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1 2 https://bit.ly/2wUC8Z1 https://api.whatsapp.com/send?phone=5561996098844 https://bit.ly/2wUC8Z1 https://curso.professorizando.com.br/cursos-rmk 3 Agradecimentos Juntos, expressamos nossa gratidão aos mais de 3 milhões de professores e professoras do nosso país. Essa apostila é dedicada aos verdadeiros heróis e heroínas que atuam todos os dias mudando as gerações e transformando o Brasil. Vocês são nossos maiores Mestres. E é por cada um de vocês que sempre nos dedicamos a aprimorar nosso trabalho! “Não temos que ser perfeitos hoje. Não temos de ser melhores do que outra pessoa. Tudo o que precisamos fazer é ser o melhor que pudermos.” Joseph B. Wirthlin Podemos mudar a educação do nosso país se dermos o primeiro passo, transformando um coração, um aluno de cada vez! Bons Estudos! 4 Sumário Agradecimentos.................................................................................................................................. 3 Introdução ........................................................................................................................................................6 Uma reflexão sobre a nova escola e o novo professor frente às novas tecnologias ...................................8 A Matemática de acordo com a BNCC........................................................................................................11 A Matemática na Educação Infantil.............................................................................................................13 A Matemática nas séries inicias do Ensino Fundamental ........................................................................18 O Uso do Material Dourado. ........................................................................................................................22 Situações-problema: um desafio a percorrer ..............................................................................................27 Jogos para a Prática da Boatemática ............................................................................................................34 Comparação de Quantidades ......................................................................................................................38 Considerações finais ......................................................................................................................................47 Sobre a Autora .................................................................................................................................. 48 Quem Somos .................................................................................................................................... 49 Bibliografia .....................................................................................................................................................50 5 Bons alunos aprendem a matemática numérica, alunos fascinantes vão além, aprendem a matemática da emoção, que não tem conta exata e que rompe a regra da lógica. Nessa matemática você só aprende a multiplicar quando aprende a dividir, só consegue ganhar quando aprende a perder, só consegue receber, quando aprende a se doar. Augusto Cury 6 Introdução Ter dúvidas e dificuldades em Matemática parece ser algo muito comum entre os alunos e também para os professores, principalmente, de Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. É muito frequente ouvirmos as queixas sobre estas dificuldades e também as tentativas de solucionar ou minimizá-las. Como professor, muitas vezes, ensinamos a Matemática como aprendemos em nossa infância, repetindo exercícios infindáveis e informações. Hoje, os alunos possuem uma infinidade de informações e também acesso a diversos tutoriais que esclarecem dúvidas até com especialistas de diferentes áreas. Então, com tanto acesso disponível, qual o motivo de termos um número elevado de alunos com dificuldades em Matemática e até mesmo de solucionar problemas e cálculos simples? Aprender Matemática é muito mais fácil do que dizem, principalmente se há envolvimento, encantamento e o lúdico. Neste livro, você poderá encontrar uma reflexão sobre a importância de se ensinar Matemática frente aos novos desafios. Com uma linguagem simples e didática abordo minha experiência como professora e psicopedagoga frente às novas mudanças na área. Quais são as reais necessidades dos alunos? Que aluno é este que queremos formar? Quais estratégias podemos utilizar na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental? 7 Muitas profissões que hoje tem sucesso desaparecerão daqui 10 anos e nossos alunos terão que estar preparados para esta mudança e para exercer uma profissão que hoje ainda não existe. A Inteligência Artificial tomará conta desta nova geração. Então, é de suma importância que os educadores tenham ciência que a escola e a forma de ensinar também necessitam de mudanças urgentes. Enfim, preparar-se para planejar e encantar as aulas transformando a Matemática em ... BOAtemática. 8 Uma reflexão sobre a nova escola e o novo professor frente às novas tec- nologias Atualmente, o processo educativo recebe um olhar especial às mudanças tecnológicas que afetam diretamente o processo biológico das crianças. Enquanto as crianças estão cada vez mais inseridas no mundo repleto de informações, sabem lidar com aparelhos, ligam, desligam, acessam redes sociais com tanta facilidade, em contrapartida a escola está na direção oposta. Professores se queixam de que não conseguem mais manter a motivação dentro da sala de aula, alunos cada vez mais indisciplinados, que não se comprometem nas tarefas solicitadas. Percebemos as crianças e os jovens conectados ao mundo virtual, mas a socialização está totalmente comprometida. O lidar com o processo emocional diante das dificuldades com os amigos, pais e familiares está cada vez mais difícil. Esta nova geração, apesar de muito mais rápida nas ações e nas informações, está cada vez mais individualizada, sozinha e também depressiva. Esta individualização exige do professor maior qualificação tanto acadêmica quanto emocional. Não é mais possível “dar aulas” com os alunos em fileiras, um atrás do outro e o silêncio absoluto na sala de aula. Aquela imagem que o professor transmite o conteúdo e os alunos ouvem como mero coadjuvante neste filme, chamado escola não traz mais resultados. O aluno agora passa a ser protagonista do processo de ensinar e aprender. Temos que refletir então, os motivos que nossas crianças e jovens leem cada vez menos, comete mais erros ortográficos e ainda apresentam dificuldades em resolver problemas matemáticos simples. São tantos desafios, polêmicas e questões que avançam muito numa 9 direção e todas