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EEnnffeerrmmaaggeemm Módulo I Parabéns por participar de um curso dos Cursos 24 Horas. Você está investindo no seu futuro! Esperamos que este seja o começo de um grande sucesso em sua carreira. Desejamos boa sorte e bom estudo! Em caso de dúvidas, contate-nos pelo site www.Cursos24Horas.com.br Atenciosamente Equipe Cursos 24 Horas Sumário Introdução.....................................................................................................................3 Unidade 1 – Abordagem Inicial.....................................................................................4 1.1 – Conceito ...........................................................................................................5 1.2 – Abordagem histórica ........................................................................................9 1.3 – Ética Profissional............................................................................................ 14 1.4 – Papel do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e seus respectivos órgãos regionais ................................................................................................................. 21 Unidade 2 – Carreira Profissional................................................................................ 24 2.1 – Qualificação Profissional................................................................................ 25 2.4 – Habilidades e competências para o desenvolvimento da carreira..................... 47 2.5 – Como trabalhar o envolvimento emocional..................................................... 55 Conclusão do Módulo I............................................................................................... 58 3 Introdução Bem vindo ao Curso de Enfermagem. Espero que você adquira informações e conhecimentos preciosos que irão ajudá-lo a conhecer melhor esta profissão e quem sabe, seguir carreira nesta área da saúde é tão importante para os seres humanos. O objetivo do curso é apresentar a enfermagem de forma ampla, abordando na primeira unidade, questões conceituais como a história da enfermagem, a ética profissional, discorrendo sobre os direitos e deveres do profissional e o seu compromisso de sigilo sobre seus pacientes, indicando a importância dos órgãos reguladores da profissão e destacando o papel do COFEN como instituição que rege a atividade dessa categoria. Em um segundo momento, você vai aprender sobre a carreira profissional do enfermeiro, as qualificações profissionais existentes, destacando o papel de cada uma e sua respectiva formação técnica. Verá também como se comporta o mercado de trabalho com suas principais áreas de atuação, perfil dos profissionais e médias salariais. Verá ainda, nesta segunda unidade, as responsabilidades civis e criminais que um profissional assume quando exerce sua profissão e quais as habilidades e competências deve ter para desenvolver sua carreira. Por fim, na última unidade do curso, você vai receber informações práticas como a importância dos protocolos de enfermagem, os cuidados que se deve ter com a higienização dos equipamentos e materiais de enfermagem e sua importância, bem como algumas técnicas que você poderá conhecer antes de tomar a decisão de se tornar um enfermeiro. 4 Unidade 1 – Abordagem Inicial Bem vindo! Nesta unidade você vai receber informações conceituais sobre a enfermagem, como a importância de Florence Nightingale para o desenvolvimento da profissão, o significado do símbolo da enfermagem e uma abordagem histórica da profissão até os dias de hoje. Vai conhecer também o Código de Ética Profissional com seus direitos e deveres e o papel do Conselho Federal de Enfermagem e seus respectivos órgão regionais. Bom estudo! 5 1.1 – Conceito A Enfermagem pode ser definida como a arte de cuidar do próximo, pois emana da criatividade e competência de determinados indivíduos que se dedicam a restaurar a vida humana em todos os seus aspectos. Define-se também como uma ciência cuja essência, sujeita a constantes transformações científicas, é o cuidado ao ser humano. Desta forma, podemos concluir que a enfermagem deve ser compreendida como a arte e a ciência de pessoas que buscam oferecer as melhores condições possíveis de cuidados para que o paciente tenha possibilidades de atingir sua plena recuperação. Florence Nightingale, fundadora da enfermagem moderna com embasamentos técnicos e científicos, definiu que o objetivo da enfermagem é manter o enfermo nas melhores condições possíveis, a fim de que a natureza possa atuar sobre ele. Ou seja, defende que a função do enfermeiro é cuidar, tendo-se clareza de que existe cuidado sem cura, mas não existe cura sem cuidado. Esse cuidado pode ter um sentido mais amplo do que se possa imaginar, uma vez que engloba o ser humano em sua totalidade. Assim, podemos destacar: A enfermagem na proteção à saúde • Auxilia a comunidade no cuidado com a moradia; • Aborda questões de higiene ambiental • É agente no controle de contaminações e tratamentos de dejetos e lixos • Transmite noções de saúde para eliminação de agentes de doenças 6 • Orienta na prevenção de doenças • Orienta nos cuidados com higiene corporal e alimentar. A enfermagem na promoção da saúde • Oferece orientações sobre alimentação, educação sanitária, controle da natalidade e métodos de contracepção, riscos de doenças sexualmente transmissíveis, entre outros. • Estimula o bem-estar, a saúde mental e corporal, a prática de esportes e o lazer. A enfermagem na prevenção de doenças • Aplica e controla o uso de vacinas • Efetua notificações de doenças contagiosas aos setores de saúde pública • Ensina como prevenir acidentes e doenças crônicas. A enfermagem na área curativa • Oferece atendimento a todas as necessidades de pessoas doentes, quer seja em domicílio, hospital ou qualquer outro lugar que o pronto atendimento seja necessário. A enfermagem na reabilitação • Reintegra as pessoas à sociedade de forma saudável e segura. 7 A enfermagem na área do ensino • Participa do processo de formação, capacitação, aperfeiçoamento e atualização de novos profissionais. A enfermagem na área da ciência • Participa de estudos no sentido de verificar se os conceitos com os quais trabalha podem ser confirmados e se os mesmos se correlacionam à verdade científica e social. Simbologia Ainda sobre a definição de enfermagem, é interessante destacar sua simbologia representada por: Enfermeiros Técnicos e Auxiliares de enfermagem Cada componente das imagens possui um determinado significado, como veremos a seguir: - Lâmpada: Caminho, ambiente; - Cobra: Magia, alquimia; - Cobra + cruz: Ciência; 8 - Seringa: Técnica; - Cor que representa a enfermagem: Verde esmeralda; - Cor verde: Paz, tranquilidade, cura, saúde; - Pedra símbolo da enfermagem: Esmeralda; Destacamos ainda a canção símbolo da enfermagem, instituída pela Resolução 265/2001 do COFEN (Conselho Federal de Enfermagem) que Institui a Música "Amor e Luz", vencedora do Festival Nacional sobre Profissionais da Vida, de autoria de W. Luz e N. Farias, como Canção Símbolo da Enfermagem Brasileira. "Amor e Luz" Autoria de W. Luz e N. Farias Amor e Luz A mão que toca e faz A dor ficar menor O seu olhar afaga Amor e Luz No silêncio das noites O guardião da vida Basta você chamar Vive a vida Pra tantas vidas Muitas vezes sem saída Nemo tempo cura às vezes essas feridas Mas um sedativo é sempre o ombro amigo Nem o tempo cura ás vezes essas feridas, Mas um sedativo é sempre o ombro amigo O Enfermeiro, a Enfermeira 9 Transcendem suas lutas pelos leitos O Enfermeiro, a Enfermeira Já é eleito em nossos corações amor e luz Amor e Luz Amor e Luz, uma bandeira branca avisa A vida sempre vale mais Amor e Luz Amor e Luz, chama acesa Vida em tantos hospitais Vive a vida... Confira o vídeo com a música no endereço: http://www.youtube.com/watch?v=EFEcQ3KLbCs 1.2 - Abordagem histórica Idade Antiga Na Idade Antiga ou período pré-cristão, as doenças eram consideradas um castigo de Deus ou a manifestação do poder do demônio sobre os infiéis, de tal forma que a função de médicos e enfermeiros era exercida por sacerdotes e feiticeiras, no qual o tratamento para afastar os maus espíritos era realizado por meio de sacrifícios. Os maiores expoentes desse período eram os hindus que, através de documentos do século VI a.C. que provavam seus conhecimentos sobre ligamentos, músculos, nervos, vasos linfáticos, antídotos para tipos de envenenamentos e o processo digestivo, realizavam alguns tipos de procedimentos como suturas, amputações e correções de fraturas. Foram os únicos nessa época que citaram a figura dos enfermeiros e exigiam deles, uma qualidade moral e conhecimentos técnicos. Outra sociedade que se destacou com métodos de cuidados para seus doentes foi a chinesa que, ainda que realizados por sacerdotes, classificaram as doenças em três 10 níveis: benignas, médias e graves. Os chineses conheciam algumas doenças como varíola e sífilis e seus templos eram rodeados por plantas medicinais. Construíram hospitais de isolamento e casas de repouso e receitavam ferro e fígado para anemias, determinadas raízes para verminoses, mercúrio para sífilis, arsênico para doenças de pele e ópio quando precisavam anestesiar o paciente. Por fim, mas não menos