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Características do Conhecimento Científico

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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 1
PENSAMENTO CIENTÍFICO
Unidade 1 - Seção 2
Objetivo da disciplina
A disciplina de Pensamento Científico tem como
objetivo proporcionar maior facilidade de
compreensão da importância do conhecimento no
mundo real, tanto na solução de problemas
teóricos como práticos, favorecendo a identificação
dos diversos tipos de conhecimentos, distinguindo
suas principais particularidades e, principalmente,
identificando seus limites para a solução de
problemas cotidianos.
PENSAMENTO CIENTÍFICO
Unidade 1 - Seção 2
QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DO 
CONHECIMENTO CIENTÍFICO?
WEBAULA - Pensamento Científico
Qual a diferença entre o senso comum e o 
conhecimento científico?
Características mais fundamentais do conhecimento 
científico
• SISTEMACIDADE
• RACIONALIDADE
• VERIFICABILIDADE
• QUESTIONABILIDADE
Características mais fundamentais do conhecimento 
científico
SISTEMACIDADE
A sistemacidade é a estrutura ordenada logicamente entre
enunciados que formam o conhecimento científico em sua
totalidade.
A abstenção desse tipo de característica levaria o conhecimento
científico a tolerar contradições lógicas (por exemplo, “esse círculo
é quadrado”) e confusões da linguagem ordinária (por exemplo, o
conceito de “observador” da física quântica, que, diferente do
senso comum, significa técnica ou instrumento de medida).
Além disso, a sistematização permite a extração de enunciados
objetivos e, portanto, foge de qualquer interpretação subjetiva.
Características mais fundamentais do conhecimento 
científico
RACIONALIDADE
A característica ordenada pelo conjunto de regras ou a clareza
necessária para o livre debate científico.
Sem racionalidade, a ciência não seria debatível e nem mesmo
entendível.
Na verdade, ela não passaria de um jogo de palavras obscuras e,
consequentemente, intraduzíveis.
Portanto, a ciência requer racionalidade.
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 2
Características mais fundamentais do conhecimento 
científico
VERIFICABILIDADE
Procedimentos experimentais, através de verificação direta,
indireta ou por comparabilidade empírica.
Sem verificabilidade, a ciência não seria diferente da filosofia, da
religião ou das artes.
A verificabilidade é o requisito fundamental para avaliar o grau
de confirmação (e de verdade) de hipóteses e teorias.
Características mais fundamentais do conhecimento 
científico
VERIFICABILIDADE
Procedimentos experimentais, através de verificação direta,
indireta ou por comparabilidade empírica.
Sem verificabilidade, a ciência não seria diferente da filosofia, da
religião ou das artes.
A verificabilidade é o requisito fundamental para avaliar o grau
de confirmação (e de verdade) de hipóteses e teorias.
Características mais fundamentais do conhecimento 
científico
QUESTIONABILIDADE
A questionabilidade também é conhecida como ceticismo
científico.
Sem ceticismo, o dogmatismo triunfaria na ciência, de modo que
as teorias não seriam mais escolhidas pela sua compatibilidade
com a realidade, mas simplesmente por votos populares ou fé.
O conceito de verificabilidade no contexto do
conhecimento científico não deve ser confundido com uma
forma de empirismo ingênuo.
O conceito também não deve ser visto como sinônimo do
conceito de verificacionismo da tese de Rudolf Carnap
(2003) , e nem com o falseacionismo da tese de Karl Popper
(2013) .
A tese de Carnap se refere a um critério para enunciados,
enquanto a de Popper se refere à condição de
refutabilidade de hipóteses e teorias. A definição admitida
no texto se refere à condição para testar hipóteses e
teorias com o auxílio do raciocínio lógico-matemático.
O que torna o conhecimento científico diferenciado em
comparação com outras formas de conhecimento?
Quais são as principais características do conhecimento científico?
Por que razão diversas grandes potências reservam uma parcela de
seu PIB para investir em ciência e tecnologia?
Por que os cientistas estudam planetas distantes em vez de
concentrarem seus esforços em problemas sociais vigentes, como
a desigualdade social, a extrema pobreza e a desnutrição?
