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Caderno Dir Penal III

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UFRGS – 2020/2 / by: @justo_estudos
Direito Penal III
Prof. Ana Paula Motta
AULA 1
Histórico das penas
Conceito de pena
↳ Pena Criminal: consequência jurídica do crime. Representa, pela sua
natureza e intensidade, a medida de reprovação dos sujeitos imputáveis,
pela realização não justificada de um tipo penal.
↳ Penas, tal como conhecermos hoje, têm origem no Direito Canônico.
Quando cometiam pecados, deviam pagar penitência, recolhidos em cela
para confessar. Disso, portanto, decorre de penitência, a penal, cela (local
da pena) e confissão, tida no passado como a rainha das provas.
A palavra pena vem do latim (poema) que quer dizer sofrimento, do grego
(ponos) que significa dor ou (punya) que significa purificação. Pena é um mal, é
perda ou limitação de bens jurídicos. Segundo Welzel, a pena se manifesta de
suas formas: pessoal e de formal estatal.
A pena é pessoal, deve ser vivido como algo ruim, uma retribuição a um mal , na
medida da culpabilidade do agente. A pena estatal é um instrumento usado na
manutenção da ordem social.
Histórico das penas
Direito Penal Primitivo
Havia uma imposição de penas cruéis. Os povos primitivos obedeciam às normas
relativas aos costumes e à tradição, com medo do castigo sobrenatural (Dir. Peanl
com caráter teocrático). A pena era ligada à violação do tabu (sagrado e/ou
proibido) que deveria ser punida neste mundo. A pena deveria afastar a ira dos
deuses frente a violação de uma norma sagrada.
 UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos
O criminoso era inimigo dos deuses, logo ele tornava-se inimigo de toda a tribo.
Pois a violação de uma norma penal provocava ira em toda a tribo, tratava-se de
uma pena social e não de vingança individual.
Lei de TaliAo
Também utilizado para definir essa lei de “olho por olho, dente por dente”. Aqui
tem-se o princípio da proporcionalidade. Nasce o código de Hamurabi (cerca de
1700 a.C.) e do livro dos livros (exôdo). Criticava a pena corporal, fazendo surgir a
possibilidade de modalidades de pena de composição, ou pagamento de
indenização em dinheiro, ou em bens à vítima, ou a seus familiares
Antigamente, as leis eram escritas no Código de Hamurabi, que era um totem que
ficava exposto na cidade para conhecimento das leis pela população.
Romanos
 Direito Costumeiro
Os Romanos não conheceram o princípio da legalidade, o Direito era, sobretudo,
costumeira. A Lei existia como um guia e não podia ser empecilho para que
aplicasse a arte do equilíbrio, ou a construção boa e justa do magistrado. A noção
de crime e de pena na sociedade romana nasce com sua formação, mas não
deriva das normas penais. Com o passar do tempo, criou-se a ideia de direito
penal, enquanto direito público. Distinção entre delicta, fato ilícito punível com
pena privada, e crimita, fato punível com pena pública. A maioria dos institutos
penais romanos são construções pretorianas.
Medievo
No Medievo é que tem-se a maior referência de penas como conhecemos hoje e
isso tudo devido a relação da proximidade do Estado com a Igreja. A pena, em
geral morte, aplicada era antecedida de intensa dor e penas corporais.
As instituições penais deste período estavam longe do princípio da legalidade, o
julgador tinha amplos poderes, tanto de incriminar condutas sem lei anterior,
quanto de buscar confissões através de tortura como instrumento processual.
Alta Idade Media
Na alta idade média, houve a concentração da população em torno dos feudos,
onde quem aplicava o direito penal costumeiro, sem espaço para o princípio da
 UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos
legalidade, era o senhor feudal, que o fazia como instrumento de controle do
povo que vivia sob seu julgo, em nome do poder a ele delegado na hierarquia
religiosa e da nobreza.
Baixa Idade Media
A partir da recuperação dos textos romanos pelas escolas jurídicas do Glosadores
e dos Comentaristas, o Direito voltou a evoluir. A Magna Charta, assinada pelo rei
João sem Terra em 1215, estabelecia em seu art. 39 que “nenhum homem livre
poderia ser condenado se não em virtude de um processo legal efetuado pelos
seus pares, segundo a lei da terra”. Essa é a origem do direito da legalidade, visto
que a Magna Charta é um limitador do poder punitivo do rei.
Modernidade
As práticas do terror do Medievo tiveram continuidade na modernidade a partir
das práticas dos monarcas absolutistas, que se utilizavam do direito penal para a
manutenção do seu poder. Entretanto, em 1764, com o livro Dos Delitos e Das
Penas, obra de Beccaria, nasce, efetivamente, o princípio da legalidade.
• Princípio da legalidade;
• Separação dos poderes – quem define a pena é o legislativo, quem julga é o
judiciário e quem aplica é o executivo;
• Utilidade do castigo – qual a justificativa da aplicação da pena.
Na modernidade temos vários momentos históricos da aparição do princípio da
legalidade, de acordo com a Profª Ana Paula Motta, o mais contemporâneo foi o
que se teve em 1801 através da obra de Feurbach, que dizia que “toda pena
dentro do Estado é decorrência de uma lesão jurídica”. Disso decorrem três
princípios: (I) toda imposição de pena pressupõe uma lei penal; (II) a imposição
de uma pena é condicionada à existência de uma ação incriminada; e (III) o mal da
pena, como consequência necessária, será vinculado a uma lesão jurídica
determinada.
NULLUN CRIMIN NULLA POENA SINE LEGENULLUN CRIMIN NULLA POENA SINE LEGE
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O objetivo do Estado moderno (contrato social) é que não ocorram lesões
jurídicas, para evitar estas lesões deve-se recorrer à lei penal. Portanto, a
finalidade da lei penal é de coação psicológica sobre os sujeitos. O direito Penal é
o instrumento que o Estado utiliza para exercer o jus puniendi, restringindo
direitos fundamentais da pessoa humana.
Os limites da intervenção do Estado são definidos pela legalidade. Não existe
pena sem lei, a pena é consequência, cuja causa é o crime. A legitimidade é a
fundamentação da teoria da pena, na medida em que limita o Estado enquanto
executor da pena, não podendo sobrepor-se à dignidade humana.
A Lei é o instrumento legitimador da intervenção punitiva estatal, da violência
estatal. Ponto de contradição do Direito Penal ao longo dos últimos séculos.
Penas modernas
Uma das instituições modernas a serviço do adestramento e da disciplina,
segundo Foulcault, é a prisão. Espera-se comportamentos padronizados,
condição para viver em sociedade, em condição de igualdade. Quem não se ajusta
ao padrão será passível de correção, tratamento, readequação.
Avanço em relação às penas meramente corporais, porém também busca corpos
dóceis, submetidos ao modelo disciplinar que é diluído no micro poder social.
AULA 2
Teorias Justificadoras das penas
Teorias absolutas da pena
As Teorias Absolutas entendem a pena como um fim em si mesma, não tem
nenhuma outra finalidade a não ser causar um mal ao agente que praticou um
crime em retribuição ao seu feito. Kant e Hegel são os principais teóricos dessa
teoria, eles tem em comum a ideia de retribuição entre o delito praticado e sua
punição; relação de igualdade.
“Se o crime é a negação do Direito e a pena é a negação do crime,
podemos dizer que a pena é a negação da negação do Direito. Logo,
 UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos
como negação de uma negação é uma afirmação, a pena reafirma o
ordenamento violado pelo crime.” — Hegel
Para Kant, a pena deve ter um fim em si mesma porque o Homem é um fim em si
mesmo. O homem não deve ser utilizado para outro fim que não seja ele mesmo.
Réu deve ser castigado pela única razão de ter delinquido, sem nenhuma
consideração da utilidade da pena para ele. O fundamento de Kant se vincula
através de 3 fundamentos importantes, são eles:
↳ FundamentoDivino:
 Quem comete um crime ofende a Lei de Deus. Deus delegou ao homem
uma parte da sua justiça, por isso, quando a justiça humana pune o
culpado, atua como justiça divina.
↳ Fundamento Moral:
 É uma exigência profunda da consciência humana que o bem seja
recompensado o bem seja recompensado com o bem e o mal com o
mal. Esse é um imperativo categórico Kantiano, está no plano da justiça
moral.
↳ Fundamento Jurídico:
 A retribuição, segunda a dialética hegeliana dos opostos é a negação de
uma negação e, por isso, reafirmação do Direito do Estado.
Teorias absolutas da Pena – Contemporaneidade
Ideia de retribuição de Hegel, revistada por Jakobs, quando afirma que a
finalidade das penas está no fortalecimento da norma jurídica. A retribuição, mais
do que um castigo, ou vingança social, equivale a um princípio limitativo, segundo
o qual o delito deve operar como fundamento e limite da pena, deve ser
proporcional à magnitude do injusto e da culpabilidade.
Teorias relativas da Pena
Partem da ideia de que, ao contrário das teorias retributivas, a pena não pode ser
um mal pelo mal. Ou seja, a finalidade da pena transcende ao mal, significando a
prevenção de novos delitos. Há entretanto uma certa contradição com o princípio
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da legalidade, na medida em que não entende a pena como um mal, portanto,
sem necessidade de limitação, por isso divide-se em:
PREVENCAO ESPECIAL
O alvo da prevenção especial é o indivíduo, é ele não cometer mais o delito.
