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FERNANDA BRITO DE SOUSA
PALMADA, VIOLÊNCIA OU EDUCAÇÃO:
LEI 13.010/2014 EM CARÁTER DISCIPLINAR
Cidade
AnoParauapebas
2022
FERNANDA BRITO DE SOUSA
PALMADA, VIOLÊNCIA OU EDUCAÇÃO:
LEI 13.010/2014 EM CARÁTER DISCIPLINAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
Orientador: Vanessa Zambaldi
Parauapebas
Ano
fernanda brito de sousa
PALMADA, VIOLÊNCIA OU EDUCAÇÃO:
LEI 13.010/2014 EM CARÁTER DISCIPLINAR
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Direito.
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Parauapebas, dia de mês de 2022.
Dedico este trabalho ao PapaI Soberano, até aqui Ele me sustentou, a minha família que sempre me apoiou e me incentivou a realiza-lo e ao meu filho, Vitor Daniel que apenas com um sorriso e um olhar enquanto eu o amamentava ao mesmo tempo estudando para as provas, me encorajou a não desistir.
AGRADECIMENTOS
Expresso, em primeira mão, meus agradecimentos a Deus, que me deu e me proporciona sopro de vida, pela força para mais este feito. Que meu trabalho seja instrumento do seu amor. 
A minha maior benção, meu filho.
A minha família, a cada um que contribuiu de forma direta ou indiretamente, em especial ao meu Pai, minha irmã, irmão e meus tios Leal e Elizete.
A minha amiga querida Luciana, Adezilma, Bel muitos outros que guardo em meu coração.
Agradeço a Deus por cada um que ele colocou na minha vida.
E, com propósito levo as minhas homenagens à minha Mãe, que sempre acreditou em mim e sempre esteve ao meu lado em toda essa luta, que sonhou junto comigo e tornou possível a realização desse trabalho. Ao meu Pai, o chefe que tira de onde não tem e que ama ver toda a família reunida.
Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, planos de fazê-los prosperar e não de causar danos, planos de dar a vocês esperança e um futuro.
Bíblia Sagrada. Jeremias 29:11-13
Brito, Fernanda. Palmada, Violência ou Educação: Lei 13.010/2014 em caráter disciplinar. 2022. 18. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Direito – Faculdade Anhanguera, Parauapebas, 2022.
RESUMO
A legislação de combate à violência contra crianças e adolescentes no Brasil parece ter ganhado mais uma aliada. Trata-se da Lei 13.010/14, ou Lei da Palmada, como é mais popularmente conhecida. Com a nova regra, pais e mães e responsáveis devem educar os seus filhos de modo a não aplicarem castigos físicos ou mentais que causem a eles sofrimento de qualquer natureza. A lei entrou em vigor no ano de 2014 sob polêmica. Os seus efeitos, por consequência, ainda estão sendo medidos. Alguns juristas afirmam que a Lei é inócua e não carrega qualquer inovação no combate da violência contra crianças e adolescentes.
Palavras chaves: Violência. Criança. Adolescentes. Palmada.
Brito, Fernanda. Spanking, Violence or Education: Law 13.010/2014 on a disciplinary basis. 2022. 18. Trabalho de Conclusão de Curso Direito – Faculdade Anhanguera, Parauapebas, 2022.
ABSTRACT
The legislation to combat violence against children and adolescents in Brazil seems to have gained another ally. This is Law 13.010/14, or the Spanking Law, as it is more popularly known. With the new rule, fathers and mothers and guardians must educate their children so as not to apply physical or mental punishments that cause them suffering of any kind. The law came into force in the year 2014 under controversy. Its effects, therefore, are still being measured. Some jurists claim that the Law is innocuous and does not carry any innovation in combating violence against children and adolescents.
Keywords: Violence. Child. Teenagers. Spanking 
 
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SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	13
2.	família, sociedade e seus costumes.	15
3.	a lei do menino bernardo, ação do estado x polêmica.	16
4.	as consequÊncias da educação com a palmada e a alternativa	25
5.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	27
REFERÊNCIAS	29
INTRODUÇÃO
A sociedade está cada vez mais preocupada em limitar o conhecimento baseado na mídia televisiva e em vagas buscas na Internet sem se preocupar com a veracidade das fontes de pesquisa. O Projeto de Lei 7.672/2010 foi aprovado quatro anos depois, em 4 de junho, e a lei 13.010 ficou conhecida como a lei da palmada. A lei de Bernardo, também como ficou conhecida, tornou-se objeto de especulação, virando a sociedade a favor ou contra sua verdadeira eficácia. Não apenas isso, mas a lei provocou debates sobre até que ponto o estado pode interferir na educação dos pais ou tutores de seus filhos.
