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PUERPÉRIO E PATOLOGIA DO PUERPÉRIO PUERPÉRIO: são as modificações que ocorrem no utero apos o parto (preparação das estruturas para receber uma nova prenhez); é dividido em duas fases, sendo delivramento (3ª fase do parto, saída da placenta) e involução uterina; Delivramento: vai do final do parto até a eliminação das membranas fetais; ocorre devido ao processo de contração do miométrio e perda da aderência placentária; Involução uterina: é caracterizada pela ocorrência simultânea de redução do tamanho dos cornos, perda tecidual e reepitelização, ausência de conteúdo uterino e contração do tecido muscular da cérvix; É iniciada pela ausência de P4; uma vez iniciado o parto, há a queda de P4, fazendo que haja a contração do útero, com consequente expulsão do feto e involução uterina; nesse processo há a reabsorção e dissolução tecidual, diminuição do volume e espessura do órgão e formação de pregas; Lóquio: é o líquido que sai juntamente com o processo de degeneração celular; eliminado externamente; normalmente serosa/mucosa, com cor variável com o puerpério e sem odor pútrido; lactação pode inibir o restabelecimento da ciclicidade; BOVINOS: delivramento acontece em 30min-8h, e a involução de 30-120d (média de 45-60d); o tempo para ocorrer a involução é mais rápido em zebuínos e primíparas (lembrar que o útero desta não retorna ao seu tamanho original após o 1º parto, ficando um pouco maior); Em 5 dias há o fim das contrações uterinas, e em 34-40 dias inicia a involução da cérvix; Há variação na duração (retardamento) do processo em casos de distocias, gemelares e retenção de placenta; Lóquio : viscoso; até 30d AP; presença de sangue até 14º d; PEQUENOS RUMINANTES: delivramento acontece em 8h (média de 3h), involução uterina de 3-6 semanas (período maior em ovinos), e a involução da cérvix em 13 dias; Lóquio: liberação após 7d AP (primípara) e 13d (plurípara); pode ter a presença de lóquio até 21d AP; é mucossanguinolento e turvo; EQUINOS: delivramento acontece em 15-90 min, e a involução uterina de 10–14 dias; terminando o processo de involução, as fêmeas costumam apresentar o cio do potro (6 – 14 dias); Lóquio: liberação entre 6-7d (na US conseguimos notar até 10d); é escasso e claro/avermelhado; SUÍNOS: delivramento acontece em 20min–12h, e a involução uterina de 4 sem (28d); Lóquio: por volta de 5 dias; a fêmea apresenta anestro lactacional marcante (cio 3-10 dias após o desmame; CÃES: delivramento acontece em 5–15min, e a involução uterina de 12-15 sem; Lóquio: aquoso à verde escuro (devido a uteroverdina), e podendo, inicialmente, ser mucoso e vermelho escuro, se tornando mais claro em 10d (até 4-5 sem (12 sem); se houver corrimento sanguinolento, observar se patológico ou não; GATOS: delivramento acontece em 5–15min, e a involução uterina de 20-30d (varia, por exemplo em fêmeas lactantes é mais rápido devido ao processo de ocitocina); Lóquio: escasso (devido a limpeza da fêmea); tende a ser ou marrom, avermelhado ou amarelo âmbar; ESPÉCIE DELIVRAMENTO INV. UTERINA BOVINOS 30 min-8h 30-120d (média de 45-60d) PEQ RUMINANTES 8h (média de 3h) 3-6 sem EQUINOS 15-90 min 10–14d SUÍNOS 20min–12h 4 sem (28d) CÃES 5–15min 12-15 sem GATOS 5–15min 20-30d AFECÇÕES DO PUERPÉRIO PROLAPSO UTERINO: é o deslocamento do útero (inversão e exteriorização) logo após o parto ou no período puerperal imediato; frequente em ruminantes (maiores em bovino de leite); Etiologia: tração forçada em distocias, fetos enfisematosos, lesões canal do parto, retenção de placenta, prolapso vaginal durante a gestação; Sinais: exteriorização em graus variados do útero através da rima vulvar; alterações do estado geral (comportamento, depressão etc); lesões e sujeiras; útero ressecado ou até aparência necrosada; Diferencial: prolapso de vagina e vesícula urinária, e neoplasias vaginais; Prognóstico: bom à reservado (devido a fertilidade); refletir a necessidade da fêmea na reprodução devido a possibilidade de repetição; Tratamento: anestesia epidural para reduzir a força