Justificam a pena como atuação sobre a pessoa do delinquente para que ele não
volte a delinquir. Encontram-se nesse campo, todas as justificativas que buscam a
modificação do indivíduo, estão todas as teorias que tem como base o
positivismo ideológico. Há a possibilidade de reinserção do indivíduo na
sociedade (prevenção especial positiva) e de separação do indivíduo dos demais
(prevenção especial negativa).
A Crítica neste caso está na violação da dignidade da pessoa humana e no
afastamento do critério de culpabilidade como limitadora da pena. Aqui a
utilização da pena é para além do sujeito, para prevenir algo que nem se sabe ao
certo se vai acontecer.
Prevencao geral
A pena tem a finalidade de um exemplo para que toda a sociedade não venha a
cometer delitos. É uma coação geral dirigida a todos os membros da sociedade.
Pode ser subdividida em (I) prevenção geral negativa, que é causar na sociedade
o medo da punição, é uma coação psicológica – Feuerbach; e (II) prevenção geral
positiva, que é afirmar as leis do Estado, fortalecer a confiança normativa e
reforçar da consciência da norma jurídica. É um efeito de aprendizagem,
lembrança das regras básicas – Roxin.
 As 📌 teorias funcionalistas encontram relação com a concepção retributiva, não
negando a necessidade de uma pena justa e proporcional, ou função limitada pela
culpabilidade.
Teorias mistas (unitárias ou ecléticas)
Falam da pena como retribuição e também como prevenção geral e prevenção
especial, nosso Código Penal adota essa teoria quando diz que não há crime sem
lei anterior que o defina e também remete a um sistema de cuidado,
regulamentado a partir da LEP com o termo tratamento presente em vários
artigos.
 UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos
As teorias mistas combinam a retribuição da culpabilidade com a função
reabilitadora da pena. Identificam-se com o princípio da legalidade, pois
reconhecem seu caráter de um mal e, também, têm por finalidade a valorização
do homem. A pena justa seria aquele que é aceita pela sociedade e que o autor
do delito tenha a possibilidade de reconciliação com a mesma. A retribuição
torna-se instrumento de prevenção e a prevenção encontra seus limites nos
limites da retribuição.
A pena é uma necessidade social, enquanto proteção de bens jurídicos. Porém em
um Estado Democrático de Direito, deve ser inarredável da culpabilidade. A pena
pode, inclusive ser inferior a gravidade do delito (principio limitador), na medida
em que sua aplicação justa não seja necessária para a conservação da ordem
social (remete a Beccaria, se a pena não for necessária não se aplica).
Teorias agnósticas da Pena
As Teorias Agnósticas tem a ideia de que a pena não tem uma justificativa. Parte
dos pressupostos da criminologia da reação social, denunciando os efeitos
seletivos, reprodutores, desiguais e de barbárie produzidos pelos aparatos
burocráticos repressivos do Estado penal. É a negação das teorias da pena,
possibilita concentrar esforços para minimizar os seus danos. A prof.ª Ana Paula
faz uma comparação dessa teoria com a guerra, onde a guerra é um mal, não se
justifica por nada, mas ela existe, e temos que reduzir os danos a medida que
trabalhamos com ela. Elimina-se o discurso justificador.
Salo de Carvalho diz que “a pena, sem qualquer fundamentação jurídica e de
qualquer fim nobre, retornaria ao campo da política, representando manifestação
concreta de poder. Tal como a guerra, representa resposta sancionatória extrema
e cruel, isenta de quaisquer justificativas”.1
AULA 3 com Doutoranda Marina Almeida
Princípios constitucionais da pena
Princípio da Humanidade da Pena
Previsto no artigo 5º da Constituição Federal incisos:
1 Autores referências: Eugenio Raúl Zafforoni e Juarez Cirino dos Santos
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III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
[…]
XLVII – não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art.
84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados;
d) de banimento;
e) cruéis;
Decorrem do princípio master que é o princípio da Dignidade da Pessoa Humana
que visa tratar todas as pessoas com dignidade. É um princípio que aparece na
Declaração Universal dos Direitos Humanos, nas Regras mínimas da ONU para
tratamento dos Presos, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, etc. Esse
princípio faz a separação entre o Direito e a Moral, representa a redução de
danos e vedação ao retrocesso.
Principio da Individualização da Pena
Previsto também no artigo 5º da Constituição Federal, em seu inciso XLVI, que diz
“a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
(…)”. Esse princípio representa a necessidade de tratamento individualizado da
pena e de que o preso seja visualizado pelo sistema como um indivíduo e tratá-lo
como tal.
DIMENSOES DA INDIVIDUALIZACAO DA PENA
 DIMENSÃO LEGISLATIVA
Determinar a previsão de sanções penais adequadas para cada tipo. Ex.: se
entende-se que o crime de estupro é maior mais grave que o crime de furto, cabe
ao legislador estabelecer, ao crime de estupro, patamares mínimos e máximos
maiores que os patamares mínimos e máximos do crime de furto.
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 DIMENSÃO JUDICIAL
Onde tramita o processo e cabe ao juiz estabelecer a espécie de pena aplicável, a
quantidade de pene, regime inicial, substituição da pena, etc.
 DIMENSÃO EXECUTIVA
Cabe tanto ao gestor da unidade penitenciária quanto ao juiz de execução penal
decidirem sobre as possibilidades de alteração da quantidade (remição, detração
e comutação) e de qualidade da pena (progressão/regressão de regime e
livramento condicional, bem como sobre suas hipóteses de extinção.
Cabe ao juiz de execução criminal tutelar o preso em face de eventuais desvios ou
excessos praticados por ação ou omissão do administrador prisional.
HC 82959 STF FEV 2006– /
O STF decidiu que é inconstitucional a proibição de progressão de regime, contida
nas leis dos Crimes Hediondos, justamente porque violaria o princípio da
individualização da pena.
Princípio da Intranscendênciada Pena
Previsto no artigo 5º, inciso XLV da CRFB que diz que “nenhuma pena passará da
pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do
perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra
eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. Esse princípio
também está previsto na Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Em
resumo, o princípio da intranscendência da pena diz que a pena recai somente
sobre quem deu causa ao fato atípico.
A critica sobre esse princípio é que a aplicação prática desse princípio é
praticamente impossível pois os efeitos sempre estarão presente sobre o círculo
afetivo e familiar do apenado. Por isso, alguns doutrinadores, falam em princípio
da transcendência mínima da pena, que seria tentar com que a pena atribuída ao
indivíduo seja o mínimo possível.
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Principio da não-discriminação do Apenado
Esse princípio diz que, quando o indivíduo é condenado à pena, o único direito
que pode lhe ser retirado é o direito a liberdade, o art. 5º, XLIX, CRFB dispões que
“é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. A situação de
prisão não pode retirar do apenado os seus direitos fundamentais, pelo contrário,
impõe tutela especial do Estado sobre sua vulnerabilidade. É vedado a distinção
de natureza social, racial, religiosa e política.
O sistema de penas no Brasil
O artigo 5º, inciso XLVI diz quais são as formas de penas que podemos ter, que
diz:
XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre
outras, as seguintes:
a) privação ou restrição da liberdade;
b) perda de bens;
c) multa;
d) prestação social alternativa;
e) suspensão ou interdição dos direitos
Embora hajam 5 espécies no texto constitucional, existem de fato 3 tipos de Pena
no Brasil, que são: (I) penas de multa; (II) penas alternativas, ou restritivas de
direitos; e (III) pena privativa de liberdade. O próprio Código Penal, nos tipos de
crime, dirá se caberá, ou não a pena de multa e/ou a pena restritiva de liberdade,
também indicará a modalidade da pena, se será pena de reclusão, detenção ou
alternativa.
Pena privativa de liberdade
É a pena de prisão, pena por excelência. Está prevista no Código Penal (art. 33,
§1º) com as modalidades de reclusão ou detenção. A forma a ser aplicada está
descrita no tipo penal. Não há diferença no conteúdo, mas na situação do
apenado.
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↳ Reclusão – aplicada em tipos penais mais graves. A pessoa inicia a pena em
regime fechado, semiaberto ou aberto.
↳ Detenção – aplicada em crimes mais leves. A pessoa inicia em regime
aberto ou semiaberto.
Regimes da pena privativa de liberdade
↳ Fechado (art. 34) – pena cumprida em penitenciária de segurança máxima
ou média, o trabalho não é obrigatório, mas se realizado gera direito de
remissão (3 dias de trabalho reduz 1 dia de pena) e não admite saída
temporária.
↳ Semiaberto (art. 35) – o cumprimento da pena ocorre em colônia agrícola
ou industrial, admite saída temporária e trabalho externo.
↳ Aberto (art. 36) – ocorre em albergue, os apenados tem horário para sair e
retornar para dormir, devendo permanecer recolhidos nos finais de
semana.
Criterios para estabelecer o regime inicial art 33 2( . , § )
↳ Fechado – para condenados primários com pena superior a 8 anos e
reincidentes com pena superior a 4 anos;
↳ Semiaberto – para condenados primários com pena superior a 4 e inferior a
8 anos, ou reincidentes com pena de até 4 anos;
↳ Aberto – apenas para os condenados primários com pena de até 4 anos.
Pena de multa
A pena de multa é um pagamento que vai para o fundo penitenciário nacional ou
estadual, a depender do tipo de crime (crime federal vai para o fundo
penitenciário nacional). A quantia é fixada em sentença e calculada em dias-
multa.
