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ANEMIAS HEMOLÍTICAS AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Conceito: Anemia hemolítica é toda anemia/grupo de anemias que reduz a meia-vida das hemácias · A hemácia vive em torno de 120 dias, se ela vive menos do que isso eu vou ter uma anemia hemolítica · Destruição eritrocitária aumentada intensa que não é compensada pelo organismo INTRODUÇÃO À ANEMIAS HEMOLÍTICAS - As hemácias são células anucleadas que exercem um papel fundamental no organismo, possuindo uma alta capacidade reológica (transpassa vasos menores que seu tamanho), ou seja, polimerizar e se despolarizar - Contém Hb que carreia O2, CO2 e mecanismos de tamponamentos de íons H+ - Diâmetro de 7,8um, alta flexibilidade (capilares de 5um) - Hemoglobina do adulto – HbA1 – duas cadeias alfas e duas cadeias betas, superfície hidrofílico e hidrofóbico no interior para proteção da molécula do Fe (evitar oxidação) · 4 moléculas de Fe que vão carrear 4 moléculas de O2 em cada molécula de Hb · Se o Fe oxidar – Metahemoglobina – metahemoglobinemia pode causar MS se não tratada adequadamente - Necessita do ATP para funcionar - Estrutura da membrana do eritrócito – embora possa parecer simples o eritrócito tem uma estrutura composta por proteínas transmembranas e intramembranas longitudinais formando o citoesqueleto (que permite essa propriedade de flexibilidade). - A destruição eritrocitária aumentada resulta em/na · Queda de Hb · Reticulocitose (Reticulócito >100.000 células/mm³ ou >1,5-2,5%) · Aumento da bilirrubinemia às custas de bilirrubina indireta · Aumento da desidrogenase lática (DHL) que é uma enzima intracelular · Haptoglobina sérica baixa – normalmente a haptoglobina tende a aumentar para compensar o aumento de radicais livres e consumo de Hb, mas como eu doso a Haptoglobina livre (sem função) essa vai estar baixa. · A Hepatoglobina funcionante é a que vai estar ligada a Hb, e essa eu não consigo dosar · Quando baixa indica essencialmente uma anemia hemolítica intravascular - O reticulócito é uma hemácia jovem que acabou de expulsar o núcleo, e ainda tem fragmentos de RNA. · Azul Brilhante de Cresil ou Azul de Toluidina – coloração específica para identificar o material nuclear dos reticulócitos · Policromasia – coloração mais basofílica/azulada de algumas células que indica a presença de RNA, por ser mais imaturo. · Correção do reticulócito = (Rt encontrado x Ht encontrado) /Ht ideal · Ht ideal de 48 para homens e 45 para mulheres - Relação da deficiência da G6PD com a anemia · G6PD é uma enzima de 514 aminoácidos que participa da via das pentoses, responsável pela manutenção dos níveis de glutationa reduzida via NADPH · Um dos mecanismos de tampão do pH, “tampa os radicais livres”. · Impede o estresse oxidativo · Deficiência da enzima e o aumento do estresse oxidativo leva a precipitação da hemoglobina e lise celular, tais como drogas, alimentos e infecções · O paciente vai ter crises de hemólise, e nas intercrises, não vai ter anemia · Gene do G6PD está localizado no cromossomo X · É uma hemólise predominantemente intravascular, não única CLÍNICA E DIAGNÓSTICO - Vai ocasionar uma série de comemorativos clínico, primeiro quanto menor Hb maior a sintomatologia, e segundo é a cronologia dos fatos (tempo de evolução) · Icterícia, palidez, hipertensão pulmonar, crise aplástica, crise megaloblástica (esgota B12 e folato), esplenomegalia (baço realiza a hemocaterese), colelitíase, anormalidades esqueléticas, osteoporose, úlceras cutâneas. - Hemólise extravascular (mais frequente) – forma menos intensa, mais lenta, gradual e progressiva · Aumento do sistema fagocítico mononuclear (baço, fígado e medula óssea) - Hemólise intravascular – é menos comum, mas exige uma terapia urgente, pois o paciente pode morrer · Hemólise aguda em grande quantidade – diversas repercussões, como choque cardiogênico grave por vasoplegia, quando libera Hb-livre, estimula o NO que é um potente vasodilatador. · Essa vasodilatação pode ocasionar uma IRA dialítica · Incompatibilidade maior – as hemácias do doador são incompatíveis com o plasma do receptor, pois estes produzem anticorpos contra as hemácias do doador, o que ocasiona a hemólise. · É um erro grosseiro, pois é incompatível com a vida – resulta no óbito · Diferente da incompatibilidade menor, que embora não seja ideal, é admissível. · Secundário a trauma · É um fenômeno mediado por complemento - Mecanismo de hemólise – defeito de membrana, anormalidade enzimática e anormalidades da hemoglobina. - Defeitos de membrana – diretamente relacionada a constituição da membrana e do citoesqueleto · Constituição da membrana – bicamada lipídica (fosfatidilcolina + fosfatidilserina + esfingomielina) e proteínas · Citoesqueleto – espectrinas alfa e beta, anquirina, actina, tropomiosina, aducina e proteínas 4-1,4-2, 4-9. · Anemia esferocítica (esferocitose), elipcitose (em formato de elipse) ou em forma de estroma (estromacitose) · Interação horizontal: entre as proteínas dispostas horizontalmente, anquirinas, as alfa-espectrina e beta-espectrinas. Diminua de tamanho e aumente · Interação vertical: Relação das proteínas horizontais com as proteínas transmembranas, a banda 3 e glicoforina. - Esferocitose hereditária · Mais frequente em caucasianos, é autossômica dominante com penetrância variável (espectro de manifestação clínica) · Incidência de 2000-5000 nascimentos · Envolve a mutação nos genes da anquirina, beta-espectrina e banda 3 · Deficiência na espectrina é a característica mais importante · Redução da espectrina compromete o citoesqueleto, com perda da camada lipídica, redução da relação área de superfície/volume · Esferócitos – a hemácia perde a região central · Diagnóstico · Poiquilocitose – 30% apresentarão microesferócitos típicos · CHCM>36% em mais de 50% dos pacientes (hipercromia) · Aumento da fragilidade osmótica na Curva de Fragilidade Osmótica – “incubada” – cerca de 25% terão teste positivo · Nota! “Estiver diante de uma hemácia menor que o linfócito, ela é microcítica” · Curva de Fragilidade Osmótica · Vou criar diferentes soluções com concentrações osmóticas de NaCl, e vai submeter a hemácia a diferentes soluções osmóticas · Numa solução isotônica – nada vai acontecer · Numa solução hiposmolar – hemácia túrgida · Mais hipotônica a solução, mas água entrará na célula · A célula microcítica vai ser uma capacidade menor de suportar uma solução hiposomolar · O que implica numa hemólise precoce · O desvio da curva para a direita das curvas-controle (isto é, a hemólise ocorrendo em concentração de NaCl menores que o normal) representa uma menor resistência (ou maior fragilidade) globular, e o desvio para a esquerda (isto é, hemólise ocorrendo em concentrações de NaCl maiores que o normal), representa uma maior resistência (ou menor fragilidade). · Resistência globular diminuída (desvio à direta) – esferocitose herediátia, anemia hemolítica auto-imune, anemia hemolítica por drogas, anemia hemolítica dos grandes queimados, incompatibilidade ABO e Rh, anemia perniciosa, leucemias, estados acidóticos, malária. · Resistência globular aumentada (desvio à esquerda) – talassemias, eliptocitose (esta também pode representar curva normal), estomatocitose, anemias microcíticas (ferropenia), hemoglobinopatia S, hemoglobinopatia C, icterícia obstrutiva. · Só é mais usado para esferocitose - Formas clínicas da esferocitose · Traço – portador assintomático, discretas alterações laboratoriais · Leve/moderada – mais frequente. Anemia, sinais de hemólise de graus variáveis, esplenomegalia, curva de fragilidade osmótica