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FARMACOTÉCNICA
PROF.A DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica: 
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD: 
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Luana Cimatti Zago Silvério
Marta Yumi Ando
Renata da Rocha
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araujo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
1. BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO ................................................................................................................... 6
1.1 RECURSOS HUMANOS - ORGANIZAÇÃO .......................................................................................................... 10
1.2 INFRAESTRUTURA FÍSICA, EQUIPAMENTOS E MATERIAIS ......................................................................... 10
1.3 MANIPULAÇÃO ................................................................................................................................................... 12
1.4 CONTROLE DE QUALIDADE ............................................................................................................................... 13
1.5 ROTULAGEM E EMBALAGEM ............................................................................................................................ 14
1.6 CONSERVAÇÃO E TRANSPORTE ....................................................................................................................... 14
1.7 DISPENSAÇÃO ..................................................................................................................................................... 14
1.8 GARANTIA DA QUALIDADE ................................................................................................................................ 14
1.8.1 AUTOINSPEÇÃO ............................................................................................................................................... 15
BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO E 
PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO
PROF.A DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOTÉCNICA
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1.8.2 INSPEÇÕES ...................................................................................................................................................... 15
2. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO, ORDEM DE MANIPULAÇÃO E ROTULAGEM ............................ 15
2.1 PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO ...................................................................................................... 15
2.2 ORDEM DE MANIPULAÇÃO .............................................................................................................................. 16
2.3 ROTULAGEM ........................................................................................................................................................17
2.3.1 RÓTULOS AUXILIARES UTILIZADOS PARA INSTRUIR SOBRE ADEQUADA PREPARAÇÃO,
ARMAZENAMENTO OU DESCARTE ........................................................................................................................ 18
2.3.2 RÓTULOS AUXILIARES UTILIZADOS PARA INSTRUIR SOBRE VIA DE ADMINISTRAÇÃO ...................... 19
2.3.3 RÓTULOS AUXILIARES DE ADVERTÊNCIA SOBRE REAÇÕES ADVERSAS A MEDICAMENTOS ............. 19
2.3.4 RÓTULOS AUXILIARES DE ADVERTÊNCIA SOBRE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS E INTERAÇÕES 
FÁRMACO-ALIMENTOS ...........................................................................................................................................19
2.3.5 RÓTULOS AUXILIARES DE ORIENTAÇÃO SOBRE ADMINISTRAÇÃO ........................................................ 20
2.3.6 RÓTULOS AUXILIARES PARA ATENDER EXIGÊNCIAS LEGAIS .................................................................. 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 23
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
A legislação que trata das “Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e 
O� cinais para Uso Humano em farmácias” (ANVISA, 2007) é a RDC 67, de 08 de outubro de 
2007. Essa legislação estabelece os requisitos para a manipulação de preparações magistrais em 
farmácia, visando a segurança, e� cácia e qualidade dos produtos manipulados, bem como a 
promoção do uso racional de medicamentos.
Portanto, nesta Unidade I, apresenta-se os aspectos legais das práticas de manipulação, o 
preparo de procedimentos operacionais padrão (POP) e as ordens de manipulação.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO
A legislação que trata das “Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e O� -
cinais para Uso Humano em farmácias” (ANVISA, 2007) é a RDC 67, de 08 de outubro de 2007. 
Nela, alguns conceitos básicos estão descritos, os quais são essenciais para que o desenvolvimento 
de medicamentos e cosméticos em escala magistral seja entendido. Conforme o estabelecido, 
alguns termos são selecionados e transcritos com o seu respectivo signi� cado:
• Base galênica: preparação composta de uma ou mais matérias-primas, com fórmula 
de� nida, destinada a ser utilizada como veículo/excipiente de preparações farmacêuticas.
• Boas práticas de manipulação em farmácias (BPMF): conjunto de medidas que 
visam assegurar que os produtos manipulados sejam consistentemente manipulados e 
controlados, com padrões de qualidade apropriados para o uso pretendido e requerido 
na prescrição.
• Calibração: conjunto de operações que estabelecem, sob condições especi� cadas, a 
relação entre os valores indicados por um instrumento de medição, sistema ou valores 
apresentados por um material de medida, comparados àqueles obtidos com um padrão 
de referência correspondente.
• Chemical Abstracts Service (CAS): Referência internacional de substâncias químicas.
• Contaminação cruzada: contaminação de determinada matéria-prima, produto 
intermediário ou produto acabado com outra matéria-prima ou produto, durante o 
processo de manipulação.
• Controle de qualidade: conjunto de operações (programação, coordenação e execução) 
com o objetivo de veri� car a conformidade das matérias-primas, materiais de embalagem 
e do produto acabado, com as especi�cações estabelecidas.
• Controle em processo: veri� cações realizadas durante a manipulação de forma a 
assegurar que o produto esteja em conformidade com as suas especi� cações.
• Data de validade: data impressa no recipiente ou no rótulo do produto, informando o 
tempo durante o qual se espera que o mesmo mantenha as especi� cações estabelecidas, 
desde que estocado nas condições recomendadas.
• Denominação Comum Brasileira (DCB): nome do fármaco ou princípio 
farmacologicamente ativo aprovado pelo órgão federal responsável pela vigilância 
sanitária.
• Denominação Comum Internacional (DCI): nome do fármaco ou princípio 
farmacologicamente ativo aprovado pela Organização Mundial da Saúde.
• Desvio de qualidade: não atendimento dos parâmetros de qualidade estabelecidos para 
um produto ou processo.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Documentação normativa: procedimentos escritos que de� nem a especi� cidade das 
operações para permitir o rastreamento dos produtos manipulados nos casos de desvios 
da qualidade.
• Droga: substância ou matéria-prima que tenha � nalidade medicamentosa ou sanitária.
• Embalagem primária: Acondicionamento que está em contato direto com o produto e 
que pode se constituir em recipiente, envoltório ou qualquer outra forma de proteção, 
removível ou não, destinado a envasar ou manter, cobrir ou empacotar matérias-primas, 
produtos semielaborados ou produtos acabados.
• Embalagem secundária: a que protege a embalagem primária para o transporte, 
armazenamento, distribuição e dispensação.
• Equipamentos de proteção individual (EPI): equipamentos ou vestimentas apropriadas 
para proteção das mãos (luvas), dos olhos (óculos), da cabeça (toucas), do corpo (aventais 
com mangas longas), dos pés (sapatos próprios para a atividade ou protetores de calçados) 
e respiratória (máscaras).
• Especialidade farmacêutica: produto oriundo da indústria farmacêutica com registro na 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária e disponível no mercado.
• Forma farmacêutica: estado � nal de apresentação que os princípios ativos farmacêuticos 
possuem após uma ou mais operações farmacêuticas executadas com ou sem a adição 
de excipientes apropriados, a � m de facilitar a sua utilização e obter o efeito terapêutico 
desejado, com características apropriadas a uma determinada via de administração.
• Insumo: matéria-prima e materiais de embalagem empregados na manipulação e 
acondicionamento de preparações magistrais e o� cinais.
• Lote: quantidade de� nida de matéria-prima, material de embalagem ou produto, obtido 
em um único processo, cuja característica essencial é a homogeneidade.
• Manipulação: conjunto de operações farmacotécnicas, com a � nalidade de elaborar 
preparações magistrais e o� cinais e fracionar especialidades farmacêuticas para uso 
humano.
• Material de embalagem: recipientes, rótulos e caixas para acondicionamento das 
preparações manipuladas.
• Matéria-prima: substância ativa ou inativa com especi� cação de� nida, que se emprega 
na preparação dos medicamentos e demais produtos.
• Medicamento: produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado, com � nalidade 
pro� lática, curativa, paliativa ou para � ns de diagnóstico.
• Número de lote: designação impressa em cada unidade do recipiente constituída de 
combinações de letras, números ou símbolos, que permite identi� car o lote e, em caso de 
necessidade, localizar e revisar todas as operações praticadas durante todas as etapas de 
manipulação.
• Ordem de manipulação: documento destinado a acompanhar todas as etapas de 
manipulação.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Prazo de validade: período de tempo durante o qual o produto se mantém dentro dos 
limites especi� cados de pureza, qualidade e identidade, na embalagem adotada e estocado 
nas condições recomendadas no rótulo.
• Preparação: procedimento farmacotécnico para obtenção do produto manipulado, 
compreendendo a avaliação farmacêutica da prescrição, a manipulação, fracionamento 
de substâncias ou produtos industrializados, envase, rotulagem e conservação das 
preparações.
• Preparação magistral: é aquela preparada na farmácia, a partir de uma prescrição de 
pro� ssional habilitado, destinada a um paciente individualizado, e que estabeleça em 
detalhes sua composição, forma farmacêutica, posologia e modo de usar.
• Preparação o� cinal: é aquela preparada na farmácia, cuja fórmula esteja inscrita no 
Formulário Nacional ou em Formulários Internacionais reconhecidos pela ANVISA.
• Procedimento asséptico: operação realizada com a � nalidade de preparar produtos para 
uso parenteral e ocular com a garantia de sua esterilidade.
• Procedimento operacional padrão (POP): descrição pormenorizada de técnicas e 
operações a serem utilizadas na farmácia, visando proteger e garantir a preservação da 
qualidade das preparações manipuladas e a segurança dos manipuladores.
• Produto de higiene: produto para uso externo, antisséptico ou não, destinado ao 
asseio ou à desinfecção corporal, compreendendo os sabonetes, xampus, dentifrícios, 
enxaguatórios bucais, antiperspirantes, desodorantes, produtos para barbear e após o 
barbear, estípticos e outros.
• Quarentena: retenção temporária de insumos, preparações básicas ou preparações 
manipuladas, isolados � sicamente ou por outros meios que impeçam a sua utilização, 
enquanto esperam decisão quanto à sua liberação ou rejeição.
• Rastreamento: é o conjunto de informações que permite o acompanhamento e revisão 
de todo o processo da preparação manipulada.
• Reanálise: análise realizada em matéria-prima previamente analisada e aprovada, para 
con� rmar a manutenção das especi� cações estabelecidas pelo fabricante, dentro do seu 
prazo de validade.
• Recipiente: embalagem primária destinada ao acondicionamento, de vidro ou plástico, 
que atenda aos requisitos estabelecidos em legislação vigente.
• Risco químico: potencial mutagênico, carcinogênico e/ou teratogênico.
• Rótulo: identi� cação impressa ou litografada, bem como os dizeres pintados ou gravados 
a fogo, pressão ou decalco, aplicado diretamente sobre a embalagem primária e secundária 
do produto.
• Sala classi� cada ou sala limpa: sala com controle ambiental de� nido em termos de 
contaminação por partículas viáveis e não viáveis, projetada e utilizada de forma a reduzir 
a introdução, a geração e a retenção de contaminantes em seu interior.
• Sala de manipulação: sala destinada à manipulação de fórmulas.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Sala de paramentação: sala de colocação de EPI que serve de barreira física para o acesso 
às salas de manipulação.
• Substância de baixo índice terapêutico: é aquela que apresenta estreita margem de 
segurança, cuja dose terapêutica é próxima da tóxica.
• Unidade formadora de colônia (UFC): colônias isoladas de microrganismos viáveis, 
passíveis de contagem e obtidas a partir da semeadura, em meio de cultura especí� co.
• Utensílio: objeto que serve de meio ou instrumento para as operações da manipulação 
farmacêutica.
• Validação: ato documentado que ateste que qualquer procedimento, processo, material, 
atividade ou sistema esteja realmente conduzindo aos resultados esperados.
• Veri� cação: operação documentada para avaliar o desempenho de um instrumento, 
comparando um parâmetro com determinado padrão (ANVISA, 2007).
 A RDC 67/2007 (ANVISA, 2007) estipula ainda os requisitos para a manipulação de pre-
parações magistrais em farmácia, visando a segurança, e� cácia e qualidade dos produtos mani-
pulados, assim como a promoção do uso racional de medicamentos. Dessa maneira, os requisitos 
para o funcionamento de farmácias de manipulação são:
a) estar regularizada nos órgãos de Vigilância Sanitária competente, conforme legislação 
vigente;
b) atender às disposições da RDC 67/2007;
c) possuir o Manual de Boas Práticas de Manipulação;
d) possuir licençade funcionamento, expedida pelo órgão de Vigilância Sanitária local;
e) possuir Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) expedida pela ANVISA, 
conforme legislação vigente;
f) possuir Autorização Especial, quando manipular substâncias sujeitas a controle especial 
(ANVISA, 2007).
Além disso, é preciso atender a RDC 306/2004, gerenciamento de resíduos, e documentar 
todo o processo de manipulação (ANVISA, 2007). 
As Boas Práticas de Manipulação em Farmácias (BPMF) envolvem todos os aspectos rela-
cionados à manipulação de medicamentos, como recursos humanos, instalações, equipamentos, 
materiais, matérias-primas, material de embalagem, manipulação, controle de qualidade, rótulos, 
embalagens, conservação, transporte, dispensação, garantia da qualidade, inspeções, entre outros 
(ANVISA, 2007).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.1 Recursos Humanos - Organização
A farmácia deve ter um organograma e pessoal su� ciente para a demanda de trabalho. 
As atribuições e responsabilidades individuais devem estar formalmente e claramente descritas. 
Todo o pessoal envolvido nas atividades da farmácia deve estar incluído em um programa de 
treinamento, inicial e continuado (ANVISA, 2007). 
Nesse sentido, o farmacêutico é o responsável pela supervisão da manipulação e pela 
aplicação das normas de Boas Práticas, pela quali� cação dos fornecedores, avaliação da 
prescrição, determinação do prazo de validade, prestação de assistência e atenção farmacêutica, 
entre outros (ANVISA, 2007). Já os demais funcionários envolvidos na manipulação devem 
estar adequadamente paramentados, utilizando equipamentos de proteção individual (EPI). 
A paramentação e a higiene das mãos e antebraços, devem ser realizadas antes do início da 
manipulação (ANVISA, 2007).
Por � m, na área de pesagem e salas de manipulação, não é permitido o uso de cosméticos, 
joias ou quaisquer objetos de adorno de uso pessoal. Não é permitido conversar, fumar, comer, 
beber, mascar ou manter objetos pessoais (ANVISA, 2007).
1.2 Infraestrutura Física, Equipamentos e Materiais
A farmácia deve ser localizada, projetada, construída ou adaptada, com uma infraestrutura 
adequada às atividades a serem desenvolvidas, possuindo, no mínimo:
a) área ou sala para as atividades administrativas;
b) área ou sala de armazenamento: com capacidade su� ciente para estocagem de matérias-
primas, materiais de embalagem e produtos manipulados, quando for o caso;
c) local segregado e identi� cado para produtos em quarentena, e outro para produtos 
reprovados, devolvidos ou com prazo de validade vencido;
d) sala própria ou armário fechados com chave para substâncias e medicamentos sujeitos 
a regime de controle especial;
e) área ou sala de controle de qualidade;
f) sala ou local de pesagem de matérias-primas: dotada de sistema de exaustão, com 
dimensões e instalações compatíveis com o volume de matérias-primas a serem pesadas;
g) sala (s) de manipulação: sendo que a sala para manipulação de sólidos deve ser 
totalmente segregada da sala de manipulação de semissólidos e líquidos, quando houver;
h) área de dispensação;
i) sala de paramentação: preferencialmente com dois ambientes (barreira sujo/limpo) e 
servir como acesso às áreas de pesagem e manipulação;
j) sanitários e vestiários: devem ser de fácil acesso e não devem ter comunicação direta 
com as áreas de armazenamento, manipulação e controle de qualidade;
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k) área ou local para lavagem de utensílios e materiais de embalagem;
l) depósito de material de limpeza;
m) bancadas revestidas de material liso, resistente e de fácil limpeza;
n) lixeiras com tampa, pedal e saco plástico, devidamente identi� cadas (ANVISA, 2007).
A Figura 1 ilustra a infraestrutura de uma farmácia de manipulação.
Figura 1 – Estrutura física de uma farmácia de manipulação. Fonte: Moussavou (2012).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Ademais, “[...] os ambientes devem possuir superfícies internas (pisos, paredes e teto) 
lisas e impermeáveis, sem rachaduras, resistentes aos agentes sanitizantes e facilmente laváveis” 
(ANVISA, 2007); “[...] os equipamentos devem ser instalados e localizados de forma a facilitar a 
manutenção e mantidos de forma adequada às suas operações” (ANVISA, 2007). Já a calibração 
dos equipamentos e instrumentos deve ser executada periodicamente por empresa certi� cada, e 
deve ser realizada a manutenção preventiva e corretiva (quando necessário) dos equipamentos 
(ANVISA, 2007); enquanto “[...] os utensílios utilizados na manipulação de preparações para uso 
interno devem ser diferenciados daqueles utilizados para preparações de uso externo” (ANVISA, 
2007); assim como “[...] o mobiliário deve ser o estritamente necessário ao trabalho de cada área, 
de material liso, impermeável, resistente e de fácil limpeza” (ANVISA, 2007).
Dito isso, “[...] as matérias-primas devem ser adquiridas de fabricantes/fornecedores 
quali� cados quanto aos critérios de qualidade e devem conter as especi� cações técnicas” 
(ANVISA, 2007), cujos “[...] recipientes destinados ao envase devem ser atóxicos, compatíveis 
físico-quimicamente com a composição do seu conteúdo e devem manter a qualidade e 
estabilidade dos produtos durante o seu armazenamento e transporte” (ANVISA, 2007). Ainda 
sobre as matérias-primas, elas devem ser submetidas à inspeção de recebimento, identi� cadas, 
armazenadas, colocadas em quarentena, amostradas, analisadas conforme especi� cações e 
rotuladas quanto à sua situação, de acordo com procedimentos escritos. Nesse sentido, “[...] 
os materiais reprovados na inspeção de recebimento devem ser segregados e devolvidos ao 
fornecedor, atendendo a legislação em vigor” (ANVISA, 2007).
Sobre isso, cada lote da matéria-prima deve ser acompanhado do respectivo Certi� cado de 
Análise do fornecedor, que deve permanecer arquivado, no mínimo, durante 6 (seis) meses após 
o término do prazo de validade do último produto com ela manipulado (ANVISA, 2007). Depois 
disso, “[...] todos os materiais devem ser armazenados e manuseados sob condições apropriadas 
de modo a preservar a identidade e integridade dos mesmos” (ANVISA, 2007). Quando se tratar 
de matéria-prima sujeita a controle especial, o Certi� cado de Análise deve ser arquivado, pelo 
período de, no mínimo, 2 (dois) anos após o término do prazo de validade do último produto 
com ela manipulado (ANVISA, 2007). 
Nesse processo, “[...] a água utilizada na manipulação de produtos é considerada matéria-
prima produzida pela própria farmácia por puri� cação da água potável, devendo as instalações e 
reservatórios serem devidamente protegidos para evitar contaminação” (ANVISA, 2007).
1.3 Manipulação
Quanto à manipulação “[...] devem existir procedimentos operacionais escritos para 
manipulação das diferentes formas farmacêuticas preparadas na farmácia” (ANVISA, 2007), 
para prevenção de contaminação cruzada. “A farmácia deve possuir Livro de Receituário, 
informatizado ou não, e registrar as informações referentes à prescrição de cada medicamento 
manipulado” (ANVISA, 2007), garantindo, com isso, a rastreabilidade dos produtos. Além disso, 
“[...] todas as superfícies de trabalho e os equipamentos da área de manipulação devem ser limpos 
e desinfetados antes e após cada manipulação” (ANVISA, 2007).
Quando forem utilizadas matérias-primas sob a forma de pó, nas etapas do processo de 
manipulação, “[...] devem-se tomar precauções especiais, com a instalação de sistema de exaustão 
de ar, devidamente quali� cado, de modo a evitar a sua dispersão no ambiente” (ANVISA, 2007), 
conforme Figura 2, enquanto “[...] as condições de temperatura e umidade devem ser de� nidas, 
monitoradas e registradas” (ANVISA, 2007). Destaca-se que “[...] as salas de manipulação devem 
ser mantidas com temperatura e umidade compatíveis com as substâncias/matérias-primas 
armazenadas/manipuladas”(ANVISA, 2007).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 2 – Sala de manipulação de sólidos com sistema de exaustão de ar. Fonte: Exaustfarma (2019).
