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Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Vírus da febre amarela: - Doença infecciosa aguda causada por um vírus: • RNA vírus. • Gênero Flavivírus. • família Falviviridae. • Arbovírus do grupo B. - Transmitida por um mosquito (infecção viral transmitida por mosquito = arbovirose). - Ela existe provavelmente desde o começo da humanizada e é originaria da África. • Século 16/17. - Dois lugares no mundo tem FA: • África. • América do Sul e Central. - O vírus da FA e o mosquito foram trazido pelas navegações de escravos para a América. - Tem 1 sorotipo só, e mínimo 7 genótipos → a origem do vírus que prolifera na América do Sul é originária do leste africano. - Na linha do Equador → quente e úmido (clima tropical). Febre amarela (FA): - Grande número de mortes entre o século 16 e 20 (chegou pela BA e foi descendo para o RJ). - Identificação como vetor em 1900 → ações de controle diminuíram a incidência da doença. • Hipótese de que quem transmitia essa doença era o mosquito Aedes aegypti. • Pela tentativa de erradicação do mosquito. - 1937 → vacina no BRA. - 1942 → último caso de FA no BRA (no Acre). Ciclo da febre amarela: - Ciclo silvestre: • Transmissão → mosquitos culicídeos dos gêneros Haemagogus sp. e Sabethes sp. - Esses mosquitos vivem na área de mata no topo de árvore. • Reservatórios → primatas não humanos (sagui, bugio e macaco preto), roedores e marsupiais (marmota e morcego). • Expansão populacional para áreas silvestres → homem “toma” lugar do macaco em áreas silvestres (substitui o reservatório e ocorre a FA silvestre). - É isso que temos epidemia (teve em 2015/2017). - Risco disso se perpetuar → alguém infectado pela FA silvestre ser picado pelo Aedes aegypti e voltar a FA urbana. • É de muito difícil controle (não adianta matar macaco). - Ciclo urbano: • Transmissão pela Aedes aegypti (mosquito urbano). • Reservatório → homem. - Dentro do mosquito, o vírus faz seu ciclo reprodutivo e vai para glândula salivar do mosquito, que quando pica um humano transmite o vírus. • Esse ciclo que foi erradicado. - Período de incubação (tempo entre contato e primeiro dia de sintomas) no homem: 2 a 10 dias. • Transmissibilidade (indireta): 24 a 48h antes do sintomas e 3 a 5 dias após → maior viremia (propício a transmitir para o mosquito). - Risco de contágio do paciente: • Não passa de pessoa para pessoa diretamente. • Porém deve-se ter cuidado com a manipulação de sangue que contém vírus até o 18º dia. 7 Febre Am!ela Dr. Danilo - DATA: 23/05 Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB • A convalescença das formas graves, o sêmen e a urina podem conter o vírus, mas o risco é desconhecido. Patologia e rogamos mais atingidos: - Vírus inoculado na pele, para no primeiro órgão linfático mais próximo (linfonodo ou baço), e o vírus tem um tropismo pelo fígado. - No fígado: • Saí do órgão linfático mais próximo e vai parar no fígado onde gera lesão → destruição dos hepatócitos (ele coloca eosinófilos nos hepatócitos que degeneram as células do fígado formando o corpúsculo de Councilman) formam também agregados de eosinófilos (corpúsculo de Torres) → necrose. - Focos hemorrágicos subcapsulares e parenquimatosos. - Necrose dos hepatócitos. - Corpúsculos de Councilman (degeneração eosinofílica dos hepatócitos). - Corpúsculos de Torres (inclusos granulares eosinofílicas). - Nos rins: • Por alteração cardíaca e hepática chega menos sangue nos rins (IR pré renal). • Oligúria por alteração do fluxo sanguíneo intra renal, secundária à diminuição do débito