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Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Caso clínico: - NS 34 anos, masc., pintor, nat. Goiânia, procedente de Santos, solteiro. - QD: caroços no pescoço há um mês. - HPMA: o paciente relata que há um mês notou o aparec imento de caroços no pescoço , discretamente dolorosos. Notou que está sentindo o rosto quente à noite, perdeu o apetite e sente muito cansaço. Refere que há uma semana notou o aparecimento de uma “ferida na parte interna do nariz”, que lhe incomoda muito tendo sangrada ontem. Conta que parece que a parte interna do nariz está amolecida. Refere que emagreceu 6 Kg desde há um mês. Refere tosse seca há 2 meses. Tem suado muito à noite, molhando o lençol. O suor cheira mal. - ISDA: refere que viveu em zona rural até os 25 a n o s . R e f e r e q u e m a s c a v a g r a m a freqüentemente e fazia a higiene anal com folha de bananeira. Nunca doou sangue. Faz sexo eventualmente com uso de preservativo. É heterossexual. Já fez uso de drogas inaláveis. É fumante e bebe “normalmente” 1 a 2 copos de pinga após o trabalho. No fim de semana bebe muito. Mora sozinho em barraco. Tem um tio com tuberculose, que o encontra aos fins de semana (quando tem Tb pensar em micoses profundas pois são muito parecidas clinicamente). - EF: REG. emagrecido. anictérico. hidratado. acianótico. PA: 160 x 100 mmHg BRNF. Temperatura de 37,8º.C. Pulmões: Estertores subcriptantes bilateral. Orofaringe: lesão na mucosa nasal ulcerada, vegetante, com bordas elevadas e secreção amarelada. Septo nasal inflamado e amolecido. Linfonodos de vários tamanhos em cadeia cervical e axilar bilateral, maxilar, submandibular, dolorosos, não fistulizados (TB tende a a fistulizar secreções purulentas), sem sinais flogísticos, móveis, não aderidos a planos profundos. Abdômen flácido, indolor, fígado a 2 cm. do RCD e a 4 do RCE, consistência aumentada, indolor, Baço a 2 cm do RCE, duro, indolor. Girodano (-), SM (-). - São 5 doenças que causam destruição do septo nasal: “nariz de tapir”. 1. Paracoco (Blastomicose sul Americana) - atinge só o septo nasal. 2. Leishmaniose cutâneo mucosa - atinge o septo e a arcada óssea do nariz. 3. Neoplasia. 4. Hanseníase. 5. Cocaina inalatória. - Hipóteses diagnósticas: • Micose profunda (Paracoccidiodomicose = Blatomicose sul americana= ”paracoco”). - Fungo está presente nos solos e no ar e as pessoas se contaminam através da via respiratória. - Está relacionada com o estado imunológico do hospedeiro → se tiver um bom sistema imunológico pode apenas desenvolver a infecção fúngica, mas se for um desnutrido/ imunodeprimido pode desenvolver a forma doença. - Pedir sempre sorologia para HIV, hepatite B e C. • Se ele tiver HIV (+) → tratamos primeiro a TB ou micose profunda e depois damos o ARV (síndrome de reconstituição do sistema imune), esperar no mínimo 2 meses após iniciar tratamento. - Procurar verificar se é um quadro de instalação aguda ou insidiosa. Verificar os ogros comprometidos (septo nasal, pulmão, fígado, baço…). 12 Micoses Profundas - P!aco"idiodomicose Dr. Foccaccia - DATA: 30/05 Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB • Tuberculose. • Neoplasia maligna. - Intercorrências clínicas: alcoolismo, provável h e p a t o p a t i a c r ô n i c a , d e s n u t r i ç ã o + imunodepressão. - Exames laboratoriais: • Microscopia direta de biópsia da lesão nasal + cultura + sorologias para micoses profundas + HIV. • RX de tórax. • Hemograma + PCR/ VHS (fundamental para ver a presença e intensidade do processo inflamatório). - PCR > 80 → infecção gravíssima. - Pensar em sepse se o foco for bacteriano. • Baciloscopia + teste rápido Gene X pert. - Indivíduo com bacilo da Tb no pulmão é infectante. • TGO/TGP. • Funções hepáticas: - TP/INR. - Elastografia hepática (FIbroscan - método não invasivo que permite ver a dureza do fígado e saber seu grau de comprometimento → cirrose). - Proteínas totais e frações. - Esse era um caso de paracoccidioimicose. Doenças fúngicas: - Os fungos estão presentes em todas a doenças, principalmente em imunodeprimidos. Nos imunocompetemtes aparecem mais como lesões de pele e mucosas. CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA - são agrupados pelas síndromes que causam: ‣ M i c o s e s s u p e r fi c i a i s o u c u t â n e a s (dermatologia). ‣ Micoses subcutâneas (micoses de implantação). ‣ Micoses sistêmicas ou profundas. 