importante, podemos citar a sociedade grega que, graças a Hipócrates, um estudioso da medicina que deixou de lado a crença e a superstição de que as doenças eram causadas por maus espíritos, pode tornar a medicina mais científica. Para muitos, é considerado o Pai da medicina, pois em seus estudos pode constatar a relação de muitas epidemias com fatores climáticos, raciais, alimentares e do meio ambiente. Deixou estudos escritos nos quais era possível diagnosticar doenças como tuberculose, malária, caxumba, pneumonia, neurose, luxações e fraturas. Dedicou-se ainda a estudos sobre a anatomia humana, deixando anotações descritivas bastante claras que se referiam não só a instrumentos de dissecação, como também, a procedimentos práticos. Já no período cristão, no ano de 335 d.C. pelo Édito de Milão, do Imperador Constantino, a igreja recebeu a liberação para que exercesse suas atividades assistenciais. Com isso, houve uma modificação na assistência aos doentes. Os pobres e enfermos que, desde o início do cristianismo eram objetos de cuidados por parte das igrejas, passaram a ser recolhidos às diaconias, ou seja, um espaço reservado pelas igrejas para atender a estes enfermos ou hospitais organizados para assistências a todo tipo de necessitados. Enfermagem Moderna Apesar de ser notório o avanço da medicina e a reorganização de hospitais, tendo o médico como principal responsável por essa reordenação, o seu ambiente físico não melhorou. Pelo contrário, com o avanço de doenças infecto-contagiosas e a falta de mão-de-obra preparada para atender aos doentes, as instituições hospitalares encontravam-se em condições piores do que em seu período anterior. É neste cenário 11 que nasce a enfermagem moderna através de Florence Nightingale que, convidada pelo Ministro da Guerra da Inglaterra, passou a trabalhar junto aos soldados feridos em combate na guerra da Criméia. Nascida em 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses e possuía todos os atributos que lhe permitiam alcançar o sucesso: grande inteligência, determinação e perseverança. Depois de passar grande parte de sua juventude estudando e se preparando para se tornar enfermeira, parte em 1854 para Scutari com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de diferentes hospitais para atender os feridos de guerra. Até então, os soldados encontravam-se abandonados com um índice de mortalidade que beirava os 40%. Com atuação em todas as áreas da enfermagem, desde a organização dos trabalhos até a limpeza do chão, Miss Nightingale conseguiu reduzir este índice de mortalidade para 2%. Com isso, ganhou o respeito de soldados e oficiais, sendo tratada por eles como um anjo da guarda que percorria as enfermarias em busca de feridos para serem atendidos. Porém, ainda durante o período de guerra, contraiu a tifo e, em sua volta para casa, em 1958, passou a levar uma vida de inválida, transformando sua força no campo em trabalhos intelectuais. Desta forma, criou em 1859, com o prêmio que recebeu do governo inglês, a primeira escola de enfermagem da história, por entender que este seria o único caminho para mudar os rumos da profissão. Fundou então, a escola de enfermagem no Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais escolas de enfermagem que surgiram posteriormente. Sua escola baseava-se em quatro fundamentos principais: 1 – O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra forma de ensino e ser mantido pelo dinheiro público; 2 – As escolas de treinamento deveriam ter uma estreita associação com os hospitais, mas manter sua independência financeira e administrativa; 12 3 – Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas não envolvidas em enfermagem; 4 – As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à disposição, que lhes oferecesse ambiente confortável e agradável, próxima ao hospital. Além dos fundamentos mencionados, o sistema de ensino deveria seguir três princípios básicos: 1 – Direção da escola por uma enfermeira. 2 – Mais ensino metódico, em vez de apenas ocasional. 3 – Seleção de candidatos do ponto de vista físico, moral, intelectual e aptidão profissional. História da enfermagem no Brasil No Brasil, a história da enfermagem se mistura com a própria história de nosso país, pois surgiu junto com as Casas de Misericórdias que foram fundadas em nossas terras, trazidas pela Coroa Portuguesa. A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos em 1543 e depois espalhadas por Vitória, Olinda, Ilhéus e mais tarde, por todo o território nacional. Podemos considerar como grande destaque desse período, o Padre José de Anchieta que, além de ensinar a catequese, também se preocupava com a saúde de nossa população, fazendo por diversas vezes o papel de médico e enfermeiro. Até o final do século XIX, não havia um trabalho formal para formação de profissionais na área da enfermagem. No entanto, assim como Florence Nightingale que se destacou na Europa por sua colaboração na Guerra da Criméia e a inauguração da primeira escola de enfermagem da história, no Brasil, nós também tivemos uma mulher 13 que, à frente de seu tempo, rompeu com os preconceitos da época e realizou grandes esforços para salvar vidas. Este anjo da guarda brasileira, chamava-se Ana Justina Ferreira que após seu casamento, ficou conhecida como Ana Nery. Depois de tornar-se viúva e ver seus dois filhos serem convocados para servir a Pátria na Guerra do Paraguai (1864-1870) não resistiu à separação da família e escreveu uma carta ao Presidente da Província se colocando a disposição para também servir a sua Pátria durante a guerra e conseguir manter-se próxima de sua família. Assim,parte para os campos de batalha e não mede esforços no atendimento aos feridos. Após cinco anos esforçando-se para atender a todos, volta ao Brasil e é acolhida com todas as honras de um herói de guerra. Escolas de enfermagem no Brasil A primeira escola de enfermagem no Brasil, chamada pelo governo de Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras foi fundada em 1890, no Rio de Janeiro, junto ao Hospital Nacional de Alienados do Ministério dos Negócios do Interior, para atender inicialmente aos hospitais civis e militares e posteriormente as atividades de saúde pública. Hoje, esta escola denomina-se Escola de Enfermagem Alfredo Pinto e pertence à Universidade do Rio de Janeiro – UNI-RIO. Além da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, outras escolas se destacaram, como veremos a seguir: Escola da Cruz Vermelha do Rio de Janeiro – Iniciou seu funcionamento em 1916 com um curso de socorrista para suprir as necessidades que surgiam com a Primeira Guerra Mundial. Os diplomas expedidos por esta escola eram registrados inicialmente no Ministério da Guerra e considerados oficiais. Atualmente, esta escola encerrou suas atividades. 14 Escola Ana Nery – Os cursos tiveram inicio em 1923 com apenas 14 alunas e se tornou fundamental durante um surto de varíola que possibilitou enfermeiras e alunas trabalharem juntas para combaterem a doença. O resultado foi positivo, pois, enquanto em epidemias anteriores a taxa de mortalidade era de 50%, com este trabalho, conseguiram reduzir para 15%. Escola de Enfermagem Carlos Chagas – Fundada em 1933 pelo diretor de saúde pública de Minas Gerais, foi a primeira escola a funcionar fora da Capital da República e a diplomar mulheres religiosas no Brasil. Escola de Enfermagem Luisa de Marillac – Esta escola representou um avanço na enfermagem nacional, uma vez que abriu suas portas tanto para jovens estudantes quanto para religiosas de todas as congregações. É a mais antiga escola de religiosas do Brasil e faz parte da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Escola Paulista de Enfermagem – Fundada em 1939, foi responsável pela renovação da enfermagem na capital paulista. Uma de suas contribuições mais importantes é a instituição do Curso de Pós-Graduação em Enfermagem Obstétrica que deu origem a tantos outros ministrados em diversas escolas do país. Escola de Enfermagem da USP – Fundada em 1944, destaca-se o curso de formação de Professores e Administração de Enfermagem com duração de um ano, além dos Cursos de Habilitação em Obstetrícia e Enfermagem Médico-Cirúrgica. 1.3 - Ética Profissional Assim como em qualquer outra profissão, os profissionais de enfermagem devem seguir um código de ética estabelecido pelo Conselho Federal de Enfermagem. No entanto, antes de falarmos sobre a ética profissional de enfermeiros, é necessário definirmos o que é ética. 15 "A ética é daquelas coisas que todo mundo sabe o que são, mas que não são fáceis de explicar, quando alguém pergunta".(VALLS, Álvaro L.M. O que é ética. 7a edição Ed.Brasiliense, 1993, p.7) Segundo o Dicionário Aurélio, ÉTICA é: "o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto". De forma mais clara, ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética trabalha para que haja equilíbrio e bom funcionamento social. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. Neste contexto, o enfermeiro tem sob sua responsabilidade, não só o dever de manter um padrão de comportamento com seus pacientes, mas também com seus empregadores e colegas de trabalho. De forma ampla e resumida, este Código de Ética e Disciplina estabelece alguns preceitos principais, os quais destacamos a seguir. São DIREITOS dos profissionais de enfermagem: 1) Exercer a enfermagem com liberdade, autonomia e ser tratado segundo os pressupostos e princípios legais, éticos e dos direitos humanos. 2) Recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, família e coletividade. 3) Ter acesso às informações, relacionadas à pessoa, família e coletividade, necessárias ao exercício profissional. 16 4) Recusar-se a executar prescrição medicamentosa e terapêutica, onde não conste a assinatura e o número de registro do profissional, exceto em situações de urgência e emergência. Da mesma forma, poderá recusar-se a executar prescrição em caso de identificação de erro ou ilegibilidade. 5) Suspender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições dignas para o exercício profissional ou que desrespeite a legislação do setor de saúde, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente por escrito sua decisão ao Conselho Regional de Enfermagem. 6) Desenvolver suas atividades profissionais em condições de trabalho que promovam a própria segurança e a da pessoa, família e coletividade sob seus cuidados, e dispor de material e equipamentos de proteção individual e coletiva, segundo as normas vigentes. 7) Recusar-se a desenvolver atividades profissionais na falta de material ou equipamentos de proteção individual e coletiva definidos na legislação específica. 8) Exercer cargos de direção, gestão e coordenação na área de seu exercício profissional e do setor saúde. 9) Registrar no prontuário, e em outros documentos próprios da enfermagem, informações referentes ao processo de cuidar da pessoa. 10) Abster-se de revelar informações confidenciais de que tenha conhecimento em razão de seu exercício profissional a pessoas ou entidades que não estejam obrigadas ao sigilo. São RESPONSABILIDADES e DEVERES dos profissionais de enfermagem: 1) Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade. 17 2) Fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição ideológica. 3) Assegurar à pessoa, família e coletividade assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência. 4) Prestar assistência de enfermagem sem discriminação de qualquer natureza. 5) Garantir a continuidade da assistência de enfermagem em condições que ofereçam segurança, mesmo em caso de suspensão das atividades profissionais decorrentes de movimentos reivindicatórios da categoria. 6) Prestar adequadas informações à pessoa, família e coletividade a respeito dos direitos, riscos, benefícios e intercorrências acerca da assistência de enfermagem. 7) Respeitar, reconhecer e realizar ações que garantam o direito da pessoa ou de seu representante legal, de tomar decisões sobre sua saúde, tratamento, conforto e bem estar. 8) Respeitar o pudor, a privacidade e a intimidade do ser humano, em todo seu ciclo vital, inclusive nas situações de morte e pós-morte. 9) Proteger a pessoa, família e coletividade contra danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência por parte de qualquer membro da equipe de saúde. 10) Disponibilizar seus serviços profissionais à comunidade em casos de emergência, epidemia e catástrofe, sem pleitear vantagens pessoais. 11) Registrar no prontuário do paciente as informações inerentes e indispensáveis ao processo de cuidar. 12) Prestar informações, escritas e verbais, completas e fidedignas necessárias para assegurar a continuidade da assistência.18 13) Manter segredo sobre fato sigiloso de que tenha conhecimento em razão de sua atividade profissional, exceto casos previstos em lei, ordem judicial, ou com o consentimento escrito da pessoa envolvida ou de seu representante legal. 14) Orientar, na condição de enfermeiro, a equipe sob sua responsabilidade, sobre o dever do sigilo profissional. Fica PROIBIDO aos profissionais de enfermagem: 1) Promover e ser conivente com a injúria, calúnia e difamação de membro da equipe de enfermagem, equipe de saúde e de trabalhadores de outras áreas, de organizações da categoria ou instituições. 2) Praticar e/ou ser conivente com crime, contravenção penal ou qualquer outro ato, que infrinja postulados éticos e legais. 3) Negar assistência de enfermagem em qualquer situação que se caracterize como urgência ou emergência. 4) Executar ou participar da assistência à saúde sem o consentimento da pessoa ou de seu representante legal, exceto em iminente risco de morte. 5) Provocar aborto, ou cooperar em prática destinada a interromper a gestação. 6) Promover a eutanásia ou participar em prática destinada a antecipar a morte do cliente. 7) Administrar medicamentos sem conhecer a ação da droga e sem certificar-se da possibilidade de riscos. 8) Prescrever medicamentos e praticar ato cirúrgico, exceto nos casos previstos na legislação vigente e em situação de emergência. 19 9) Executar prescrições de qualquer natureza, que comprometam a segurança da pessoa. 10) Prestar serviços que por sua natureza competem a outro profissional, exceto em caso de emergência. 11) Provocar, cooperar, ser conivente ou omisso com qualquer forma de violência. 12) Assinar as ações de enfermagem que não executou, bem como permitir que suas ações sejam assinadas por outro profissional. 13) Negar, omitir informações ou emitir falsas declarações sobre o exercício profissional quando solicitado pelo Conselho Regional de Enfermagem. 14) Pleitear cargo, função ou emprego ocupado por colega, utilizando-se de concorrência desleal. 15) Usar de qualquer mecanismo de pressão ou suborno com pessoas físicas ou jurídicas para conseguir qualquer tipo de vantagem. 16) Utilizar, de forma abusiva, o poder que lhe confere a posição ou cargo, para impor ordens, opiniões, atentar contra o pudor, assediar sexual ou moralmente, inferiorizar pessoas ou dificultar o exercício profissional. 17) Apropriar-se de dinheiro, valor, bem móvel ou imóvel, público ou particular de que tenha posse em razão do cargo, ou desviá-lo em proveito próprio ou de outrem. 18) Divulgar informação inverídica sobre assunto de sua área profissional. 19) Anunciar a prestação de serviços gratuitos ou propor honorários que caracterizem concorrência desleal. 20 Como dicas complementares ao Código de Ética, ficam as seguintes sugestões: 1) Respeite sempre seus pacientes. Antes de entrar em seu quarto, bata à porta com cuidado. Cuide para que esteja coberto por um lençol, sempre que precisar realizar qualquer exame ou exercícios terapêuticos. 2) A ficha médica do paciente contém informações particulares que devem ser resguardadas e respeitadas. Portanto, apenas as pessoas diretamente envolvidas em seu tratamento, devem ter acesso a elas. 3) Seja sempre atencioso com seus pacientes. Tenha certeza que ele não gostaria de estar na situação em que se encontra. 4) Não se refira a seus pacientes por apelidos, doenças ou números de quartos. Trate-os com o respeito que gostaria de ser tratado. 5) Tenha cuidado com os objetos pessoais de seus pacientes, prevenindo assim complicações tanto para você quanto para o hospital. 6) Não se coloque como conselheiro espiritual de seus pacientes. Sempre que ele solicitar e você puder atender, recorra a igreja da qual ele faz parte, sempre que este tipo de apoio for necessário. Se o paciente exigir um apoio religioso especial, comunique antes ao seu superior. 7) Evite falar de sua vida e seus problemas pessoais ou familiares a não ser que se trate de questões do cotidiano e não tragam problemas maiores aos seus pacientes. 8) Evite falar alto e fazer muito barulho no ambiente hospitalar. Isso pode incomodar o paciente e os seus familiares. 9) Ter boas maneiras é inerente a qualquer profissional. Lembre-se que os visitantes são convidados dentro do hospital e tratá-los com respeito e educação é uma obrigação. 21 10) Não aceite gratificações como dinheiro ou presentes caros. Você está fazendo o seu trabalho e isso não é favor algum. 11) Jamais faça refeições no quarto do paciente e em hipótese alguma prove da comida que lhe é servida, ainda que ele insista. 12) Não desperdice o material fornecido pelo hospital e tenha cuidado com os equipamentos. Levar para casa objetos da empresa em que trabalha é roubo. Da mesma forma é roubo se aproveitar dos medicamentos que se encontram no estoque do hospital. 