Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 UNIVERSIDADE PAULISTA Cintia Carla de Oliveira Jéssica de Fátima de Souza Jonathan Almeida da Rocha Silmara Francis Martins DISCALCULIA NO ENSINO FUNDAMENTAL I “Jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora do processo de Ensino Aprendizagem” SÃO PAULO 2013 2 Cintia Carla de Oliveira Jéssica de Fátima de Souza Jonathan Almeida da Rocha Silmara Francis Martins DISCALCULIA NO ENSINO FUNDAMENTAL I “Jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora do processo de Ensino Aprendizagem” Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientador: Prof. ª Eliana Mariano SÃO PAULO 2013 3 Cintia Carla de Oliveira Jéssica de Fátima de Souza Jonathan Almeida da Rocha Silmara Francis Martins DISCALCULIA NO ENSINO FUNDAMENTAL I “Jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora do processo de Ensino Aprendizagem” Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _______________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP _______________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista UNIP 4 DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho, á todos aqueles que nos apoiaram, e sempre estiveram prontos a nos ajudar. Aos professores, que ao longo desta jornada compartilharam seus conhecimentos e habilidades, aos familiares e amigos, que nos incentivaram em todas as etapas. Obrigado! 5 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente á Deus que me levantou e me acompanhou em todos os momentos. Agradeço aos meus filhos, Emerson, Vanessa e Camila por estarem ao meu lado e preencherem minha vida do mais puro amor. Agradeço também os meus colegas de curso Jéssica e Jonathan, que me auxiliaram em todas as etapas. E por último, porém não menos importante, agradeço a minha amiga Silmara Francis Martins, por se tornar parte da minha vida. Grata, Cíntia Carla de Oliveira 6 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente á Deus por ter me ajudado nessa jornada e que até aqui me sustentou. Agradeço ao meu querido e amado esposo Carlos Eduardo Gomes da Silva pela compreensão, carinho, dedicação, amor e apoio. Agradeço aos meus pais, mãe Juseley de Jesus Inácio de Souza e o meu pai Valter de Souza pelo incentivo, carinho e atenção e por sempre estarem do meu lado me consolando nos momentos difíceis de fraquezas e dificuldades. Ao meu irmão Guilherme Elias de Souza por estar sempre comigo me alegrando com o seu jeito e me mostrando o lado bom das coisas. E por último, ao meus colegas do grupo Jonathan, Cintia e Silmara que muito me ajudaram nesta etapa de minha vida, amo vocês! Grata, Jéssica de Fátima de Souza 7 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente á Deus por ter me ajudado em toda essa jornada e ter me dado forças para chegar até aqui. Agradeço toda a minha família por ter me apoiado e me incentivado a cada dia a continuar e nunca desistir, em especial as duas mulheres da minha vida a minha mãe Valdirene de Almeida Novais e a minha esposa Talita Almeida Aguiar Brito que nunca me deixaram abater e sempre com palavras motivadoras me empolgavam a querer estudar e crescer como pessoa e profissionalmente por meio da profissão a ser conquistada. Agradeço também ao meu pai (em memória) José Moreira da Rocha que tinha o sonho de ver o seu filho um futuro Pedagogo. Grato, Jonathan Almeida da Rocha 8 AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu marido Potyguar da Veiga Silva, por cada gesto de carinho, cada abraço, e por todo seu amor... Agradeço meu filho Diego Ronan Martins Fernandes por compreender minha ausência em muitos momentos, por estar me dedicando à busca de novas competências... Agradeço ao meu sobrinho/afilhado Gabriel Luan Martins Morrer por me proporcionar momentos de alegria, que me davam energia para continuar... Agradeço meus pais Osvaldo e Elsen, minha irmã Evelin e meu cunhado Wagner, por toda a credibilidade depositada em mim. Agradeço estas pessoas que são essenciais na minha vida, que me fizeram ser quem sou hoje e que me fazem acreditar todos os dias no verdadeiro AMOR. Grata Silmara Francis Martins 9 “Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre”. (Paulo Freire) 10 RESUMO O ensino da Matemática é visto por grande parte dos pais e alunos, como uma dificuldade a ser encontrada nas escolas, e isso ocorre devido ao grande número de alunos que possuem dificuldades na aprendizagem da Matemática, e todos estes problemas que são apontados não são novos, de geração em geração a Matemática ocupa o posto de disciplina mais difícil e torna a ser visto como complexo a sua assimilação pelos estudantes. Isto é comprovado nas instituições escolares onde os docentes possuem dificuldades em aprendizagem no ensino da Matemática, apresentando a chamada “Discalculia”, pois confusões com sinais matemáticos e dificuldades para fazer simples continhas, podem estar ligadas a um distúrbio neurológico. A Discalculia semelhante a dislexia (dificuldade com o aprendizado da leitura e escrita), ocorre em razão de uma falha na formação dos circuitos neuronais, na rede por onde passam os impulsos nervosos, é uma falha na conexão dos neurônios localizados na parte superior do cérebro, área responsável pelo reconhecimento dos símbolos. Não é uma doença e nem uma condição crônica, em geral é encontrada juntamente com outros tipos de transtornos como o da leitura, escrita, expressão e etc. E o desafio, é ajudar ou sanar estas dificuldades com a aplicação de jogos pedagógicos, com o intuito de facilitar o docente a entender e compreender os símbolos, as quantidades matemáticas, termos, a comparação e manipulação dos numerais, leitura e escrita correta dos símbolos matemáticos e entre outros, facilitando o processo de ensino aprendizagem principalmenteno Ensino Fundamental I, que é o período em que é mais visível a presença da Discalculia. Palavras-chave: discalculia, dificuldade de aprendizagem matemática. 11 ABSTRACT The teaching of mathematics is seen by many parents and students, as a difficulty to be found in schools, and this is due to the large number of students who have difficulties in learning mathematics, and all these problems that are pointed out are not new from generation to generation Mathematics ranks as the discipline becomes more difficult and complex to be seen as their assimilation by students. This is proven in schools where teachers have difficulty learning in mathematics education, with the call "Dyscalculia" because confusions and difficulties with mathematical signs to make simple continhas, may be linked to a neurological disorder. In similar Dyscalculia dyslexia (difficulty with learning to read and write), occurs because of a failure in the formation of neural circuits in the network through which nerve impulses, is a failed connection of neurons located in the upper brain , area responsible for the recognition of symbols. It is not a disease or a chronic condition, is often found together with other disorders such as reading, writing, speech and so on. And the challenge is to help or resolve these difficulties with the implementation of educational games, with the aim of facilitating teachers to understand and grasp the symbols, quantities mathematical terms, the comparison and manipulation of numbers, reading and writing correct symbols mathematicians and others, facilitating the teaching-learning process especially in elementary school, which is the period that is most visible presence of Dyscalculia. Keywords: dyscalculia, difficulty learning mathematics. 