as leis e diretrizes da educação não dão conta de resolver toda essa problemática. Diante deste caminho, encontramos a Matemática como uma ciência ainda que precisa ser realizada com inúmeros exercícios idênticos e repetitivos. Por que esta disciplina é o terror dos alunos? Falar de aula de Matemática traz uma angústia tanto para alunos quanto para professores, principalmente aqueles que atuam na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Listas de exercícios não facilitam a resolução de problemas em situações do dia a dia. Ouço com frequência alunos questionando: “ por que tenho que aprender isso?” ou “ onde vou usar esta fórmula?” Responda para si mesmo: onde encontramos a Matemática em nosso dia a dia? Tenho a certeza que rapidamente você conseguiu fazer uma lista: numeração de roupa, sapatos, altura, peso, preços de produtos, medidas de capacidade, massa e comprimento, quantidade de livros, figurinhas para seu álbum, classificação de seu time preferido em uma competição, litros de combustível, pontos nos jogos eletrônicos, pagamento, troco, taxas de juros, números de curtidas e compartilhamentos nas redes sociais... Ufa, isso só nosfez aquecer um pouco nossa memória. Agora como lidar com tantas informações dentro de um ambiente 10 chamado escola com alunos muito mais agitados e questionadores? O professor deve estar muito mais preparado e comprometido para lidar com essa nova abordagem de educação. Com a Matemática não é diferente. Percebo que muitas vezes, os professores não dominam os conteúdos e também sentem-se inseguros no processo de ensinar a disciplina. Com isto, acabam repetindo listas intermináveis de exercícios como: “arme e efetue”. Vamos fazer um teste simples. Leia o problema a seguir e tente resolvê- lo em alguns minutos aproximadamente. Não vale olhar a resposta! João foi a loja de roupas e comprou uma calça e duas camisas. Gastou 300 reais no total. Qual o preço da calça e de cada camisa? Pense bem antes de responder, pode até fazer os cálculos num papel. Talvez alguns de vocês tenham feito assim: x + 2x = 300 ou ainda tentaram dividir 300 por 3 . Mas, a resposta é única, não há uma solução, pois não temos valores exatos. Faltam dados. Experimente... dê este problema a uma criança de 9 anos, por exemplo. Poucos chegarão num problema que não há solução ou problemas não convencionais. Não podemos desenvolver a Matemática como uma única linha metodológica, alunos são diferentes, pensam diferentes e, portanto buscam soluções diferentes para a resolução de um único problema. 11 As atividades que envolvem situações-problema e também tratamento de informação traz uma angústia aos alunos e também aos professores, pois a interpretação destes dados vai além da resolução do algoritmo em si. É preciso ampliar a forma com que o aluno enxerga o problema e também como buscar diferentes estratégias para sua resolução. Neste aspecto é importante é que o professor exerça um papel investigador, seja um mediador no processo de construção do pensamento lógico matemático. A Matemática de acordo com a BNCC De acordo com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), publicada pelo MEC em 2017, a Matemática teve muitas mudanças tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental. “No Ensino Fundamental, essa área, por meio da articulação de seus diversos campos – Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade –, precisa garantir que os alunos relacionem observações empíricas do mundo real a representações (tabelas, figuras e esquemas) e associem essas representações a uma atividade matemática (conceitos e propriedades), fazendo induções e conjecturas. Assim, espera-se que eles desenvolvam a capacidade de identificar oportunidades de utilização da matemática para resolver problemas, aplicando conceitos, procedimentos e resultados para obter soluções e interpretá-las segundo os contextos das situações”. Há mudanças no que se diz no enfoque das unidades temáticas, priorizando as habilidades e as competências. É preciso que cada professor pense com muito cuidado seu currículo. É necessário ter alguns cuidados ao elaborar seu plano de aula para que não priorizem apenas exercícios repetitivos e que não tenham objetivo de fazer com que a criança elabore suas hipóteses. 12 Um novo eixo como Álgebra e Probabilidade e Estatística aparece desde as séries iniciais e isto pode assustar um pouco aos professores, porém não se trata mais de ensinar a calcular, mas sim em elaborar o pensamento. A resolução de problemas aparece com ênfase na investigação, na elaboração de projetos, através da Matemática com as práticas sociais, com comunicação, argumentação e representação. Temos que tratar o letramento matemático como: 1.RACIOCINAR 2. REPRESENTAR 3. COMUNICAR 4. ARGUMENTAR MATEMATICAMENTE O aluno tem de compreender o mundo que o rodeia e a Matemática favorece este momento, para que os conteúdos aplicados dentro da sala de aula transbordem e ultrapassem os muros da escola. Ele precisa articular os conhecimentos adquiridos com o conhecimento do mundo em que está inserido. Dentro das competências sugeridas pela BNCC, uma delas é o fato do aluno é o desenvolvimento do raciocínio lógico, o espírito investigativo produzindo argumentos convincentes. Diante destas mudanças é necessário que o professor e a escola proponham atividades que favoreçam a produção de conhecimento e que o aluno realmente torna-se um protagonista na atuação, inclusive de Matemática Financeira. É preciso conhecer, divertir e explorar. As Unidades temáticas sugeridas pela BNCC discriminadas a seguir trazem uma direção para o professor eu pode ter acesso a todo material pelo site do MEC. 13 1.Números: contagem, escrita , sequência, operações, situações- problema. 2.Álgebra: sequência de objetos, formas, relação de igualdade, comparação, múltiplos, noção de equivalência. 4. Geometria: localização de objetos, sólidos, figuras planas, ampliação e redução. 5. Grandezas e Medidas: sistemas, tempo... 