13) Jamais trabalhe sob efeito de drogas ou álcool. Além de colocar em risco a vida de seu paciente, você pode ser demitido por justa causa. Código de Ética: http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp?ArticleID=7323§ionID=37 1.4 - Papel do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e seus respectivos órgãos regionais O principal órgão de controle da profissão de enfermagem é o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) que foi criado em 1973, por meio da Lei 5.905, para normatizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermeiro, técnicos e auxiliares de enfermagem, zelando pela qualidade dos serviços prestados por seus integrantes, pelo cumprimento da Lei do Exercício Profissional e buscando sempre o reconhecimento e valorização da profissão. O COFEN é representado em cada um dos estados brasileiros por seus órgãos regionais chamados Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN). As principais atribuições do COFEN são: - Normatizar e expedir instruções, para uniformidade de procedimento e bom funcionamento dos Conselhos Regionais; 22 - Esclarecer dúvidas apresentadas pelos COREN's; - Apreciar decisões dos COREN's, homologando, suprindo ou anulando atos praticados por este; - Aprovar contas e propostas orçamentárias de autarquia, remetendo-as aos órgãos competentes; - Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional; - Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas por lei. O COFEN por sua vez, possui seus Conselhos Regionais (COREN) distribuídos em 27 Estados brasileiros que se encarregam de zelar pela execução, decisão e normatização das regras de conduta dos profissionais cadastrados em cada um de seus Conselhos Regionais. Esse sistema de disciplina e fiscalização do exercício da profissão é dividido em três objetivos: 1) Área Disciplinar Normativa: Estabelece critérios de orientação e aconselhamento, para o exercício de enfermagem, baixando normas visando o exercício da profissão, bem como atividade na área de enfermagem nas empresas, consultórios de enfermagem, observando as peculiaridades atinentes à classe e a conjuntura de saúde do país. 2) Área Disciplinar Corretiva: Instaura processos em casos de infrações ao Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, cometidas pelos profissionais inscritos e, no caso de empresa, processos administrativos, dando prosseguimento aos respectivos julgamentos e aplicações das penalidades cabíveis, encaminhando às repartições competentes os casos de alçada destas. 23 3) Área Fiscalizatória: Realiza atos e procedimentos para prevenir a ocorrência de infrações à legislação que regulamenta o exercício da enfermagem, inspecionando e examinando os locais públicos e privados, onde a enfermagem é exercida, anotando as irregularidades e infrações verificadas, orientandopara sua correção e colhendo dados para a instauração dos processos de competência do COREN Cabe ainda aos COREN´s: - Deliberar sobre inscrições no Conselho e seus cancelamentos; - Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes gerais do COFEN; - Executar as instruções e resoluções do COFEN; - Expedir carteira e cédula de identidade profissional, indispensável ao exercício da profissão, a qual tem validade em todo território nacional; - Fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional, impondo as penalidades cabíveis; - Elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno, submetendo-os a aprovação do COFEN; - Zelar pelo conceito da profissão e dos que a exercem; - Propor ao COFEN medidas visando a melhoria do Exercício Profissional; - Eleger sua diretoria e seus delegados eleitores a nível central e regional; - Exercer as demais atribuições que lhe forem conferidas pela Lei 5.905/73 e pelo COFEN. 24 Unidade 2 – Carreira Profissional Olá, Nesta unidade você vai conhecer a carreira do profissional de enfermagem e sua qualificação profissional, diferenciando os profissionais nas categorias de enfermagem, técnico e auxiliar. Quando falamos em carreira profissional, logo pensamos em alguns requisitos que qualquer profissional deve apresentar para alcançar o sucesso como, dedicação, seriedade, esforço, determinação entre outros atributos que, certamente o levarão a ser um profissional diferenciado e requisitado no mercado de trabalho. No entanto, no caso da profissão de enfermagem, estes requisitos ganham outra dimensão, uma vez que o enfermeiro, técnico ou auxiliar, assim como os médicos, trabalham com a única e exclusiva função de preservar vidas e fazer tudo o que é possível para mantê-las saudáveis. Na maioria dos casos precisam estar preparados para atuar em situações adversas de dor e sofrimento que exigem desses profissionais uma sensibilidade que só será atingida se houver muito amor pelo trabalho que desempenham. Assim, nesta unidade, você terá contato com algumas informações que podem auxiliá-lo na carreira de modo a prepará-lo para se tornar um grande profissional. Bom estudo! 25 2.1 – Qualificação Profissional A área de enfermagem se divide em três categorias: Os Enfermeiros, os Técnicos de Enfermagem e os Auxiliares de Enfermagem. Estas três categorias unidas formam a equipe de enfermagem da qual o enfermeiro é o líder. Porém, cada uma delas, exige uma formação e atividades específicas que veremos detalhadamente a seguir: O Enfermeiro Seu Papel: Como vimos na unidade anterior, no início dos tempos, o enfermeiro era visto como um profissional que tinha a simples função de cuidar e acompanhar a recuperação de um paciente, atuando como mero coadjuvante nesse processo de cura. No entanto, com o passar dos anos e a criação de programas de saúde pelo governo, abrindo com isso novos campos de atuação, o enfermeiro passou a exercer papel fundamental na manutenção da saúde do ser humano, uma vez que deixou de exercer apenas a assistência a partir da doença e passou a lidar também com a promoção da saúde. Como ponte entre o paciente, seus familiares e a equipe médica, o enfermeiro é figura indispensável em qualquer área da medicina, respondendo entre outras coisas pela coleta de informações dos doentes que irão ajudar a estabelecer um diagnóstico para que o corpo médico tome a melhor decisão em relação ao tratamento dispensado a estes pacientes. Cabe a ele também, cuidar da higiene, alimentação e orientação dos pacientes, bem como da administração de remédios e aplicação de curativos. Formação Exigida: Para se tornar um enfermeiro, é preciso frequentar um curso superior com duração de quatro anos. Os profissionais graduados em enfermagem adquirem uma formação generalista desenvolvendo um conjunto de competências e habilidades 26 específicas que lhe permite atuar de modo autônomo ou em equipes multiprofissionais nos diversos cenários da prática profissional. Geralmente, estes cursos apresentam os seguintes conteúdos em suas grades curriculares: 1) Fundamentos da Enfermagem História da enfermagem Bioética Legislação em enfermagem Ética profissional Bioestatística Epidemiologia Saúde ambiental Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem I Semiologia e Semiotécnica de Enfermagem II Metodologia da assistência de enfermagem Metodologia da assistência de enfermagem Metodologia da pesquisa 27 Introdução ao trabalho científico 2) Bases Biológicas e Sociais da Enfermagem Anatomia Embriologia Bioquímica Biologia celular Genética e evolução Histologia Fisiologia Processos patológicos gerais Biofísica Parasitologia Microbiologia Imunologia Antropologia filosófica Psicologia aplicada à saúde 28 Sociologia da saúde Farmacologia 3) Assistência de Enfermagem CLÍNICA Enfermagem clínica Enfermagem em geriatria e gerontologia Enfermagem em oncologia Enfermagem psiquiátrica Enfermagem em neurologia CIRÚRGICAS Enfermagem cirúrgica Enfermagem em socorro de urgência Enfermagem em UTI e URPA Enfermagem em centro cirúrgico SAÚDE COLETIVA Enfermagem em saúde da mulher I 29 Enfermagem em saúde da mulher II Enfermagem em saúde da criança e do adolescente Enfermagem em saúde coletiva I Enfermagem em saúde coletiva II Enfermagem em saúde mental Enfermagem Doenças transmissíveis Fitoterapia 4) Administração em Enfermagem Administração Aplicada a Enfermagem Administração do Processo do Trabalho de Enfermagem Administração em Enfermagem em Ambiente e Rede Básica dos Serviços de Saúde Atividades pertinentes: Segundo a Lei 7.498/86 que rege a profissão, compete ao enfermeiro: I - Privativamente: - Direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada e chefia de serviço e de unidade de Enfermagem; 30 - Organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas prestadoras desses serviços; - Planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem; - Consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem; - Consulta de Enfermagem; - Prescrição da assistência de Enfermagem; - Cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida; - Cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e capacidade de tomar decisões imediatas; II - Como integrante da equipe de saúde: - Participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde; - Participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde; - Prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde; - Participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação; - Prevenção e controle sistemático de infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral; 31 - Prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de Enfermagem; - Assistência de Enfermagem à gestante, parturiente e puérpera; - Acompanhamento da evolução e do trabalho de parto; - Execução do parto sem distocia, ou seja, sem dificuldades encontradas na evolução de um trabalho de parto, tornando uma função difícil, impossível ou perigosa para a mãe;- Educação visando à melhoria de saúde da população; Cabe ainda ao enfermeiro conforme Portaria n.º 814/GM, de 01 de junho de 2001: - Supervisionar e avaliar as ações de enfermagem da equipe no Atendimento Pré- Hospitalar Móvel; - Prestar cuidados de enfermagem de maior complexidade técnica a pacientes graves e com risco de vida, que exijam conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas; - Prestar a assistência de enfermagem à gestante, a parturiente e ao recém nato; - Participar nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde em urgências, particularmente nos programas de educação continuada; - Fazer controle de qualidade do serviço nos aspectos inerentes à sua profissão; - Subsidiar os responsáveis pelo desenvolvimento de recursos humanos para as necessidades de educação continuada da equipe; - Conhecer equipamentos e realizar manobras de extração manual de vítimas. 