12 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Imagem 1 – Dimensão Neuropsicológica ..................................................................17 Gráfico 1 - Você acredita que é normal os alunos terem dificuldades em Matemática? ..............................................................................................................39 Gráfico 2 - Há alunos com dificuldades em Matemática na turma em que você ministra as aulas?......................................................................................... ....40 Gráfico 3 - Em média quantos alunos têm dificuldades com Matemática em sua turma? .................................................................................................................. ....41 Gráfico 4 - Você sabe o que é Discalculia?.......................................................... ....42 Gráfico 5 - Você aplica atividades diferenciadas para os alunos com dificuldades em Matemática? .....................................................................................................43 Gráfico 6 - Você aplica atividades diferenciadas para os alunos com dificuldades em Matemática? ....................................................................................................44 Gráfico 7 - Para os alunos com Discalculia, você costuma realizar algum tipo de adaptação? .....................................................................................................45 13 SUMÁRIO Introdução .........................................................................................................14 CAPÍTULO I 1. Discalculia........................................................................................................17 1.1 Conceituando a Discalculia...................................................................................17 1.2 Sinais e sintomas da Discalculia ..........................................................................19 1.3 Tipos de Discalculia..............................................................................................26 1.4 Identificando um aluno com Discalculia ...............................................................27 1.4.1 Adaptações ao Discalculico .......................................................................28 CAPÍTULO II 2. Jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora no processo de ensino aprendizagem ................................................................................................30 2.1 Conceituando Jogos Pedagógicos............................................................30 2.2 Jogos Pedagógicos ..................................................................................33 CAPÍTULO III 3. Análises das Entrevistas..................................................................................38 3.1 Aplicação do Questionário e Análises realizadas ....................................38 4. Considerações Finais .....................................................................................47 5. Referencias Bibliográficas .,............................................................................48 14 INTRODUÇÃO Há tempos o interesse pelo ensino é discutido e analisado e a cada vez mais surgem novas exigências. Nos deparamos com o papel do professor atual, que busca não mais a simples transferência do conhecimento definido, mas sim, ensinar o aluno à aprender, isto é, lidar com a aprendizagem como um processo, no qual o professor é um agente facilitador da aprendizagem. A aprendizagem envolve inúmeros fatores, dentre eles a maturação, a concentração, a organização e a compreensão. Fatores estes que contribuem para que se possa fazer com que os alunos adquiram conhecimento. Segundo Zabala¹ (1998), “...é difícil conhecer os diferentes graus de conhecimento de cada menino ou menina, identificar o desafio de que necessitam, saber que ajuda requerem e estabelecer a avaliação apropriada para cada um deles a fim de que se sintam estimulados a se esforçar em seu trabalho. Mas o fato de que custe, não deve nos impedir de buscar meios ou formas de intervenção que, cada vez mais nos permitam dar uma resposta adequada as necessidades pessoais de todos e cada um de nossos alunos”. (p. 36) Mediante ao novo paradigma do papel do professor das exigências do aluno e do fator aprendizagem, baseando-se no Ensino Fundamental I, observa-se o quão importante é a metodologia de Ensino adotado pelos professores, isto é, as ferramentas utilizadas como facilitadoras no processo de ensino-aprendizagem. A Pedagogia possui um currículo muito abrangente, mas a abordagem que norteou a escolha do tema a ser explorado neste trabalho, foi o fato do grupo, ter observado em sala de aula, a dificuldade de aprendizagem em Matemática em um grande número de alunos, a chamada Discalculia. Assim, o objetivo geral deste trabalho é encontrar possibilidades de solução para a Discalculia no Ensino Fundamental I, a partir dos jogos pedagógicos, como ferramenta facilitadora do processo de ensino aprendizagem. Levando em 15 consideração também, a importância de conceituar a Discalculia, apresentar características de comportamento, dificuldades no processo de ensino aprendizagem, que possam indicar a discalculia e encontrar possibilidades de solução para a mesma. Desta forma, este tema é importante para que o educador possa compreender a discalculia e a sua identificação, podendo auxiliar seu aluno no processo de ensino-aprendizagem, através dos jogos. Durante o curso de Pedagogia, este assunto não foi abordado e diante da grande quantidade de alunos que sentem dificuldade em Matemática, é importante para o educador ter a ciência desta deficiência de aprendizagem. Para odesenvolvimento deste trabalho, partimos dos seguintes questionamentos: O que é a Discalculia? Como identificar o aluno com discalculia? Como os jogos podem auxiliar o aluno com discalculia? Entende-se que a Discalculia é definida como uma desordem neurológica específica ou disfunção neuropsicológica, afetando as habilidades de um indivíduo em relação a compreensão e manipulação dos números, pode-se dizer também que é um impedimento da matemática que vai adiante junto com um número de outras limitações, como por exemplo as de introspecção espacial, a memória, o tempo e os problemas de escrita aritmética. A identificação do aluno com discalculia, ocorre desde os primeiros anos escolares, ao abordar o tema matemática em sala de aula. Durante este processo o professor percebe as inúmeras dificuldades e limitações que o aluno possui, podendo assim ser um discalculico. Os Discalculicos são incapazes de identificar sinais matemáticos, classificar números, operações, entender principais medidas, sequências, compreensão de conceitos, relação entre eles, valores e entre outros. A utilização de jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora no processo de ensino aprendizagem, vem com o intuito de facilitar a fixação do conteúdo e prover o conhecimento aos alunos mediante as dificuldades que a discalculia apresenta. Os jogos vem para facilitar neste processo de ensino, pois, “Jogar não é estudar nem trabalhar, porque jogando, o aluno aprende, sobretudo, a conhecer e compreender o mundo social que o rodeia”. (Moura, 1996). 