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Introdução à Língua Brasileira de 
Sinais - LIBRAS
Desenvolvimento do material
Jadson Abraão
1ª Edição
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Sumário
Introdução à Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS
OBJETIVOS ....................................................................................... 04
Introdução ........................................................................................ 05
1. A História da Educação dos Surdos no Brasil ............................ 06
1.1 Onde Tudo Começa .............................................................. 06
1.2 Chegada ao Brasil ................................................................ 10
2. Alfabeto Manual e o Uso da Datilologia .................................. 12
3. Tipos Numéricos em Libras .................................................... 13
Síntese ........................................................................................... 17
Referências ....................................................................................... 18
4 Libras
OBJETIVOS
	▪ Conhecer	o	processo	histórico	da	educação	de	surdos	no	mundo	e	
no	Brasil.
	▪ Reconhecer	 por	 quais	 correntes	 a	 educação	 dos	 surdos	 passou	 e	
como	ela	se	encontra	hoje.
	▪ Identificar	 a	 criação	 da	 1ª	 escola	 para	 surdos	 no	 Brasil	 e	 seus	
principais	atores.
	▪ Reconhecer	o	alfabeto	manual	e	reproduzi-lo.
	▪ Reconhecer	os	numerais	na	LIBRAS,	identificando	suas	diferenças	
entre	número	cardinais,	ordinais	e	quantitativos.
5Libras
Introdução
	A	Língua	Brasileira	de	Sinais,	ou	LIBRAS,	é	usada	pela	comunidade	
de	surdos	no	país	e	já	foi	reconhecida	por	lei,	ou	seja,	é	uma	língua	oficial,	
tal	como	a	nossa	língua	falada.	Sua	importância	é	tão	grande	que	os	sistemas	
educacionais,	 federal,	 estadual	 e	municipal	devem	garantir	 seu	ensino.	Em	
24	de	 abril	 de	 2002,	 a	LIBRAS	 foi	 reconhecida	 como	 a	 língua	no	Brasil,	
utilizada	pela	comunidade	surda.	A	comunidade	surda,	que	lutava	por	esse	
acontecimento	até	então,	conseguiu	festejar	a	valorização	da	sua	 identidade	
e	 cultura,	 além	 do	 reconhecimento	 linguístico	 da	 LIBRAS	 como	 língua 
natural	das	pessoas	surdas.
No	Brasil,	 o	 surdo	 ganhou	 status	 de	 um	 sujeito	 bilíngue,	 por	 ter,	
no	 seu	 processo	 de	 alfabetização,	 o	 ensino	 de	 duas	 línguas:	 a	 LIBRAS	 e	
o	Português	 (na	modalidade	escrita).	Segundo	o	Censo	de	2010,	 realizado	
pelo	 Instituto	 Brasileiro	 de	 Geografia	 e	 Estatística	 (IBGE),	 a	 população	
brasileira	ultrapassa	183,5	milhões	de	habitantes,	e	estima-se	que	cerca de 
14,5 da população possui algum tipo de deficiência.	Entre	as	deficiências	
identificadas,	a		deficiência		auditiva	ocupa	a	quarta	posição,	com	7,5	milhões	
de	pessoas	que	sofrem	com	algum	tipo	de	déficit	auditivo	–	entre	estes,	mais	
de	4	milhões	são	usuários	da	Língua	Brasileira	de	Sinais.
Nesta	unidade	de	 aprendizagem	conheceremos	o	processo	histórico	
da	educação	dos	surdos	e	daremos	início	ao	estudo	aprofundado	da	LIBRAS.	
6 Libras
1. A História da Educação dos Surdos no Brasil
Até	chegarmos	a	realidade	que	os	surdos	vivem	hoje	no	Brasil,	passamos	
por	vários	processos	aqui	em	nosso	país	e	no	mundo	todo.	Uma	longa	trajetória	
foi	percorrida	por	vários	personagens,	quer	seja	anônimos	ou	não.	Vejamos,	
a	seguir,	alguns	acontecimentos	que	contribuíram	significativamente	para	a	
construção	da	educação	para	a	comunidade	surda	no	Brasil	e	no	mundo.