desviado para direta. · Moderadamente grave/grave – menos de 10%, sintomas acentuados, crise aplástica, megaloblástica e colelitíase. - Eliptocitose hereditária · Tem uma prevalência de 1/3000 habitantes na população caucasoide · 0,6% de negros na África Equatorial · Associado a resistência a Malária (mecanismo de seleção natural) · Padrão autossômico dominante · Defeitos moleculares do citoesqueleto · Mutações mais frequentes no gene alfa-espectrina – déficit na autoassociação - Formas clínicas da eliptocitose· Forma heterozigota comum – formas clínicas diferentes (neonatos, gestantes), eliptócitos em >10% do sangue periférico · Forma homozigota e dupla heterozigota – anemia moderada a dependência transfusional, eliptócitos em 50-80% do sangue periférico - Piropoiquilocitose hereditária – é mais rara ainda · Anemia grave, retardo de crescimento · Poliquilocitose acentuada com pouco eliptócitos - Causas de esferocitose adquirida · Anemia hemolítica auto-imune, incompatibilidade ABO, deficiência de G6PD, venenos de cobra e sepse por Clostridium Deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) - Anormalidade enzimática – deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) · Descrito como favismo no início do século XX · É um defeito enzimático mais comum (no mundo), afetando mais de 400 milhões de pessoas no mundo · No Brasil a frequência é de 2-3% da população · Mais comum nos afro-americanos, é mais comum na população negra em regiões do cinturão da malária. · É uma doença restrita ao sexo – mais comum em homens ligado ao cromossomo X · O gene da G6PD está localizado no cromossomo X, é um padrão de herança ligado ao X – basta uma mulher portadora, para que a chance de transmissão para o homem seja de 25% entre a prole, e de 50% entre a prole masculina. · Duas variantes principais · G6PD A (Africana) – regiões tropicais da África, América do Sul, América do Norte, Antilhas, Itália, Ilhas Canárias, Espanha, Portugal e Oriente médio – é a mais comum do Brasil · G6PD Mediterrânea – segunda variante mais comum, Costa do Mar Mediterrâneo, Oriente médio – é mais grave por hemólise intravascular · O diagnóstico é feito por triagem do teste do pezinho – determinação da atividade enzimática do G6PD por espectofotometria – falsos negativos nas hemólises agudas · Teste de triagem – método de fluorescência · Hemólise intravascular · Hemoglobinúria – perda de Hb na urina · Aumento da Bilirrubina nas crises – as custas de indireta · Reticulocitose – aumento do reticulócito é uma característica das anemias hemolíticas · Aumento da Haptoglobina, embora na dosagem estará baixa (doso a livre) · Queda abrupta da Hb, até eu precisar fazer a transfusão que vai causar uma recuperação espontânea dessa Hb, à medida que eu reduzo o estresse oxidativo. - Resumo do quadro clínico · AHA ou crônica – crises de hemólise graves associadas a infecções, drogas ou ingesta de fava · Icterícia neonatal – icterícia neonatal + esplenomegalia em criança, um diagnóstico a ser considerado é a deficiência de G6PD - Anemia hemolítica congênita não esferocítica – variante rara, anemia hemolítica extravascular, cálculos biliares e esplenomegalia - Drogas que precipitam as crises de G6PD - Corantes e fava são substâncias que precipitam as crises de G6PD TRATAMENTO - Tratamento da Esferocitose hereditária · Ácido fólico, Esplenectomia após os 10 anos nos casos graves - Tratamento da Eliptocitose hereditária · Formas graves respondem bem a esplenectomia - Tratamento da Piropoiquilocitose hereditária – responde bem a esplenectomia - Tratamento da deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase (G6PD) · Prevenção de hemólise, evitando o estresse oxidativo · Ácido fólico · Suporte transfusional ocasionalmente
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