A educação de crianças e jovens são cada vez mais preocupantes, pois seus comportamentos e atitudes mudam com o tempo, inclusive na forma de reprimendas. Todo pensamento sobre saúde mental é sobre criar um bom cidadão adulto. Culturas sociais que trouxeram a educação de seus pais e a reforçaram por meio de princípios religiosos ao longo das décadas se fortalecem quando a "correção" física é usada para educar crianças e adolescentes. No entanto, a lei proíbe o castigo corporal na educação infantil de forma excessiva ou humilhante.
O objeto deste estudo é a questão “Palmada, violência ou educação”, mediante consulta à Lei nº 13.010/2014, com o objetivo de encontrar uma resposta com base nas seguintes questões: Qual é a face da legislação pátria, o uso da palmada para educar. Para chegar a uma solução, serão também respondidas outras questões que ajudarão a clarificar a questão, nomeadamente: O que é palmada? Como a surra se perpetuou tanto nas famílias brasileiras? O que diz a legislação nacional sobre o uso da surra como "método" de educação? Qual a relação entre o (não) uso da palmada e as diferentes formas de educação/disciplina? Porque uma ação que virou um método comum de educação para grande parte da sociedade viralizou tanto?
Portanto, o objetivo geral deste trabalho é analisar o impacto do uso da palmada na educação infantil nas famílias brasileiras de acordo com a legislação do país. Tenha também em mente objetivos específicos: descrever o que é palmada; esclarecer como a palmada vem sendo perpetuada nas famílias brasileiras; comentar sobre as disposições da legislação nacional sobre a palmada como uma "forma" educativa; Relação entre (não) uso e diferentes formas de educação/disciplina.
Bater também afeta o caráter da criança porque ensina a mentir porque o caso é pensado: quando faz algo errado, a criança sabe que se os pais descobrirem que vai apanhar, vai mentir ou omitir o que fez para escapar da surra. . Pior ainda, bater ensina às crianças e aos jovens que podem continuar nesse padrão, batendo nos filhos, perpetuando o ciclo de violência e dor.
A violência doméstica contra a criança é a mais difícil de reconhecer porque é mascarada pela família e a vítima nem consegue denunciar seus agressores e pode ser percebida por ações ou omissões por parte dos pais que podem causar danos físicos, psicológicos ou sexuais prejuízo à criança ou ao jovem, colocando em risco o dever de proteção e cuidado decorrente do poder paternal - que nada mais é do que "o cumprimento dos direitos e deveres confiados pelo Estado aos pais em benefício dos filhos menores" (BERLINI , 2014, p. 54) - aqueles que deveriam ser um legado de afeto e não de violência; aqueles que mais deveriam ter os melhores interesses da criança eram os que mais violavam.
 família, sociedade e seus costumes.
Embora o país seja um estado laico, ele separa a religião da ação governamental de acordo com o artigo 5º, inciso VI, da CF/88. Ainda assim, o costume é utilizado como princípio nas fontes do direito, e como se trata de governar a sociedade com crenças que vêm com costumes derivados da religião, as leis que interferem nisso de alguma forma podem ser muito polêmicas. Fora do reino da religião,agora é comum ouvir falar de pais sendo espancados por seus tutores apenas para receberem uma educação melhor como resultado. Essa é a característica que usamos como referência para a educação dos filhos, passando de pai para filho como um ciclo de comportamento de geração em geração, mas vale ressaltar que mudanças psicológicas e comportamentais também trazem mudanças negativas bruscas. As pessoas estão cada vez mais incapazes de controlar suas emoções e, portanto, seu comportamento.
A maneira como você cria seus filhos determina que tipo de adultos eles serão, que tipo de sociedade eles serão, como eles criarão seus filhos, perceba que sempre haverá um ciclo de comportamento e é por isso que, mesmo diante de poder familiar, é importante que o Estado intervenha na fiscalização e inserção de regras nessas relações entre pais e filhos.
