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IBMR_Economia Industrial_Unidade 4

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11/28/22, 3:29 PM Economia industrial, da tecnologia e inovação
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Introdução
Autoria: Fernanda Nacif Marçal - Revisão técnica: André Abdala
Economia industrial, da tecnologia e inovação
UNIDADE 4 - DESINDUSTRIALIZAÇÃO,
ZONA FRANCA DE MANAUS E
ESTRUTURAS DE MERCADO
11/28/22, 3:29 PM Economia industrial, da tecnologia e inovação
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Caro (a) estudante, vamos tratar, nesta unidade,
dos conceitos básicos da desindustrialização e
analisar as causas e as consequências na
economia brasileira. Você sabe o que é
desindustrialização? É um processo reverso à
industrialização, observado em algumas
economias a partir da década de 1970.
Em seguida, serão apresentados os aspectos
gerais do modelo Zona Franca de Manaus (ZFM) e o marco regulatório que norteou a
sua criação e evolução, bem como serão analisados os principais eixos que balizaram
o desenvolvimento da região Norte e os impactos na economia local brasileira. Você
conhece algum produto produzido no Polo Industrial de Manaus? Já reparou no selo
Zona Franca de Manaus, encontrado em todos os produtos fabricados com os
incentivos fiscais dessa região?
No terceiro tópico de estudo serão abordados os fatores determinantes do poder de
mercado, ou seja, a capacidade que uma empresa detém de influenciar nas
condições do mercado. Vamos explorar de que forma surge esse poder, considerando
as estruturas de mercado, de que maneira se difere entre as empresas e influencia o
bem-estar dos consumidores. Além disso, vamos explorar o poder de mercado das
indústrias brasileiras. Por último, vamos analisar a estrutura tributária brasileira que
incide nas organizações industriais. Você sabia que a carga tributária do país é
considerada uma das mais onerosas do mundo? É uma das razões que faz elevar os
custos industriais e reduzir a competitividade dos produtos brasileiros. 
Vamos começar? Bons estudos!
4.1 Causas, consequências e impactos da
desindustrialização no Brasil
O Brasil adotou, a partir da década de 1930, uma política de proteção à indústria nacional,
gerando nos primeiros anos de sua implementação o fortalecimento do setor industrial.
Observou-se um crescente processo de industrialização no país, associado à forte presença
estatal na economia. Muitos dos empreendimentos industriais que surgiram só foram possíveis
em função de políticas que promoveram investimentos estatais na área industrial e de
infraestrutura. Contudo, ao longo dos anos, observou-se um cenário de desaceleração da
atividade industrial no país, tendo em vista a redução da proteção estatal e consequência do
baixo investimento realizado na economia brasileira.
Para alguns autores, como Bresser-Pereira (2012), a economia brasileira, desde 1990, com a
abertura comercial, estaria passando por um processo de desindustrialização, caracterizado
como uma redução persistente da participação industrial no país. Assim, para compreendermos
o processo de desindustrialização no Brasil, é importante saber a definição e as características
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principais, as causas e a natureza dos fatores que influenciam a ocorrência. Dessa forma,
vamos começar com a compreensão do que é a desindustrialização para depois nos
aprofundarmos na sua aplicação no caso brasileiro.
4.1.1 Desindustrialização: definição e causas
Quando pensamos em desindustrialização, podemos inferir que é algo relativamente contrário
ao significado de industrialização. Em termos gerais, sim. Veja a definição a seguir.
Contudo, o processo de desindustrialização não envolve, necessariamente, uma redução da
produção industrial ou um menor número de empreendimentos industriais instalados. Ou seja,
uma economia não se desindustrializa quando a produção industrial está estagnada ou em
queda, mas quando o setor industrial perde importância como fonte geradora de empregos ou
de valor adicionado (OREIRO; FEIJÓ, 2010). O processo de desindustrialização é definido por
Rowthorn e Ramaswamy (1999) como uma situação na qual ocorre uma redução da
participação da atividade industrial no PIB de um país. Mais especificamente, tanto o emprego
industrial como o valor adicionado da indústria se reduzem como proporção do emprego total e
do PIB, respectivamente.
#PraCegoVer: foto mostra o interior de uma fábrica. Há fileira organizadas, com máquinas de
costuras e um pedaço de tecido rosa em cima de mesas. Não há pessoas nesse ambiente.
 
Oreiro e Feijó (2010) sinalizam dois tipos de desindustrialização: a positiva e a negativa. De
acordo com os autores, a desindustrialização positiva está associada a uma diversificação da
pauta de exportação e importação do país, na medida em que ocorre a substituição das
atividades industriais mais intensivas em trabalho e/ou com menor valor adicionado, por outras
atividades com maior conteúdo tecnológico e maior valor agregado. Dessa forma, o país passa
a se especializar em atividades com conteúdo tecnológico, aumentando a participação desses
produtos na pauta de exportações. E as atividades com menor valor agregado são transferidas
Figura 1 - O setor industrial perde o foco de gerar empregos no processo de desindustrialização
Fonte: ziviani, Shutterstock, 2021.
É um processo contrário ao de industrialização, pois representa a perda
da importância da atividade industrial no panorama econômico de um
país ou uma região.