32 O Técnico de Enfermagem Seu Papel: O Técnico de Enfermagem é o profissional, integrante da equipe de enfermagem, sob supervisão do enfermeiro que presta assistência ao paciente cuidando de seu conforto, higiene e demais cuidados com o máximo de atenção, paciência e carinho. De forma menos complexa, atua na promoção e recuperação da saúde das pessoas, além de administrar tratamento prescrito pelo enfermeiro. O técnico de enfermagem precisa ter vocação para cuidar de doentes, pois trata- se de uma rotina, em muitos casos, extenuante, uma vez que o técnico estará em contato direto com os pacientes, sendo responsável por tarefas como alimentar, dar banho, realizar procedimentos de curativos e trocas de curativos, enfim, todos os procedimentos necessários para o pronto restabelecimento do paciente. Recomenda-se ainda que, para atuar nesta profissão, o futuro profissional deve possuir algumas qualidades, como boa disposição física, capacidade de concentração, disposição para trabalhar em equipe cumprindo ordens e determinações, tenha tranquilidade para trabalhar em meio a sangue e pessoas acidentadas, tenha capacidade de raciocinar e agir sob extrema pressão, equilíbrio emocional, pró-atividade, firmeza e habilidade com as mãos, e principalmente, muita vontade em ajudar o próximo. Formação Exigida: Para se tornar um técnico de enfermagem é preciso frequentar um curso técnico, de nível médio, por dois anos em instituição autorizada pelo Ministério da Educação, que tem o objetivo de formar profissionais aptos a atuarem em todas as atividades de enfermagem com destaque ao apoio ao diagnóstico (preparação e acompanhamento de exames), à educação para a saúde, à proteção e prevenção, à recuperação e reabilitação e à gestão da saúde. 33 Geralmente, esses cursos oferecem aulas em laboratórios e estágios supervisionados em hospitais conveniados, onde o aluno tem a oportunidade de vivenciar a demanda do dia a dia nesses ambientes. De maneira específica, estes cursos buscam: - Capacitação profissional para que estes alunos prestem assistência de enfermagem com competência e responsabilidade. - Formação ampla, que atenda as necessidades nos diferentes níveis assistenciais, seja na área hospitalar, saúde coletiva ou empresarial. - Desenvolvimento de ações educacionais para que o profissional técnico em enfermagem se perceba como agente de promoção da saúde e prevenção de doenças, colocando o paciente como partícipe da ação assistencial. - Conscientização do futuro técnico em enfermagem da necessidade de aprimorar constantemente seus conhecimentos e habilidades, através de formação contínua. Atividades pertinentes: Além das atividades já citadas acima, cabe ainda ao técnico de enfermagem: - Assistir ao enfermeiro no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de enfermagem; - Prestar cuidados diretos de enfermagem a pacientes em estado grave, sob supervisão direta ou à distância do profissional enfermeiro; - Participar de programas de treinamento e aprimoramento profissional especialmente em urgências/emergências; 34 - Compreender o processo saúde/doença com determinação social, reconhecendo no mercado de trabalho a estrutura organizacional formal e informal, a cultura e política institucional, as funções e responsabilidades de cada membro da saúde, enquanto prestadores de serviço ao cliente interno e externo; - Prestar assistência de enfermagem integral ao paciente em todos os níveis de atendimento a saúde tendo como bases a fundamentação técnico-científica específica em Enfermagem; - Participar como agente de transformação nos diferentes processos de trabalho da enfermagem; - Realizar atividades de cunho administrativo relacionado a recursos materiais, ambientais e humanos, conhecendo a dimensão intelectual e operacional deste processo; - Desenvolver competências e habilidades necessárias para a assistência de enfermagem especializada ao paciente/cliente dentro de seu âmbito de atuação. O Auxiliar de Enfermagem Seu Papel: Não há muitas diferenças entre o auxiliar de enfermagem e o técnico de enfermagem. Ambos podem trabalhar em diversos tipos de unidade de saúde, como hospitais, ambulatórios e prontos socorros, em laboratórios de análises clínicas, asilos, clínicas particulares, entre outros, sempre sob a supervisão de um enfermeiro. Da mesma forma, ambos estão capacitados profissionalmente para ter contato direto com os pacientes, administrando medicamentos ou cuidando de curativos. No entanto, o que pode diferenciar um profissional do outro, é que o técnico de enfermagem é um profissional melhor qualificado no aspecto técnico, em vista da 35 exigência de curso técnico de nível médio, e isso lhe dá o direito de trabalhar em setores fechados como UTIs (Unidades de terapia Intensiva), centros cirúrgicos e trabalhos com saúde mental, enquanto o auxiliar de enfermagem além de não possuir acesso a essa unidades de saúde, possui participação em nível de execução simples, realizando ações de tratamentos básicos como cuidados de higiene e conforto aos pacientes. O técnico de enfermagem também pode auxiliar o enfermeiro em toda a parte administrativa como montagens de escalas, distribuições de folgas, controles de equipamentos hospitalares, entre outros. Formação Exigida: Para se tornar um Auxiliar de Enfermagem é preciso ter concluído o ensino fundamental e possuir mais de 17 anos. Deve frequentar um curso técnico de aproximadamente 14 meses que irá preparar o profissional para atuar no auxílio aos enfermeiros. Atividades pertinentes: - Preparar os pacientes para consultas e exames, orientando-os sobre as condições de realização dos mesmos; - Colher ou auxiliar o paciente na coleta de material para exames de laboratório; - Orientar e auxiliar o paciente, prestando informações relativas à higiene, alimentação, utilização de medicamentos e cuidados específicos em tratamento de saúde; - Verificar os sinais vitais e as condições gerais dos pacientes, segundo prescrição médica e de enfermagem; - Preparar e administrar medicações por via oral, tópica, intradérmica, subcutânea, intramuscular, endovenosa e retal, segundo prescrição médica; 36 - Realizar registros da assistência de enfermagem prestada ao paciente e outras ocorrências a ele relacionadas; - Circular e instrumentar em salas cirúrgicas e obstétricas, preparando-as conforme o necessário; - Executar atividades de limpeza, desinfecção, esterilização do material e equipamento, bem como sua conservação, preparo, armazenamento e distribuição, comunicando ao superior eventuais problemas; - Propor a aquisição de novos instrumentos para reposição daqueles que estão avariados ou desgastados;- Coletar leite materno no lactário ou no domicílio; - Realizar controles e registros das atividades do setor e outros que se fizerem necessários para a realização de relatórios e controle estatístico; - Fazer curativos; - Prestar cuidados de conforto ao paciente e zelar por sua segurança. 2.2 – Mercado de trabalho Hoje, o profissional de enfermagem não é mais aquela pessoa que tinha como única função cuidar de pacientes doentes. O mercado de trabalho tem evoluído constantemente, exigindo profissionais mais completos, de preferência, generalistas em suas áreas. Assim, não basta apenas uma boa faculdade, o mercado exige cada vez mais cursos de especialização na área da saúde. 37 Com esta evolução do mercado, surgiram novos setores que antes, não se imaginava serem gerenciados ou coordenados por um profissional de enfermagem. É o caso do cargo de gerente de novos projetos, implantando a abertura de novas alas hospitalares, criando novos protocolos para clínicas médicas ou até ministrando treinamentos de equipes para manuseio de novos equipamentos. A criação do SUS e do Programa Saúde da Família, que recruta enfermeiros e auxiliares de enfermagem para atender comunidades carentes, buscando a prevenção de doenças e orientação das famílias, proporcionou um aumento no número de novos postos de trabalho que ainda estão sendo preenchidos. É importante lembrar que a disponibilidade dessas vagas vai depender da região em que pretende atuar. Segundo o Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo (COREN-SP), as regiões Norte e Nordeste, são as regiões que mais oferecem novas vagas de trabalho. Vale ressaltar também, uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) que revela algumas tendências do mercado de trabalho dos profissionais de enfermagem. Entre elas, podemos destacar os quadros de perfil desses profissionais e a oferta e demanda do mercado. Vamos a eles: 38 Perfil Profissional � 88,9% dos profissionais são mulheres. � 64,3% dos profissionais estão na faixa etária de 35 e 55 anos de idade. � 55,5% dos profissionais de enfermagem são os principais responsáveis pelas despesas familiares. � 35,2% têm entre 16 e 25 anos de formados e 20,3% se formaram após o ano 2000. � 85,84% realizaram alguma modalidade de pós-graduação, 78,8% fizeram especialização e 23,7% possuem uma segunda especialização. � 31,2% concluíram