1.1 Onde Tudo Começa
Charles-Michel	 de	L’Épée	 foi	 um	educador	filantrópico	francês	 do	
século	 XVIII,	 que	 ficou	 conhecido	 como	 “Pai	 dos	 surdos”.	 Europeu,	 ele	
nasceu	em	uma	família	abastada	em	Versailles,	em	uma	das	famílias	mais	ricas	
da	Europa.	Estudou	para	ser	padre	católico,	mas	foi-lhe	negada	a	ordenação	
em	resultado	da	sua	recusa	em	negar	o	Jansenismo,	um	popular	movimento	
de	 reforma	 religiosa	da	 época.	Então,	L’Épée	 estudou	Direito,	mas	pouco	
depois,	foi	aceito	e	designado	abade.
Figura 1: Charles-Michel de L’Épée.
7Libras
No	 centro	 das	 discussões	 estavam	 pelo	 menos	 três	 grandes	
abordagens	metodológicas:	 oral,	mímica	 e	mista.	A	 preocupação	
em	definir	 as	 causas	da	 surdez	 e	 sua	 classificação	quanto	 à	perda	
auditiva	 objetivava	 uma	 escolha	mais	 adequada	 do	método	 a	 ser	
trabalhado.	O	desenvolvimento	da	fala	era	defendido	para	aqueles	
que	tinham	algum	resíduo	auditivo.	Aos	duros	de	ouvidos,	como	
eram	denominados	o	surdos	profundos,	o	trabalho	tinha	como	foco	
a	escrita.	(ROCHA,	2008,	p.15)	
Charles-Michel	era	voltado	para	caridade	e	atuava	em	uma	parte	pobre	
de	Paris,	onde	teve	oportunidade	de	encontrar	duas	jovens	irmãs,	surdas,	que	
se	 comunicavam	por	meio	 da	 língua	 gestual	 (ou	 língua	 de	 sinais,	 como	 é	
chamada	no	Brasil).	L’Épée	decidiu,	então,	dedicar-se	à	salvação	dos	surdos	
e,	em	1755,	fundou	um	abrigo	(escola),	custeado	com	seu	próprio	dinheiro,	
que	 chegou	 a	 ter	 60	 alunos	 ricos	 e	 pobres.	 Em	 consequência	 das	 teorias	
filosóficas	que	emergiram	na	época,	ele	começou	a	acreditar	que	os	surdos	
possuíam	uma	linguagem	e	que	por	meio	dela,	os	surdos	poderiam	ser	salvos	
e	receberem	o	sacramento	e	ir	para	o	céu.	Com	isso,	ele	criou	um	método/
sistema	de	ensino	e	instrução	da	língua	francesa	e	da	religião.	Nos	primeiros	
anos	da	década	de	1760,	o	seu	abrigo	tornou-se	a	primeira	escola	de	surdos,	a	
nível	mundial,	aberta	ao	público.
A	 surdez	 é	 tão	 antiga	 quanto	 a	 humanidade.	 Sempre	 existiram	
surdos.	O	que	acontece,	porém,	nos	diferentes	momentos	históricos,	
é	que	nem	sempre	eles	foram	respeitados	como	seres	humanos.
Desde	os	tempos	mais	remotos,	há	registro	que	indicam	a	existência	
de	pessoas	que	não	ouviam,	e	que	os	Surdos	congênitos	(de	nascença)	
não	 aprendiam	 a	 falar	 normalmente	 e,	 por	 isso,	 expressavam-se	
por	sinais.	A	falta	de	audição,	nesses	relatos,	sempre	foi	associada	
à	 incapacidade	 para	 compreender	 e	 articular	 a	 palavra	 falada,	 daí	
serem	 denominados	 de	 Surdos-mudos.	 (SÁNCHEZ,	 1990,	 p.31	
apud FERNANDES,	2012,	p.19-20)
Embora	o	seu	interesse	principal	fosse	a	educação	religiosa	dos	surdos,	
a	sua	advocacia	e	o	desenvolvimento	do	francês	gestual	permitiram	aos	surdos,	
pela	primeira	vez,	defenderem-se	em	tribunal	legalmente.