1.4 Controle de Qualidade
Para manter-se um controle de qualidade “[...] devem ser realizados, no mínimo, os 
seguintes ensaios de controle de qualidade, de acordo com a Farmacopeia Brasileira ou outro 
Compêndio O� cial reconhecido pela ANVISA, em todas as preparações magistrais e o� cinais” 
(BRASIL, 2008).
Sólidas: descrição, aspecto, caracteres organolépticos, peso médio.
Semissólidas: descrição, aspecto, caracteres organolépticos, pH (quando 
aplicável), peso.
Líquidas não estéreis: descrição, aspecto, caracteres organolépticos, pH (quando 
aplicável), peso ou volume antes do envase (BRASIL, 2008).
É preciso lembrar-se que “[...] os resultados dos ensaios devem ser registrados na ordem 
de manipulação, junto com as demais informações da preparação manipulada” (ANVISA 
2007), bem como “[...] os resultados de todas as análises devem ser registrados e arquivados no 
estabelecimento por no mínimo 2 anos” (ANVISA, 2007).
Na manipulação de formas farmacêuticas sólidas, “[...] devem ser realizadas análises de 
teor de pelo menos um diluído preparado, trimestralmente” (ANVISA, 2007). Formulações com 
quantidade igual ou inferior a 25 mg do fármaco por unidade: análise de teor no mínimo a cada 
2 meses, de acordo com a atualização da RDC 87/2008 (BRASIL, 2008). Assim, “[...] as análises, 
tanto do diluído quanto da fórmula, devem ser realizadas em laboratório analítico próprio ou 
terceirizado” (ANVISA, 2007) e “[...] devem contemplar diferentes manipuladores, fármacos e 
dosagens/concentrações, sendo adotado sistema de rodízio” (ANVISA, 2007). 
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1.5 Rotulagem e Embalagem
Para a rotulagem e embalagem de produtos manipulados, “[...] devem existir 
procedimentos operacionais escritos” (ANVISA, 2007). Nesse sentido, os rótulos devem conter 
uma série de informações para identi� cação do produto, como nome do prescritor, nome do 
paciente, data da manipulação, prazo de validade, posologia, identi� cação da farmácia, nome 
e CRF do responsável técnico, etc. (ANVISA, 2007). Já no envase dos produtos manipulados, 
os recipientes utilizados “[...] devem garantir a estabilidade físico-química e microbiológica da 
preparação” (ANVISA, 2007).
1.6 Conservação e Transporte
Ao conservar e/ou transportar um produto, “[...] a empresa deve manter procedimentos 
escritos sobre a conservação e transporte, até a dispensação dos produtos manipulados que 
garantam a manutenção das suas especi� cações e integridade” (ANVISA, 2007). Quanto aos 
medicamentos termossensíveis, eles “[...] devem ser mantidos em condições de temperatura 
compatíveis com sua conservação, mantendo-se os respectivos registros e controles” (ANVISA, 
2007). É preciso saber ainda que os produtos manipulados não devem ser armazenados ou 
transportados com materiais como alimentos perecíveis, animais, solventes orgânicos, substâncias 
tóxicas, materiais radioativos, etc. (ANVISA, 2007).
1.7 Dispensação
Para que haja um uso correto dos produtos, “[...] o farmacêutico deve prestar orientação 
farmacêutica necessárias aos pacientes” (ANVISA, 2007). Para comprovar o aviamento, “[...] todas 
as receitas aviadas devem ser carimbadas pela farmácia, com identi� cação do estabelecimento, 
data da dispensação e número de registro da manipulação” (ANVISA, 2007).
1.8 Garantia da Qualidade
O Sistema de Garantia da Qualidade deve assegurar que todas as operações de 
manipulação, controle de qualidade e demais operações relacionadas as BPMF sejam cumpridas 
e documentadas. Para tanto, “[...] a farmácia deve possuir um Sistema de Garantia da Qualidade 
que incorpore as BPMF, totalmente documentado e monitorado” (ANVISA, 2007). Assim, “[...] o 
estabelecimento deve possuir Manual de Boas Práticas de Manipulação apresentando as diretrizes 
empregadas pela empresa para o gerenciamento da qualidade” (ANVISA, 2007).
Conforme Anvisa (2007), os documentos referentes à manipulação de fórmulas devem ser 
arquivados durante 6 (seis) meses após o vencimento do prazo de validade do produto manipulado, 
podendo ser utilizado sistema de registro eletrônico de dados ou outros meios con� áveis e legais. 
Os demais registros para os quais não foram estipulados prazos de arquivamento devem ser 
mantidos pelo período de 1(um) ano. Os registros de produtos com substância sob controle 
especial devem ser arquivados por dois anos.
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1.8.1 Autoinspeção
De acordo com a Anvisa (2007), a autoinspeção é um recurso apropriado para a constatação 
e avaliação do cumprimento das BPMF, realizada pela farmácia. Devem ser feitas, no mínimo, 
uma vez ao ano. As suas conclusões precisam devidamente documentadas e arquivadas. Com 
base nas conclusões das auto inspeções devem ser estabelecidas as ações corretivas necessárias 
para assegurar o cumprimento das BPMF.
1.8.2 Inspeções
Para veri� cação do cumprimento das Boas Práticas de Manipulação em Farmácias, as 
farmácias estão sujeitas a inspeções sanitárias. Com base no risco potencial, os itens do roteiro de 
inspeção são classi� cados em: imprescindível, necessário, recomendável e informativo.
Considera-se item IMPRESCINDÍVEL (I) aquele que pode in� uir em grau 
crítico na qualidade, segurança e e� cácia das preparações magistrais ou o� cinais 
e na segurança dos trabalhadores em sua interação com os produtos e processos 
durante a manipulação. Considera-se item NECESSÁRIO (N) aquele que pode 
in� uir em grau menos crítico. Considera-se RECOMENDÁVEL (R) aquele 
item que pode in� uir em grau não crítico na qualidade, segurança e e� cácia 
das preparações magistrais ou o� cinais e na segurança dos trabalhadores em 
sua interação com os produtos e processos durante a manipulação. Considera-
se item INFORMATIVO (INF) aquele que oferece subsídios para melhor 
interpretação dos demais itens (ANVISA, 2007).
A RDC 67/2007 (ANVISA, 2007) trata ainda de pontos especí� cos relacionados a BPMF 
de substâncias de baixo índice terapêutico; de hormônios, antibióticos, citostáticos e substâncias 
sujeitas a controle especial; de produtos estéreis; de preparações homeopáticas; e de preparação 
de dose unitária.
2. PROCEDIMENTO OPERACIONAL PADRÃO, ORDEM DE 
MANIPULAÇÃO E ROTULAGEM
2.1 Procedimento Operacional Padrão
O Procedimento Operacional Padrão (POP) é a “[...] descrição pormenorizada de 
técnicas e operações a serem utilizadas na farmácia, visando proteger e garantir a preservação da 
qualidade das preparações manipuladas e a segurança dos manipuladores” (ANVISA, 2007). Por 
isso, recomenda-se a preparação de procedimentos operacionais padrão (POPs) para todos as 
atividades relevantes realizadas na farmácia de manipulação. Os POPs devem ser utilizados para 
garantir uniformidade nos procedimentos, independente do manipulador, e para treinamento 
de pessoal (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). A Figura 3 mostra um modelo de procedimento 
operacional padrão. 
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Figura 3 – Modelo de Procedimento Operacional Padrão (POP). Fonte: � ompson e Davidow (2013).
2.2 Ordem de Manipulação
A Ordem de Manipulação é o “[...] documento destinado a acompanhar todas as etapas 
de manipulação” (ANVISA, 2007). O registro ou a ordem de manipulação é emitido a partir 
da prescrição do paciente, ou, no caso de preparações o� ciais, ele e solicitado. Esse documento 
acompanha todas as etapas da manipulação. Por isso, deve conter o nome e a concentração da 
preparação, número ou quantidade de doses preparadas, número de controle ou da prescrição, 
data de fabricação e prazo de validade, lista de todos os componentes da formulação com 
as respectivas quantidades, nome do fabricante, número do lote e prazo de validade de cada 
componente,resultados dos testes de controle de qualidade, embalagem utilizada, assim como 
a identi� cação da pessoa que manipulou e da pessoa que revisou ou aprovou as etapas da 
manipulação (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). A Figura 4 apresenta um modelo de registro de 
manipulação. 
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Figura 4 – Modelo de registro de manipulação. Fonte: � ompson e Davidow (2013).
2.3 Rotulagem
Conforme a Anvisa (2007), rótulo é a “[...] identi� cação impressa ou litografada, bem 
como os dizeres pintados ou gravados a fogo, pressão ou decalco, aplicado diretamente sobre a 
embalagem primária e secundária do produto”. As informações para identi� cação do produto 
devem estar descritas no rótulo, como o nome do paciente, nome do prescritor, formulação, 
data da manipulação, posologia, prazo de validade, identi� cação da farmácia, nome e CRF do 
responsável técnico, entre outras informações (ANVISA, 2007). Além disso, como as formulações 
manipuladas são personalizadas para cada paciente, o rótulo deve apresentar os nomes e as 
quantidades das substâncias ativas na preparação. A Figura 5 mostra um modelo rótulo de 
produto manipulado.
Figura 5 – Modelo de rótulo de produto manipulado. Fonte: Anfarmag (2010).
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No caso de preparações o� ciais, descritas no Formulário Nacional (2005 apud 
THOMPSON; DAVIDOW, 2013), quando os nomes e as quantidades de todos os componentes 
estão presentes na monogra� a, o rótulo pode conter o nome o� cial da preparação, sem especi� car 
as quantidades dos componentes. Em alguns casos, é aconselhável incluir no rótulo também 
o nome e quantidade de alguns excipientes, caso haja substâncias alérgenas, por exemplo. Em 
preparações líquidas manipuladas com álcool, o teor dessa substância precisa ser indicado no 
rótulo, em porcentagem V/V (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
Além do rótulo principal, existem os rótulos auxiliares que são colocados nos frascos para 
informar o paciente, ou responsável por ele, sobre a utilização e o armazenamento do produto. 
Esses rótulos podem ser usados para reforçar informações já descritas no rótulo principal ou 
para trazer informações adicionais (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). Alguns rótulos auxiliares, 
comumente utilizados, são descritos nos itens que seguem.
2.3.1 Rótulos auxiliares utilizados para instruir sobre adequada preparação, armazena-
mento ou descarte
a. Agite bem. Exigido em todos os sistemas líquidos dispersos, tais como suspensões e 
emulsões, menos em determinados produtos com instruções de rotulagem contrárias. 
Por exemplo, algumas proteínas ou peptídeos são suspensões instáveis à agitação e têm 
instruções para agitar suavemente antes do uso. A agitação de algumas suspensões de 
insulina pode resultar em bolhas de ar ou espuma, por isso é recomendado que o frasco 
seja ‘deslizado’ entre os dedos para dispersar de maneira uniforme as partículas da 
suspensão. 
b. Mantenha sob refrigeração, não congele. Exigido nos produtos que são quimicamente 
instáveis em temperatura ambiente (p. ex., muitos antimicrobianos reconstituídos) e 
produtos que são � sicamente instáveis em temperatura ambiente (p. ex., supositórios 
de manteiga de cacau). Essa recomendação é dada, ainda, para produtos injetáveis que 
foram manipulados e que não serão utilizados em seguida, em especial aqueles que não 
contêm conservantes. 
c. Não use após. Exigido para todos os produtos parenterais manipulados, antimicrobianos 
e líquidos reconstituídos, outros produtos instáveis e todos os medicamentos dispensados 
quando exigido por lei estadual. Mesmo quando não é exigido por lei estadual, esse dizer 
é recomendado a todos os rótulos de produtos dispensados para que os pacientes não 
retenham produtos velhos e que podem já não ter o potencial de ação desejado. Tal aviso 
agora é muitas vezes impresso diretamente no rótulo do produto conforme o formulário 
de prescrição. 
d. Refrigere, agite bem, descarte após uso. Usado para evitar vários rótulos auxiliares 
quando forem exigidas as três mensagens anteriores (a, b e c supracitadas), tal como para 
a maioria das suspensões de antimicrobianos reconstituídas. 
e. Proteja da luz. Exigido para produtos parenterais que são fotossensíveis, tais como 
nitroprussiato de sódio, furosemida e fenotiazinas. Esse rótulo é especialmente importante 
quando a embalagem primária do medicamento não é âmbar ou opaca. É a rotulagem 
apropriada para todos os medicamentos fotossensíveis. 
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f. Mantenha fora do alcance de crianças. Pode ser usado para qualquer embalagem de 
medicamento, mas é exigido para frascos sem tampas de segurança. 
g. Quimioterapia do câncer, descarte de forma apropriada. Exigido para frascos que 
contenham medicamentos citotóxicos (THOMPSON; DAVIDOW, 2013, p. 40, grifo dos 
autores).
2.3.2 Rótulos auxiliares utilizados para instruir sobre via de administração
a. Uso externo. Recomendado para produtos de aplicação externa, principalmente para 
aqueles de perigo potencial se ingeridos. 
b. Rótulos de vias de administração. Exemplos incluem ‘Para os olhos’, ‘Para uso retal’ 
e ‘Somente para uso inalatório’. Esses rótulos são especialmente importantes quando há 
alguma possibilidade de confusão sobre a via de administração da forma farmacêutica 
(p. ex., cápsulas contendo medicamentos para uso em um inalador) (THOMPSON; 
DAVIDOW, 2013, p. 40, grifo dos autores).
2.3.3 Rótulos auxiliares de advertência sobre reações adversas a medicamentos
a. Pode causar sonolência. Não ingerir álcool. Cuidado ao dirigir carros ou operar 
máquinas. Usado para pacientes adultos ambulatoriais. Exigido para todos os narcóticos 
de venda controlada e outros medicamentos, tais como relaxantes musculares, que podem 
causar sonolência signi� cativa. Recomendado para outros narcóticos, agentes ansiolíticos, 
tranquilizantes, barbitúricos de ação prolongada, agentes sedativos, anticonvulsivantes, 
anti-histamínicos e antidepressivos, bem como qualquer outra substância que possa 
causar sonolência. O uso desse rótulo auxiliar em produtos indutores do sono depende 
do critério pro� ssional. 
b. Pode causar sonolência. Usado para pacientes pediátricos e adultos não ambulatoriais. 
Mesmas exigências e recomendações como descrito no item a. 
c. Evite exposição ao sol. Exigido para medicamentos que causam reações de 
fotossensibilidade, tais como tetraciclinas, sulfonamidas, griseofulvina, ácido nalidíxico, 
tiazidas e feniltiazinas. 
d. Pode causar coloração da urina ou das fezes. Recomendado para medicamentos que 
podem alterar a coloração da urina e das fezes, tais como azul de metileno, nitrofurantoína 
e fenazopiridina (THOMPSON; DAVIDOW, 2013, p. 40-41, grifo dos autores).
2.3.4 Rótulos auxiliares de advertência sobre interações medicamentosas e interações 
fármaco-alimentos
a. Não ingira álcool. Exigido para produtos que possam causar reações do tipo 
dissul� ram, tais como dissul� ram, metronidazol e clorpropramida. Recomendado para 
medicamentos hipnóticos ou outros, para os quais o efeito aditivo sobre o Sistema Nervoso 
Central (SNC) pode ser perigoso. Esclarecimento verbal também deve ser fornecido. 
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b. Não use com produtos lácteos, antiácidos, etc. Exigido para tetraciclinas, para 
prevenir a inativação da substância pelos íons polivalentes. Recomendado para produtos 
com revestimento entérico, uma vez que os produtos à base de leite e os antiácidos criam 
um pH básico no estômago, o que pode causar a dissolução prematura do revestimento 
entérico. 
c. Não usar ácido acetilsalicílico. Exigido para os anticoagulantes do tipo da varfarina 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013, p. 41, grifo dos autores).
2.3.5 Rótulos auxiliares de orientação sobre administração
a. Ingira com alimentos. Recomendado para medicamentosque podem causar 
distúrbios estomacais, quando esse efeito pode ser diminuído pelo uso do medicamento 
com alimentos. Exemplos de medicamentos desse grupo incluem nitrofurantoína, ácido 
valproico, eritromicina e ácido acetilsalicílico. 
b. Tome de estômago vazio. Recomendado para medicamentos tais como tetraciclina e 
ampicilina, que têm sua absorção reduzida ou sua degradação aumentada no estômago 
quando ingeridos junto com alimentos. Para alguns medicamentos, a necessidade de uma 
melhor absorção deve ser considerada em relação aos efeitos adversos sobre o estômago, 
quando um medicamento é tomado com o estômago vazio. O farmacêutico deve realizar 
uma avaliação adequada do paciente. 
c. Tome com muita água. Recomendado para sulfonamidas, como forma de diminuir 
a probabilidade de cristalúria, para expectorantes, como forma de aumentar a redução 
da viscosidade das secreções bronquiais, para laxantes formadores de massa fecal, como 
forma de reduzir a probabilidade de compactação, e para medicamentos irritantes, tais 
como suplementos de potássio, anti-in� amatórios não esteroidais orais, hidrato de cloro, 
certos antimicrobianos e teo� lina. 
d. Use todo este medicamento. Recomendado como auxiliar de adesão para antibióticos 
e anti-infecciosos quando um tempo de duração especí� co não estiver indicado nas 
instruções de uso (THOMPSON; DAVIDOW, 2013, p. 41, grifo dos autores).
2.3.6 Rótulos auxiliares para atender exigências legais
a. Cuidado. A lei federal proíbe a transferência deste medicamento para outra pessoa. 
Exigido, por lei, em todos os frascos de medicamentos para pacientes externos que 
contêm substâncias controladas. 
b. Esta prescrição pode ser reutilizada x vezes. A menos que requerido por leis estaduais, 
esse é um rótulo opcional para informar ao paciente o número de vezes que a mesma 
prescrição pode ser dispensada. Atualmente, essa informação é frequentemente impressa 
diretamente no rótulo pelo so� ware de dispensação (THOMPSON; DAVIDOW, 2013, p. 
41, grifo dos autores). 
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Quais materiais são utilizados no envase de produtos farmacêuticos? Os mate-
riais de embalagem (primária e secundária) são importantes na manipulação de 
medicamentos e cosméticos? Lembre-se que a escolha dos recipientes utilizados 
no envase dos produtos é uma etapa importante para o processo de manipula-
ção. A embalagem deve garantir a estabilidade e efi cácia da preparação (ANVISA, 
2007). Assim, refl ita sobre as questões acima e verifi que no capítulo 24 do livro 
Teoria e prática na indústria farmacêutica (LACHMAN; LIEBERMA; KANIG, 2001) os 
materiais de embalagem utilizados em produtos farmacêuticos.
Fonte: LACHMAN, L.; LIEBERMAN, H. A.; KANIG, J. L. Teoria e Prática na Indústria 
Farmacêutica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 2001.
A RDC 67/2007 (ANVISA, 2007) trata de pontos específi cos relacionados a BPMF 
de substâncias de baixo índice terapêutico; hormônios, antibióticos, citostáticos 
e substâncias sujeitas a controle especial; produtos estéreis; preparações home-
opáticas; e preparação de dose unitária. Para saber mais sobre o assunto, confi ra 
o documento. 
Fonte: ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
da diretoria colegiada (RDC) n. 67, de 08 de outubro de 2007. Disponível em: 
https://www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/
rdc-67-de-8-de-outubro-de-2007. Acesso em: 28 jul. 2019.
A videoaula do Portal Educação aborda alguns conceitos 
que foram descritos nesta unidade. Sob o título Farmaco-
técnica em Manipulação, o curso oferece um conhecimento 
sobre formas farmacêuticas, cápsulas, isotonia, EHL, cálcu-
los de pesagem, farmacotécnicos e muito mais! Acesse-a!