16 Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos estudantes que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Para a efetivação deste trabalho, utilizou-se a pesquisa bibliográfica, seguida de pesquisa de campo. Dentro de todo este contexto, foram realizadas entrevistas com dez professores do Ensino Fundamental I, baseando-se em um questionário elaborado com dez questões pertinentes ao tema a ser trabalhado, com o intuito de captar informações, analisa-las e discuti-las posteriormente. No Capítulo I, apresenta o conceito de Discalculia, os sinais e sintomas, os tipos de Discalculia, como identificar o aluno discalculico e as devidas adaptações que o docente deve fazer junto ao aluno discalculico. No Capítulo II, aborda o conceito dos jogos pedagógicos, os jogos mais adequados para serem aplicados durante o processo de ensino aprendizagem do discalculico, como ferramenta facilitadora e as suas devidas regras. Já no Capítulo III, encontra-se as análises feitas, em relação as respostas das entrevistas realizadas na pesquisa de campo. Com este trabalho, espera-se que os leitores consigam absorver todo o conhecimento apresentado em relação ao tema abordado, e se possível colocar em prática a sugestão abordada dos jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora do processo de ensino á Matemática direcionada aos portadores da Discalculia. Onde compreende-se que a Discalculia é um distúrbio neuropsicológico ou neurológico, fazendo com que o indivíduo tenha certas dificuldades e limitações com os números, operações e derivados da matemática e aritmética, mas, que pode ser revertido com a aplicação de jogos pedagógicos específicos, provendo o conhecimento de forma mais lúdica e até mesmo divertida! E por fim, com a pesquisa de campo, entender e captar informações que ilustrem um pouco do atual quadro escolar em relação ao tema, se os professores e da instituição escolar possuem o conhecimento da Discalcúlia, como tratam este tema e todos os aspectos necessários para sanar as dificuldades dos discalculicos. 17 CAPÍTULO I 1. DISCALCULIA 1.1 Definindo a Discalculia A etimologia da palavra Discalculia, vem do grego “dis” que quer dizer mal e do Latin “Calculare” que significa contar, ou seja, contando mal ou dificuldade ao calcular. Essa palavra “calculare” tem por sinônimo a palavra cálculo, que significa o seixo ou um dos contadores em um ábaco. A Discalculia é definida como uma desordem neurológica específica ou disfunção neuropsicológica, afetando as habilidades de um indivíduo em relação á compreensão e manipulação dos números, pode-se dizer também que é um impedimento da matemática que vai adiante junto com um número de outras limitações, como por exemplo, as de introspecção espacial, a memória, o tempo e os problemas de escrita aritmética. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, a discalculia é uma dificuldade de aprendizagem relacionada à matemática. O discalculico (individuo com discalculia) em sua dimensão neuropsicológica possui áreas afetadas pelo distúrbio, causando reações específicas. Veja na imagem a seguir a dimensão neuropsicológica as áreas afetadas: http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/09/discalculia.html http://neuropsicopedagogianasaladeaula.blogspot.com.br/2012/09/discalculia.html 18 • Áreas terciárias do hemisfério esquerdo que dificulta a leitura e compreensão dos problemas verbais, compreensão de conceitos matemáticos; • Lobos frontais dificultando a realização de cálculos mentais rápidos, habilidade de solução de problemas e conceitualização abstrata. • Áreas secundárias occípito-parietais esquerdos dificultando a discriminação visual de símbolos matemáticos escritos. • Lobo temporal esquerdo dificultando memória de séries, realizações matemáticas básicas. O termo discalculia é utilizado especialmente quando se fala da inabilidade de execução de operações matemáticas ou aritméticas, ou segundo a definição de alguns profissionais educacionais como a inabilidade fundamental para conceitualizar números como um conceito abstrato de quantidades comparativas. Quando se fala do tema discalculia, é de extrema importância que esteja claro a questão de que discalculia e a acalculia são coisas totalmente distintas, pois a acalculia se refere a perda da capacidade de calcular causada por danos neurológicos e a discalculia em questão é a dificuldade significativa no desenvolvimento de habilidades relacionadas a matemática, desde que não sejam ocasionadas por deficiência mental, auditiva ou visual, nem por falta ou precariedade de escolarização. Contrariamente a acalculia, a discalculia encontra-se sobretudo em crianças, e é de caráter evolutivo ou desenvolvimental, não sendo resultante de uma lesão e associa-se sobretudo a dificuldades de matemática. A Discalculia pode atingir crianças e adultos, porém não necessariamente ela ocorre em pessoas com o nível de QI baixo, no entanto ocorre em pessoas de qualquer nível de QI. Ela é observada em indivíduos cuja inteligência é normal ou até mesmo em alguns casos acima da média e que não apresentam deficiência física, auditiva ou visual, mas no entanto possuem falhas no raciocínio lógico matemático sendo inferior a média normal esperada para a idade cronológica, a capacidade intelectual e o nível de escolaridade. Segundo pesquisas recentes da Associação Brasileira de Discalculia - ABD, 6% da população mundial em idade escolar sofrem desse transtorno. O ambiente escolar é o principal local de identificação do distúrbio, pois o problema se mostra cedo na escola, onde a criança não consegue fazer a relação 19 entre os números e as quantidades, as fórmulas e sequências, porém muitos pais e responsáveis não levam tanto em consideração devido a matemática ser vista comouma disciplina complicada e que é normal apresentarem resistência e problemas com a matéria. “Culturamente somos compreensivos com quem tem dificuldade em entender os princípios matemáticos”, confirma Birgit Möbus, psicopedagoga da Escola Suíço-Brasileira de São Paulo, mas isso não impede de que os responsáveis pela criança tomem uma atenção diferenciada com o caso para que não se acumule riscos e lacunas graves no processo de ensino aprendizagem da disciplina. 1.2 Sinais e sintomas da Discalculia A matemática é uma ferramenta essencial para a sobrevivência do homem na sociedade cuja prática está inserida em nossa rotina (VIGOTSKY, 2008, p.11), e para o indivíduo que possui o distúrbio da discalculia, as dificuldades presentes em matemática envolvendo as sequências lógicas, acarreta em grandes prejuízos significativos, permeado por fracassos nos exercícios do dia a dia revelando assim, o déficit presente e fazendo o indivíduo emergir-se em problemas sócios afetivos. Os discalculicos, são incapazes de identificar sinais matemáticos, classificar números, operações, entender principais medidas, sequências, compreensão de conceitos, relação entre eles, valores e entre outros. Veja a seguir os possíveis sinais e sintomas de um Discalculico: Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva). Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objectos e associar um numeral a cada um). Escassa habilidade para contar. Dificuldade na compreensão de conjuntos. Dificuldade na compreensão de quantidade. Dificuldade em entender o valor segundo a habituação de um número. Dificuldades nos cálculos. Dificuldades na compreensão do conceito de medida. Dificuldade para aprender a dizer a hora. 20 Dificuldade na compreensão do valor das moedas. Dificuldade de compreensão da linguagem matemática e dos símbolos. Dificuldade em resolver problemas orais. Deficiente organização visuo-espacial e integração não verbal: não conseguem distinguir rapidamente as diferenças entre formas, tamanhos, quantidades e comprimentos. Dificuldade em observar grupos de objetos e dizer qual deles contém uma maior quantidade de elementos, em calcular distâncias e em fazer julgamentos de organização visuo-espacial. Distúrbio ao nível da imagem corporal. Distúrbios de integração visuo-motora. Desorientação: dificuldade na distinção esquerda-direita. Dificuldades na percepção social e na realização de julgamentos: maturidade social reduzida. Desempenhos em testes de inteligência, superiores nas funções verbais comparativamente às funções não verbais. Borges (2008) apresenta ainda, outros sintomas decorrentes dessas desordens identificadas dentro da problemática discalcúlica: Distúrbio de linguagem receptivo-auditiva e aritmética, onde o indivíduo é bem sucedido em cálculos, porém é inferior no que se refere ao raciocínio e