Por que investir milhões de dólares em pesquisas básicas?
Diversos esforços coletivos promovidos dentro do contexto da história
da Era Espacial contribuíram direta e indiretamente para o surgimento
de tecnologias usadas no dia a dia, como travesseiros, painéis solares,
satélites artificiais, detectores de fumaça e muitos outros.
Poderia também ser respondido que uma compreensão profunda da
genética levou ao desenvolvimento de alimentos transgênicos, que são
ricos em proteínas, contribuem para a redução do uso de agrotóxicos e
auxiliam diretamente no combate à desnutrição em países do
continente africano.
Explicar a origem de todo esse processo de construção de
conhecimento enriquece a cultura à medida que revela como as
características do conhecimento científico auxiliam no progresso
tecnológico, principalmente na produção de vacinas em contextos de
pandemias, como a da Gripe Espanhola e do novo coronavírus (SARS-
CoV-2).
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 3
Em uma sala de aula, um professor de Filosofia da Ciência escolhe três
alunos com o objetivo de atribuir a cada escolhido uma disciplina que
alegue o status de ciência:
• a primeira disciplina é a Astronomia (atribuída ao aluno A);
• a segunda disciplina é a Sociologia (atribuída ao aluno B); e,
• a terceira disciplina é a Psicanálise (atribuída ao aluno C).
Em seguida, os alunos são convidados a aplicar o ceticismo científico na
disciplina atribuída a eles para avaliar suas hipóteses e teorias, bem
como questionar suas bases analisando a possível compatibilidade com
os resultados da ciência.
Supondo que os alunos tiveram êxito no trabalho proposto, considere o
resultado a que cada aluno chegou:
A astronomia é uma ciência porque suas teorias são compatíveis
com os dados disponíveis das melhores agências espaciais.
A sociologia é uma ciência porque suas teorias são baseadas em
evidências. Além disso, a sociologia consegue, com base no uso de
modelagem computacional, realizar predições sobre fenômenos
sociais com alto nível de acurácia.
A psicanálise não parece ser uma ciência, ou talvez seja uma
pseudociência, porque suas principais hipóteses não constituem
uma teoria científica. Mais ainda, algumas alegações sobre
possíveis entidades ou objetos não podem ser testadas ou
demonstradas empiricamente. Ela também tem outro ponto falho,
que consiste na ausência de uma formalização lógica adequada da
qual seja possível a extração objetiva do significado de um
conceito central no campo.
Normalmente, o próprio aluno C poderia indagar sobre o motivo
pelo qual a psicanálise ainda mantém um local prestigiado em
universidades públicas e particulares, sendo que ela falha em
cumprir os requisitos mínimos esperados de um campo que alega
produzir conhecimento científico.
Quais seriam os possíveis indicadores que revelariam o porquê de
certas pseudociências, como a psicanálise, ainda manterem algum
prestígio na academia, mesmo não cumprindo requisitos
esperados de uma atividade que preza pela verdade?
A ciência é mais que um corpo de conhecimento, é
uma forma de pensar, uma forma cética de interrogar
o universo, com pleno conhecimento da falibilidade
humana.
Se não estamos aptos a fazer perguntas céticas para
interrogar aqueles que nos afirmam que algo é
verdade, e sermos céticos com aqueles que são
autoridade, então estamos à mercê do próximo
charlatão político ou religioso que aparecer.
Carl Sagan, entrevista de 1996
CONCEITO-CHAVE
CONHECIMENTO CIENTÍFICO: Sistematicidade, Falibilidade e
Questionabilidade.
Sistematização é basicamente a forma como seus enunciados são 
logicamente estruturados, evitando confusões da linguagem 
ordinária, como contradições lógicas e polissemia.