Desindustriali
zação
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para o exterior e, por essa razão, passam a compor a pauta de importações do país. Cabe
destacar que a industrialização positiva também está relacionada a um fenômeno natural do
crescimento econômico, no qual a transferência da participação de determinadas atividades
para outra não acarretaria desemprego, uma vez que a demanda seria absorvida naturalmente
nesta atividade nascente.
Por outro lado, a desindustrialização negativa reflete um cenário de dificuldades do segmento
industrial ou uma falha de mercado, em que ocorre a redução da participação da atividade
industrial no PIB do país, acompanhada de desemprego e perda da competitividade.
Além disso, os fatores negativos desse processo estão associados à mudança na pauta de
exportações e importações, que não foram plenamente absorvidas pela economia. A
transferência de atividades e a diversificação da pauta de exportações, denominada
“reprimarização”, em que ocorre a predominância de commodities e produtos primários com
baixo valor agregado, geram aumento do desemprego e impactam no desenvolvimento
econômico de uma região ou país (OREIRO; FEIJÓ, 2010).
Dessa forma, existem diversas formas da desindustrialização se manifestar em uma economia.
Mas quais seriam as causas desse processo? Tais causas estariam relacionadas a quais
fatores? A desindustrialização é causada por diversos fatores, internos ou externos à
determinada economia. Os fatores internos, conforme Oreiro e Feijó (2010, p. 222), estão
associados à transferência da “demanda de produtos industrializados para a de serviços, isso
porque a demanda por serviços tende a crescer com o desenvolvimento econômico, tornando-
se maior do que a demanda por manufaturados”.
Portanto, o processo de desenvolvimento econômico levaria “naturalmente” todas as economias
a se desindustrializar a partir de um certo nível de renda per capita (OREIRO; FEIJÓ, 2010).
Nesse sentido, a ocorrência da desindustrialização natural, definida por Palma (2005),
estabeleceu a relação da renda per capita com o emprego industrial, “que seguiria uma
distribuição denominada de ‘U invertido’ no processode desenvolvimento econômico, na qual
conforme a renda per capita cresça, a participação do emprego industrial no PIB inicialmente
aumenta, depois estabiliza e em seguida cai” (PALMA, 2005, p. 4).
De acordo com Palma (2005), com o desenvolvimento econômico, a tendência de progresso da
industrialização, que a longo prazo leva a uma redução do emprego, abre espaço para outros
setores, como o de serviços, por exemplo. Em relação aos fatores externos, Oreiro e Feijó
(2010) destacam que esses fatores estão relacionados ao grau de integração comercial e
produtiva das economias, ou seja, com o estágio do processo de globalização, que interfere no
grau de especialização de cada país.
4.1.2 Desindustrialização no Brasil
Após compreender melhor o que é desindustrialização, você sabe quando e o porquê o Brasil
vivenciou esse processo? Na literatura sobre o tema, existe uma acirrada discussão acerca do
processo de desindustrialização do Brasil. Por um lado, uma corrente de autores, entre eles
Nassif (2008, p. 93), defende que o país não sofre de uma desindustrialização, pois “em termos
gerais, o que se observou na segunda metade dos anos 1980 foi uma queda da participação da
indústria no PIB, em meio a uma fortíssima retração na produtividade do trabalho e a um
cenário de estagnação econômica”. Assim, o autor avalia que “o comportamento instável da
produtividade e os níveis reduzidos de investimento, desde o início dos anos 1990, contribuíram
para impedir o retorno da participação da indústria no PIB aos níveis médios anuais
prevalecentes na década de 1980” (NASSIF, 2008, p. 93).
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Além disso, Nassif (2008) salienta que não é possível avaliar que a desindustrialização da
economia brasileira ocorreu, pois não houve um processo amplo de transferência dos recursos
produtivos de uma atividade para outra, muito menos em relação às alterações no padrão de
especialização, de atividades com maior densidade tecnológica para os setores primários,
intensivos em trabalho e de baixo valor agregado.
Em contraposição, outros autores consideram a corrente dos desenvolvimentistas, com
destaque para Bresser-Perreira (2012), e defendem que o período de estagnação da economia
brasileira ocorreu devido ao processo de desindustrialização precoce, conhecido também como
doença holandesa, definida como a relação entre a exportação de recursos naturais e o declínio
do setor manufatureiro. 
Para Bresser-Pereira (2012), a desindustrialização brasileira ocorreu em duas fases. Veja quais
são. 
Além disso, Bresser-Pereira (2012) aponta uma nova fase de desindustrialização, por volta de
2004, oriunda do aumento dos preços das exportações de produtos primários, como soja,
minério de ferro, entre outros, levando ao processo de redirecionamento ou “reprimarização” da
pauta de exportações por produtos de baixo valor agregado. As causas da desindustrialização
Luiz Carlos Bresser-Pereira é economista, advogado e
cientista político brasileiro, foi ministro da Fazenda em 1987,
no governo de José Sarney. Criador do Plano Bresser e
responsável por inúmeros estudos e artigos sobre a
economia brasileira. Entre as ideias defendidas pelo autor
está a tese de ocorrência da desindustrialização no Brasil.
Você o conhece?
Em 1980, devido à crise da dívida externa e à alta inflação.