6. Probabilidade e Estatística: leitura de tabelas, coleta de dados e informações. A Matemática na Educação Infantil “O que torna difícil o ensino da Matemática é o inalterável hábito latino de começar sempre pelo abstrato, sem passar pelo concreto.» Gustave Le Bon Como a criança pequena pensa sobre a Matemática e a resolução de problemas? A criança na fase de 2 a 5 anos é uma criança curiosa que aprende através da vivência e do lúdico. O brincar tem um papel fundamental no processo de ensino e aprendizagem. A matemática é brincar, socializar e interagir com o outro. Dar 14 exercícios repetidos que objetivam apenas a coordenação dos numerais, não é construir Matemática, não há estimulação do pensamento lógico. Observo crianças que sabem contar até 20, copiam os algarismos corretamente, mas não sabe responder se 7 é maior ou menor que 5. Segundo James Moyles (2010, p.116), a infância não é valorizada em si mesma: nós impomos às crianças o contínuo do mundo do trabalho e os regimes de gerenciamento, monitoramento vivenciado pelos adultos. Foi criado um sistema para monitorar e observar o que as crianças fazem na escola, mas não estamos conseguindo os resultados esperados. O desenvolvimento infantil só é possível em sua plenitude quando a escola propõe um espaço de trabalho em grupo. A criança nessa faixa etária aprende através da interação com o outro. Piaget declara que é necessário desenvolver na criança a autonomia, sendo que ela é capaz de elaborar sua conduta por si própria. Nas aulas de Matemática, o professor ainda é o detentor do saber e da resposta correta. O aluno realiza os exercícios e o professor confirma o acerto ou o erro. Desta forma, os exercícios repetitivos e os acertos confundem-se com o sucesso escolar. O primeiro passo, para o sucesso escolar de um aluno autônomo, deve seguir alguns critérios que julgo essencial que o professor tenha em seu trabalho acadêmico e emocional. Retrato muito o aspecto emocional do professor, pois diante das mudanças comportamentais dessa nova geração, é necessário o lidar de forma 15 harmoniosa em sala de aula e, às vezes crianças com grande defasagem motora. 1º Critério: Compreender as características da faixa etária que está sendo trabalhada. Quando o professor conhece essas características fica muito mais fácil planejar suas aulas e também atingir os objetivos. Exigir conceitos que as crianças não possuem maturidade para aprender pode causar desmotivação no professor e também no aluno, tornando muitas vezes, a turma agitada, indisciplinada e pouco produtiva. » Diferenciam precariamente a realidade e a fantasia. » Revelam a incapacidade de perceber que uma ação ou uma operação pode tomar ambas as direções. » São egocêntricas: sua compreensão está centrada em si própria. » É importante ler com a criança, estimular diferentes ritmos, estimular aspectos espaciais e motores. Nesta faixa etária é importante que a criança consiga: » Realizar contagens e fazer registros de forma não convencional; » Identificar e ampliar o conhecimento de números, linguagemmatemática e seus símbolos presentes no cotidiano; » Fazer comparação entre quantidades; » Reconhecer e valorizar as noções espaciais e medidas, como ferramentas necessárias no cotidiano. Aos 4 anos, a criança já possui algumas percepções desenvolvidas, consegue lembrar-se de fatos, lugares e pessoas secundárias; passa a ter suas preferências com amigos na sala de aula. São capazes de: » respeitar regras, mudando-as e negociando-as de comum acordo com os 16 colegas; » criar brincadeiras compostas de vários papéis complementares, assumidos durante o processo que se organizam e interagem em torno de um enredo comum, tal como: o circo, a casinha, uma viagem; » conhecer e identificar manifestações corporais de seus próprios sentimentos e emoções e também em relação ao outro. Portanto temos que mudar a visão que a Matemática é um conjunto de processos mecânicos que devem ser aprendidos e, sim considerar que estes processos são parte de um conjunto interligado, sendo que a criança deve descobrir o que são, como são feitas e como se relacionam entre si. 2º Critério: a seleção de conteúdos. O professor deve ter em sua rotina de sala de aula um plano muito consciente e elaborado do seu dia. É preciso saber selecionar os conceitos que são necessários serem aprendidos pelo aluno, sem exageros. Quantidades de folhas, preenchimento de cadernos, livros e apostilas não é sinal de aprendizagem. Ao contrário, enquanto as crianças passam a preencher papéis, deixam de pensar e refletir sobre sua aprendizagem. É necessário que o professor organize seu plano diário numa sequência didática que favoreça a aprendizagem. 3º Critério: Estabelecer objetivos Após toda esta organização, um outro aspecto importante é que o professor estabeleça quais objetivos pretende alcançar com a turma. E quais estratégias podem ser utilizadas para que haja uma aprendizagem efetiva. “Infelizmente, muitas escolas de Educação Infantil priorizam a matemática como sendo exclusivamente a representação gráfica de numerais, 17 a memorização e a repetição; e deixam de apresentar situações que envolvam comparações, semelhanças, associações e situações--problema”. (AGUILAR, 2004, p. 41) De acordo com a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), realizada pelo MEC, em 2018, considera-se na Educação Infantil, os campos de experiência e as fases da primeira infância foram divididas em: A) CRECHE: Bebês (zero a 1 ano e 6 meses) e Crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) B) PRÉ-ESCOLA: Crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses). “As crianças vivem inseridas em espaços e tempos de diferentes dimensões, em um mundo constituído de fenômenos naturais e socioculturais. Desde muito pequenas, elas procuram se situar em diversos espaços (rua, bairro, cidade etc.) e tempos (dia e noite; hoje, ontem e amanhã etc.). Demonstram também curiosidade sobre o mundo físico (seu próprio corpo, os fenômenos atmosféricos, os animais, as plantas, as transformações da natureza, os diferentes tipos de materiais e as possibilidades de sua manipulação etc.) e o mundo sociocultural (as relações de parentesco e sociais entre as pessoas que conhece; como vivem e em que trabalham essas pessoas; quais suas tradições e seus costumes; a diversidade entre elas etc.). Além disso, nessas experiências e em muitas outras, as crianças também se deparam, frequentemente, com conhecimentos matemáticos (contagem, ordenação, relações entre quantidades, dimensões, medidas, comparação de pesos e de comprimentos, avaliação de distâncias, reconhecimento de formas geométricas, conhecimento e reconhecimento de numerais cardinais e ordinais etc.) que igualmente aguçam a curiosidade. Portanto, a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano” ( BNCC, p.42) 18 Agora é o momento de mais reflexão na área e menos repetição, é necessário que o aluno passe a ver a Matemática, não mais como algo sem relação com a realidade, fato declarado pelos próprios alunos, principalmente nas fases finais da escolarização. Os conceitos de Matemática são essencialmente aprendidos dentro da escola, ninguém faz um bate papo familiar sobre adição, raiz quadrada ou tabuada num jantar. Diferente de outras áreas de conhecimento, no qual conversamos sobre ecologia, histórias, reportagens jornalísticas ou fatos do mundo, a Matemática não faz parte do dia a dia fora da escola. Não evidencio da Matemática intuitiva e sim da acadêmica. É necessário que o professor proponha