Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 15 – Poder Legislativo II Prof. ª Bruna Vieira Direito Constitucional 1. Imunidades Parlamentares Os parlamentares possuem garantias em razão da função que exercem. As imunidades visam resguardar, ao parlamentares, a liberdade e a independência durante o exercício do mandato eletivo. Por terem relação com a FUNÇÃO, as imunidades iniciam-se com diplomação e acabam com o término do mandato (ex. renúncia, transcurso de prazo etc.) Diplomação: ato realizado pelo Tribunal Eleitoral, tem por fim validar o processo eletivo e, após, autorizar a posse do parlamentar. As imunidades podem ser de duas naturezas: - material ou - processual / formal 1.1. Imunidade material (art. 53 da CF): aquela pela qual o parlamentar se torna inviolável civil e penalmente, por quaisquer palavras, opiniões e votos que proferir no curso de seu mandato. - Todos os parlamentarem gozam de imunidade material. -Observação: em relação aos vereadores há uma particularidade, qual seja, a imunidade material dada a eles se restringe à circunscrição do município que eles foram eleitos, (art. 29, VIII, da CF). 1.2. Imunidade processual: aquela relacionada a garantias relativas à prisão do parlamentar e ao processo criminal que corra contra ele. Ressalta-se que esta imunidade contempla apenas os crimes praticados após a diplomação do parlamentar, (art. 53, §3º, da CF). Obs.: os vereadores não são beneficiados por essa garantia, ou seja, não gozam da imunidade processual, mas sim da material. 1.2.1. Em relação à prisão, a Constituição diz que os membros do parlamento não poderão ser presos, desde a diplomação, exceto nos casos de prisão em flagrante por crime inafiançável. -Nesse caso, autos deverão ser remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva para que, pelo voto da maioria de seus membros, ela resolva sobre a prisão (art. 53,§2º, da CF). Assim, o órgão legislativo que o parlamentar integra é quem vai decidir se o manterá preso ou solto. -Em relação ao processo criminal: recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o STF dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, suspender o andamento da ação. -Vale ressaltar que a Casa terá de apreciar o pedido dentro do prazo improrrogável de 45 dias, contados do seu recebimento pela Mesa Diretora. -Se os parlamentares decidirem pela suspensão dos processos, a prescrição das infrações penais também ficarão suspensas. Tal suspensão valerá enquanto durar o mandato eletivo (art. 53, §5º, CF). 2. Limitação ao dever de testemunhar - O artigo 53, § 7º, do CF estabelece que os parlamentares não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 4.8. Limitação ao dever de testemunhar O artigo 53, § 7º, do CF estabelece que os parlamentares não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. - 3. Prerrogativa de foro Além das imunidades, os deputados e senadores gozam de prerrogativa de foro para julgamento dos processos criminais que estejam litigando. Logo, desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional serão submetidos a julgamento perante o STF (art. 53,§1º,e 102,I,“b”, da CF). Observação: A prerrogativa de foro vigora durante o mandato, ainda que o processo criminal tenha sido iniciado antes da expedição do diploma, ao contrário do que ocorre com as imunidades parlamentares. -Em contrapartida, em nível municipal, os vereadores não têm a prerrogativa de foro em razão da função, sendo processados e julgados perante a justiça comum, mesmo no curso dos seus mandatos. 4. Vedações -O artigo 54 da CF enumera vedações impostas aos deputados e senadores, vejamos: a)Desde a diplomação não poderão os parlamentares: - firmar ou manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou empresa concessionária de serviço público, salvo quando o contrato obedecer a cláusulas uniformes; - aceitar ou exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive os de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades constantes da alínea anterior; b) Desde a posse também não poderão os parlamentares: - ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou nela exercer função remunerada; -ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad nutum, nas entidades referidas no inciso I, "a"; - patrocinar causa em que seja interessada qualquer das entidades a que se refere o inciso I, "a“; -ser titulares de mais de um cargo ou mandato público eletivo. 5. Perda do mandato -O artigo 55 da CF enumera seis hipóteses de perda do mandato do parlamentar (há os casos de cassação e extinção do mandato) - A cassação diz respeito à perda do mandato em virtude do parlamentar ter cometido falta funcional; já a extinção relaciona-se com a ocorrência de ato ou fato que torne automaticamente inexistente o mandato, como, por exemplo, renúncia, morte, ausência injustificada etc. Nos casos de cassação (art. 55, I, II e VI), : -violação das proibições estabelecidas no art. 54 da CF; - falta de decoro parlamentar e -condenação criminal transitada em julgado a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da respectiva mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional (art. 55, §2º, CF). Atenção! A EC nº 76/13 aboliu a votação secreta nos casos de perda de mandato de Deputado ou Senador e de apreciação de veto. -Nas situações de extinção (art. 55, III, IV e V) -não comparecer injustificadamente a 1/3 das sessões ordinárias em cada sessão legislativa; - perder ou tiver suspensos os direitos políticos e - por decisão da Justiça Eleitoral a perda do mandato independe de votação da Casa, sendo declarada pela Mesa respectiva de ofício ou por provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional (art. 55, §3º, CF). Frisa-se que em ambas as hipóteses é assegurada a ampla defesa. 6. Decoro parlamentar -Previsto no inciso II do art. 55 da CF é uma das hipóteses de perda do mandato do parlamentar que depende de votação da Casa Legislativa. - O decoro parlamentar é caracterizado pelo abuso das prerrogativas parlamentares ou pela percepção de vantagens indevidas, além dos casos definidos nos respectivos Regimentos Internos de cada Casa Legislativa (art. 55, §1º, CF). (OAB/Exame Unificado Considere a hipótese de Deputado Federal que cometeu crime (comum) após a diplomação. Nesse caso, é correto afirmar que (A) o Congresso Nacional pode sustar o andamento da ação penal. (B)a Câmara dos Deputados pode sustar o andamento da ação penal. (C) o STF só pode receber a denúncia após a licença da Câmara dos Deputados. (D) o STF só pode receber a denúncia após a licença do Congresso Nacional. Fundamentos A: errada. Não é o Congresso Nacional quem tem competência para tanto (art. 53, §3º, da CF). B: correta. De fato é a Câmara de Deputados quem pode sustar o andamento da ação penal, pois o art. 53, § 3º, da CF determina que recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seusmembros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. A “Casa respectiva” de um Deputado Federal é justamente a Câmara de Deputados; C e D: erradas. A EC 35/01 retirou do texto constitucional a exigência de licença por parte das respectivas casas, nas hipóteses de prisão e processo criminal em face de Deputado Federal e Senador. Gabarito “B”
Compartilhar