A partir de 1990, com a abertura comercial e financeira, que levou os produtos
industrializados do Brasil a perderam competitividade e espaço no mercado interno e
global.
Primeira fase
Segunda fase
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brasileira estariam relacionadas aos seguintes fatores: baixo investimento estatal na indústria;
câmbio excessivamente valorizado; abertura comercial; taxa de juros elevada; redução do
capital estrangeiro na indústria.
 
#PraCegoVer: foto mostra um homem vestido com terno na cor preta, capacete na cor cinza,
sentado, de cabeça baixa e com a mão no rosto. Ele está em um ambiente de fábrica, vazia e
com os maquinários ao fundo.
 
Cabe destacar que um dos efeitos da desindustrialização no Brasil foi a redução da oferta de
emprego industrial, além de ter provocado a deterioração nos termos de trocas, ou seja,
desvantagens nas relações comerciais do Brasil com outros países em função da
predominância de produtos com baixo valor agregado na pauta de exportação, em
contraposição aos produtos importados que possuíam valor agregado alto. A desaceleração da
economia brasileira também seria um dos efeitos desse processo.
Apesar da controvérsia sobre a desindustrialização brasileira, é fato que nos últimos anos o
setor industrial vem perdendo participação na economia brasileira, principalmente pela falta de
maiores investimentos em tecnologia e inovação e em função da perda da competitividade das
empresas brasileiras, impactadas com a intensificação do processo de globalização.
Figura 2 - A baixa atividade industrial e o desemprego como consequências da desindustrialização
Fonte: JOKE_PHATRAPONG, Shutterstock, 2021.
Teste seus conhecimentos
(Atividade não pontuada)
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Considere os dados da tabela a seguir, que retratam a participação relativa da indústria de
transformação no valor adicionado (VA) e no pessoal ocupado (PO), em porcentual, no
período de 1980-1998.
Fonte: MARQUETTI, 2002, p. 121.
#PraCegoVer: tabela dividida em sete colunas. A primeira é dividida em duas linhas: valor
adicionado e pessoal ocupado, indicados com o símbolo de porcentagem. As demais
colunas trazem anos e valores numéricos. 
MARQUETTI, A. A. Progresso técnico, distribuição e crescimento na economia brasileira:
1955- 1998. Estudos Econômicos, São Paulo, v. 32, n. 1, p.103-124, 2002. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/117750/115403
(https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/117750/115403). Acesso em: 12 mar. 2021.
 
Observa-se uma queda na participação do valor adicionado e no pessoal ocupado
(emprego), indicando que a economia brasileira teria passado por um processo de
desindustrialização nas décadas de 1980 e 1990. Sobre o processo de desindustrialização
brasileira, analise as afirmativas a seguir.
I. Consiste em um aumento gradual e persistente da atividade industrial.
II. É associado à maior participação de produtos primários na pauta de exportação.
III. Tem como uma das causas a redução dos investimentos estatais no segmento industrial.
IV. Provoca o aumento da oferta de emprego no setor industrial.
Está correto o que se afirma em:
a. I e II.
b. I e III.
c. I e IV.
d.II e III.
e. III e IV.
Verificar 
4.2 Base regulatória e parque industrial da
Zona Franca de Manaus (ZFM)
https://www.revistas.usp.br/ee/article/view/117750/115403
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( )
A economia brasileira enfrentou, a partir de 1963, uma desaceleração da atividade produtiva,
ocasionando uma crise com altos índices de inflação e baixas taxas de crescimento. Após
sucessivas tentativas governamentais para a estabilização da economia brasileira, foi instituído
o Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG), durante o governo de Castelo Branco (1964-
1967), com objetivo central de estabilização monetária, de modo a propiciar condições para a
retomada do crescimento.
Nesse cenário, uma das medidas adotadas no PAEG foi a consolidação da Zona Franca de
Manaus, mediante decreto-lei nº 288/1967, alterando e reformulando o projeto idealizado dez
anos antes, com a lei nº 3.173/1957.A partir disso, é instituído o modelo Zona Franca de
Manaus, que implantava um polo industrial, comercial e agropecuário na Amazônia, visando à
integração produtiva e social da região, considerada distante da maior parcela do mercado
consumidor brasileiro e, além disso, com o objetivo de garantir a soberania nacional sobre as
fronteiras.
O modelo ZFM, ao longo dos anos, foi se expandindo pela Amazônia, sofrendo modificações e
concretizando o projeto de desenvolvimento da região Norte. Vamos agora explorar os aspectos
principais desse modelo e os marcos regulatórios que nortearam as políticas de
desenvolvimento da região.
4.2.1 Contextualização e marcos regulatórios da ZFM
A criação de uma área dotada de incentivos para desenvolver a região da Amazônia foi
idealizada por meio da lei nº 3.173, em 1957, sancionada pelo presidente Juscelino Kubitschek,
na qual institui no artigo 1º, na cidade de Manaus, uma zona franca, na forma de porto livre,
para armazenamento e beneficiamento de produtos oriundos do exterior que não estariam
sujeitos às tarifas alfandegárias ou a quaisquer outros impostos. Essa iniciativa representava
uma tentativa de integrar a região Norte ao processo nacional de industrialização, uma vez que
a região estava economicamente estagnada, em função do declínio da atividade produtiva
predominante. Até o século XIX, a atividade predominante no estado do Amazonas era a
extração de borracha, voltada prioritariamente para a exportação, representando uma parcela
significativa da pauta de exportação brasileira, perdendo apenas para a cafeicultura.