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO. Farmacotécnica em manipula-
ção. Disponível em: 
https://youtu.be/UmQV02MpvnQ. Acesso em: 29 jun. 2019.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O capítulo 12 do livro A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos, de 
Thompson e Davidow (2013), trata de recomendações gerais para manipulação 
de medicamentos seguros e efi cazes, abordando as etapas a serem seguidas no 
processo de manipulação. Leia-o para que os seus conhecimentos sobre o assun-
to sejam mais aprimorados!
Fonte: THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. Capítulo 12: Recomendações gerais 
para manipulação de medicamentos. In: THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prá-
tica farmacêutica na manipulação de medicamentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 
2013. p. 156-171.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Unidade I são discutidos os conceitos essenciais para a compreensão do desenvolvimento 
de medicamentos e cosméticos em escala magistral, os requisitos para o funcionamento de uma 
farmácia de manipulação, assim como os aspectos relacionados a Boas Práticas de Manipulação 
em Farmácia (BPMF).
Todos os conceitos apresentados nessa unidade constam na RDC 67/2007 (ANVISA, 
2007), que trata das Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e O� cinais para Uso 
Humano em farmácias, além de pontos especí� cos sobre a BPMF de substâncias de baixo índice 
terapêutico; de hormônios, antibióticos, citostáticos e substâncias sujeitas a controle especial; de 
produtos estéreis; de preparações homeopáticas; e de preparação de dose unitária.
Por � m, as práticas de procedimentos operacionais padrão, ordem de manipulação, 
rotulagem e a sua importância na manipulação de medicamentos também são temas expostos 
na unidade.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 26
1. SISTEMA DE MEDIDAS E CÁLCULOS FARMACÊUTICOS ................................................................................. 27
1.1 TRANSFORMAÇÃO DE MEDIDAS ...................................................................................................................... 27
1.1.1 UNIDADES DE MASSA ...................................................................................................................................... 27
1.1.2 UNIDADES DE VOLUME ................................................................................................................................... 28
1.2 EXPRESSÕES DE CONCENTRAÇÃO .................................................................................................................. 29
1.2.1 PORCENTAGEM ................................................................................................................................................ 29
1.3 PREPARO DE SOLUÇÕES ................................................................................................................................... 31
1.3.1 SOLUÇÕES ESTOQUE ...................................................................................................................................... 31
1.3.2 SOLUÇÕES DE TRABALHO .............................................................................................................................. 31
2. ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO ..................................................................................................................... 32
CÁLCULOS FARMACÊUTICOS, PREPARO DE 
SOLUÇÕES E TIPOS DE ÁGUA PARA USO 
FARMACÊUTICO
PROF.A DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOTÉCNICA
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2.1 CONTAMINANTES .............................................................................................................................................. 32
2.1.1 CONTAMINANTES QUÍMICOS ........................................................................................................................ 32
2.1.2 CONTAMINANTES MICROBIOLÓGICOS........................................................................................................33
2.1.3 CONTAMINANTES PARTICULADOS .............................................................................................................. 33
2.2 TIPOS DE ÁGUA .................................................................................................................................................. 33
2.2.1 ÁGUA POTÁVEL ................................................................................................................................................ 33
2.2.2 ÁGUA REAGENTE ............................................................................................................................................ 34
2.2.3 ÁGUA PURIFICADA ......................................................................................................................................... 34
2.2.4 ÁGUA ULTRA PURIFICADA ............................................................................................................................. 34
2.2.5 ÁGUA PARA INJETÁVEIS ................................................................................................................................ 34
2.3 SISTEMAS DE PURIFICAÇÃO ............................................................................................................................ 35
2.3.1 PRÉ-FILTRAÇÃO ............................................................................................................................................... 35
2.3.2 ADSORÇÃO POR CARVÃO VEGETAL ATIVADO ............................................................................................. 35
2.3.3 TRATAMENTO COM ABRANDADORES ......................................................................................................... 36
2.3.4 DEIONIZAÇÃO E ELETRODEIONIZAÇÃO CONTÍNUA ................................................................................... 36
2.3.5 OSMOSE REVERSA ......................................................................................................................................... 36
2.3.6 ULTRAFILTRAÇÃO ........................................................................................................................................... 36
2.3.7 DESTILAÇÃO .................................................................................................................................................... 36
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 39
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INTRODUÇÃO
O sistema de medidas, utilizado em farmácia e em medicina, é o sistema métrico ou 
Sistema Internacional de Unidades (SI). As unidades básicas do SI são semelhantes ao sistema 
métrico. Elas apresentam apenas algumas atualizações (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). Isso 
é necessário porque os cálculos farmacêuticos são essenciais para a prática em farmacotécnica, 
para o cálculo da dose de medicamentos para pacientes, assim como para a quantidade de 
componentes em preparações magistrais, entre outros (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
A porcentagem é uma medida-padrão da concentração de um componente em uma 
preparação farmacêutica. A concentração da maioria dos produtos farmacêuticos pode ser 
descrita em termos de porcentagem (THOMPSON; DAVIDOW, 2013), haja vista que o termo 
por cento e o seu sinal correspondente % signi� cam “por uma centena” ou “em uma centena” 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013). Portanto, as porcentagens nas preparações farmacêuticas é o 
tema exposto nesta Unidade II.
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1. SISTEMA DE MEDIDAS E CÁLCULOS FARMACÊUTICOS
O sistema de medidas utilizado, em farmácia e em medicina, é o sistema métrico ou 
Sistema Internacional de Unidades (SI). As unidades básicas do SI são semelhantes ao sistema 
métrico. As unidades básicas do SI são: mole (mol) para quantidade de substância; kelvin (K) para 
temperatura termodinâmica; segundo (s) para tempo; metro (m) para comprimento; ampère (A) 
para corrente elétrica; candela (cd) para intensidade luminosa e quilograma (kg) para massa 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
As mais utilizadas em farmácia são as unidades de massa, volume e comprimento. 
Embora a unidade básica de volume no SI seja o metro cúbico (m3), o litro (L) é aprovado para 
medir volume de líquidos. Um litro corresponde ao volume de 1000 centímetros cúbicos (cm3), 
sendo assim, 1 mL é igual a 1 cm3. A unidade básica de massa é o kg, porém o grama (g) tem sido 
aceito como uma unidade básica. Um grama corresponde a massa de 1 cm3 de água a 4º C. Nesta 
Unidade II, utilizaremos os termos “massa” e “peso” de forma intercambiável, mesmo que o peso 
seja a massa vezes a aceleração gravitacional (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
Os cálculos farmacêuticos são essenciais para a prática em farmacotécnica, pois eles 
são úteis para realizar-se o cálculo da dose de medicamentos dos pacientes, a quantidade de 
componentes em preparações magistrais, entre outros. A maioria dos cálculos apresentados nesta 
unidade serão resolvidos por intermédio da regra de 3, mas há diferentes maneiras de realizar o 
mesmo cálculo. Assim, o aluno pode escolher o melhor método para o seu trabalho, desde que 
realizado corretamente (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
1.1 Transformação de Medidas
1.1.1 Unidades de massa
Unidade básica de massa é grama (g). 
Assim:
1 kg ________________ 1000 g
1 g _________________ 1000 mg
1 mg ________________1000 mcg
1 mcg _______________ 1000 ng.................................... sucessivamente.
1 femtograma (fg) = 0,000000000000001 g (1 x 10-15 g)
1 picograma (pc) = 0,000000000001 g (1 x 10-12 g)
1 nanograma (ng) = 0,000000001 g (1 x 10-9 g)
1 micrograma (µg) = 0,000001 g 
1 miligrama (mg) = 0,001 g 
1 centigrama (cg) = 0,01 g
1 decigrama (dg) = 0,1 g 
 
1 grama (g) = 1,0 g
1 decagrama (dag) = 10,0 g
1 hectograma (hg) = 100,0 g
1 kilograma (kg) = 1000,0 g
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 1 – Escala de equivalência métrica de massa decimal. Fonte: Adaptado de � ompson e Davidow (2013).
Exemplo 1. 
Um farmacêutico comprou 5 g de um fármaco potente. Em vários momentos, ele utilizou 
0,2 g, 0,85 g, 90 mg e 150 mg para manipular várias receitas. Quanto resta do fármaco?
Resposta. 
O primeiro passo é deixar todos os valores na mesma unidade. 
Nesse caso, transformamos 90 mg em g (0,090 g) e 150 mg em g (0,150 g).
Assim,
0,2g + 0,85g + 0,090g + 0,150g = 1,29
5g – 1,29 = 3,71g
1.1.2 Unidades de volume
1 microlitro (µL/mcL) = 0,000001 L
1 mililitro (mL) = 0,001 L
1 centilitro (cL) = 0,01 L
1 decilitro (dL) = 0,1 L
1 litro (L) = 1,0 L
1 decalitro (daL) = 10,0 L
1 hectolitro (hL) = 100,0 L
1 kilolitro (kL) = 1000,0 L
Exemplo 2. 
Quanto resta em um recipiente que contém 5 litros de vaselina após retirar 895 mL?
Resposta. 
O primeiro passo é deixar todos os valores na mesma unidade. 
Assim, transformamos 895 mL em L (0,895 L).
5 L – 0,895 L = 4,105 L
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1.2 Expressões de Concentração
A quantidade de fármaco por quantidade (massa ou volume) da preparação é dada pela 
concentração. As concentrações são usadas para expressar doses ou quantidades de fármaco 
presentes em uma preparação líquida (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). As expressões 
de concentração podem ser fornecidas pela combinação de unidades de massa e volume 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013), por exemplo: a) Massa de fármaco por massa do produto: 3 
mg/g (3 mg do fármaco em cada 1 g do produto); b) Massa do fármaco por volume do produto: 
3 mg/mL (3 mg do fármaco em cada 1 mL de produto).
A molaridade (M), por sua vez, corresponde ao número de moles de soluto por litro 
de solução. A molalidade (m) é o número de moles de soluto presente em 1000 g de solvente. 
Também são utilizados em manipulação os termos milimoles por milimolespor litro (mmol/L) 
ou mililitros (mmol/mL) (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). Por exemplo: Uma solução de 
hidróxido de sódio (NaOH) 1 M contém 1 mol de hidróxido de sódio por litro de solução. Como 
a massa molecular do NaOH é 40,0 uma solução de NaOH 1 M contém 40,0 g de NaOH por litro 
de solução (40 g/L ou 40 mg/mL).
1.2.1 Porcentagem
A porcentagem é bastante utilizada em farmácia para exprimir a quantidade de um 
componente em uma preparação farmacêutica, haja vista que a concentração da maioria dos 
produtos farmacêuticos pode ser descrita em termos de porcentagem (THOMPSON; DAVIDOW, 
2013), cujo termo por cento e o seu sinal correspondente %, signi� cam “por uma centena” ou “em 
uma centena” (THOMPSON; DAVIDOW, 2013).
As porcentagens nas preparações farmacêuticas são expressadas com o primeiro termo 
(ou numerador) de cada expressão indicando o componente sobre o qual a concentração está 
baseada, enquanto o segundo (ou denominador) sinaliza a preparação total (THOMPSON; 
DAVIDOW, 2013). Por exemplo:
5% = 5/100 = 0,05
12,5% = 12,5/100 = 0,125
0,05% = 0,05/100 = 0,0005
Além disso, há: a) Porcentagem peso-volume (p/V): expressa o número de gramas 
de um constituinte em 100 mL de uma solução ou preparação líquida, sendo empregada 
independentemente se a água ou outro líquido é o solvente ou o veículo. É expressa como: 
___% p/V. b) Porcentagem volume-volume (V/V): corresponde ao número de mililitros de um 
constituinte em 100 mL de uma solução ou preparação líquida. É expressa como: ___% V/V. c) 
Porcentagem peso-peso (P/P): expressa o número de gramas de um constituinte em 100 g de 
uma solução ou preparação. É expressa como: ___% P/P.
Contudo, frequentemente, nas prescrições e fórmulas, as designações p/V, V/V e p/p não 
são indicadas quando as concentrações são dadas em porcentagem. Nesses casos, o seguinte é 
assumido:
➢ Para soluções ou dispersões de sólidos em líquidos, % p/V.
➢ Para soluções ou dispersões de líquidos em líquidos, % V/V.
➢ Para misturas de sólidos ou semissólidos, % p/p.
➢ Para soluções de gases em líquidos, % p/V.
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Exemplo 3.
Qual é a concentração percentual de uma injeção que contém 50 mg de pentobarbital 
sódico em cada mililitro de solução?
Resposta.
50 mg -------- 1 mL
X ---------------100 mL
X= 5000 mg correspondente a 5%.
Exemplo 4.
Observe a prescrição que segue: 
Permanganato de potássio.............................0,02%
Água puri� cada..........................q.s.p.............250 mL
Quantos gramas de permanganato de potássio devem ser utilizados nesta manipulação?
Resposta.
0,02 g --------- 100 mL
X -------------- 250 mL
X= 0,05 g de permanganato.
Exemplo 5.
Na manipulação da seguinte prescrição, quantos mililitros de fenol liquefeito devem ser 
usados?
Fenol liquefeito.........................................2,5%
Loção calamina................q.s.p...................240 mL
Resposta.
2,5 mL ---------- 100 mL
X ----------------- 240 mL
X= 6 mL
Exemplo 6.
Prescrição:
Iodocloridroxiquina..............................0,9 g
Hidrocortisona.......................................0,15 g
Creme base .......................q.s.p.............30 g
Qual é a concentração percentual (p/p) de iodocloridroxiquina e hidrocortisona na 
prescrição?
Resposta.
Iodocloridroxiquina
0,9 g --------- 30 g
X ------------ 100 g
X= 3%
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Hidrocortisona
0,15 g ------- 30 g
X ------------ 100 g
X= 0,5%
1.3 Preparo de Soluções
1.3.1 Soluções estoque
Soluções estoque são soluções preparadas com uma concentração de� nida, utilizadas 
para o preparo de soluções de trabalho. Para o cálculo da quantidade de soluto a ser pesada, 
utiliza-se a fórmula a seguir. 
M = m/ MM. V
Sendo: 
M: Concentração molar.
m: massa do soluto (g).
MM: massa molar do soluto (PM).
V: volume (L).
Exemplo 7.
Preparar 1 L de solução de Hidróxido de Sódio (PM = 40,0) a 1 M.
Resposta.
M = m/ MM. V
1 = m/ 40 x 1
m= 40 g de hidróxido de sódio para preparar 1 L de solução.
Exemplo 8.
Preparar 32 mL de solução de Bicarbonato de Sódio (PM = 84,01) a 2,5 M.
Resposta.
M = m/ MM. V
2,5 = m/ 84,01 x 0,032
m= 6,72 g de bicarbonato de sódio para preparar 32 mL de solução.
1.3.2 Soluções de trabalho
São soluções preparadas a partir da diluição de uma solução estoque (mais concentrada). 
Para calcular a quantidade de solução estoque que será necessária, utiliza-se a fórmula abaixo.
C1.V1 = C2.V2
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Sendo:
C1: concentração da solução estoque.
V1: volume da solução estoque.
C2: concentração da solução de trabalho.
V2: volume da solução de trabalho.
Exemplo 9.
Preparar 100 mL de solução de Hidróxido de Sódio a 0,5 M, partindo de uma solução 
estoque de 1 M.
Resposta.
C1.V1 = C2.V2
1 x V1 = 0,5 x 100 mL
V1 = 50 mL
Exemplo 10.
Preparar 40 mL solução de sacarose a 250 mM, partindo de uma solução estoque de 1 M.
Resposta.
C1.V1 = C2.V2
1 x V1 = 0,25 x 40 mL
V1 = 10 mL
2. ÁGUA PARA USO FARMACÊUTICO
Segundo Anvisa (2007), “[...] a água utilizada na manipulação de produtos é considerada 
matéria-prima produzida pela própria farmácia por puri� cação da água potável, devendo as 
instalações e reservatórios serem devidamente protegidos para evitar contaminação”. Dessa 
maneira os tipos de água utilizados na produção de medicamentos, inclusive na limpeza de 
equipamentos e utensílios, são considerados água para uso farmacêutico (BRASIL, 2010a).
Esse líquido é considerado um solvente universal, com excelente capacidade de 
solubilização, absorção e suspensão de diversos compostos, sendo amplamente empregado 
na manipulação de produtos farmacêuticos e cosméticos (BRASIL, 2010a). Os requisitos de 
qualidade exigidos para a água e a escolha do sistema de puri� cação dependem da � nalidade de 
sua utilização. Assim, devido a ampla utilização, o controle de sua qualidade é essencial, visto que 
a contaminação pode ocorrer com muita facilidade mesmo após a puri� cação. 
2.1 Contaminantes
Dito isso, os contaminantes da água podem ser divididos em químicos, microbiológicos 
e particulados (BRASIL, 2010a), como serão discutidos a seguir.
2.1.1 Contaminantes químicos
Os contaminantes químicos podem ter origem em diversas fontes como a alimentação, 
ar, poluentes, resíduos de produtos de limpeza, entre outros. Estão incluídas, neste grupo, as 
endotoxinas bacterianas, contaminantes críticos que devem ser adequadamente removidos 
(BRASIL, 2010a).
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Em conformidade com Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2010a), grande parte dos 
contaminantes orgânicos podem ser removidos por osmose reversa. No entanto, para retirar 
compostos com baixo peso molecular são necessárias técnicas adicionais de puri� cação, como 
resina de troca iônica, oxidação por ultravioleta ou ozônio ou carvão ativado.
2.1.2 Contaminantes Microbiológicos
Os contaminantes microbiológicos são principalmente bactérias. Eles representam um 
grande desa� o no controle de qualidade da água para uso farmacêutico. Esses microrganismos 
têm origem na microbiota da fonte de água ou do próprio equipamento de puri� cação ou podem 
surgir também da formação de bio� lmes resultante de procedimentos de limpeza e sanitização 
inadequados (BRASIL, 2010a). 
As bactérias presentes na água podem alterar substratos por ação enzimática, inativar 
reagentes, além de produzir endotoxinas e pirogênios. A contagem de bactérias é realizada por 
mililitro (UFC/mL), em unidades formadoras de colônias, e tende a aumentar com o tempo de 
estocagem da água (BRASIL, 2010a).
2.1.3 Contaminantes Particulados
Além dos contaminantes químicos e microbiológicos, existem ainda os particulados, 
como a sílica e os resíduos da tubulação, que comprometem a qualidade da água e provocam 
entupimento no sistema de puri� cação, dani� cando os equipamentos. Esses materiais podemser 
retirados por � ltração (BRASIL, 2010a).
A seguir, serão apresentados os tipos de água para uso farmacêutico e os principais 
sistemas de puri� cação utilizados.
2.2 Tipos de Água
Os principais tipos de água para uso farmacêutico são: água puri� cada, água para 
injetáveis e água ultra puri� cada. Além dessas, são muito utilizadas também a água potável e a 
água reagente (BRASIL, 2010a).
2.2.1 Água potável
A água potável é o ponto de partida para a puri� cação da água para � ns farmacêuticos. 
É utilizada também em alguns equipamentos, na limpeza de bancadas e utensílios, entre outros 
(BRASIL, 2010a). Ela é obtida a partir do tratamento da água retirada de mananciais, atendendo 
as especi� cações da legislação brasileira quanto aos parâmetros microbiológicos, físico-químicos 
e radioativos (BRASIL, 2010a). Deve ser fornecida “[...] sob pressão positiva contínua em um 
sistema de encanamento sem quaisquer defeitos que possam levar à contaminação de qualquer 
produto” (BRASIL, 2010b).
O monitoramento da qualidade microbiológica e físico-química da água potável deve ser 
realizado no mínimo a cada 6 (seis) meses. Esse controle deve ser registrado (ANVISA, 2007).
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2.2.2 Água reagente
A água reagente é produzida por processos como � ltração, descloração, deionização, 
destilação ou outros, conforme o seu uso. Geralmente essa água é empregada na limpeza de 
equipamentos e materiais, na síntese de substâncias ativas e excipientes, abastecimento de 
autoclaves e banho-maria, bem como em análises histológicas (BRASIL, 2010a). Os principais 
parâmetros que a caracterizam são: carbono orgânico total (COT) ˂ 0,20 mg/L e condutividade 
de 1,0 a 5,0 mS/cm (resistividade ˃ 0,2 MΩ-cm) (BRASIL, 2010a).