13 - Causam lesões da pele em todo corpo. Tinea corporis - Lesões de unha e pés, comum em imunocompetentes. Tinea pedis - Alopécia. Tinea capitis - Região interna das coxas, avermelhado. Tinea cruris Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB - Ptiríase versicor: • Agente causador: Malassezia furfur. • E x t r e m a m e n t e f r e q u e n t e → l e s õ e s esbranquiçadas. • Características: - Atinge áreas mais oleosas. - Manchas brancas na pele. - “Micose de praia”. Micoses de implantação: • Esprotricose (era considerada uma doença “banal”, descobriu-se que ela pode causar doença sistêmica). • Cromoblastomicose. • Feohifomicose. • Zigomicose. - Sporothrix schenckii causa geralmente doença de evolução subaguda ou crônica, de evolução benigna. - Sporothrix brasiliensis, espécie dominante no Brasil, de transmissão felina (gato: hospedeiro definitivo), agente de manifestações cutâneas, extracutâneas e imuno reativas. - Dados recentes do Ministério da Saúde do Brasil, revelam que entre 1992 e 2015, ocorreram no país, 782 hospitalizações e 65 óbitos de pacientes com esporotricose. Micoses profundas: - Infecção X doença → tudo depende da competência do sistema imunológico. • Formas regressivas. • Formas progressivas: - Aguda. - Crônica. - Ocorre mais no homem e adulto jovem. • As crianças raramente são comprometidas e quando são, é gravíssimo (blastomicose juvenil) que geralmente vai à óbito, mas também é raro. - Principais micoses profundas: • Candidíase (Candida albicans e C. auris) → frequente no DM, Ca avançado, sepse avançada é um imunodeprimido de base ou que está passando por um período de imunodepressão. • Criptococose (Cryptococcus neoformans) → transmitida pelas fezes de pombos (e outras aves). - Criptococose cerebral: reativação do MO no organismo (foco antigo). • Pneumocistose (Pneumocystis jirovecii) → acomete imunossuprimido. - É uma das primeiras manifestações do HIV+. - Comum na água que sai do ar condicionado (contém muito fungo). • Histoplasmose (Histoplasma capsulatum) → v e m o s n o p a c i e n t e q u e t e m A I D S (especialmente a forma pulmonar e do SNC), transmitido por morcegos. • Paracoccidioidomicose (Paracoccidiodes braziliensis) → BRA é campeão (Campinas até Braganca: cinturão de blastomicose). • Micose subcutânea ou de implantação (Esporotricose – Cromoblastomicose – Feohifomicose - Zigomicose). 14 Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Paracoccidioidomicose: Etiologia: - Fungo → paracoccidioides brasilienses. • Ecologia: região de clima quente e úmido, vegetais e solos. • Encontrado em: - Natureza na forma de micélio filamentoso 4 a 28ºC. - Em tecidos infectados → leveduras arredondadas com parede espessa. • Reprodução: por brotamento. - Camada em volta espessa e os “filhotes” (em brotamento) → imagem em roda de carroça/ leme. • Diagnóstico por microscopia direta (e não precisa de corante). • Fazer sorologia e fazer a cultura também. Epidemiologia: - Se estende do México até a Argentina (aí deixou de ser Sul Americana). • O campeão é → Brasil (1º), Colômbia e Venezuela são os de maior prevalência. • SP, RJ, MG, PR, RS, GO e MS (região Sudeste e Centro Oeste). • Sudeste → 1 a 3 casos/100.000 hab. - Homem adulto jovem: • Idade: 30 a 50 anos. • Sexo masculino (80%). - Associação com desnutrição e alcoolismo. - Reservatório animal → tatu. Patogênese:- Infecção ocorre por via inalatória. • Inalação de conídeos. • Alvéolos. • Inflamação. - Neutrófilos = granuloma: • Células gigantes → frouxos. • Epitelióides → compacto. - Macrófagos = l in fonodo (complexo primário). 