atividades que haja maior efetivação na resolução de problemas e em atividades práticas. Aspectos que veremos mais nos próximos capítulos. A Matemática nas séries inicias do Ensino Fundamental “A Matemática, quando a compreendemos bem, possui não somente a verdade, mas também a suprema beleza.” Russel Quando a criança ingressa no Ensino Fundamental, a escola passa a exigir maior abstração dos conteúdos conceituais e muito menos os atitudinais e procedimentais. A saída que os alunos e os professores encontram é a memorização de procedimentos para se chegar ao resultado. Cavalcanti (2011) declara que pesquisas em Educação Matemática 19 apontam novas perspectivas nas análises de práticas pedagógicas relativas a escolha de uma metodologia de ensino no momento da transposição didática do conteúdo a ser ensinado para tornar o conhecimento compreensivo e útil de modo que o aluno sinta-se interessado em recebê-lo. O professor deve estar muito mais preparado e comprometido para lidar com essa nova abordagem de educação. Neste aspecto, é importante que o professor tenha um papel investigador, seja um mediador no processo de construção do pensamento lógico matemático. Os conteúdos conceituais são definidos como aqueles que precisam de uma base teórica, são os conceitos que necessitam de estudos científicos. Para Zabala (1998), é preciso que o professor analise sua prática educativa e compare com outras práticas, além de compreender sua ação, ou seja sua ação leva à reflexão. Zabala ainda trata os conteúdos atitudinais como algo que faz o aluno pensar, sentir e atuar diante de um objeto concreto ou uma situação. E, os conteúdos procedimentais são incluídos a leitura, desenho, observação, cálculos, classificação, praticar. Assim, defino que a Matemática escolar deve priorizar mais os conteúdos atitudinais e procedimentais para que haja a aprendizagem efetiva e uma reflexão de sua prática. Na BNCC, elaborada pelo MEC, os conteúdos foram reorganizados e alguns foram inseridos como Álgebra e Probabilidade e Estatística e habilidades relacionadas à tecnologia, robótica e programação figuram no currículo. 20 Apesar desta reformulação é necessário que o professor esteja atento à organização dos conteúdos e estabeleça um bom plano de aula. A quantidade excessiva de conteúdos e a repetição dos exercícios matemáticos favorecem uma queda na aprendizagem como se a criança nunca tivesse visto ou vivido os conceitos anteriormente. A criança concretiza a Matemática em seu dia a dia, consegue estabelecer relações de quantidade, como figurinhas, pontos no vídeo game ou na partida de futebol, porém na sala de aula não consegue fazer uma resolução de problemas simples. O aluno questiona ou registra qualquer operação para que possa dar por encerrado o exercício. Por que, então a escola abandona esta vivência e a experiência anterior da criança e já inicia com listas intermináveis de exercícios? Estabelecer uma relação entre o 10 (algarismo) e o dez (quantidade), é muito simples quando uma criança vivenciou atividades de construção do sistemanumérico. Ela representa este algarismo com palitos, tampinhas. Mas, em números maiores, o sistema numérico acaba trazendo “traumas” para o aluno e a Matemática passa a ser vista como um “bicho de sete cabeças”. É comum observarmos as crianças representarem o número 123 da seguinte forma 10023 ou 100203. Portanto, é necessário que: » As crianças compreendam o que estão fazendo. » Elas percebam os caminhos para o raciocínio. » O professor estabeleça a relação de como a criança pensou para resolver determinado problema. » Desenvolva um esquema de pensamento lógico e estabeleça uma relação entre o consciente, a reflexão e a prática. 21 Cada criança tem uma estratégia para realizar contagens e fazer registros e isso significa, muitas vezes, comunicar os resultados de forma não convencional: com desenhos, números, relatos para outras crianças, com apoio de objetos ou dos dedos das mãos. Aguilar (2018), relata uma situação em que alunos de 4º. ano foram levados à feira livre, onde o objetivo era observar os preços e compará-los posteriormente em sala de aula. Foi solicitado que cada criança levasse R$ 10,00 (dez reais), o equivalente para comprar uma fruta e um pastel. Para a autora foi surpresa quando duas crianças negociavam com o feirante um preço em que a soma dos valores entre duas crianças fosse suficiente para comprar uma caixa de pêssegos e dividi-la posteriormente. Diante deste fato ressaltamos ainda mais a importância de uma visão mais prática da Matemática dentro da sala de aula. Neste sentido, acredito que é necessário quebrar paradigmas que as aulas de Matemática devem ter exercícios repetitivos desvinculados na vida do aluno, o “arme e efetue” só terá sentido se tiver dentro de desafios e situações-problema que encantem os alunos. Além de jogos e brincadeiras para a aprendizagem do sistema de contagem, o mais importante é que o professor perceba como a criança pensou. Este é o segredo da construção matemática na escola. Temos que ouvir e levar a criança a elaborar e estruturar sem pensamento matemático. No próximo capítulo, vamos refletir um pouco sobre as dificuldades que envolvem a Matemática e analisarmos os motivos que levam os alunos a “detestarem” essa disciplina. 22 O Uso do Material Dourado. O Material Dourado foi criado pela médica e educadora italiana Maria Montessori para o trabalho com matemática e a construção numérica com os objetivos de desenvolver na criança a independência, a concentração e favorecer o contato sensitivo com o material concreto. Já é comprovado que cada ser humano aprende de uma forma. Algumas pessoas são mais visuais, necessitam de estímulos como figuras, imagens, vídeos para que possam fixar conceitos e reter informações. Outras pessoas são auditivas, o tom de voz, uma música são recursos utilizados, mesmo que inconsciente por estas pessoas. Já as pessoas que aprendem através do toque, do manuseio de materiais são classificadas como cinestésicas. Neste último, inclui a criança, pelo qual a parte tátil é mais perceptiva. Tente pedir a uma criança que apenas olhe um objeto. O olhar dela é o tocar. Sendo um instinto tão necessário quanto comer. Os bebês tocam, percebem e aprendem o mundo ao seu redor através do tato. Nesta classificação, percebemos o quanto é importante o contato com materiais concretos na construção da aritmética. Antes de abordarmos o uso do material é necessário para a compreensão de alguns termos utilizados na Matemática. 