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UFRGS – 2020/2 / by: @justo_estudos Direito Penal III Prof. Ana Paula Motta AULA 1 Histórico das penas Conceito de pena ↳ Pena Criminal: consequência jurídica do crime. Representa, pela sua natureza e intensidade, a medida de reprovação dos sujeitos imputáveis, pela realização não justificada de um tipo penal. ↳ Penas, tal como conhecermos hoje, têm origem no Direito Canônico. Quando cometiam pecados, deviam pagar penitência, recolhidos em cela para confessar. Disso, portanto, decorre de penitência, a penal, cela (local da pena) e confissão, tida no passado como a rainha das provas. A palavra pena vem do latim (poema) que quer dizer sofrimento, do grego (ponos) que significa dor ou (punya) que significa purificação. Pena é um mal, é perda ou limitação de bens jurídicos. Segundo Welzel, a pena se manifesta de suas formas: pessoal e de formal estatal. A pena é pessoal, deve ser vivido como algo ruim, uma retribuição a um mal , na medida da culpabilidade do agente. A pena estatal é um instrumento usado na manutenção da ordem social. Histórico das penas Direito Penal Primitivo Havia uma imposição de penas cruéis. Os povos primitivos obedeciam às normas relativas aos costumes e à tradição, com medo do castigo sobrenatural (Dir. Peanl com caráter teocrático). A pena era ligada à violação do tabu (sagrado e/ou proibido) que deveria ser punida neste mundo. A pena deveria afastar a ira dos deuses frente a violação de uma norma sagrada. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos O criminoso era inimigo dos deuses, logo ele tornava-se inimigo de toda a tribo. Pois a violação de uma norma penal provocava ira em toda a tribo, tratava-se de uma pena social e não de vingança individual. Lei de TaliAo Também utilizado para definir essa lei de “olho por olho, dente por dente”. Aqui tem-se o princípio da proporcionalidade. Nasce o código de Hamurabi (cerca de 1700 a.C.) e do livro dos livros (exôdo). Criticava a pena corporal, fazendo surgir a possibilidade de modalidades de pena de composição, ou pagamento de indenização em dinheiro, ou em bens à vítima, ou a seus familiares Antigamente, as leis eram escritas no Código de Hamurabi, que era um totem que ficava exposto na cidade para conhecimento das leis pela população. Romanos Direito Costumeiro Os Romanos não conheceram o princípio da legalidade, o Direito era, sobretudo, costumeira. A Lei existia como um guia e não podia ser empecilho para que aplicasse a arte do equilíbrio, ou a construção boa e justa do magistrado. A noção de crime e de pena na sociedade romana nasce com sua formação, mas não deriva das normas penais. Com o passar do tempo, criou-se a ideia de direito penal, enquanto direito público. Distinção entre delicta, fato ilícito punível com pena privada, e crimita, fato punível com pena pública. A maioria dos institutos penais romanos são construções pretorianas. Medievo No Medievo é que tem-se a maior referência de penas como conhecemos hoje e isso tudo devido a relação da proximidade do Estado com a Igreja. A pena, em geral morte, aplicada era antecedida de intensa dor e penas corporais. As instituições penais deste período estavam longe do princípio da legalidade, o julgador tinha amplos poderes, tanto de incriminar condutas sem lei anterior, quanto de buscar confissões através de tortura como instrumento processual. Alta Idade Media Na alta idade média, houve a concentração da população em torno dos feudos, onde quem aplicava o direito penal costumeiro, sem espaço para o princípio da UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos legalidade, era o senhor feudal, que o fazia como instrumento de controle do povo que vivia sob seu julgo, em nome do poder a ele delegado na hierarquia religiosa e da nobreza. Baixa Idade Media A partir da recuperação dos textos romanos pelas escolas jurídicas do Glosadores e dos Comentaristas, o Direito voltou a evoluir. A Magna Charta, assinada pelo rei João sem Terra em 1215, estabelecia em seu art. 39 que “nenhum homem livre poderia ser condenado se não em virtude de um processo legal efetuado pelos seus pares, segundo a lei da terra”. Essa é a origem do direito da legalidade, visto que a Magna Charta é um limitador do poder punitivo do rei. Modernidade As práticas do terror do Medievo tiveram continuidade na modernidade a partir das práticas dos monarcas absolutistas, que se utilizavam do direito penal para a manutenção do seu poder. Entretanto, em 1764, com o livro Dos Delitos e Das Penas, obra de Beccaria, nasce, efetivamente, o princípio da legalidade. • Princípio da legalidade; • Separação dos poderes – quem define a pena é o legislativo, quem julga é o judiciário e quem aplica é o executivo; • Utilidade do castigo – qual a justificativa da aplicação da pena. Na modernidade temos vários momentos históricos da aparição do princípio da legalidade, de acordo com a Profª Ana Paula Motta, o mais contemporâneo foi o que se teve em 1801 através da obra de Feurbach, que dizia que “toda pena dentro do Estado é decorrência de uma lesão jurídica”. Disso decorrem três princípios: (I) toda imposição de pena pressupõe uma lei penal; (II) a imposição de uma pena é condicionada à existência de uma ação incriminada; e (III) o mal da pena, como consequência necessária, será vinculado a uma lesão jurídica determinada. NULLUN CRIMIN NULLA POENA SINE LEGENULLUN CRIMIN NULLA POENA SINE LEGE UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos O objetivo do Estado moderno (contrato social) é que não ocorram lesões jurídicas, para evitar estas lesões deve-se recorrer à lei penal. Portanto, a finalidade da lei penal é de coação psicológica sobre os sujeitos. O direito Penal é o instrumento que o Estado utiliza para exercer o jus puniendi, restringindo direitos fundamentais da pessoa humana. Os limites da intervenção do Estado são definidos pela legalidade. Não existe pena sem lei, a pena é consequência, cuja causa é o crime. A legitimidade é a fundamentação da teoria da pena, na medida em que limita o Estado enquanto executor da pena, não podendo sobrepor-se à dignidade humana. A Lei é o instrumento legitimador da intervenção punitiva estatal, da violência estatal. Ponto de contradição do Direito Penal ao longo dos últimos séculos. Penas modernas Uma das instituições modernas a serviço do adestramento e da disciplina, segundo Foulcault, é a prisão. Espera-se comportamentos padronizados, condição para viver em sociedade, em condição de igualdade. Quem não se ajusta ao padrão será passível de correção, tratamento, readequação. Avanço em relação às penas meramente corporais, porém também busca corpos dóceis, submetidos ao modelo disciplinar que é diluído no micro poder social. AULA 2 Teorias Justificadoras das penas Teorias absolutas da pena As Teorias Absolutas entendem a pena como um fim em si mesma, não tem nenhuma outra finalidade a não ser causar um mal ao agente que praticou um crime em retribuição ao seu feito. Kant e Hegel são os principais teóricos dessa teoria, eles tem em comum a ideia de retribuição entre o delito praticado e sua punição; relação de igualdade. “Se o crime é a negação do Direito e a pena é a negação do crime, podemos dizer que a pena é a negação da negação do Direito. Logo, UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos como negação de uma negação é uma afirmação, a pena reafirma o ordenamento violado pelo crime.” — Hegel Para Kant, a pena deve ter um fim em si mesma porque o Homem é um fim em si mesmo. O homem não deve ser utilizado para outro fim que não seja ele mesmo. Réu deve ser castigado pela única razão de ter delinquido, sem nenhuma consideração da utilidade da pena para ele. O fundamento de Kant se vincula através de 3 fundamentos importantes, são eles: ↳ FundamentoDivino: Quem comete um crime ofende a Lei de Deus. Deus delegou ao homem uma parte da sua justiça, por isso, quando a justiça humana pune o culpado, atua como justiça divina. ↳ Fundamento Moral: É uma exigência profunda da consciência humana que o bem seja recompensado o bem seja recompensado com o bem e o mal com o mal. Esse é um imperativo categórico Kantiano, está no plano da justiça moral. ↳ Fundamento Jurídico: A retribuição, segunda a dialética hegeliana dos opostos é a negação de uma negação e, por isso, reafirmação do Direito do Estado. Teorias absolutas da Pena – Contemporaneidade Ideia de retribuição de Hegel, revistada por Jakobs, quando afirma que a finalidade das penas está no fortalecimento da norma jurídica. A retribuição, mais do que um castigo, ou vingança social, equivale a um princípio limitativo, segundo o qual o delito deve operar como fundamento e limite da pena, deve ser proporcional à magnitude do injusto e da culpabilidade. Teorias relativas da Pena Partem da ideia de que, ao contrário das teorias retributivas, a pena não pode ser um mal pelo mal. Ou seja, a finalidade da pena transcende ao mal, significando a prevenção de novos delitos. Há entretanto uma certa contradição com o princípio UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos da legalidade, na medida em que não entende a pena como um mal, portanto, sem necessidade de limitação, por isso divide-se em: PREVENCAO ESPECIAL O alvo da prevenção especial é o indivíduo, é ele não cometer mais o delito. Justificam a pena como atuação sobre a pessoa do delinquente para que ele não volte a delinquir. Encontram-se nesse campo, todas as justificativas que buscam a modificação do indivíduo, estão todas as teorias