A própria sociedade julga a forma como outra pessoa cria um filho, muitas vezes sem conhecer o verdadeiro contexto da situação. De fato, saber do que se trata a lei de discernimento e a quais situações se aplica reduz o ônus judicial, e informatizar os pais quanto à disciplina positiva é outro parâmetro de apresentar a vida que torna o ciclo de comportamento positivo para a educação de seus filhos.
 a lei do menino bernardo, ação do estado x polêmica.
A violência doméstica contra crianças e jovens existe há muito tempo e é generalizada e ainda é um tema atual e infelizmente é um problema, mas os países estão lutando contra isso; hoje muitos países têm legislação específica sobre este assunto. Alguns ainda de forma lenta e tardia e outros mais atuantes. 
 	No Brasil a situação não será diferente e a legislação tem se adaptado, ainda que lenta e tardiamente. Os Códigos Penais de 1830 e 1890 não ofereciam proteção aos "criminosos" juvenis e preocupavam-se apenas com o tratamento desses jovens em casos de infração. Foi, contudo, com o advento da Constituição da República em 1988, seguida do Estatuto da Criança e do Adolescente, de 1990, que verdadeiramente transformou a situação de amparo à criança e ao adolescente, através da doutrina de proteção integral, sistema esse que decorreu da influência da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e Da Organização das Nações Unidas (1989) e da Declaração Universal sobre os Direitos da Criança (1959) - que o Brasil é signatário (WEIS, 2010) - cujo significado vislumbra as palavras de Luciana Fernandes Berlini:
Assegurar prioritariamente a efetivação de políticas públicas que estimulem positivamente o seu desenvolvimento e os ponha a salvo de qualquer tratamento que importe violência ou ameace os direitos constitucionalmente assegurados, como preconiza a doutrina jurídica de proteção integral. (BERLINI, 2014, p. 23).
A ausência ou ineficácia de tais políticas públicas pode violar os direitos dos menores, e é nesse sentido que a Lei 13.010/2014 foi formulada e aprovada.
O Projeto de Lei 7.672/2010, conhecido como Lei da Palmada desde sua criação, foi aprovado em 4 de junho após 4 anos de espera. O projeto de lei virou a lei 13.010/2014, com novo nome: Lei Menino Bernardo; a nova denominação foi escolhida em homenagem a Bernardo Boldrini, menino gaúcho de 11 anos, encontrado morto e cujo pai e madrasta eram suspeitos da morte do menino. No entanto, o nome "regra da palmada" é bem conhecido e ainda é muito utilizado, portanto, para fins pedagógicos, também continuaremos a usar o termo "regra da palmada" para facilitar o entendimento. 
A referida lei tem o condão de esclarecer a importância de coibir a violência contra menores e esclarecer a tipificação do abuso para que pais, parentes, familiares, amigos, educadores, etc. tenham postura consciente. Portanto, o desenho central da lei da Palmada vai proibir pais ou responsáveis ​​de punir fisicamente crianças e adolescentes.
Por meio de alterações ao ECA, busca-se complementar os princípios gerais de proteção de crianças e jovens ali presumidos, cujo escopo é fazer as alterações necessárias ao ECA para estabelecer que crianças e jovens não utilizem castigos corporais e/ou tratamento cruel e/ou degradante da personalidade, promovendo maior segurança e salvaguardas para a proteção dos menores, limitando a aplicação da correção a repreensões de carácter educativo, não abusivas ou excessivas, mas discretas de forma contida, proporcionada, razoável, de forma maneira que nunca afete a saúde física e mental de crianças e jovens. O texto do primeiro artigo afirma:
Art. 1o A Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 18-A, 18-B e 70- A: Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (BRASIL,2014)
Percebe-se que no campo jurídico, a “Lei da Palmada” tem sido amplamente utilizada, e aos poucos tem alcançado seu objetivo e alcançado o efeito desejado. A Lei Menino Bernardo não foi bem aceita pela sociedade, sendo alvo de muitas críticas e polêmicas por parte daqueles que são favoráveis ao uso da palmada para correção, com isso, deve-se apresentar algumas opiniões que foram expostas por representantes relevantes no âmbito jurídico junto ao tema.