2.2.3 Água purificada
A água puri� cada é obtida a partir da água reagente ou da água potável e deve atender as 
especi� cações dos compêndios o� ciais. É obtida por uma sequência de sistemas de puri� cação 
como a destilação, osmose reversa, troca iônica, ultra� ltração, eletrodeionização ou outro processo 
capaz de atender as especi� cações para essa água (BRASIL, 2010a). O seu sistema puri� cação “[...] 
deve ser projetado de forma a evitar a contaminação e proliferação microbiológicas” (BRASIL, 
2010b). Dito isso, os principais parâmetros que a caracterizam são: carbono orgânico total (COT) 
˂ 0,50 mg/L, condutividade de 0,1 a 1,3 mS/cm a 25oC (resistividade ˃ 1,0 MΩ-cm), endotoxinas 
˂ 0,25 UI de endotoxina/mL e contagem total de bactérias ˂ 100 UFC/mL (BRASIL, 2010a).
2.2.4 Água ultra purificada
A água ultra puri� cada apresenta como características: a baixa carga microbiana, baixa 
concentração iônica e baixo nível de carbono orgânico total. Devido ao alto grau de pureza, ela é 
utilizada em aplicações especí� cas como: análises de controle de qualidade e diluição de padrões. 
É ideal para análises que exigem máxima exatidão e precisão (BRASIL, 2010a). Os principais 
parâmetros que a caracterizam são: carbono orgânico total (COT) ˂ 0,05 mg/L (alguns casos ˂ 0,03 
mg/L), condutividade de 0,055 a 0,1 mS/cm a 25o C (resistividade ˃ 18,0 MΩ-cm), endotoxinas 
˂ 0,03 UI de endotoxina/mL e contagem total de bactérias ˂ 1 UFC/100 mL (BRASIL, 2010a).
2.2.5 Água para injetáveis
A água para injetáveis é utilizada na fabricação de substâncias de uso parenteral, como 
excipiente presente na preparação de produtos farmacêuticos parenterais, na preparação de 
produtos estéreis e demais produtos que requer controle de endotoxinas, exceto os que são 
submetidos a etapas posteriores de remoção de contaminantes. Ela é utilizada também na limpeza 
de componentes e equipamentos que possuem contato direto com a formulação, na produção de 
formas farmacêuticas parenterais (BRASIL, 2010a). Além disso, essa água “[...] deve ser utilizada 
em preparações de produtos estéreis” (BRASIL, 2010b), bem como no enxágue � nal após limpeza 
de equipamentos e componentes que entram em contato com produtos estéreis (BRASIL, 2010b).
Essa classi� cação engloba também a água estéril para injeção, embalada em frasco 
hermético e esterilizada por calor, sendo a água, esterilizada para injeção, utilizada na 
administração parenteral. A adição de agente(s) microbiano(s) à água puri� cada estéril origina 
a água bacteriostática estéril, usada como diluente de algumas formulações parenterais em doses 
individuais (BRASIL, 2010a). Os principais parâmetros que caracterizam a água para injetáveis 
são: os mesmos preconizados para a água puri� cada, além de contagem total de bactérias ˂ 10 
UFC/100 mL, valor máximo de endotoxinas de 0,25 UI de endotoxina/mL e esterilidade (BRASIL, 
2010a).
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Para � nalizar sobre os “tipos de água”, a Figura 2 descreve as principais características de 
cada água para uso farmacêutico, bem como os parâmetros de qualidade exigidos e exemplos de 
aplicação.
Figura 2 – Tipos de água para uso farmacêutico e parâmetros de qualidade. Fonte: Brasil (2010a).
2.3 Sistemas de Purificação
Para uso farmacêutico, os principais sistemas de puri� cação utilizados na produção de 
água são: pré-� ltração, adsorção por carvão ativado, abrandadores, deionização, osmose reversa 
e ultra� ltração (BRASIL, 2010a).
2.3.1 Pré-filtração
A pré-� ltração é uma � ltração inicial, destinada a remover particulados com tamanho 
entre 5 e 10 µm. Nessa etapa, utiliza-se � ltros de areia ou combinação de � ltros para proteger os 
sistemas de puri� cação subsequentes (BRASIL, 2010a).
2.3.2 Adsorção por carvão vegetal ativado
O sistema de adsorção por carvão vegetal ativado emprega a capacidade de adsorção do 
carvão ativado em contato com contaminantes ou compostos orgânicos. Ele remove também 
agentes oxidantes como o cloro livre, preservando sistemas de � ltração subsequentes baseados 
em membranas, como a ultra� ltrarão e a osmose reversa (BRASIL, 2010a). Devido a esse processo 
de puri� cação retirar agentes sanitizantes, existe a possibilidade de crescimento microbiano e 
de formação de bio� lme, sendo necessária a sanitização do carvão ativado, além de contagem 
microbiana e controle de partículas de seus e� uentes (BRASIL, 2010a).
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2.3.3 Tratamento com abrandadores
O tratamento com abrandadores utiliza resinas de troca iônica, as quais capturam íons 
magnésio e cálcio, liberando íons sódio na água. Essa tecnologia é útil para promover a proteção 
de sistemas de puri� cação subsequentes, que são sensíveis a incrustação, como a osmose reversa 
(BRASIL, 2010a).
2.3.4 Deionização e eletrodeionização contínua
Este sistema de deionização e eletrodeionização contínua promove a remoção de sais 
inorgânicos dissolvidos. A deionização utiliza resinas de troca iônica especí� cas para ânions e 
cátions. As resinas aniônicas liberam íons OH- na água, enquanto as catiônicas liberam íons H+. 
Já a eletrodeionização contínua combina as resinas de troca iônica e a aplicação de um campo 
elétrico, promovendo remoção contínua de íons (BRASIL, 2010a). 
2.3.5 Osmose reversa
A osmose reversa é um sistema de puri� cação baseado em membranas que promovem 
a remoção de microrganismos, endotoxinas e íons. Remove mais de 90% da maioria dos 
contaminantes. Para aumentar a vida útil do sistema, é importante instalar um sistema de pré-
tratamento antes da osmose reversa, para remoção de partículas e íons (BRASIL, 2010a).
2.3.6 Ultrafiltração
O sistema de ultra� ltração é utilizado para a remoção de endotoxinas. Ele usa uma 
membrana especial que retém as moléculas de acordo com a sua estereoquímica e peso molecular. 
Para a remoção de endotoxinas, são utilizados � ltros que retêm moléculas com peso molecular 
igual ou maior a 10 000 Da (BRASIL, 2010a). Essa tecnologia, assim como a osmose reversa, 
requer um sistema de pré-tratamento, para aumentar a vida útil dos � ltros e manter a qualidade 
daágua produzida (BRASIL, 2010a).
2.3.7 Destilação
Puri� cação por evaporação e posterior condensação. A água de alimentação para esses 
equipamentos requer controles diferentes daqueles usados em osmose reversa. Nesse caso, 
a concentração de silicatos é crítica, como em qualquer sistema de geração de vapor. Outro 
aspecto importante é a possibilidade de carreamento de compostos voláteis no condensado. 
Isso é especialmente importante no que se refere a impurezas orgânicas, como trihalometanos, e 
gases dissolvidos na água, como dióxido de carbono e amônia. Assim, o controle da água potável 
de entrada, conforme mencionado sobre a água de alimentação para sistemas de puri� cação, é 
fundamental.
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Qual é a importância da água utilizada na manipulação de medicamentos e cos-
méticos? 
Veja que “O projeto de instalação de um sistema de purifi cação de água deve le-
var em conta a qualidade da água de fornecimento e da água desejada ao fi nal, 
a vazão necessária, a distância entre o sistema de produção e os pontos de uso, 
o layout da tubulação e conexões, o material empregado, facilidades de assistên-
cia técnica e manutenção e os instrumentos adequados para o monitoramento” 
(BRASIL, 2010a, p. 395, grifo do autor). Sendo assim, refl ita sobre a qualidade da 
água e os sistemas de purifi cação que podem ser utilizados em farmácias de 
manipulação.
Fonte: BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira. 
5. ed. Brasília, DF: Fundação Oswaldo Cruz, 2010a. v. 1-2.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou, em 2013, o Guia de 
Qualidade para Sistemas de Purifi cação de Água para Uso Farmacêutico. O docu-
mento aborda critérios relacionados à produção de água purifi cada e de água para 
injeção para uso farmacêutico. Como referência, utilizou-se guias internacionais, 
a legislação nacional e a experiência da Anvisa em inspeções sanitárias. Consul-
te-o para saber mais!
Fonte: ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Guia de qualidade para 
sistemas de purifi cação de água para uso farmacêutico. 2013. Disponível em: 
http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/2501339/Guia+de+Qualidade+pa-
ra+Sistemas+de+Purifi ca%C3%A7%C3%A3o+de+%C3%81gua+para+Uso+Farma-
c%C3%AAutico/35afe39c-30a4-4714-87b5-0c421d5deb27. Acesso em: 24 jun. 
2019.
O vídeo Como é feito o tratamento de água, publicado no ca-
nal Manual do Mundo, aborda as etapas de tratamento da 
água potável que abastece residência e estabelecimentos. 
Assista!
Fonte: MANUAL DO MUNDO. Como é feito o tratamento de 
água. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-
cWBSF0VyiMI&feature=youtu.be. Acesso em: 24 jun. 2019.
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O capítulo 8 do livro A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos, de 
Thompson e Davidow (2013), trata das expressões de quantidade e de concen-
tração e cálculos farmacêuticos de uma maneira muito interessante. Nele são 
abordados métodos para cálculos de quantidades e concentrações na preparação 
de misturas e diluições. Leia-o se quiser obter mais informações sobre o assunto!
Fonte: THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. Capítulo 8: Expressões de quantidade e 
de concentração e cálculos. In: THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática far-
macêutica na manipulação de medicamentos. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. 
p. 100-124.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na primeira parte da Unidade II, aborda-se temas sobre os sistemas de medida e 
transformação de medidas utilizados em farmácia. Alguns cálculos farmacêuticos, essenciais 
para prática em farmacotécnica, são revisados, além de algumas expressões de concentração, 
como % p/V, % V/V e % p/p. Já na segunda parte, destaca-se os principais tipos de água para uso 
farmacêutico, isto é, a água puri� cada, água para injetáveis, água ultra puri� cada, água potável e 
a água reagente.
Por � m, alguns sistemas de puri� cação de água são apresentados. Para isso, é esclarecido 
que a escolha dos tipos de sistema depende do uso pretendido, ou seja, antes de escolher o sistema, 
é preciso determinar se ele será utilizado para limpeza, para manipulação de formulações etc. 
Além disso, ao descrever a essencialidade do controle da qualidade da água, devido à facilidade 
de contaminação mesmo após puri� cação, são citados os tipos de contaminantes, bem como os 
sistemas de puri� cação.
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UNIDADE
03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 44
1. FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS ............................................................................................................... 45
1.1 SOLUÇÕES ........................................................................................................................................................... 45
1.1.1 VANTAGENS DAS SOLUÇÕES .......................................................................................................................... 45
1.1.2 DESVANTAGENS DAS SOLUÇÕES................................................................................................................... 45
1.1.3 SOLUBILIDADE ................................................................................................................................................. 46
1.1.3.1 AQUECIMENTO .............................................................................................................................................. 46
1.1.3.2 ALTERAÇÃO DO PH DO SOLVENTE .............................................................................................................. 46
1.1.3.3 USO DE COSOLVENTES ................................................................................................................................ 46
1.1.3.4 ADIÇÃO DE TENSOATIVOS ........................................................................................................................... 46
1.1.3.5 MICELAS ........................................................................................................................................................ 47
FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS E 
SEMISSÓLIDAS
PROF.A DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOTÉCNICA
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1.1.3.6 CICLODEXTRINAS ......................................................................................................................................... 47
1.1.4 PREPARAÇÃO DE SOLUÇÕES .........................................................................................................................48
1.1.5 ENVASE .............................................................................................................................................................48
1.2 XAROPES .............................................................................................................................................................48
1.2.1 PREPARAÇÃO DE XAROPES ...........................................................................................................................48
1.2.1.1 DISSOLUÇÃO A QUENTE ...............................................................................................................................48
1.2.1.2 DISSOLUÇÃO A FRIO .................................................................................................................................... 49
1.2.2 XAROPES ISENTOS DE SACAROSE ............................................................................................................... 49
1.2.3 CONTROLE DE QUALIDADE DE SOLUÇÕES .................................................................................................. 49
1.3 SUSPENSÕES ......................................................................................................................................................49
1.3.1 JUSTIFICATIVA DE USO ................................................................................................................................... 49
1.3.2 CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS DE UMA SUSPENSÃO .............................................................................50
1.3.3 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS SUSPENSÕES .........................................................................................50
1.3.3.1 FLUTUAÇÃO DAS PARTÍCULAS SUSPENSAS .............................................................................................50
1.3.3.2 SEDIMENTAÇÃO ...........................................................................................................................................50
1.3.3.3 CRESCIMENTO DOS CRISTAIS ................................................................................................................... 51
1.3.3.4 REDISPERSIBILIDADE ................................................................................................................................. 51
1.3.4 POTENCIAL ZETA ............................................................................................................................................ 52
1.3.5 PREPARAÇÃO DE SUSPENSÕES ................................................................................................................... 52
1.3.6 AGENTES SUSPENSORES .............................................................................................................................. 53
1.3.7 FLOCULAÇÃO CONTROLADA .......................................................................................................................... 53
1.3.8 CONTROLE DE QUALIDADE DE SUSPENSÕES ............................................................................................. 54
1.3.8.1 DETERMINAÇÃO DO VOLUME DE SEDIMENTAÇÃO ................................................................................. 54
1.3.8.2 DETERMINAÇÃO DO TAMANHO DA PARTÍCULA ...................................................................................... 54
1.3.8.3 DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE ........................................................................................................... 54
1.3.8.4 DETERMINAÇÃO DO POTENCIAL ZETA ..................................................................................................... 54
2. FORMAS FARMACÊUTICAS SEMISSÓLIDAS .................................................................................................... 55
2.1 CREMES............................................................................................................................................................... 55
2.1.1 TIPOS DE EMULSÃO ........................................................................................................................................ 55
2.1.2 TEORIA DAS EMULSÕES ................................................................................................................................ 55
2.1.2.1 TEORIA DA TENSÃO INTERFACIAL ............................................................................................................. 55
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2.1.2.2 TEORIA DA CUNHA ORIENTADA ................................................................................................................. 56
2.1.2.3 TEORIA DA PELÍCULA INTERFACIAL .......................................................................................................... 56
2.1.3 DETERMINAÇÃO DO TIPO DE EMULSÃO ...................................................................................................... 56
2.1.3.1 ENSAIO DE DILUIÇÃO ................................................................................................................................... 56
2.1.3.2 ENSAIO COM CORANTES ............................................................................................................................ 56
2.1.3.3 ENSAIO DE CONDUTIVIDADE ELÉTRICA ................................................................................................... 57
2.1.4 FORMULAÇÃO DE EMULSÕES ....................................................................................................................... 57
2.1.4.1 ESCOLHA DA FASE OLEOSA ........................................................................................................................ 57
2.1.4.2 ESCOLHA DO SISTEMA EMULSIONANTE .................................................................................................. 57
2.1.5 SISTEMA EMULSIONANTE ............................................................................................................................. 57
2.1.5.1 TENSOATIVOS ............................................................................................................................................... 57
2.1.5.2 COLOIDES HIDROFÍLICOS ........................................................................................................................... 59
2.1.5.3 SÓLIDOS FINAMENTE DIVIDIDOS .............................................................................................................. 59
2.1.6 MÉTODOS DE PREPARAÇÃO .......................................................................................................................... 59
2.1.6.1 MÉTODO CONTINENTAL OU DA GOMA SECA ............................................................................................60
2.1.6.1 MÉTODO INGLÊS OU DA GOMA ÚMIDA ............................................................................................................ 60
2.1.7 INSTABILIDADE DAS EMULSÕES ..................................................................................................................60
2.1.7.1 FLOCULAÇÃO .................................................................................................................................................60
2.1.7.2 CREMAGEM OU SEDIMENTAÇÃO ...............................................................................................................60
2.1.7.3 COALESCÊNCIA ............................................................................................................................................60
2.2 GÉIS .....................................................................................................................................................................60
2.2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS GÉIS ............................................................................................................................. 61
2.2.2 COMPOSIÇÃO DOS GÉIS ................................................................................................................................ 61
2.2.2.1 AGENTES GELIFICANTES OU ESPESSANTES .......................................................................................... 61
2.2.2.2 VEÍCULO ....................................................................................................................................................... 61
2.2.2.3 CONSERVANTES .......................................................................................................................................... 62
2.2.2.4 UMECTANTES .............................................................................................................................................. 62
2.2.3 PREPARAÇÃO DOS GÉIS ................................................................................................................................ 62
2.3 POMADAS ........................................................................................................................................................... 62
2.3.1 COMPOSIÇÃO DAS POMADAS ....................................................................................................................... 62
2.3.2 CLASSIFICAÇÃO DAS POMADAS ................................................................................................................... 62
43WWW.UNINGA.BR2.3.2 PREPARAÇÃO DAS POMADAS ....................................................................................................................... 63
2.3 PASTAS ............................................................................................................................................................... 63
2.3.1 COMPOSIÇÃO DAS PASTAS ........................................................................................................................... 63
2.3.2 PREPARAÇÃO DAS PASTAS ........................................................................................................................... 64
2.4 CONTROLE DE QUALIDADE DE FORMULAÇÕES SEMISSÓLIDAS ................................................................ 64
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................ 66
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INTRODUÇÃO
As formas farmacêuticas líquidas apresentam como vantagens a facilidade de 
administração a pacientes com di� culdade de deglutição e uma maior rapidez de absorção. Os 
grandes desa� os na formulação dessas formas farmacêuticas são a solubilidade e a estabilidade 
dos fármacos, além da di� culdade para mascarar características organolépticas desagradáveis 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013). As principais formas farmacêuticas líquidas são soluções, 
xaropes e suspensões. 
Formas farmacêuticas semissólidas são destinadas para a aplicação na pele ou em 
membranas mucosas, geralmente para ação local (exceto transdérmicas, que apresentam efeito 
sistêmico) (THOMPSON; DAVIDOW, 2013). As principais formas farmacêuticas semissólidas 
são os cremes, géis, pomadas e pastas.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. FORMAS FARMACÊUTICAS LÍQUIDAS
As formas farmacêuticas líquidas apresentam como vantagens a facilidade de 
administração a pacientes com di� culdade de deglutição e uma maior rapidez de absorção. Os 
grandes desa� os na formulação dessas formas farmacêuticas são a solubilidade e a estabilidade 
dos fármacos, além da di� culdade para mascarar características organolépticas desagradáveis 
(THOMPSON; DAVIDOW, 2013). As principais formas farmacêuticas líquidas são soluções, 
xaropes e suspensões. 
1.1 Soluções
De acordo com � ompson e Davidow (2013, p. 395), “[...] soluções são preparações 
líquidas que contêm uma ou mais substâncias químicas dissolvidas (ou seja, molecularmente 
dispersas) em um solvente apropriado ou uma mistura de solventes miscíveis entre si”.
1.1.1 Vantagens das soluções
➢ Líquidos são mais facilmente deglutidos do que sólidos. Por essa razão, são mais 
indicados para o uso pediátrico e geriátrico.
➢ O fármaco administrado na forma de solução é imediatamente disponibilizado para a 
absorção.
➢ Uma solução é um sistema homogêneo. Por isso, o fármaco está uniformemente 
distribuído em todas as partes da preparação.
➢ Alguns fármacos podem causar irritação ou danos à mucosa gástrica, em especial, 
quando são depositados em uma determinada área, como geralmente ocorre depois da 
ingestão de formas farmacêuticas sólidas. A administração de fármacos em solução pode 
diminuir esse efeito irritante (AULTON, 2005).
1.1.2 Desvantagens das soluções
➢ Líquidos são volumosos, o que pode representar inconvenientes de transporte e 
estocagem.