8 Libras
O	Abade	L’Épée	morreu	no	início	da	Revolução	Francesa	(1789)	e	seu	
túmulo	está	na	Igreja	de	Sain	Roch,	Paris.	Dois	anos	depois	da	sua	morte,	a	
Assembleia	Nacional	o	reconheceu	como	“Benfeitor	da	Humanidade”,	e	foi	
declarado	que	os	surdos	têm	direitos	de	acordo	com	a	Declaração	dos	Direitos	
do	Homem	e	do	Cidadão	neste	mesmo	ano	(1791).	O	abrigo	de	L’Épée	foi	
transformado	no	Instituto	Nacional	dos	Surdos-Mudos	de	Paris,	tendo	sido	
seu	primeiro	diretor,		o	abade	Sicard	(1742-1822).
Os	seus	métodos	de	educação	espalharam-se	pelo	mundo	e	o	abade	
de	L’Épée	hoje	é	considerado	como	um	dos	fundadores	da	educação	para	
os	surdos.
Na	Alemanha,	Heinicke	fundou	a	primeira	instituição	para	surdos	em	
Leipzing	no	ano	de	1778.	Seu	método	de	ensino	era	oral,	embora	utilizasse	
alguns	 sinais	 e	 o	 alfabeto	digital,	 com	o	objetivo	de	desenvolver	 a	 fala.	O	
que	diferencia	L’Épée	dos	educadores	de	 surdos	antes	dele	é	o	 fato	de	ele	
ter		permitido	que	os	seus	métodos	e	o	acesso	às	suas	aulas	fossem	abertos	ao	
público	e	a	outros	educadores.	Em	resultado	desta	abertura,	os	seus	métodos	
influenciaram	toda	a	educação	de	surdos	atual.	L’Épée	também	estabeleceu	
programas	de	ensino	e	treinamento	para	estrangeiros	que	pretendiam	levar	os	
métodos	de	ensino	para	o	seu	próprio	país,	tendo,	deste	modo,	contribuído	
para	a	abertura	de	imensas	escolas	ao	redor	do	mundo.
Em	 1815,	 o	 reverendo	 Thomas	 Hopkins	 Gallaudet	 estudou	 no	
Instituto	de	Surdos	de	Paris	com	o	professor	Abade	Sicard	e,	ao	se	formar,	
voltou	para	os	EUA	na	companhia	de	seu	amigoLaurent	Clérc,	um	professor	
surdo,	 e	 que	 também	 foi	 ex-aluno	 do	 Instituto	 de	 Surdos	 em	Paris.	 Eles	
fundaram	a	primeira	escola	para	surdos	na	América,	situada	em	Washington,	
e	que	anos	depois	(1857),	se	tornaria	uma	Universidade	para	surdos	conhecida	
no	mundo	todo.
No	ano	de	1880,	houve	um	Congresso	Mundial	de	Surdos	realizado	
em	Milão,	onde	reuniram-se	surdos	e	ouvintes	da	Europa	e	dos	EUA	para	
discutirem	os	rumos	da	educação	dos	surdos,	e	qual	seria	a	filosofia	adotada	
a	partir	daquele	momento.	Ficou	decidido	que	a	metodologia	utilizada	seria	
a	do	oralismo,	visando,	assim,	o	desenvolvimento	da	fala	e	leitura	labial	das	
pessoas	surdas,	e	proibindo	o	uso	de	qualquer	tipo	de	gestos	e/ou	sinais.	
9Libras
Uma	curiosidade	é	que	neste	congresso	de	1880,	houve	a	participação	
de	Mabel	Bell	(esposa	de	Alexandre	Grahan	Bell),	o	criador	do	telefone.	Ela	
era	surda	por	conta	de	uma	doença	perto	do	seu	quinto	aniversário.	Mabel	era	
a	favor	do	oralismo	e	votou	contra	o	método	de	utilização	dos	sinais.
