhistas normalmente são solucionadas por órgão da Justiça especializada federal (Justiça do Trabalho). 6.1 As causas de procedimento especial ( ação monitória, consignação em pagamento, etc ) também estão excluídas do Juizado 11 III Encontro Nacional de Coordenadores de Juizados Especiais, Curitiba, maio de 1.998, conclusão 3. 10 “Revista dos Juizados Cíveis e Criminais do Estado do Amazonas”, nº 1, p. 17, ementa 30. 4 Especial após a fase da conciliação ( artigo 51, II, da lei 9099/95 ) A interpretação extensiva do rol especificado no artigo 3º da lei 9099/95 coloca em risco a própria sobrevivência do Juizado Especial Cível, que possui rito específico para o processamento de suas causas. O procedimento previsto na lei 9099/95 é incompatível, por exemplo, com o rito da ação de adjudicação compulsória de imóvel, da ação monitória, da ação de consignação em pagamento e de outras ações para as quais o legislador prevê ritos diversificados que melhor atendem à pretensão das partes. Neste sentido: “ Frise-se ainda que apesar do inciso I, do artigo 3º, não fazer qualquer restrição a tipos de demanda, tem-se por subentendido que estão excluídas todas aquelas que envolvam questões fatuais de maior complexidade, ou, ainda, quando o sistema processual civil colocava à disposição do autor outros ritos diversificados que melhor atenderão a sua pretensão” (“Da Competência nos Juizados Especiais Cíveis, Joel Dias Figueira Jr., RT, pg. 42, destaquei). “ ... a Lei dos Juizados Especiais Cíveis é uma norma de caráter geral que se aplica a todos os processos, exceto àqueles que são regidos pela legislação processual especial....” ( extraído do acórdão proferido no AI 459.793 - São Paulo, 2º TACivil - SP, v.u. 5ª Câmara., Rel. Juiz Pereira Calças, julgado de 23.4.96 ). 7. Foro competente: a. Em razão do local (ratione loci) - Domicílio do réu ou local onde ele exerça suas atividades profissionais (inclusive filial ou sucursal ). b. Do domicílio do autor ou do local do ato ou fato, nos casos de reparação de qualquer dano. c. Do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita. Mesmo na hipótese de ter sido contratado foro diverso (foro de eleição ), poderá a ação ser proposta no foro do domicílio do réu ou do local onde ele exerça suas atividades, pois a regra prevista no parágrafo único do art. 4º da lei 9099/95 é de ordem pública e não comporta a exceção prevista na parte final do artigo 111 do CPC. Em São Paulo, de acordo com o Provimento CSM 738/00, o autor pode ter seu pedido reduzido a termo em qualquer Juizado do Estado, saindo desde logo intimado da unidade para qual seu pedido será encaminhado. 7.1 Natureza optativa do Foro : A redação do artigo 1º da lei 9099/95, ao contrário da redação do artigo 1º da lei 7244/84, não traz expressamente que a distribuição de uma 4 ação ao Juizado Especial Cível é uma opção do autor. Com isso, sob o argumento que a competência em razão da matéria e do juízo é de interesse público, de natureza absoluta, não estando sujeita ao princípio dispositivo, alguns passaram a defender que o Juizado Especial Cível é o foro obrigatório para as causas previstas no artigo 3º da lei 9099/95. A interpretação sistemática e histórica da lei 9099/95, no entanto, demonstra estarmos diante de um novo sistema, que dispõe de princípios próprios ( e entre eles não está o da obrigatoriedade de seu foro ) e que em nenhum momento recepciona o critério de competência pura em razão da matéria. Fosse a competência do Juizado de natureza absoluta, não seria possível ao autor renovar na Justiça comum processos julgados extintos no Juizado Especial em razão, por exemplo, da incapacidade superveniente de uma das partes ( artigo8º, C.C. o artigo 51, IV, da lei 9099/95 ) ou da necessidade da citação do réu por edital ( artigo 18, § 2º, da lei 9099/95 ). A natureza opcional do Juizado Cível, ademais, continua prevista no § 3º do artigo 3º da lei 