15Faixa etária prevalente: 30 a 50 anos. Distribuição geográfica: Sudeste, Centro Oeste. Profissão prevalente: homem do campo (agricultores). Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Quadro clínico: bastante variado. - Predomínio em pulmão, linfonodos, mucosas de vias aéreo-digestivas superiores e supra- renais. - Indisposição, mal-estar generalizado, perda de disposição, anorexia, emagrecimento, febre. - Pulmões → 74%. • Dispneia. • tosse. • Expectoração. - Linfonodos → 36,4%. • A d e n o p a t i a ( s e g m e n t o c e f á l i c o , submandibulares , cerv ica l anter ior e posterior). • Abdome agudo. • Comprometimento linfático mesentérico → Síndrome de má-absorção e ascite quilosa. - Por compressão dos gânglios linfáticos abdominais. - Pele e mucosas → 48%. • Pápulas ou nódulos → ulcerosas e crostosas. - Abscessos, vegetações e verruciformes. • Mais comum presença de lesões na face. • Diagnóstico diferencial → sarcoidose, cromoblastose e TB. - Supra renais → 3,5%. Diagnóstico: - Laboratorial: • Microscopia direta. • Cultura. - Sorologia: existem várias técnicas sorológicas. • Imunodifusão dupla. • Contra imunoeletroforese - ↑ sensibilidade: para seguimento. • Reação de fixação de complemento (baixa especificidade). • Imunofluorescência indireta (alto custo). • ELISA (100% de especificidade e 97% de sensibilidade) → mais usado. - Quando positivo → 100% de certeza. - Radiológico: • Radiografia simples ( infi ltrado retículo nodular). • TC. • RNM. - Reação intradérmica da paracoccidiodina → é um fragmento do Ag do fungo que injeta (tipo o PPD), leitura em 72 hrs. • É um parâmetro de cura. 16 Comprometimento triangular, bilateral, que sai dos hilos pulmonares → imagem característica da blastomicose (em asa de borboleta). - Em indivíduo HIV+. Blastomicose em SNC (forma pseudo tumoral) Forma miliar (retículo linear) - mais comum em crianças (mas raro). Infectologia ATD3 Catarina Alipio XXIIB Tratamento: - Depende da gravidade da situação: • Paciente com lesão de pele, um cotrimazol pode ser suficiente para curar esse paciente. - Sulfamídicos: ação direta contra o fungo. • Sulfametoxazol-trimetoprim (Co-trimazol): - Ataque → 800mg + 160mg VO ou EV 8/8h por 20 – 30 dias. - Manutenção → mesma dosagem, 12/12h até curar. • Sulfadiazina (Clotrimoxazina). - Imidazólios (anti fúngicos): usados em formas mais avançadas (ex: comprometimento do SNC ou lesão de pele que não responde aos sulfamídicos) → cuidado com hepatotoxicidade quando usados por longos períodos (controle da função hepática). • Voriconazol. • Itraconazol → 100 a 200mg/dia de 6 – 12 meses. • Fluconazol → 200 a 400mg/dia por 6 meses. - Para formas graves: ex pacientes com AIDS. • Anfortericina B → 0,5-1mg/kg até completar 1500-2000mg, endovenosa. - Muito tóxica para rins e fígados: damos a medicação até dar 1 - 2g, em dose total de tratamento, associados os imidazólicos + bactrin. • Vamos controlando a função renal e hepática. - Tratamento das micoses profundas se prolongam por no mínimo 2 anos (não há uma cura total, regredimos a doença em infecção, portanto o paciente pode ter uma recaída/ reativação). • Problema → toxicidade das medicações 9renal e hepática). Critérios de cura: p/ dar alta. - Clínico → remissão dos sinais e sintomas. - Micológico → negativo após biópsia ou MD. - Radiográfico → estabilização das lesões em 5 RX durante 3 meses. - Imunológico → negativação dos títulos de ID, ou estabilização em 3 amostras em 3 meses. - Reação intradérmica positiva em pacientes com teste previamente negativos. 17
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