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A Cannabis sativa pode ser usada no tratamento da Doença de Parkinson? Disciplina Plantas Medicinais e Fitoterapia - Semestre 22.2 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Campus Trindade Centro de Ciências Biológicas, Bloco D. Florianópolis, Santa Catarina, Brasil 88049-900 Carolina Franchi de S. Sá Isabelle Pinheiro Gomes da Silva https://moodle.ufsc.br/course/view.php?id=167807 https://moodle.ufsc.br/user/view.php?id=195526&course=166398 https://moodle.ufsc.br/user/view.php?id=195526&course=166398 Introdução a planta SATIVA INDICA RUDERALIS Folíolos mais estreitos, ramos mais afastados e coloração que tende mais para o “verde primavera”. É a maior das plantas e produz menos flores. Maior concentração de THC. Folíolos mais largos que se sobrepõem, galhos que estão mais próximos e uma coloração que tende mais para o verde oliva. A planta é mais curta e mais densa, produzindo botões de flores mais grossos e mais densos. Maior proporção de CBD. Folíolos variados, a planta apresenta uma estatura mais baixa e tamanho geralmente pequeno. Esta subespécie é usada para criar híbridos C. sativa ou C. indica com características desejadas selecionadas. Cannabis sativa https://www.jb.utad.pt/especie/Cannabis_sativa - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD - Portugal) Cannabaceae é uma família de plantas com flor da ordem Rosales que na sua presente circunscrição taxonómica inclui 11 géneros e mais de 170 espécies. Introdução a planta A cannabis é uma planta florida, anual e dioica, o que significa que existem plantas macho (estaminada) e fêmea (pistiladas), que crescem livremente em várias partes do mundo, principalmente nas regiões tropicais e temperadas. Os tricomas são estruturas da epiderme vegetal que apresentam diversas funções, como a diminuição da perda de água, proteção contra herbivoria e atração de polinizadores. TRICOMAS Terpenos (óleos essenciais) Fitocanabinóides THC e CBD Fitocanabinóides: THC e CBD Usos populares - Seus usos e indicações são bastante diversos, desde o uso em rituais religiosos, uso recreativo e não- medicinal até usos medicinais para dezenas de enfermidades e distúrbios. delta9-Tetrahydrocannabinol cannabidiol Mais de 100 canabinóides terpenofenólicos foram isolados desta planta, sendo primeiramente elucidada em 1964 a estrutura química dos seus dois principais componentes, o Δ9- tetrahidrocannabinol (THC) que é o principal constituinte psicoativo e o canabidiol (CBD). Sistema Endocanabinóide Sistema endocanabinoide é composto por receptores próprios, enzimas e neuromoduladores que são os canabinoides endógenos. Existem dois receptores canabinoides já conhecidos, receptor canabinoide tipo 1 (CB1) e receptor canabinoide tipo 2 (CB2) De forma geral, CB1 é encontrado mais abundantemente no tecido nervoso, e CB2 em tecidos periféricos. Ambos os receptores são acoplados à proteína Gi. O THC atua diretamente em receptores canabinóides que são acoplados à proteína G e está envolvido inclusive em mecanismos sinápticos e neuroprotetores. Já o CBD está envolvido com mecanismos de modulação alostérica de receptores canabinóides, aumento dos níveis de endocanabinóides. Enzimas P450 (CYP) são responsáveis pelo metabolismo da maioria dos medicamentos. Quando inalado, o THC acelera a atividade da enzima CYP, resultando em uma quebra acelerada das drogas. Os medicamentos suscetíveis a essas interações incluem medicamentos como “clozapina, duloxetina, naproxeno, ciclobenzaprina, olanzapina, haloperidol e clorpromazina” Interações Medicamentosas: THC Enzimas do citocromo P450 Remédios para o câncer e transportadores de membrana Álcool SSRIs (inibidores seletivos da recaptação da serotonina) Antidepressivos tricíclicos Opiáceos Depressores SNC Bloqueadores do canal de cálcio Contraindicações: Gestantes, lactantes, adolescentes, crianças e pessoas que operam máquinas ou vão dirigir. Além de pacientes com quadros prévios de psicose, esquizofrenia e paranoia. O CBD inibe muitas das enzimas CYP responsáveis pela degradação dos medicamentos. Como resultado, o uso concomitante de CBD com medicamentos selecionados pode resultar em níveis intensificados dessas drogas no corpo. Os medicamentos potenciais incluem SSRIs, antidepressivos tricíclicos, antipsicóticos, beta-bloqueadores e opioides (incluindo codeína e oxicodona). Remédios para o câncer e transportadores de membrana SSRIs, antidepressivos tricíclicos (TCAs) e benzodiazepínicos Anticonvulsivantes Diluidores de sangue Interações Medicamentosas: CBD Enzimas do citocromo P450 Contraindicações: Pessoas alérgicas a substância e pacientes com problemas cardíacos. Cannabis pode ser usado no tratamento da Doença de Parkinson? A fisiopatologia da DP: aspectos anatômicos, bioquímicos e moleculares. Cannabis para a Doença de Parkinson? Tem sido proposto que os agonistas canabinóides, como THC, podem reduzir a hiperexcitação da via subtálamo-nigral o que poderia ser a via de promoção de redução do tremor parkinsoniano. As estruturas anatômicas que atuam no sistema motor e que são afetadas pela DP incluem os núcleos da base (caudado, putâmen, globo pálido, substância negra e núcleo subtalâmico) e suas conexões Erros no envelopamento da proteína α-sinucleína ocasionando a presença de corpos de Lewy, agregados citoplasmáticos da fosfoproteína alfa-sinucleína e estresse oxidativo. Ocorre