que tem como base o positivismo ideológico. Há a possibilidade de reinserção do indivíduo na sociedade (prevenção especial positiva) e de separação do indivíduo dos demais (prevenção especial negativa). A Crítica neste caso está na violação da dignidade da pessoa humana e no afastamento do critério de culpabilidade como limitadora da pena. Aqui a utilização da pena é para além do sujeito, para prevenir algo que nem se sabe ao certo se vai acontecer. Prevencao geral A pena tem a finalidade de um exemplo para que toda a sociedade não venha a cometer delitos. É uma coação geral dirigida a todos os membros da sociedade. Pode ser subdividida em (I) prevenção geral negativa, que é causar na sociedade o medo da punição, é uma coação psicológica – Feuerbach; e (II) prevenção geral positiva, que é afirmar as leis do Estado, fortalecer a confiança normativa e reforçar da consciência da norma jurídica. É um efeito de aprendizagem, lembrança das regras básicas – Roxin. As 📌 teorias funcionalistas encontram relação com a concepção retributiva, não negando a necessidade de uma pena justa e proporcional, ou função limitada pela culpabilidade. Teorias mistas (unitárias ou ecléticas) Falam da pena como retribuição e também como prevenção geral e prevenção especial, nosso Código Penal adota essa teoria quando diz que não há crime sem lei anterior que o defina e também remete a um sistema de cuidado, regulamentado a partir da LEP com o termo tratamento presente em vários artigos. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos As teorias mistas combinam a retribuição da culpabilidade com a função reabilitadora da pena. Identificam-se com o princípio da legalidade, pois reconhecem seu caráter de um mal e, também, têm por finalidade a valorização do homem. A pena justa seria aquele que é aceita pela sociedade e que o autor do delito tenha a possibilidade de reconciliação com a mesma. A retribuição torna-se instrumento de prevenção e a prevenção encontra seus limites nos limites da retribuição. A pena é uma necessidade social, enquanto proteção de bens jurídicos. Porém em um Estado Democrático de Direito, deve ser inarredável da culpabilidade. A pena pode, inclusive ser inferior a gravidade do delito (principio limitador), na medida em que sua aplicação justa não seja necessária para a conservação da ordem social (remete a Beccaria, se a pena não for necessária não se aplica). Teorias agnósticas da Pena As Teorias Agnósticas tem a ideia de que a pena não tem uma justificativa. Parte dos pressupostos da criminologia da reação social, denunciando os efeitos seletivos, reprodutores, desiguais e de barbárie produzidos pelos aparatos burocráticos repressivos do Estado penal. É a negação das teorias da pena, possibilita concentrar esforços para minimizar os seus danos. A prof.ª Ana Paula faz uma comparação dessa teoria com a guerra, onde a guerra é um mal, não se justifica por nada, mas ela existe, e temos que reduzir os danos a medida que trabalhamos com ela. Elimina-se o discurso justificador. Salo de Carvalho diz que “a pena, sem qualquer fundamentação jurídica e de qualquer fim nobre, retornaria ao campo da política, representando manifestação concreta de poder. Tal como a guerra, representa resposta sancionatória extrema e cruel, isenta de quaisquer justificativas”.1 AULA 3 com Doutoranda Marina Almeida Princípios constitucionais da pena Princípio da Humanidade da Pena Previsto no artigo 5º da Constituição Federal incisos: 1 Autores referências: Eugenio Raúl Zafforoni e Juarez Cirino dos Santos UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante; […] XLVII – não haverá penas: a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX; b) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis; Decorrem do princípio master que é o princípio da Dignidade da Pessoa Humana que visa tratar todas as pessoas com dignidade. É um princípio que aparece na Declaração Universal dos Direitos Humanos, nas Regras mínimas da ONU para tratamento dos Presos, Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos, etc. Esse princípio faz a separação entre o Direito e a Moral, representa a redução de danos e vedação ao retrocesso. Principio da Individualização da Pena Previsto também no artigo 5º da Constituição Federal, em seu inciso XLVI, que diz “a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: (…)”. Esse princípio representa a necessidade de tratamento individualizado da pena e de que o preso seja visualizado pelo sistema como um indivíduo e tratá-lo como tal. DIMENSOES DA INDIVIDUALIZACAO DA PENA DIMENSÃO LEGISLATIVA Determinar a previsão de sanções penais adequadas para cada tipo. Ex.: se entende-se que o crime de estupro é maior mais grave que o crime de furto, cabe ao legislador estabelecer, ao crime de estupro, patamares mínimos e máximos maiores que os patamares mínimos e máximos do crime de furto. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos DIMENSÃO JUDICIAL Onde tramita o processo e cabe ao juiz estabelecer a espécie de pena aplicável, a quantidade de pene, regime inicial, substituição da pena, etc. DIMENSÃO EXECUTIVA Cabe tanto ao gestor da unidade penitenciária quanto ao juiz de execução penal decidirem sobre as possibilidades de alteração da quantidade (remição, detração e comutação) e de qualidade da pena (progressão/regressão de regime e livramento condicional, bem como sobre suas hipóteses de extinção. Cabe ao juiz de execução criminal tutelar o preso em face de eventuais desvios ou excessos praticados por ação ou omissão do administrador prisional. HC 82959 STF FEV 2006– / O STF decidiu que é inconstitucional a proibição de progressão de regime, contida nas leis dos Crimes Hediondos, justamente porque violaria o princípio da individualização da pena. Princípio da Intranscendênciada Pena Previsto no artigo 5º, inciso XLV da CRFB que diz que “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido”. Esse princípio também está previsto na Convenção Interamericana de Direitos Humanos. Em resumo, o princípio da intranscendência da pena diz que a pena recai somente sobre quem deu causa ao fato atípico. A critica sobre esse princípio é que a aplicação prática desse princípio é praticamente impossível pois os efeitos sempre estarão presente sobre o círculo afetivo e familiar do apenado. Por isso, alguns doutrinadores, falam em princípio da transcendência mínima da pena, que seria tentar com que a pena atribuída ao indivíduo seja o mínimo possível. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Principio da não-discriminação do Apenado Esse princípio diz que, quando o indivíduo é condenado à pena, o único direito que pode lhe ser retirado é o direito a liberdade, o art. 5º, XLIX, CRFB dispões que “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral”. A situação de prisão não pode retirar do apenado os seus direitos fundamentais, pelo contrário, impõe tutela especial do Estado sobre sua vulnerabilidade. É vedado a distinção de natureza social, racial, religiosa e política. O sistema de penas no Brasil O artigo 5º, inciso XLVI diz quais são as formas de penas que podemos ter, que diz: XLVI – a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes: a) privação ou restrição da liberdade; b) perda de bens; c) multa; d) prestação social alternativa; e) suspensão ou interdição dos direitos Embora hajam 5 espécies no texto constitucional, existem de fato 3 tipos de Pena no Brasil, que são: (I) penas de multa; (II) penas alternativas, ou restritivas de direitos; e (III) pena privativa de liberdade. O próprio Código Penal, nos tipos de crime, dirá se caberá, ou não a pena de multa e/ou a pena restritiva de liberdade, também indicará a modalidade da pena, se será pena de reclusão, detenção ou alternativa. Pena privativa de liberdade É a pena de prisão, pena por excelência. Está prevista no Código Penal (art. 33, §1º) com as modalidades de reclusão ou detenção. A forma a ser aplicada está descrita no tipo penal. Não há diferença no conteúdo, mas na situação do apenado. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos ↳ Reclusão – aplicada em tipos penais mais graves. A pessoa inicia a pena em regime fechado, semiaberto ou aberto. ↳ Detenção – aplicada em crimes mais leves. A pessoa inicia em regime aberto ou semiaberto. Regimes da pena privativa de liberdade ↳ Fechado (art. 34) – pena cumprida em penitenciária de segurança máxima ou média, o trabalho não é obrigatório, mas se realizado gera direito de remissão (3 dias de trabalho reduz 1 dia de pena) e não admite saída temporária. ↳ Semiaberto (art. 35) – o cumprimento da pena ocorre em colônia agrícola ou industrial, admite saída temporária e trabalho externo. ↳ Aberto (art. 36) – ocorre em albergue, os apenados tem horário para sair e retornar para dormir, devendo permanecer recolhidos nos finais de semana. Criterios para estabelecer o regime inicial art 33 2( . , § ) ↳ Fechado – para condenados primários com pena superior a 8 anos e reincidentes com pena superior a 4 anos; ↳ Semiaberto – para condenados primários com pena superior a 4 e inferior a 8 anos, ou reincidentes com pena de até 4 anos; ↳ Aberto – apenas para os condenados primários com pena de até 4 anos. Pena de multa A pena de multa é um pagamento que vai para o fundo penitenciário nacional ou estadual, a depender do tipo de crime (crime federal vai para o fundo penitenciário nacional). A quantia é fixada em sentença e calculada em dias- multa. Penas restritivas de direitos São penas autônomas que substituem as penas