de contratilidade da fêmea, realizar a limpeza do local (água fria), suturas em lacerações, e lubrificar para que a estrutura esteja mais maleável para seu retorno; A reintrodução manual com auxílio na laparotomia é realizada apenas quando há quadro de prolapso de evolução longa ou em pequenos animais; em grandes, há a possibilidade também da infusão de líquido (para ajudar a expandir a cavidade uterina; é drenado por meio de palpação retal); realiza-se a sutura de Bühner para retenção; em casos mais graves, ideal é histerectomia, OSH, uteropexia; RETENÇÃO DE PLACENTA : falha na expulsão da placenta no período aceitável para cada espécie; RUMINANTES >12hs após o parto EQUINOS >3hs após o parto SUÍNOS > 8hs após o parto CARNÍVOROS >12hs após o parto *Suínos e carnívoros não é comum a retenção; possui alta incidência (30%) em bovinos (gado de leite); Fatores predisponentes : fêmeas pluríparas e idosas, infecções do trato reprodutivo, indução do parto, parto prematuro e gemelaridade, inércia uterina (hipocalcemia, cetose e distocias); Sinais: restos placentários na rima vulvar, odor e corrimento sero-sanguinolento; algumas fêmeas podem apresentar hipertermia, inapetência e diminuição produção leiteira; Em equinos, mesmo que a placenta tenha saído no prazo ideal, é bom avaliar sua integridade a procura de lesões (duas faces) coriônica alantoideana; ou se não estiver completa, temos um quadro de retenção; Tratamento (ruminantes): temos que avaliar os riscos de manipulação da placenta (possíveis zoonoses); é importante não tracionar a placenta (pode causar uma lesão na carúncula, piorando a gravidade da lesão); pode ser feito o corte da parte exteriorizada ou não realizar cortar e apenas monitorar, realizando apenas a higienização da região perivulvar e cauda; O tratamento intrauterino é questionável devido a sua eficácia; necessita de uma antibioticoterapia sistêmica (se apresentar febre; Tetraciclina, Florfenicol, Ce�iofur), avaliar o custo-benefício com o proprietário, e também a carência do leite (deve ser descartado; administração de agentes ecbólicos (gliconato de cálcio 10-25% IV, ocitocina 50 UI SC/IM/IV e prostaglandina); uma vez resolvida a retenção, monitorar se a fêmea não irá desenvolver uma endometrite; A prevenção em gado de leite é realizada por meio de dose de prostaglandina uma hora após o parto (redução para 15%); prevenção dos fatores de risco é a melhor opção (boas práticas de manejos gerais); Tratamento (equinos): agentes ecbólicos (ocitocina); não realizar tração (risco de endometrite); uma vez que a placenta é liberada, realizar a lavagem uterina com sol salina diariamente, e administração de antibiótico e anti-inflamatório (Flunixina meglumina); METRITE PUERPERAL : inflamação do endométrio e miométrio durante período pós-parto com comprometimento sistêmico da mãe; pode ser metriteaguda (até 21 dias AP) e endometrite crônica (> 21 dias AP); a metrite irá acontecer devido aos mecanismos de defesa uterina ineficientes após o parto; Predisposição: retenção de placenta, distocias, gestação prolongada, natimortalidade, gemelaridade, manejo sanitário inadequado, afecções metabólicas, hipocalcemia, alteração da involução uterina, idade avançada e primíparas; Sinais: corrimento vaginal fétido, abertura cervical superior à 7,5 cm (bovinos), diminuição produção de leite, hipertermia ou normotermia, inapetência, depressão e anorexia; debilitação 1 sem após o parto (cadela); rejeição aos filhotes; Diagnóstico: através dos sinais clínicos e palpação retal, onde observamos o volume uterino, diâmetro cervical e assimetria de cornos; na vaginoscopia, com a presença de secreção de coloração vermelho-amarronzada ou amarelada com odor (não confundir com lóquio); ultrassonografia (acúmulo de líquido, fetos ou placentas), e radiografia (aumento de volume uterino e fetos retidos); Exames laboratoriais: hemograma demonstra leucopenia por neutropenia com desvio à esquerda, e alterações da função hepática e renal; microbiológico (em bovinos tem grande relação com Trueperella pyogenes (Arcanobacterium