deficiência da enzima tirosina hidroxilase (TH) que catalisa a formação de L-Dopa, limitando a velocidade da biossíntese de dopamina. Aspectos anatômicos Aspectos bioquímicos e moleculares Cannabis pode ser usado no tratamento da Doença de Parkinson? Sim, mas não como mono tratamento, apenas como um complemento. Tem se mostrado eficaz nos sintomas não motores, principalmente diminuindo sintomas que afetam a qualidade de vida do paciente com DP e sintomas psicológicos. Não podemos extrapolar os resultados, por isso precisamos de mais estudos na área. Os estudos mais recentes em andamento estão avaliando um possível efeito neuroprotetor nos neurônios, o controle de sintomas motores e os possíveis benefícios do THC. O que as pesquisas nos mostram até agora? Melhora em relação a quedas Melhora em relação a mobilidade Melhora na caminhada Sono de melhor qualidade Melhora na qualidade de vida Melhora na acinesia Melhora nas câimbras Sempre lembrando que não podemos extrapolar os resultados obtidos até um momento. Não há um consenso ainda. ARTIGO: Efeitos do canabidiol no tratamento de pacientes com doença de Parkinson: Um estudo exploratório duplo-cego Método: Foram selecionados 119 pacientes que inicialmente ja eram acompanhados no hospital durante 24 meses. Critérios de inclusão: diagnóstico de DP idiopática, idade acima de 45 anos, uso de doses estáveis de medicação anti-Parkinson por pelo menos 30 dias e e uma pontuação entre 1 e 3 na escala Hoehn e Yahr; e os critérios de exclusão, sendo os seguintes: presença de Parkinsonismo, qualquer transtorno psiquiátrico anterior ou atual, diagnóstico de demência, comorbidade clínica relevante e uso anterior de cannabis. Foram selecionados 23 pacientes e desses 23, apenas 21 participaram do estudo, esses 21 foram divididos em 3 grupos. As seguintes escalas foram utilizadas: (i) UPDRS para avaliar os sintomas da DP; (ii) Questionário de Doença de Parkinson – 39 (PDQ-39) a avaliar o funcionamento e o bem-estar; e (iii) Udvalg para kliniske undersøgelser (UKU) escala de classificação de efeitos colaterais para avaliar possíveis efeitos adversos do CBD Objetivo: Avaliar as propriedades neuroprotetoras do CBD no contexto de doenças neurodegenerativas. Duas investigações usando modelos animais de DP foram conduzidos até o momento para avaliar os efeitos neuroprotetores de CDB. Na primeira, Lastres- Becker et al. (2005) mostrou que a administração de CBD neutralizou a neurodegeneração causada pela injeção de 6-hidroxi- dopamina no feixe prosencefálico, efeito que pode estarrelacionado ao modulação das células da glia e aos efeitos antioxidantes Em conclusão, o estudo, apesar de uma amostragem pequena, concluiu que um possível efeito do CDB é a melhora na qualidade de vida dos pacientes. Embora, não tenha apresentado resultados estatisticamente significativos nas escalas de melhora no sintomas motores. Conclui também, que há a necessidade de realizar estudos com maiores amostragens. Discussão e resultados Em relação à UPDRS, não foram encontradas diferenças entre as variações de pontuação média nos três grupos. Em relação ao PDQ-39, encontramos diferenças significativas entre o escore total do placebo e CBD 300 mg/dia. Os escores nos fatores “AVD” e “estigma” também tiveram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos que tomaram placebo e CBD 300 mg/dia e CBD 75 mg/dia e 300 mg/dia. Não houve diferenças entre os grupos tratados com CBD e placebo em relação aos níveis de BDNF no início e após 6 semanas, nem nas diferentes medidas usando H1-MRS (NAA/Cre). Além disso, nenhum efeito colateral significativo foi registrado em nenhum dos grupos avaliados com a UKU ou por meio de relatos verbais.. Bibliografia HORTES N CHAGAS, Marcos et al. Effects of cannabidiol in the treatment of patients with Parkinson’s disease: An exploratory double-blind trial. Journal of Psychopharmacology, [S. l.], v. 28, p. 1088, 17 nov. 2022. DOI 10.1177/0269881114550355. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25237116/. Acesso em: 16 nov. 2022. JANKOVIC, J. Pathophysiology and clinical assessment. In: Handbook of Parkinson's Disease, Fourth Edition. CRC Press, 2007. p. 67-85. JANKOVIC, J. Parkinson’s disease: clinical features and diagnosis. Journal of neurology, neurosurgery & psychiatry, v. 79, n. 4, p. 368-376, 2008. RIBEIRO, M. G. Antiparkisonianos. In: SILVA, P. Farmacologia. 8a Edição, Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2010 RUSSO, E. B.; GUY, G. W.; ROBSON, P. J. Cannabis, pain, and sleep: lessons from therapeutic clinical trials of Sativex®, a cannabis‐based medicine. Chemistry & biodiversity, v. 4, n. 8, p. 1729-1743, 2007. Bibliografia complementar Cannabis in Parkinson’s Disease: The Patients’ View.Journal of Parkinson’s Disease (2020) Ferhat Yenilmez, Odette Frundt, Ute Hidding and Carsten Buhmann Department of Neurology, University Medical Center Hamburg-Eppendorf, Alemanha. Long-term physiotherapy in patients after stroke, with multiple sclerosis, or with Parkinson’s disease. Alvin Atlas, Konstance Nicolopoulos, Anna Ali, Ross McLeod, Thomas Vreugdenburg. Cannabidiol for Rapid Eye Movement Sleep Behavior Disorder. Carlos M.O. de Almeida. Promising cannabinoid-based therapies for Parkinson’s disease: motor symptoms to neuroprotection. Sandeep Vasant More and Dong-Kug Choi* Obrigada!
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