A sistematização do conhecimento científico permite que seus
enunciados não entrem em contradição ao longo deuma explicação
a respeito de algum fenômeno da realidade, evitando a utilização de
jargões desnecessários e, por vezes, incompreensíveis, como
sentenças que fazem parte de muitos sistemas filosóficos dos
chamados filósofos do irracionalismo, como Friedrich Hegel e
Martin Heidegge
A adoção de uma estrutura lógica dentro de enunciados científicos 
permitiu que qualquer discurso ou método dialéticos fosse 
extirpado do conhecimento científico, contrariando a crença popular 
de que a dialética é um elemento indispensável na atividade 
científica.
Isso ocorre desde o surgimento da ciência moderna, admitindo
tacitamente o Princípio da Não Contradição de Aristóteles, que
assegura que afirmações contraditórias não podem ser verdadeiras
ao mesmo tempo.
Portanto, a ciência evita o uso de proposições contraditórias, como
“esse círculo é quadrado”, “toda verdade é uma mentira” e “tudo é
relativo”.
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 4
A dialética é um conceito problemático desde Heráclito, significando
em seus primórdios a ideia de que existe um Princípio da Unidade
dos Contrários, ou seja, a ideia de que todas as coisas que existem
possuem uma contraparte ou uma entidade oposta (por exemplo,
partículas e antipartículas).
Outro aspecto central do conhecimento científico é a falibilidade, 
que significa que todo discurso científico é passível de correção, 
evitando assim qualquer tipo de dogmatismo, como a estagnação 
de uma hipótese científica e o culto à autoridade.
Esse conceito está presente na tese do filósofo da ciência Karl
Popper (2013), que estipulou que a falseabilidade ou
refutabilidade é a condição para refinar cada vez mais hipóteses e
teorias científicas.
Esse princípio de falseabilidade é importante para a estruturação 
de hipóteses iniciais ou primitivas, por polir afirmações destituídas 
de evidências científicas, mas não é um critério de demarcação 
satisfatório para produzir conhecimento científico.
Na verdade, mesmo que alguns cientistas considerem que a ciência
siga o modelo popperiano, nenhum filósofo da ciência considera-o
como um critério satisfatório – especialmente porque a
pseudociência também mantém um nível de conciliação com o
respectivo critério de demarcação.
A falibilidade permite que a ciência progrida com novos dados e
evidências, fazendo também com que as teorias sejam cada vez
mais (re)ajustadas à realidade, produzindo um conhecimento
diferenciado em comparação com os outros, sendo então mais
profundo e verdadeiro.
Essa posição também é admitida por filósofos científicos – ou seja,
filósofos que estão em dia com os resultados da ciência e
tecnologia –, que assumem que a ciência produz um tipo de
conhecimento mais profundo e verdadeiro.
A ciência também mantém em seu núcleo um aspecto de 
questionabilidade ou ceticismo, que significa dúvida metodológica 
e consiste na adoção do ceticismo científico, que é o princípio 
segundo o qual todas as hipóteses e teorias devem ser 
questionadas de forma metódica, responsável e cientificamente 
orientada.
Isso significa que a ciência não adota um tipo de ceticismo
conhecido como radical, em que tudo deve ser questionado, que
advoga por um questionamento absoluto, irresponsável,
descontrolado e, portanto, dogmático. A questionabilidade
promovida na ciência é a que submete alegações e hipóteses
destituídas de evidências razoáveis à crítica de outros cientistas,
promovendo um diálogo construtivo, sadio e útil para o
desenvolvimento da ciência.
O ceticismo científico não deve ser confundido com o 
negacionismo da ciência, que é a posição que defende a rejeição 
completa ou parcial do conhecimento científico.
O negacionismo da ciência está atrelado a posições ideológicas de
seus praticantes, entrando em cena quando a ciência revela um fato
em relação ao qual a pessoa está em desacordo por alguma razão
política, religiosa ou cultural.
Alguns exemplos de negacionismo da ciência incluem a negação
de efetividade das vacinas, a rejeição da circunferência da Terra,
a depreciação das consequências das mudanças climáticas e a
resistência em aceitar a evolução biológica das espécies através
do processo de seleção natural.
OBJETIVIDADE, POSITIVIDADE, RACIONALIDADE E EXPLICABILIDADE
No contexto do conhecimento científico, o conceito de objetividade não
deve ser confundido com objetivismo, que é doutrina ideológica e
pseudofilosófica de Ayn Rand.