O presidente da Federação das Associações dos Advogados do estado de São Paulo, Dr Raimundo Hermes Barbosa, por exemplos, entende que: “A Lei da Palmada não evitará agressões e constrangerá pais responsáveis” Aduz o jurista que a nova lei não traz nada de inédito.
Já o Mestre de Direito Social e Delegado de Polícia, Dr Eduardo Luiz Santos Cabette, tem uma preocupação em sentido um tanto diverso. O delegado opina que a nova lei poderá ter efeito deletério em nossa sociedade, não porque estaria relaxando a proteção em favor dos menores, mas por estar superprotegendo os filhos, em detrimento da autoridade dos pais. 
A advogada e desembargadora aposentada do Rio Grande do Sul, Maria Berenice Dias, também firmou posição sobre a nova Lei da Palmada. Para a magistrada:
A Lei 13.010/14 não pode ser chamada de Lei Menino Bernardo. Mesmo após seu trágico fim, não houve qualquer preocupação em dilatar o espectro de proteção integral que crianças e adolescentes devem receber, com prioridade absoluta. Se algum fruto a nova Lei. Muito pouco para quem precisa é de proteção, cuidado e vier a produzir será, muito mais, de efeito pedagógico respeito.
O maior problema da surra é se ela é realmente violência e uso de punição desproporcional, ou se realmente tem um propósito educacional na forma de punição branda. Qual parâmetro para definir o que é moderado ou não? Espancar o uso físico é um "não"? Moderação significa agir “com moderação, sem excessos; moderado; prudente', que são 'sinônimos moderado, conciliatório, judicioso, ordeiro e razoável'. Deve-se notar que leve não é de forma alguma consistente com o uso de punição corporal, pois bater em qualquer coisa é razoável,
crítico, conciliatório ou, se preferir, razoável.
O Código Civil de 2002 em seu artigo 1.638 expressa a ideia da possibilidade de uso da violência desde que leve - artigo 1.638. O pai ou a mãe que: I - punir excessivamente o filho, perderá judicialmente o poder da família; 🇧🇷 O Código Penal também discorre sobre a questão do abuso na educação, donde decorre que, não havendo violação da disciplina, seria legítimo o uso da violência, conforme demonstra:
Art. 136 Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina. (BRASIL, 1940)
No entanto, a violência nada tem a ver com a educaçãoe contraria os princípios do melhor interesse da criança e da proteção integral. Uma pesquisa na internet verifica que espancar significa “bater nas palmas das mãos”. Mas que tipo de espancamento seria se não "bater", "bater", "bater", "bater". Porém, violência nada tem a ver com educação e é contrária aos princípios do melhor interesse da criança e integral proteção. Uma pesquisa na internet verifica que espancar significa “bater nas palmas das mãos”. Mas que tipo de surra seria, senão "pegar", "bater na mão", "bater", "acertar".
O exemplo é a melhor forma de educação, não adianta ensinar a não ser violento, reforçar comportamento coercitivo, medir força com criança/adolescente. Ou seja, “o que educa não é surra, é preocupação com a vida das crianças, empatia, tolerância, diálogo, bons exemplos, respeito”. (SENA, 2014, 78)
Muitos pais que ainda usam o terrorismo psicológico ao bater em uma criança quebram a psique do menor dizendo que o tapa dói mais neles do que nas crianças/adolescentes, mas isso, além de ser uma grande mentira, tende a fazer o menor se sentir culpado por ter feito um erro e que ele causou dor a seus pais.
• A lei apenas define direitos, não obrigações.
O artigo 18-B, acrescentado ao Eco pela lei do Menino Bernardo, estabelece o dever dos pais, familiares estendidos, tutores, funcionários públicos em execução de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada do cuidado de crianças e adolescentes em tratamento, educá-los ou protegê-los sem o uso de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como forma de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto. O estado não tem como monitorar a ocorrência de espancamentos, gritos ou mordidas de casa em casa.
O artigo 13.º do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que os casos de suspeita ou confirmação de violência contra criança ou jovem devem ser comunicados ao conselho fiscalizador do local competente, sem prejuízo de outras medidas como o Disk 100.; também é dever constitucional da família e da sociedade agir (BRASIL, Art. 227. 1988), podendo a omissão ser até crime, como a omissão de socorro nos termos do art. 135 do atual Código Penal.