privativas de liberdade em situações específicas. São elas: UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos ↳ Prestação pecuniária; ↳ Perda de bens e valores; ↳ Limitação de fim de semana; ↳ Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; ↳ Interdição temporária de direitos; ↳ Limitação de fim de semana. AULA 4 DosimetriaDosimetria Conceitos iniciais de dosimetria Tipos qualificados e privilegiados Em alguns tipos penais estão previstas em situações qualificadoras ou privilegiadoras do crime. São circunstâncias que sempre estão vinculadas a um intervalo de pena diferente do intervalo do tipo penal simples, ou seja, quando há um outro intervalo de pena no mesmo tipo penal, que está prevista no caput do artigo, é como se fosse outro tipo de crime. Quando o crime a que se está fazendo a dosimetria foi considerado no processo qualificado, parte-se do intervalo de pena da qualificadora correspondente. Exemplo: Furto e furto qualificado Art. 155 – Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e multa. (…) § 4º – A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: (I) com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa. C R I M E Q U A L I F IC A D O UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Sistema trifásico No Direito Penal brasileiro, o artigo 68 do Código Penal prevê o sistema trifásico (no que se refere a dosimetria) e diz que “a pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último as causas de diminuição e de aumento”. Ou seja, são as três fases: (I) circunstancias judiciais do artigo 59; (II) agravantes e atenuantes; e (III) majorantes e minorantes. Circunstancias judiciais art ( . 59 cp, )2 Utilizadas na 1ª fase da dosimetria. São circunstâncias em aberto, não têm valor na Lei, se positivas ou negativas, nem quantitativo previsto. Cabe ao juiz a avaliar essas situações com base nos elementos dos autos. ↳ Ci rcunstância subjetiva culpabilidade, antecedentes, conduta social,→ personalidade do réu, motivo do crime ↳ Circunstâncias judiciais objetivas circunstâncias e consequências do→ crime, comportamento da vítima. Agravantes e atenuantes art 61 a 65 CP( . , ) ⚠ São circunstâncias legais, sempre utilizadas na 2ª fase da dosimetria, as agravantes e atenuantes já tem no seu conteúdo o mérito avaliativo. As agravantes agravam a pena base proposta porque são circunstâncias negativas. As atenuantes atenuam a pena base, porque são circunstâncias positivas. Apesar de elencadas na Lei, elas não possuem quantitativo definido. Majorantes e minorantes Estão previstas em diversos dispositivos do Código Penal. São causas de aumento e diminuição da pena antes definida, sempre aplicadas na 3º fase da dosimetria. Estas causas de aumento e diminuição estão previstas tanto na parte geral do CP, como junto aos tipos penais na parte especial do CP e sempre são apresentadas em forma de fração, ou seja, apresentam referenciais quantitativos. Há situações em que a doutrina, ou o próprio código, utilizam a terminologia incorreta, confundindo formas qualificadas e majorantes. É o caso, por exemplo, do art. 127 do CP, que diz prever uma “forma qualificada” de aborto, contudo, ao 2 A reincidência penal não pode ser considerada como circunstancia agravante e, simultaneamente como circunstância judicial (Súmula 241 – STJ). UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos ler o artigo, vemos que o que se tem é uma majorante, porque não há um novo limite mínimo e máximo da pena, mas sim um aumento na forma de fração. Parte geral e parte especial O Código Penal conta com previsões genéricas,que afetam todos os tipos da parte especial, tanto para agravantes e atenuantes quanto para majorantes e minorantes. É o caso da tentativa, por exemplo, que se aplica a todos os tipos em que é possível a forma tentada. A parte especial pode prever circunstâncias para um só tipo penal, ou para um conjunto de tipos (por exemplo, o art. 141), que se aplicam sobre as regras gerais (regra especial > regra geral). A mesma situação não pode ser aplicada duas vezes (em mais de uma fase), porque violaria o princípio do Ne Bis in Idem. Assim, se o tipo penal prevê uma qualificadora por motivo fútil, por exemplo, não pode ser aplicada também a agravante de motivo fútil. A dosimetria ela parte da pena prevista no tipo penal, realiza um planejamento geral, depois parte-se para as fases da dosimetria, em ordem. AULA 5 Antecedentes vs. Reincidência Para evitar dupla valoração, somente é possível a valoração negativa concomitante dos antecedentes na 1ª fase e de reincidência na 2ª fase quando, além da condenação definitiva passível de gerar reincidência, houver ao menos uma outra. Uma mesma condenação jamais poderá caracterizar maus antecedentes e reincidência. Então, se houver só condenação definitiva, ela deve ser valorada na segunda fase, caso estejam presentes os requisitos da reincidência (art. 64, I CP); se não caracterizar reincidência, essa condenação única poderá ser valorada na primeira fase. NE BIS IN IDEM Uma mesma circunstância não pode ser considerada como circunstância judicial e depois como atenuante ou agravante. Então, se puder caracterizar agravante ou atenuante, sempre deve ser priorizado o reconhecimento na segunda fase, de modo que, na primeira fase, a circunstância deverá ser valorada de forma neutra. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Circunstância Elementar do Crime Para se respeitar o princípio do bis in idem, uma circunstância jamais poderá ser novamente valorada em quaisquer das três fases de cálculo da pena se já corresponder à circunstância objetiva ou subjetiva prevista expressa ou implicitamente no próprio tipo penal. Por ex.: em um crime de homicídio, a morta da vítima jamais poderá ser valorada na primeira fase como consequência negativa, uma vez que constitui o tipo objetivo. Regras jurisprudenciais Cada uma das circunstâncias do art. 59 pode, em cada caso concreto, ser valorada de forma favorável, neutra ou desfavorável ao condenado, de modo que, ao final, o saldo ou valor conjunto das circunstâncias poderá ser favorável, neutro ou desfavorável. Nesse contexto, a doutrina dominante identifica, da análise da prática jurisprudencial ao logo dos anos, três regras principais que deverão ser observadas para o cálculo da pena base em consideração a esse valor conjunto das circunstâncias judiciais. Conjunto favorável Quando o conjunto das circunstâncias for favorável ao réu, a pena base deve se aplicada no limite mínimo legal. Embora a questão seja controversa, prevalece na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que, mesmo quando o conjunto das circunstancias for neutro, a pena base deve ser aplicada no limite mínimo legal. O saldo será neutro quando, mesmo não havendo nenhuma circunstancia favorável ao réu, não haja, tampouco, nenhuma desfavorável. Da mesma forma, o saldo será neutro quando houver um mesmo número de circunstâncias favoráveis e desfavoráveis e o valor/desvalor de cada qual não se sobrepor ao das demais. Conjunto relativamente desfavorável Quando o conjunto das circunstâncias for relativamente desfavorável, a pena base será agravada, mas será fixada de forma mais próxima do mínimo legal que UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos do tempo médio. A pena base irá se afastar do limite mínimo legal ao termo médio de forma proporcional. O conjunto será apenas relativamente desfavorável quando o saldo final for negativo, mas, ainda assim, a reprovabilidade recair sobre menos da metade das circunstâncias. Isso ocorre, por exemplo, quando uma, duas ou três circunstâncias são qualificadas como desfavoráveis e as demais são qualificadas como neutras. Conjunto Significativamente desfavorável Quando o conjunto das circunstâncias for significativamente desfavorável, a pena base será igualmente agravada, sendo que será fixada de forma mais próxima do termo médio que do mínimo legal. Será observada a mesma proporcionalidade para o afastamento do mínimo legal em direção ao termo médio, mas o fato de haver um número maior de circunstâncias desfavoráveis aproximará a pena daquele último. O saldo será significativamente desfavorável quando a maior parte das circunstâncias for desfavorável. Mesmo que todas circunstancias forem desfavoráveis, a pena base não poderá ultrapassar o termo médio: necessidade de reservar espaço a eventual agravamento na segunda fase. 1) verificação dos limites da pena, conforme o tipo penal 2) calculo do termo médio 3) cálculo da pena-base, após análise das 8 circunstâncias Termo Medio Termo médio é o resultado da divisão por dois do resultado da soma do mínimo e do máximo de penas cominadas no crime. Pena base deve ser fixada entre o mínimo previsto no tipo e o termo médio. Ex.: homicídio (art. 121) pena de 6 a 20 anos: 6+20=26; 26/2=13, a pena base será entre 6 e 13 anos. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Fase 1 - circunstâncias judiciais (PENA BASE) Culpabilidade Verifica-se o grau de reprovabilidade da conduta. Graduação da culpabilidade. Funciona como limite no sentido não apenas como pressuposto da pena, mas também quando da individualização. Grau máximo, médio e mínimo de reprovação da conduta do agente dentro de seu respectivo contexto. Há entendimento de que o juiz pode apoiar-se nas espécies de dolo e culpa. Assim, dolo mais intenso, ou culpa mais grave, seria sinal de conduta mais censurável. Essa avaliação, porém, fica prejudicada na hipótese de coincidência com alguma circunstância agravante. Também cuidado ao analisar a imputabilidade, a exigibilidade de conduta diversa e o conhecimento da ilicitude, pois são pressupostos do crime. Ainda assim, se o agente compreender minimamente o caráter ilícito de sua conduta, a graduação do seu discernimento é elemento importante para aferição da culpabilidade. Antecedentes Fatos anteriores praticados pelo réu, que podem ser bons ou maus. Finalidade de demonstrar afinidade do réu com a prática delituosa. Apenas as condenações criminais transitadas em julgado são passíveis de caracterizar maus antecedentes (princípio da presunção de inocência).3 Há uma discussão recente a cerca das condenações provisórias, se poderiam caracterizar maus antecedentes. Mesmo antes, porém, da reversão de entendimento do STF sobre a possibilidade de prisão após condenação em 2ª instância, já predominava exigência de trânsito em julgado para formação do mau antecedente. Observar o conceito e parâmetro temporal de reincidência (art. 64 CP). Sobram para análise dos antecedentes as condenações transitadas em julgado que não sigam as regras da reincidência, pois esta já será considerada posteriormente (art. 61 CP). Porém, em circunstâncias em que há um número significativo de condenações, a quem utilize estes fatos como circunstância negativa na pena- base. Essa possibilidade, porém, não é admitida pela jurisprudência majoritária do TJRS e STJ. 3 Súmula 444 do STJ. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Conduta social Valoração relativa à sociedade onde o sujeito está inserido. Visão que se tem do sujeito em seu contexto social. Depende, em geral de prova oral, trazida por testemunhas abonatórias, declarações públicas, atestados. Anteriores atos infracionais, em alguns casos são tratados como condutasocial, visto não poderem ser tratados como antecedentes (trata-se, porém, de possibilidade não admitida pela jurisprudência atual do TJRS, amparada na jurisprudência do STJ – Apelação Crime nº 700787330114). Há limites ao considerar a conduta social pois o Direito Penal é um Direito Penal do fato e não do autor, por isso quando não é possível considerar positiva, considera-se neutra. Personalidade Síntese das qualidades morais e sociais do indivíduo. Complicado, pois o conceito de personalidade é bem mais do que o juízo que umas pessoas fazem das outras, segundo seus próprios parâmetros. Falta de competência técnica dos operadores do Direito para avaliar. Desse modo, prepondera, atualmente, o entendimento de que a circunstância deverá ser qualificada como neutra se não houver, no processo, laudo técnico produzido por profissional competente (Apelação Criminal, nº 700820137805). Inviável a definição a priori de um padrão de personalidade a ser comparado com cada caso em análise. Inviabilidade de avaliação, frente ao princípio do Direito Penal do fato e não do autor. Tema do transtorno de personalidade: como tratar? Não é passível de inimputabilidade penal. Na grande maioria das vezes se dirá “deixasse de aferir sobre a personalidade pois não se tem elementos técnicos para fazê-los”. Motivos determinantes Força propulsora da vontade criminosa. Sempre há um motivo para o cometimento do delito, podem ser morais e sociais ou imorais e antissociais. Problema: em vários tipos penais o motivo é causa agravante ou de exasperação, ou seja, de realização do tipo. Agravante genérica do art. 61, II a; circunstância 4 Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS. Relator: Rinez da Trindade. Julgado em 27/03/2019. 5 Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS. Relator: Rinez da Trindade, julgado em: 10/10/2019. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos qualificadora do homicídio (art. 121 §2º, II); motivo de relevante valor social e moral – atenuante genérica (art. 65, III, a), entre outros. Não é possível bis in idem. Circunstância do crime Todas as circunstâncias propriamente ditas do fato e que ao juiz cabe ponderar para aumentar ou abrandar o rigor da pena. Situações específicas, como alguém que aproveita-se de um velório para furtar objetos do morto; a prática de crime violento em meio a uma multidão, gerando perigo para muitas pessoas. Necessário cuidar para não valorar duplamente como motivos ou circunstâncias atenuantes ou agravantes. Há possibilidade, também, das circunstâncias já constituírem o tipo penal ou o qualificarem, caso que também obstam a dupla valoração (ex.: homicídio qualificado pelo emprego de meio cruel). Assim, deve ser analisado se o caso concreto abriga alguma circunstância específica que não corresponda à forma usual de cometimento do crime, desde que essa circunstância específica já não sirva para agravar, atenuar ou qualificar a pena. Consequências do crime Projetam-se para além do fato crime. Não se trata das consequências inerentes ao próprio crime, ex.: a morte da vítima. Já, por exemplo, o desamparo de filhos menores de idade, os altos gastos com o amparo da vítima. Nos crimes contra o patrimônio, as hipóteses mais comuns de valoração negativa das consequências consistem na não-recuperação pela vítima do bem subtraído ou na depreciação econômica do aludido bem. Comportamento da vítima Vítima não pode ser responsabilizada por um crime, mas sabe-se que pode haver participação da vítima na provocação dos atos do réu. Assim, o comportamento da vítima deve ser considerado para reduzir a pena base. Ex.: injusta provocação da vítima. Há casos em que a prévia provocação da vítima consiste em causa de diminuição da pena, o que impede a valoração enquanto circunstância judicial (ex.: art. 121, §1º CP – homicídio privilegiado). UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Crimes sexuais Diferentemente do que afirma parte da doutrina, a roupa da vítima e a sua vida sexual pretérita NÃO PODEM ser interpretadas como comportamento favorável da vítima para prática do delito (Embargos de Divergência em Recurso Especial nº 1.152864/SC e nº 762044/SP)6. Lei de drogas 42. O juiz, na fixação das penas, considerará, com preponderância sobre o previsto no art. 59 do Código Penal, a natureza e a quantidade da substância ou do produto, a personalidade e a conduta social do agente. AULA 6 Fase 2 – agravantes e atenuantes (fixação da pena provisória) Para a fixação da pena provisória parte-se da pena-base fixada na 1ª fase, considerar-se-á as circunstancias legais, agravantes e atenuantes, que estejam presentes no caso concreto (arts. 61 a 65 c/c arts. 66 a 67, CP). Definem-se como circunstâncias legais porque trazem em si a carga valorativa já atribuída pelo legislador (positiva ou negativa), embora não o seja previamente estabelecido o quantum de pena que corresponde a cada circunstância presente. Circunstâncias legais São circunstâncias legais, genéricas, taxativas e obrigatórias. Obrigatórias porque, salvo a circunstância prevista no art. 667, sempre que presentes devem representar diminuição e/ou aumento da pena, a não ser que constituam em qualificadoras dos crimes em espécie, ou sejam consideradas em outra fase. O mais importante nessa fase é a fundamentação. Quando em concurso de circunstâncias, algumas são preponderantes em relação às demais, conforme previsão do art. 67 do CP. Embora, frente ao princípio da individualização não se justifique considerar tais circunstâncias em abstrato e sim em cada caso concreto. 6 Firmou o entendimento de que, no estupro e no atentado violento ao pudor contra menor de 14 anos, praticados antes da vigência da lei nº 12015/09, a presunção de violência é absoluta, sendo irrelevante, para fins de configuração do delito, a aquiescência da adolescente ou mesmo o fato de a ofendida já ter mantido relações sexuais anteriores (RESP 200602245979). 7 Art. 66 – A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressa em lei. — Concurso de circunstancias agravantes e atenuantes. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Agravante X atenuantes São circunstâncias de um crime ou delito que atuam na aplicação da pena. São elementos em torno do ato, mas que não afetam substancialmente sua ação. Agravantes ART 61 E 62 CP( . ) Circunstância que aumentam a pena. Há agravantes que são preponderantes, ou seja, são circunstâncias que podem ser consideradas com peso maior. São as circunstâncias agravantes: ↳ Reincidência (art. 61, I) – ocorre quando um sujeito que comete um crime e é condenado, pratica outra conduta delituosa após o trânsito em julgado do primeiro crime (preponderante). A reincidência agrava em muitos momentos a pena aplicada, por isso deve-se ter especial atenção para não bis in idem. Há uma controvérsia na jurisprudência que questiona, o reincidente deve ser mais punido ou não? Quem defende que sim, defende sobre a justificativa de maior periculosidade apresentada pelo indivíduo a sociedade; quem defende que não, justificativa com a falha do Estado na execução da pena anterior e forte preconceito da comunidade em relação aos apenados. Não constituem reincidência: 1. Casos de perdão judicial (art. 120 CP); 2. Sentença que aplica medida de segurança (doutrina); 3. Decisão que aplica penas restritivas de direitos, após transação penal (Lei 9099/95); 4. Suspensão condicional do processo (Lei 9099/95); 5. Composição civil (Lei 9099/95); 6. Nenhum formato de apuração de infração em andamento; 7. Ato infracional praticado antes dos 18 anos de idade; 8. Contravenção anterior pratica (contrário não é verdadeiro – art. 7º da Lei 3688/41);9. Crimes militares próprios e crimes políticos; UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos 10. Infrações que tiver decorrido período superior de 5 anos computando o período da prova da suspensão ou do livramento constitucional A reincidência será provada com certidão do cartório competente, não basta folha-corrida e deve-se levar em consideração a circunstância da reincidência do qual foi o crime anterior praticado e qual pena naquele caso atribuída. ↳ Motivo do crime fútil ou torpe (art. 61, II a) – consiste em motivo fútil o fato considerado de pequena importância, desproporcional à gravidade do fato e à intensidade do motivo. Motivo fútil ≠ motivo injusto. O ciúme não é considerado motivo fútil pois consiste em sentimento de profunda dor para algumas pessoas. O motivo torpe se caracteriza como motivo repugnante, vil, imoral. Para Nucci, o fundamento da maior punição ao criminoso repousa na moral média, no sentimento ético-social comum (preponderante); ↳ Facilitar ou assegurar a execução, ou ocultação, de outro crime (art. 61, II b) – consistem em fase necessária à obtenção do resultado e afetarem o mesmo bem jurídico, ≠ crime meio. A ocultação se caracteriza tendo em vista que o segundo delito é cometido tão somente com o escopo de ocultar, evitar a punição ou conferir a vantagem do primeiro crime. ↳ Traição, armadilha ou emboscada (art. 61, II c) – referem-se ao modo de execução do crime, cuja condução afeta a defesa da vítima e qualificam-se pela deslealdade e hipocrisia. A prática do crime com traição ocorre quando o agente se aproveita da confiança que a vítima lhe confere para praticar o delito em momento inesperado. A dissimulação ocorre quando o agente utiliza de meios fraudulentos para se aproximar da vítima e cometer o delito. Emboscada é quando o agente fica escondido esperando o melhor momento para abordar a vítima de surpresa. ↳ Emprego de meio cruel (art. 61, II d) – se relacionam com as formas de execução do crime, são consideradas as mais gravosas pelo legislador, porque podem afetar pessoas estranhas à vítima e à própria sociedade; ↳ Relação de parentesco com a vítima (art. 61, II e) – circunstâncias decorrentes da insensibilidade moral do agente que prática o delito contra UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos pessoas do seu rol familiar mais íntimo, violando o dever do apoio a mútuo existente entre parentes e pessoas ligadas pelo matrimônio. Incide aqui o princípio estrito legalidade, impedindo a extensão a pessoas que não se enquadram exatamente na tipificação do dispositivo legal. ↳ Abuso de autoridade (art. 61, II f) – refere-se ao abuso de autoridade decorrente de relações privadas, no caso as relações domésticas, coabitação, hospitalidade e violência contra a mulher; ↳ A buso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão (art. 61, II g) – ministério é o exercício de atividade religiosa reconhecida pelo Estado, com deveres fixos em lei (ex.: médico, advogado, engenheiro, etc); ↳ Ação de covardia (art. 61, II h) – crimes praticados contra crianças, maiores de sessenta anos, enfermo ou mulher grávida, aqui a razão do gravame é a vulnerabilidade física da vítima. No caso à gestante, não basta a mulher estar grávida, deve haver nexo entre o estado gravídico e o delito perpetrado, de modo que dificulte sua capacidade de evitar ou se defender do crime; ↳ Praticado contra ofendido sob imediata proteção da autoridade (art. 61, II i) – leva em conta a audácia do agente em cometer o crime contra vítima sob proteção direta e imediata de autoridade, ex.: pessoa presa que sofre o linchamento por populares; ↳ Crime praticado em situação de desgraça particular ou calamidade pública (art. 61, II j) – utilizada para punir aquele que demonstra desprezo pela solidariedade e fraternidade, num autêntico sadismo moral, aproveitando- se de situações calamitosas para cometer o delito. Define-se a calamidade pública como tragédia envolvendo muitas pessoas. Define-se desgraça particular, por seu turno, envolve apenas uma pessoa ou grupo determinado; ↳ Crime praticado em estado de embriaguez preordenada (art. 61, II l) – quando o sujeito se embriaga voluntariamente para ter coragem de cometer o crime e deve haver prova dessa intenção, serve para evitar que o sujeito se coloque, de propósito, em estado de inimputabilidade, objetivando futura exclusão da culpabilidade. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Atenuante art 6( . 5 CP, ) Causam diminuição da pena, estão previstas no artigo 65 do Código Penal. São elas: ↳ Réu menor de 21 anos (na data do fato) ou maior de 70 anos (na data da sentença) (art. 65, I); ↳ Desconhecimento da lei (art. 65, II) – o desconhecimento da Lei não se justifica (art. 21 CP), entretanto a ignorância dela pelo autor serve como causa de diminuição da pena; ↳ Crime cometido por motivo de relevante valor social ou moral (art. 65, III a) – pode-se conceituar o valor social aquele que traz em seu bojo o interesse da coletividade, o valor moral é aquele de cunho pessoal relacionado ao próprio sujeito delituoso. É impossível considerar em conjunto com agravante de mesma natureza ↳ Arrependimento e/ou reparação do dano (art. 65, III b) – trata-se do arrependimento eficaz, quando o agente pratica nova conduta voluntária com o objetivo de evitar que o delito se consume ou mesmo minorar suas consequências, daí o sujeito responde somente pelos atos já praticados Atitudes assumidas pelo agente com o objetivo de minorar os danos causados pelo crime. ↳ C rime cometido mediante coação ou em cumprimento de autoridade superior (art. 65, III c) – refere-se a hipótese de coação resistível, aquela situação sobre a qual é de se esperar alguma oposição do autor, ≠ coação irresistível, portanto culpável (art. 22 CP) Sob ordem de autoridade superior requer que a ordem seja ilegal e, de certa forma, resistível. Quando houver dúvida sobre a ilegalidade da ordem a responsabilidade será de quem deu a ordem (art. 22 CP). Há também a possibilidade de atuar sob influência de violenta emoção ↳ Confissão espontânea (art. 65, III d) – a confissão não pode decorrer de fatores externos do agente., ≠ de confissão voluntária e deve necessariamente ser feita perante autoridade competente UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Considera-se o direito constitucional de não produzir prova contra si mesmo Deve ser produzida sem nenhuma circunstância que a provoque (ex.: delação premiada) Confissão qualificada ocorre quando o réu admite o cometimento do→ fato passível de caracterizar o crime, mas alega circunstância passível de afastar a ilicitude da conduta, excluir ou limitar a pena. Predomina, no STJ, a compreensão de que essa confissão especial pode ser reconhecida como atenuante, desde que passível de influenciar na convicção do julgador para fins de elucidação da autoria. ↳ Crimes multitudinários (art. 65, III e) – crimes cometidos sob influência de multidão, desde que o agente não tenha provocado o início do evento, sob pena de não incidência da atenuante. Sumúla 231 do STJ A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal. Calculo da quantidade de diminuição ou aumento da pena 1. Deve-se estabelecer uma quantidade de pena que seja entre o intervalo de 1 dia a 1/6 da pena base; 2. Para estabelecer a quantidade de pena dentro deste intervalo sugere-se usar como referência o grau de culpabilidade na pena-base; 3. Se presentes mais de uma circunstância definir uma quantidade para as circunstâncias preponderantes eoutra para as comuns Exemplo: Pena base em um caso de homicídio = 9 anos e 6 meses (114 meses). 1/6 de 114 meses = 19 meses (1 ano e 7 meses). A quantidade da pena a aumentar ou diminuir deve ser entre 1 dia e 1 ano e 7 meses. Grau de culpabilidade: 5 meses para circunstancias comuns e 10 para circunstâncias preponderantes. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos AULA 7 Fase 3 majorantes e minorantes (pena– definitiva) Tanto nas majorantes quanto nas minorantes, o respectivo aumento ou diminuição pode ser previsto de forma fixa na lei ou pode o legislador estabelecer apenas um limite máximo e mínimo para o aumento ou diminuição, caso em que o juiz terá discricionariedade para transitar entre os limites. Causas majorantes Previstas na parte geral do CP em seus artigos 70 (concurso formal) e 71 (crime continuado) e também na parte especial do CP ou em leis extravagantes, há causas de aumento que são específicas para determinados crimes, nesses casos, a causa de aumento estará prevista na parte especial do CP ou na respectiva lei especial, logo após o artigo correspondente ao crime. Causas minorantes Também previstas na parte geral do CP, são elas: ↳ Tentativa (art. 14) A pena cominada ao crime consumado terá redução mais significativa se o agente percorreu o caminho do crime, ficou mais distante da consumação; e na redução menos significativa se o agente se aproximou mais do resultado Tentativa imperfeita (não pratica todos os atos) – redução de 2/3; Tentativa perfeita (pratica todos os atos mas não surte o efeito desejado) – redução de 1/3 ↳ Reparação do dano em crimes sem violência ou grave ameaça (art. 16); ↳ Erro sobre a ilicitude do fato (art. 21); ↳ Estado de necessidade relativo (art. 24, §2º); PB ÷ 1/6 = At (atenuante) → atenuante preponderante: At.2 = AtP PB ÷ 1/6 = Ag (agravante) → agravante preponderante: Ag.2 = AgP UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos ↳ Inimputabilidade parcial (art. 26, p. único) ↳ Embriaguez acidental (art. 28, §2º); e ↳ Participação de menor importância no concurso de pessoas (art. 29 §1º) Também estão