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#PraCegoVer: foto mostra seis pélas, bolas grandes e na coloração cinza, que são de
borracha. Elas estão empilhadas e postas em um chão de madeira.
 
Todavia, a atividade de extração de borracha na região não contou com investimentos públicos
e políticas específicas ao setor, como foi a produção de café no Sudeste. A partir da década de
1930, o governo brasileiro iniciou projetos para estimular a industrialização nas regiões centrais,
como alternativa à produção de café, promovendo investimentos em infraestrutura. Enquanto
isso, a região Norte permanecia atrasada e dependente da atividade extrativista.
Com o tempo, esse contraponto intensificou as disparidades regionais e, aliado às sucessivas
crises externas, levou ao declínio do ciclo da borracha. Mesmo com os incentivos aprovados
para a Zona Franca de Manaus, a região não alcançou níveis satisfatórios de desenvolvimento,
pois nos moldes em que havia sido idealizada inicialmente, a ZFM não apresentou resultados
significativos para a região e careceu de mecanismos mais efetivos para a efetivação, havendo,
portanto, a necessidade de reformulação do modelo.
Diante da necessidade de dinamizar o modelo instituído, em 1967 foi promulgado o decreto nº
288, que consolidou a instalação da ZFM e delimitou uma área de 10 mil quilômetros
quadrados, na cidade de Manaus e arredores, para a instalação de um parque industrial e
concessão de incentivos, o que viria a ser expandido para outras regiões, como forma de
propagar os benefícios para toda a região amazônica.
Por meio do decreto-lei nº 356/1968, ocorreu a extensão dos benefícios da ZFM para outras
áreas da Amazônia Ocidental, compreendendo os estados do Amazonas e Acre e, à época, aos
Territórios Federais de Rondônia e Roraima, hoje estados da federação.
Posteriormente, foi promulgada a lei nº 8.387/1991, que criou a área de livre comércio nos
municípios de Macapá e Santana, no Amapá, sob regime fiscal especial, visando promover o
desenvolvimento das regiões fronteiriças do extremo norte e objetivando incrementar as
Figura 3 - Extração de borracha foi uma das principais atividades industriais na região Amazônica
Fonte: Sandra Moraes, Shutterstock, 2021.
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relações bilaterais com os países vizinhos, e que passou a ser regulamentada pelo decreto nº
517/1992.
Com essas expansões, totalizam-se sete Áreas de Livre Comércio (ALCs) criadas com o
objetivo de promover a ocupação e o desenvolvimento de municípios que compreendem
fronteiras com outros países, sendo essas instaladas em: Tabatinga (AM) (lei nº 7.965/1989);
Guajará-Mirim (RO) (lei nº 8.210/1991); Macapá e Santana (AP) (lei nº 8.387/1991); Cruzeiro do
Sul e Brasiléia-Epitaciolândia (AC) (lei nº 8.857/1994); Pacaraima e Bonfim (RR) (lei nº
8.256/1991).
Para essas Áreas de Livre Comércio, foi criada a Zona Franca Verde, pela lei nº 11.898/2009,
que “prevê a isenção do Imposto sobre Produto Industrializado (IPI), para produtos que
possuem em sua composição a preponderância de matéria-prima regional, de origem vegetal,
animal ou mineral, resultante de extração, coleta, cultivo ou criação animal na região da
Amazônia Ocidental e Estado do Amapá” (BRASIL, 2009).
Cabe destacar que dentre outras diretrizes, o decreto nº 288/1967 criou a Superintendência
da Zona Franca de Manaus (Suframa), entidade autárquica com a finalidade de administrar as
instalações e os serviços da Zona Franca. Desde então, a Suframa é responsável pela gestão
do modelo ZFM nos diversos estados de vigência dos incentivos fiscais.
A respeito da vigência da ZFM, o prazo inicial previsto para as isenções foi de 30 anos, ou seja,
até 1997, tendo a primeira prorrogação realizada por meio do decreto nº 92.560/1986,
ampliando os incentivos por mais dez anos.
Com a Constituição Federal de 1988, os aspectos gerais da ZFM foram ratificados e
promulgada a prorrogação por mais 25 anos. Em 2014, mediante a emenda constitucional nº
83, foi prorrogado o prazo de vigência por mais 50 anos, ou seja, até 2073, e aprovada a
extensão do prazo dos incentivos de todas as ALCs até 2050. Essas prorrogações trouxeram
maior segurança jurídica para os empreendimentos implantados na região, em sua maioria
altamente dependentes dos incentivos e benefícios vigentes. Dessa forma, explorar todo esse
arcabouço institucional é fundamental para compreender a evolução dos marcos regulatórios e
as transformações da ZFM.
Zona Franca Verde: roteiro do incentivo fiscal
Autor: Rafael Soares Gouveia
Ano: 2016
Comentário: este documento, elaborado pela
Superintendência da Zona Franca de Manaus
(Suframa), resume as legislações relativas aos
incentivos fiscais vigentes na Amazônia Ocidental e em
Macapá e Santana, de forma a facilitar o entendimento
da população em geral, bem como orientar potenciais
investidores.