23 Número: é a ideia de quantidade que nos vem à mente quando contamos, ordenamos e medimos. Exemplo: Numeral: é toda representação de um número, seja ela escrita, falada ou digitada. Exemplo: 4 maçãs ou quatro maçãs Algarismo: é todo símbolo numérico que usamos para formar os numerais escritos Exemplo: 4 O Material Dourado é composto das seguintes formas: 24 A realização de adições com o Material Dourado deve ser feita com o apoio do Quadro Valor de Lugar. Desta forma, a criança conseguirá compreender o valor posicional de cada numeral. Unidade de Milhar Centena Dezena Unidade 1 2 6 5 1 milhar = 10 centenas= 100 dezenas = 1000 unidades 2 centenas= 20 dezenas= 200 unidades 6 dezenas= 60 unidades Dicas e sugestões para o trabalho com o Material Dourado. 1ª Etapa: permitir que a criança manuseie o material, faça construções, experimente as posições e lateralidades. 2ª Etapa: distribuir apenas os “cubinhos” (unidades) para as crianças e quantificá-los. O professor poderá propor desafios sempre contextualizando o 25 numeral com o número. a) Fui ao aquário e vi 4 peixinhos. A criança pega quatro unidades para representar. É importante que o professor proponha vários contextos. Trabalhar com os alunos em dupla é uma boa estratégia. b) Solicitar aos alunos que agrupem as unidades formando conjuntos. Formar dois conjuntos com seis elementos em cada um. A criança pode montar o conjunto utilizando barbante. c) Propor desafios com mais informações e cálculos mentais. Aprecio muito o trabalho com histórias envolvendo a aritmética, com os elementos da história a criança deverá construir as quantidades. Estava numa floresta e encontrei 6 borboletas (neste momento o aluno representa a quantidade seis com as unidades). Enquanto passeava entre as folhagens vi 5 abelhas pousadas em uma flor (representar a quantidade cinco). Quantos insetos eu vi ao todo? 26 Crianças de 5, 6 anos já são capazes de fazer essas associações e chegar ao resultado correto. 3ª Etapa: agora, é o momento de estabelecer as comparações entre as unidades (cubinhos) e as dezenas (barrinhas). Com as unidades, as crianças devem constatar que uma barrinha contém 10 cubinhos, ou seja, que 10 unidades é igual a 1 dezena. O professor deve mediar para que possam ter certeza deste conceito. A criança deve perceber que se colocar dez cubinhos em cima da barrinha terá a mesma quantidade. 27 Situações-problema: um desafio a percorrer «Para Tales... a questão primordial não era o que sabemos, mas como o sabemos.» Aristóteles Quantas vezes já nos deparamos com a seguinte frase: “O aluno não sabe interpretar os problemas?” E quantas vezes nos deparamos com enunciados sem sentido e sem contexto. Por exemplo, quem vai à feira e compra 5 dúzias de maçãs ou 180 peras? https://esquadraodoconhecimento.wordpress.com/matematica/quadrinhos-matematica/ Acesso em: 19/01/2019. Atualmente, o professor está muito mais associado a um mediador do saber entre o conhecimento matemático e o aluno. Não pode permitir que o aluno apenas recite sequências numéricas sem saber o verdadeiro significado. A resolução de problemas vai muito além da resolução das operações, é necessário que o professor estimule o aluno a encontrar caminhos e planejar a resolução e um plano de ação. 28 Josiane Faxina cita os autores Onuchic e Allevato (2004), que retratam exatamente o que abordamos sobre a resolução de problemas. Estes autores evidenciam que a: [...] resolução de problema deve acontecer num ambiente de investimento orientada e baseada na observação de que a compreensão aumenta quando o aluno é capaz essencialmente de relacionar uma ideia matemática a um grande número ou a uma variedade de contextos. Relacionarem um dado problema a um grande número de ideias matemáticas implícitas nele, construir relações entre várias ideias matemáticas contidas num problema. (Onuchic e Allevato - 2004, p. 222) Uma mudança de postura do professor poderá trazer grandes resultados. É também preciso quebrar paradigmas que a resolução de problemas não necessariamente precisa ter algoritmos. Segundo Stenberg (2000), trabalhar em grupo, muitas vezes, facilita a resolução de problemas. As soluções obtidas pelos grupos são melhores do que aquelas determinadas pelas pessoas. Este fato é realmente muito motivador para os alunos, pois quando as soluções e os caminhos percorridos são compartilhados tornam-se muito mais interessantes. [...] um fator quepode prejudicar a solução de problemas é a configuração mental- uma disposição da mente envolvendo um modelo existente para representar um problema, o contexto de um problema ou um procedimento para a solução do problema. Entrincheiramento é outra designação para configuração mental. (STENBERG, 2000) A abordagem feita pelo autor é de suma importância, pois os enunciados de situações-problema são muito parecidos, na maioria das vezes, e o aluno realiza de forma mecânica, o que não favorece a reflexão e as estratégias diferentes de solução. 29 Percebemos também que alunos, ao olhar para o problema, desistem antes de lê-lo com a seguinte frase: “Não entendi”. Segundo o Plano Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC, 2014), estas práticas ainda persistem em muitas escolas. No contexto de formação na área de matemática do PNAIC, entende-se que a Resolução de Problemas deve desencadear a atividade matemática. Uma proposta pedagógica pautada na Resolução de Problemas possibilita que as crianças estabeleçam diferentes tipos de relações entre objetos, ações e eventos a partir do modo de pensar de cada uma, momento em que estabelecem lógicas próprias que devem ser valorizadas pelos professores. A partir delas, os alunos podem significar os procedimentos da resolução e construir ou consolidar conceitos matemáticos pertinentes às soluções. Um problema não é um exercício ao qual o aluno aplica, de forma quase mecânica, uma fórmula ou um processo operatório. Só há problema quando o aluno for levado a interpretar o enunciado da questão proposta e a estruturar a situação que lhe foi apresentada. Esta afirmação evidencia que problemas matemáticos em que o aluno não precise pensar matematicamente e desenvolver estratégias de resolução, ou seja, não precise identificar o conceito matemático que o resolve, transforma-se em simples exercício, ou seja, em apenas fazer contas. (BRASIL, 2014) Com base no documento ressaltamos a necessidade do professor permitir que os alunos desenvolvam diferentes tipos de estratégias para a resolução de problemas, deve valorizar esta construção para que haja uma construção da aprendizagem. De acordo com Dante (2000), podemos ter a seguinte classificação referente aos tipos de problemas: A) Exercícios de reconhecimento: têm o objetivo de fazer o aluno reconhecer, identificar um conceito, fato específico, definições ou propriedades. 