➢ Com frequência, a estabilidade dos componentes de uma solução aquosa é menor se 
comparada com os formulados na forma de comprimidos ou cápsulas, principalmente, 
se forem mais suscetíveis à hidrólise.
➢ Muitas vezes as soluções constituem um meio propício para o crescimento de 
microrganismos. Por esse motivo, requerem a adição de conservantes.
➢ A precisão da dose depende da habilidade do paciente.
➢ O sabor normalmente desagradável de alguns fármacos é sempre mais pronunciado em 
solução (AULTON, 2005).
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1.1.3 Solubilidade
A solubilidade do fármaco é um fator determinante para o desenvolvimento de soluções. 
Com isso em vista, algumas estratégias podem ser adotadas quando a concentração necessária 
do fármaco excede a sua solubilidade, dependendo da natureza química do fármaco e do tipo de 
produto desejado (AULTON, 2005). Entre os recursos utilizados para melhorar a dissolução do 
fármaco estão: aquecimento, alteração do pH, uso de cosolventes, adição de tensoativos e uso de 
ciclodextrinas.
1.1.3.1 Aquecimento
É um dos recursos mais utilizados para melhorar a solubilidade. Entretanto, existem 
substâncias que não são afetadas pela temperatura, enquanto outras têm a solubilidade diminuída 
com o aquecimento (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
1.1.3.2 Alteração do pH do solvente
Um número elevado de fármacos é ácido ou base fracos. A solubilidade desses fármacos 
pode ser in� uenciada grandemente pelo pH do meio onde se encontram. Sendo assim, é possível 
alterar o pH do solvente, para obter-se uma melhor solubilização (AULTON, 2005). Contudo, o 
pH que satisfaz o requisito de solubilidade não deve sobrepor-se aos requisitos do produto, tais 
como, a estabilidade e a compatibilidade � siológica. Para além disso, se o pH é um fator crítico 
para manter a solubilidade do fármaco, o sistema deve ser devidamente tamponado (AULTON, 
2005).
1.1.3.3 Uso de cosolventes
Em alguns casos, a dissolução de uma substância apolar em água pode ser melhorada, 
alterando a polaridade do solvente. Isso pode ser feito pela adição de um solvente que seja 
miscível em água, no qual o fármaco seja solúvel. Esse solvente utilizado para alterar a polaridade 
do veículo é chamado de cosolvente (AULTON, 2005).
1.1.3.4 Adição de tensoativos
Uma outra forma de aumentar a solubilidade de uma substância em água é através 
da adição de agentes tensoativos (AULTON, 2005). Conforme um tensoativo é adicionado, a 
interface torna-se completamente ocupada, e o excesso de moléculas é forçado a passar para 
a forma líquida, com o aumento subsequente da concentração do tensoativo, o que faz com 
que as suas moléculas comecem a formar agregados orientados, ou micelas, no seio do líquido 
(AULTON, 2005). Essa mudança de orientação ocorre bastante rapidamente, e a concentração 
de tensoativo para a qual ela ocorre é conhecida como Concentração Micelar Crítica (CMC) 
(AULTON, 2005).
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1.1.3.5 Micelas
Acredita-se que a solubilização ocorre devido ao soluto, caso ele seja dissolvido nas 
micelas ou adsorvido a sua superfície. Assim, a capacidade dos sistemas com tensoativo em 
dissolver ou solubilizar materiais insolúveis em água aumenta bruscamente com a concentração 
micelar crítica, aumentando com a concentração das micelas (Figura 1) (AULTON, 2005).
Figura 1 – Estrutura micelar. Fonte: Ciência da Vida (2019).
1.1.3.6 Ciclodextrinas
Uma alternativa ao uso de agentes tensoativos como agentes solubilizantes é a ciclodextrina. 
Essa classe de compostos tem como base uma série de unidades glicopiranose, que forma uma 
estrutura cíclica, semelhante a um cilindro oco, com parte interna hidrofóbica e parte externa 
hidrofílica (Figura 2) (AULTON, 2005).
Figura 2 – Estrutura da ciclodextrina. Fonte: Ribeiro et al (2005).
Os fármacos escassamente solúveis em água podem alojar-se no interior desse cilindro, 
que tem características hidrofóbicas. A parte externa da estrutura é hidrofílica (AULTON, 2005).
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1.1.4 Preparação de soluções
Soluções diluídas, a partir de materiais que se dissolvem facilmente, são preparadas por 
adição do solvente ao soluto e agitação até que a solução seja homogênea (AULTON, 2005). 
O equipamento necessário para prepará-las, tanto em pequena escala de produção quanto em 
grande, consiste em recipientes misturadores, providos de sistemas de agitação e de� ltração, que 
garantem a limpidez da solução � nal (AULTON, 2005).
Em farmácias de manipulação, a preparação de soluções costuma ser em béquer, com 
o auxílio de bastão de vidro para mistura. A redução do tamanho das partículas é realizada em 
gral com pistilo. Quando é preciso aquecer, esse procedimento é feito com o auxílio de mantas 
aquecedoras ou placas com aquecimento (AULTON, 2005). Em escala industrial, são utilizados 
moinhos para a redução do tamanho das partículas. A mistura do soluto com o solvente é 
realizada em tanques de aço inoxidável com agitação, que podem ser revestidos com camisas de 
aquecimento e resfriamento (AULTON, 2005).
1.1.5 Envase
O envase das soluções pode ser realizado pelo método volumétrico, método gravimétrico 
ou por volume constante. O método volumétrico consiste no deslocamento de um pistão e um 
cilindro dosador. No método gravimétrico, o enchimento é controlado pelo peso do recipiente 
que contém o líquido. O método de volume constante requer um recipiente como meio para 
controlar o enchimento de cada unidade.
1.2 Xaropes
Os xaropes são soluções concentradas de sacarose ou outros açúcares, em que geralmente 
são adicionados fármacos e aromatizantes (AULTON, 2005). A sua maioria possui os seguintes 
componentes, além do fármaco: açúcar, geralmente sacarose ou seus substitutos, água, 
conservantes, � avorizantes e corantes. Além disso, muitos xaropes contêm solventes especiais, 
agentes solubilizantes, espessantes ou estabilizantes (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
1.2.1 Preparação de xaropes
Os principais métodos para preparação de xaropes são a dissolução a quente e a dissolução 
a frio (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
1.2.1.1 Dissolução a quente
A preparação por dissolução a quente ocorre com a adição de açúcar na água, a adição 
de substâncias termoestáveis, aquecimento até uma completa solubilização, resfriamento da 
temperatura ambiente, adição de substâncias termolábeis. Depois, completa-se o volume com 
água, � ltra e envasa. Os xaropes são preparados por esse método quando se deseja rapidez e 
quando os seus componentes não são prejudicados ou volatilizados pelo aquecimento (ALLEN 
JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
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1.2.1.2 Dissolução a frio
O xarope pode ainda ser preparado apenas por agitação. Em pequena escala, a sacarose 
e outros componentes da fórmula podem ser dissolvidos em água puri� cada. Coloca-se as 
matérias-primas em um recipiente de maior capacidade que o volume do xarope, o que permite 
uma perfeita agitação da mistura. Esse processo é mais demorado que o método anterior, mas o 
produto tem máxima estabilidade. Nos dois métodos (a quente e a frio), em escala magistral, os 
xaropes são preparados em béquer ou diretamente no cálice com agitação manual. O fármaco 
pode ser solubilizado previamente com gral e pistilo (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
1.2.2 Xaropes isentos de sacarose
 A sacarose pode ser substituída no todo ou em parte por outros açúcares, como a dextrose, 
ou por não açúcares, como sorbitol, glicerina e propilenoglicol. Em xaropes destinados a diabéticos, 
são utilizadas substâncias não glicogênicas, como a metilcelulose ou a hidroxietilcelulose. A 
viscosidade, que geralmente resulta do uso desses derivados da celulose, é muito semelhante à 
produzida pela sacarose (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
1.2.3 Controle de qualidade de soluções
A RDC 87/2008 (BRASIL, 2008), que altera o Regulamento Técnico sobre Boas Práticas 
de Manipulação em Farmácias, determina que, para líquidos não estéreis, devem ser realizados, 
no mínimo, os seguintes ensaios de controle de qualidade: descrição, aspecto, caracteres 
organolépticos, pH (quando aplicável), peso ou volume antes do envase.
1.3 Suspensões
 Conforme Aulton (2005), as suspensões podem ser de� nidas como sistemas heterogêneos 
que contêm partículas sólidas da substância ativa dispersas em um veículo, no qual o fármaco 
tem uma solubilidade mínima. As partículas sólidas apresentam diâmetro que varia de 0,1 µm a 
centenas de micras. Elas são compostas por uma fase dispersa (fármaco) e uma fase contínua ou 
dispersante (veículo). As suspensões farmacêuticas podem ser para administração oral, tópica ou 
parenteral.
1.3.1 Justificativa de uso
As razões para preparar-se as suspensões são várias. Uma delas é a possibilidade de 
administrar substâncias insolúveis em uma forma farmacêutica líquida. Como visto anteriormente, 
para muitos pacientes, a forma líquida é preferível à sólida pela facilidade de deglutição e pela 
� exibilidade da administração de diferentes doses. Além disso, ao ser administrado na forma 
de partículas não dissolvidas de uma suspensão, o sabor desagradável de certos fármacos em 
solução é evitado, (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
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1.3.2 Características desejáveis de uma suspensão
Para Allen Jr., Popovich e Ansel (2013), é desejável que uma suspensão possua as seguintes 
características:
➢ sedimentação lenta e dispersão com agitação suave;
➢ tamanho de partículas constante durante o repouso (prazo de validade);
➢ escoamento rápido e uniforme para permitir uma dosagem correta;
sem degradação química.
1.3.3 Características físicas das suspensões
Em conformidade com Allen Jr., Popovich e Ansel (2013), as principais características de 
suspensões são: a � utuação das partículas suspensas, a sedimentação, o crescimento de cristais e 
redispersibilidade.
1.3.3.1 Flutuação das partículas suspensas
 As substâncias com pouca a� nidade com a água tendem a � utuar devido à camada de 
ar que rodeia uma partícula e que impede a aproximação do líquido (ALLEN JR.; POPOVICH; 
ANSEL, 2013). Com isso, a molhabilidade desloca o ar que se encontra na superfície do sólido. 
 A molhabilidade de um sólido por um líquido é dada pelo ângulo de contato, isto é, pelo ângulo 
que o líquido forma no momento em que a gota de líquido se encontra com o sólido. 
Quando o ângulo for > 90°, ele será = o hidrófobo em líquido dispersante aquoso (não 
molhável), então as forças de coesão do líquido predominarão; mas, quando o ângulo for < 
90°, ele será = hidró� lo em líquido dispersante aquoso (molhável), prevalecendo as forças de 
adesão entre o líquido e o sólido. Isso signi� ca que quanto menor o ângulo de contato, maior 
será a molhabilidade da substância. 
Os agentes molhantes são substâncias que diminuem o ângulo de contato entre a superfície 
sólida e o líquido, que, aplicados ao pó, tornam-no mais permeável ao meio dispersante, ou 
seja, essa molhabilidade, ao deslocar o ar que se encontra na superfície do sólido, possibilita a 
penetração do meio dispersante no pó. Exemplos: glicerina, sorbitol e propilenoglicol (AULTON, 
2005).
1.3.3.2 Sedimentação
Em uma suspensão, as partículas tendem a depositar-se devido à ação da gravidade sobre 
elas (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013). Os principais fatores que afetam a velocidade de 
sedimentação são:
• Tamanho das partículas: ao diminuir o tamanho da partícula, elas � cam mais tempo em 
suspensão (sedimentação mais lenta), porém isso pode aumentar a biodisponibilidade 
(ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
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• Densidade: geralmente a densidade do sólido é maior que a do líquido dispersante, 
portanto, deve-se utilizar a viscosidade como um processo para impedir a sedimentação, 
ou seja, quanto menor for a diferença de densidade das fases, mais estável será a suspensão 
(ALLEN JR., POPOVICH E ANSEL, 2013).
• Tixotropia elevada: característica desejável para suspensões. Em formulações 
tixotropicas, a agitação diminui a viscosidade, permitindo que a suspensão seja dispersa. 
Quando em repouso, restabelece a viscosidade elevada, diminuindo a instabilidade física 
(sedimentação) (ALLEN JR.; POPOVICH; ANSEL, 2013).
1.3.3.3 Crescimento dos cristais 
Sea substância for parcialmente solúvel no líquido dispersante, pode haver um fenômeno 
de crescimento dos cristais. Ele pode ocorrer por:
➢ Diminuição da temperatura, pois diminui o coe� ciente de solubilidade, provocando o 
crescimento do cristal.
➢ Presença de uma ou mais formas cristalinas e/ou amorfas que possuem solubilidades 
diferentes, bem como pelas variações de temperatura que tendem ao crescimento dos 
cristais.
➢ Diferenças no tamanho das partículas, haja vista que as menores são mais solúveis e 
diminuem o tamanho dos cristais. É necessário minimizar esse efeito, por exemplo, com 
a melhora da homogeneidade do tamanho das partículas.
1.3.3.4 Redispersibilidade
Em uma suspensão, as partículas sólidas precisam redispersar com facilidade, para 
garantir a homogeneidade na dose administrada. A diminuição ou a anulação de sua carga 
elétrica, com a rápida baixa do potencial zeta, leva as partículas a se reunirem em � óculos que se 
depositam. O sedimento formado é pouco compacto, formando uma suspensão � oculada. 
Se, entretanto, não ocorrer uma baixa do potencial zeta, as partículas acabam se 
aproximando umas das outras lentamente, sem diminuir a carga elétrica, formando agregados 
compactos que se sedimentam. Nesse caso, diz-se que a suspensão é de� oculada. A relação entre 
uma suspensão � oculada e de� oculada é apresentada no Quadro 1 (AULTON, 2005).
DEFLOCULADA FLOCULADA
- As partículas existem como entidades separadas.
- A velocidade de sedimentação é lenta.
- Frequentemente o sedimento não se dispersa 
com facilidade.
- A suspensão mantém-se por mais tempo com um 
bom aspecto; o sobrenadante permanece turvo.
- As partículas formam agregados.
- A velocidade de sedimentação é rápida.
- O sedimento é fácil de dispersar.
- A suspensão desfaz-se mais rapidamente; o 
sobrenadante é límpido.
Quadro 1 – Propriedades de partículas � oculadas e de� oculadas em uma suspensão. Fonte: Adaptado de Aulton 
(2005).
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1.3.4 Potencial zeta
As partículas dispersas podem apresentar, em sua superfície, grupos ionizáveis ou forças 
de atração eletrostática, que tendem a atrair íons de carga oposta, formando uma dupla camada 
de cargas elétricas de sinal contrário. Essa dupla camada possui uma camada interna, estreita e 
compacta, que adere � rmemente à superfície da partícula, bem como uma camada externa, larga 
e difusa, com alta concentração de íons próximos da partícula, mas que diminui progressivamente 
à medida que aumenta a distância entre a partícula e onde os íons positivos e negativos são 
em igual número. Como a partícula suspensa com a sua camada elétrica e � xa move-se em um 
campo elétrico, a diferença de potencial ao longo da parte difusa da dupla camada é chamada de 
potencial zeta. É necessário controlá-lo para obter-se aglomerados de partículas redispersíveis.
Um baixo potencial zeta das partículas em suspensão produz uma formação de 
aglomerados, onde as forças que estão interagindo são do tipo Van der Waals. A sedimentação 
desses aglomerados é rápida e frouxa, o que possibilita que elas redispersem com facilidade por 
agitação. Entretanto, quando o potencial zeta é alto, o sistema mantém-se sem � ocular, sedimenta 
lentamente e agrega-se de modo que as pequenas partículas preencham os espaços deixados entre 
as maiores, comprimindo o depósito formado, que não é redispersível (“caking”).
Ao observar-se a sensibilidade dos materiais hidrofóbicos e os hidrofílicos na presença 
de eletrólitos, percebe-se que o comportamento deles é diferente. Os materiais hidrofóbicos 
diminuem a estabilidade, pois eles reduzem o potencial de repulsão da dupla camada ou diminuem 
o grau de hidratação, aumentando a concentração de íons e diminuindo a espessura da camada. 
Isso ocorre porque o íon neutraliza a carga da superfície, e as partículas se aproximam dele, 
ocorrendo a agregação.
A concentração ideal de eletrólito depende do equilíbrio e do tipo de íon (valência), 
sendo determinada experimentalmente pela alteração do potencial zeta ou medida pelo grau de 
agregação (altura da sedimentação). Portanto é preciso controlar o potencial zeta para que haja a 
obtenção de aglomerados redispersíveis.
1.3.5 Preparação de suspensões
Existem dois métodos principais para obter-se as suspensões: o método de precipitação 
(solvente orgânico e alteração de pH) e o de dispersão.
O método de precipitação a partir de solvente orgânico é quando fármacos insolúveis 
em água podem ser precipitados por dissolução em solventes orgânicos, como o etanol, metanol, 
polietilenoglicol, propilenoglicol, os quais, por sua vez, são solúveis em água, isto é, adiciona-se 
água, ocorre uma precipitação.
Já o método de precipitação por alteração de pH é aplicável aos fármacos, cuja solubilidade 
depende do valor do pH. O tipo e a forma do cristal são dependentes também das concentrações 
do ácido, da base e da agitação do sistema. Por exemplo, a suspensão de estradiol, que é solúvel 
em meio alcalino, mas que precipita em meio ácido.
Por � m, o método de dispersão, ao ser empregado para a preparação de suspensões, a 
fase sólida deve ser facilmente molhável e dispersa no veículo, sendo utilizados os tensoativos 
ou umectantes, a � m de obter-se uma molhagem uniforme de sólidos hidrofóbicos. Nesse 
processo de dispersão, é importante observar a redução do tamanho das partículas, que resulta 
solubilidades diferentes, densidade do veículo e das partículas, bem como uma viscosidade do 
meio. Entretanto, esses resultados podem ser ajustados pela seleção dos adjuvantes.
Na maioria dos casos, a preparação das suspensões pode ser feita por dispersão dos 
seguintes sistemas:
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➢ sólido + líquido;
➢ (sólido + suspensor) + líquido;
➢ (sólido + molhante) + (líquido + suspensor);
➢ (sólido + molhante + suspensor) + líquido.
1.3.6 Agentes suspensores
Os agentes suspensores são substâncias que auxiliam a estabilizar as suspensões. Eles 
podem ser tensoativos ou substâncias que aumentam a viscosidade da fase externa da suspensão.
• Tensoativos: asseguram que as partículas estejam bem dispersas na fase líquida, mediante 
a redução da tensão interfacial.
• Tensoativos aniônicos: cargas negativas são adsorvidas às partículas, diminuindo a sua 
agregação por repulsão, como laurel sulfato de sódio, dioctil sulfonato de sódio.
• Tensoativos não iônicos: Tween, Span, Carbowaxes (polietilenoglicóis de peso molecular 
elevado).
Já sobre agentes que aumentam a viscosidade da fase externa é quando se utiliza agentes 
suspensores para aumentar a viscosidade da fase externa da suspensão. Essas substâncias devem:
➢ Ser inócuos e sem atividade farmacológica nas concentrações utilizadas.
➢ Aumentar a viscosidade em pequenas quantidades.
➢ Ter propriedades reológicas que não se alteram com o tempo de armazenamento.
➢ Formar uma película em volta das partículas (coloides protetores) e/ou aumentar 
a viscosidade do meio dispersante. Por exemplo, sílica-gel 10%; proteínas: gelatina; 
polímeros modi� cados de celulose: CMCNa; polímeros sintéticos: ácido poliacrílico 
(Carbopol).
➢ Retardar a � oculação.
➢ Reduzir a velocidade de sedimentação.
1.3.7 Floculação controlada
É um processo de preparação que obtém aglomerados redispersíveis, formando � óculos. 