9099/95. Caso o princípio da competência absoluta em razão da matéria fosse aplicável ao Sistema do Juizado Especial Cível, com a promulgação da lei 9.245, de 26 de dezembro de 1995 ( posterior à lei 9099/95 ), todas as causas previstas no inciso II do artigo 275 do CPC retornariam à competência da Justiça comum e tramitariam sob o rito sumário ( artigo 2º, § 1º, da Lei de Introdução ao Código Civil ), excluindo-se tais matérias do Sistema do Juizado e de seu rito específico antes mesmo da lei 9099/95 completar um mês da vigência. A Câmara Especial do Tribunal de Justiça de São Paulo, ao julgar conflitos de competência entre Juizado Especial e Juízo Cível Comum, concluiu que subsiste a faculdade do autor em optar por um por outro juízo, conforme consta da seguinte ementa: CONFLITO DE COMPETÊNCIA. Execução contra devedor solvente. Juizado Especial e Juízo Cível Comum. Conflito procedente, competente o juízo suscitado ( Conflito de Competência 34.994-0, julgado de 07/11/96 ). Também já se manifestaram pela natureza optativa dos Juizados Especiais Cíveis, entre outros, a Escola Nacional da Magistratura (Quinta Conclusão, com votos vencidos, da Comissão Nacional de Interpretação da Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995, sob a coordenação da Escola Nacional da Magistratura ), a OAB /SP ( "Carta de Águas de Lindóia" ), os Professores Cândido Rangel Dinamarco e Antônio Raphael Silva Salvador ( em trabalhos publicados no caderno de doutrina da “ Tribuna da Magistratura”, edições de abril e maio de 1996 ), a 7ª Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo ( Agravo de Instrumento 4 679.850-9, relator o juiz Carlos Renato de Azevedo Ferreira ) e o magistrado de Joinville Joel Dias Figueira Jr, na obra “ Da Competência nos Juizados Especiais Cíveis”, RT, 1996. Assentou o v. Acórdão da 7º Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, antes especificado: "Respeitado o convencimento externado pelo MM. Juiz da Vara Cível, em princípio, os argumentos doutrinários (SÉRGIO BERMUDES, FERNANDO CEZAR FERREIRA DE SOUZA, JOAL DIAS FIGUEIRA JÚNIOR, ANTÔNIO RAPHAEL SILVA SALVADOR, ATHOS GUSMÃO CARNEIRO) colacionados pelo agravante autorizam a atribuição de efeito suspensivo ao recurso; A esses repositórios doutrinários, ora adotados, devem ser adicionadas as lições ministradas pelo eminente processualista NELSON NERY JÚNIOR na 2ª edição (ainda no prelo) das suas "Atualidades sobre o Processo Civil - A reforma do Código de Processo Civil Brasileiro de 1994 e de 1995 -", para quem "... o autor pode optar por ajuizar a ação mencionada na LJE 3º, ou perante os juizados especiais, se quiser procedimento mais rápido, sumaríssimo, informal, restrito, sem a obediência da legalidade estrita, isto é, por equidade (LJE 6º), ou perante o juízo comum, pelo rito sumário, se quiser ter oportunidade de ampla defesa com todos os recursos a ela inerentes e ver sua causa decidida de jure, já que no sistema do rito sumário do CPC o Juiz não pode decidir com base na equidade..., após argumentar que ... a entender-se que o ajuizamento das ações previstas no LJE 3º, é obrigatório perante o juizado especial, a um só tempo: a) apenar-se o jurisdicionado, que ao invés de ter mais de uma alternativa para buscar a aplicação da atividade jurisdicional do Estado, tem retirada de sua disponibilidade a utilização dos meios processuais adequados, existentes no ordenamento processual, frustrando-se finalidade da criação dos juizados especiais; b) esvaziar-se quase que completamente o procedimento sumário no sistema do CPC, que teria aplicação residual às pessoas que não podem ser parte e às matérias que não podem ser submetidas ao julgamento dos juizados especiais. Isto quer significar que o entendimento restritivo só conspiraria contra o acesso à justiça, porque se restringiria o direito de ação do autor, ao passo que se entender-se que o ajuizamento das ações perante