O	oralismo	e	 a	 supressão	do	Sinal	 resultaram	numa	deterioração	
dramática	das	conquistas	educacionais	das	crianças	surdas	e	no	grau	
de	instrução	do	surdo	em	Geral.
Muitos	dos	surdos	hoje	em	dia	são	iletrados	funcionais.	Um	estudo	
realizado	 pelo	 Colégio	 Gallaudet	 em	 1972	 revelou	 que	 o	 nível	
médio	de	leituras	dos	graduados	surdos	de	dezoitos	anos	em	escolas	
secundárias	 nos	 Estados	Unidos	 era	 equivalente	 apenas	 à	 quarta	
série;	outros	estudos,	efetuado	pelo	psicólogo	britânico	R.	Conrad,	
indica	uma	situação	similar	na	Inglaterra,	com	os	estudantes	surdos,	
por	ocasião	da	graduação,	lendo	no	nível	de	crianças	de	nove	anos	
(...).	(SACKS,	1990,	p.45	apud QUADROS,	1997,	p.22)		
Em	um	período	de	quase	100	anos,	foi	proibido	o	uso	dos	sinais,	até	
que	em	1971,	em	um	outro	Congresso	Mundial	de	Surdos,	mas	dessa	vez	
realizado	em	Paris,	a	Língua	de	Sinais	passou	a	ser	novamente	valorizada	e	sua	
reutilização	aceita	nos	processos	de	ensino-aprendizagem	das	pessoas	surdas.	
Começaram	 a	 surgir	 vários	 questionamentos	 acerca	 do	 oralismo,	 pois	 as	
crianças	surdas	nunca	conseguiriam	se	comunicar	como	as	crianças	ouvintes.	
Diante	deste	fato,	nasce	o	que	chamamos	de	comunicação total.	Para	
alguns	teóricos,	esse	 segundo	movimento	não	é	considerado	uma	Filosofia	
ou	Corrente	da	Educação,	pois	ele	não	vem	negar	ou	contrapor	o	método	
que	estava	em	vigor	até	então,	mas	sim,	fazer	uma	síntese	e	complementação	
nesse	 novo	 sistema.	 Esse	 novo	método	 considera	 vários	 artifícios,	 como	 a	
língua	de	sinais,	os	gestos,	a	mímica	e	até	leitura	labial	para	colaborar	com	o	
desenvolvimento	da	língua	oral	das	pessoas	surdas.
Essa	nova	modalidade	não	surtiu	tanto	efeito,	visto	que	defendia	o	uso	
simultâneo	de	duas	línguas:	os	sinais	e	a	fala,	com	estruturas	completamente	
diferentes,	o	que	dificultava	o	aprendizado	dos	alunos.
10 Libras
Surge	então,	o	terceiro	movimento	que	chamaremos	de	bilinguismo.	
Por	volta	dos	anos	1980,	surgem	os	primeiros	estudos	que	apontam	para	o	
bilinguismo,	como	uma	solução	a	ser	adotada	para	a	educação	dos	surdos.	
Nesta	metodologia,	o	trabalho	consiste	em	um	modelo	escolar	apoiado	no	
ensino	da	Língua	Portuguesa	(escrita),	como	segunda	língua	=	L2,	e	o	ensino	
da	Língua	de	Sinais	como	primeira	língua	=	L1.
Como	 visto	 na	 Lei	 da	 Libras,	 o	 Decreto	 estabelece	 a	
obrigatoriedade	 da	 disciplina	 nos	 cursos	 de	 formação	 (...).		
Esses	documentos	foram	muito	importantes	para	o	reconhecimento	
dos	surdos	brasileiros	como	uma	comunidade	social	e	linguística.	