30 B) Exercícios de algoritmos: têm o objetivo de treinar a aplicação de um determinado algoritmo e reforçar conhecimentos anteriores. C) Problemas-padrão: são problemas de aplicação direta de algoritmos aprendidos não exigindo qualquer tipo de estratégia para resolvê-lo. Têm objetivo apenas de recordar, fixar e reforçar o vínculo entre as operações e seus empregos no cotidiano. Não propõem desafios nem despertam a curiosidade dos alunos. D) Problemas-processo: são problemas que geralmente não podem ser traduzidos diretamente para a linguagem matemática, sua resolução envolve operações que não constam no enunciado do problema. Exigem do aluno tempo para pensar e construir uma estratégia para atingir sua meta. Este tipo de problema desperta, no aluno, a curiosidade, a criatividade, iniciativa e espírito explorador. E) Problemas de aplicação: são também chamados de situações- problema, pois através de conceitos, técnicas e procedimentos matemáticos procura-se matematizar uma situação real, organizando dados em tabelas, traçando gráficos e realizando operações. São problemas que, geralmente, necessitam de pesquisa e levantamento de dados. Podem ser desenvolvidos sob forma de projetos e utilizando-se conhecimentos de outras áreas que não a Matemática. F) Problemas de quebra-cabeça: são problemas em que a solução depende da sorte ou da facilidade de perceber algum truque, envolvem e desafiam a maioria dos alunos que se dedicam a resolvê-los. Nestes itens acrescentaríamos problemas que não tenham algoritmo, mas sim apenas de lógica ou de raciocínio que segundo Smole (2015), classifica como problemas não convencionais. A autora define estes problemas que são problemas que não relacionam a um conteúdo específico, problemas com várias soluções, com excesso de informações, são aqueles que apresentam diferentes tipos de texto ou que não possuem solução. 31 É importante que os alunos compreendam o problema, para isto é possível à variação dos enunciados dos problemas como os exemplos a seguir. A) Maria tinha 20 figurinhas e ganhou 15 num jogo. Quantas figurinhas tem agora? B) Maria tinha algumas figurinhas, ganhou 15 num jogo e ficou com 35. Quantas figurinhas ela tinha? C) Maria tinha 20 figurinhas. Ganhou algumas e ficou com 35. Quantas figurinhas ela ganhou? Com problemas diferentes e enunciados diferentes, o aluno terá que buscar diferentes soluções para a resolução dos mesmos. A resolução de problemas, nas aulas de Matemática, ainda é apresentada aos alunos das séries iniciais como algo terrível. Sendo que muitas vezes, as escolas aplicam a resolução de problemas apenas no 4º e 5º anos do Ensino Fundamental, deixando de lado a importância deste trabalho desde a Educação Infantil. É comum ouvirmos dos alunos a seguintes frases: “´É de mais?. É de vezes?”. Ou ainda o aluno retira os números que aparecem no problema e tenta utilizá-los sem se dar conta se realmente todas as informações são úteis para sua resolução. Percebemos um movimento, ainda que pequeno, de mudanças na forma de ensinar os conteúdos nas aulas de Matemática. Não basta mais saber o “arme e efetue”, é preciso compreender os conceitos e sua aplicabilidade. Outro ponto que vale a pena destacar é que os professores dos anos iniciais ainda possuem muitas dificuldades para ensinar a Matemática. Isto se deve 32 a vários motivos, os antigos cursos de Magistério e atualmente Pedagogia não possuem em sua grade curricular a disciplina, apesar de contemplar a Didática da Matemática. Muitos estudos mostram que vários professores dos anos iniciais, infelizmente, têm dificuldade em trabalhar com a resolução de problemas. Um fator também que contribui para o fracasso escolar é que aprendemos em nossa época de escolarização de forma mecânica e já com aquele grande pavor que Matemática é difícil, que reprova, que só os mais “inteligentes” conseguem obter bons resultados. Nosso estudo busca quebrar este paradigma, pois em minha experiência com mais de 30 anos como professora, coordenadora e formadora de professores, é possível sim fazer algumas mudanças nesta área, em específico na resolução de problemas. Mas afinal o que é um problema? Definir problemas para alguns autores parece algo tão simples. Problema é uma situação, real ou abstrata, ainda não resolvida, em qualquer campo do conhecimento e de ação. (...) Viver é resolver problemas. A evolução da espécie humana está identificada com a resolução de problemas, a partir do problema fundamental e indispensável, que é manter a vida. É próprio do ser humano identificar uma situação/problema, e procurar uma solução. A evolução da espécie humana está identificada com a superação dos desafios para sobreviver e para transcender, em espaço e tempo. (D’AMBRÓSIO, 2010). Neste sentido, entendemos que se faz necessário compreender o significado da palavra problema como algo que já é inato do ser humano, a busca por soluções e estratégias para situações até mesmo do dia a dia. O ser humano sempre esteve em busca de respostas para as mais diversas situações. Segundo o Dicionário On Line da Língua Portuguesa problema 33 significa uma “questão ou circunstância cuja resolução é muito difícil de se realizar; situação muito complicada de se resolver; o que não se consegue lidar nem tratar: problemas ambientais; problemas psicológicos”1. A própria palavra problema já traz um significado que assusta, algo difícil de resolver. Imagina esta situação para o aluno? E para o professor? Desta forma é possível que uma postura diferente dentro da salade aula, ao substituir o termo problema, por desafios, histórias matemáticas, você faz a descoberta, entre outros, possa trazer mais motivação ao aluno ao lidar com este tipo de atividade. Acreditamos que todo problema é uma situação que deve ser solucionada pelo aluno e se for abordada de forma mais lúdica os resultados podem ser bem melhores do que vivenciamos atualmente em sala de aula. É neste ponto que faremos uma breve reflexão. Transformar as aulas de resolução de problemas em aulas mais interessantes e lúdicas, com histórias, imagens, jogos e brincadeiras. Os resultados do Brasil, no IDEB, em 2016 foram os piores na área da Matemática. Isto demonstra o quanto nossos alunos estão concluindo o Ensino Médio e não dominam, por exemplo, operações básicas ou a tabuada. Ideb é o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), formulado para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino. (www.portaldomec.com.br) 34 Jogos para a Prática da Boatemática «Nunca será um verdadeiro matemático aquele que não for um pouco poeta.» Weierstrass Jogos para serem aplicados com o uso do Material Dourado. 