o curso depois de 2000. Fonte: obsnetims.org.br Demanda Profissional � 91,9% dos enfermeiros já estão trabalhando com até um ano de formado. � 94,4% dos graduados a partir de 2000 conseguiram emprego com menos de um ano de formado. � 52,5% dos participantes declararam o serviço público como a primeira atividade. � 43,6% declaram possuir dois empregos e 10,7% declararam possuir três empregos. Fonte: obsnetims.org.br 39 Diante dos quadros, apenas confirmamos as expectativas de mercado de que a profissão está em ampla expansão, uma vez que mais de 90% dos profissionais que se formam, conseguem seu primeiro emprego em até um ano de formado. Áreas de atuação De maneira genérica, podemos destacar quatro áreas em que o profissional de enfermagem pode desenvolver suas atividades: Área da Assistência – Atua em contato direto com os pacientes prestando assistência, estabelecendo diagnósticos de enfermagem e plano assistencial a ser executado. Pode desenvolver este trabalho no âmbito hospitalar planejando e implementando ações de enfermagem em hospitais, clínicas, centros cirúrgicos, Home Cares, Unidades de Terapia Intensiva, entre outros. Pode também, realizar trabalhos no campo da psiquiatria atendendo pacientes com distúrbios psíquicos ou comportamentais em unidades de hospitais ou centros especializados. Pode ainda, prestar serviços no âmbito ambulatorial oferecendo assistência em consonância com as políticas públicas de saúde. Por fim, pode atuar junto à comunidade em que o paciente está inserido, oferecendo ações de promoção e prevenção à saúde, buscando sempre a melhoria da qualidade de vida da população. Área da Pesquisa – O profissional que atua por esta área, elabora e executa projetos de pesquisa ou extensão, individual ou em parceria com outros profissionais. Participa de projetos e execução de pesquisa em qualquer área social. Área da Administração – Nesta área o profissional de enfermagem realiza uma série de trabalhos na área administrativa como a coordenação e assessoria dos trabalhos realizados pela equipe de enfermagem, a participação no planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de enfermagem. Realiza a gestão de 40 órgãos de saúde, tanto de instituições públicas quanto privadas. Participa de consultoria, auditoria e emissão de pareceres sobre atividades de enfermagem. Área do Ensino – No âmbito do ensino, o profissional atua como educador em saúde, ministrando programas de saúde para turmas de 1º e 2º graus. Planeja, coordena e executa curso de auxiliar e técnico de enfermagem. Exerce docência no 3º grau em qualquer disciplina constante do currículo de sua formação profissional. Participa de programas de pós-graduação. Elabora e executa programas de educação continuada. Promove treinamento em serviço para equipe de enfermagem e profissionais de saúde. Porém, de maneira mais específica, podemos destacar algumas áreas que estão em ascensão na profissão de enfermagem: Assessoria e consultoria: Auditar os procedimentos hospitalares de enfermagem e auxiliar na montagem de unidades de saúde. Atendimento domiciliar: Cuidar de pacientes em sua residência, dando continuidade ao tratamento hospitalar. Auxiliar o paciente em exercícios terapêuticos e cuidar de sua higiene e de seu bem-estar. Enfermagem geral: Comandar equipes de técnicos e auxiliares de enfermagem no atendimento a pacientes. Enfermagem geriátrica: Atender idosos, doentes ou não, em domicílios, casas de repouso, clínicas e hospitais. Enfermagem médico-cirúrgica: Ministrar cuidados pré e pós-operatórios em prontos- socorros, clínicas e hospitais. Enfermagem obstétrica: Dar assistência integral a gestantes, parturientes e lactantes, acompanhando o pré-natal, realizando exames e auxiliando o médico no parto e no pós- parto. Dar orientações sobre planejamento familiar. 41 Enfermagem pediátrica: Acompanhar e avaliar o crescimento e o desenvolvimento da criança. Incentivar o aleitamento materno e orientar os pais quanto às técnicas e aos cuidados com os recém-nascidos. Enfermagem psiquiátrica: Ajudar no tratamento de pacientes com distúrbios psicológicos. Enfermagem de resgate: Participar de equipes de salvamento de vítimas de acidentes ou de calamidades públicas. Enfermagem do trabalho: Dar atendimento ambulatorial em empresas e acompanhar programas de prevenção e manutenção da saúde dos funcionários. Enfermagem de saúde pública: Orientar a população sobre a prevenção de doenças e promover a saúde da coletividade. Atender pacientes em hospitais, centros de saúde, creches e escolas. Formar, capacitar e supervisionar os agentes de saúde. Gestão da qualidade: Avaliar e planejar os processos assistenciais com o objetivo de aumentar a segurança dos pacientes. Gestão de projetos: Administrar e controlar as atividades destinadas a projetos multidisciplinares, como abertura de uma ala hospitalar ou implementação de um novo protocolo em clínicas ou hospitais. Fonte: guiadoestudante.com.br Média de ganhos salariais Apenas como referência, destacamos o piso salarial da categoria no Estado de São Paulo, determinado pelo Sindicato da categoria: - Auxiliar de Enfermagem: R$ 846,64 42 - Técnicoem Enfermagem: R$ 867,80 - Enfermeiro Graduado: R$ 1.679,00 O salário de um profissional de enfermagem pode variar muito, uma vez que seus rendimentos dependerão do local em que trabalha, a região do país em que se encontra, a carga horária que cumpre e a quantidade de empregos que ocupa. Apesar de tantas variantes, podemos estabelecer que o salário médio para um Auxiliar de Enfermagem que presta cuidados com menor complexidade, pode variar entre R$ 600,00 a R$ 1.200,00. Já para um Técnico de Enfermagem que oferece cuidados com maior complexidade, além de atendimentos a pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI´s), Centros Cirúrgicos e outros, pode variar de R$ 800,00 a R$ 1.500,00. Por outro lado, o Enfermeiro, por ser um profissional com curso superior e assumir maiores responsabilidades, pode ter rendimentos na faixa de R$ 1.700,00 a R$ 6.000,00, dependendo do cargo que ocupa, lembrando sempre que um enfermeiro graduado e com especializações pode alcançar cargos de gestão. Turnos de Trabalhos A pessoa que busca trilhar sua carreira profissional no campo da saúde, através da enfermagem, precisa estar ciente de que este caminho, em muitos casos, pode ser tortuoso. É importante ressaltar que o profissional de enfermagem possui uma carga horária de trabalho que não lhe permite desfrutar de finais de semana ou feriados. Geralmente, quando assume um cargo, este profissional vai participar de uma tabela de escalas que definirá os dias em que estará à disposição de seu empregador, podendo ter de trabalhar em qualquer dia da semana, inclusive em feriados importantes 43 como natal, ano novo ou carnaval. Geralmente, essa escala é realizada para atender turnos de 12/36 ou seja, trabalham 12 horas e descansam 36 horas. O grande risco embutido neste modelo de trabalho é o precedente perigoso que se abre para o profissional que precisa complementar sua renda e passa a atuar em mais de um emprego, o que não é indicado, uma vez que ele não consegue descansar o suficiente para repor suas horas de sono e atuar com eficiência. Certamente, esta atitude vai prejudicar o seu desempenho e consequentemente a sua carreira profissional. Já o enfermeiro graduado, cumpre carga horária de 4 a 6 horas diária, geralmente de segunda a sexta feira e eventuais plantões. Este profissional tem mais acessibilidade a mais de um emprego devido à sua carga horária ser menor e sem afetar ou comprometer a sua necessidade de descanso entre um emprego e outro. A rotina do Enfermeiro A rotina de um enfermeiro começa ao chegar em seu trabalho e conversar com o enfermeiro do turno anterior para inteirar-se do que aconteceu com os pacientes nas últimas horas. Em seguida, começa a organizar as funções de todos os técnicos e auxiliares de enfermagem que estão sob suas ordens. Aqui, ele precisa fazer a escala de trabalho, dividir as responsabilidades dentro de sua equipe e orientá-los sobre os cuidados e atendimentos que precisam ser dispensados aos pacientes. Enquanto os técnicos e auxiliares cuidam da alimentação, higiene e medicação dos pacientes, o enfermeiro estabelece as prioridades do dia e realiza o controle de estoques de medicamentos e materiais hospitalares. Verifica também se está escalado para participar de procedimentos como cirurgias. Em seguida, visita os pacientes, de preferência conversando com cada um deles e verificando os exames e sinais vitais, para só então, autorizar a entrada de familiares. 