Isso é possível através do controle da velocidade de sedimentação, evitando que o material 
agregado se torne compacto e pastoso (AULTON, 2005). Para os fármacos com carga positiva, 
são adicionadas quantidades controladas de íons negativos, como os fosfatos, para, depois, 
acrescentar o agente suspensor (hidró� lo, por exemplo, CMC). Já para os fármacos com cargas 
negativas, deve-se envolver as partículas positivamente, ter uma � oculação parcial com íons 
carregados negativamente e, depois, realizar a adição de um agente suspensor (AULTON, 2005).
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1.3.8 Controle de qualidade de suspensões
Entre as técnicas utilizadas para o controle de qualidade de suspensões estão: a 
determinação do volume de sedimentação, do tamanho das partículas dispersas, da viscosidade 
e do potencial zeta.
1.3.8.1 Determinação do volume de sedimentação
Além da necessidade de um sedimento ser facilmente disperso sob uma agitação 
moderada, a redispersibilidade é muito importante para a aceitação da suspensão, por isso a 
medida do volume de sedimentação e a facilidade de redispersão são técnicas para avaliação das 
suspensões. 
A determinação do volume de sedimentação é obtida pela relação entre a altura do 
sedimento (Hs) e a altura da fase líquida (Hl). A suspensão é colocada em uma proveta, deixando-a 
depositar sem que aumente a altura do sedimento. Então, essa altura do sedimento (Hs) e a altura 
da fase líquida (Hl) são medidas. Para tanto, é feita a relação entre a altura do sedimento (Hs) e 
altura da fase líquida (Hl). Quanto maior essa relação, maior será o grau de � oculação.
Por exemplo: 
1) Valores: Hs = 10; H1 = 70 
Determinação do volume de sedimentação: Hs/Hl = 10/70 = 0,142 (menor relação, menor 
grau de � oculação).
2) Valores: Hs = 40; H1 = 70 
Determinação do volume de sedimentação: Hs/Hl = 40/70 = 0,571 (maior relação, maior 
grau de � oculação).
1.3.8.2 Determinação do tamanho da partícula
A determinação do tamanho das partículas pode ser realizada com o auxílio de 
microscópios, difratores de raio laser ou contador eletrônico de partículas. No difrator de raio 
laser as partículas passam, separadamente, por um orifício muito � no, sendo contadas por 
registro do número de interrupções em um feixe luminoso ou por registro das alterações da 
condutividade do sistema.
1.3.8.3 Determinação da viscosidade
A determinação da viscosidade do sistema é útil na etapa de formulação e na avaliação 
da estabilidade física da suspensão. Vários equipamentos são utilizados para veri� cação da 
viscosidade, entre eles os viscosímetros rotativos que medem a força necessária para girar na 
suspensão.
1.3.8.4 Determinação do potencial zeta
A determinação do potencial zeta é realizada pela medida da mobilidade em campo 
elétrico das partículas dispersas. Um dos equipamentos que realiza esta medida é o Zetasizer®.
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2. FORMAS FARMACÊUTICAS SEMISSÓLIDAS
As formas farmacêuticas semissólidas são destinadas para a aplicação na pele ou nas 
membranas mucosas, geralmente para ação local (exceto transdérmicas, que apresentam efeito 
sistêmico). As principais formas farmacêuticas semissólidas são os cremes, géis, pomadas e pastas.
2.1 Cremes
Cremes são emulsões semissólidas obtidas através de bases emulsivas do tipo A/O ou O/A, 
contendo uma ou mais substâncias ativas, dissolvidas ou dispersas, na base adequada. Os cremes 
apresentam comportamento reológico normalmente pseudoplástico (AULTON, 2005). Nesse 
sentido, as emulsões são sistemas heterogêneos, formados por duas fases líquidas imiscíveis, em 
que uma fase dispersa (composta por gotículas) está distribuída num veículo (fase dispersante) 
(AULTON, 2005).
2.1.1 Tipos de emulsão
Conforme Aulton (2005), as emulsões podem ser do tipo água em óleo (a/o), óleo em 
água (o/a) ou emulsões múltiplas (a/o/a e o/a/o) (AULTON, 2005):
• emulsões do tipo a/o: gotículas de água dispersas em uma fase oleosa contínua;
• emulsões do tipo o/a: gotículas de óleo dispersas em fase aquosa;
• emulsões múltiplas: compostas por uma emulsão dentro de outra emulsão.
a/o/a: prepara-se uma emulsão do tipo a/o e adiciona-se lentamente a emulsão em 
solução aquosa, com um tensoativo de alto EHL. Também é possível formar emulsões do tipo 
o/a/o. Geralmente, as emulsões múltiplas são muito instáveis.
2.1.2 Teoria das emulsões
As teorias das emulsões têm a função de explicar de que modo certos agentes atuam na 
emulsi� cação e na manutenção da estabilidade da emulsão. Entre as teorias mais aceitas estão as 
da tensão interfacial, a da cunha orientada e a da plástica ou da película interfacial (AULTON, 
2005).
2.1.2.1 Teoria da tensão interfacial
Para a obtenção de uma emulsão, é necessário dividir uma das fases em pequenos 
glóbulos, que resulta em aumento da área interfacial. A tensão interfacial representa a tendência 
que um líquido tem para reduzir a sua área de superfície a um mínimo de energia potencial. 
Sendo assim, a tensão interfacial re� ete as forças de atração entre as moléculas do mesmo líquido 
(AULTON, 2005).
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O fornecimento de energia é capaz de originar emulsões, porém não é su� ciente para 
manter uma emulsão duradoura. Por isso, é preciso usar substâncias que reduzam a tensão 
interfacial entre a água e o óleo, chamadas de tensoativos. Os tensoativos diminuem a força de 
repulsão entre os dois líquidos imiscíveis e a atração de cada um deles por suas próprias moléculas 
(AULTON, 2005).
2.1.2.2 Teoria da cunha orientada
A teoria da cunha orientada pressupõe camadas monomoleculares (micelas) de agente 
emulsi� cante, curvadas em torno da gotícula da fase interna da emulsão. Como os tensoativos 
possuem uma parte hidrofílica e uma parte hidrofóbica, quando adicionados em um sistema que 
contém dois líquidos imiscíveis, eles tendem a orientar uma porção hidrofílica para a água, e uma 
porção hidrofóbica para o óleo (AULTON, 2005).
2.1.2.3 Teoria da película interfacial
Segundo a teoria da película interfacial, o agente emulsivo orienta-se na interfase óleo/
água, circundando as gotículas da fase interna como uma � na película adsorvida em sua superfície. 
Essa película impede o contato e a coalescência da fase dispersa (AULTON, 2005).
2.1.3 Determinação do tipo de emulsão
Alguns processos podem ser utilizados para determinar se uma preparação é do tipo o/a 
ou a/o. Entre eles estão o ensaio de diluição, ensaio com corantes e o ensaio de condutividade 
elétrica (AULTON, 2005).
2.1.3.1 Ensaio de diluição
Um dos ensaios mais simples que se pode executar para determinar a qual tipo uma 
emulsão pertence, mediante a mistura um pequeno volume dessa emulsão com volume igual de 
água. Se a mistura se mantiver inalterada, ou seja, se não houver separação das fases, conclui-se 
que há uma emulsão o/a. Do mesmo modo, se a diluição de uma emulsão com óleo permanecer 
estável, isso signi� ca que ela é do tipo a/o (AULTON, 2005).
2.1.3.2 Ensaio com corantes
O ensaio com corantes permite identi� cação do tipo a que pertence uma emulsão, por 
intermédio de uma diferente distribuição de um corante pelas duas fases que a constituem. 
Assim, se misturarmos um corante hidrossolúvel com uma emulsão que cora uniformemente, 
a fase contínua, nesse caso, é a água, e a emulsão é do tipo o/a. Do mesmo modo, um corante 
lipossolúvel que origine uma coloração uniforme indica uma emulsão do tipo a/o. Se este último 
corante apenas tingir pequenos glóbulos dispersos num fundo não corado, isso signi� ca que a 
emulsão é do tipo o/a. Esse ensaio é realizado com auxílio de microscópio (AULTON, 2005).
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2.1.3.3 Ensaio de condutividade elétrica
Como os óleos são maus condutores de corrente elétrica, ela só poderá atravessar uma 
emulsão quando a água representar a sua fase contínua. Sendo assim, se houver um circuito 
elétrico, no qual esteja intercalada uma lâmpada, ao mergulhar duas extremidades do referido 
circuito na emulsão a ensaiar, a lâmpada acenderá caso a emulsão seja do tipo o/a, mantendo-se 
apagada se for do tipo a/o (AULTON, 2005).
2.1.4 Formulação de emulsões
A formulação de emulsões envolve a escolha do tipo de emulsão, da fase oleosa e do 
sistema emulsionante. A decisão de formular uma emulsão a/o ou o/a já descarta uma série de 
sistemas emulsionantes inadequados (AULTON, 2005).
2.1.4.1 Escolha da fase oleosa
Os materiais que constituema fase oleosa de uma emulsão e as quantidades utilizadas são 
determinados, primeiramente, pelo uso do produto (AULTON, 2005).
2.1.4.2 Escolha do sistema emulsionante
Existem três classes de agentes emulgentes: os tensoativos, os coloides hidrofílicos e os 
sólidos � namente divididos. A escolha de determinado tipo de emulgente depende do objetivo 
pretendido, do tipo de emulsão desejada e do custo do emulgente (AULTON, 2005).
2.1.5 Sistema emulsionante
As três principais classes de sistemas emulgentes (ou emulsionantes) são os tensoativos, 
os coloides hidrofílicos e os sólidos � namente divididos (AULTON, 2005).
2.1.5.1 Tensoativos
 Os tensoativos, que atuam na obtenção e estabilização de uma emulsão, são classi� cados 
como: aniônico, catiônico, anfótero e não iônico. Essas substâncias são essenciais para a 
preparação de emulsões e, normalmente, determinam o tipo da emulsão formada. Apesar de 
serem substâncias an� fílicas, isto é, apresentam parte polar e parte apolar, a hidrossolubilidade e 
lipossolubilidade nunca são precisamente iguais. Dessa forma, emulgentes predominantemente 
hidró� los formam emulsões O/A, enquanto os emulgentes predominantemente lipó� los formam 
as emulsões A/O (AULTON, 2005).
Um fator muito importante a ser considerado na seleção de um tensoativo é o seu 
equilíbrio hidró� lo-lipó� lo (EHL), isto é, um sistema de classi� cação segundo as características 
de hidro� lia e lipo� lia do composto. Para tanto, a escala de Gri� n traduz as propriedades hidro 
e lipofílicas em escala numérica, então, quanto maior o EHL, mais hidrofílico será o tensoativo. 
Geralmente, os tensoativos com valor de EHL de 3 a 6 são altamente lipofílicos e produzem 
emulsões do tipo A/O, enquanto os agentes que têm valor de EHL de 8 a 18 produzem emulsões 
O/A (AULTON, 2005).
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Segundo Aulton (2005), para garantir um produto estável, cada substância oleosa usada 
exige um emulsionante com determinado valor de EHL, de acordo com o tipo de emulsão que 
se deseja formar (O/A ou A/O), como exposto no Quadro 2. Se a formulação contém uma 
mistura de óleos, gorduras ou ceras, pode-se calcular o valor de EHL requerido, como Fórmula 
1. Normalmente, são utilizadas misturas de tensoativos para produzir emulsões mais estáveis 
(O/A), segundo o Quadro 3. Além de que a quantidade relativa de cada um dos emulsionantes 
também pode ser calculada, utilizando-se a Fórmula 2. Com o melhor valor de EHL calculado, 
pode-se avaliar várias misturas de emulsionantes, que possam levar a emulsões mais estáveis.
Quadro 2 – Valores de EHL necessários para alguns lipídeos. Fonte: Aulton (2005).
Cálculo do valor de EHL requerido de uma formulação, contendo uma mistura de óleos, 
gorduras ou ceras:
Fórmula 1 – Fórmula para cálculo do EHL requerido pela formulação. Fonte: A autora.
Cálculo das quantidades de emulsionante necessárias para a produção de emulsões mais 
estáveis em determinada combinação óleo e água.
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Quadro 4 – Valores de EHL de alguns tensoativos. Fonte: Adaptado de Aulton (2005).
Fórmula 2 – Fórmula para cálculo da quantidade de cada emulsi� cante. Fonte: A autora.
O grau de cremagem ou separação é mínimo no valor de EHL ideal. Calculado o melhor 
valor de EHL, é possível avaliar outras misturas de emulsionantes que possam levar a uma 
emulsão ainda melhor (AULTON, 2005).
2.1.5.2 Coloides hidrofílicos
Os coloides hidrofílicos aumentam a viscosidade da fase externa da emulsão. Eles 
podem ser utilizados como emulgentes primários, mas a sua maior utilidade é como emulgente 
secundário e como agentes espessantes (AULTON, 2005).
2.1.5.3 Sólidos finamente divididos
Os sólidos � namente divididos agem como emulgentes secundários, enrijecendo a 
membrana formada pelo tensoativo (AULTON, 2005).
2.1.6 Métodos de preparação
Os principais métodos de preparação e emulsões são o método continental ou da goma 
seca e o método inglês ou da goma úmida (FERREIRA, 2008).
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2.1.6.1 Método continental ou da goma seca
No método continental ou da goma seca, o emulsi� cante é misturado com o óleo (fase 
interna) até que se obtenha uma mistura homogênea. A fase oleosa e a fase aquosa são aquecidas 
separadamente, sendo a fase aquosa adicionada na fase oleosa, sob agitação constante. É um 
método bastante utilizado. Em alguns casos, a preparação pode ser realizada sem aquecimento 
(FERREIRA, 2008).
2.1.6.1 Método inglês ou da goma úmida
Já no método inglês ou da goma úmida, o emulsi� cante é misturado com uma quantidade 
de água (fase externa). O óleo (fase interna) é então adicionado lentamente, em porções, sendo a 
mistura é triturada para se obter a emulsi� cação (FERREIRA, 2008).
2.1.7 Instabilidade das emulsões
Os três principais tipos de instabilidade física que podem ocorrer um uma emulsão são: 
� oculação, sedimentação/cremagem e coalescência (AULTON, 2005).
2.1.7.1 Floculação
A � oculação é a reunião de vários glóbulos da fase dispersa em agregados ou � óculos, 
sendo um processo reversível. Ela pode ocorrer por ausência de barreira mecânica na interface, 
quantidade insu� ciente de emulsi� cante ou baixa viscosidade da emulsão (AULTON, 2005).
2.1.7.2 Cremagem ou sedimentação
A cremagem ou sedimentação é um processo reversível, que ocorre quando as gotículas 
da fase interna tendem a agregar-se e � car na superfície da emulsão (cremagem) ou a sedimentar 
(sedimentação). Quanto maiores forem as gotículas da fase interna, quanto maior for a diferença 
de densidade entre as duas fases e quanto menor for a viscosidade da emulsão, maior será a 
velocidade de separação (AULTON, 2005).
2.1.7.3 Coalescência
Na coalescência, as gotículas da fase interna de juntam, formando gotículas maiores e 
levando a separação das fases da emulsão. Esse fenômeno é irreversível, uma vez que deixou de 
existir a camada protetora em torno das gotículas da fase interna (AULTON, 2005).
2.2 Géis
Géis são preparações semissólidas, transparentes ou translúcidas, constituídas da dispersão 
de um sólido (resinas, polímeros e derivados de celulose) em um líquido (geralmente água ou 
mistura álcool/água), podendo conter uma ou mais substâncias ativas (FERREIRA, 2008). Eles 
apresentam propriedades reológicas pseudoplásticas, destinados principalmente ao uso externo 
(tópico). Podem ser utilizados como veículo em preparações intranasais, intravaginais, retais, 
orais e até parenterais (FERREIRA, 2008). 
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Além disso, constituem veículos ideais para preparações destinadas a pele acneica e oleosa, 
amplamente empregados em formas cosméticas com o apelo de produtos não comedogênicos e oil 
free, bem como em preparações como fotoprotetores, hidratantes, produtos antienvelhecimento, 
entre outros.
2.2.1 Classificação dos géis
De acordo com Ferreira (2008), os géis podem ser classi� cados quanto a atração entre a 
fase dispersa e o meio dispersante. Eles são divididos em liofílicos ou liófobos.
• Liofílicos: alta interação entre a fase dispersa e o meio dispersante.
• Liófobos: baixa interação entre a fase dispersa e o meio dispersante.
Em relação a natureza da fase dispersa, eles podem ser compostos por substâncias 
naturais, semissintéticas ou sintéticas.
2.2.2 Composição dos géis
Segundo Ferreira (2008), os géis são compostos basicamente por:
➢ Agentes geli� cantes ou espessantes.
➢ Veículo.
➢ Conservantes e estabilizantes.
➢ Umectantes (opcional).
2.2.2.1 Agentes gelificantes ou espessantes 
Os agentes geli� cantes ou espessantes são utilizados nas preparações farmacêuticas e 
cosméticas por conferirem um aumento da viscosidade. A propriedade do agente geli� cante de 
elevar a viscosidade das preparações deve-se ao seu elevado grau de solvatação e hidratação, 
bem como à capacidadede entrelaçamento de suas cadeias, retendo o meio de dispersão em sua 
rede (FERREIRA, 2008). Esses agentes promovem a geli� cação do sistema, isto é, a passagem do 
estado líquido (sol) para o gel. Alterações na temperatura e intensidade de agitação (cisalhamento) 
podem modi� car a estrutura do gel e de suas propriedades reológicas (FERREIRA, 2008).
2.2.2.2 Veículo
O veículo concerne às preparações destinadas à incorporação do(s) ativo(s). No caso dos 
géis, normalmente o veículo é a água ou outro solvente utilizado para promover a hidratação do 
agente geli� cante (FERREIRA, 2008).
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2.2.2.3 Conservantes
Conservantes são substâncias usadas para prevenir o crescimento e desenvolvimento de 
microrganismos (FERREIRA, 2008).
2.2.2.4 Umectantes
Devido a sua capacidade de retenção de água, os umectantes são substâncias empregadas 
para prevenir o ressecamento de preparações (FERREIRA, 2008).
2.2.3 Preparação dos géis
Ferreira (2008) aponta que a técnica de preparação de géis é determinada pela característica 
do agente geli� cante. Em geral, é preciso: 1º) solubilizar os agentes conservantes no veículo; 2º) 
possibilitar uma dispersão lenta do agente geli� cante, sob agitação vigorosa (os grumos que se 
formam devem ser dispersos com agitação e trituração).
Em pequena escala (farmácias de manipulação), costuma-se utilizar béquer e o bastão 
de vidro para a dispersão do agente espessante no veículo. Em alguns casos, utiliza-se placa de 
aquecimento e agitação mecânica. Já em grande escala (indústria farmacêutica), são usados 
tanques de agitação com camisa de aquecimento/resfriamento (FERREIRA, 2008).
2.3 Pomadas
Pomadas são preparações semissólidas desenvolvidas para aplicação externa na pele ou 
em membranas mucosas, que apresentam comportamento reológico plástico. Quando aplicada 
sobre a pele, amolece ou funde devido à temperatura corporal e ou à força de aplicação. Deve ser 
facilmente espalhável, com boa aderência e sem textura arenosa (FERREIRA, 2008).
2.3.1 Composição das pomadas
Segundo Ferreira (2008), a composição básica das pomadas é:
• Fármaco (s).
• Veículo: normalmente substâncias não aquosas de fase única (Exemplo: a vaselina sólida).
• Antioxidantes: previnem a oxidação (Exemplos: BHA, BHT).
• Conservantes: estabilidade microbiológica (Exemplo: os parabenos).
2.3.2 Classificação das pomadas
As pomadas podem ser classi� cadas em conforme a sua a� nidade com a água (FERREIRA, 
2008):
• Hidrofóbicas ou lipó� las: não absorvem ou só podem absorver pequena quantidade de 
água.
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• Absorvem água: são aquelas pomadas que têm a capacidade de absorver quantidades 
maiores de água. Incorporados emulsi� cantes A/O.
• Hidrofílicas ou hidró� las: excipientes são miscíveis em água.
2.3.2 Preparação das pomadas
As pomadas podem ser preparadas por incorporação ou por fusão (FERREIRA, 2008). 