1. Exploração do Material e Montagem Objetivo: tomar contato com o material, de maneira livre, sem regras. Permitir que os alunos tenham contato com o Material Dourado, que percebam como uma dezena é composta. Colocar as unidades em cima da dezena para verificar que há 10 unidades em 1 dezena e assim sucessivamente. O professor sugere as seguintes montagens e estimula - uma barra; - uma placa feita de barras; - uma placa feita de cubinhos; - um bloco feito de barras; - um bloco feito de placas; O professor estimula os alunos a obterem conclusões com perguntas como estas: - Quantos cubinhos vão formar uma barra? - E quantos formarão uma placa? - Quantas barras preciso para formar uma placa? Nesta atividade também é possível explorar conceitos geométricos, propondo desafios como estes: - Vamos ver quem consegue montar um cubo com 8 cubinhos? É possível? - E com 18? É possível? 35 2. Ditado Objetivo: relacionar cada grupo de peças ao seu valor numérico. O professor mostra, um de cada vez, cartões com números. As crianças devem mostrar as peças correspondentes, utilizando a menor quantidade delas. Variação: O professor mostra peças, uma de cada vez, e os alunos escrevem a quantidade correspondente. 3. Fazendo Trocas Objetivo: compreender as características do sistema decimal. - fazer agrupamentos de 10 em 10; - fazer reagrupamentos; - fazer trocas; - estimular o cálculo mental. Para esta atividade, cada grupo deve ter um dado marcado de 4 a 9. Cada criança do grupo, na sua vez de jogar, lança o dado e retira para si a quantidade de cubinhos correspondente ao número que sair no dado. 36 O número que sai no dado dá direito a retirar somente cubinhos. Toda vez que uma criança juntar 10 cubinhos, ela deve trocar os 10 cubinhos por uma barra e tem direito de jogar novamente. Da mesma maneira, quando tiver 10 barrinhas, pode trocar as 10 barrinhas por uma placa e então jogar novamente. O jogo termina, por exemplo, quando algum aluno consegue formar duas placas. 4. Vamos Fazer um Trem? Objetivo: compreender que o sucessor é o que tem « 1 a mais» na sequência numérica. O professor combina com os alunos: - Vamos fazer um trem. O primeiro vagão é um cubinho. O vagão seguinte terá um cubinho a mais que o anterior e assim por diante. O último vagão será formado por duas barras. 37 5. Jogo dos Cartões Objetivos: Fazer a correspondência entre os numerais e as peças do Material Dourado. São 30 cartas com numerais diversos. O professor poderá confeccionar ou usar o jogo em anexo. Distribuir as cartas entre 5 aluno cada um recebe 6 cartas que deverão estar dispostas nas mãos, mas sem mostrar ao colega. Ao receber as cartas, os alunos deverão fazer os pares e as cartas que sobraram devem ser retiradas pelos colegas um de cada vez. Vence aquele que ficar sem cartas primeiro e tiver o maior número de pares formados. 38 Comparação de Quantidades Entregar aos alunos tiras de barbante ou várias circunferências. Os alunos deverão colocar elementos nos conjuntos de acordo com a solicitação do professor. Em cada conjunto deve ter 4 elementos. No conjunto laranja deve ter 5 elementos. Qual conjunto possui mais/ menos elementos? Espalhar os algarismos e solicitar as crianças que peguem determinado numeral, que estabeleçam relação com a quantidade. 39 Diferenciar sólidos geométricos e figuras planas com objetos trazidos pelos alunos. Árvore de numerais Com palitos de sorvete estabelecer relação de quantidade e sequência lógica. 40 Avental Matemático Relação número e numeral 41 O professor sorteia uma ficha que corresponde ao resultado e o aluno assinala a operação correspondente. Poderá também ser feito o inverso. 7 x 5 8 x 5 9x 0 3 + 5 - 7 18 – 10 4 x 6 9 + 4 + 6 2 dúzias 8 centenas Dominó O professor confecciona com os próprios alunos um dominó de a tabuada e propõe a eles o jogo. Cada aluno deverá receber o mesmo número de fichas, sendo que cada um terá sua vez de jogar uma ficha que, obrigatoriamente deverá representar a associação do resultado com a operação. 24 4x4 16 2x2 4 8x3 24 6x3 42 Jogo com números O professor distribui números para os alunos, sendo que cada aluno deverá receber um número. Em seguida, o professor apresenta uma situação- problema: “Marina comprou 20 figurinhas e depois ganhou mais 5 figurinhas. Quantas figurinhas Marina tem ao todo?” O aluno que tiver o numeral 2 deverá pegar na mão do outro colega que possui o numeral 5, formando assim o resultado 25. Poderá ser feito em grupos. Matemática Tátil O professor divide os alunos em grupos de 4 alunos cada um. Sendo que um aluno de cada grupo deverá estar com os olhos vendados. O professor faz perguntas envolvendo situações-problemas e cálculos. Exemplo: Mariana tinha 4 bolas, mas perdeu 2 bolas. Quantas bolas Mariana ficou? Através do tato o aluno (que estará com os olhos vendados) deverá procurar dentro de uma caixa com vários objetos 2 bolas que representem o resultado do cálculo. Salute ( retirado da Revista Nova Escola, edição no. 173) Este jogo é muito importante no desenvolvimento do cálculo mental. Com um baralho tradicional, retira-se o valete, a dama e o rei. O Ás vale 1. Divide- se a sala em grupos de 3. Dois alunos sentam-se frente a frente e ficam cada um, 43 com um monte, virado para baixo. A cada jogada, os dois tiram a carta de cima de seu monte, ao mesmo tempo e dizem salute, segurando a carta na testa, de modo que possam ver apenas a do adversário. O terceiro jogador (o juiz) anuncia a soma dos números das suas cartas. Os outros dois jogadores tentam adivinhar o valor das próprias cartas com uma operação mental. O primeiro que conseguir fica com as duas cartas. Ganha quem conseguir um monte maior. O jogo pode ser praticado também com multiplicação. Avançando com o resto ( retirado da Revista Nova Escola, edição no. 173) A brincadeira desenvolve o cálculo mental e a multiplicação . São necessários um tabuleiro como o mostrado, um dado e 2 fichas de cores diferentes. Jogam 2 equipes com 2 alunos cada. Jogando o dado, cada equipe faz a conta de divisão em que o dividendo é o número da casa onde está a ficha e o divisor é o número que saiu no dado. O resto será o número de casas a avançar. Se a equipe errar, o cálculo perde a vez. As equipes devem chegar com suas fichas exatamente a marca do fim. Se o resto obtido der um resultado que levaria a ficha a ultrapassar essa ponte, ela deve continuar no mesmo lugar , pulando à jogada . Vence quem chegar primeiro ao fim. 44 Jogo do pratinho (extraído da Revista Nova Escola, no. 173) Material: grupo de 4 alunos se resume a 1 dado, 5pratinhos de papelão (1 maior e 4 menores) e 20 a 30 tampinhas de garrafas. Procedimento: Cada integrante do grupo fica com um pratinho vazio. No centro é colocado o prato maior com as tampinhas. A criança lança o dado. O número que sai corresponde à quantidade de tampinhas que ela leva para seu prato. O jogo termina quando as tampinhas do prato do centro terminam. Ganha aquele que tiver com o pratinho com mais tampinhas. 