A	 educação	 dos	 surdos	 tem	melhorado	 significativamente	 com	 a	
regulamentação	da	língua	brasileira	de	sinais,	pois	garante	o	direito	
linguístico	dos	Surdos	de	terem	acesso	à	educação	e	à	sociedade	na	
sua	língua.	(CHOI,	2011,	p.98)			
Dentro	dessa	metodologia,	que	prioriza	o	uso	e	 a	 aprendizagem	da	
primeira	língua	(Língua	de	Sinais),	é	possível	perceber	que	fica	mais	fácil	e	
clara	a	leitura	do	mundo	a	partir	das	experiências	visuais	que	os	surdos	têm,	
já	que	as	Línguas	de	Sinais	são	consideradas	como	língua	viso-gestual	e	as	
Línguas	Orais	são	oral-auditivas.			
1.2 Chegada ao Brasil
Diante	 dos	 acontecimentos	 que	 afetaram	 diretamente	 a	 vida	 dos	
surdos	na	Europa,	essa	herança	chega	até	o	Brasil	por	meio	de	Ernest	Huet,	
que	vem	para	o	país	com	a	ideia	de	fundar	um	instituto	de	educação	para	os	
surdos	brasileiros.	Hoje,	com	o	nome	de	Instituto	Nacional	de	Educação	dos	
Surdos	(INES),	o	local	foi	criado	em	meados	do	século	XIX	com	a	proposta	
de	educação	para	os	surdos	brasileiros.
Em	1855,	E.	Huet	apresenta	ao	Imperador	D.	Pedro	II	um	documento,	
que	tinha	o	intuito	de	fundar	uma	escola	para	surdos,	visto	que	ele	já	trazia	
consigo	a	experiência	de	dirigir	um	instituto	para	surdos	na	França.
D.	Pedro	II	aprova	a	ideia	de	Huet	e	chama	o	Marquês	de	Abrantes	
para	acompanhar	todo	o	processo	de	criação	do	Instituto	Imperial	de	Surdos-
Mudos	do	Brasil,	hoje	com	o	nome	de	Instituto	Nacional	de	Educação	dos	
Surdos	(INES).
Importante
De acordo com o IBGE, cerca 
de 9,7 milhões de brasileiros 
possuem deficiência auditiva, 
o que representa 5,1% da 
população do país.
11Libras
No	 relatório	 entregue	 ao	 imperador,	 Huet	 apresentou	 duas	
propostas	 para	 que	 o	 governo	 ajudasse	 na	 criação	 do	 colégio,	 já	
que,	segundo	ele,	a	maioria	dos	surdos	pertencia	a	famílias	pobres	
e,	 portanto,	 sem	 condições	 de	 arcar	 com	 as	 despesas	 relativas	 à	
educação.	Em	uma,	o	colégio	seria	de	propriedade	livre	(particular),	
(...),	em	outra,	as		despesas	totais	seriam	assumidas	pelo	Império	
(pública).	(ROCHA,	2008,	p.28)	
Figura 2: Instituto Nacional de Educação dos Surdos - RJ (1926). Fonte: Helb. 
A	escola	 para	 surdos	 passou	 a	 funcionar	 em	1º	 de	 janeiro	 de	 1856,	
nas	 dependências	 do	 colégio	 de	M.	De	Vassimon.	Huet,	 em	 1855,	 enviou	
à	Câmara	dos	Deputados	uma	petição	para	criação	do	Instituto	Imperial	de	
Surdos-Mudos	 com	 todos	 os	 benefícios	 que	 o	 Instituto	 de	Cegos	 já	 havia	
conseguido.	Só	um		ano	e	meio	depois,	em	26	de	setembro	de	1857,	a	petição	
foi	aceita	e	promulgada	pela	Lei	939,	que	garantia	um	orçamento	anual	para	as	
despesas	do	Instituto	Imperial	de	Surdos-Mudos.	Após	a	queda	do	império	e	a	
criação	da	república	no	Brasil	em	1889,	o	instituto	
teve	o	seu	nome	alterado	para	Instituto	Nacional	de	
Educação	dos	Surdos	(INES),	que	permanece	até	
hoje.	Atualmente,	a	instituição	fica	situada	na	Rua	
das	 Laranjeiras,	 nº	 232,	 em	 Laranjeiras,	 Rio	 de	
Janeiro.	O	instituto	possui	não	só	o	Ensino	Regular	
(1º	 ao	 9º	 ano),	 como	 também	 o	 Ensino	Médio,	
Pré-Vestibular,	Graduação	e	Pós-graduação.