previstas na parte especial do CP ou em respectiva lei especial, em que haja previsão específica para cada crime. QUALIFICADORA MAJORANTE ≠ E MINORANTE Regras gerais da 3 faseª 1. Se, ao mesmo tempo, houver mais de uma majorante ou mais de uma minorante (sendo pelo menos uma delas da parte geral) todas devem necessariamente ser consideradas pelo julgador; 2. Nesses casos, os aumentos ou diminuições de pena deverão ser realizados em cascata (sucessivamente). Ou seja, o segundo aumento ou diminuição deve incidir sobre o resultado do primeiro aumento ou diminuição sempre deve ser o de maior fração; 3. Se ambas as causas de aumento ou diminuição que tiverem concorrendo entre si forem da parte especial, o juis poderá limitar-se à consideração de apenas uma delas. Nesse caso, deve optar pela de maior mudança (aumento ou diminuição), conforme previsto no art. 68, p. único do CP; 4. Se, ao mesmo tempo, houver majorantes e minorantes, primeiro devem ser aplicadas as causas de aumento e depois as de diminuição; 5. Não havendo majorantes e nem minorantes na 3ª fase a pena provisória deverá ser tornada definitiva; Tipo penal qualificado possui origem no tipo penal simples mas possui uma ou mais circunstâncias adicionais, mas o legislador optou por penalizá-lo de forma distinta, prevendo parâmetros mínimo e máximo próprios quanto à pena. Na prática corresponde a um crime distinto em relação ao tipo simples que lhe originou. As majorantes e minorantes repercutem sobre o tipo, podendo aumentar ou diminuir a pena, mas sem caracterizar crime próprio UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos 6. Não havendo agravantes, nem atenuantes, nem majorantes, nem minorantes, a pena-base será definitiva; 7. As minorantes decorrentes do concurso formal e da continuação delitiva (arts. 70 e 71 CP) deverão ser consideradas por último Etapas da 3 faseª 1. Ponto de partida: pena provisória; 2. Identificação de causas majorantes e minorantes presentes; 3. Identificação de causas majorantes e minorantes presentes e que prevejam quantidades fixas de aumento ou diminuição; 4. Definição da quantidade fracional de pena a ser aumentada e/ou diminuída em cada majorante e minorante que não preveja quantidade fixa na sua determinação normativa. Critério para definição: deve refletir a razão de ser da majorante ou minorante. Ex: tentativa, irá depender do grau de execução que atingiu o autor; coautores, dependerá do número de coautores etc. Ainda, como critério, a coerência em relação ao grau de culpabilidade estabelecido na primeira fase; 5. Realização do calculo, primeiro fazendo incidir as majorantes e depois as minorantes, em cascata. Concurso de crimes Concurso Material Se tratarem-se de ações diferentes ou iguais, no mesmo momento ou em momentos diferentes, mas com diferentes desígnios (intenções), autônomos, serão aplicadas as penas correspondentes à cada infração. Previsão do art. 69 do CP. Concurso formal proprio Concurso Material: Se tratarem-se de ações diferentes ou iguais, no mesmo momento ou em momentos diferentes, mas com diferentes desígnios (intenções), autônomos, serão aplicadas as penas correspondentes à cada infração. Previsão do art. 69 do CP. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Concurso Material: Se tratarem-se de ações diferentes ou iguais, no mesmo momento ou em momentos diferentes, mas com diferentes desígnios (intenções), autônomos, serão aplicadas as penas correspondentes à cada infração. Previsão do art. 69 do CP. A pena a ser aplicada no concurso formal situa-se entre 1/6 e 1/2. A jurisprudência tem aceito a intensidade proporcional ao número de ofendidos ou número de crimes. Se dois crimes ou dois ofendidos, o mínimo de majoração; se mais, em crescente definição. Além disso, o resultado do aumento não pode exceder à pena aplicada a cada um dos crimes se isoladamente fossem julgados (art. 69 do CP). Crime continuado Pressupõe pluralidade de ações, de desígnios e de resultados. Infrações de mesma espécie (mesmo bem jurídico) praticadas nas mesmas condições de lugar, tempo, modo de execução, de modo a concluir-se que todas são desdobramentos da primeira (Art. 71 do CP). Pena mais grave, acrescida de 1/6 a 2/3. Se os crimes de que trata o art. 71 forem dolosos ou dirigidos à diferentes vítimas, com grave ameaça à pessoa, poderá o juiz decidir aplicar a pena de um deles apenas, aumentada em até o triplo (art. 71). 📌 A Jurisprudência não reconhece crime continuado quando houver habitualidade ou quando o criminoso faz do crime seu modo de vida. Em todos os casos, deve cuidar o juiz para que a pena aplicada não extrapole a soma das penas individualmente aplicadas a cada crime. Assim, sugere-se calculo primeiro das penas individualmente e depois da pena mais grave com as majorantes. AULA 8 Regime Inicial As tarefas do juiz em relação a sentença da pena não se encerram com a dosimetria, o juiz deve também fixar o regime inicial, analisar a possibilidade de substituição da pena e verificar se há a possibilidade de suspender a execução da pena. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Definição do Regime Inicial Para a definição do Regime Inicial, será levado em conta se o crime é punido com detenção ou reclusão, o quantum da pena e se o condenado é ou não reincidente. ↳ Detenção (art. 33 CP) – não pode ser executada em regime fechado, independentemente dos demais critérios Não reincidente e pena inferior a 4 anos – regime aberto; Não reincidente e penasuperior a 4 anos – regime semi-aberto; Reincidente independente do quantum – regime semi-aberto; ↳ Reclusão Não reincidente e pena inferior a 4 anos – regime aberto; Não reincidente e pena entre 4 e 8 anos – regime semi-aberto; Não reincidente e pena superior a 8 anos – regime fechado; Reincidente e pena inferior a 4 anos – regime semi-aberto; Reincidente e pena entre 4 a 8 anos – regime fechado; Reincidente e pena superior a 8 anos – regime fechado; Penas Restritivas de Direitos Estão nos artigos 43 a 48 do CP, são elas: (I) prestação pecuniária; (II) perda de bens e valores; (II) prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas; (IV) interdição temporária – em espécie no art. 47 do CP; e (V) limitação de finais de semana. São penas genéricas, ou seja, qualquer espécie ou quantidade de pena aplicada possibilitam a substituição, salvo se estiver presente alguma das vedações especificadas nos incisos do art. 44 do CP. São penas autônomas pois não podem ser aplicadas cumulativamente com as penas privativas de liberdade. E também são penas substitutivas, ou seja, não podem ser aplicadas originalmente. Primeiro aplica-se e calcula-se a pena privativa de liberdade e, depois, se houver possibilidade, se substitui aquela por uma ou mais penas restritivas de direito (art. 44 CP). UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Substituicao de penas A substituição de penas fundamenta-se no fracasso dos propósitos das penas privativas de liberdade. Aplicam-se as penas restritivas de direito de modo a evitar que agentes com baixa periculosidade, ou que tenham cometido crimes de menor potencial ofensivo, sofram os efeitos danosos da prisão. Criterios para substituicao de penas Estão previstos no artigo 44 do Código Penal, tendo regras gerais e exceções. A regra geral é basicamente que nos crimes culposos toda e qualquer pena pode ser substituídas e nos crimes dolosos podem ser substituídas apenas as penas inferiores a 4 anos. Por outro lado, a substituição jamais será cabível caso se trate de crime cometido mediante violência ou grave ameaça contra pessoa ou em caso de réu reincidente em crime doloso. Importante ressaltar que, mesmo nos casos a partir da combinação desses critérios objetivos, o juiz entender que a substituição é possível ele pode, eventualmente, argumentar que ela não seria recomendável, caso as circunstâncias previstas no artigo 59 do CP de alguma forma sinalizem a não recomendação (art. 44, III CP). Em caso de constatação da possibilidade da substituição da pena existem regras para sua aplicação. São essas regras: ↳ Se a pena aplicada for superior a um ano, a substituição ocorrerá ou por duas penas restritivas de direitos ou por uma delas e multa (art. 44, §2º e art 46 CP); ↳ Se a pena aplicada for superior a 6 meses e inferior a um ano, a substituição deverá ser por multa ou uma pena restritiva de direitos (art. 44, §2º CP); ↳ Se a pena aplicada for inferior a 6 meses, deve ser observada a mesma regra anterior, com exceção da pena de prestação de serviços à comunidade (art. 46 CP); ↳ As penas de interdição temporária de direitos (art. 47 CP) são substitutivas em situações específicas. Salvo no caso do artigo 54 do Código Penal, as penas restritivas de direitos, previstas nos artigos 43, incisos IV (prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas), V (interdição temporária de direitos) e VI (limitação de fim de UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos semana) terão a mesma duração de pena privativa de liberdade aplicada originalmente. Porém, o condenado pode optar por cumpri-la em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada, desde que superior a um ano (art. 46, §4º). No caso de descumprimento injustificado de uma pena restritiva de direitos aplicada em substituição, ela será novamente convertida em pena privativa de liberdade, com o devido abatimento do tempo em que a reprimenda substitutiva tiver sido cumprida (art. 44, §3º CP). O prazo mínimo para o cumprimento da pena privativa de liberdade é de 30 dias. Suspensão