Penas restritivas de direitos
São penas autônomas que substituem as penas privativas de liberdade em
situações específicas. São elas:
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↳ Prestação pecuniária;
↳ Perda de bens e valores;
↳ Limitação de fim de semana;
↳ Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
↳ Interdição temporária de direitos;
↳ Limitação de fim de semana.
AULA 4
DosimetriaDosimetria
Conceitos iniciais de dosimetria
Tipos qualificados e privilegiados
Em alguns tipos penais estão previstas em situações qualificadoras ou
privilegiadoras do crime. São circunstâncias que sempre estão vinculadas a um
intervalo de pena diferente do intervalo do tipo penal simples, ou seja, quando há
um outro intervalo de pena no mesmo tipo penal, que está prevista no caput do
artigo, é como se fosse outro tipo de crime. Quando o crime a que se está
fazendo a dosimetria foi considerado no processo qualificado, parte-se do
intervalo de pena da qualificadora correspondente. Exemplo:
Furto e furto qualificado
Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa.
(…)
§ 4º – A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
cometido:
(I) com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa.
C
R
I M
E
 Q
U
A
L
I F
IC
A
D
O
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Sistema trifásico
No Direito Penal brasileiro, o artigo 68 do Código Penal prevê o sistema trifásico
(no que se refere a dosimetria) e diz que “a pena-base será fixada atendendo-se
ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as
circunstâncias atenuantes e agravantes; por último as causas de diminuição e de
aumento”. Ou seja, são as três fases: (I) circunstancias judiciais do artigo 59; (II)
agravantes e atenuantes; e (III) majorantes e minorantes.
Circunstancias judiciais art ( . 59 cp, )2
Utilizadas na 1ª fase da dosimetria. São circunstâncias em aberto, não têm valor
na Lei, se positivas ou negativas, nem quantitativo previsto. Cabe ao juiz a avaliar
essas situações com base nos elementos dos autos.
↳ Ci rcunstância subjetiva culpabilidade, antecedentes, conduta social,→
personalidade do réu, motivo do crime
↳ Circunstâncias judiciais objetivas circunstâncias e consequências do→
crime, comportamento da vítima.
Agravantes e atenuantes art 61 a 65 CP( . , )
⚠ São circunstâncias legais, sempre utilizadas na 2ª fase da dosimetria, as
agravantes e atenuantes já tem no seu conteúdo o mérito avaliativo. As
agravantes agravam a pena base proposta porque são circunstâncias negativas.
As atenuantes atenuam a pena base, porque são circunstâncias positivas. Apesar
de elencadas na Lei, elas não possuem quantitativo definido.
Majorantes e minorantes
Estão previstas em diversos dispositivos do Código Penal. São causas de aumento
e diminuição da pena antes definida, sempre aplicadas na 3º fase da dosimetria.
Estas causas de aumento e diminuição estão previstas tanto na parte geral do CP,
como junto aos tipos penais na parte especial do CP e sempre são apresentadas
em forma de fração, ou seja, apresentam referenciais quantitativos.
Há situações em que a doutrina, ou o próprio código, utilizam a terminologia
incorreta, confundindo formas qualificadas e majorantes. É o caso, por exemplo,
do art. 127 do CP, que diz prever uma “forma qualificada” de aborto, contudo, ao
2 A reincidência penal não pode ser considerada como circunstancia agravante e, simultaneamente como 
circunstância judicial (Súmula 241 – STJ).
 UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos
ler o artigo, vemos que o que se tem é uma majorante, porque não há um novo
limite mínimo e máximo da pena, mas sim um aumento na forma de fração.
Parte geral e parte especial
O Código Penal conta com previsões genéricas,que afetam todos os tipos da
parte especial, tanto para agravantes e atenuantes quanto para majorantes e
minorantes. É o caso da tentativa, por exemplo, que se aplica a todos os tipos em
que é possível a forma tentada.
A parte especial pode prever circunstâncias para um só tipo penal, ou para um
conjunto de tipos (por exemplo, o art. 141), que se aplicam sobre as regras gerais
(regra especial > regra geral). A mesma situação não pode ser aplicada duas vezes
(em mais de uma fase), porque violaria o princípio do Ne Bis in Idem. Assim, se o
tipo penal prevê uma qualificadora por motivo fútil, por exemplo, não pode ser
aplicada também a agravante de motivo fútil.
A dosimetria ela parte da pena prevista no tipo penal, realiza um planejamento
geral, depois parte-se para as fases da dosimetria, em ordem.
AULA 5
Antecedentes vs. Reincidência
Para evitar dupla valoração, somente é possível a valoração negativa
concomitante dos antecedentes na 1ª fase e de reincidência na 2ª fase quando,
além da condenação definitiva passível de gerar reincidência, houver ao menos
uma outra. Uma mesma condenação jamais poderá caracterizar maus
antecedentes e reincidência. Então, se houver só condenação definitiva, ela deve
ser valorada na segunda fase, caso estejam presentes os requisitos da
reincidência (art. 64, I CP); se não caracterizar reincidência, essa condenação
única poderá ser valorada na primeira fase.
NE BIS IN IDEM
Uma mesma circunstância não pode ser considerada como circunstância judicial e depois como 
atenuante ou agravante. Então, se puder caracterizar agravante ou atenuante, sempre deve ser 
priorizado o reconhecimento na segunda fase, de modo que, na primeira fase, a circunstância 
deverá ser valorada de forma neutra.
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Circunstância Elementar do Crime
Para se respeitar o princípio do bis in idem, uma circunstância jamais poderá ser
novamente valorada em quaisquer das três fases de cálculo da pena se já
corresponder à circunstância objetiva ou subjetiva prevista expressa ou
implicitamente no próprio tipo penal. Por ex.: em um crime de homicídio, a morta
da vítima jamais poderá ser valorada na primeira fase como consequência
negativa, uma vez que constitui o tipo objetivo.
Regras jurisprudenciais
Cada uma das circunstâncias do art. 59 pode, em cada caso concreto, ser valorada
de forma favorável, neutra ou desfavorável ao condenado, de modo que, ao final,
o saldo ou valor conjunto das circunstâncias poderá ser favorável, neutro ou
desfavorável. Nesse contexto, a doutrina dominante identifica, da análise da
prática jurisprudencial ao logo dos anos, três regras principais que deverão ser
observadas para o cálculo da pena base em consideração a esse valor conjunto
das circunstâncias judiciais.
Conjunto favorável
Quando o conjunto das circunstâncias for favorável ao réu, a pena base deve se
aplicada no limite mínimo legal. Embora a questão seja controversa, prevalece na
doutrina e na jurisprudência o entendimento de que, mesmo quando o conjunto
das circunstancias for neutro, a pena base deve ser aplicada no limite mínimo
legal.
O saldo será neutro quando, mesmo não havendo nenhuma circunstancia
favorável ao réu, não haja, tampouco, nenhuma desfavorável. Da mesma forma, o
saldo será neutro quando houver um mesmo número de circunstâncias
favoráveis e desfavoráveis e o valor/desvalor de cada qual não se sobrepor ao das
demais.
Conjunto relativamente desfavorável
Quando o conjunto das circunstâncias for relativamente desfavorável, a pena
base será agravada, mas será fixada de forma mais próxima do mínimo legal que
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do tempo médio. A pena base irá se afastar do limite mínimo legal ao termo
médio de forma proporcional.
O conjunto será apenas relativamente desfavorável quando o saldo final for
negativo, mas, ainda assim, a reprovabilidade recair sobre menos da metade das
circunstâncias. Isso ocorre, por exemplo, quando uma, duas ou três
circunstâncias são qualificadas como desfavoráveis e as demais são qualificadas
como neutras.
Conjunto Significativamente desfavorável
Quando o conjunto das circunstâncias for significativamente desfavorável, a pena
base será igualmente agravada, sendo que será fixada de forma mais próxima do
termo médio que do mínimo legal.
Será observada a mesma proporcionalidade para o afastamento do mínimo legal
em direção ao termo médio, mas o fato de haver um número maior de
circunstâncias desfavoráveis aproximará a pena daquele último. O saldo será
significativamente desfavorável quando a maior parte das circunstâncias for
desfavorável. Mesmo que todas circunstancias forem desfavoráveis, a pena base
não poderá ultrapassar o termo médio: necessidade de reservar espaço a
eventual agravamento na segunda fase.
1) verificação dos limites da
pena, conforme o tipo
penal
2) calculo do termo médio
3) cálculo da pena-base,
após análise das 8
circunstâncias
Termo Medio
Termo médio é o resultado da divisão por dois do resultado da soma do mínimo e
do máximo de penas cominadas no crime. Pena base deve ser fixada entre o
mínimo previsto no tipo e o termo médio. Ex.: homicídio (art. 121) pena de 6 a 20
anos: 6+20=26; 26/2=13, a pena base será entre 6 e 13 anos.
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Fase 1 - circunstâncias judiciais (PENA BASE)
Culpabilidade
Verifica-se o grau de reprovabilidade da conduta. Graduação da culpabilidade.
Funciona como limite no sentido não apenas como pressuposto da pena, mas
também quando da individualização.
Grau máximo, médio e mínimo de reprovação da conduta do agente dentro de
seu respectivo contexto. Há entendimento de que o juiz pode apoiar-se nas
espécies de dolo e culpa. Assim, dolo mais intenso, ou culpa mais grave, seria
sinal de conduta mais censurável. Essa avaliação, porém, fica prejudicada na
hipótese de coincidência com alguma circunstância agravante.