A objetividade se refere à pretensão clara e objetiva na
formulação de enunciados científicos, evitando o
subjetivismo interpretativo, que é a noção segundo a qual é
possível a extração de diversas interpretações e múltiplos
significados de um determinado texto.
Por conta de a linguagem científica ser diferente da linguagem ordinária,
principalmente pela sua construção lógica e sistematização, o
subjetivismo não faz parte das proposições científicas.
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 5
A objetividade é atrelada a uma concepção positiva de ciência, cujo
papel é o acúmulo gradual de conhecimento por meio da
confirmação empírica, em vez de uma estrutura desordenada que
desmorona a cada nova revolução científica, como defendeu de
forma irresponsável o filósofo e historiador da ciência Thomas
Kuhn.
Segundo Kuhn (2017), a ciência muda como a moda, de modo que 
o objetivo da ciência não seria mais a verdade. No entanto, essa 
concepção ignora que todas as revoluções científicas são sempre 
parciais, que elas nunca rompem totalmente com o conhecimento 
anterior, como é o caso da mecânica clássica de Newton, que, 
mesmo após o surgimento da teoria da relatividade geral e da 
mecânica quântica, ainda permanece válida para calcular a trajetória 
de objetos terrestres e continua sendo usada para enviar foguetes 
ao espaço.
A teoria da evolução de Charles Darwin também é outro exemplo
dessa característica positiva da ciência, pois ela foi atualizada com
os dados da genética e da biologia molecular, revelando um
panorama ainda mais abrangente sobre a evolução das espécies,
explicando até a origem de certos traços comportamentais nos
seres humanos modernos.
No entanto, a ciência não progride apenas com base em
experimentos, ela precisa de racionalidade.
A racionalidade presente no conhecimento científico pode ser
explicada de duas formas, pelo menos: a ideia de que todo discurso
científico é debatível de forma organizada (com o exercício do uso
da razão) ou a ideia de que o raciocínio formal é um alicerce na
construção do conhecimento científico.
A primeira ideia pressupõe tacitamente características 
anteriormente explicadas, como as noções de sistematização e de 
objetividade, de modo que apenas com uma linguagem 
compreensível, logicamente e objetivamente coerente, é possível 
discutir racionalmente conhecimentos e problemas científicos, 
enquanto a segunda exprime a ideia de que a construção de 
conceitos lógicos e formais serve para representar objetos que 
possuem existência concreta, material e real na realidade, como 
campos, partículas e cérebros.
De acordo com a última definição, sem o raciocínio formal, o qual
consiste na ciência formal da lógica e da matemática, nenhum
conhecimento seria possível, pois são necessários sempre
símbolos e expressões matemáticas não apenas para representar
objetos, mas também para quantificar os dados oriundos da
investigação científica.
Até mesmo a filosofia contemporânea, como a filosofia analítica e a
filosofia científica, trata o raciocínio lógico-matemático como
essencial para a produção de conhecimento filosófico.
No entanto, o conhecimento científico busca trabalhar com o
raciocínio formal visando fornecer uma explicação mais adequada
com base nos dados e nas evidências da investigação científica, de
modo que não é um mero exercício lógico destituído de valor
empírico.
A pretensão de elaborar cada vez mais proposições e teorias
ajustadas à realidade revela o aspecto de explicabilidade da
ciência.
Sem a pretensão de explicar a realidade,ou algum de seus níveis
em particular (físico, químico, biológico, psicológico, social,
artificial, etc.), os cientistas não teriam qualquer motivo para
investigar o mundo e produzir conhecimento científico.
A explicabilidade, portanto, refere-se simplesmente ao papel da 
ciência em investigar o mundo e prover conhecimentos cada vez 
mais profundos sobre as coisas.
REVISIBILIDADADE, AUTONOMIA, ACUMULABILIDADE E
VERIFICABILIDADE
O conhecimento científico é justamente difícil de definir por conta
de suas diversas características.