os juizados especiais é facultativa, opção do autor, estariam sendo atendidos os princípios constitucionais do direito de ação (CF 5º XXXV), da ampla defesa (CF 5º LV), bem como se proporcionando ao autor um meio alternativo de acesso à justiça..." (sic); Prossegue o v. julgado para concluir pela opcionalidade de escolha: "No mesmo diapasão, o insigne VICENTE GRECO FILHO na página 03 dos seus "Comentários ao Procedimento Sumário, ao Agravo e à Ação Monitória", Editora Saraiva, ministra que "... o Juizado Especial é de escolha facultativa do autor..." (sic). Ainda, em igual sentido, os eminentes juristas e desembargadores (ARAKEN DE ASSIS e DONALDO ARMELIN em palestras proferidas nos dias 27 e 28 de março p.p. no salão nobre da Faculdade de Direito do 4 Largo São Francisco em evento promovido pela conceituada Associação dos Advogados de São Paulo, sob coordenação do I. Advogado JOSÉ ROGÉRIO CRUZ E TUCCI.". A Lei Paulista 851/98, a teor de regular o artigo 93 da Lei nº 9.099/95, expressamente prevê, em seu artigo 19, que o autor pode optar pelo Juizado Especial ou pela Justiça Comum. No mesmo sentido a lei Estadual 10.675/96, do Estado do Rio Grande do Sul, e o esboço de Anteprojeto de Lei Federal publicado, a pedido do Exmo. Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, pelo DOE de 1º de outubro de 1996. Pela obrigatoriedade do Juizado Especial ( competência absoluta ), se preenchidas as condições da lei 9099/95, temos, entre outras, as manifestações do mestre Theotonio Negrão ( “ Código de Processo Civil e Legislação Processual em Vigor”, RT, 28ª edição, nota 1 ao artigo 3º da lei 9099/95 ), a Conclusão nº 07 dos Membros integrantes das Seções Cíveis do Tribunal de Justiça de Santa Catarina e o Agravo de instrumento 677.042-9 - SP, Décima Câmara do Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo, relator o juiz Antônio de Pádua Ferraz Nogueira. 8. Os Conciliadores e os Juízes leigos: O princípio maior que rege o sistema dos Juizados Especiais é o da tentativa de conciliação entre as partes, pela qual não só o litígio aparente mas também o aspecto subjetivo do conflito são resolvidos mediante concessões recíprocas. A tentativa de conciliação, nos termos do artigo 22 da lei 9.099/95, é conduzida pelo juiz togado ou leigo ou por conciliador sob sua orientação. Os conciliadores, que em regra atuam voluntariamente, exercem serviço público relevante e têm a função precípua de buscar a composição entre as parte, sendo que nesta capital do Estado de São Paulo obtêm êxito em cerca de 50% de suas tentativas de acordo e mostram-se imprescindíveis para o bom desenvolvimento do novo sistema. No Estado de São Paulo, onde o sistema ainda é regido pela lei estadual 851/98, os conciliadores são recrutados pelo Juiz-diretor de cada Juizado, preferentemente entre bacharéis em direito. Conforme dispõem os artigos 10 e 11 da lei 851/98, o exercício das funções de conciliador, a título honorário e sem vínculos com o Estado, será considerado serviço público relevante, nos seguintes termos: “Art. 10. Os Conciliadores, com a função específica de tentar o entendimento e a composição entre as partes, são auxiliares da Justiça, recrutados, preferencialmente, entre os bacharéis em direito, de reputação ilibada e que 4 tenham conduta profissional e social compatíveis com a função. “Parágrafo único. As funções de conciliador, exercidas a título honorífico e sem vínculo com o Estado, são consideradas como serviço público relevante. “Art. 11. Os Conciliadores são recrutados pelo Juiz-Diretor, após a expedição de edital, pelo prazo de dez dias, que será afixado na sede do Juizado, para eventual impugnação. “Sendo oferecida impugnação à sua designação, ao Juiz -Diretor compete apreciá-la, fundamentadamente”. Na prática, entre outros recursos para a aferição da idoneidade do conciliador, que presta compromisso antes de iniciar suas atividades, exige-se-lhea exibição de certidões dos distribuidores cíveis e criminais. 