Também cuidado ao analisar a imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa
e o conhecimento da ilicitude, pois são pressupostos do crime. Ainda assim, se o
agente compreender minimamente o caráter ilícito de sua conduta, a graduação
do seu discernimento é elemento importante para aferição da culpabilidade.
Antecedentes
Fatos anteriores praticados pelo réu, que podem ser bons ou maus. Finalidade de
demonstrar afinidade do réu com a prática delituosa.
Apenas as condenações criminais transitadas em julgado são passíveis de
caracterizar maus antecedentes (princípio da presunção de inocência).3 Há uma
discussão recente a cerca das condenações provisórias, se poderiam caracterizar
maus antecedentes. Mesmo antes, porém, da reversão de entendimento do STF
sobre a possibilidade de prisão após condenação em 2ª instância, já predominava
exigência de trânsito em julgado para formação do mau antecedente.
Observar o conceito e parâmetro temporal de reincidência (art. 64 CP). Sobram
para análise dos antecedentes as condenações transitadas em julgado que não
sigam as regras da reincidência, pois esta já será considerada posteriormente (art.
61 CP). Porém, em circunstâncias em que há um número significativo de
condenações, a quem utilize estes fatos como circunstância negativa na pena-
base. Essa possibilidade, porém, não é admitida pela jurisprudência majoritária do
TJRS e STJ.
3 Súmula 444 do STJ.
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Conduta social
Valoração relativa à sociedade onde o sujeito está inserido. Visão que se tem do
sujeito em seu contexto social. Depende, em geral de prova oral, trazida por
testemunhas abonatórias, declarações públicas, atestados. Anteriores atos
infracionais, em alguns casos são tratados como condutasocial, visto não
poderem ser tratados como antecedentes (trata-se, porém, de possibilidade não
admitida pela jurisprudência atual do TJRS, amparada na jurisprudência do STJ –
Apelação Crime nº 700787330114).
Há limites ao considerar a conduta social pois o Direito Penal é um Direito Penal
do fato e não do autor, por isso quando não é possível considerar positiva,
considera-se neutra.
Personalidade
Síntese das qualidades morais e sociais do indivíduo. Complicado, pois o conceito
de personalidade é bem mais do que o juízo que umas pessoas fazem das outras,
segundo seus próprios parâmetros. Falta de competência técnica dos operadores
do Direito para avaliar. Desse modo, prepondera, atualmente, o entendimento de
que a circunstância deverá ser qualificada como neutra se não houver, no
processo, laudo técnico produzido por profissional competente (Apelação
Criminal, nº 700820137805). Inviável a definição a priori de um padrão de
personalidade a ser comparado com cada caso em análise. Inviabilidade de
avaliação, frente ao princípio do Direito Penal do fato e não do autor.
Tema do transtorno de personalidade: como tratar? Não é passível de
inimputabilidade penal. Na grande maioria das vezes se dirá “deixasse de aferir
sobre a personalidade pois não se tem elementos técnicos para fazê-los”.
Motivos determinantes
Força propulsora da vontade criminosa. Sempre há um motivo para o
cometimento do delito, podem ser morais e sociais ou imorais e antissociais.
Problema: em vários tipos penais o motivo é causa agravante ou de exasperação,
ou seja, de realização do tipo. Agravante genérica do art. 61, II a; circunstância
4 Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS. Relator: Rinez da Trindade. Julgado em 27/03/2019.
5 Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS. Relator: Rinez da Trindade, julgado em: 10/10/2019.
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qualificadora do homicídio (art. 121 §2º, II); motivo de relevante valor social e
moral – atenuante genérica (art. 65, III, a), entre outros.
Não é possível bis in idem.
Circunstância do crime
Todas as circunstâncias propriamente ditas do fato e que ao juiz cabe ponderar
para aumentar ou abrandar o rigor da pena. Situações específicas, como alguém
que aproveita-se de um velório para furtar objetos do morto; a prática de crime
violento em meio a uma multidão, gerando perigo para muitas pessoas.
Necessário cuidar para não valorar duplamente como motivos ou circunstâncias
atenuantes ou agravantes. Há possibilidade, também, das circunstâncias já
constituírem o tipo penal ou o qualificarem, caso que também obstam a dupla
valoração (ex.: homicídio qualificado pelo emprego de meio cruel). Assim, deve
ser analisado se o caso concreto abriga alguma circunstância específica que não
corresponda à forma usual de cometimento do crime, desde que essa
circunstância específica já não sirva para agravar, atenuar ou qualificar a pena.
Consequências do crime
Projetam-se para além do fato crime. Não se trata das consequências inerentes
ao próprio crime, ex.: a morte da vítima. Já, por exemplo, o desamparo de filhos
menores de idade, os altos gastos com o amparo da vítima.
Nos crimes contra o patrimônio, as hipóteses mais comuns de valoração negativa
das consequências consistem na não-recuperação pela vítima do bem subtraído
ou na depreciação econômica do aludido bem.
Comportamento da vítima
Vítima não pode ser responsabilizada por um crime, mas sabe-se que pode haver
participação da vítima na provocação dos atos do réu. Assim, o comportamento
da vítima deve ser considerado para reduzir a pena base. Ex.: injusta provocação
da vítima. Há casos em que a prévia provocação da vítima consiste em causa de
diminuição da pena, o que impede a valoração enquanto circunstância judicial
(ex.: art. 121, §1º CP – homicídio privilegiado).
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Crimes sexuais
Diferentemente do que afirma parte da doutrina, a roupa da vítima e a sua vida
sexual pretérita NÃO PODEM ser interpretadas como comportamento favorável
da vítima para prática do delito (Embargos de Divergência em Recurso Especial nº
1.152864/SC e nº 762044/SP)6.
Lei de drogas
42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre
o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da
substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente.
AULA 6
Fase 2 – agravantes e atenuantes (fixação da
pena provisória)
Para a fixação da pena provisória parte-se da pena-base fixada na 1ª fase,
considerar-se-á as circunstancias legais, agravantes e atenuantes, que estejam
presentes no caso concreto (arts. 61 a 65 c/c arts. 66 a 67, CP). Definem-se como
circunstâncias legais porque trazem em si a carga valorativa já atribuída pelo
legislador (positiva ou negativa), embora não o seja previamente estabelecido o
quantum de pena que corresponde a cada circunstância presente.
Circunstâncias legais
São circunstâncias legais, genéricas, taxativas e obrigatórias. Obrigatórias
porque, salvo a circunstância prevista no art. 667, sempre que presentes devem
representar diminuição e/ou aumento da pena, a não ser que constituam em
qualificadoras dos crimes em espécie, ou sejam consideradas em outra fase. O
mais importante nessa fase é a fundamentação. Quando em concurso de
circunstâncias, algumas são preponderantes em relação às demais, conforme
previsão do art. 67 do CP. Embora, frente ao princípio da individualização não se
justifique considerar tais circunstâncias em abstrato e sim em cada caso concreto.
6 Firmou o entendimento de que, no estupro e no atentado violento ao pudor contra menor de 14 anos, praticados 
antes da vigência da lei nº 12015/09, a presunção de violência é absoluta, sendo irrelevante, para fins de 
configuração do delito, a aquiescência da adolescente ou mesmo o fato de a ofendida já ter mantido relações 
sexuais anteriores (RESP 200602245979).
7 Art. 66 – A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, 
embora não prevista expressa em lei. — Concurso de circunstancias agravantes e atenuantes.
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Agravante X atenuantes
São circunstâncias de um crime ou delito que atuam na aplicação da pena. São
elementos em torno do ato, mas que não afetam substancialmente sua ação.
Agravantes ART 61 E 62 CP( . )
Circunstância que aumentam a pena. Há agravantes que são preponderantes, ou
seja, são circunstâncias que podem ser consideradas com peso maior. São as
circunstâncias agravantes:
↳ Reincidência (art. 61, I) – ocorre quando um sujeito que comete um crime e
é condenado, pratica outra conduta delituosa após o trânsito em julgado
do primeiro crime (preponderante).
 A reincidência agrava em muitos momentos a pena aplicada, por isso
deve-se ter especial atenção para não bis in idem. Há uma controvérsia
na jurisprudência que questiona, o reincidente deve ser mais punido ou
não? Quem defende que sim, defende sobre a justificativa de maior
periculosidade apresentada pelo indivíduo a sociedade; quem defende
que não, justificativa com a falha do Estado na execução da pena
anterior e forte preconceito da comunidade em relação aos apenados.
 Não constituem reincidência:
1. Casos de perdão judicial (art. 120 CP);
2. Sentença que aplica medida de segurança (doutrina);
3. Decisão que aplica penas restritivas de direitos, após transação penal
(Lei 9099/95);
4. Suspensão condicional do processo (Lei 9099/95);
5. Composição civil (Lei 9099/95);
6. Nenhum formato de apuração de infração em andamento;
7. Ato infracional praticado antes dos 18 anos de idade;
8. Contravenção anterior pratica (contrário não é verdadeiro – art. 7º da
Lei 3688/41);9. Crimes militares próprios e crimes políticos;
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10. Infrações que tiver decorrido período superior de 5 anos
computando o período da prova da suspensão ou do livramento
constitucional
 A reincidência será provada com certidão do cartório competente, não
basta folha-corrida e deve-se levar em consideração a circunstância da
reincidência do qual foi o crime anterior praticado e qual pena naquele
caso atribuída.