Em comparação com o conhecimento religioso, por exemplo,
apenas o conhecimento científico tem como preocupação a
revisibilidade de seus conceitos e teorias mediante a investigação
científica.
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 6
Enquanto o conhecimento religioso admite múltiplas interpretações
de um texto como igualmente válidas, o que importa no
conhecimento científico é a compatibilidade de seu corpo de
conhecimento com as evidências, independente do que um
cientista pensa a respeito.
Pelo mesmo motivo, a ciência não deve ser comparada com a
política, pois seu conhecimento não é decidido como verdadeiro
mediante uma votação por decreto ou escolha da população.
O conhecimento científico é tratado como verdadeiro quando os
resultados de uma investigação apontam numa determinada
direção.
Já a autonomia existente na ciência pode se referir ao âmbito individual 
e coletivo, como quando um cientista tem liberdade para investigar - 
seguindo os protocolos éticos da pesquisa científica - e quando a 
ciência tem liberdade para investigar problemas que contradizem 
anseios políticos.
Por exemplo, quando os cientistas sociais podem estudar livremente os
impactos das desigualdades sociais nas populações de baixa renda, ou
quando o objeto de estudo são os efeitos sistêmicos das mudanças
climáticas, que, normalmente, contradizem interesses privados de
empresas ou políticos.
Contraexemplo: quando os cientistas são impedidos de investigar por
conta de sua nacionalidade ou etnia, como ocorreu com os físicos
judeus durante a emergência do nazismo na Alemanha, ou quando os
pesquisadores são perseguidos pelo governo com a desculpa de serem
infiltrados de uma potência mundial rival ou advogarem por uma
suposta ideologia contrária à aceita pelo Estado, como aconteceu no
caso dos geneticistas de plantas na antiga União das Repúblicas
Socialistas Soviéticas (URSS).
Mesmo com todas as dificuldades que a história da ciência
revela sobre o processo de construção do conhecimento
científico ao longo dos séculos, toda a experiência passada
é traduzida em conhecimento sociológico, revelando que a
ciência e a política, embora sejam atividades completamente
distintas, dependem de uma relação amigável para
prosperarem, seja para promover a investigação científica
fornecendo recursos financeiros do Estado, seja para usar
os resultados científicos na elaboração de políticas públicas
mais justas.
A acumulabilidade do conhecimento científico é o que justifica seu aspecto de 
progresso, justamente porque exemplos de experimentos malsucedidos são 
considerados, não apenas para refletir sobre os desafios metodológicos e 
epistemológicos da ciência, mas também para aumentar o rigor necessário 
durante a avaliação dos trabalhos que são submetidos para revistas científicas.
Mais ainda, os resultados negativos na ciência, com base no olhar sociológico,
podem revelar aspectos que foram negligenciados sistemicamente durante a
época de aceitação ou implementação de uma ideia.
Por exemplo, a aplicação política de ideias pseudocientíficas, que já não eram 
muito bem aceitas, no início do século XX, como a eugenia e o darwinismo 
social, levou ao extermínio de judeus, negros, pobres e pessoas com 
deficiência, sob o pretexto de “busca pela pureza genética”.
.
A elucidação da pseudociência só foi possível graças ao princípio de
verificabilidade da ciência, que é a ideia segundo a qual um
enunciado, uma hipótese ou uma teoria deve ser passível de ser
colocada à prova.
No entanto, o conceito de verificabilidade requer um contexto
adequado por conta de sua polissemia.
A noção mais forte de verificabilidade foi apresentada pelo lógico 
Rudolph Carnap, durante a emergência do positivismo lógico do 
Círculo de Viena. Esse círculo era formado por um grupo de 
cientistas e filósofos interessados nos problemas filosóficos, 
históricos e sociológicos da ciência.
A despeito dos mitos que circulam sobre o círculo, eles defendiam
teses bastantes heterogêneas, tinham preocupações políticas e
sociais sobre a atividade científica, não eram ingênuos e nem
reducionistas (não reduziam todo o conhecimento às ciências
naturais) e buscavam uma linguagem universal para a ciência.