vocabulário aritméticos. Apresenta problemas de reorganização auditiva, onde não se recorda de números com agilidade (pode reconhecê-lo quando ouve, mas nem sempre consegue dizê-lo quando quer) e não é capaz de guardar os fatos quando ouve os enunciados quando apresentados oralmente. Distúrbio de leitura e aritmética, é a relação Discalculia-Dislexia já descrita por muitos teóricos como Kirk e Gallagher (1999). Dá-se quando a Discalculia é originada por fatores também relacionados à Dislexia, pois ambas possuem aspectos relevantes no que diz respeito à memória temporária, leitura e escrita. Neste caso, o indivíduo apresenta dificuldades na compreensão leitora dos enunciados, inversões e distorções de numerais e dificuldades de se lembrar da aparência dos números. O indivíduo é incapaz de decodificar os símbolos e grafemas matemáticos, no 21 entanto, é perfeitamente capaz de calcular quando os exercícios e enunciados são lidos em voz alta para ele. Os portadores desta desordem podem apresentar também o comprometimento de habilidades importantes como: Habilidade Linguística (compreensão através da leitura e Conceitos escritos); Habilidade Perceptiva (reconhecimento de símbolos numéricos e discriminação de conjunto); Habilidade Atentiva (cópia correta e observação dos sinais na operação matemática); Habilidade Matemática (cálculos em geral, capacidade de lidar com números no cotidiano, noção de espaço e tempo, e sequenciação como, por exemplo, os meses do ano e dias da semana). No processo de ensino aprendizagem da matemática, a linguagem é essencial para a compreensão aritmética, e o discalculico possui dificuldades com a linguagem e no processo de interiorização da linguagem, resultando na incapacidade de elaborar o pensamento, e segundo Silva (2008) diz que “(...) a resolução de problemas envolvem muitas questões de linguagem além da matemática”. Sendo assim, sem o domínio da linguagem a decodificação dos termos matemáticos e suas denominações serão deficientes. Uma observação importante feita por Silva (2008) é a de que o portador de discalculia escreve pouco devido o medo de errar, suas respostas geralmente monossilábicas e dificilmente se expõe em atividades em grupos devido as dificuldades que encontra por ter o distúrbio. O individuo discalcúlico pode não apresentar todos estes sintomas e sinais, no entanto a maioria se caracterizará, tendo a possibilidade também, de que ele apresente outros novos, pois cada indivíduo é único e traz consigo histórias de vida diferentes. Outro aspecto a se levar em conta é que alguns discalcúlicos têm o seu raciocínio lógico intacto, porém têm extrema dificuldade em lidar com números, símbolos e fórmulas matemáticas. Outros, de acordo com Sacramento (2008), serão completamente capazes 22 de solucionar representações simbólicas como 3+4=7, mas incapazes de resolver. De forma mais clara e objetiva, as áreas que são comprometidas nos indivíduos com discalculia são: Impulsividade; Linguagem e Escrita; Organização Espacial; Auto Estima; Orientação Temporal; Habilidades grafomotoras; Inconsistência (memorização); Memória e; Habilidades Sociais; É importante ressaltar os requisitos necessários para o aprendizado de matemática e as dificuldades causadas pela discalculia por idades: 3 a 6 anos Requisitos: Ter compreensão dos conceitos de igual e diferente, curto e longo, grande e pequeno, menos que e mais que. Classificar objetos pelo tamanho, cor e forma. Reconhecer números de 0 a 9 e contar até 10. Nomear formas. Reproduzir formas e figuras. Dificuldades causadas pela discalculia: Problemas em nomear quantidades matemáticas, números, termos, símbolos; Insucesso ao enumerar, comparar, manipular objetos reais ou em imagens. 6 a 12 anos (Ensino Fundamental I) Requisitos: Agrupar objetos de 10 em 10. Ler e escrever de 0 a 99. Nomear o valor do dinheiro. Dizer a hora. Realizar operações matemáticas como soma e subtração. Começar usar mapas. Compreender metades, quartas partes, números ordinais. 23 Dificuldades causadas pela discalculia: Leitura e escrita incorreta dos símbolos matemáticos. 12 a 16 anos Requisitos: Capacidade para usar números na vida cotidiana. Uso de calculadoras. Leitura de quadros, gráficos e mapas. Entendimento do conceito de probabilidade. Desenvolvimento de problemas. Dificuldades causadas pela discalculia: Falta de compreensão dos conceitos matemáticos; Dificuldade na execução mental e concreta de cálculos numéricos. Na discalculia, a capacidade matemática para a realização de operações aritméticas, cálculo e raciocínio matemático, encontra-se inferiorà média esperada para a idade cronológica, capacidade intelectual e nível de escolaridade do indivíduo. Os problemas na aprendizagem de Matemática que ocorrem em todos os níveis de ensino, não são novidade. A Matemática comumente recebe o título de disciplina mais difícil e até mesmo odiada e isto dificulta ainda mais seu entendimento pelos alunos. Sendo assim, antes de falar em dificuldades de aprendizagem em Matemática, é preciso verificar se o problema não está no currículo ou na metodologia utilizada, pois existem outras causas que podem desencadear as dificuldades de aprendizagem em Matemática, que precisam ser considerados antes do diagnóstico de Discalculia, como: Ansiedade e medo de fracassar do aluno em consequência de atitudes transmitidas por pais e professores e da metodologia e dos conteúdos muitas vezes inadequados. A falta de motivação, que pode ter sua origem na relação da própria família com os estudos (falta de importância dada pelos pais ao conhecimento em si; na ligação da escola com castigos ou algum tipo de pressão; questões emocionais – ansiedade e agitação geradas por acontecimentos novos; ansiedade exagerada causada pelos efeitos de medicamentos que interferem 24 no ânimo ou causam problemas de memória ou concentração; problemas de maturação do Sistema Nervoso Central; Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade – TDAH. Distúrbios de memória auditiva: a. A criança não consegue ouvir os enunciados que lhes são passados oralmente, sendo assim, não conseguem guardar os fatos, isto lhe incapacitaria para resolver problemas matemáticos. b. Problemas de reorganização auditiva: a criança reconhece o número quando ouve, mas tem dificuldade de lembrar-se do número com rapidez. Distúrbios de percepção visual: A criança pode trocar 6 por 9, ou 3 por 8 ou 2 por 5, por exemplo. Por não conseguirem lembrar da aparência, elas têm dificuldades em realizar cálculos. Distúrbios da escrita: Crianças com disgrafia têm dificuldade de escrever letras e números. Distúrbios de leitura: Os disléxicos e outras crianças com distúrbios de leitura apresentam dificuldade em ler o enunciado do problema, mas podem fazer cálculos quando o problema é lido em voz alta. Levando em consideração as causas citadas anteriormente, tem-se que, alguns dos possíveis sintomas da discalculia são: Dificuldades freqüentes com os números, confundindo as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão. Problemas de diferenciar entre esquerdo e direito. Falta de senso de direção (para o norte, sul, leste, e oeste) e pode também ter dificuldade com uma bússula. A inabilidade de dizer qual de dois números é o maior. Dificuldade com tabelas de tempo, aritmética mental, etc. Melhor nos assuntos tais como a ciência e a geometria, que requerem a lógica mais que as fórmulas, até que um nível mais elevado que requer cálculos seja necessário. Dificuldade com tempo conceitual e julgar a passagem do tempo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Aritm%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Tempo 25 Dificuldade com tarefas diárias como verificar a mudança e ler relógios analógicos. A inabilidade de compreender o planejamento financeiro ou incluir no