Acesse (https://www.gov.br/suframa/pt-
br/zfm/zfv/conteudo-principal/roteiro-dos-
incentivos/view)
Você quer ler?
https://www.gov.br/suframa/pt-br/zfm/zfv/conteudo-principal/roteiro-dos-incentivos/view
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4.2.2 ZFM: características e desafios
A Zona Franca de Manaus (ZFM) quando idealizada albergava uma pequena parte da região
Norte, pois contemplava apenas uma área da cidade de Manaus, no Amazonas, e não possuía
todo o alcance e a dimensão de hoje. Por definição, conforme o decreto-lei n°288/1967, a ZFM
é:
Ao longo dos anos, a importância e ampliação do alcance da Zona Franca de Manaus na região
Norte fez com que esse projeto fosse reconhecido como um modelo de desenvolvimento
regional. Segundo Igrejas (2017), o desenvolvimento, por meio do modelo ZFM, ocorreu
baseado em três segmentos: industrial, comercial e agropecuário. O segmento industrial teve
como alicerce a adoção de incentivos fiscais atraentes em contraposição à postura industrial
protecionista para as outras regiões do país, nas quais predominava altas alíquotas sobre os
produtos importados.
Dessa forma, a indústria nascente na regiãofoi beneficiada, visto que era permitido importar
insumos de produção. O segmento industrial, conforme aponta Igrejas (2017), foi o que mais se
desenvolveu e teria sido o impulsionador da economia amazonense. As primeiras indústrias
foram implantadas a partir de 1969. Nos dias atuais, a ZFM dispõe de um parque industrial
consolidado na cidade de Manaus, com a instalação de mais de 500 empresas, atuando em
diversos setores, como eletrônico, veículos de duas rodas e produtos de informática.
[...] uma área de livre comércio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, com a
finalidade de criar um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de condições econômicas
que permitam o desenvolvimento da região, em face dos fatores locais e da grande distância, a que
se encontram, os centros consumidores de seus produtos (BRASIL, 1967).
Figura 4 - Vista do Polo Industrial de Manaus
Fonte: Altrendo Images, Shutterstock, 2021.
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#PraCegoVer: foto aérea mostra o Polo Industrial de Manaus, com o Rio Negro ao fundo e
indústrias instaladas mais ao centro, com vegetação no entorno.
 
O setor industrial é o ponto mais forte do modelo, pois por meio dele foi possível promover o
desenvolvimento com a geração de emprego e renda na região. O Polo Industrial de Manaus
(PIM) é um dos principais do país, responsável por um dos maiores PIBs da indústria brasileira
(BRASIL, 2015). A maior parte da produção do PIM é destinada ao mercado nacional,
representando uma parcela importante nos bens consumido pelos brasileiros, tais como
televisores, motocicletas, smartphones, condicionadores de ar, notebooks, canetas
esferográficas e barbeadores. O selo do PIM, representado pela figura de uma garça e
acompanhada da expressão "Produzido no Polo Industrial de Manaus", é uma exigência que
todo produto fabricado deve atender, com o intuito de dar publicidade e reconhecimento aos
produtos da região.
O segmento comercial também foi fundamentado em incentivos fiscais, com destaque para os
produtos importados e industrializados, fazendo com que os produtos comercializados na ZFM
fossem mais vantajosos em relação aos de outras regiões. O setor comercial logrou êxito nos
períodos entre 1967 e 1990, alavancando o turismo da região e gerando empregos (IGREJAS,
2017). Entretanto, o ciclo de prosperidade no setor comercial foi interrompido com a abertura
econômica em 1990 e a redução das tarifas de importação e produtos industrializados nas
demais regiões do país, o que acarretou redução significativa do comércio de produtos
importados na ZFM nos anos posteriores.
Em relação ao segmento agropecuário, as iniciativas foram voltadas para a implantação de
projetos agropecuários e agroindustriais no Distrito Agropecuário da Suframa (DAS),
albergando uma extensa área no município de Manaus e de Rio Preto da Eva, no Amazonas.
Essas áreas foram destinadas a empreendimentos de médio e grande porte, visando à
comercialização de produtos nos setores de agricultura, pecuária, silvicultura, aquicultura,
turismo ecológico, extrativismo vegetal e atividades agroindustriais. Algumas áreas também são
cultivadas por unidades familiares para consumo próprio, com culturas diversificadas de
subsistência.
Com o tempo, o modelo ZFM foi ampliando o escopo de atuação, passando para áreas de
P&D, comércio exterior e biotecnologia, com a implantação do Centro de Biotecnologia da
Amazônia (CBA), que procura aliar a inovação tecnológica com a biodiversidade amazônica
para promover o desenvolvimento econômico e social de forma sustentável na região.
Observa-se também que o modelo ZFM gera uma externalidade ambiental positiva, pois exerce
uma influência para a preservação da Floresta Amazônica, na medida em que concentra a
maior parte de suas atividades industriais no PIM, ocasionando fluxos migratórios do interior
para o centro, evitando o desmatamento de áreas de florestas (BRASIL, 2015). 