9. O processo: a. Recebimento da inicial (se oral o pedido toma-se por termo) e imediata designação da audiência de conciliação (sem a necessidade de qualquer despacho). O pedido, que pode ser genérico quando desde logo não for possível determinar a extensão da obrigação, deve preencher o disposto no artigo 14 da lei especial e não exige as formalidades do artigo 282 do CPC. Caso ambas as partes compareçam, instala-se de imediato a sessão de conciliação (artigos 17) ; e se infrutífera a conciliação, pode ser imediatamente instalada a audiência de instrução e julgamento, desde que não resulte prejuízo para a defesa (artigo 27 e seu par. único). Os pedidos podem ser alternativos ou cumulados; nesta última hipótese desde que conexos e somados não ultrapassem 40 salários mínimos. b. Citação, normalmente via postal, com a advertência dos efeitos da revelia. As partes devem comparecer sempre pessoalmente (pessoa jurídica e firma individual podem ser representadas por preposto devidamente habilitado). Para a lei especial, os efeitos da revelia ( presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor) decorrem da ausência do réu à sessão de conciliação ou à audiência de instrução e julgamento, salvo se do contrário resultar a convicção do Juiz. Não basta, portanto, a apresentação de resposta em audiência para que sejam afastados os efeitos da revelia (artigo 20 da lei especial é diferente do art. 319 do CPC e os artigos 223 e 285 do CPC também são diferentes dos artigos 18, § 1º, e 23, ambos da lei especial). O A. R. deve ser assinado pelo próprio requerido, se pessoa física, ou pelo encarregado da recepção devidamente identificado, se pessoa jurídica. O CPC exige poderes de gerência ou representação para o recebimento da citação postal destinada a pessoas jurídicas, regra que na prática tem dificultado tal forma de citação no processo comum . A ausência do autor determina a extinção do processo sem julgamento do mérito (artigo 51,I). Não cabe 4 a citação por edital na fase de conhecimento do processo. c. Instalada a audiência é feita a proposta conciliatória. Se frutífera a conciliação, o conciliador ou o Juiz toma o acordo por termo. O acordo é homologado por sentença irrecorrível do Juiz togado e tem força de título executivo judicial. As normas de organização judiciária local poderão estender a conciliação prevista nos artigos 22 e 23 às causas não abrangidas pela lei especial. d. Caso a proposta de conciliação reste infrutífera, não haja opção pelo juízo arbitral e seja possível a imediata realização da audiência de instrução e julgamento (normalmente esta audiência é designada para um dos 15 dias seguintes à audiência de tentativa de conciliação - parágrafo único do artigo 27 da lei 9099/95 ), em primeiro lugar o Juiz ofertará a assistência de advogado à parte desassistida, quando for o caso (artigo 9º, § 1º), garantindo assim a paridade de armas. Em seguida o Juiz colhe a resposta escrita ou oral (que fica gravada). Se houver pedido contraposto (pedido no corpo da contestação e que tenha por base os mesmos fatos), pode a inicial da ação ser considerada como resposta a ele (artigo 17, parágrafo único, e artigo 31) ou abre-se oportunidade para o autor originário se manifestar, se necessário com o adiamento da audiência (art. 31, par. único). Não se admite a reconvenção. A manifestação sobre os documentos apresentados é imediata (o art. 29, par. único, da lei especial é diferente do artigo 398 do CPC). Toda a matéria de defesa deve ser incluída na contestação, exceto as argüições de suspensão ou impedimento do Juiz. e. Em seguida colhe-se a prova (todas as provas moralmente legítimas são admitidas, ainda que não tenham sido previamente requeridas). Cada parte pode apresentar três testemunhas. As testemunhas somente serão intimadas quando a formalidade for imprescindível e o rol estiver em