12 Libras
2. Alfabeto Manual e o Uso da Datilologia
O	 uso	 do	 alfabeto	 manual	 é	 de	 extrema	 importância	 na	 Língua	
Brasileira	 de	 Sinais	 (LIBRAS).	Por	meio	 dele,	 podemos	 expressar	 nomes,	
nomes	de	lugares	e	até	aprender	palavras	novas,	que	ainda	não	conhecemos	na	
LIBRAS.	Observe	o	alfabeto	a	seguir,	por	meio	da	Figura	3:
Figura 3: Alfabeto Manual da LIBRAS. 
13Libras
3. Tipos Numéricos em Libras
Na	LIBRAS,	temos	representações	distintas	para	cada	um	dos	tipos	
de	números,	sendo	estes	separados	em	três	grupos:	
Números Cardinais
Figura 4: Números cardinais. 
Para	 formar	 números	 compostos	 (dezenas,	 centenas	 e	 milhares),	
basta	 	 realizar	os	números	em	sequência.	Os	números	cardinais	devem	ser	
apresentados	 na	 forma	 horizontal	 (deitado).	 Veja	 o	 exemplo	 a	 seguir	 do	
número	31,	por	meio	da	Figura	5:
Figura 5: Exemplo de números cardinais. 
14 Libras
Números Ordinais
Os	números	ordinais	devem	ser	realizados	com	a	mesma	configuração	
(forma	das	mãos)	dos	números	cardinais,	acrescida	de	mais	duas	alterações:	
	▪ Inflamos	a	bochecha	(somente	de	um	lado);
	▪ Realizamos	um	leve	movimento	da	mão	com	o	numeral	(para	cima	
e	para	baixo).
Figura 6: Números ordinais. 
15Libras
Números Quantitativos
Para	os	numerais	de	quantidade,	realizaremos	a	alteração	apenas	nos	
4	primeiros	númerossimples	(1,	2,	3	e	4).	Depois	disso,	os	números	seguem	
a	 mesma	 configuração	 característica	 na	 LIBRAS,	 inclusive	 nas	 dezenas,	
centenas	e	milhares.	Observe	os	exemplos	a	seguir:
Figura 7: Números quantitativos: 1, 2, 3, 4. 
Exemplo de números cardinais:
Você	mora	na	casa	1	ou	na	casa	2?
Figura 8: Números quantitativos. 
16 Libras
Exemplo de números de quantidade:
Onde	você	mora	tem	1	ou	2	casas?
Figura 9: Números quantitativos.
17Libras
Síntese 
Nesta	unidade	de	aprendizagem,	conhecemos	a	trajetória	da	educação	
dos	 surdos	 no	 Brasil	 e	 no	 mundo,	 analisando	 as	 diferentes	 correntes	
educacionais,	 desde	 a	 antiguidade	 até	 a	 atualidade.	 Iniciamos	 a	 nossa	
aprendizagem	 da	 Língua	 Brasileira	 de	 Sinais	 -	 LIBRAS,	 conhecendo	 o	
Alfabeto	Manual	e	os	Numerais.
18 Libras
Referências
CHOI,	D.	et	al.	Libras conhecimento além dos sinais.	São	Paulo:	Pearson	
Prentice	Hall,	2001.
FERNANDES,	S.	Educação de surdos.	Curitiba:	InterSaberes,	2012.
HELB.	 Instituto Nacional passa-se a chamar Instituto Nacional de 
Educação de Surdos.	Disponível	em:	<http://www.helb.org.br/index.php/
linha-do-tempo/1065-1957/41-instituto-nacional-passa-se-a-chamar-
instituto-nacional-de-educacao-de-surdos>.	Acesso	em:	17	jan.	2019.
IBGE.	Censo 2010.	Disponível	em:	<http://www.censo2010.ibge.gov.br/>.	