orçamento, nivelar às vezes em um nível básico, por exemplo, estimar o custo dos artigos em uma cesta de compras. Tendo a dificuldade mental de estimar a medida de um objeto ou de uma distância (por exemplo, se algo está afastado 10 ou 20 metros). Inabilidade de apreender e recordar conceitos matemáticos, régras, fórmulas, e seqüências matemáticas. Dificuldade de manter a contagem durante jogos. Dificuldade nas atividades que requerem processamento de seqüências, do exame (tal como etapas de dança) ao sumário (leitura, escrita e coisas sinalizar na ordem direita). Pode ter o problema mesmo com uma calculadora devido às dificuldades no processo da alimentação nas variáveis. Diversas são as habilidades que podem estar prejudicadas na discalculia, como compreensão e nomeação de termos, operações ou conceitos matemáticos, e transposição de problemas escritos em símbolos matemáticos, reconhecimento de símbolos numéricos ou aritméticos, ou agrupamento de objetos em conjuntos, copiar números ou cifras, observar sinais de operação; dar sequência a etapas matemáticas, contar objetos e aprender tabuadas de multiplicação; dificuldade na leitura, escrita e compreensão de números, em realizar operações matemáticas, classificar números e colocá-los em sequência, na compreensão de conceitos matemáticos, em lidar com dinheiro e em aprender a ver as hora, entre outras. É importante chegar a um diagnóstico o mais rapidamente para iniciar as intervenções adequadas. O diagnóstico deve ser feito por uma equipe multidisciplinar – Neurologista, Psicopedagogo, Fonoaudiólogo, Psicólogo – para um encaminhamento correto. Ressalta-se também que a participação da escola, professores e família é fundamental no reconhecimento dos sinais de dificuldade. O diagnóstico da discalculia, é sempre apenas uma descrição do atual estágio de desenvolvimento. Como a criança desenvolve, as dificuldades que existem no ano anterior podem ter minimizado ou quase desaparecem. http://pt.wikipedia.org/wiki/Planejamento 26 Se a criança estiver recebendo tratamento adequado, a possibilidade de desenvolvimento da capacidade matemática é grande. 1.3 Tipos de Discalculia Existem diversos tipos de Discalculia, Ladislav Kosc (2008), Johson e Myklebust (2008) descreveram seis tipos deste distúrbio: a discalculia léxica, discalculia verbal, discalculia gráfica, discalculia operacional, discalculia practognóstica e discalculia ideognóstica. Discalculia léxica: dificuldade na leitura de símbolos matemáticos; Discalculia verbal: dificuldades em nomear quantidades matemáticas, números, termos e símbolos; Discalculia gráfica: dificuldade na escrita de símbolos matemáticos; Discalculia operacional: dificuldade na execução de operações e cálculos numéricos; Discalculia practognóstica: dificuldade na enumeração, manipulação e comparação de objetos reais ou em imagens; Discalculia ideognóstica: dificuldades nas operações mentais e no entendimento de conceitos matemáticos. 1.4 Identificando um aluno com Discalculia A Discalculia pode ser identificada em qualquer fase da vida escolar da criança, porém para que o professor consiga detectar a discalculia em seu aluno é importante que ele esteja atento a trajetória de aprendizagem da criança, principalmente nos momentos em que ele apresentar o símbolos matemáticos malformados, não reconhecer os sinais das operações básicas matemáticas, demonstrar incapacidade de operar com quantidades e valores numéricos, apresentar certas dificuldades na leitura dos números, não conseguindo localizar 27 espacialmente a multiplicação e a divisão, e entre outros sintomas. É importante que a Discalculia seja identificada nos primeiros anos escolares, pois caso o transtorno não seja reconhecido a tempo, pode comprometer o desenvolvimento do aluno, ou até mesmo podendo ser identificada somente na fase adulta, como por exemplo, a matéria do Jornal da Tarde de 29/09/2010 que conta a história de um cientista que só descobriu ser discalculico na fase adulta. Segue matéria publicada a seguir: “O cientista político Alexandre Barros sempre foi mal em matemática. Hoje PhD em Ciência Política pela Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, na infância e na adolescência chegou a pensar que era incompetente, já que não conseguia multiplicar ou dividir como seus colegas de classe. Segundo ele, todo o período escolar foi um horror.Fui sempre empurrado para professores particulares de matemática. Barros, 68 anos, só foi descobrir a discalculia aos 53 anos, quando já era um profissional reconhecido em sua área e tinha passado por vários obstáculos que o distúrbio poderia lhe causar. Um amigo que lhe ditava um número de telefone percebeu que Barros havia anotado os números numa ordem diferente, e disparou: “Você tem dislexia”. Surpreso, o cientista foi procurar saber mais sobre o assunto e descobriu que tinha um problema parecido com a dislexia. “Descobrir que era discalcúlico lavou a minha alma”, lembra. (Texto extraído do Jornal da Tarde de 29/09/2010). Sendo assim, o diagnostico da Discalculia nos primeiros anos escolares é essencial, e após identificada a partir dos “sintomas” que são visíveis, o psicopedagogo é o profissional indicado no tratamento da discalculia, que é feito em parceria com a instituição de ensino onde a criança estuda e os seus professores, que desenvolvem atividades específicas com o aluno a fim de solucionar as dificuldades discalculicas que a criança sofre. Como já apresentado a Discalculia não possui uma causa única, mas um 28 conjunto delas que se relacionados a fatores internos e externos do sujeito é possível diagnosticá-la com sucesso e determinar o seu tipo. 1.4.1 Adaptações ao Discalculico Seguindo orientações da Associação Brasileira de Discalculia - ABD (2008) segue algumas possibilidades de ajuda e adaptações ao discalculico em auxílio ao tratamento do distúrbio: 1. Permitir o uso de calculadora; 2. Adotar o uso de caderno quadriculado; 3. Não estipular tempo nas provas, reduzir o número de questões (sendo estas claras e objetivas) e permitir o acompanhamento de um tutor para certificar que o aluno entendeu os enunciados; 4. Evitar avaliações orais; 5. Reduzir deveres de casa; 6. Ministrar algumas aulas livres de erros para que o indivíduo conheça o sucesso; 7. É importante ter em mente que para os discalcúlicos nada é óbvio; 8. Não descarte a possibilidade de se trabalhar com uma equipe multidisciplinar, em destaque o Psicopedagogo que trabalhará a autoestima, valorizando as atividades desenvolvidas pelo sujeito e descobrindo seu processo de aprendizagem e os instrumentos que auxiliarão no aprendizado; 9. Optar por jogos para trabalhar seriação, classificação, psicomotricidade, habilidades espaciais e contagem; 10. Deixar o aluno saber que o professor está ali para ajudá-lo e nunca para desestimulá-lo com atitudes e palavras que destaquem suas dificuldades. 11. Para um auxílio melhor é necessário que pessoas ligadas ao sujeito e dispostas a ajudá-lo levem em consideração sua história de vida, seus conhecimentos informais, condições sociológicas, psicológicas e culturais (PCNEF BRASIL, 2008). 