cartório até cinco dias antes da audiência. Pode ocorrer a inspeção de pessoas ou coisas ( a ser realizada pelo juiz ou por pessoa de sua confiança ) e a inquirição de técnicos (artigo 35 e seu parágrafo único). Se necessário a testemunha faltosa que foi intimada e não compareceu será conduzida coercitivamente perante o juízo. f. A instrução pode ser conduzida por Juiz leigo, sob a coordenação do Juiz togado. O Juiz leigo que tiver dirigido a instrução proferirá sua decisão e imediatamente a submeterá ao Juiz togado, que poderá homologá-la, proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a realização de atos probatórios indispensáveis. Por ora não há autorização legal para a atuação do juiz leigo no Estado de São Paulo. g. A sentença, em regra, é proferida em audiência. Não se admite sentença ilíquida. A exigência de meros cálculos aritméticos não torna a sentença ilíquida. Condenação em honorários e demais verbas da sucumbência, no 1º grau, só em caso de litigância de má-fé ou na hipótese do autor não comparecer a alguma das 4 audiências designadas sem qualquer justificativa aceitável. h. Recurso - Matéria de direito estrito - Prazo de 10 dias e dirigido para o colégio recursal, reunido na sede do juizado (leia-se, no interior, sede da circunscrição) , formado por três juízes togados em exercício no 1º grau de jurisdição. Recurso só através de advogado. Preparo em 48 horas, contadas da interposição do recurso, independentemente de intimação. Efeito devolutivo, podendo o Juiz dar-lhe efeito suspensivo para evitar dano irreparável à parte. As partes são intimadas da data da sessão de julgamento. Da sentença homologatória de conciliação ou laudo arbitral não cabe recurso. A intimação da sentença, sempre que possível, será feita na própria audiência em que ela for prolatada, sendo o vencido instado a cumpri-la tão logo ocorra o trânsito em julgado e advertido quanto aos efeitos do seu descumprimento (incisos III e V do artigo 52). i. Não cabe ação rescisória ou Recurso Especial (art. 105, III, CF e Súmula 203 do STJ ). O STF, nas reclamações 438, 459 e 470 ( citadas no Agravo de Instrumento 172.188-0, São Paulo, julgado de 26/06/95 ), decidiu pelo cabimento de Recurso Extraordinário contra decisão proferida pelo Colegiado Especial dos Juizados de Pequenas Causas ), nos termos do artigo 102, III, da CF, c. c. o artigo 321 do Regimento Interno da Excelsa Corte. Cabem embargos de declaração, orais ou escritos, no prazo de 05 dias. Se interpostos contra sentença os embargos de declaração suspendem o prazo para o recurso. O artigo 47 da lei especial, que previa os embargos de divergência contra decisão de colégio recursal (recurso dirigido ao Tribunal de Justiça ou ao Tribunal de Alçada) foi vetado. j. O Mandado de Segurança e o Agravo de Instrumento, ainda que excepcionalmente ( por exemplo quando há evidente risco de prejuízo decorrente de liminar ou antecipação de tutela concedida por Juiz do Juizado ), começam a ser conhecidos por diversos Colégios Recursais. Diante dos princípios celeridade (art. 2º da lei 9.099/95) e da concentração, que determinam a solução de todos os incidentes no curso da audiência ou na própria sentença (art. 29 da lei 9.099/95), a quase totalidade da doutrina sustenta a irrecorribilidade das decisões interlocutórias proferidas na fase de conhecimento do processo. Como decorrência, tais decisões não transitam em julgado e poderão ser impugnadas no próprio recurso interposto contra sentença, sendo por isso incabível o agravo de instrumento.12 A jurisprudência amplamente majoritárias também não admite o agravo de instrumento, merecendo destaque as seguintes conclusões: 12 Cândido Rangel Dinamarco, op. cit., p. 98; Theotonio Negrão, op. cit., nota 1 ao art. 29 da lei 9.099/95; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria Andrade Nery, op. cit., º 2051; José Maria de Melo e Mário Parente Teófilo Neto, op. cit., p. 67; Euripedes Gomes Faim Filho, Tribuna da Magistratura, junho/97. 