44 Ainda durante o seu dia de trabalho, precisa programar ações de treinamentos para sua equipe a fim de deixá-los sempre atualizados sobre novas atividades e protocolos de enfermagem, participa, ainda que indiretamente de cirurgias, pois é ele quem tem o primeiro contato com o paciente na chegada ao bloco cirúrgico, sendo responsável por avaliar os sinais vitais e certificar se os procedimentos anteriores à cirurgia foram tomados como exemplo, se o paciente está em jejum, se a pressão arterial está normal, entre outras preocupações. No seu dia a dia, o enfermeiro deve estar preparado também para lidar com emoções que se apresentam a todo instante tanto em momentos de alegria quanto em momentos de dor. Claro que em momentos de alegria, o enfermeiro se sente mais à vontade, pois não tem nada mais gratificante do que informar uma família de que seu parente está curado e indo para casa. 2.3 – Responsabilidades Civil e Criminal O profissional de enfermagem, assim como qualquer outro profissional no desempenho de suas atividades, deve assumir as responsabilidades pelos atos que pratica. Neste sentido, a atuação de um profissional de enfermagem que causa danos à saúde de um paciente está sujeito a repercussão legal nas esferas cível e criminal. A Justiça entende que o elemento básico da responsabilidade reside no erro profissional causado por imperícia, negligência e imprudência. Esta afirmação é ratificada pelo Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, que em seu art. 16 define expressamente que a responsabilidade do enfermeiro é “Assegurar ao cliente uma assistência de enfermagem livre de danos decorrentes de imperícia, negligência ou imprudência.” Antes de continuarmos é importante definir o que são estas três ações: 45 Imperícia – É um ato realizado por pessoa que não possui competência técnica para fazê-lo, ou seja, falta conhecimento técnico para o exercício da profissão. Negligência – Podemos definir como a falta de cuidado com o paciente, agindo com desleixo, preguiça e descuido, podendo resultar na falta de observação dos deveres que as condutas exigem. Caracteriza-se principalmente pela desatenção, passividade ou mesmo omissão. Imprudência – Significa tomar uma atitude sem um cuidado necessário, agindo de maneira precipitada e até mesmo impulsiva. O artigo 16 do Código de Ética vai ao encontro de outras previsões legais que regulam nosso ordenamento jurídico, como o art. 186 (“Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.) e o art. 951 (“O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”.), ambos do Código Civil brasileiro, em que o vocábulo “paciente” no texto legal pode ser aplicado diretamente ao profissional de enfermagem. De forma exemplificativa, citaremos um problema muito comum quando se trata de Responsabilidade Civil nesta área específica de atuação. Trata-se da separação de medicamentos que costuma ser exercida pela equipe de enfermagem, principalmente por técnicos e auxiliares, sob a supervisão de um enfermeiro. Destacamos essa responsabilidade, pois a maioria dos profissionais da área entende que a administração de medicamentos é uma das mais sérias responsabilidades que pesa sobre o exercício profissional do enfermeiro e demais integrantes de sua equipe. Para que você entenda onde se encaixa a responsabilidade judicial desse profissional, é preciso entender um conceito jurídico. Para que um profissional responda 46 judicialmente a um processo civil, é necessário vinculá-lo a uma responsabilidade civil comprovada, ou seja, é necessário que sua atitude contenha três elementos: 1) Conduta – O profissional precisa realizar uma ação ou omissão. 2) Resultado – A sua conduta precisa ocasionar um prejuízo moral ou físico no paciente. 3) Nexo Causal – Precisa haver ligação entre a conduta realizada e o resultado final alcançado. Assim, se durante a administração de medicamentos o profissional realizou umadeterminada ação ou omissão que causou prejuízo moral ou físico a um paciente e se comprovou esta relação do ato com o prejuízo, é cabível um processo civil de indenização, cuja condenação dependerá das consequências ou possíveis conseqüências na saúde do paciente. Vale ressaltar ainda que a administração de medicamentos não se restringe apenas a separar comprimidos. Pode-se incluir aqui as injeções de substâncias estranhas, introdução inadvertida de ar por via venosa (aplicação de injeção com bolhas de ar), administração de medicamentos por via errada, preparo de drogas erradas por não entender ou não interpretar corretamente a leitura da prescrição médica. Quanto à responsabilidade criminal, o profissional que causar prejuízo à saúde de um paciente poderá incorrer em algumas condutas definidas na legislação como crime, como veremos a seguir: 1) O artigo 121 do Código Penal Brasileiro, trata do homicídio simples. O profissional que agir com imprudência, negligência ou imperícia e, desta ação ou omissão, resultar na morte do paciente, responderá por crime de homicídio culposo, ou seja, sem a intenção de matar. Neste caso, poderá ser condenado a uma pena de um a três anos de detenção. 47 2) No mesmo Código Penal, em seu artigo 129, podemos avaliar o crime de lesão corporal. Assim, se de uma ação ou omissão do profissional resultar danos a integridade física ou a saúde do paciente, causando-lhe incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias, perigo de vida, debilidade permanente de membro, sentido ou função ou aceleração de parto, sofrerá pena de reclusão que poderá variar de um a cinco anos. Em casos mais graves como incapacidade permanente para o trabalho, enfermidade incurável, perda ou inutilização de membro, sentido ou função, deformidade permanente ou aborto, a pena poderá durar de dois a oito anos. 3) O Código Penal trata ainda de assuntos ligados diretamente à profissão de enfermagem. O seu artigo 280, expressa o crime de fornecimento de medicamento em desacordo com receita médica que, se praticado de forma intencional, pode resultar em pena de um a três anos ou multa e se for culposa, pode resultar em pena de dois meses a um ano. Desta forma, destaca-se a importância do trabalho em equipe (médicos, enfermeiros, auxiliares e farmacêuticos) para o sucesso de uma assistência adequada ao paciente e da importância de qualquer ação da equipe de enfermagem ser realizada com toda a atenção e cercada de cuidados, com a finalidade de se eliminar qualquer risco de falhas que possam ser motivos de processos judiciais por imperícia, negligência e imprudência, como vimos no início deste capítulo. 2.4 – Habilidades e competências para o desenvolvimento da carreira Antes de falarmos das habilidades e competências exigidas para o desenvolvimento de uma carreira na área de enfermagem, é importante lembrar que, acima de tudo, o profissional dessa área precisa estar sempre atualizado, pois trata-se de uma área que passa por constantes modificações em métodos e técnicas. Quando falamos em habilidades e competências para exercer a profissão, esses dois termos podem não ficar muito claros para alguns alunos. Por isso vamos tentar definí-los da melhor maneira possível. 48 Em nosso ponto de vista, tratamos competências como as características que o mercado exige de um profissional para que ele consiga desempenhar seu trabalho com qualidade. Já habilidades, são características pessoais, direcionadas a área da enfermagem, que um profissional possui ou que possa vir a desenvolver, de forma a qualificar ainda mais seu trabalho. Competências: Disponibilidade de Horário – Pela sua própria natureza, a profissão de enfermeiro exige do profissional dedicação plena à sua atividade, pois a saúde não tem data nem horário marcados para as intercorrências que requerem a presteza do profissional. As unidades de saúde, hospitais e entidades que necessitam dos serviços de enfermagem normalmente prestam este serviço durante as 24 horas do dia e os plantões para tal atendimento não podem funcionar sem a presença do profissional prestador. Diante disso, o profissional que pretende seguir carreira nesta área, com sucesso e reconhecimento deve estar ciente de que seus horários de trabalho podem variar de acordo com a necessidade do seu empregador, sacrificando, via de regra, a sua vida pessoal. Embora estejamos falando em disponibilidade de horário, na realidade a profissão exige uma grande dose de sacrifício e a capacidade de conciliação das atividades profissionais com o atendimento aos interesses pessoais, tanto no aspecto social, comunitário quanto nas necessidades familiares.O profissional que realiza seu trabalho com amor e dedicação, não fica incomodado com os percalços de horários. Tudo fica para trás quando o profissional consegue perceber a confiança, satisfação e a felicidade expressas nos rostos de seus pacientes. Trabalho sob pressão – O profissional de enfermagem deve estar treinado para ter equilíbrio e bom senso para resistir às pressões da atividade. As pressões podem ser de natureza intrínseca ou interna e de natureza extrínseca ou externa. Pressões internas – A atividade de atendimento a saúde carrega uma enorme dose de pressão psicológica com relação às necessidades do paciente, desde a dificuldade em administrar certos medicamentos em doses e horários específicos ou auxílio às 49 necessidades fisiológicas e higiênicas do paciente até assistir ao momento da morte de um de seus pacientes. Pressões externas – Da mesma forma, o equilíbrio deve ser primordial no trato as ansiedades das pessoas próximas ao paciente, tanto parentes quanto amigos. Geralmente, essas pessoas reagem de forma inadequada e até grosseira com a forma de atendimento, por mais profissional e correta que seja, cobrando, questionando e criticando a atuação do dia a dia. O profissional deve entender essa situação e procurar atender da melhor forma possível as expectativas e transmitir segurança a fim de que a família possa sentir que o paciente não está sofrendo perdas por ineficiência ou negligência no