29 CAPÍTULO II 2. JOGOS PEDAGÓGICOS COMO FERRAMENTA FACILITADORA NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM 2.1 Conceituando os Jogos Pedagógicos O ensino da matemática é o desenvolvimento do raciocínio lógico na criança, estimulando o pensamento independente, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. E para a criança com discalculia, propõe-se como ferramenta facilitadora para o processo de ensino aprendizagem de matemática, o uso de jogos pedagógicos que venham a facilitar a fixação do conteúdo e prover o conhecimento aos discentes mediante as dificuldades que a discalculia apresenta. Os jogos facilitaram neste processo pois, “Jogar não é estudar nem trabalhar, porque jogando, o aluno aprende, sobretudo, a conhecer e compreender o mundo social que o rodeia”. (Moura, 1996). '' Outro motivo para a introdução de jogos nas aulas de matemática é a possibilidade de diminuir bloqueios apresentados por muitos de nossos estudantes que temem a Matemática e sentem-se incapacitados para aprendê-la. Dentro da situação de jogo, onde é impossível uma atitude passiva e a motivação é grande, notamos que, ao mesmo tempo em que estes alunos falam Matemática, apresentam também um melhor desempenho e atitudes mais positivas frente a seus processos de aprendizagem. '' (Borin, 1996) Moura, 1991, afirma que ''o jogo aproxima-se da Matemática via desenvolvimento de habilidades de resoluções de problemas''. E levando em conta que os professores irão dirigir os jogos, pois segundo Malba Tahan, 1968, ''para que os jogos produzam os efeitos desejados é preciso que sejam de certa forma, dirigidos pelos educadores''. Quando falamos de jogos para o ensino da matemática, temos a seguinte divisão: Jogos estratégicos, onde são trabalhadas as habilidades que compõem o raciocínio lógico. Com eles, os alunos lêem as regras e buscam caminhos para atingirem o objetivo final, utilizando estratégias para isso. O fator sorte 30 não interfere no resultado; Jogos de treinamento, os quais são utilizados quando o educador percebe que alguns alunos precisam de reforço num determinado conteúdo e quer substituir as cansativas listas de exercícios. Neles, quase sempre o fator sorte exerce um papel preponderante e interfere nos resultados finais, o que pode frustrar as idéias anteriormente colocadas; Jogos geométricos, que têm como objetivo desenvolver a habilidade de observação e o pensamento lógico. Com eles conseguimos trabalhar figuras geométricas, semelhança de figuras, ângulos e polígonos. Áreas que são trabalhadas nos jogos: Jogo da memória – motricidade fina, memória, hipótese, cores e estratégias; Resta um – formas, regras e estratégias; Quebra-cabeça – motricidade fina e memória, formas, hipótese, cores, análise-síntese, figura-fundo e estratégias; Arquiteto – planejamento, equilíbrio, motricidade fina e estratégias; Cilada – percepção de formas, encaixe, motricidade fina, organização, plano mental, projeto e criatividade; Tangran – formas geométricas, buscas de solução, percepção de figura e formas, hipótese, paciência, regras, motricidade fina e representação mental, Material dourado – trabalhar o sistema de numeração decimal. A tarefa central do professor é saber sistematizar a informação recolhida, organizar os tempos e os espaços adequados, tendo presente os interesses, as motivações, as dificuldades, as potencialidades intelectuais relacionadas com a faixa etária dos alunos. Com o apoio necessário, o professor tem a incumbência de: Planejar atividades que facilitem o sucesso do aluno, a fim de melhorar seu auto conceito e aumentar sua auto-estima. 31 Utilizar métodos variados. Explicar ao aluno suas dificuldades e diga que está ali para auxiliá-lo sempre que precisar. Não forçar o aluno a fazer as licões quando estiver nervoso por não ter conseguido. Procurar usar situações concretas, nos problemas. Permitir o uso de uma calculadora. Oferecer fácil acesso às tabelas e listas de fórmulas. (não exija que o aluno memorize) Dar mais tempo para o aluno fazer a tarefa. Utilizar recursos tecnológicos disponíveis. Propor jogos na sala. Esta última, porém não menos importante, que é propor jogos na sala nos traz a possibilidade de utilizar os jogos como ferramenta para auxiliar o aluno com discalculia, no processo de ensino aprendizagem, visto que métodos tradicionalistas podem ser desistimulantes. Podem ser utilizados jogos de estratégia, lógica e raciocínio como opções dentro do aspecto pedagógico, de modo a despertar maior interesse dos alunos diante dos cálculos matemáticos, além de possibilitar a compreensão da matemática de forma mais divertida. Afinal a matemática não é a vilã e sim a dificuldade de aprendizado, que deveser trabalhada com o auxílio do professor, família, escola, políticas públicas e da comunidade. Os jogos constituem um espaço privilegiado para a aprendizagem e, quando bem utilizados, ampliam possibilidades de compreensão através de experiências significativas que se propõem. Além disso, possibilitam a busca de meios pela exploração, ainda que desordenada, atuando como aliados fundamentais na construção do saber. Os jogos, portanto, são atividades que devem ser valorizadas desde o nascimento, pois é através delas que a criança aprende a desenvolver estratégias para solucionar os problemas que terão pela frente. 32 2.2 Jogos Pedagógicos Jogo dos Cubos e das Garrafas: inicie o jogo entregando para as crianças garrafas de plásticos de tamanhos bem diferentes e alguns cubos de madeira coloridos para que ela enfileire os objetos sem observar regras. Depois peça que elas separem as garrafas por critérios estabelecidos pelo professor como: os maiores dos menores, os de plástico e os de madeira, por cores e também por critérios estabelecidos pelos alunos. Essa atividade pode ser registrada pela criança por meio de desenhos. O objetivo é verificar a noção de tamanho, a percepção espacial e a atenção da criança. Jogo das garrafas coloridas: selecionam-se oito garrafas de plástico com alturas diferentes. A criança deve ordenar as garrafas agrupando as de tamanhos quase iguais ou diferentes. Elas também podem ordená-las em fileiras, da menor para a maior e da maior para a menor. O objetivo dessa atividade é verificar as noções de tamanho (maior/menor), estimular a coordenação motora e a contagem. Jogo de Dominó: colocamos à disposição da criança um jogo de dominó para ela ordenar as peças de acordo com a numeração de bolinhas contidas nas extremidades, utilizando as regras do dominó. À medida que é apresentada uma peça, o aluno deve colocar a correspondente. Esta atividade visa desenvolver a percepção do sistema de numeração e estimular a associabilidade, a noção de sequência e a contagem. Uma variação do jogo é o dominó dos pares. Neste jogo a soma das peças deve ser um número par. A atividade permite que o aluno explore a relação entre a soma de números pares. Ou seja, é possível explorar com os alunos que a soma de dois números pares é um número par; a soma de dois números ímpares é um número par; a soma de um número par e um número ímpar é um número ímpar. Também é possível jogar o dominó dos ímpares, no qual a soma das peças deve ser um número ímpar e as observações anteriores se repetem. Botões matemáticos: separam-se botões de várias cores e tamanhos. A criança é orientada a separar botões por tamanhos, na quantidade solicitada, utilizando barbante e folha de papel. O objetivo dessa atividade é desenvolver a http://1.bp.blogspot.com/-NAZQbIykUdE/UFuYiNTTusI/AAAAAAAADuY/K3q5Vr3J6tI/s1600/cubos.jpg http://1.bp.blogspot.com/-NAZQbIykUdE/UFuYiNTTusI/AAAAAAAADuY/K3q5Vr3J6tI/s1600/cubos.jpg 33 habilidade de compreensão de sistemas de numeração, a coordenação motora e a orientação espacial. Também pode ser proposto que o aluno explique os critérios adotados por ele e justifique o seu raciocínio. A batalha: a meta é ganhar mais cartas. Um dos jogadores distribui as cartas: uma para cada participante a cada rodada. Aquele que virar a carta mais alta pega todas as cartas para si. Todas as jogadas se repetem da mesma forma até que todas as cartas já tenham sido distribuídas. Se abrirem cartas iguais, os jogadores que empataram devem virar outra carta e aquele que tirar a maior ganha. Pode ser jogado em duplas ou pequenos grupos. Esta atividade auxilia na leitura de números e comparação. Dados: combina-se antes de iniciar o número de rodadas. Cada um, na sua vez de jogar, joga os dados e efetua a soma marcando a quantidade obtida na sua folha. Ao