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Quem Sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ 1 [Pensar Criminalista]: Direito Penal do Inimigo Olá, Hoje vamos conversar sobre a teoria do Direito Penal, mais especificamente sobre o Direito Penal do Inimigo, uma teoria político criminal elaborada pelo alemão Günter Jakobs. Esta teoria é um reflexo do que Silva Sánchez chama de terceira velocidade do Direito Penal e se pauta no prevencionismo penal. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ Quem Sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ 2 Para Jakobs existem dois tipos de Direito Penal. O primeiro, destinado ao cidadão que, mesmo infrator da lei penal, mantinha o direito de receber um julgamento dentro do ordenamento jurídico, sendo-lhe permitido ajustar-se à sociedade. Este indivíduo, apesar de receber a punição estatal, mantém os seus status de pessoa e de cidadão reconhecido pelo Direito, pois integrante do contrato social. O segundo Direito Penal é destinado aos ditos “inimigos do Estado”. Aqui os indivíduos infratores das normas penais, o fazem de forma reiterada ou com extrema gravidade. Por essa razão, não seriam tratados como cidadãos, mas sim como inimigos do Estado que devem ser eliminados e privados do convívio social. E, por tal razão, deveriam ser combatidos com um tratamento mais rígido e diferenciado. Ora, se o inimigo se vê fora do contrato, se não é um receptor válido das comunicações sociais, não tem direito a ser tratado nos limites do contrato. Não é um sujeito de direitos, mas sim uma fonte de perigos, pois não é fonte de expectativas confiáveis. Pode ser, assim, combatido, como em um estado de guerra, em que não se busca uma pena justa, mas sim a submissão do vencido ao vencedor. A sanção imposta ao inimigo é uma custódia de segurança, pois já pouco importa o conteúdo comunicativo de sua ação, mas sim impedi-lo de voltar a praticar infrações. O inimigo pode ser atingido pelo sofrimento mesmo antes de praticar qualquer lesão, visto que não tem garantia de legalidade ou anterioridade. Pelo contrário, dada a intensidade das lesões esperadas pelo inimigo, esperar sua ação como antecedente para a https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ Quem Sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ 3 punição seria pouco prudente (imagine-se a detonação de uma bomba nuclear... de nada adiantaria punir após a detonação, sendo necessária a ação anterior, preventiva, mesmo antes do fato). Justifica-se o suplício ao inimigo, assim, mesmo antes que pratique lesões, considerada apenas sua condição de inimigo. (...) Da mesma forma, não há garantia de devido processo legal ou proporcionalidade da pena, permitindo-se assim suplícios extremos e desconectados do processo penal. (JUNQUEIRA; VANZOLINI, 2021) André Estefam nos cita como reflexos da adoção de um Direito Penal do Inimigo, (...) o Patriot Act dos EUA (Lei Patriótica), em que se autorizou, entre outras disposições, a detenção de pessoas por tempo indeterminado, se suspeitas de envolvimento em atentados terroristas, e a violação a outros direitos individuais. Também se podem apontar como medidas jurídicas características do direito penal do inimigo as prisões norte-americanas de Guantánamo (Cuba) e de Abu Ghraib (Iraque), em que se empregou a detenção por tempo indeterminado e a tortura como meios legítimos de interrogatório. (ESTEFAM, 2021) https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ Quem Sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ 4 Na teoria de Jakobs, portanto, os sujeitos infratores da norma podem ser punidos de duas maneiras diversas: • aos cidadãos delinquentes destinava-se a proteção e o julgamento legal; • aos inimigos do Estado, a coação para neutralizar suas atitudes e seu potencial ofensivo e prejudicial. O fundamento da teoria de Jakobs possui três pilares: 1. Antecipação da punição do inimigo pelo perigo que ele representa 2. Desproporcionalidade das penas e relativização e/ou supressão de certas garantias processuais visando a celeridade da aplicação da pena 3. Criação de leis severas direcionadas à clientela dessa específica engenharia de controle social. Vale destacar que as críticas à teoria de Jakobs são diversas, entre as quais se destacam: 1) A aleatoriedade na escolha do inimigo. Quem escolherá o perfil do inimigo ou as circunstâncias que o caracterizam? Quais os limites para tais características? Podem ser étnicas, raciais, religiosas, culturais, sociais? O infinito espectro de arbítrio impõe a certeza de um discurso opressor, maniqueísta e preconceituoso, que permitirá aos diferentes donos do poder escolher seus párias. Imagina-se, no Brasil, quem seria o inimigo, qual a cor de sua https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ Quem Sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ 5 pele, sua origem, seu nível educacional, sua renda mensal, sua casa etc. 2) A universalidade dos direitos humanos é absolutamente incompatível com a discriminação entre cidadãos e inimigos. 3) Trata-se da consagração do direito penal do autor, que tanto mal fez e faz à humanidade. 4) Não se trata de um verdadeiro direito penal, visto que se afasta de suas características essenciais, impondo-se como uma mera manifestação de poder. (JUNQUEIRA; VANZOLINI, 2021) Abraços e até a próxima. Referências: ESTEFAM, André. Direito penal – volume 1: parte geral - arts. 1º a 120. 10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. Título I “Noções Fundamentais”, Capítulo 1 “O Direito Penal”, item 5. JUNQUEIRA, Gustavo; VANZOLINI, Patricia. Manual de direito penal: parte geral. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. Capítulo 4 “Escolas Penais”, item 4.9.2. SALIM, Alexandre; AZEVEDO, Marcelo André de. Direito penal - parte geral. Coleção Sinopses para Concursos - Coordenação https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ Quem Sou? Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais do Direito. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ 6 Leonardo de Medeiros Garcia. 9. ed. rev. atual. e ampliada. Salvador: JusPodivm, 2019. Capítulo I “Direito Penal”, item 2.6. SÁNCHEZ, Jesús-Maria Silva. A expansão do direito penal: aspectos da política criminal nas sociedades pós- industriais. Trad.Luiz Otávio de Oliveira Rocha. São Paulo: RT, 2002. https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/
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