45 Mico Matemático Procedimento: O professor prepara um baralho com as operações da tabuada e seus respectivos resultados, sendo que uma carta será a palavra “tabuada” e não deverá ter seu par. Dividir o baralho para 4 crianças, sendo que mais ou menos 32 cartas. O aluno deverá segurar suas cartas e sem ver as do colega, retirará uma carta que deverá encontrar seu respectivo par. Caso consiga deixará de lado seu par e continuará a brincadeira com o restante. Sempre um aluno tira uma carta do colega, com o objetivo de formar pares. Vence o aluno que tiver mais pares e não ficar com o mico (tabuada). Veja o exemplo de cartas abaixo: 3 x 4 12 Resultado Maluco Procedimento: Os alunos ficam espalhados pela sala e começam a andar livremente. O professor propõe um desafio. Por exemplo: 4 x 2 = 8 Os alunos deverão dar a resposta formando grupos de 8 alunos. Os grupos deverão ser formados apenas com o resultado das operações. Expressão numérica diferente Procedimento: O professor distribui fichas com figuras de quantidades diferentes. O próprio aluno deverá criar uma expressão numérica. Em seguida, o professor troca entre os alunos as expressões, sendo que deverão solucioná-las . Exemplo: 46 Representação Numérica Disciplina: Matemática Procedimento: O professor distribui fichas quadriculadas para os alunos e através das expressões deverão interpretá-las e resolvê-las. Exemplo: (3x4) + (3x5) 47 Considerações finais É preciso... ... que a escola proporcione ao aluno atividades que ele possa ser o protagonista de sua própria aprendizagem. ... que a escola prepare esta nova geração para criar, argumentar e buscar diferentes estratégias para resolver possíveis problemas. Não apenas os da Matemática e sim da vida. ... que as aulas tenham encantamento, alegria e acima de tudo muita brincadeira, pois brincar significa alegrar-se. ... que haja emoção. A emoção estimula o cérebro e facilita o caminho para uma aprendizagem significativa. ... que o professor esteja engajado num movimento de aprendizagem constante, pois só podemos ensinar quando estamos dispostos a aprender. ... compreender que este livro não abordará uma única solução para resolver todas as questões matemáticas, mas trará uma reflexão em busca de alguns caminhos para ajudar e facilitar o processo educativo. ... acreditar que a mudança já começou! Portanto, é preciso transformar as aulas de MAtemática em aulas de BOAtemática. Sucesso e sabedoria na arte de ensinar Renata Aguilar 48 Sobre a Autora Renata Aguilar Neuropsicopedagoga, psicopedagoga com especialização em Neuropsicologia, Alfabetização e Matemática. Graduada em Educação Física e Pedagogia, professora e palestrante educacional. Autora de vários artigos em revistas e sites sobre educação e autora dos livros: O Lúdico na Escola, Jogos e Brincadeiras por meio de uma abordagem psicopedagógica, Como transformar as aulas de Matemática em aulas de Boa...temática, Coordenação Pedagógica, entre outros. 49 Quem Somos A Professorizando é a maior escola na área de Pedagógia do país em parceria com a Valecup no ensino a distancia, com 5 (estrelas) sendo a maior instituição particular mais bem conceituada do Brasil na área de Pedagógia com diversas opções de cursos. São 10 anos de tradição em ensino de qualidade! Todos os cursos são aprovados e reconhecidos com honra ao mérito pelas melhores instituições e faculdades. Com sede em Brasília e atuação em todo o território nacional, tem sua história marcada pela ajuda aos professores e professoras de nosso país. Atualmente a Professorizando conta com 200 Mil alunos matriculados em todo o país. https://curso.professorizando.com.br/cursos-rmk 50 Bibliografia AGUILAR, R. Jogos e Brincadeiras para desenvolver os conteúdos programáticos por meio de uma abordagem psicopedagógica. São Paulo: Editora Edicon. 2017. AGUILAR, R. Neurociência aplicada à Educação- caminhos para facilitar a aprendizagem. Edicon. 2018 BNCC. Base Nacional Comum Curricular – Educação é a base– Ministério da Educação. 2017. Carvallho, R. http://www.apm.pt/files/_Conf01_4e7132d6a08f8.pdf Acesso em 13/01/2019 D’AMBRÓSIO, U. Algumas reflexões sobre a resolução de problemas. Disponível em <http://issonaoeproblemaseu.blogspot.com/2010/09/algumas-reflexoes-sobre-resolucaode. html>. Acesso em: 05/07/2017. DANTE, L. R. Didática da resolução de problemas de matemática. São Paulo: Ática, 2000. Dicionário On line da língua portuguesa. Disponível em: <https://www.dicio. com.br/problema> Acesso em: 05/07/2017. FAXINA, J. Artigo de pesquisa de campo publicado para a Universidade Estadual Paulista – Campus Bauru, 2004. GWINNER, P. Pobremas – Enigmas Matemáticos São Paulo: Vozes, 1990. Lialda B. Cavalcanti – A Arte De Resolver Problemas. V Cóloquio Internacional- Educação E Contemporaniedade, Ceará, 2011. MEC. Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Jogos na Alfabetização Matemática-Encartes / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. -Brasília: MEC, SEB, 2014. MEC Manual Brinquedos e Brincadeiras de Creches. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Brasília: MEC, SEB, 2012. 51 POLYA, George. A arte de resolver problemas: um novo aspecto do método matemáticos. Heitor Lisboa de Araújo (trad.). 2ª reimpr. Rio de Janeiro: Interciência, 1995 SMOLE K. C. S.; DINIZ M. I. Ler e aprender Matemática. In. SMOLE K. C. S.; DINIZ M. I. Ler, escrever e resolver problemas : Habilidades básicas para aprender matemática. São Paulo: Artmed, 2001. SMOLE K. C. S.; DINIZ M. Resolução de Problemas. Coleção Caderno de Formação. Mathema – formação e pesquisa. 2015. Disponível em: <http://mathema.com.br/ reflexoes/aprender-a-ler-problemas-em-matematica/> Acesso em: 22 set 2016. Stenberg, R.J, .Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2000. TOLEDO, M. Didática da Matemática como dois e dois: a construção da matemática. Editora FTD. São Paulo. 1997. ZABALA A. A Prática Educativa- Como Ensinar. Porto Alegre: Artmed,1998. WILTON NATAL MILANI,. A Resolução de problemas como ferramenta para a aprendizagem de progressões aritméticas e geométricas no ensino médio. Tese de Mestrado, Universidade Federal De Ouro Preto, Minas Gerais, 2011. FREITAS, Rony Cláudio de Oliveira. Um ambiente para operações virtuais com o material dourado.Vitória/ES.2004. Disponível em: HTTP://ronyfreitas.tripod.com/produção/dissertação.pdf -Acesso em: 09/01/2019 - Agradecimentos Introdução Uma reflexão sobre a nova escola e o novo professor frente às novas tecnologias A Matemática de acordo com a BNCC A Matemática na Educação Infantil A Matemática nas séries inicias do Ensino Fundamental O Uso do Material Dourado. Situações-problema: um desafio a percorrer Jogos para a Prática da Boatemática Comparação de Quantidades Considerações finais Sobre a Autora Quem Somos Bibliografia
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