condicional da pena A sursis penal se trata da suspensão condicional da execução da pena. Ocorre quando o juiz deixa de executar a pena privativa de liberdade e submete o condenado ao cumprimento de outras medidas. Não se trata de um benefício, o instituto foi criado com o objetivo de reeducar o infrator de baixa periculosidade. Nesse sistema, suspende-se o processo, não havendo sentença condenatória, ou seja, o juiz declara o réu responsável pela prática do fato, suspendendo o curso da ação penal e marcando o período de prova, tendo que realizar sob fiscalização do poder judiciário. “O suris é um crédito de confiança ao criminoso primário, estimulando-o que não volte a delinquir.” evita também que o indivíduo “fique no convívio de criminosos irrecuperáveis…”.8 O art. 77 do Código prevê os requisitos para a suspensão condicional da pena (SURSIS). Para sua aplicação, o condenado não pode ser reincidente em crime doloso, as circunstâncias judiciais devem lhe serem favoráveis e não poderá ser indicada ou cabível a substituição do artigo 44 do CP. A Pena privativa de liberdade não superior a 2 anos poderá ter a execução suspensa pelo período de 2 a 4 anos. Se condenado possuir mais de 70 anos, ou houver risco excepcional a sua saúde, admite-se também a suspensão da privativa superior fixada entre 2 e 4 anos. Condicoes estabelecidas pelo juiz art 78 CP( . ) ↳ Sursis simples – no primeiro ano, cumprir a pena alternativa de serviço comunitário ou sofrer limitação de final de semana; 8TAMG - AC - Rel. Amado Henriques - RT 427/471 UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos ↳ Sursis especial – alternativamente, podem ser fixadas outras condições, como reparar o dano, não frequentar determinados lugares, não poder ausentar-se da comarca sem autorização judicial, comparecer de forma periódica em juízo, etc. Revogacao Em caso de revogação, o condenado deverá cumprir integralmente a pena suspensa em razão de sursis. ↳ Revogação obrigatória (art. 81, CP) – condenação definitiva por crime doloso, não pagamento injustificado da multa ou descumprimento das condições estabelecidas quanto a algumas obrigações alternativas; ↳ Revogação facultativa (art. 81, §1º CP) descumprimento de algumas condições ou condenação por crime culposo ou contravenção. SURSIS ≠ SUBSTITUIÇÃO DA PENA A Sursis, quando aceita pelo acusado e cumprida as condições impostas pelo juiz tem a punibilidade extinta. AULA 9 Pena de multa A pena de multa está prevista de forma autônoma no artigo 5º, XLVI da Constituição Federal e não se confunde com a pena privativa de liberdade e nem constitui espécie de pena restritiva de direitos. A pena de multa, como regra é uma pena originária. Natureza e forma de cobrança O artigo 164 da LEP (Leis de Execução Penal) previu um regime híbrido para a execução de pena de multa inadimplida. O “Pacote Anticrime”, alterou o artigo 51 do CP e previu que se for descumprida a pena e expressou que a multa deverá ser executada mediante o Juízo da Execução Penal. Possibilidade de aplicação Como regra será aplicada (I) isoladamente, de forma originária de pena ou sendo prevista como a única sanção cabível ou (II) cumulativamente quando prevista de UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos forma cumulativa com a pena privativa de liberdade. Por exceção pode ser aplicada como pena substitutiva (art. 44 §2º CP) sendo (I) a única pena substitutiva em condenação igual ou inferior a um ano; (II) cumulada com outra pena restritiva de direitos em penas entre 1 e 4 anos. Nesses casos de incidência substitutiva, a pena demulta substituirá apenas a pena privativa de liberdade originária. Cominação e dosimetria O direito comparado indica diferentes possibilidades de cominação da pena de multa: ↳ Possibilidade do legislador prever antecipadamente parâmetros específicos de multa para cada tipo penal ou prever parâmetros gerais aplicáveis a todos os tipos penais; ↳ Possibilidade de multa ser fixada em consideração às circunstâncias do fato ou condições econômica do réu (ou em consideração a ambos os critérios). O legislador brasileiro optou por estabelecer critérios gerais aplicáveis, como regra, a todos os tipos penais: ↳ Art. 58 remete ao art. 49 que prevê os limites que devem ser observados para fixação da multa; ↳ Há a possibilidade de leis especiais preverem critérios específicos ↳ Artigo 49 caput do CP Valor recolhido da multa deve ser direcionado a fundo penitenciário ou similar; Na sentença, a multa deve ser calculada em dias-multa SISTEMA DIAS MULTA- A doutrina considera o sistema de dias-multa um critério mais completo pois permite a combinação das circunstâncias do crime com condição econômica do réu. A definição do número de dias-multa leva em consideração a culpabilidade do réu e as circunstâncias do artigo 59 do CP e os limites previstos no caput do art. 49 (entre 10 e 360 dias-multa). Já a definição do valor de cada dia-multa leva UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos em consideração a situação econômica do réu (art. 60 caput CP) e os limites previstos no art. 49, §1º (entre 1/30 e 5 vezes do valor do salário mínimo). Primeiro faz-se o calculo de por quantos dias a multa será aplicada (nº de dias- multa), depois, calcula-se qual será o valor de cada dia-multa, daí se multiplica o nº de dias-multas pelo valor de cada um deles (dm . V = pena). 📌 Nos casos em que a multa, mesmo aplicada no patamar máximo, for considerada ineficaz em atenção à condição econômica do réu, pode-se aumentá- la até o triplo (art. 60, §1º CP). 📌 No concurso de crimes, as penas de multa serão aplicadas distinta e integralmente (art. 72 CP). AULA 10 Um dos componentes do crime é a imputabilidade penal, no entanto, no Brasil, há duas situações de inimputabilidade: (I) aqueles que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardo, forem, ao tempo da ação/omissão, inteiramente incapazes de entender o caráter ilícito do fato ou de se determinar de acordo com esse entendimento (art. 26, caput CP); e (II) os menores de 18 anos (art. 27 CP). Em ambos os casos de inimputabilidade, a responsabilização não precinda da observância do princípio da legalidade e da apuração da materialidade e autoria do fato após o devido processo legal; a diferença é que o juiz, na sentença, se reconhecer a tipicidade e ilicitude do fato, aplicará, ao invés da pena, a medida de segurança ou a medida socioeducativa. Medida de segurança Trata-se de uma sanção originária cabível ao indivíduo inteiramente privado de discernimento nos termos do art. 26 caput do CP e aplica-se ao invés da pena (art. 97 CP) que aplica-se após a sentença absolutória imprópria (art. 386, parágrafo único, III CPP). Pode ser aplicada como sanção substituta eventualmente ao indivíduo relativamente privado de discernimento (art. 26 § único CP) onde o juiz aplicará a pena de forma reduzida podendo substituí-la pela medida de segurança (art. 98 CP). UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Em relação aos inimputáveis, entende-se que, em virtude de suas limitações de discernimento, sua culpabilidade é inexistente ou reduzida. Assim, o fundamento da responsabilização por meio da aplicação de medida de segurança não decorre da culpabilidade do indivíduo, mas da sua periculosidade (maior possibilidade de o agente realizar atividades socialmente indesejadas). A medida de segurança é predominantemente preventiva. Pressupostos da medida de segurança ↳ Pratica de um injusto penal – o indivíduo deve ter praticado um fato típico e ilícito; ↳ Periculosidade – é uma periculosidade presumida em caso de indivíduo inteiramente inimputável ou resumida no caso de indivíduo semi-imputável; ↳ Ausência de imputabilidade. Espécies de medida de segurança ↳ Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico (art. 96, I CP) – também chamada de medida de segurança detentiva, é aplicável tanto aos imputáveis quanto aos semi-imputáveis que necessitam de tratamento curativo. ↳ Tratamento ambulatorial (art. 96, II c/c art. 97 CP) – individuo submetido a tratamento mas sem internação, é cabível se o fato for punível com pena de detenção e condições pessoais recomendarem. Duração De acordo com a Lei, o prazo de duração é indeterminado, sendo que o juiz irá estabelecer um prazo mínimo, que pode variar entre 1 e 3 anos (art. 97, §1º do CP), Ao final desse prazo mínimo, se realizará uma nova perícia médica, a qual se renovará uma vez por ano, ou em menor tempo, se o juiz entender conveniente. Essa indeterminação está atrelada à proteção social que decorre de periculosidade, na prática, a medida vai perdurar enquanto não cessar o diagnóstico de “periculosidade”. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos O STF adota o limite de máximo de 30 anos de internação (HC 84.219, de 2015). O STJ, adota a tese de limitação conforme o teto da pena precista em abstrato (súmula 527, editada em 2015). Execução, suspensão e extinção Medidas socioeducativas Utilizada para a responsabilização de adolescentes entre 12 e 18 anos de idade que cometem ato infracional (art. 104, ECA), prevista nos artigos 228 da CF e no artigo 27 do CP. Diferenças fundamentais quanto ao sistema penal adulto Não há vinculação direta na lei entre as condutas que caracterizam o ato infracional e as sanções correspondentes, mas sim a enumeração geral das hipóteses de sancionamento que, a partir de critérios gerais, podem ser aplicadas para qualquer ato infracional. Não há previsão de prazos determinados para execução da sanção aplicada, mas tão somente a estipulação de limites máximos para o cumprimento, bem como a garantia quanto à possibilidade de revisão da medida a qualquer tempo. Há uma abertura grande para a discricionariedade do juiz. Pressupostos do ato infracional No direito penal juvenil também deve seguir o princípio da legalidade e o ato infracional precisa ser um fato típico, ilícito e culpável (injusto penal), entretanto no caso dos adolescentes a culpabilidade é especial. Os adolescentes respondem pelos atos infracionais mas em situação diferente da pena, por isso pode-se falar de uma responsabilidade penal juvenil. A intervenção somente se justifica por seu viés educativo, mas tem inafastável caráter punitivo. O artigo 12 do ECA estabelece que para atos infracionais cometidos por crianças (até 12 anos) aplica-se medidas protetivas, pois considera-se a criança totalmente inimputável, e para adolescentes (de 12 a 18 anos) aplica-se medidas socioeducativas. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Medidas socioeducativas As medidas socioeducativas estão previstas no artigo 112 do ECA e são: ↳ Advertência – medidas judiciais, dada pelo juiz em audiência/sentença; ↳ Reparação do dano – medida judicial onde o juiz determina, quando o adolescente tem uma fonte de renda dele próprio9, a restituição do dano; ↳ Prestação de Serviços à Comunidade (PSC) – executada pelo município. É uma situação em liberdade em que o sujeito presta serviços a algum órgão ou instituição da comunidade (ex.: ONGs); ↳ Liberdade Assistida (LA) – executada pelo município. O adolescente é vinculado a um responsável designado que acompanhará esse tempo de LA do adolescente. Esse orientador deverá apresentar relatórios ao juiz; ↳ Semi-liberdade – executada por instituição de custódia,é mais brando, os adolescentes possuem atividades fora da instituição, como escola, curso, trabalho, etc; ↳ Internação – executada por instituição de custódia (ex.: FASE): ICPAE – Internação com possibilidade de atividade externa; ISPAE – Internação sem possibilidade de atividade externa. O critério para fixação da medida socioeducativa deve ser a gravidade do ato infracional, a reiteração, a situação de atos infracionais contra a pessoa e a capacidade do adolescente de cumprir a medida socioeducativa (art. 112, §2º). A gravidade do ato infracional depende do juiz e do contexto, a Lei não prevê os parâmetros a se utilizar e não se deve utilizar as descrições do Código Penal. Remissao A remissão está prevista no art. 180 do ECA que é uma espécie de perdão condicionado, pode ser dada ao invés da medida socioeducativa ou combinado a ela. Nos casos de remissão não há o processo, o processo apenas será instaurado em caso de descumprimento das condições afixadas pelo juiz. 9 Os pais do adolescente são responsáveis por eles na esfera civel. Ou seja, a medida socioeducativa somente pode ser aplicada ao adolescente, mas os pais podem ser responsabilizados pelos danos patrimoniais na esfera civel. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos Limites da internacao Os limites da internação estão previstos nos artigos 122 do ECA, e diz que o prazo deve ser no máximo de 3 anos e a internação deve ser a última opção a ser aplicada. Lei 12.594/2012 A Lei nº 12.594 de 2012 regulamentou o processo de execução das medidas socioeducativas. A lei diz que deve haver a individualização da execução por meio da elaboração de um Plano Individual de Atendimento (PIA) e a possibilidade de adaptação da medida aplicada (progressão ou regressão) a partir de avaliações periódicas com intervalo máximo de 6 meses entre elas (definido pelo PIA). AULA 10 (30/03/2021) MS e MSE As medidas de segurança (MS) e as medidas socioeducativas (MSE) são uma espécie de sanção. Ou seja, são intervenções do Estado na vida do sujeito que condicionam o sujeito a uma vontade do estado, portanto são medidas impositivas. Quando se fala em medidas impositivas deve haver uma limitação nessa intervenção do Estado pois para isso ele deve seguir normas e respeitar os direitos fundamentais. O limite para a aplicação dessas medidas seguindo os parâmetros da lei e seguindo a avaliação do delito que ocorreu. Nos casos de MS e MSE não se fala de crime pois a culpabilidade não se faz totalmente presente (imputabilidade dos sujeitos). Em ambos os casos (sujeitos a MS ou MSE) tem-se o chamado injusto penal10 que será punido com uma medida, que não é uma pena pois não há culpabilidade. Medida de segurança A justificativa para a Medida de Segurança é a periculosidade do sujeito, ou seja, em vez de analisar o grau de culpa que ele tem se pensa no grau de perigo que ele representa. Essa verificação do grau de periculosidade do indivíduo ocorre no andamento do processo penal, se instaura um processo paralelo (interposto pela parte ou pelo próprio juiz) que servirá para avaliar se há ali uma pessoa 10 Juarez Cirino dos Santos define o injusto penal como a prática do ato típico e ilicito UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos inimputável ou semi-imputável, após a análise e apresentação do resultado o processo principal volta a correr com essa informação. Se verificado que o réu é inimputável o juiz proferirá uma sentença absolutória imprópria, pois haverá uma absolvição do crime mas condenará o réu a uma medida segurança. No caso de verificado que o indivíduo é semi-imputável haverá uma sentença com cálculo da pena, porém ao final do cálculo o juiz tem duas opções: (I) terminar o cálculo sem aplicar a minorante do artigo 26 CP e a substitui por medida de segurança; ou (II) na terceira fase da pena opta por aplicar a minorante de redução dessa pena (art. 26, CP). Resumindo: se houver aplicação da minorante não pode ter substituição da pena e vice-versa. O tempo inicial da medida de segurança deverá ser de 1 a 3 anos dependendo da avaliação da periculosidade do sujeito, e com tempo máximo indefinido. Ao olhar a MS com um olhar positivo entende-se que é uma coisa positiva para o indivíduo, mas ao analisar o histórico da MS, principalmente no Brasil, há uma repercussão nem sempre positiva da MS pois mantém o sujeito indefinidamente na instituição afastado da família causando-lhe danos maiores do que a prisão (em muitos casos).11 Lei antimanicomial A Lei nº 10.216/2001 é resultado da luta iniciada no Brasil na década de 1970 com o objetivo de acabar com a cultura existente até então de internação compulsória em manicômios. A lei estimula a permanência do doente mental em casa, recebendo tratamento nos Centros de Atenção Psicossocial. Após esta lei surgiram dois entendimentos, do STJ e do STF, que resultaram em jurisprudência. O STJ diz que o tempo máximo para a internação da medida de segurança é o tempo máximo da pena do ilícito que o indivíduo cometeu. O STF diz que o tempo máximo é o tempo máximo de pena do Brasil, desvinculado do fato em si. Do ponto de vista prático, um dos cenários de execução mais recorrentes atualmente, diz respeito a imputabilidade em relação aos indivíduos com dependência química extrema e embriaguez patológica. Já se avançou no sentido de se entender que essas dependências podem se caracterizar no artigo 26 do CP 11 Sugestão: O holocausto brasileiro (Documentário) UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos podendo ser convertida a pena em medida de segurança. Há entretanto, uma resistência no reconhecimento essas condições a inimputabilidade. Medidas socioeducativas São medidas aplicadas a adolescentes (a partir de 12 anos) que cometam ato infracionais antes de completar 18 anos de idade. Mesmo que o ato seja julgado após a maior idade do indivíduo o mesmo cumprirá medida socioeducativa até os 21 anos de idade. É o ato que define o tratamento. O tratamento é feito pela Justiça da Infância e Juventude (JIJ), há casos em comarcas menores que a vara em que ocorre o julgamento é a mesma que julga processos criminais, mesmo assim há a distinção do tratamento. O juiz do JIJ, ao julgar o caso do adolescente terá um rol de medidas a ser aplicada (medidas abertas ou fechadas). Quando em meio fechado, as medidas são executadas pelas instituições de custódia (ex.: FASE) e quando medidas abertas são executadas pelos municípios. As medidas de advertência e reparação do dano são de aplicação do juiz. A reparação de dano só poderá ser decretada quando o adolescente tem condições próprias para arcar com aquela medida, deve ter fonte de renda própria. A medida socioeducativa no Brasil não tem uma previsão legal, se previu um sistema híbrido, onde o juiz tem um rol de medidas para aplicar e tem o ato infracional que não tem uma pena vinculada. O artigo 122 do ECA dispõe as restrições da aplicação das medidas, mas, ainda assim, há um espaço de discricionariedade muito grande onde podem haver diferentes interpretações sobre o que é considerado grave, sendo aplicadas diferentes medidas para o mesmo ato infracional. A remissão socioeducativa está prevista no ECA (≠ remição de pena) e trata-se de um perdão judicial e na maioria dos casos se caracteriza como uma suspensão condicional do processo. A remissão ocorre antes do processo, quando o adolescente é apresentado ao Ministério Público onde o promotor decide se arquiva o processo, aplica a remissão (com ou sem medida) ou se denuncia o adolescente. Na remissão o juiz estabelece uma condição para que, se cumprida, o adolescente não responda a um processo. UFRGS – 2020/2 / DIREITO PENAL III – Prof. Ana Paula / by: @justo_estudos
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