tratamento. Organização – O trabalho na área da saúde exige controles rígidos de atendimento ao paciente, obrigando o profissional a estabelecer uma rotina rigorosa para manutenção dos horários, dosagens de medicamentos e ações de atendimento perfeitamente ordenadas e corretas. Para tanto, cada profissional deve ter o cuidado de, ao assumir o seu posto, organizar o seu dia, momento a momento, de modo a garantir eficácia no seu trabalho, tanto quanto ao atendimento ao paciente como aos registros individuais que deve produzir para que o histórico de cada atuação possa ser interpretado e facilite a continuidade do trabalho por profissional que suceda o seu plantão. Conhecimento técnico – Nenhuma competência é mais importante do que o conhecimento técnico da profissão. Nos dias de hoje, não há mais lugar para enfermeiros empíricos, ou seja, profissionais cuja atividade está baseada na experiência acumulada ao longo do tempo. A medicina avança a passos largos e a cada dia são descobertas novas formas de atendimento, novas vacinas, novos remédios para doenças que antes, acreditavam não haver solução. O profissional que deseja crescer na profissão, deve estar antenado com o progresso da medicina e entender que o conhecimento se transforma a cada dia. Para tanto, o profissional deve procurar participar de comissões de estudos, participar de encontros técnicos, frequentar palestras 50 e congressos e ser um estudioso constante do desenvolvimento terapêutico e medicamentoso. Tomadas de decisão – O trabalho dos profissionais de saúde deve estar fundamentado na capacidade de tomar decisões visando o uso apropriado dos equipamentos médicos,de proteção pessoal e ambiental, eficácia e custo-efetividade, da força de trabalho, de medicamentos, de equipamentos, de procedimentos e de práticas. Para este fim, os mesmos devem possuir competências e habilidades para avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas com ou sem supervisão médica. Da presteza de uma ação de enfermagem pode ser salva uma vida. Como exemplo, um paciente que engasga ao ingerir um alimento ou medicamento, deve ser atendido imediatamente, seguindo os procedimentos adequados para que este engasgo não coloque a vida do paciente em risco. O enfermeiro deve estar permanentemente alerta e em alguns casos, não pode esperar autorização ou supervisão do médico sob pena de perder o paciente. Educação permanente – Os profissionais devem ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Desta forma, os profissionais de saúde devem aprender a aprender e ter responsabilidade e compromisso com a sua educação e o treinamento/estágios das futuras gerações de profissionais, proporcionando condições para que haja beneficio mútuo entre os futuros profissionais e os profissionais dos serviços, inclusive, estimulando e desenvolvendo a mobilidade acadêmico/profissional, a formação e a cooperação através de redes nacionais e internacionais. Respeito à hierarquia – Cada profissão é autônoma até o limite de sua competência. O profissional deve entender que em um corpo clínico há uma divisão de responsabilidades que deve ser obedecida. Não é necessário e nem recomendável a subserviência. Cada profissional deve respeitar seu superior sem aviltar suas próprias 51 responsabilidades em seu campo de atuação. Da perfeita sintonia entre chefia e subordinado, respeitando-se os limites de cada um, está a eficácia e acerto da atividade. De outro modo, não havendo o devido respeito à autoridade, certamente, estará estabelecido o conflito que pode culminar com o prejuízo das partes envolvidas e também dos pacientes que estão sob seus cuidados. Na maioria das vezes deverá ser exercida uma grande dose de paciência, com sacrifício até de princípios pessoais, em favor do bom andamento das atividades. Ordem e Limpeza – O ambiente de trabalho, principalmente na área da saúde, deve estar permanentemente limpo. Ao iniciar suas atividades, o profissional deve verificar seus equipamentos, suas ferramentas e estar seguro de que seu uso está perfeitamente adequado. Da mesma forma, o chão, mesas, cadeiras, armários e estoques de medicamentos devem estar limpos, ordenados e sem faltas importantes. Habilidades: Boa comunicação – A boa comunicação para um profissional de enfermagem é fundamental para seu sucesso no mercado de trabalho, afinal, uma de suas funções principais, além de prestar assistência, é transmitir informações a sua equipe e seus pacientes e familiares de forma a orientar corretamente sobre os procedimentos que devem ser seguidos e tranqüilizar a família e o próprio paciente com as informações exatas do que está acontecendo ou vai acontecer. Sua comunicação deve ser clara, pausada e com o uso de palavras apropriadas. Existem alguns requisitos básicos da comunicação profissional, que vale a pena ressaltarmos: A Boa Comunicação exige paixão – Ame a sua profissão, pois quanto mais gostar dela, mais fácil será transmitir a informação que precisa ser transmitida; 52 A Boa Comunicação exige clareza – Falar com uma linguagem diferente do paciente que você atenderá, pode parecer arrogância. Atenda-o de forma simples e com objetividade que assim, a comunicação torna-se mais eficiente. A Boa Comunicação exige presença – Tão importante quanto as palavras proferidas, é o tom de voz, expressão facial, postura, gesticulações e vestimentas. Relacionamento interpessoal – O trabalho em um ambiente eclético em que, de um lado o profissional convive com pacientes e familiares dos mais diversos níveis sociais e de educação e de outro lado, colegas de trabalho com as mais diversas características pessoais e profissionais, a habilidade de conviver e se relacionar com os diferentes é talvez a característica mais importante para manter um ambiente saudável com uma prestação de serviços de alta eficácia. O profissional de enfermagem está sujeito às variações que essas diferenças podem ocasionar e, neste caso, é fundamental saber entender as expectativas de cada um considerando sempre que cada indivíduo tem uma forma de agir e pensar próprias, não podendo tratar de forma igual, pessoas desiguais. Assim, é indispensável ao profissional da saúde a prática da empatia, ou seja, colocar-se no lugar do outro para tentar entender o que o outro está sentindo. Desta forma, vai conseguir cultivar o bom senso e desenvolver um senso de equilíbrio de forma a diminuir as tensões presentes no ambiente e elevar a auto-estima das pessoas que estão passando pelos problemas. Controle emocional – Tanto o paciente quanto seus familiares possuem o direito de serem informados da situação a que estão submetidos, os riscos inerentes e os cuidados exigidos para o sucesso no tratamento. Este tipo de informação pode ser extremamente difícil e demanda uma carga de estresse alta tanto para o profissional quanto para o paciente. 53 Aliado a este fator, está o fato desse profissional conviver com a vida e a morte num mesmo ambiente requerendo de cada um, equilíbrio e tranqüilidade para que sua atuação não seja prejudicada pela ansiedade, desespero ou descontrole emocional. Liderança – Ser líder não é compor um quadradinho no organograma da empresa, mas estar apto a correr riscos e ter iniciativa quando a situação assim o requerer. Vários procedimentos de enfermagem são requeridos de forma emergencial, sendo prejudicados pela falta de liderança no momento da assistência, uma vez que profissionais que poderiam prestar esta assistência, acabam aguardando a autorização para a realização do procedimento, culminando com a perda do paciente. A liderança envolve compromisso, responsabilidade, empatia, habilidade para tomada de decisões, comunicação e gerenciamento de forma efetiva e eficaz. Próatividade – Assim como liderar, o profissional de enfermagem deverá agir sempre em tempo para evitar que problemas se agravem. Cabe ao profissional ter uma ampla visão da condição do paciente para agir preventivamente a fim de que novos problemas se instalem e com isso, tornem-se mais difíceis de serem combatidos. Dicas para encarar pacientes difíceis Para finalizar este capítulo, disponibilizamos algumas dicas do livro “Como administrar conflitos profissionais” de Peg Pickering que podem dar uma dimensão da importância das características acima para o bom desempenho de seu trabalho. Dez dicas para acalmar pacientes difíceis: 1 - Não é pessoal. Por estar na linha de frente, você é o saco de pancadas que irá absorver as frustrações do paciente com relação a problemas e conflitos. Não é você, é a situação. 54 2 - Mantenha a tranqüilidade. Responder à raiva do paciente da mesma maneira irá apenas piorar a situação. Não perca o controle: fique tranqüilo, calmo, não fique nervoso nem defensivo. 3 - Dilua a raiva. Deixe o paciente desabafar, ele precisa disso. No entanto enquanto ele faz isso, nada do que você disser irá causar algum impacto sobre ele. Devido ao estado altamente emocional do paciente, a lógica de suas respostas ou explicações será simplesmente ignorada por ele e irá torná-lo mais volátil. 4 - Seja solidário. O paciente não quer apenas que você entenda o problema, mas também a sua reação. Nesse momento, essa situação é a coisa mais importante para ele e a indiferença ou atitude defensiva de sua parte irá deixá-lo ainda mais irritado. 5 - Ouça com atenção.