↳ Motivo do crime fútil ou torpe (art. 61, II a) – consiste em motivo fútil o fato
considerado de pequena importância, desproporcional à gravidade do fato
e à intensidade do motivo. Motivo fútil ≠ motivo injusto. O ciúme não é
considerado motivo fútil pois consiste em sentimento de profunda dor para
algumas pessoas. O motivo torpe se caracteriza como motivo repugnante,
vil, imoral. Para Nucci, o fundamento da maior punição ao criminoso
repousa na moral média, no sentimento ético-social comum
(preponderante);
↳ Facilitar ou assegurar a execução, ou ocultação, de outro crime (art. 61, II b) 
– consistem em fase necessária à obtenção do resultado e afetarem o
mesmo bem jurídico, ≠ crime meio. A ocultação se caracteriza tendo em
vista que o segundo delito é cometido tão somente com o escopo de
ocultar, evitar a punição ou conferir a vantagem do primeiro crime.
↳ Traição, armadilha ou emboscada (art. 61, II c) – referem-se ao modo de
execução do crime, cuja condução afeta a defesa da vítima e qualificam-se
pela deslealdade e hipocrisia. A prática do crime com traição ocorre quando
o agente se aproveita da confiança que a vítima lhe confere para praticar o
delito em momento inesperado. A dissimulação ocorre quando o agente
utiliza de meios fraudulentos para se aproximar da vítima e cometer o
delito. Emboscada é quando o agente fica escondido esperando o melhor
momento para abordar a vítima de surpresa.
↳ Emprego de meio cruel (art. 61, II d) – se relacionam com as formas de
execução do crime, são consideradas as mais gravosas pelo legislador,
porque podem afetar pessoas estranhas à vítima e à própria sociedade;
↳ Relação de parentesco com a vítima (art. 61, II e) – circunstâncias
decorrentes da insensibilidade moral do agente que prática o delito contra
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pessoas do seu rol familiar mais íntimo, violando o dever do apoio a mútuo
existente entre parentes e pessoas ligadas pelo matrimônio. Incide aqui o
princípio estrito legalidade, impedindo a extensão a pessoas que não se
enquadram exatamente na tipificação do dispositivo legal.
↳ Abuso de autoridade (art. 61, II f) – refere-se ao abuso de autoridade
decorrente de relações privadas, no caso as relações domésticas,
coabitação, hospitalidade e violência contra a mulher;
↳ A buso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou 
profissão (art. 61, II g) – ministério é o exercício de atividade religiosa
reconhecida pelo Estado, com deveres fixos em lei (ex.: médico, advogado,
engenheiro, etc);
↳ Ação de covardia (art. 61, II h) – crimes praticados contra crianças, maiores
de sessenta anos, enfermo ou mulher grávida, aqui a razão do gravame é a
vulnerabilidade física da vítima. No caso à gestante, não basta a mulher
estar grávida, deve haver nexo entre o estado gravídico e o delito
perpetrado, de modo que dificulte sua capacidade de evitar ou se defender
do crime;
↳ Praticado contra ofendido sob imediata proteção da autoridade (art. 61, II i) 
– leva em conta a audácia do agente em cometer o crime contra vítima sob
proteção direta e imediata de autoridade, ex.: pessoa presa que sofre o
linchamento por populares;
↳ Crime praticado em situação de desgraça particular ou calamidade pública 
(art. 61, II j) – utilizada para punir aquele que demonstra desprezo pela
solidariedade e fraternidade, num autêntico sadismo moral, aproveitando-
se de situações calamitosas para cometer o delito. Define-se a calamidade
pública como tragédia envolvendo muitas pessoas. Define-se desgraça
particular, por seu turno, envolve apenas uma pessoa ou grupo
determinado;
↳ Crime praticado em estado de embriaguez preordenada (art. 61, II l) –
quando o sujeito se embriaga voluntariamente para ter coragem de
cometer o crime e deve haver prova dessa intenção, serve para evitar que o
sujeito se coloque, de propósito, em estado de inimputabilidade,
objetivando futura exclusão da culpabilidade.
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Atenuante art 6( . 5 CP, )
Causam diminuição da pena, estão previstas no artigo 65 do Código Penal. São
elas:
↳ Réu menor de 21 anos (na data do fato) ou maior de 70 anos (na data da 
sentença) (art. 65, I);
↳ Desconhecimento da lei (art. 65, II) – o desconhecimento da Lei não se
justifica (art. 21 CP), entretanto a ignorância dela pelo autor serve como
causa de diminuição da pena;
↳ Crime cometido por motivo de relevante valor social ou moral (art. 65, III a) 
– pode-se conceituar o valor social aquele que traz em seu bojo o interesse
da coletividade, o valor moral é aquele de cunho pessoal relacionado ao
próprio sujeito delituoso.
 É impossível considerar em conjunto com agravante de mesma natureza
↳ Arrependimento e/ou reparação do dano (art. 65, III b) – trata-se do
arrependimento eficaz, quando o agente pratica nova conduta voluntária
com o objetivo de evitar que o delito se consume ou mesmo minorar suas
consequências, daí o sujeito responde somente pelos atos já praticados
 Atitudes assumidas pelo agente com o objetivo de minorar os danos
causados pelo crime.
↳ C rime cometido mediante coação ou em cumprimento de autoridade 
superior (art. 65, III c) – refere-se a hipótese de coação resistível, aquela
situação sobre a qual é de se esperar alguma oposição do autor, ≠ coação
irresistível, portanto culpável (art. 22 CP)
 Sob ordem de autoridade superior requer que a ordem seja ilegal e, de
certa forma, resistível. Quando houver dúvida sobre a ilegalidade da
ordem a responsabilidade será de quem deu a ordem (art. 22 CP).
 Há também a possibilidade de atuar sob influência de violenta emoção
↳ Confissão espontânea (art. 65, III d) – a confissão não pode decorrer de
fatores externos do agente., ≠ de confissão voluntária e deve
necessariamente ser feita perante autoridade competente
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 Considera-se o direito constitucional de não produzir prova contra si
mesmo
 Deve ser produzida sem nenhuma circunstância que a provoque (ex.:
delação premiada)
 Confissão qualificada ocorre quando o réu admite o cometimento do→
fato passível de caracterizar o crime, mas alega circunstância passível de
afastar a ilicitude da conduta, excluir ou limitar a pena. Predomina, no
STJ, a compreensão de que essa confissão especial pode ser
reconhecida como atenuante, desde que passível de influenciar na
convicção do julgador para fins de elucidação da autoria.
↳ Crimes multitudinários (art. 65, III e) – crimes cometidos sob influência de
multidão, desde que o agente não tenha provocado o início do evento, sob
pena de não incidência da atenuante.
Sumúla 231 do STJ
A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal.
Calculo da quantidade de diminuição ou aumento da pena
1. Deve-se estabelecer uma quantidade de pena que seja entre o intervalo de
1 dia a 1/6 da pena base;
2. Para estabelecer a quantidade de pena dentro deste intervalo sugere-se
usar como referência o grau de culpabilidade na pena-base;
3. Se presentes mais de uma circunstância definir uma quantidade para as
circunstâncias preponderantes eoutra para as comuns
Exemplo: Pena base em um caso de homicídio = 9 anos e 6 meses (114 meses). 1/6
de 114 meses = 19 meses (1 ano e 7 meses). A quantidade da pena a aumentar ou
diminuir deve ser entre 1 dia e 1 ano e 7 meses.
Grau de culpabilidade: 5 meses para circunstancias comuns e 10 para
circunstâncias preponderantes.
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AULA 7
Fase 3 majorantes e minorantes (pena–
definitiva)
Tanto nas majorantes quanto nas minorantes, o respectivo aumento ou
diminuição pode ser previsto de forma fixa na lei ou pode o legislador estabelecer
apenas um limite máximo e mínimo para o aumento ou diminuição, caso em que
o juiz terá discricionariedade para transitar entre os limites.
Causas majorantes
Previstas na parte geral do CP em seus artigos 70 (concurso formal) e 71 (crime
continuado) e também na parte especial do CP ou em leis extravagantes, há
causas de aumento que são específicas para determinados crimes, nesses casos,
a causa de aumento estará prevista na parte especial do CP ou na respectiva lei
especial, logo após o artigo correspondente ao crime.
Causas minorantes
Também previstas na parte geral do CP, são elas:
↳ Tentativa (art. 14) 
 A pena cominada ao crime consumado terá redução mais significativa se
o agente percorreu o caminho do crime, ficou mais distante da
consumação; e na redução menos significativa se o agente se aproximou
mais do resultado
 Tentativa imperfeita (não pratica todos os atos) – redução de 2/3;
 Tentativa perfeita (pratica todos os atos mas não surte o efeito
desejado) – redução de 1/3
↳ Reparação do dano em crimes sem violência ou grave ameaça (art. 16); 
↳ Erro sobre a ilicitude do fato (art. 21); 
↳ Estado de necessidade relativo (art. 24, §2º); 
PB ÷ 1/6 = At (atenuante) → atenuante preponderante: At.2 = AtP
PB ÷ 1/6 = Ag (agravante) → agravante preponderante: Ag.2 = AgP
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↳ Inimputabilidade parcial (art. 26, p. único) 
↳ Embriaguez acidental (art. 28, §2º); e
↳ Participação de menor importância no concurso de pessoas (art. 29 §1º) 
Também estão previstas na parte especial do CP ou em respectiva lei especial, em
que haja previsão específica para cada crime.