Na incorporação, os componentes são misturados até que haja uma preparação uniforme. Essa 
mistura e incorporação dos componentes podem ser realizadas com o auxílio de gral e pistilo, 
ou espátula e placa de espatulação. É o método mais utilizado para preparações magistrais 
(FERREIRA, 2008).
Já a preparação por fusão ocorre quando todos ou alguns componentes da pomada são 
combinados e fundidos juntos, com agitação constante, seguido de resfriamento e solidi� cação. 
Os componentes não fundidos são adicionados à mistura antes da solidi� cação, mantendo a 
agitação, enquanto os componentes termolábeis e voláteis são adicionados após o resfriamento 
(FERREIRA, 2008).
Em pequena escala, a preparação por fusão é realizada utilizando cápsulas de porcelana 
ou béquer de vidro. Em grande escala, são utilizados tanques de aquecimento a vapor. Depois 
de solidi� cada, pode ser passada através de moinho de rolos ou ser submetida à espatulação ou 
trituração em gral para garantir uma textura uniforme (FERREIRA, 2008).
2.3 Pastas 
Pastas são formas farmacêuticas semissólidas que contêm uma elevada concentração de 
pós � namente dispersos, cujo conteúdo, normalmente, varia de 20 até 50%. Elas são mais � rmes 
e espessas do que as pomadas e são destinadas à aplicação externa. Apresentam comportamento 
reológico dilatante (FERREIRA, 2008).
Devido a suas qualidades de � rmeza e absorção, as pastas permanecem no local após a 
aplicação, com pouca tendência de amolecer ou escorrer. Portanto, elas são e� cazes para absorver 
secreções serosas (FERREIRA, 2008).
2.3.1 Composição das pastas
Para Ferreira (2008), a composição básica das pastas é:
• Fármaco (s).
• Veículo: graxo ou hidrofílico.
• Agente levigante.
• Conservantes.
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2.3.2 Preparação das pastas
A preparação das pastas é realizada de maneira semelhante às pomadas. As etapas são:
1º Pesar os componentes;
2º triturar os sólidos;
3º realizar a levigação dos pós;
4º incorporar a mistura levigada no veículo (FERREIRA, 2008).
A levigação é um processo de redução do tamanho de partículas sólidas por trituração 
em um gral ou espatulação, utilizando uma pequena quantidade de um líquido ou de uma base 
fundida na qual o sólido é solúvel (FERREIRA, 2008). Uma outra forma de preparação das pastas 
é fundir o veículo e incorporá-lo aos pós, misturando vigorosamente para evitar a formação 
de grumos. As pastas fundidas devem ser vertidas na embalagem � nal antes da solidi� cação 
(FERREIRA, 2008).
2.4 Controle de qualidade de formulações semissólidas
Segundo a RDC 87/2008 (BRASIL, 2008), que altera o Regulamento Técnico sobre Boas 
Práticas de Manipulação em Farmácias, na produção de semissólidos, devem ser realizados, 
no mínimo, os seguintes ensaios de controle de qualidade: descrição, aspecto, caracteres 
organolépticos, pH (quando aplicável), peso.
Como é avaliada a estabilidade física de formulações manipuladas? Como é de-
terminado o prazo de validade destas formulações? Refl ita sobre as questões aci-
ma e leia o artigo Desenvolvimento e avaliação da estabilidade física de loções O/A 
contendo fi ltros solares (BORGHETTI E KNORST, 2006). Nesse artigo os autores 
avaliam a estabilidade de emulsões com fi ltros solares por um período de 6 me-
ses. Foram analisados as características macroscópicas, viscosidade, comporta-
mento reológico, índice de óleo, espalhabilidade e fator de proteção solar (FPS). 
Os resultados demonstraram que as formulações se mantiveram estáveis pelo 
período analisado. 
Fonte: BORGHETTI, G. S.; KNORST, M. T. Desenvolvimento e avaliação da estabili-
dade física de loções O/A contendo fi ltros solares. Revista Brasileira de Ciências 
Farmacêuticas, São Paulo, v. 42, n. 4, p. 531-537, out./dez. 2006. Disponível em: 
http://www.scielo.br/pdf/rbcf/v42n4/a08v42n4.pdf. Acesso em: 6 jul. 2019.
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Para saber mais sobre formas farmacêuticas semissólidas, o capítulo 10 do livro 
Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos é uma ótima opção, 
pois ele abordando os temas pomadas, cremes e géis, com seus respectivos mé-
todos de preparação de uma maneira muito interessante.
Fonte: ALLEN JR., L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Capítulo 10: Pomadas, 
cremes e géis. In: ALLEN JR., L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farma-
cêuticas e sistemas de liberação de fármacos. 9. ed. São Paulo: Premier, 2013.
Os capítulos 27 e 28 do livro A prática farmacêutica na manipulação de medica-
mentos, de Thompson e Davidow (2013), apresentam as formas farmacêuticas 
líquidas: soluções e suspensões, respectivamente. Leia-os para inteirar-se do as-
sunto!
Fonte: THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. Capítulo 27: Soluções. In: THOMPSON, 
J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos. 
3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 395-436.
THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. Capítulo28: Suspensões. In: THOMPSON, J. E.; 
DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos. 3. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2013. p. 437-467.
A videoaula Farmacotécnica em Manipulação 3 do Portal 
Educação aborda a manipulação de xarope e de creme. O 
vídeo é um ótimo meio para que você aprimore ainda mais 
os seus conhecimentos sobre formas farmacêuticas, cáp-
sulas, isotonia, EHL, cálculos de pesagem e farmacotécni-
cos
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO. Farmacotécnica em Manipu-
lação 3. Disponível em: https://youtu.be/GbJmU6w_CyE. 
Acesso em: 29 jun. 2019.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na Unidade III as formas farmacêuticas líquidas e semissólidas são explicadas, mediante 
a discussão de seu conceito, vantagens, desvantagens, preparação e envase de soluções. Com isso, 
destaca-se que a solubilidade do fármaco é um fator determinante para o desenvolvimento de 
soluções, inclusive com o auxílio de algumas estratégias para melhorar a dissolução do fármaco, 
como o aquecimento, alteração do pH, adição de tensoativos e o uso de ciclodextrinas. Por � m, 
descreve-se as características físicas, o potencial zeta e a preparação de suspensões, assim como 
as principais características, composição, classi� cação e preparação de cremes, géis, pomadas e 
pastas.
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UNIDADE
04
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 69
1. PÓS ......................................................................................................................................................................... 70
1.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS PÓS ....................................................................................................... 70
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS PÓS ..................................................................................................................................71
1.3 PREPARAÇÃO DOS PÓS ......................................................................................................................................71
1.3.1 TRITURAÇÃO .....................................................................................................................................................71
1.3.2 TAMISAÇÃO ...................................................................................................................................................... 72
1.3.3 MISTURA .......................................................................................................................................................... 72
1.4 DILUIÇÃO GEOMÉTRICA .................................................................................................................................... 73
2. GRANULADOS ....................................................................................................................................................... 74
2.1 PREPARAÇÃO DE GRANULADOS ...................................................................................................................... 74
FORMAS FARMACÊUTICAS SÓLIDAS
PROF.A DRA. DANIELA CRISTINA DE MEDEIROS ARAÚJO
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FARMACOTÉCNICA
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2.1.1 GRANULAÇÃO POR VIA SECA ......................................................................................................................... 74
2.1.2 GRANULAÇÃO POR VIA ÚMIDA ..................................................................................................................... 74
3. CÁPSULAS ............................................................................................................................................................ 75
3.1 VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS CÁPSULAS .......................................................................................... 75
3.2 TIPOS DE CÁPSULAS ....................................................................................................................................... 76
3.3 MANIPULAÇÃO DE CÁPSULAS DURAS ........................................................................................................... 77
3.3.1 DESENVOLVIMENTO DA FORMULAÇÃO ....................................................................................................... 77
3.3.1.1 CORREÇÃO DO TEOR DE PRINCÍPIO ATIVO .............................................................................................. 78
3.3.1.2 CÁLCULO PARA PESAGEM DOS COMPONENTES DA FORMULAÇÃO ........................................................ 79
3.3.2 SELEÇÃO DO TAMANHO DAS CÁPSULAS .................................................................................................... 79
3.3.3 ENCHIMENTO DAS CÁPSULAS .....................................................................................................................80
3.3.4 LIMPEZA E POLIMENTO ................................................................................................................................ 81
3.3.5 EMBALAGEM E ARMAZENAMENTO ............................................................................................................. 81
3.4 CONTROLE DE QUALIDADE DAS CÁPSULAS .................................................................................................. 81
3.5 CÁPSULAS DE LIBERAÇÃO MODIFICADA ....................................................................................................... 82
3.5.1 CÁPSULAS GASTRORRESISTENTES ............................................................................................................. 82
3.5.2 CÁPSULAS DE LIBERAÇÃO PROLONGADA .................................................................................................. 82
3.6 CÁPSULAS MOLES ............................................................................................................................................ 83
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................85
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INTRODUÇÃO
As formas farmacêuticas sólidas compreendem um maior número de prescrições 
dispensadas em farmácias. As principais formas farmacêuticas sólidas produzidas em farmácias 
magistrais são os pós, granulados e cápsulas.
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1. PÓS
Os pós são misturas íntimas e secas de fármacos e/ou outras substâncias � namente 
divididos. Eles podem ser destinados ao uso interno (pós orais) ou uso externo (pós tópicos), 
dispensados em grandes quantidades ou pequenas porções, dependendo do uso, da dose ou da 
potência (THE UNITED STATES PHARMACOPEIAL, 2006). São constituídos por partículas de 
0,1 µm a 10.000 µm, mas os utilizados em preparações farmacêuticas apresentam, normalmente, 
partículas com um tamanho entre 0,1 a 10 µm (FERREIRA, 2008).
1.1 Vantagens e desvantagens dos pós
As vantagens da forma farmacêutica pó são:
➢ Uma prescrição precisa da dose individual.
➢ Uma estabilidade maior do que a forma farmacêutica líquida.
➢ O tamanho das partículas é reduzido, o que proporciona uma dissolução mais rápida 
que as formas farmacêuticas sólidas compactas.
➢ Uma absorção mais rápida do que a forma farmacêutica sólida compacta.
➢ Efeito farmacológico mais rápido que a forma farmacêutica sólida compacta.
➢ Uma menor incidência de irritação gástrica se comparada com a forma farmacêutica 
sólidas compacta, devido a rápida dissolução.
➢ Maior facilidade de deglutição, especialmente quando misturado com líquidos.
➢ Necessita de número reduzido de adjuvantes.
➢ O custo de produção é menor que o de forma farmacêutica sólida compacta (FERREIRA, 
2008).
Já entre as desvantagens dessa forma farmacêutica estão:
➢ Maior risco de erros na posologia.➢ Partículas � namente divididas, que apresentam maior área de superfície exposta, 
resultando em maior risco de degradação da substância ativa se comparadas a cápsulas e 
comprimidos.
➢ Di� culdade de mascarar fármacos com sabores desagradáveis.
➢ Maior tempo de preparação de doses individuais (Exemplos: envelopes, sachês) 
(FERREIRA, 2008).
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1.2 Classificação dos Pós
Os pós podem ser classi� cados como simples, quando resultam da pulverização de uma 
única substância, ou compostos, quando é obtido a partir da mistura de dois ou mais pós simples 
(FERREIRA, 2008). Eles podem classi� cados quanto ao tamanho em:
Pó grosso ................................ 700 – 180 μm
Pó � no ..................................... 128 μm
Pó � níssimo ............................. 74 μm
Pó micronizado ........................ < 60 μm
O tamanho das partículas pode in� uenciar fatores importantes como:
➢ Velocidade de dissolução.
➢ Suspensibilidade das partículas.
➢ Distribuição uniforme.
➢ Não aspereza.
Os pós podem ainda ser classi� cados quanto ao uso em interno e externo. Os pós de 
uso interno, geralmente, são administrados sob a forma de solução aquosa, podendo também 
produzir efervescência (reação de bicarbonato + ácido orgânico), já os de uso externo possuem 
as seguintes características básicas:
➢ Partículas menores que 100 μm.
➢ Não causam irritação.
➢ Boa aderência à pele ou mucosa.
➢ Boa dispersibilidade.
➢ Esterilidade se utilizados em feridas abertas.
1.3 Preparação dos Pós
As etapas de preparação dos pós são: trituração, tamisação e mistura (FERREIRA, 2008).
1.3.1 Trituração
É utilizada para reduzir o tamanho das partículas. É usada comumente pela fricção 
contínua do sólido, em um gral, com auxílio de um pistilo. A trituração pode ser substituída 
pelo processo de levigação, isto é, a trituração do sólido em um gral ou a espatulação em uma 
placa, com uma pequena quantidade de líquido, no qual o sólido não é solúvel. Esse processo é 
empregado bastante em preparações semissólidas e líquidas (FERREIRA, 2008).
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1.3.2 Tamisação
Conforme Ferreira (2008), tamisação é uma separação, em função do tamanho das 
partículas, para obter-se pós com a mesma tenuidade. Para esse processo, são utilizados tamises, 
que promovem a separação das partículas em função do seu diâmetro. É utilizado o tamis, 
com uma abertura de malha correspondente à tenuidade do pó a se obter, conforme exposto 
no Quadro 1. Além disso, a tamisação é útil também para desagregação de pós, pois otimiza o 
processo de mistura (FERREIRA, 2008).
Quadro 1 – Classi� cação dos tamises. Fonte: Adaptado de Ferreira (2008).
1.3.3 Mistura
Na esteira de Ferreira (2008), a � nalidade de uma mistura é homogeneizar substâncias 
ativas e excipientes, para obter um produto homogêneo. O ideal para uma boa mistura é que os 
pós tenham densidade, formato e tamanho semelhantes. Essa operação é normalmente realizada 
após a pesagem dos pós e a redução do tamanho das partículas. Para pequenas quantidades, 
o procedimento de mistura pode ser realizado por espatulação ou trituração, enquanto para 
quantidades maiores, são empregados os misturadores mecânicos, como Misturador em V 
(FERREIRA, 2008). 
Ferreira (2008) conceitua os procedimentos espatulação, trituração e misturadores. A 
saber:
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• Espatulação: mistura de pós em uma placa com auxílio de uma espátula.
• Trituração: utilizada tanto para cominuição como para mistura dos pós. Em pequenas 
quantidades, esse procedimento é realizado em gral com auxílio de pistilo.
• Misturadores: utilizados para quantidades maiores de pós. Exemplo: Misturador em V, 
como apresentado na Figura 1.
Figura 1 – Misturador em V. Fonte: Ferreira (2008).
1.4 Diluição geométrica
A diluição geométrica é empregada para misturar componentes em pó, os quais são 
presentes em quantidades diferentes entre si, em uma formulação. Esse procedimento assegura 
uma distribuição mais uniforme das partículas (FERREIRA, 2008).
O procedimento para diluição geométrica de pós pode ser descrito da seguinte maneira:
1. Pese todos os componentes da formulação separadamente.
2. Coloque o componente presente em menor quantidade no gral.
3. Selecione o próximo componente presente em quantidade maior.
4. Coloque no gral uma quantidade aproximadamente igual ao volume de pó do primeiro 
componente.
5. Misture bem os pós até obter uma mistura uniforme.
6. Adicione um volume de pó do segundo componente igual ao volume de pó da mistura 
presente no gral.
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7. Misture bem novamente.
8. Continue adicionando pó no gral até que todos os componentes sejam adicionados 
(FERREIRA, 2008).
Exemplo
Diluição geométrica 1/10
1 grama de ativo (AT) + 9 gramas de excipiente (EXC) = 10 g
1 g (EXC) + 1 g (AT) = 2 g + 2 g (EXC) = 4 g + 4 g (EXC) = 8 g + 2 g (EXC) =10 g
2. GRANULADOS
Granulados são aglomerados de partículas menores, formados por um pó umedecido, 
que passa por um tamis ou granulador, secos em ar ou em estufa. Em geral, apresentam forma 
irregular e comportam-se como partículas maiores (AULTON, 2005). Eles são utilizados como 
forma farmacêutica intermediária para produção de comprimidos e cápsulas. Os granulados 
� uem melhor que os pós, pois apresentam maior estabilidade devido a uma área super� cial 
menor (AULTON, 2005). A forma farmacêutica mais conhecida nesse formato é o granulado 
efervescente, que, normalmente, contém uma substância ativa associada ao bicarbonato de sódio 
e ao ácido cítrico ou tartárico.
2.1 Preparação de Granulados
Os granulados podem ser preparados por um método a seco ou úmido (AULTON, 2005).
2.1.1 Granulação por via seca
Na granulação por via seca, o fármaco e os excipientes são misturados, realiza-se uma 
pré-compressão, para depois produzir a formação dos granulados com auxílio de tamis ou de 
outro instrumento para calibração dos grânulos. Esse método é utilizado como alternativa para a 
granulação de via úmida, adequado para substâncias sensíveis à umidade e ao calor (AULTON, 
2005).
2.1.2 Granulação por via úmida
A granulação por via úmida é um método tradicional que confere aos sólidos particulados 
as características ideais de um granulado. É o método mais utilizado para preparação de 
granulados (AULTON, 2005). As etapas consistem em: molhagem dos pós, granulação, secagem 
e tamisação (para calibração do tamanho) (AULTON, 2005).
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3. CÁPSULAS
Cápsulas são formas farmacêuticas sólidas, com invólucro duro ou mole, de forma e de 
capacidade variáveis, contendo normalmente uma dose unitária de uma ou mais substâncias 
ativas (THE UNITED STATES PHARMACOPEIAL, 2006). Na maioria dos casos, são destinadas 
à administração oral. O conteúdo das cápsulas pode ser de consistência sólida (mistura de pós), 
líquida (líquidos anidros) ou semissólida, como ilustrado na Figura 2 (FERREIRA, 2008).
Figura 2 – Exemplos de materiais de enchimento para cápsulas. Fonte: Adaptado de Ferreira (2008).
3.1 Vantagens e desvantagens das cápsulas 
A forma farmacêutica cápsulas apresenta várias vantagens, conforme Ferreira (2008). 
Entre elas:
➢ Boa aceitação pelos pacientes.
➢ Fácil deglutição.
➢ Fácil identi� cação.
➢ Características organolépticas desagradáveis podem ser mascaradas.
➢ Fácil formulação.
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➢ Fabricação a seco.
➢ Fármaco protegido de agentes externos (menos umidade).
➢ Número de adjuvantes reduzido.
➢ Menor número de equipamentos para fabricação.
➢ Menos etapas de produção.
➢ Boa estabilidade e biodisponibilidade.
➢ Versatilidade para preparo de fórmulas e doses individualizadas.
➢ Possibilidadede sistemas de liberação modi� cada.
➢ Possibilidade de preenchimento isolado ou combinado de pós, formulações semissólidas, 
cápsulas menores e pequenos comprimidos.
Já entre as desvantagens da forma farmacêutica cápsulas, estão (FERREIRA, 2008):
➢ Maior custo de produção.
➢ Não é fracionável (não pode ser partida).
➢ Di� culdade para obter uma uniformidade de peso.
➢ Fácil aderência à parede do esôfago.
➢ Necessidade de condições determinadas de temperatura e umidade para manipulação 
e conservação.
➢ Pacientes com di� culdade de deglutição.
➢ Incompatibilidade com substâncias higroscópicas, deliquescentes e e� orescentes.
➢ Inadequada para os fármacos muito solúveis.
3.2 Tipos de cápsulas 
As cápsulas podem ser divididas em duras e moles. O invólucro é constituído, normalmente, 
de gelatina (cápsulas gelatinosas) ou outro material apropriado, como a hidroxipropilmetilcelulose 
(HPMC), que constitui as cápsulas vegetais. Além da gelatina, o invólucro contém plasti� cantes, 
água e corante (opcional) (FERREIRA, 2008).
As cápsulas duras apresentam forma cilíndrica e arredondada nos extremos, sendo 
formadas por duas partes: o corpo e a tampa, como exibidas na Figura 3 (FERREIRA, 2008).