final das rodadas, soma-se todas as quantidades obtidas e ganha aquele que obteve número maior. O objetivo deste jogo é trabalhar soma de dados, sequência numérica, comparação de quantidade, representação numérica. Número oculto: sorteia-se um jogador para iniciar. Este pensará em um número dentro do limite estabelecido pelo grupo (0 a 10 ou 10 a 20 ou 0 a 50) anotando no papel sem deixar ninguém ver. Os outros participantes deverão, um de cada vez dizer números a serem comparados com o número oculto pensado pelo jogador. O aluno que pensou no número deve dizer se os números ditos pelos amigos são maiores ou menores que o número pensado por ele, até que alguém descubra o número oculto e ganhe o direito de pensar nele, iniciando uma nova rodada. Esta atividade tem como objetivo comparação de quantidades, sequência numérica, raciocínio lógico matemático. Por um tempo: jogo que mistura um pouco de habilidade manual e poder de observação. Peças de desenhos parecidos devem ser encaixadas em um "tabuleiro" e a criança tem um tempo determinado. “Ao final desse tempo, ela deverá ter colocado o maior número possível de peças iguais”. Quantas? Quantas?: brinque com os alunos, perguntando: “Quantos narizes você tem?” (Coloque o dedo na ponta do nariz e peça aos alunos para imitarem.); “Quantas bocas?” (Coloque o dedo nos lábios e faça os alunos imitarem). Prossiga 34 assim perguntando e indicando com as mãos: “Quantas orelhas?”; “Quantos braços?”; “Quantas mãos?”; “Quantos dedos em cada mão?”. Formando Grupos: uma atividade que pode ser utilizada como aquecimento é a brincadeira Formando grupos: a) Converse com os alunos: “Vamos contar juntos até 3: um, dois, três”; “Agora, vamos contar até 3 levantando os dedos: um, dois, três”. b) Prepare previamente a sala de aula com 3 bolas semelhantes, 3 lápis semelhantes, 3 flores num vaso, etc. c) Explore, de forma semelhante, grupos de 4 e grupos de 5. Os números mágicos: folha com várias retas numéricas e dois conjuntos de cartões numerados (deve-se usar no inicio apenas números de 1 a 5 – posteriormente, acrescente valores maiores). Conte uma estória ou proponha: “Agora, brincaremos com objetos mágicos, dentre eles os números”. Peça a um aluno que sorteie um cartão numerado. Este primeiro número sorteado indica o número de saltos que a criança dará obedecendo ao número mágico. Peça a outro aluno que sorteie um cartão numerado. Este segundo número sorteado indica o comprimento de cada pulo. Inicialmente, desenha uma “reta” graduada no chão (ou uma faixa de papel). Um terceiro aluno, brincando de ser possuidor de um número mágico, dará pulos sobre a “reta”, e a turma verificará o número no qual ele parou. O animador pode dividir a turma em duas equipes e propor que disputem quem recebeu o número mágico e que levou mais longe. Direita Esquerda: procure explorar os conceitos de direita e esquerda com a brincadeira de pular corda com dois batedores. Os alunos podem fazer a mímica de bater corda em duplas: a) Cada aluno da dupla pega a ponta d corda de mentirinha com a mão direita; Atenção: os dois têm de fazer os movimentos para cima e para baixo ao mesmo tempo. b) Depois, cada aluno da dupla pega a ponta da corda de mentirinha com a mão esquerda, não se esquecendo de fazer os movimentos para cima e para baixo ao 35 mesmo tempo. Converse com os alunos sobre os possíveis acidentes que podem ocorrer quando brincamos: “Quem já sofreu algum acidente (tombo, queda, etc) enquanto brincava? Como foi?”; “Que cuidado devemos tomar quando estamos brincando?”.Descubra o Intruso:este jogo além de trabalhar os conceitos de pertence e não pertence, explora a memória, a reflexão, a lógica, a observação e o vocabulário. Apresente um conjunto de 3 elementos (objetos ou figuras em cartões) entre os quais um é “intruso”. Inicialmente, apresente um conjunto de 3 elementos simples: figuras de laranja, banana e ovo. Diga aos alunos que, como pequenos detetives, descubram qual o “intruso”. Peça que expliquem por que o elemento é intruso. Continue a brincadeira com outros conjuntos de 3 figuras, enquanto a turma mostrar interesse. Quando os alunos se acostumarem com a brincadeira, aumente o número de elementos para 4, 5 ou 6. Formando Triângulos: este jogo leva os alunos a conhecer e fixar o conceito de triângulo. a) Entregue para cada grupo de 3 ou 4 alunos uma folha com vários pontos distribuídos ao acaso, um pouco separados uns dos outros. Se preferir, peça que os próprios alunos salpiquem as folhas de pontos. Peça que cada aluno do grupo escolha uma cor diferente de lápis. b) O jogo é assim: cada aluno, na sua vez, liga 3 pontos, de modo a formar um triângulo, e, depois, pinta-o com a cor escolhida. Para que os alunos entendam melhor o jogo, faça uma demonstração com alguns pontos feitos na lousa. c) Ganha o jogo quem conseguir pintar mais triângulos com a sua cor. Não importa o tamanho dos triângulos desenhados, desde que os triângulos não se sobreponham. Uma variação dessa brincadeira é “Formando quadriláteros”. As regras são as mesmas. A única diferença é que os alunos terão de ligar 4 pontos para formar uma figura de 4 lados. 36 CAPÍTULO III 3. ANÁLISES DAS ENTREVISTAS 3.1 Aplicação do Questionário e Análises realizadas Na pesquisa de campo, visitou-se algumas instituições escolares, do Ensino Fundamental I, onde realizou-se entrevistas com dez professores, onde responderam as seguintes questões abaixo: 1- Você acredita que é normal os alunos terem dificuldades em Matemática? 2- Há alunos com dificuldades em Matemática na turma em que você ministra as aulas? 3- Em média quantos alunos têm dificuldades com Matemática em sua turma? 4- Você sabe o que é Discalculia? 5- Você aplica atividades diferenciadas para os alunos com dificuldades em Matemática? 6- Você utiliza jogos para o ensino da Matemática? 7- Quais jogos utiliza? 8- Para os alunos com Discalculia, você costuma realizar algum tipo de adaptação? 9- Quais adaptações você realiza? 10- Como a instituição escolar lida com estes alunos? Tendo como referencial as respostas das entrevistas realizadas, segue abaixo as análises: Na primeira questão, onde foi questionado se na opinião dos educadores, é normal os alunos terem dificuldades com a Matemática. A maioria afirmou que não era algo normal, em alguns casos, distúrbios de atenção e até mesmo o “não gostar” da Matemática desmotivava o aluno a querer aprender e se esforçar, e muitas vezes os próprios pais que acreditam ser algo normal, não ajudam o filho nas lições de casa, ou, em casos extremos não buscam orientação e ajuda para descobrir se o filho tem ou não um distúrbio neurológico como a Discalculia que causa esta dificuldade de aprendizagem nesta disciplina. 37 Uma parte maior dos professores, pensam como os pais, afirmando ser algo normal a presença das dificuldades de aprendizagem na Matemática, e que apesar de ter a consciência de alguns fatores que poderem atrapalhar o desenvolvimento da criança na disciplina, da mesma forma acreditam ser algo normal em qualquer série. Segue abaixo gráfico com quantidades específicas: Gráfico 1 - Você acredita que é normal os alunos terem dificuldades em Matemática? Na segunda questão, questionou-se sobre a turma em que ministravam as aulas, se havia alunos com dificuldades na Matemática, e todos afirmaram que “Sim”. E complementaram, dizendo que era algo normal, em todos os anos sempre havia pelo menos um aluno com dificuldade nas operações matemáticas, na contagem e escrita dos números, em relação a medidas, a distinção de pequeno e 0 1 2 3 4 5 6 7 Professores SIM NÃO 38 grande nas séries iniciais e entre outros, e que desta forma não se assustavam mais com essas situações. Gráfico 2 - Há alunos com dificuldades em Matemática na turma em que você ministra as aulas? Foi questionado em média quantos alunos havia por turma, que apresentava dificuldades com a Matemática. As respostas foram variadas, onde o que mais se destacou foi em média quatorze alunos por sala com problemas nesta disciplina. 