QUALIFICADORA MAJORANTE ≠ E MINORANTE
Regras gerais da 3 faseª
1. Se, ao mesmo tempo, houver mais de uma majorante ou mais de uma
minorante (sendo pelo menos uma delas da parte geral) todas devem
necessariamente ser consideradas pelo julgador;
2. Nesses casos, os aumentos ou diminuições de pena deverão ser realizados
em cascata (sucessivamente). Ou seja, o segundo aumento ou diminuição
deve incidir sobre o resultado do primeiro aumento ou diminuição sempre
deve ser o de maior fração;
3. Se ambas as causas de aumento ou diminuição que tiverem concorrendo
entre si forem da parte especial, o juis poderá limitar-se à consideração de
apenas uma delas. Nesse caso, deve optar pela de maior mudança
(aumento ou diminuição), conforme previsto no art. 68, p. único do CP;
4. Se, ao mesmo tempo, houver majorantes e minorantes, primeiro devem ser
aplicadas as causas de aumento e depois as de diminuição;
5. Não havendo majorantes e nem minorantes na 3ª fase a pena provisória
deverá ser tornada definitiva;
Tipo penal qualificado possui origem no tipo 
penal simples mas possui uma ou mais 
circunstâncias adicionais, mas o legislador 
optou por penalizá-lo de forma distinta, 
prevendo parâmetros mínimo e máximo 
próprios quanto à pena. Na prática 
corresponde a um crime distinto em relação 
ao tipo simples que lhe originou.
As majorantes e minorantes repercutem 
sobre o tipo, podendo aumentar ou diminuir 
a pena, mas sem caracterizar crime próprio
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6. Não havendo agravantes, nem atenuantes, nem majorantes, nem
minorantes, a pena-base será definitiva;
7. As minorantes decorrentes do concurso formal e da continuação delitiva
(arts. 70 e 71 CP) deverão ser consideradas por último
Etapas da 3 faseª
1. Ponto de partida: pena provisória;
2. Identificação de causas majorantes e minorantes presentes;
3. Identificação de causas majorantes e minorantes presentes e que prevejam
quantidades fixas de aumento ou diminuição;
4. Definição da quantidade fracional de pena a ser aumentada e/ou diminuída
em cada majorante e minorante que não preveja quantidade fixa na sua
determinação normativa. Critério para definição: deve refletir a razão de ser
da majorante ou minorante. Ex: tentativa, irá depender do grau de
execução que atingiu o autor; coautores, dependerá do número de
coautores etc. Ainda, como critério, a coerência em relação ao grau de
culpabilidade estabelecido na primeira fase;
5. Realização do calculo, primeiro fazendo incidir as majorantes e depois as
minorantes, em cascata.
Concurso de crimes
Concurso Material
Se tratarem-se de ações diferentes ou iguais, no mesmo momento ou em
momentos diferentes, mas com diferentes desígnios (intenções), autônomos,
serão aplicadas as penas correspondentes à cada infração. Previsão do art. 69 do
CP.
Concurso formal proprio
Concurso Material: Se tratarem-se de ações diferentes ou iguais, no mesmo
momento ou em momentos diferentes, mas com diferentes desígnios
(intenções), autônomos, serão aplicadas as penas correspondentes à cada
infração. Previsão do art. 69 do CP.
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Concurso Material: Se tratarem-se de ações diferentes ou iguais, no mesmo
momento ou em momentos diferentes, mas com diferentes desígnios
(intenções), autônomos, serão aplicadas as penas correspondentes à cada
infração. Previsão do art. 69 do CP.
A pena a ser aplicada no concurso formal situa-se entre 1/6 e 1/2. A jurisprudência
tem aceito a intensidade proporcional ao número de ofendidos ou número de
crimes. Se dois crimes ou dois ofendidos, o mínimo de majoração; se mais, em
crescente definição. Além disso, o resultado do aumento não pode exceder à
pena aplicada a cada um dos crimes se isoladamente fossem julgados (art. 69 do
CP).
Crime continuado
Pressupõe pluralidade de ações, de desígnios e de resultados. Infrações de
mesma espécie (mesmo bem jurídico) praticadas nas mesmas condições de lugar,
tempo, modo de execução, de modo a concluir-se que todas são
desdobramentos da primeira (Art. 71 do CP). Pena mais grave, acrescida de 1/6 a
2/3.
Se os crimes de que trata o art. 71 forem dolosos ou dirigidos à diferentes vítimas,
com grave ameaça à pessoa, poderá o juiz decidir aplicar a pena de um deles
apenas, aumentada em até o triplo (art. 71).
📌 A Jurisprudência não reconhece crime continuado quando houver
habitualidade ou quando o criminoso faz do crime seu modo de vida.
Em todos os casos, deve cuidar o juiz para que a pena aplicada não extrapole a
soma das penas individualmente aplicadas a cada crime. Assim, sugere-se calculo
primeiro das penas individualmente e depois da pena mais grave com as
majorantes.
AULA 8
Regime Inicial
As tarefas do juiz em relação a sentença da pena não se encerram com a
dosimetria, o juiz deve também fixar o regime inicial, analisar a possibilidade de
substituição da pena e verificar se há a possibilidade de suspender a execução da
pena.
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Definição do Regime Inicial
Para a definição do Regime Inicial, será levado em conta se o crime é punido com
detenção ou reclusão, o quantum da pena e se o condenado é ou não
reincidente.
↳ Detenção (art. 33 CP) – não pode ser executada em regime fechado,
independentemente dos demais critérios
 Não reincidente e pena inferior a 4 anos – regime aberto;
 Não reincidente e penasuperior a 4 anos – regime semi-aberto;
 Reincidente independente do quantum – regime semi-aberto;
↳ Reclusão 
 Não reincidente e pena inferior a 4 anos – regime aberto;
 Não reincidente e pena entre 4 e 8 anos – regime semi-aberto;
 Não reincidente e pena superior a 8 anos – regime fechado;
 Reincidente e pena inferior a 4 anos – regime semi-aberto;
 Reincidente e pena entre 4 a 8 anos – regime fechado;
 Reincidente e pena superior a 8 anos – regime fechado;
Penas Restritivas de Direitos
Estão nos artigos 43 a 48 do CP, são elas: (I) prestação pecuniária; (II) perda de
bens e valores; (II) prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas;
(IV) interdição temporária – em espécie no art. 47 do CP; e (V) limitação de finais
de semana.
São penas genéricas, ou seja, qualquer espécie ou quantidade de pena aplicada
possibilitam a substituição, salvo se estiver presente alguma das vedações
especificadas nos incisos do art. 44 do CP.
São penas autônomas pois não podem ser aplicadas cumulativamente com as
penas privativas de liberdade. E também são penas substitutivas, ou seja, não
podem ser aplicadas originalmente. Primeiro aplica-se e calcula-se a pena
privativa de liberdade e, depois, se houver possibilidade, se substitui aquela por
uma ou mais penas restritivas de direito (art. 44 CP).
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Substituicao de penas
A substituição de penas fundamenta-se no fracasso dos propósitos das penas
privativas de liberdade. Aplicam-se as penas restritivas de direito de modo a
evitar que agentes com baixa periculosidade, ou que tenham cometido crimes de
menor potencial ofensivo, sofram os efeitos danosos da prisão.
Criterios para substituicao de penas
Estão previstos no artigo 44 do Código Penal, tendo regras gerais e exceções. A
regra geral é basicamente que nos crimes culposos toda e qualquer pena pode
ser substituídas e nos crimes dolosos podem ser substituídas apenas as penas
inferiores a 4 anos. Por outro lado, a substituição jamais será cabível caso se trate
de crime cometido mediante violência ou grave ameaça contra pessoa ou em
caso de réu reincidente em crime doloso.
Importante ressaltar que, mesmo nos casos a partir da combinação desses
critérios objetivos, o juiz entender que a substituição é possível ele pode,
eventualmente, argumentar que ela não seria recomendável, caso as
circunstâncias previstas no artigo 59 do CP de alguma forma sinalizem a não
recomendação (art. 44, III CP).
Em caso de constatação da possibilidade da substituição da pena existem regras
para sua aplicação. São essas regras:
↳ Se a pena aplicada for superior a um ano, a substituição ocorrerá ou por
duas penas restritivas de direitos ou por uma delas e multa (art. 44, §2º e art
46 CP);
↳ Se a pena aplicada for superior a 6 meses e inferior a um ano, a substituição
deverá ser por multa ou uma pena restritiva de direitos (art. 44, §2º CP);
↳ Se a pena aplicada for inferior a 6 meses, deve ser observada a mesma
regra anterior, com exceção da pena de prestação de serviços à
comunidade (art. 46 CP);
↳ As penas de interdição temporária de direitos (art. 47 CP) são substitutivas
em situações específicas.
Salvo no caso do artigo 54 do Código Penal, as penas restritivas de direitos,
previstas nos artigos 43, incisos IV (prestação de serviço à comunidade ou a
entidades públicas), V (interdição temporária de direitos) e VI (limitação de fim de
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semana) terão a mesma duração de pena privativa de liberdade aplicada
originalmente. Porém, o condenado pode optar por cumpri-la em menor tempo,
nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada, desde que superior
a um ano (art. 46, §4º).
No caso de descumprimento injustificado de uma pena restritiva de direitos
aplicada em substituição, ela será novamente convertida em pena privativa de
liberdade, com o devido abatimento do tempo em que a reprimenda substitutiva
tiver sido cumprida (art. 44, §3º CP). O prazo mínimo para o cumprimento da pena
privativa de liberdade é de 30 dias.