Além disso em se tratando de educação (i)moderada, o judiciário já está superlotado para impor as consequências de tapas, beliscões e puxões de orelha educativos. O que é importante ressaltar é a conscientização e a prevenção.
A Lei Menino Bernardo para o Poder Judiciário serve como um guia de princípios e/ou filtro como pode ser visto na jurisprudência acima, uma vez que tal lei é aplicada pelo Conselho de Professores e não pelo Judiciário como celebra o parágrafo único do artigo 18 -B adicionado à CEDH por lei.
Não é objetivo do Estado sair punidos os pais de forma aleatória, logo os filhos também serão punidos. A Lei Menino Bernardo não estabelece crime ou pena, apenas introduz medidas administrativas de caráter preventivo e educativo (artigo inserido no ECA, caput 18-B e seus incisos), o que não impede a convivência da criança com o pai agressor; ainda que se trate de um caso grave e a aplicação do código penal, por exemplo, a CEDH no seu artigo 19.º, n.º 4, traz a possibilidade de visitar o menor com os progenitores, onde se encontrem privados da sua liberdade. A lei apenas define direitos, não obrigações.
O artigo 18-B, acrescentado ao ECA pela lei do Menino Bernardo, estabelece o dever dos pais, familiares estendidos, tutores, funcionários públicos em execução de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada do cuidado de crianças e adolescentes em tratamento. , educá-los ou protegê-los sem o uso de castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como forma de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto.
A Constituição Federal de 1988 enumera deveres constitucionais perante a família, a sociedade e até mesmo o Estado quanto à proteção da criança e do adolescente, assim ensinando Moraes (2009, p. 847):
É dever constitucional da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao jovem o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, como prioridade absoluta, além de protegê-los de todas as formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Dessa forma, não podemos falar em invasão do Estado nas casas das famílias brasileiras, mas sim no papel do Estado no cumprimento de suas obrigações constitucionais na promoção da assistência integral à criança e ao adolescente, conforme disposto no artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente:
Arte. 4. É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a realização dos direitos relativos à vida, saúde, alimentação, educação, esporte, lazer, qualificação profissional, cultura, dignidade, respeito, liberdade e convivência familiar e comunitária.
A própria Lei do Menino Bernardo traz, por meio do acréscimo do artigo 70-A ao ECA, o papel do Estado em termos de política de proteção ao menor:
Arte. 70-A. Os sindicatos, os estados, o distrito federal e os municípios devem atuar de forma articulada no desenvolvimento de políticas públicas e na implementação de ações que visem à redução do uso de castigos físicos ou tratamentos cruéis ou degradantes e à promoção de formas não violentas. educação de crianças e jovens, tendo como atividade principal [...].
Desta vez, as leis do ordenamento jurídico brasileiro, inclusive e principalmente a Lei 13.010/2014, nada mais são do que uma ferramenta para materializar o interesse do Estado por si próprio, de forma especial, na camada infanto-juvenil da população, que nas palavras da professora e representante legal Luciana Fernandes Berlini (2014, p. 75):
Não é uma intervenção da Lei na educação dos filhos, mas cabe à Lei determinar o conteúdo do poder paternal. Portanto, se os pais, em decorrência do poder familiar, têm a obrigação de educar os filhos, é preciso provar que bater não é método de educação.
Pela interpretação, fica claro que o Estado não interfere na esfera privada dos pais na criação dos filhos, mas um direito/obrigação conferido ao poder público.
as consequÊncias da educação com a palmada e a alternativa
A forma como educa os filhos tem como responsabilidade a definição de que tipos de adultos serão, de que tipo de sociedade se tornará como irão educar seus filhos, perceba que sempre haverá um clico comportamental, por isso mesmo diante do poder familiar é tão importante a intervenção do Estado para fiscalizar, e inserir regras nessas relações entre pais e filhos. 
A própria sociedade julga a forma que outro educa seus filhos, muito das vezes sem conhecer o real contexto daquela situação. Saber de fato discernir do que se trata a lei e em quais situações ela cabe, reduz o sobrecarga judicial, informatizar os pais sobre disciplina positiva é apresentar outro parâmetro de vida, que torna o ciclo comportamental positivo quanto a educação de seus filhos.