Atualmente, são muitos os desafios enfrentados pelo modelo ZFM, que recebe críticas desde o
surgimento, principalmente em relação à alta dependência da intervenção estatal e aos
questionamentos se tais incentivos de fato são efetivos e induzem as bases para o
desenvolvimento da região. Além disso, o modelo mostra necessidade de modernização e
diversificação nos mecanismos de promoção do desenvolvimento.
Teste seus conhecimentos
(Atividade não pontuada)
11/28/22, 3:29 PM Economia industrial, da tecnologia e inovação
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( p )
A Zona Franca de Manaus é um modelo de desenvolvimento regional implantado na
Amazônia Ocidental e em Macapá e Santana (AP), em vigor há mais de 54 anos,
promovendo a atração de empresas para a região, visando dinamizar a economia local e
gerar empregos. Considerando os aspectos gerais do modelo Zona Franca de Manaus,
analise as afirmativas a seguir.
I. Foi fundamentado em dois pilares principais: turismo e agronegócio.
II. Foi criado motivado pela preocupação com a ocupação territorial das fronteiras brasileiras
na região Norte e no desenvolvimento econômico da região.
III. Teve como modelo mais próspero o setor industrial.
IV. Substituiu a atividade de extrativismo de madeira que predominava no estado do
Amazonas.
Está correto o que se afirma em:
a. III e IV.
b. II e III.
c. I e II.
d. I e III.
e. I e IV.
Verificar 
4.3 Poder de mercado e da
indústria
A dinâmica industrial e econômica, com a intensificação do processo de globalização, vem se
transformando em uma velocidade maior a cada dia. A rápida difusão da informação e o livre
fluxo de capitais, produtos e pessoas influenciaram na forma como as empresas estão se
posicionando no cenário mundial. As grandes multinacionais espalharam-se pelo mundo,
dominando grande parcela do mercado consumidor. Com isso, observa-se um aumento do
poder de mercado dessas empresas influentes em determinados segmentos.
Silva (2008) destaca que com a dinamicidade da indústria e os avanços tecnológicos, as
empresas enfrentam diversos desafios, independente do porte, da situação financeira ou da
maturação do empreendimento. Um desses desafios é ter controle sobre o mercado em que
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atua, seja influenciando no preço do produto, na quantidade ofertada ou no comportamento dos
demais agentes.
Para compreender como uma empresa alcança esse poder de controlar o mercado em que
atua, é necessário entender em quais condições isso ocorre e em quais tipos de mercado isso é
possível. Vamos explorar as estruturas de mercado e suas características principais e, em
seguida, analisar a atuação do estado brasileiro no combate às práticas anticompetitivas e o
enquadramento da indústria brasileira dentre as diversas estruturas existentes. 
 
4.3.1 Estruturas de mercado e definição do poder de mercado
Quando pensamos em grandes empresas e marcas poderosas, que dominam os mercados
mundiais, na maioria das vezes, lembramos de multinacionais, como Coca-Cola, Google, Nestlé
e Walmart. Mas você já parou para pensar o que permite que essas empresas consigam atingir
esse patamar? Muitas dessas empresas detêm o que chamamos de poder de mercado. Você
sabe o que isso significa? O poder de mercado está associado à capacidade da empresa em
exercer influência no mercado, seja por possuir um produto diferenciado, com uma tecnologia
exclusiva e de alta qualidade, ou pelo fato de o segmento em que atua possuir poucos ou até
mesmo nenhuma concorrência direta.
Segundo Mello (2002), o poder de mercado, além de ser exercido com base no aumento de
preço, deve também levar em conta outros meios possíveis, como, por exemplo, no caso deuma empresa que diminui os preços de forma predatória de modo a forçar a saída de
concorrentes e potenciais entrantes. De maneira geral, o poder de influenciar no preço ou na
produção está diretamente ligado às condições do mercado em que a empresa atua, mais
especificamente dependerá do tipo de estrutura de mercado. 
As estruturas de mercado são definidas como a forma com que as empresas se organizam no
mercado. Cada estrutura é diferenciada de acordo com o número de vendedores e
compradores existentes no mercado, as características e o tipo do produto. Para Pindyck,
Rubinfeld e Rabasco (2013), a estrutura de mercado consiste na organização das indústrias e
sua relação com a produção de bens e serviços, definidos a partir do número de firmas
inseridas no mercado, homogeneidade ou diferenciação da produção.
As principais estruturas de mercado são: concorrência perfeita, concorrência imperfeita,
monopólio e oligopólio. Vamos saber mais. 
O filme Fome de Poder (2016) retrata a trajetória de
ascensão da rede de hambúrgueres McDonald's e
mostra como o ambicioso vendedor Ray Kroc adquire
uma participação no negócio dos irmãos Richard e
Maurice Mac McDonald, no sul da Califórnia,
transformando a marca em um império alimentício que
dominou grande parte do mercado. Vale a pena para a
reflexão sobre como uma empresa alcança poder de
mercado e consegue se tornar uma potência no ramo
em que atua
Você quer ver?
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Poucos são os mercados que atuam em concorrência perfeita, o que ocorre é a junção de
características de diferentes tipos. Nos casos de empresas que atuam em segmentos que se
aproximam a esse tipo de estrutura, dificilmente terão a possibilidade de alcançar o poder sobre
o preço ou a quantidade.