Suspensão condicional da pena
A sursis penal se trata da suspensão condicional da execução da pena. Ocorre
quando o juiz deixa de executar a pena privativa de liberdade e submete o
condenado ao cumprimento de outras medidas. Não se trata de um benefício, o
instituto foi criado com o objetivo de reeducar o infrator de baixa periculosidade.
Nesse sistema, suspende-se o processo, não havendo sentença condenatória, ou
seja, o juiz declara o réu responsável pela prática do fato, suspendendo o curso
da ação penal e marcando o período de prova, tendo que realizar sob fiscalização
do poder judiciário. “O suris é um crédito de confiança ao criminoso primário,
estimulando-o que não volte a delinquir.” evita também que o indivíduo “fique no
convívio de criminosos irrecuperáveis…”.8
O art. 77 do Código prevê os requisitos para a suspensão condicional da pena
(SURSIS). Para sua aplicação, o condenado não pode ser reincidente em crime
doloso, as circunstâncias judiciais devem lhe serem favoráveis e não poderá ser
indicada ou cabível a substituição do artigo 44 do CP.
A Pena privativa de liberdade não superior a 2 anos poderá ter a execução
suspensa pelo período de 2 a 4 anos. Se condenado possuir mais de 70 anos, ou
houver risco excepcional a sua saúde, admite-se também a suspensão da privativa
superior fixada entre 2 e 4 anos.
Condicoes estabelecidas pelo juiz art 78 CP( . )
↳ Sursis simples – no primeiro ano, cumprir a pena alternativa de serviço
comunitário ou sofrer limitação de final de semana;
8TAMG - AC - Rel. Amado Henriques - RT 427/471 
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↳ Sursis especial – alternativamente, podem ser fixadas outras condições,
como reparar o dano, não frequentar determinados lugares, não poder
ausentar-se da comarca sem autorização judicial, comparecer de forma
periódica em juízo, etc.
Revogacao
Em caso de revogação, o condenado deverá cumprir integralmente a pena
suspensa em razão de sursis.
↳ Revogação obrigatória (art. 81, CP) – condenação definitiva por crime
doloso, não pagamento injustificado da multa ou descumprimento das
condições estabelecidas quanto a algumas obrigações alternativas;
↳ Revogação facultativa (art. 81, §1º CP) descumprimento de algumas
condições ou condenação por crime culposo ou contravenção.
SURSIS ≠ SUBSTITUIÇÃO DA PENA
A Sursis, quando aceita pelo acusado e cumprida as condições impostas pelo juiz
tem a punibilidade extinta.
AULA 9
Pena de multa
A pena de multa está prevista de forma autônoma no artigo 5º, XLVI da
Constituição Federal e não se confunde com a pena privativa de liberdade e nem
constitui espécie de pena restritiva de direitos. A pena de multa, como regra é
uma pena originária.
Natureza e forma de cobrança
O artigo 164 da LEP (Leis de Execução Penal) previu um regime híbrido para a
execução de pena de multa inadimplida. O “Pacote Anticrime”, alterou o artigo 51
do CP e previu que se for descumprida a pena e expressou que a multa deverá ser
executada mediante o Juízo da Execução Penal.
Possibilidade de aplicação
Como regra será aplicada (I) isoladamente, de forma originária de pena ou sendo
prevista como a única sanção cabível ou (II) cumulativamente quando prevista de
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forma cumulativa com a pena privativa de liberdade. Por exceção pode ser
aplicada como pena substitutiva (art. 44 §2º CP) sendo (I) a única pena
substitutiva em condenação igual ou inferior a um ano; (II) cumulada com outra
pena restritiva de direitos em penas entre 1 e 4 anos. Nesses casos de incidência
substitutiva, a pena demulta substituirá apenas a pena privativa de liberdade
originária.
Cominação e dosimetria
O direito comparado indica diferentes possibilidades de cominação da pena de
multa:
↳ Possibilidade do legislador prever antecipadamente parâmetros específicos
de multa para cada tipo penal ou prever parâmetros gerais aplicáveis a
todos os tipos penais;
↳ Possibilidade de multa ser fixada em consideração às circunstâncias do fato
ou condições econômica do réu (ou em consideração a ambos os critérios).
O legislador brasileiro optou por estabelecer critérios gerais aplicáveis, como
regra, a todos os tipos penais:
↳ Art. 58 remete ao art. 49 que prevê os limites que devem ser observados
para fixação da multa;
↳ Há a possibilidade de leis especiais preverem critérios específicos
↳ Artigo 49 caput do CP
 Valor recolhido da multa deve ser direcionado a fundo penitenciário ou
similar;
 Na sentença, a multa deve ser calculada em dias-multa
SISTEMA DIAS MULTA-
A doutrina considera o sistema de dias-multa um critério mais completo pois
permite a combinação das circunstâncias do crime com condição econômica do
réu. A definição do número de dias-multa leva em consideração a culpabilidade
do réu e as circunstâncias do artigo 59 do CP e os limites previstos no caput do
art. 49 (entre 10 e 360 dias-multa). Já a definição do valor de cada dia-multa leva
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em consideração a situação econômica do réu (art. 60 caput CP) e os limites
previstos no art. 49, §1º (entre 1/30 e 5 vezes do valor do salário mínimo).
Primeiro faz-se o calculo de por quantos dias a multa será aplicada (nº de dias-
multa), depois, calcula-se qual será o valor de cada dia-multa, daí se multiplica o nº
de dias-multas pelo valor de cada um deles (dm . V = pena).
📌 Nos casos em que a multa, mesmo aplicada no patamar máximo, for
considerada ineficaz em atenção à condição econômica do réu, pode-se aumentá-
la até o triplo (art. 60, §1º CP).
📌 No concurso de crimes, as penas de multa serão aplicadas distinta e
integralmente (art. 72 CP).
AULA 10
Um dos componentes do crime é a imputabilidade penal, no entanto, no Brasil,
há duas situações de inimputabilidade: (I) aqueles que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardo, forem, ao tempo da
ação/omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de
se determinar de acordo com esse entendimento (art. 26, caput CP); e (II) os
menores de 18 anos (art. 27 CP).
Em ambos os casos de inimputabilidade, a responsabilização não precinda da
observância do princípio da legalidade e da apuração da materialidade e autoria
do fato após o devido processo legal; a diferença é que o juiz, na sentença, se
reconhecer a tipicidade e ilicitude do fato, aplicará, ao invés da pena, a medida de
segurança ou a medida socioeducativa.
Medida de segurança
Trata-se de uma sanção originária cabível ao indivíduo inteiramente privado de
discernimento nos termos do art. 26 caput do CP e aplica-se ao invés da pena (art.
97 CP) que aplica-se após a sentença absolutória imprópria (art. 386, parágrafo
único, III CPP). Pode ser aplicada como sanção substituta eventualmente ao
indivíduo relativamente privado de discernimento (art. 26 § único CP) onde o juiz
aplicará a pena de forma reduzida podendo substituí-la pela medida de segurança
(art. 98 CP).
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Em relação aos inimputáveis, entende-se que, em virtude de suas limitações de
discernimento, sua culpabilidade é inexistente ou reduzida. Assim, o fundamento
da responsabilização por meio da aplicação de medida de segurança não decorre
da culpabilidade do indivíduo, mas da sua periculosidade (maior possibilidade de
o agente realizar atividades socialmente indesejadas). A medida de segurança é
predominantemente preventiva.
Pressupostos da medida de segurança
↳ Pratica de um injusto penal – o indivíduo deve ter praticado um fato típico e
ilícito;
↳ Periculosidade – é uma periculosidade presumida em caso de indivíduo
inteiramente inimputável ou resumida no caso de indivíduo semi-imputável;
↳ Ausência de imputabilidade.
Espécies de medida de segurança
↳ Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (art. 96, I CP)
– também chamada de medida de segurança detentiva, é aplicável tanto
aos imputáveis quanto aos semi-imputáveis que necessitam de tratamento
curativo.
↳ Tratamento ambulatorial (art. 96, II c/c art. 97 CP) – individuo submetido a
tratamento mas sem internação, é cabível se o fato for punível com pena
de detenção e condições pessoais recomendarem.
Duração
De acordo com a Lei, o prazo de duração é indeterminado, sendo que o juiz irá
estabelecer um prazo mínimo, que pode variar entre 1 e 3 anos (art. 97, §1º do CP),
Ao final desse prazo mínimo, se realizará uma nova perícia médica, a qual se
renovará uma vez por ano, ou em menor tempo, se o juiz entender conveniente.
Essa indeterminação está atrelada à proteção social que decorre de
periculosidade, na prática, a medida vai perdurar enquanto não cessar o
diagnóstico de “periculosidade”.
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O STF adota o limite de máximo de 30 anos de internação (HC 84.219, de 2015). O
STJ, adota a tese de limitação conforme o teto da pena precista em abstrato
(súmula 527, editada em 2015).
Execução, suspensão e extinção
Medidas socioeducativas
Utilizada para a responsabilização de adolescentes entre 12 e 18 anos de idade
que cometem ato infracional (art. 104, ECA), prevista nos artigos 228 da CF e no
artigo 27 do CP.