cardíaco. • Necrose tubular aguda (IRA/ NTA). - Diátese hemorrágica: • Diminuição da síntese de fatores de coagulação dependentes de vitamina K. • Disfunção plaquetária/ plaquetopenia. • Coagulação intravascular disseminada (CIVD). • Fenômenos hemorrágicos. Formas de evolução da FA: - 40 a 65% → formas assintomáticas. - 20 a 30% → formas leves a moderadas (febre e cefaleia). - 10 a 20% → forma grave (febre e icterícia). - 5 a 10% → forma maligna (morte → mata igualmente criança, adulto e idoso). Quadro clínico: - Tem 3 fases (total = 15 a 30 dias): I. Infecção. II. Remissão. III. Intoxicação. - INFECÇÃO (dura 3 a 4 dias): • Pico de viremia (2º/3º dia). • Sintomas inespecíficos → febre, calafrios, cefaleia, mialgia, dor lombar, hepatomegalia, prostração. • Difícil diagnóstico nessa fase (~ com a dengue). - REMISSÃO: • Período afebril assintomático (pseudo melhora). - Melhora dos sintomas. • Fica bem por 48 horas. • Ou o paciente melhora (convalescença) ou vai para fase de intoxicação (FA clássica). 8 Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB - INTOXICAÇÃO (após 7 a 10 dias): FA clássica. • Icterícia predominante. • Surgem os Ac. • Desaparece a viremia. • Volta a febre. • IRA. • Manifestações hemorrágicas (“vômito negro”). • Coma, choque, óbito. Alterações laboratoriais: - Hemograma → leucopenia, neutropenia, plaquetopenia. - TGO/ TGP > 1.000 U (TGO > TGP). - Bilirrubinas aumentadas às custas da bilirrubina direta. - INR e TTPA aumentados. - FA e yGT pouco elevadas. - Albuminúria e hematúria. • Perde pressão oncótica = edema de mmii/ anasarca. - Diminuição da diurese → ureia e creatinina elevadas. Quando suspeitar de FA?: - Saber o estudo epidemiológico da doença. - Paciente sem história de vacinação para FA, ou vacinação recente há < 10 dias. - Paciente reside ou esteve em área de risco. - Paciente apresenta febre alta e sintomas inespecíficos, tais como → cefaleia retro orbitária, mal estar, mialgias, calafrios, tonturas/ torpor mental, náuseas, vômitos, dor lombar, prostração, dissociação pulso-temperatura (fase de viremia). • Dissociação pulso-temperatura (sinal de Faget) → paciente está com febre altíssima e pulso normal para baixo (bradicardia relativa). - Eventualmente, nas formas mais intensas, já apresenta com icterícia, pequenos sangramentos, alteração da diurese, reforçando a suspeita clínica. Como proceder caso suspeito?: - Doença é autolimitada (ou melhora ou vai a óbito) → tratamento é de suporte. 1. Considerar e tratar o paciente como FA (cuidados de sustentação) + solicitar exames bioquímicos. 2. Avaliar a necessidade de interpretação pelos sinais de alerta. 3. Investigar e pesquisar diagnósticos diferenciais. 4. Evitar sangue ao Adolfo Lutz para PCR. Colher sorologia após o 5º dia, repetindo após 10 dias. • A partir do 5º dia a viremia cai e os Ac se elevam. 5. Notificar imediatamente o caso suspeito (doença de notificação compulsória). Sinais de alarme - internação: - Deve ser internado o paciente que apresentar sinais de alarme (1 + já interna): ✓ Pioria clínica dos sinais e sintomas. ✓ Dor abdominal intens. ✓ Agitação, delírios. ✓ Hemorragias (gengivorragia, epistaxes, hematêmese, hemoptise). ✓ Elevação das transaminases (acima de 10x o valor de referência). ✓ Icterícia. Convalescença: - Formas leves é rápida/ breve. - Formas graves, paciente demora para se recuperar. • Cursando com astenia intensa por ate1 2 semanas. As transaminases podem permanecer aumentadas por mais de 2 meses. 