No entanto, a tese de Carnap ficou imensamente conhecida ao
ponto de ser tratada equivocadamente como representativa de todo
o círculo.
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 7
A tese verificacionista de Carnap postulava que uma
proposição tem sentido se, e somente se, existir alguma
circunstância que permita sua verificação. Se não existisse
alguma possibilidade de verificação, a proposição seria
considerada como destituída de sentido e significado e,
portanto, ela não faria outra coisa a não ser trazer
pseudoproblemas. Essa tese foi duramente golpeada,
justamente por outro filósofo que era simpatizante do
círculo, mas que não fazia parte dele: Karl Popper.
Karl Popper enfatizou que a tese não era suficiente como um 
critério para proposições, além de diversos outros problemas 
enumerados em sua obra A Lógica da Pesquisa Científica (2013), 
argumentando que a condição de verificabilidade não é suficiente 
para que uma proposição ou teoria seja considerada científica, mas 
simplesmente a condição de sua possível refutação.
Para Popper, uma teoria é científica se, e somente se, existir
alguma circunstância que permita sua refutação.
Se não existir nenhuma circunstância passível de refutação, a teoria
não é considerada científica.
Com isso, Popper lançou as bases de sua hoje conhecida tese: o
falseacionismo.
https://www.youtube.com/watch?v=CObAi1gwKmE
FACTUALIDADE, ANALITICIDADE E COMUNICABILIDADE
A ciência não se resume a uma atividade puramente empírica.
Ela também contempla disciplinas que lidam com aspectos formais
do método científico, que usam seu aspecto de racionalidade para
investigar problemas matemáticos, lógicos e semânticos.
Para clarificar essa abrangência, é necessária uma distinção rápida
sobre esses dois tipos de ciências: a ciência fática (ou factual) e a
ciência formal.
Como explica o filósofo Mario Bunge em seu livro La Ciencia, su
Método y su Filosofía (2014):
A ciência fática lida com entes concretos ou materiais (como
campos, partículas, animais, pessoas), adequa-se aos fatos e
possui consistência empírica (como a física, a química, a biologia, a
psicologia, a sociologia).
A ciência formal lida com entes ideais (como números, conceitos,
axiomas), adequa-se a um conjunto de regras e possui consistência
racional (como a lógica e matemática).
No entanto, tanto a ciência fática como a ciência formal
normalmente se cruzam em um processo de enriquecimento
contínuo.
A ciência formal fornece à fática a analiticidade essencial para sua
sistematização, formalização e objetividade.
Com esse tratamento analítico, o conhecimento científico se torna mais
exato, porque evita-se a ambiguidade e a armadilha da linguagem
ordinária.
Desse modo, justifica-se a definição de Bunge (2014) da ciência como
um tipo de conhecimento sistemático, racional, exato, verificável e,
portanto, falível, sendo a melhor reconstrução conceitual do mundo do
qual fazemos uso.
Finalmente, a ciência preza pela comunicabilidade, ou seja, os
resultados científicos são passíveis de serem comunicáveis de forma
objetiva para quaisquer pesquisadores ao redor do mundo.
Mais ainda, os resultados podem ser traduzidos na linguagem
ordinária com o objetivo devisar à popularização da ciência e ao
enriquecimento cultural através da atividade de divulgação científica.
EXEMPLIFICANDO
O conhecimento científico tem uma estrutura lógica ordenada, a
qual permite a extração de proposições objetivas.
O conhecimento científico visa explicar a realidade em sua
totalidade, adequando sua metodologia científica para o estudo de
cada nível (físico, químico, biológico, psicológico, social e artificial).
O conhecimento científico progride ao longo do tempo, ajustando
suas teorias às evidências, corrigindo imprecisões e mantendo seu
aspecto questionador frente a uma gama de hipóteses sobre o
mundo.
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 8
Devido à natureza peculiar do conhecimento científico, suas
diversas características revelam o porquê de ele poder ser
considerado como um tipo de conhecimento mais profundo,
verdadeiro e confiável.