Contudo, o que pode ocorrer é a empresa atingir um nível de diferenciação do produto tão
elevada que mesmo atuando com muitos concorrentes consiga alcançar certo poder sobre o
segmento. É o caso da Apple na produção do iPhone, que conquistou uma parcela considerável
do segmento de smartphones. Nessa situação, o mercado é caracterizado como oligopólio.
Concorrência
perfeita
De acordo com Gonçalves, Santiago e Cardoso Júnior
(2017, p.18), é “uma estrutura de mercado em que há
grande número de vendedores, sendo que somente
uma empresa, isoladamente, não afeta os níveis de
oferta do mercado e nem o preço de equilíbrio”.
Concorrência
imperfeita
É uma estrutura de mercado que engloba
características da concorrência perfeita em conjunto
com elementos que se aproximam do monopólio.
Nesses tipos de mercado, algumas empresas, em
algum momento, seja por meio da diferenciação do
produto ou por marketing, terão capacidade de
controlar o preço.
Monopólio
Existe uma única empresa que domina inteiramente a
oferta de determinado produto, não existindo
concorrência. Pindyck, Rubinfeld e Rabasco (2013)
apontam que o monopólio puro é raro, mas em muitos
mercados apenas poucas empresas concorrem entre
si.
Oligopólio
É caracterizado como uma estrutura de mercado com
um pequeno número de empresas (normalmente
grandes) que dominam a oferta de mercado. Nesses
últimos casos, as empresas podem estar capacitadas a
influenciar no preço e na produção, levando a empresa
a atingir o poder de mercado ou poder de monopólio.
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#PraCegoVer: foto mostra parte de uma mulher, que segura com as mãos um smartphone
branco. Na tela são mostrados diversos ícones de aplicativos. 
 
Atualmente, a maior parte dos setores tem poucas empresas atuando, de modo que cada uma
tem algum grau de poder onde atua. Entretanto, convém destacar que o excessivo poder de
mercado também ocasiona problemas éticos. Se uma empresa possui um significativo poder,
ela pode estar lucrando à custa dos consumidores. Diante disso, existem mecanismos para
inibir ou desestimular que uma empresa alcance poder excessivo.
De acordo com Mello (2002), é necessário mecanismos para restringir o exercício do poder de
mercado, pois empresas que detêm o poder podem prejudicar a competição, gerando falhas ou
ineficiência. Esses mecanismos podem ocorrer na forma de uma intervenção direta do Estado,
via regulamentação de preços e a promulgação de leis destinadas à promoção da
competitividade.
Nesses casos, as leis conhecidas como antitruste são estabelecidas visando sanções às
práticas não competitivas, derivadas do abuso de poder e focadas nas ações relativas à
estrutura, buscando, desse modo, prevenir o aparecimento de formas de mercado mais
concentradas, para não elevar a possibilidade de exercício abusivo de poder de mercado.
No Brasil, por exemplo, existe uma gama de medidas e mecanismos utilizados para fiscalizar e
regulamentar práticas, como a formação de monopólios e cartéis, evitando a grande
concentração de poder econômico. Veremos com mais detalhes a seguir. 
4.3.2 Poder da indústria brasileira e instrumentos de competitividade
A maioria dos países dispõe de legislação específica para a coibição de abusos de poder de
mercado e com isso a promoção de condições de competição, com vistas para a maior
eficiência econômica. No caso do Brasil, o marco da atuação do Estado no controle da
Figura 5 - Apple e seus produtos se caracterizam como uma estrutura de oligopólio
Fonte: franz12, Shutterstock, 2021.
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concorrência ocorreu por meio da Constituição Federal de 1988, que trata sobre os princípios
gerais da atividade econômica, entre os quais salienta, no artigo 170, inciso IV, o princípio da
livre concorrência.
A partir disso, é estabelecido o Sistema Brasileiro de Defesa Econômica (SBDC), objetivando a
prevenção e repressão às infrações contra a ordem econômica, orientada pelos ditames
constitucionais de liberdade de iniciativa, livre concorrência, função social da propriedade,
defesa dos consumidores e repressão ao abuso do poder econômico (BRASIL, 2011). Como
parte desse sistema, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) foi criado para
estimular a livre concorrência e prevenir eventuais estruturas no mercado que possam ser
danosas à concorrência.
Como exemplo de reposicionamento da indústria de alimentos
como forma de ganhar poder em um segmento, temos o caso da
linha vegetal da Seara. A crescente preocupação com a saúde e
a composição dos alimentos consumidos no dia a dia, ganha
força as empresas que conseguem vislumbrar essa fatia do
mercado em ascensão. A Seara é uma empresa brasileira no
ramo alimentício há 60 anos e um dos maiores produtores
globais de alimentos, focada nos seguimentos de carnes de
aves e suínas in natura e no seguimento de alimentos
industrializados. Nos últimos anos, a empresa vem inovando nos
produtos, visando atender à demanda emergente de produtos
mais saudáveis. 
É o caso da linha Incrível Seara, que oferece alimentos 100%
vegetais, e da linha Nature, que oferece alimentos produzidos
sem conservantes artificiais. Essas ações representam uma
grande diferenciação da empresa em relação aos concorrentes.