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Figura 3 – Partes da cápsula dura. Fonte: Adaptado de Ferreira (2008).
3.3 Manipulação de cápsulas duras
A fabricação de cápsulas duras, tanto em escala industrial como em farmácia magistral 
envolve uma série de etapas, que incluem: 
➢ O desenvolvimento da formulação.
➢ A seleção do tamanho das cápsulas.
➢ O enchimento das cápsulas.
➢ A limpeza e polimento. 
➢ A embalagem e o armazenamento (FERREIRA, 2008).
3.3.1 Desenvolvimento da formulação
A preparação das cápsulas inicia com a seleção do(s) ativo(s) e escolha dos excipientes. A 
etapa seguinte é o cálculo e a pesagem dos componentes. O tamanho da cápsula escolhido deve 
ser su� ciente para acondicionar a mistura de pó, que é composta pela(s) substância(s) ativa(s) e 
por uma quantidade adicional do excipiente que será empregado (FERREIRA, 2008).
As substâncias utilizadas para o preparo de cápsulas não devem interagir com a gelatina, 
não devem ter um teor elevado de umidade, bem como o volume da dose unitária não deve 
exceder os tamanhos de cápsulas disponíveis (FERREIRA, 2008). 
Entre os excipientes utilizados na formulação de cápsulas, estão os agentes molhantes, 
antioxidantes, diluentes, lubri� cantes e deslizantes, como exposto a seguir, na esteira de Ferreira 
(2008).
• Agentes molhantes: favorecem a penetração da água no trato gastrointestinal, facilitando 
a dissolução. Exemplo: lauril sulfato de sódio.
• Estabilizantes: melhoram a estabilidade física do produto. Exemplos: BHT e BHA como 
antioxidantes.
• Diluentes: conferem propriedades necessárias para a formulação do compacto ou 
cilindro de pó (preenchem o espaço vazio), como a lactose.
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• Lubri� cantes: reduzem a adesão de pó nas superfícies do equipamento, como o estearato 
de magnésio.
• Deslizantes: melhoram as propriedades de � uxo dos pós e reduzem o atrito entre as 
partículas. Exemplo: Aerosil®.
3.3.1.1 Correção do teor de princípio ativo
Em alguns casos é necessária uma correção na quantidade pesada para obter o teor de 
princípio ativo desejado. Essas correções são baseadas no Certi� cado de Análise do Fornecedor, 
a partir do fator de equivalência ou do fator de correção, conforme o caso (FERREIRA, 2008). 
• Fator de Equivalência: faz a conversão da massa do sal ou éster para a massa do fármaco 
ativo.
• Fator de Correção: corrige a diluição de substâncias, o teor de ativo ou a umidade.
Para substâncias na forma diluída, as diluições são fornecidas no rótulo do fabricante. O 
fator de correção (FC) deve ser feito para 100% (FERREIRA, 2008). 
Exemplo 
Betacaroteno 10% (FC= 10)
Omeprazol pellets 8,5% (FC= 11,8)
Para sais, cujo produto farmacêutico de referência é dosado em relação à molécula base, 
o cálculo do fator de equivalência é feito a partir desta fórmula (FERREIRA, 2008): FEq = PM 
do sal ÷ PM da base.
Exemplo
Acetato de hidrocortisona:
FEq = 404,51 (sal) ÷ 362,47 (base)
FEq = 1,12
Para sais ou bases hidratadas, cujo produto de referência é dosado em relação à base ou 
sal anidro, o cálculo do fator de equivalência é feito a partir da seguinte fórmula (FERREIRA, 
2008): FEq = PM do sal ou base hidratada ÷ PM do sal ou base anidra
Exemplo
Amoxicilina tri-hidratada
FEq = 419,46 (mol. Hidratada) ÷ 365,41 (mol. Anidra) 
FEq= 1,15
No caso de diluições realizadas na farmácia, a correção deve ser feita de acordo com a 
diluição feita (FERREIRA, 2008).
Exemplo
Diazepam 1:10 (FC = 10)
Para minerais quelatos, em prescrições que se deseja o teor elementar, utiliza-se o teor 
fornecido pelo certi� cado de análise do fabricante para o cálculo do fator de correção (FERREIRA, 
2008).
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Exemplo
Prescrição: Magnésio (Aspartato)
Teor de Mg = 9,8%
FC= 100 ÷ 9,8
FC= 10,20
Por � m, para os � toterápicos com ativos padronizados, o cálculo do fator de correção é 
feito considerando a substância de referência (FERREIRA, 2008).
Exemplo
Prescrição: Kawa Kawa...........100 mg/cápsula.
Disponível: Kawa Kawa com 30% de kawalactonas
Substância referência: extrato de Kawa Kawa com 70% de kawalactonas
FC= 70 ÷ 30
FC= 2,33
Cálculo: 100 mg x 2,33 = 233 mg/cápsula.
3.3.1.2 Cálculo para pesagem dos componentes da formulação
Para o cálculo da quantidade dos componentes, é preciso considerar a dosagem prescrita 
de cada componente e multiplicá-lo pelo número de cápsulas que serão manipuladas, observando 
a diluição e/ou FEq da substância, além da unidade de medida em que ela se encontra (FERREIRA, 
2008).
Exemplo
Piridoxina 60 mg
Cistina 200 mg
Vitamina B12 100 mcg
Biotina 0,2 mg
Vitamina A 25.000 UI
100 cápsulas
Cálculo
Piridoxina = 60 mg x 100 cápsulas = 6 g
Cistina = 200 mg x 100 = 20 g
Vitamina B12 = 100 mcg x 100 = 10 mg
Diluição: 1:100 (FC=100), pesa-se 1 g
Biotina = 0,2 mg x 100 = 20 mg
Diluição 1:10 (FC = 10), pesa-se 200 mg
Vitamina A:
Considera que 500.000 UI de Vit. A correspondem a 1 g, tem-se 0,05 g em 25.000 UI. 
Portanto, pesa-se 0,05 x 100 cápsulas = 5 g
 
3.3.2 Seleção do tamanho das cápsulas
O tamanho e capacidade volumétrica das cápsulas é universal. Quanto maior o número, 
menor a sua capacidade volumétrica (FERREIRA, 2008). A capacidade de cada uma, em 
quantidade (peso) de pó, depende das propriedades da mistura, como densidade e capacidade de 
compactação. Uma cápsula número 0, por exemplo, pode conter 490 mg de ácido acetilsalicílico 
ou 715 mg de bicarbonato de sódio. Na Tabela 1, está demonstrado a capacidade média em peso, 
de acordo com a densidade dos pós (FERREIRA, 2008).
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Tabela 1 – Capacidade em volume e em peso das cápsulas. Fonte: Adaptado de Ferreira (2008).
Sendo assim, a escolha do tamanho da cápsula será determinada pela dose de substância(s) 
ativa(s) e pela densidade, bem como pelas características de compactação da substância ativa e 
dos excipientes. A partir desses dados, escolhe-se o menor tamanho de cápsula que se ajuste a 
quantidade de pó a ser encapsulada (FERREIRA, 2008).
O método mais utilizado para seleção do tamanho da cápsula é o método volumétrico. 
Com base nele, para pós com densidade aparente (Dap) conhecida, pesa-se o pó que será 
encapsulado e calcula-se o volume (em mililitros), utilizando a seguinte fórmula (FERREIRA, 
2008): Dap = m (g) ÷ v (mL), na qual m = massa; v = volume aparente. Após esse cálculo 
do volume, é preciso, então, selecionar a menor cápsula que comporte o volume de pó, como 
exposto na Tabela 1 (FERREIRA, 2008).
Para pós com Dap desconhecida, pesa-se o total de substânciasativas da formulação, 
realiza-se a tamisação e, depois, mistura os pós. A mistura é transferida para uma proveta para 
veri� cação do volume aparente. Após essa etapa, seleciona-se a menor cápsula que comporte o 
volume de pó, de acordo com a Tabela 1 (FERREIRA, 2008).
3.3.3 Enchimento das cápsulas
A encapsulação é um processo no qual os componentes ativos e diluentes, previamente 
misturados, são acondicionados em cápsulas de tamanho adequado. Nas cápsulas manipuladas, 
o corpo da cápsula é a medida da quantidade de formulação que será acondicionada. Ele deve 
estar completamente preenchido (FERREIRA, 2008).
Os equipamentos mais utilizados para o enchimento de cápsulas duras em farmácia 
magistral são as encapsuladoras manuais. Conforme o volume de produção, a farmácia pode 
também dispor de encapsuladoras semiautomáticas ou totalmente automatizadas, com faixas de 
produção variável (FERREIRA, 2008).
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3.3.4 Limpeza e polimento
As cápsulas podem apresentar pequenas quantidades de formulação aderida às paredes 
externas do seu invólucro. O pó aderido à parte externa da cápsula pode conferir-lhe um sabor 
e uma aparência desagradáveis, devendo ser removido antes que o medicamento seja embalado 
ou dispensado (FERREIRA, 2008). Desse modo, a limpeza e polimento das cápsulas produzidas 
com encapsuladoras manuais e semiautomáticas é realizada com gaze ou pano limpo. Já nas 
encapsuladoras automáticas é possível acoplar um desempoador que remove todo o material 
estranho, quando elas saem do equipamento (FERREIRA, 2008).
3.3.5 Embalagem e armazenamento
As embalagens para cápsulas duras devem ser impermeáveis à umidade. Os materiais 
mais utilizados são vidro, alumínio e polietileno. Por isso, o seu abrigo deve ser afastado de calor 
excessivo e de umidade (FERREIRA, 2008).
3.4 Controle de Qualidade das Cápsulas
Para garantia da qualidade do produto � nal, a veri� cação do peso médio é realizada 
em todos os lotes produzidos na farmácia (FERREIRA, 2008). Nesse teste, são analisadas vinte 
unidades de cada lote. Os limites de variação do conteúdo dependem do peso médio, como 
especi� cados no Quadro 2.
 
Quadro 2 – Limite de variação do peso médio para diferentes formas farmacêuticas. Fonte: Adaptado de Brasil 
(2010a).
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Segundo a RDC 87/2008 (BRASIL, 2008), que altera o Regulamento Técnico sobre Boas 
Práticas de Manipulação em Farmácias, para os sólidos, devem ser realizados, no mínimo, os 
seguintes ensaios de controle de qualidade: Descrição, aspecto, caracteres organolépticos, peso 
médio. Outras análises de controle de qualidade são terceirizadas, como teor de substância 
ativa, desintegração e dissolução, sendo realizadas com frequência pré-determinada conforme 
legislação vigente.
3.5 Cápsulas de Liberação Modificada
As cápsulas de liberação modi� cada, produzidas em farmácia de manipulação, são as 
cápsulas gastrorresistentes (liberação entérica) e as cápsulas de liberação prolongada (FERREIRA, 
2008).
3.5.1 Cápsulas gastrorresistentes
As cápsulas gastrorresistentes precisam resistir ao � uido gástrico e liberar o seu conteúdo 
no � uido intestinal. A sua preparação pode ser realizada mediante o revestimento das cápsulas 
com um � lme gastrorresistente ou preenchendo-as com grânulos ou partículas cobertas de 
revestimento gastrorresistente (FERREIRA, 2008).
As cápsulas de liberação entérica têm uma ou mais das seguintes � nalidades:
➢ Proteger os fármacos instáveis em meio ácido da ação dos � uídos gástricos (Exemplos: 
eritromicina, pantoprazol, enzimas).
➢ Fármaco irritante para a mucosa gástrica (Exemplos: naproxeno, fenilbutazona, 
indometacina, etc.).
➢ Fármaco produtor de náuseas e vômitos se atuar no estômago (Exemplos: ácido 
nicotínico) (FERREIRA, 2008).
3.5.2 Cápsulas de liberação prolongada
Nas cápsulas de liberação prolongada, o conteúdo, o invólucro ou ambos possuem 
excipientes especiais ou são preparados por processo especial para modi� car a velocidade ou o 
local, em que a(s) substância(s) ativa(s) é/são liberada(s). Nelas, podem ser utilizados polímeros 
formadores de matriz hidrofílica como excipiente, alterando a velocidade de liberação do fármaco 
(FERREIRA, 2008).
As cápsulas de liberação prolongada têm a � nalidade de:
➢ Prevenir efeitos adversos de alguns fármacos, decorrentes de alta concentração 
plasmática, após a sua absorção em forma convencional (Exemplo: anti-in� amatórios).
➢ Simpli� car a posologia, reduzindo a frequência de administração (Exemplos: diltiazem, 
clonidina) (FERREIRA, 2008).
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3.6 Cápsulas moles
As cápsulas moles consistem em uma matriz líquida ou semissólida, que é incorporada 
em um invólucro de gelatina externo. Elas são constituídas de uma única parte, � cando o 
conteúdo hermeticamente selado em seu interior. O invólucro das cápsulas gelatinosas moles é 
mais espesso do que o das cápsulas gelatinosas duras (FERREIRA, 2008).
Essas cápsulas estão disponíveis em diversos formatos e tamanhos. Assim como as 
cápsulas duras, as moles são constituídas normalmente por gelatina e a sua maior � exibilidade 
está relacionada à presença de plasti� cantes (glicerina ou sorbitol) (FERREIRA, 2008).
Vantagens em relação às capsulas duras (FERREIRA, 2008):
• Maior � exibilidade devido a uma quantidade maior de plasti� cantes.
• Precisão no encapsulamento.
• Sistema selado, que proporciona uma proteção maior contra os agentes externos.
• Aumento da biodisponibilidade.
As cápsulas gelatinosas moles são preparadas com películas de gelatina, nas quais é 
acrescentado glicerina ou sorbitol para torná-la elástica. Normalmente, elas são preparadas, 
cheias e lacradas em uma operação contínua, com equipamento especializado. Essas cápsulas, 
em geral, não são produzidas em farmácias magistrais, pois é preciso um equipamento especí� co, 
além de que o custo de produção é alto. Por isso, as farmácias adquirem as cápsulas prontas em 
grande quantidade, para, depois, fracioná-las em embalagens menores (FERREIRA, 2008).
Como são preparadas as formas farmacêuticas de liberação modifi cadas em far-
mácia de manipulação? Como é realizado o controle de qualidade dessas formu-
lações? Refl ita sobre as questões acima e leia o artigo The importance of coa-
ting standardization in gastro-resistant capsules produced in magistral pharmacy 
(FRANCO et al., 2013). Nesse artigo, os autores avaliaram a qualidade de diferen-
tes tipos de revestimento entérico, preparados em farmácia magistral e aplicados 
pela técnica de imersão. A verifi cação da efi cácia dos revestimentos foi realiza-
da pelo ensaio de desintegração descrito na Farmacopeia Brasileira 5. edição, de 
2010. 
Fonte: FRANCO, S. C. et al. The importance of coating standardization in gastro-
-resistant capsules produced in magistral pharmacy. Acta Scientiarum. Health 
Sciences, Maringá, v. 35, n. 2, p. 211-214, July/Dec. 2013. Disponível em: http://pe-
riodicos.uem.br/ojs/index.php/ActaSciHealthSci/article/view/14581/pdf. Acesso 
em: 6 jul. 2019.
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O capítulo 6 do livro Formas farmacêuticas e sistemas de liberação de fármacos, 
de Allen Jr., Popovich e Ansel (2013), traz alguns apontamentos sobre algumas 
formas farmacêuticas sólidas. Com o estudo desse material, você poderá saber 
mais sobre pós e grânulos, além de suas respectivas características e métodos 
de preparação.
Fonte: ALLEN JR., L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Capítulo 6: Pós e grânulos. 
In: ALLEN JR., L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e siste-
mas de liberação de fármacos. 9. ed. São Paulo: Premier, 2013.
O Capítulo 5 do livro Guia prático da farmácia magistral, de Ferreira (2008), trata 
de formas farmacêuticas sólidas de uso oral. São abordados pós e cápsulas,com 
suas respectivas características, métodos e equipamentos de preparação. É um 
material bem didático, caso queira realizar mais leituras sobre esses temas.
A videoaula Farmacotécnica em Manipulação 2, do Portal 
Educação, aborda a pesagem e mistura de pós para ma-
nipulação de cápsulas. Veja e fi que por dentro de temas 
como as formas farmacêuticas, cápsulas, isotonia, EHL, 
cálculos de pesagem e farmacotécnicos.
Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO. Farmacotécnica em Manipu-
lação 2. Disponível em: https://youtu.be/E2RG-YPLO9E. 
Acesso em: 29 jun. 2019.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No início da Unidade IV, é apresentada uma introdução sobre as formas farmacêuticas 
sólidas, que aborda o conceito, vantagens, desvantagens, classi� cação e preparação dos pós 
farmacêuticos. Nesse sentido, destaca-se que a diluição geométrica é um procedimento empregado 
para a mistura de componentes em pó, com quantidades diferentes entre si, em uma formulação. 
É importante para garantir a distribuição uniforme de substância ativa na preparação, garantindo 
uma precisão de dose e a segurança do paciente.
Na segunda parte dessa unidade, é discorrido sobre o conceito, vantagens, desvantagens, 
classi� cação e preparação de cápsulas duras. Para tanto, observa-se que, em alguns casos, são 
necessárias correções na quantidade pesada para obter o teor desejado do princípio ativo. Essas 
correções são baseadas no certi� cado de análise do fornecedor, além de utilizarem o fator de 
equivalência ou o fator de correção, conforme o caso.
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ENSINO A DISTÂNCIA
REFERÊNCIAS
 ALLEN JR., L. V.; POPOVICH, N. G.; ANSEL, H. C. Formas farmacêuticas e sistemas de 
liberação de fármacos. 9. ed. São Paulo: Premier, 2013.
ANFARMAG - Associação Nacional de Farmacêutico Magistrais. Guia orientativo para 
rotulagem de preparações magistrais, análise � scal e amostras para controle de qualidade. 
São Paulo, 2016.
ANVISA - AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução
da diretoria colegiada (RDC) n. 67, de 08 de outubro de 2007. Disponível em: https://
www20.anvisa.gov.br/segurancadopaciente/index.php/legislacao/item/rdc-67-de-8-de-outubro-
de-2007. Acesso em: 28 jul. 2019.
AULTON, M. E. Delineamento de formas farmacêuticas. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2005.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 87, de 
21 de novembro de 2008. Brasília, DF, 2008. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/anvisa/2008/res0087_21_11_2008.html. Acesso em: 28 jul. 2019.
 BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Farmacopeia Brasileira. 5. ed. Brasília, DF: 
Fundação Oswaldo Cruz, 2010a. v. 1-2.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 17, de 16 de 
abril de 2010. Brasília, DF, 2010b. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
anvisa/2010/res0017_16_04_2010.html. Acesso em: 30 jul. 2019.
CIÊNCIA DA VIDA. Ciência dos surfactantes. Disponível em: http://www.cemtn.com.br/
ciencianavida/?p=185. Acesso em: 28 jul. 2019.
EXAUSTFARMA. Soluções e tecnologia para tratamento de ar: Produtos. Disponível em: 
http://www.exaustfarma.com.br/produtos/ebm. Acesso em: 28 jul. 2019.
FERREIRA, A. O. Guia prático da farmácia magistral. 4. ed. São Paulo: Pharmabooks, 2008.
MOUSSAVOU, U. P. A. Dossiê técnico: farmácia de manipulação. Rio de Janeiro: Rede de 
Tecnologia e Inovação do Rio de Janeiro, 2012.
RIBEIRO, J. N.; FLORES, A. V.; MESQUITA, R. C.; NICOLA, J. H.; NICOLA, E. 
M. D. Terapia Fotodinâmica: uma luz na luta contra o câncer. Physicae, São Paulo, ano 5, n. 
5, 2005. Disponível em: https://physicae.i� .unicamp.br/index.php/physicae/article/view/
physicae.5.2. Acesso em: 28 jul. 2019. 
 THOMPSON, J. E.; DAVIDOW, L. W. A prática farmacêutica na manipulação de medicamentos. 
3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
 THE UNITED STATES PHARMACOPEIAL. The United States pharmacopeia: the national 
formulary. 24. ed. Toronto: The United States Pharmacopeial Convention, 2006.

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