9 Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Diagnósticos diferenciais: - Nas formas indiferenciadas → difícil diagnóstico. • Pensar sempre em FA! - Nas formas ictéricas → leptospirose, malária, hepatites virais A/B/ delta, infecções bacterianas, influenza. - Complicação vacinal (últimos 20 anos): • Diferenciamos da origem da vacina ou selvagem pelo sequenciamento viral. • O sequenciamento viral permite diferenciar o vírus vacinal do vírus da FA. Conduta ambulatorial de formas não severas: tratamento em casa. - Hidratação oral (60mL/Kg/dia) ou EV (30mL/Kg/ dia de cristalóides). - E sintomático: • Não usar AAS nem AINES. • Evitar o uso de paracetamol,dando prioridade ao uso de dipirona. No caso de necessidade do paracetamol (alergia a dipirona), não prescrever doses > 3g/ dia. - Causam hemorragias. • Solicitar exames laboratoriais → hemograma, coagulograma (TAP, TTPA), TGO/ TGP, bilirrubinas, ureia, creatinina, sódio, potássio, urina tipo I (EAS). • Manter o paciente em observação clínica e laboratorial pelo período de 7 a 10 dias. Vacina: - Desde 1937. - Vírus vivo atenuado da cepa 17D em embrião de galinha. - Extremamente imunogênica → gera proteção/ imunidade (é muito eficaz). - Dose única de 0,5 mL subcutânea (imunidade para vida toda). • Em vacinação de cobertura frente a surtos → dose faccionada de 0,1 mL SC (amplifica a cobertura vacinal em 1/5 da dose). - Imunidade a partir do 10º dia. - Tempo de imunidade protetora 80% em ate1 10 anos (?). - A partir de 9 meses de idade até 60 anos → antes e após avaliar risco/ benefício. • Extremos de idade não, pois não tem SI desenvolvido → mais RAMs. - Cuidados pós vacina: • Não doar sangue, órgãos e células por 30 dias. • Não amamentar por 10 dias. • Alerta a sinais e sintomas clínicos por 10 dias. - Contra indicação absoluta da vacina: • Crianças menores de 6 meses de idade. • Indivíduos com história de alergia grave a ovo de galinha e seus derivados. - Contra indicações relativas (avaliar risco/ benefício): • Paciente com imunodepressão de qualquer natureza (CD4 < 200). • Pacientes infectados pelo HIV com imunossupressão grave, com contagem de CD4 < 200. • Paciente em tratamento com drogas imunossupressoras, RT/QT. • Pacientes submetidos à transplante de órgãos. • Paciente com imunodeficiência primária. • Pacientes com neoplasia. • Paciente com história pregressa de doenças do timo (miastenia gravis, timoma, casos de ausência de timo ou remoção cirúrgica). • Gestantes → analisada caso a caso. • Lactente amamentando criança < 6 meses. - Reações adversas à vacina: • Reações locais: dor (frequente) no 1º e 2º dia. • Anafilaxia: depois de 30 a 60 minutos (~ 0,2/ 400.000 doses). • Manifestações sistêmicas: febre, cefaleia e mialgia (5%) a partir do 3º dia da vacina e mais frequente em < 9 meses e idosos (quanto mais idoso, maior a chance). 10 Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB • Doença neurológica aguda (encefalite meningite doenças autoimunes do SN, Guillan Barré). • Doença viscerotrópica aguda (FA secundária a vacina): infecção multissistêmica generalizada, semelhante às formas graves da doença. - ~0,4 casos por 200 mil doses 3 a 10 dias após a vacinação. - > 60 anos risco de 6% e > 70 anos risco de 9%. Escolha dos repelentes: - Outra forma de controle → controle do vetor. • Uso de repelentes (duram ~ 1 hora). • Métodos de barreira: telas por exemplo. • Acabar com criadouros típicos (água parada). 11 Tempo de proteção Indicação IR3535 (Repelex®) 4h > 6 meses* DEET (Off Family®) 6 a 8h (c/ concentração de 20%). > 2 anos* ICARIDINA (Exposis ®) 10h > 2 anos* Permetrina (?) Borrifar em roupas de gestantes
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