Contudo, mesmo com toda a regulamentação, em alguns setores da economia brasileira é
possível identificar empresas que possuem determinado poder de mercado. Ainda que não
estejam atuando em estruturas de monopólio puro, muitas empresas conseguem dominar
grande parcela do mercado consumidor, influenciando no funcionamento, seja por diferenciação
e reposicionamento de produtos ou por falta de concorrentes potenciais.
Clezar, Triches e Moraes (2013) salientam que no período entre 1996 e 2007, as estimativas de
poder de mercado na indústria brasileira foram significativase com valor elevado em 16, do
total de 23 setores, com destaque para os de alimentos, material eletrônico e veículos. 
Caso
4 4 C t ib tá i i õ
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4.4 Carga tributária nas organizações
industriais
O sistema tributário brasileiro é complexo e bastante oneroso para os contribuintes, sendo
conhecido por ter uma das cargas tributárias mais elevadas do mundo. A carga tributária é alta
para todos os setores da economia, mas essa característica afeta principalmente as
organizações industriais.
Apesar de o segmento industrial ser responsável por uma parte considerável do PIB nacional, é
o setor que mais sofre tributação. Essa alta acaba por gerar consequências negativas para a
economia, como, por exemplo, o encarecimento de produtos nacionais, prejudicando as
exportações.
Além disso, a tributação é conhecida como principal obstáculo para o crescimento das
indústrias em geral, pois quanto maior a cadeia produtiva, maior a diversidade de impostos
existentes a serem incididos.
4.4.1 Custo Brasil e a perda de competitividade industrial
O sistema tributário brasileiro é composto por diferentes categorias de tributos. Vamos conhecê-
los.
Impostos
Incidem sobre qualquer geração de riqueza e não têm
destinação específica.
Taxas
Cobradas em contrapartida a um serviço prestado ao
indivíduo pelo Estado (taxa de serviço) ou para
financiar os órgãos fiscalizadores (taxa de polícia).
Contribuições sociais
Utilizadas para financiar a seguridade social
(previdência, assistência social e saúde pública).
Contribuições de melhoria
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Além disso, é importante salientar que tais tributos podem ser cobrados em diferentes esferas,
dependendo da competência da incidência, podendo ser federal, estadual e municipal. Outro
ponto de destaque é relativo ao tipo de sistema tributário: regressivo e progressivo. O sistema
regressivo é caracterizado pela maior incidência de impostos em quem ganha menos,
proporcionalmente. Por outro lado, o sistema progressivo incide em quem ganha mais, em
conformidade ao princípio da capacidade contributiva, ou seja, quem tem maior renda.
No caso do Brasil, o sistema tributário é caracterizado como regressivo, uma vez que a maior
parte dos tributos incidem principalmente sobre o consumo, pois a maior parte dos impostos
são incorporados nos preços dos bens e serviços.
Esse conjunto de tributos, aliado a outros fatores que oneram os custos industriais e demais
serviços, constituem o que é conhecido como Custo Brasil, uma expressão que se refere às
barreiras burocráticas, aos custos de produção e do ambiente de negócio, que influenciam nas
condições de oferta, tais como: tributação, acesso e tipos de financiamento, custos trabalhistas
e infraestrutura.
Segundo dados de 2013, publicados em pesquisa elaborada pela Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (2013), o Custo Brasil encarece os produtos industrializados, de tal forma
que chegam a custar 33,7% a mais que os produtos importados de países parceiros, como
Alemanha, Argentina, Chile, França. O Custo Brasil independe de estratégias industriais, pois
decorre de deficiências em fatores sistêmicos, que somente poderão ser mitigadas com
políticas de Estado.
Cobradas de um indivíduo quando o Estado realiza
uma obra que valoriza seu imóvel.
O imposto sobre produto industrializado (IPI) é um dos
principais impostos federais e incide sobre produtos
industrializados, e as alíquotas variam de acordo com a
categoria e essencialidade do produto. Possui grande
relevância na regulamentação do mercado e na elaboração
de políticas públicas.
Você sabia?
Vamos Praticar!
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Com base nos aspectos da Zona Franca de Manaus,
descreva os eixos principais do modelo e os impactos da
sua implementação na economia local. Escreva seu
texto e compartilhe com os colegas para que possam
debater a respeito da temática.
Concluímos a unidade na qual abordamos o processo de
desindustrialização e seus efeitos na economia brasileira.
Conhecemos um pouco sobre a Zona Franca de Manaus, o marco de
sua criação e seus aspectos gerais. Além disso, analisamos as
principais estruturas de mercado existente e verificamos as
possibilidades de ocorrência do poder de mercado. Por último,
apresentamos a carga tributária brasileira e seus desdobramentos na
evolução da indústria.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
Conclusão
reconhecer as consequências da desindustrialização na economia
brasileira;
analisar o arcabouço e os impactos do modelo Zona Franca de
Manaus;
identificar e analisar as principais estruturas de mercado;
apontar a estrutura tributária brasileira que incide nas organizações
industriais.
BRASIL. Decreto-lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967. Altera as disposições da Lei
número 3.173 de 6 de junho de 1957 e regula a Zona Franca de Manaus. Brasília, DF:
Presidência da República, 1967. Disponível em:
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de julho de 1985; revoga dispositivos da Lei nº 8.884, de 11 de junho de 1994, e a Lei
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