Contribuir com a conscientização da sociedade sobre os direitos e os deveres das crianças é aumentar a probabilidade de uma sociedade trabalhando em conjunto com a própria escola, nada mais é do que agregar valor e assegurar o desenvolvimento saudável das crianças e dos adolescentes, tornando-os adultos com um psíquico saudável e com mais controle emocional.
É realmente possível ser pai sem bater. E muitas famílias se envolvem nessa tarefa por meio da disciplina positiva.
Através dos ensinamentos dos autores Sena e Mortensen (op. cit., p. 04), e do livro Cuidado e o Direito de Ser: Respeito e Compromisso (Tânia da Silva, Guilherme de Oliveira e Antônio Carlos), entende-se que a disciplina positiva nada mais é do que transmitir valores, estimular comportamentos éticos, empáticos, solidários, reflexivos, reconhecer e valorizar o bom comportamento, proporcionar ferramentas, que usam amor e inteligência, mas acima de tudo disciplina positiva é dar bons exemplos, significa excluir apossibilidade de coerção física ou psicológica no processo educacional da criança. E quais seriam essas ferramentas? VÍNCULO SAUDÁVEL, DIÁLOGO, REFORÇO POSITIVO e aplicação de ERRO-CONSEQUÊNCIA em vez de ERRO-PUNIÇÃO.
Segundo pensadores, os laços de conexão são formados ao longo da vida, e é na infância que se formam os vínculos básicos para o resto da vida. Quando a violência é utilizada, esse vínculo será inseguro e insalubre, ao passo que, se fornecido com a não-violência, esse vínculo fará com que a criança cresça sem aceitar a violência como instrumento de mediação de conflitos. O diálogo leva ao entendimento, acaba com o "por quê?", leva ao entendimento, encontrando o melhor argumento e o melhor curso de ação. Uma criança é uma tela em branco e seu cuidador é quem vai pintá-la. Mostrar agressividade e humilhação é o que será pintado na tela. Ao ensinar, ao dirigir, ao explicar o que resta, porém, é a obra de arte de todo esse aprendizado.
Outra forma de reforço positivo que está envolvida na educação infantil real é reconhecer emocionalmente o esforço da criança, porém, não há como barganhar o bom comportamento ao tentar comprar brinquedos infantis, pois se isso acontecer, conclui-se que o bom comportamento seria apenas um significa alcançar algo, não um meio para o desenvolvimento pessoal.
Ao estabelecer limites, não é apropriado ensinar que se pode chegar ao ponto de ser parado por uma surra, mas que os direitos de um terminam onde começa o outro; um menor constrangido pela violência entende que um dia também terá o poder de intervir e assim rompe os limites que seus pais pensavam que eles haviam estabelecido, enquanto quem aprendeu com as consequências de suas ações aprende quais são os limites para sua própria proteção e eles os respeitará.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A lei Menino Bernardo aqui examinada, com o intuito de proibir o castigo físico de crianças e adolescentes pelos pais ou responsáveis, aproxima não apenas os pontos aparentemente negativos ou o sentimento de invasão do Estado nos lares, mas sobretudo a possibilidade real de mudanças culturais em casas. educação dos filhos.
O hábito de bater está enraizado nas mais diversas tradições e povos, mas o mundo tem se mobilizado em prol do objetivo maior de aliviar a dor nos lares. É preciso observar as reais e trágicas consequências do uso da violência como tentativa de educar, bem como constatar que a surra não educa em nada e que existe sim a possibilidade de transmitir bons valores sem o usar o castigo físico.
Infelizmente a promoção do uso do castigo físico faz parte da ideia de sobrevivência, a maioria dos adultos hoje foram espancados pelos pais, tios, avós e hoje se tornaram "pessoas boas" afirmam ter contraído e sobrevivido. Quão boa pessoa você é em querer que seus filhos sobrevivam a eles? Este é o melhor ensinamento que esta nova geração (ou qualquer outra) herdará?
Aliás, o melhor que as crianças devem levar da infância é o colo e o carinho da mamãe, as brincadeiras e o tempo com o papai, a comidinha gostosa da vovó, um dever de casa com um “continue assim” da professora. Transmitir bons valores é a melhor experiência da infância, que ficou na memória e no coração das crianças.
Não há necessidade de repassar o que nos incomodou. Há aqueles que receberam apenas um "tapa" na mão, mas crianças morreram nas mãos daqueles que esperam amor, proteção e ensino. A família deve ser sempre um "lugar" onde se pode encontrar um "porto" seguro, não um "lugar" a temer.