4 “Nos Juizados Especiais não é cabível o Recurso de Agravo. (Unânime).”13 “Das decisões proferidas pelo Juizado Especial,somente são cabíveis os recursos previstos nos arts. 41 e 48 da Lei nº 9.099/95 (recurso inominado e embargos de declaração), não se admitindo o recurso de agravo, instrumentalização ou retido.”14 “Recurso de agravo em processo disciplinado pela lei 9.099/95. Incabimento.”15 “Agravo de instrumento. Inexistência de previsão legal em sede de Juizados Especiais - Recurso não conhecido - Precedentes da Turma. Nas decisões interlocutórias proferidas no âmbito dos Juizados Especiais não cabe agravo de instrumento face a ausência de previsão legal para tanto, conforme torrencial jurisprudência das Turmas Recursais dos pais.”16 “ Agravo de Instrumento. Juizado Volante Ambiental. Indeferimento da Perícia. Lei N. 9.099, de 26.9.95. Não Conhecimento. Tratando-se de agravo interposto contra decisão interlocutória, proferida em procedimento da alçada do Juizado Volante Ambiental, não deve ele ser conhecido, posto que a Lei 9.099, de 26.9.95, não faculta às partes a interposição deste tipo de recurso”17 “No Juizado Especial é incabível o recurso de Agravo e as decisões interlocutórias não precluem. (Unanimidade.)”18 Admitindo o agravo de instrumento: “A propósito das decisões interlocutórias, a lei 9.099/95 se silenciou. Isto não quer dizer que o agravo seja de todo incompatível com o Juizado Especial Civil. Em princípio, devendo o procedimento concentrar-se numa só audiência, todos os incidentes nela verificados e decididos poderiam ser revistos no recurso inominado ao afinal interposto. Mas, nem sempre isso se dará de maneira tão singela. 18 1º Encontro Regional de Turmas Recursais - Juizados Especiais Foz do Iguaçu, PR, 27 e 28/03/98. 17 Ag. de Inst. nº 7.884 - Rondonópolis - Rel. Des. Leônidas Duarte Monteiro- DJ, 17.3.98, p. 6, Boletim Informativo nº 2 do Juizado Especial do Bairro Planalto, Juiz Carlos Alberto Alves da Rocha, Tribunal de Justiça de Mato Grosso. 16 Ag. de Inst. nº 543/97 - Natal, Rel. Juiz Virgílio Fernandes - j.16.10.97 - v.u.. “Caderno de Ementas da Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Rio Grande do Norte”, ano 1, nº 1, dez/97, p. 37. 15 Rec. JEC01-TAM-00399/94, Rel. Dr. Jones Figueiredo Alves, “Colégios Recursais Ementários de Jurisprudência”, Pernambuco, 1ª ed., p. 42. 14 1º Colégio Recursal de Pernambuco, Enunciado nº 10. 13 I Encontro Nacional de Coordenadores de Juizados Especiais Cíveis e Criminais”, Natal, RN, Maio de 1997, Conclusão 15. 4 Questões preliminares poderão ser dirimidas antes da audiência ou no intervalo entre a de conciliação e de instrução e julgamento. Havendo risco de configurar-se a preclusão em prejuízo de uma das partes, caberá o recurso de agravo, por invocação supletiva do Código de Processo Civil”.(Humberto Theodoro Júnior) .19 “Recurso - Decisão que indeferiu pedido de assistência judiciária gratuita - Decisão interlocutória proferida nos autos da ação - Possibilidade de ataque através do agravo de instrumento - Preliminar rejeitada”20 Creio que excepcionalmente o agravo de instrumento deve ser conhecido, por aplicação subsidiária do CPC. Sabidamente, muitas vezes o Juiz do Juizado Especial é obrigado a conceder ou negar medidas cautelares e antecipações de tutela (v. art. 6º) tão logo recebe o pedido inicial ou mesmo no curso do processo, já que a lei especial não o proíbe e a medida pode mostrar-se imprescindível para garantir a eficácia da sentença ou evitar prejuízos irreparáveis ou de difícil reparação. (Theotonio Negrão ). Ou seja, na prática nem todos os incidentes são solucionados no curso da21 audiência ou na sentença. Outra vezes a decisão que pode causar prejuízo à parte é proferida após a sentença e antes da execução, a exemplo da decisão que nega ou concede efeito suspensivo ao