pyogenes) , bacterias anaeróbias Gram negativas ( Bacteroides spp., Fusobacterium necrophorum, Streptococcus spp., Staphylococcus sp p., coliformes), e em pequenos animais mais relacionada a flora vaginal); Tratamento (bovinos): antibioticoterapia sistêmica (oxitetraciclina, ampicilina, gentamicina, cefalosporina, ce�iofur, amoxicilina); podemos auxiliar a estabilização da fêmea com gluconato de Ca IV ou glicose; e uma vez estabilizada, podemos utilizar antibioticoterapia intrauterina; lavagens uterinas (onde todo o útero tem que ser drenado); e na administração de agentes ecbólicos como PGF2α, utilizar com cautela (ideal não trabalhar); Na evolução para endometrite, a fêmea passa por um processo inflamatório, levando a um exsudato mucopurulento a purulento, retardando o processo de involução uterina sem o acometimento sistêmico; o corrimento vaginal que será expelido começa a ser uma secreção mais acentuada e pode ser classificado em: Catarro genital I Secreção mucosa turva, prolapso do 1º anel cervical Catarro genital II Vaginite e vestibulite, secreção muco-purulenta Catarro genital III Secreção purulenta Catarro genital IV Piometra A endometrite pode ser tratada por meio de lavagem uterina, antibioticoterapia intrauterina (PF2ase tiver CL ativo); Tratamento (pequenos animais): dificultado por não permitir a lavagem uterina e drenagem; o ideal é entrar com terapia de suporte se necessário (solução eletrolítica IV); e antibioticoterapia sistêmica (ampicilina e oxacilina) (separação dos filhotes); OSH; MMA (mastite-metrite-agalaxia): em porcas; pode acontecer entre 12h–3d AP; normalmente relacionado com infecções na glândula mamária e/ou trato reprodutivo, levando a redução de peso e morte de leitões (fêmea não permite a amamentação); alta redução com manejo preventivo (higiene, nutrição); Doença multifatorial: normalmente relacionada a endotoxinas de bactérias gram negativas; problemas nutricionais (alimentação desbalanceada, baixo consumo de água) e de manejo (distocias ou palpação vaginal); estresse; Sinais: constipação, febre (lembrar que pode estar relacionado ao pós-parto), perda de apetite, impedir a amamentação, dificuldade no decúbito esternal, inflamação da glândula mamária, descarga vulvar purulenta , e depreciação dos leitões; Tratamento : antibioticoterapia sistêmica (cefalosporina, enrofloxacina, amoxilina, tetraciclina, gentamicina), e lavagem uterina; os leitões são encaminhados para a mãe adotiva ou aleitamento artificial; HIPOCALCEMIA (TETANIA PUERPERAL): tem como sinais a hipertermia, sialorréia, taquicardia / taquipneia, convulsões e tremores musculares; paresia (alteração circulatória e resfriamento da extremidades), diminuição da produção de leite, incoordenação, timpanismo, coma e morte; em cadelas pode acontecer em até 45d pós parto; Diagnóstico: através de sinais, e dosagem de Ca sérico (em bovinos <9 mg/dl, e cadela <7 mg/dl); Tratamento (bovino) : reposição de Ca (gluconato de Ca 10% ou 20% IV lentamente), e alimentação rica em cálcio (administração de cálcio oral em gel); Tratamento (cadela): é emergencial (não esperar o laboratório); reposição com gluconato de Ca 10% IV lentamente (monitorar FC); chegar glicose e em caso de hipoglicemia, utilizar dextrose 5% IV; diazepam (prevenir convulsões); cuidado no uso de antitérmico (queda da temperatura durante administração do Ca); SUBINVOLUÇÃO DOS SÍTIOS PLACENTÁRIOS: ocorre em cadelas; é uma falha ou retardo na involução uterina, levando a um sangramento uterino persistente (superior a 4 sem); acontece em 10% das fêmeas (> fêmeas jovens); Não há comprometimento da saúde, podendo levar a uma hemorragia (leve anemia, ou contaminação uterina levando a uma metrite puerperal); Sinais : presença de sangramento vaginal pós parto; excluir outras possibilidades de lesões; Diagnóstico: sinais, hemograma e US (presença de sítios placentários); Tratamento: resolução espontânea e prevenção de problemas secundários (metrite puerperal, anemia e intervenção cirúrgica);
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