Os legisladores também devem lutar para mudar essa situação; a violência contra crianças e adolescentes permanece, assim, incompatível com a instituição da família e é um desvio do sistema integrado de proteção e do princípio do melhor interesse da criança. A palmada não é um castigo leve, é uma violência real e deve ser combatida; aqueles que pensam de outra forma alimentam o eu violento e o perpetuam por gerações.
É sabido que muita coisa precisa de ser mudada, e este é apenas o início desta mudança, que deve partir de dentro de cada um de nós, aceitando que a parentalidade sem golpes é mesmo credível, que basta aprender novas tácticas e estar aberto ao novo, reconhecendo que a criança e o adolescente têm o direito de serem amados e respeitados incondicionalmente e têm direito ao tratamento preferencial porque são o futuro do país.
A Lei Menino Bernardo parece não trazer nada de novo, mas o que deve ser novo são atitudes, sem aparências, mas com mudanças! Desconstruir noções preconcebidas sobre educação e mobilizar-se sinceramente para fazer cumprir a Lei.
REFERÊNCIAS
DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 5: direito de família. São Paulo: Saraiva,2013.
CASTRO,CHAVES, COSTA, Daniela, Lília, Assis. Autores de agressão: subsídios para uma abordagem interdisciplinar. Curitiba: Appris, 2020.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei PL. 7672/2010. Altera a Lei Nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente, para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante. Disponivel em: http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=483933 Acesso em 10 de março. 2022.
BRASIL. Constituição Federal. 1988. Art. 64, caput. Art. 7o, IV. Art. 229. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.html . Acesso em: 10 de março. 2022.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei PL. 2654/2003. Dispõe sobre a alteração da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente, e da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002, o Novo Código Civil, estabelecendo o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, ainda que pedagógicos, e dá outras providências. Disponível em http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=146518 .Acesso em 10 de março. 2022.
BRASIL. Lei Ordinária no 13.010. 2014. Altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), para estabelecer o direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante, e altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2014/Lei/L13010.html . Acesso em 10 de março. 2022.
BRASIL. Lei Ordinária no 8.069. 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.html . Acesso em 10 de março. 2022.
BRASIL. Lei Ordinária no 9.394. 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em : http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9394.html Acesso em 10 de março. 2022.
BERLINI, Luciana Fernandes. Lei da Palmada: uma análise sobre a violência doméstica infantil. Belo Horizonte: Arraes Editores, 2014
MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 24 ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MOREIRA, Luciana Maria Reis. TREVIZANI, Giovanna Bianca. Lei da Palmada: Educai as crianças para que não seja necessário punir os adultos. Âmbito jurídico . com . br : o seu portal jurídico na internet. Disponível em: <http://www.ambito- juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12407> Acesso em: 29 abr.2015.
SENA, Ligia Moreiras. MORTENSEN, Andréia. Criando filhos sem palmadas. Campinas, SP: Papirus 7 Mares, 2014
SINAY, Sergio. A sociedade dos filhos órfãos. Tradução: Luís Carlos Cabral. Rio de Janeiro: BestSeller, 2012
VERONESE, Josiane Rose Petry. Lei Menino Bernardo: por que o educar precisa do emprego da dor? Jus Navigandi. Publicado em 07/2014. Elaborado em 06/2014. Disponível em:	<http://jus.com.br/artigos/29790/lei-menino-bernardo-por-que-o-educar-precisa-do- emprego-da-dor> Acesso em 29 abr.2015
WEIS, Carlos. Direitos Humanos Contemporâneos. 2 ed. São Paulo: MalheirosEditores, 2010
Parauapebas
 
2022
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidade
 
Ano
 
 
FERNANDA BRITO DE SOUSA
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALMADA, VIOLÊNCIA OU EDUCAÇÃO
:
 
LEI 13.010/2014 EM CARÁTER DISCIPLINAR
 
 
Parauapebas 
2022 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cidade 
Ano 
 
FERNANDA BRITO DE SOUSA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PALMADA, VIOLÊNCIA OU EDUCAÇÃO: 
LEI 13.010/2014 EM CARÁTER DISCIPLINAR

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