recurso interposto (art. 43 da lei 9.099/95). Cabível, no caso, o agravo de instrumento à Turma Recursal. Na execução do título judicial ou extrajudicial inexiste sentença antes da extinção do processo, ressalvada a hipótese de embargos. Tal característica do processo de execução, somada ao fato da lei especial prever expressamente a aplicação subsidiária do CPC em processo de tal natureza (art. 52 e 53), faz com o agravo de instrumento seja admitido em processo de execução. Mesmo aqueles que entendem incabível o agravo de instrumento na fase de conhecimento dos processos regidos pela lei 9.099/95, admitem o mandado de segurança contra ato judicial praticado por Juiz singular do Juizado. A competência para o julgamento do mandado de segurança e do Habeas Corpus impetrado contra ato de Juiz do Juizado Especial é da Turma Recursal do próprio Juizado. Neste sentido, merece destaque a seguinte ementa: “Mandado de Segurança - Impetração contra ato jurisdicional proferido em ação no Juizado Especial de Pequenas Causas - Competência 21 Theotonio Negrão, op. cit., nota 5 ao art. 2º; Joel Dias Figueira Jr., Comentários..., p. 48. 20 Recurso 1995, 1º Colégio Recursal da Capital, São Paulo, Rel. Sá Duarte, j. de 20/06/96. RJE 1/34 . 19 Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, 15ª ed., Ed. Forense-Rio, vol. III, p. 488. No mesmo sentido: Joel Dias Figueira, “ Comentários...”, p. 279. 4 do Colegiado do próprio Juizado - Autos remetidos”22 O Tribunal de Justiça e o Tribunal de Alçada do Estado não têm competência para apreciar mandado de segurança interposto contra ato do Colégio ou Turma Recursal. Neste sentido: “Mandado de Segurança. Ato do Colégio Recursal. Inadmissibilidade. A decisão proferida pelo colegiado Recursal do Juizado de Pequenas Causas é ato final, de última instância, sem possibilidade de revisão pelo Tribunal de Justiça do Estado. Carência da impetração.”23 Decisões diversas admitiram o mandado de segurança contra ato judicial, em especial para dar efeito suspensivo a recurso que em regra só tem efeito devolutivo (artigo 5º, II, da lei 1533/51). Assim, a Súmula 267 do STF, que dita não caber mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição, estaria superada. No entanto, a atual redação do artigo 558 do CPC, dada pela lei 9139/95, admite que o relator do agravo dê efeito suspensivo a este recurso, regra que também se aplica àquelas apelações que em regra só teriam efeito devolutivo. Acredita-se que diante da nova norma a Súmula 267 do STF volte a ser observada com maior rigor. O Habeas Corpus, no Juizado Especial Cível, costuma ser impetrado na hipótese de decretação da prisão de depositário infiel, crime de desobediência e desacato. A competência para a apreciação do pedido é da Turma Recursal do Sistema dos Juizados Especiais. “ Competência. Habeas Corpus. Desobediência. Processo em trâmite pelo Juizado Especial Criminal. Competência para apreciar o Writ. Tribunal de Justiça. Inadmissibilidade. Feito Remetido à Turma Recursal competente. Impetração não conhecida. O Tribunal de Justiça do Mato Grosso não exerce controle recursal sobre as decisões dos Juizados Especiais, daí porque é incompetente para apreciar habeas corpus impetrado contra decisão desse órgão de primeiro grau” .24 24 Habeas Corpus 3690/97, TJMT, Pontes e Lacerda- DJ de 09.5.97, p. 10, Boletim do Juizado Especial do Bairro Planalto, Juiz Carlos Alberto Alves da Rocha, Tribunal de Justiça do Mato Grosso. 23 TJGO - RI 55033-9/101 J.26.10.93 Rel. Dr. Roldão de Oliveira Carvalho, DJ 11697 de 17.11.93 p. 5. “Juizados Especiais Cíveis e Criminais Comentários à Lei 9.099 de 26 de setembro de 1995”, Roldão Oliveira de Carvalho e Algomiro Carvalho Neto, Ed. de Direito, 1997, p. 294. 22 Mandado de Segurança n.º 26.142-4/2, Quinta Câmara de Direito Privado, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Rel. o Eminente Desembargador Marcus Andrade. RJE 3/401.