Diferenças fundamentais quanto ao sistema penal adulto
Não há vinculação direta na lei entre as condutas que caracterizam o ato
infracional e as sanções correspondentes, mas sim a enumeração geral das
hipóteses de sancionamento que, a partir de critérios gerais, podem ser aplicadas
para qualquer ato infracional. Não há previsão de prazos determinados para
execução da sanção aplicada, mas tão somente a estipulação de limites máximos
para o cumprimento, bem como a garantia quanto à possibilidade de revisão da
medida a qualquer tempo. Há uma abertura grande para a discricionariedade do
juiz.
Pressupostos do ato infracional
No direito penal juvenil também deve seguir o princípio da legalidade e o ato
infracional precisa ser um fato típico, ilícito e culpável (injusto penal), entretanto
no caso dos adolescentes a culpabilidade é especial. Os adolescentes respondem
pelos atos infracionais mas em situação diferente da pena, por isso pode-se falar
de uma responsabilidade penal juvenil. A intervenção somente se justifica por seu
viés educativo, mas tem inafastável caráter punitivo.
O artigo 12 do ECA estabelece que para atos infracionais cometidos por crianças
(até 12 anos) aplica-se medidas protetivas, pois considera-se a criança totalmente
inimputável, e para adolescentes (de 12 a 18 anos) aplica-se medidas
socioeducativas.
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Medidas socioeducativas
As medidas socioeducativas estão previstas no artigo 112 do ECA e são:
↳ Advertência – medidas judiciais, dada pelo juiz em audiência/sentença;
↳ Reparação do dano – medida judicial onde o juiz determina, quando o
adolescente tem uma fonte de renda dele próprio9, a restituição do dano;
↳ Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) – executada pelo município. É
uma situação em liberdade em que o sujeito presta serviços a algum órgão
ou instituição da comunidade (ex.: ONGs);
↳ Liberdade Assistida (LA) – executada pelo município. O adolescente é
vinculado a um responsável designado que acompanhará esse tempo de LA
do adolescente. Esse orientador deverá apresentar relatórios ao juiz;
↳ Semi-liberdade – executada por instituição de custódia,é mais brando, os
adolescentes possuem atividades fora da instituição, como escola, curso,
trabalho, etc;
↳ Internação – executada por instituição de custódia (ex.: FASE):
 ICPAE – Internação com possibilidade de atividade externa;
 ISPAE – Internação sem possibilidade de atividade externa.
O critério para fixação da medida socioeducativa deve ser a gravidade do ato
infracional, a reiteração, a situação de atos infracionais contra a pessoa e a
capacidade do adolescente de cumprir a medida socioeducativa (art. 112, §2º). A
gravidade do ato infracional depende do juiz e do contexto, a Lei não prevê os
parâmetros a se utilizar e não se deve utilizar as descrições do Código Penal.
Remissao
A remissão está prevista no art. 180 do ECA que é uma espécie de perdão
condicionado, pode ser dada ao invés da medida socioeducativa ou combinado a
ela. Nos casos de remissão não há o processo, o processo apenas será instaurado
em caso de descumprimento das condições afixadas pelo juiz.
9 Os pais do adolescente são responsáveis por eles na esfera civel. Ou seja, a medida socioeducativa somente pode 
ser aplicada ao adolescente, mas os pais podem ser responsabilizados pelos danos patrimoniais na esfera civel.
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Limites da internacao
Os limites da internação estão previstos nos artigos 122 do ECA, e diz que o prazo
deve ser no máximo de 3 anos e a internação deve ser a última opção a ser
aplicada.
Lei 12.594/2012
A Lei nº 12.594 de 2012 regulamentou o processo de execução das medidas
socioeducativas. A lei diz que deve haver a individualização da execução por meio
da elaboração de um Plano Individual de Atendimento (PIA) e a possibilidade de
adaptação da medida aplicada (progressão ou regressão) a partir de avaliações
periódicas com intervalo máximo de 6 meses entre elas (definido pelo PIA).
AULA 10 (30/03/2021)
MS e MSE
As medidas de segurança (MS) e as medidas socioeducativas (MSE) são uma
espécie de sanção. Ou seja, são intervenções do Estado na vida do sujeito que
condicionam o sujeito a uma vontade do estado, portanto são medidas
impositivas. Quando se fala em medidas impositivas deve haver uma limitação
nessa intervenção do Estado pois para isso ele deve seguir normas e respeitar os
direitos fundamentais.
O limite para a aplicação dessas medidas seguindo os parâmetros da lei e
seguindo a avaliação do delito que ocorreu. Nos casos de MS e MSE não se fala de
crime pois a culpabilidade não se faz totalmente presente (imputabilidade dos
sujeitos). Em ambos os casos (sujeitos a MS ou MSE) tem-se o chamado injusto
penal10 que será punido com uma medida, que não é uma pena pois não há
culpabilidade.
Medida de segurança
A justificativa para a Medida de Segurança é a periculosidade do sujeito, ou seja,
em vez de analisar o grau de culpa que ele tem se pensa no grau de perigo que
ele representa. Essa verificação do grau de periculosidade do indivíduo ocorre no
andamento do processo penal, se instaura um processo paralelo (interposto pela
parte ou pelo próprio juiz) que servirá para avaliar se há ali uma pessoa
10 Juarez Cirino dos Santos define o injusto penal como a prática do ato típico e ilicito
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inimputável ou semi-imputável, após a análise e apresentação do resultado o
processo principal volta a correr com essa informação. Se verificado que o réu é
inimputável o juiz proferirá uma sentença absolutória imprópria, pois haverá uma
absolvição do crime mas condenará o réu a uma medida segurança. No caso de
verificado que o indivíduo é semi-imputável haverá uma sentença com cálculo da
pena, porém ao final do cálculo o juiz tem duas opções: (I) terminar o cálculo sem
aplicar a minorante do artigo 26 CP e a substitui por medida de segurança; ou (II)
na terceira fase da pena opta por aplicar a minorante de redução dessa pena (art.
26, CP). Resumindo: se houver aplicação da minorante não pode ter substituição
da pena e vice-versa.
O tempo inicial da medida de segurança deverá ser de 1 a 3 anos dependendo da
avaliação da periculosidade do sujeito, e com tempo máximo indefinido. Ao olhar
a MS com um olhar positivo entende-se que é uma coisa positiva para o indivíduo,
mas ao analisar o histórico da MS, principalmente no Brasil, há uma repercussão
nem sempre positiva da MS pois mantém o sujeito indefinidamente na instituição
afastado da família causando-lhe danos maiores do que a prisão (em muitos
casos).11
Lei antimanicomial
A Lei nº 10.216/2001 é resultado da luta iniciada no Brasil na década de 1970 com o
objetivo de acabar com a cultura existente até então de internação compulsória
em manicômios. A lei estimula a permanência do doente mental em casa,
recebendo tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial. Após esta lei
surgiram dois entendimentos, do STJ e do STF, que resultaram em jurisprudência.
O STJ diz que o tempo máximo para a internação da medida de segurança é o
tempo máximo da pena do ilícito que o indivíduo cometeu. O STF diz que o tempo
máximo é o tempo máximo de pena do Brasil, desvinculado do fato em si.
Do ponto de vista prático, um dos cenários de execução mais recorrentes
atualmente, diz respeito a imputabilidade em relação aos indivíduos com
dependência química extrema e embriaguez patológica. Já se avançou no sentido
de se entender que essas dependências podem se caracterizar no artigo 26 do CP
11 Sugestão: O holocausto brasileiro (Documentário)
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podendo ser convertida a pena em medida de segurança. Há entretanto, uma
resistência no reconhecimento essas condições a inimputabilidade.
Medidas socioeducativas
São medidas aplicadas a adolescentes (a partir de 12 anos) que cometam ato
infracionais antes de completar 18 anos de idade. Mesmo que o ato seja julgado
após a maior idade do indivíduo o mesmo cumprirá medida socioeducativa até os
21 anos de idade. É o ato que define o tratamento. O tratamento é feito pela
Justiça da Infância e Juventude (JIJ), há casos em comarcas menores que a vara
em que ocorre o julgamento é a mesma que julga processos criminais, mesmo
assim há a distinção do tratamento.
O juiz do JIJ, ao julgar o caso do adolescente terá um rol de medidas a ser
aplicada (medidas abertas ou fechadas). Quando em meio fechado, as medidas
são executadas pelas instituições de custódia (ex.: FASE) e quando medidas
abertas são executadas pelos municípios. As medidas de advertência e reparação
do dano são de aplicação do juiz. A reparação de dano só poderá ser decretada
quando o adolescente tem condições próprias para arcar com aquela medida,
deve ter fonte de renda própria.
A medida socioeducativa no Brasil não tem uma previsão legal, se previu um
sistema híbrido, onde o juiz tem um rol de medidas para aplicar e tem o ato
infracional que não tem uma pena vinculada. O artigo 122 do ECA dispõe as
restrições da aplicação das medidas, mas, ainda assim, há um espaço de
discricionariedade muito grande onde podem haver diferentes interpretações
sobre o que é considerado grave, sendo aplicadas diferentes medidas para o
mesmo ato infracional.
A remissão socioeducativa está prevista no ECA (≠ remição de pena) e trata-se de
um perdão judicial e na maioria dos casos se caracteriza como uma suspensão
condicional do processo. A remissão ocorre antes do processo, quando o
adolescente é apresentado ao Ministério Público onde o promotor decide se
arquiva o processo, aplica a remissão (com ou sem medida) ou se denuncia o
adolescente. Na remissão o juiz estabelece uma condição para que, se cumprida,
o adolescente não responda a um processo.
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