0 2 4 6 8 10 12 Professores SIM NÃO 39 Gráfico 3 - Em média quantos alunos têm dificuldades com Matemática em sua turma? Outro questionamento abordado, foi em relação ao tema Discalculia, se eles tinham conhecimento sobre o conceito do mesmo, mais da metade afirmou que não tem conhecimento. Já o restante, afirmou que já havia ouvido falar do assunto, mas não sabia dar detalhes. Vale ressaltar que, é muito importante os educadores terem este conhecimento sobre a Discalculia, pois é principalmente na escola que os sinais são mais fortes e mais precisos para se diagnosticar um aluno com discalculia, sem contar que os professores podem auxiliar neste diagnóstico, na captação dos sintomas, podem até mesmo auxiliá-los no tratamento deste distúrbio e de toda 0 1 2 3 4 5 6 0 á 5 p es so as 6 á 1 0 pe ss oa s 11 á 15 p es so as 16 á 20 p es so as Média de alunos por sala com dificuldade em Matemática 40 forma facilitarem o processo de ensino aprendizagem dos alunos. Gráfico 4 - Você sabe o que é Discalculia? Para estes alunos com dificuldades em matemática, os entrevistados foram questionados se havia atividades diferenciadas. A maioria afirmou que sim, aplicam atividades chamadas de “extras” (aumento de lição de casa), pois acreditam que assim possam fixar o conteúdo . Gráfico 5 - Você aplica atividades diferenciadas para os alunos com dificuldades em Matemática? 0 1 2 3 4 5 6 7 8 NÃO Já ouviu falar NÃO Já ouviu falar 41 Uma das propostas deste trabalho foi propor jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora no processo de ensino aprendizagem do Discalculico. Os entrevistados foram questionados se utilizavam jogos nas aulas de Matemática. Uma quantidade relativa de professores, afirmaram que utilizam, pois trabalhar o lúdico com as crianças é muito válido, e devido estarem em uma fase que gostam muito de brincar e ainda mais em grupos de amigos, os jogos são excelentes ferramentas, pois eles aprendem brincando. No entanto, mesmo estes professores que afirmaram utilizar os jogos nas aulas de Matemática, não realizam nenhuma adaptação específica para os alunos com dificuldades na disciplina, isto é, nestes casos os jogos não são utilizados como ferramenta facilitadora do processo de ensino aprendizagem para discalculicos. Os que afirmaram não usar os jogos, não quiseram se pronunciar sobre o motivo de não aderirem aos jogos na aula. Como já foi abordado, os jogos são de extrema importância, pois de uma forma eficaz auxilia no processode ensino aprendizagem do aluno, e além disso trabalha outros aspectos a serem desenvolvidos no decorrer da história escolar do mesmo. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 SIM NÃO SIM NÃO 42 Gráfico 6 -Você utiliza jogos como ferramenta facilitadora para o ensino da Matemática? Os jogos que os educadores entrevistados disseram aplicar em sala são: - Dominó; - Cruzadinhas numéricas; - Quebra-Cabeça dos números e operações; - Número Oculto; - Jogo de Dados; - Jogo dos Cubos e Varetas Coloridas; - E o Vamos Contar?. No caso dos alunos com Discalculia, foi questionado se os mesmos costumavam realizar algum tipo de adaptação com os alunos. Todos afirmaram que não, devido não ter o conhecimento do conceito de Discalculia e aqueles que responderam que já ouviram falar do assunto, não sabem como lidar com discalculicos. 0 1 2 3 4 5 6 7 Professores SIM NÃO 43 Gráfico 7 - Para os alunos com Discalculia, você costuma realizar algum tipo de adaptação? E por fim, a entrevista encerrou com a seguinte pergunta:”__ Como a instituição lida com estes alunos?”. De uma forma geral, todos responderam que nos conselhos de classe, a instituição sempre questiona sobre o desenvolvimento dos alunos, se as atividades e exercícios estão surtindo efeito, sempre deixam claro a importância de deixar os pais e responsáveis na reunião cientes desta dificuldade que o aluno apresenta, e até mesmo incentivá-los a acompanhar o alunos nas lições de casa, e se possível orientá-los. Quanto a Discalculia, todos afirmaram que este tema nunca foi abordado pela instituição escolar. 0 2 4 6 8 10 12 Professores NÃO 44 4.CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a construção deste trabalho, foi possível observar que não há em relação aos profissionais da educação, de forma geral, conhecimento aprofundado sobre a Discalculia, uma vez que este tema não foi abordado no curso de Graduação e Licenciatura em Pedagogia e também diante da pesquisa de campo realizada, foi notória a ignorância sobre o tema dos profissionais entrevistados. É de extrema importância que os educadores adquiram conhecimentos específicos sobre Discalculia, como identificá-la, como trabalhar com alunos discalculicos e realizar a devida orientação para com os pais e responsáveis, para que estes alunos não sejam prejudicados no processo de ensino aprendizagem. A Discalculia é um distúrbio neurológico, que prejudica o aluno na construção do conhecimento de conteúdos da Matemática, como por exemplo, noções de espaço, dificuldades em cálculos numéricos, compreensão de medidas, entre outras. É importante para a identificação de forma adequada dos alunos com Discalculia, que se tenha o conhecimento sobre os sinais e sintomas que o distúrbio apresenta, como dificuldades na identificação do horário, sequências, compreensão de conceitos, relação entre eles e valores, por exemplo. Assim, o educador poderá adaptar e/ou criar ferramentas que facilitem o processo de ensino aprendizagem dos discalculicos. Neste trabalho foi sugerido a utilização de jogos pedagógicos como ferramenta facilitadora neste processo, pois os jogos ampliam as possibilidades de compreensão através de experiências significativas, possibilitam a busca de meios pela exploração, ainda que desordenada e atua como aliados fundamentais na construção do saber. 45 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática - Brasília: MEC / SEF, 1998. BORIN,J. Jogos e resolução de problemas: uma estratégia para as aulas de matemática. São Paulo: IME-USP;1996. CARRAHER, Terezinha Nunes (Org.). Aprender Pensando. Petrópolis, Vozes, 2002. CENTURIÓN, M. et al. Jogos, Projetos e Oficinas para educação Infantil. São Paulo: FTD, 2004. DROWET, Ruth Caribe da Rocha. Distúrbios da Aprendizagem. São Paulo: Ática, 1995. GARCIA, Jesus Nicassio. Manual de dificuldades de aprendizagem: linguagem, leitura escrita e matemática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. GARCÍA, J. N. Manual de Dificuldades de Aprendizagem. Porto Alegre, ArtMed, 1998. JOHNSON E MYKLEBUST. Enciclopédia livre: Discalculia. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Discalculia> . Acesso em 25 de Março de 2013. JOSÉ, Elisabete da Assunção, Coelho, Maria Teresa. Problemas de aprendizagem. São Paulo, Ática, 2002. MOURA, M. O. de. A construção do signo numérico em situação de ensino. São Paulo: USP,1991 RISÉRIO, Taya Soledad. Definição dos transtornos de aprendizagem. Programa 46 de (re) habilitação cognitiva e novas tecnologias da inteligência. 2003. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 27 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. SANCHEZ, Jesus Nicássio Garcia. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004. SILVA, W.C. Discalculia: uma abordagem à luz da Educação Matemática.Relatório Final para concretização do Projecto de Iniciação Ciêntifica, PIBIC, Univerdidade de Guarulhos, Guarulhos, 2008. SMITH, Corine, STRICK Lisa. Dificuldades de aprendizagem de a a z. Porto Alegre: Artmed, 2001. SMOLE, K.S et all (2000). Brincadeiras Infantis nas Aulas de Matemática : matemática de 0 a 6. Porto Alegre: Armed.
Compartilhar