Embora muitos argumentem que o aspecto autocorretivo seja uma
sentença de risco, o que levaria a duvidarmos cada vez mais do
nível de verdade e profundidade desse tipo de conhecimento,
ignora-se que a requerida compatibilidade das teorias com as
evidências é o que aproxima a ciência da descrição mais precisa o
possível da realidade.
https://www.youtube.com/watch?v=B6ChYQiVGQM
Porque é IMPORTANTE ter um PENSAMENTO
CIENTÍFICO
REFLITA (umas boas questões para a prova)
Dado o sucesso do conhecimento científico na
explicação de diversos fenômenos da realidade, o
que torna a ciência um campo confiável?
Dado o contexto de negacionismo anticientífico na
sociedade contemporânea, por que é importante
adotar o ceticismo científico?
Por que a lógica é um elemento indispensável
dentro do conhecimento científico?
ATIVIDADE AVALIATIVA
Fazendo todas do bimestre poderá alcançar 
1000 pontos
Faça valer a pena – U1S2 PENSAMENTO CIENTÍFICO
1. O ceticismo científico é uma das características fundamentais da ciência e de
toda a atividade intelectual. O astrônomo e divulgador científico Carl Sagan
escreveu uma obra chamada O Mundo Assombrado Pelos Demônios (2006), em
que ele descreve exemplos de aplicação do ceticismo científico na vida
cotidiana. O ceticismo, argumenta Sagan, é uma ferramenta indispensável para
não deixar enganar a nós mesmos.
Qual é a definição de ceticismo científico?
a. Uma abordagem filosófica que adota a suspensão de juízo pela
impossibilidade de provar algum fenômeno.
b. Uma abordagem niilista que considera a ciência isenta de valores.
c. A negação absoluta do conhecimento científico.
d. Uma abordagem que consiste na dúvida metódica ou razoável aplicada a
situações e afirmações destituídas de boas evidências.
e. A crença religiosa no poder da ciência.
2. A verificabilidade é a noção que advoga a preocupação com o teste
experimental. No entanto, essa posição não pode ser confundida com
o verificacionismo do Círculo de Viena e nem com o falseacionismo
do filósofo da ciência Karl Popper.
O que significa verificacionismo?
a. Um critério de demarcação entre ciência e pseudociência.
b. Um critério para verificar através da observação se certos
enunciados são significativos.
c. Um critério ético para a ciência.
d. Um axioma matemático.
e. Uma lógica não clássica.
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Empreendedorismo e Inovação 07/09/2021
Prof. MSc. Adm. J. Estêvão M. Palma 9
3. A lógica é uma ciência formal, embora possa ser aplicada na ciência fática
com o objetivo de proporcionar melhor clareza e objetividade para os
enunciados científicos. Seu uso evita a ambiguidade da linguagem ordinária,
facilita o entendimento conceitual e impede a contradição no conhecimento
científico. A dialética, por outro lado, tolera contradições e ambiguidades da
linguagem ordinária. No entanto, ela ainda é considerada por muitos como uma
ferramenta essencial para a ciência, os quais acabam ignorando suas
implicações com o Princípio da Não Contradição de Aristóteles e defendendo
que ela serve como uma técnica de comparabilidade entre ideias
aparentemente distintas, a partir da qual, de alguma forma, seria possível a
extração de uma nova ideia ou hipótese.
Historicamente, qual pensador é considerado o pai da dialética?
a. Friedrich Hegel. b. Friedrich Nietzsche.
c. Martin Heidegger. d. Aristóteles.
e. Heráclito.
PENSAMENTO CIENTÍFICO
Faça valer a pena – U1S2
• Questão 1: Resposta: 
• Questão 2: Resposta:
• Questão 3: Resposta:
• Enviar para: jempalma@hotmail.com
• Assunto do e-mail: PENSAMENTO CIENTÍFICO – faça valer a pena 
U1S2
Prof. José Estêvão Moraes Palma
• Administrador
• Mestre em Administração Empresarial pela UFRGS
• Especializado em Gestão de Recursos Humanos
• Especializado em Gestão Pública Municipal
• Docente em cursos de 
E-mail: jempalma@hotmail.com
Whatsapp: 99646-2319
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