Acesso	em:	17	jan.	2019
QUADROS,	R.	M.	Educação de surdos:	a	aquisição	da	linguagem.	Porto	
Alegre:	Artmed,	1997.
ROCHA,	S.	O INES e a educação de surdos no Brasil: aspectos	da	trajetória	
do	Instituto	Nacional	de	Educação	de	Surdos	em	seu	percurso	de	150	anos.	
Rio	de	Janeiro:	INES,	2008.
http://www.helb.org.br/index.php/linha-do-tempo/1065-1957/41-instituto-nacional-passa-se-a-chamar-instituto-nacional-de-educacao-de-surdos
http://www.helb.org.br/index.php/linha-do-tempo/1065-1957/41-instituto-nacional-passa-se-a-chamar-instituto-nacional-de-educacao-de-surdos
http://www.helb.org.br/index.php/linha-do-tempo/1065-1957/41-instituto-nacional-passa-se-a-chamar-instituto-nacional-de-educacao-de-surdos
	Título da Unidade
	Objetivos
	Introdução
	1.	Arquitetura no Brasil
	1.1	Arquitetura no Brasil
	1.2	Ambientes no Brasil
	2.	Ambientes Sociais
	Síntese
	Referências Bibliográficas
	_GoBack
	Introdução à Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS.
	OBJETIVOS
	Introdução
	1.	A História da Educação dos Surdos no Brasil
	1.1	Onde Tudo Começa
	1.2	Chegada ao Brasil
	2.	Alfabeto Manual e o Uso da Datilologia
	3.	Tipos Numéricos em Libras
	Síntese 
	Referências
	_GoBack
	Conceito de Comunicação
	e Linguagem
	Objetivos
	Introdução
	1.	Os Parâmetros da Libras e as Expressões Não Manuais
	2. Saudações e Forma de Tratamento
	Síntese 
	Referências
	_GoBack
	Uso dos Pronomes na
	Língua de Sinais
	Objetivos
	Introdução
	1.	Pronomes Pessoais
	2.	Demonstrativos/Advérbio de Lugar
	3.	Pronomes Possessivos Indefinidos e Quantificadores/Interrogativos
	4.	Expressões Importantes para Comunicação em Libras 
	Síntese
	Referências 
	Expressões e Advérbio de Tempo
	Objetivos
	Introdução
	1.	Sinais Relacionados ao Tempo
	2.	Horários
	2.1	Tempo de Duração
	3.	Advérbios de Frequência e Modo
	Síntese
	Referências
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	Tipos de Verbos em Libras
	Objetivos
	Introdução
	1.	O Uso dos Verbos na Libras
	1.1	Verbos sem Marcadores de Concordância
	2.	Verbos com Concordância
	2.1	Verbos que Possuem Concordância Número-pessoal
	2.2	Verbos Classificadores
	2.3	Verbos que Possuem Concordância com a Localização 
	3.	O Verbo IR e suas Variações
	4.	Advérbios de Modo Incorporados aos Verbos
	Síntese
	Referências
	Tipos de Frases na Libras
	Objetivos
	Introdução
	1.	Forma Afirmativa
	2.	Forma Interrogativa
	3.	Forma Exclamativa
	4.	Forma Negativa
	4.1	Forma Negativa / Interrogativa 
	4.2	Forma Exclamativa / Interrogativa
	Síntese
	Referências
	Sinais do Dia a Dia (Vocabulário)
	Objetivos
	Introdução
	1.	Cores
	2.	Alimentos
	3.	Família
	4.	Profissões
	Síntese
	Referência
	_GoBack
	Legislação e Direito da Pessoa Surda e/ou com Deficiência Auditiva
	Objetivos
	Introdução
	1.	Lei de Diretrizes e Bases - LDB e a Convenção da ONU
	1.1	Brasil
	1.2 Internacional 
	2.	Lei nº 10.098, de 2000
	3.	Lei nº 10.436/05 e Decreto nº 5.626/05
	Síntese
	Referências

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