Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
Conteudista: Prof.ª M.ª Márcia Regina Pinez Mendes Revisão Textual: Thaís Teixeira Tardivo Stringaci Objetivos da Unidade: Conhecer o desenvolvimento embrionário ocular; Aprender sobre o desenvolvimento da criança e sua importância para a avaliação optométrica; Conhecer as patologias oculares mais frequentes nas crianças. Material Teórico Material Complementar Referências O Desenvolvimento Embrionário e Neuro- sensório-motor da Criança e as Patologias Oculares O Desenvolvimento Embrionário e Neuro-sensório- motor da Criança e as Patologias Oculares no Desenvolvimento Embrionário da Criança Para chegarmos a essa formação perfeita dos nossos olhos, assim como da nossa visão, devemos ter o conhecimento da formação embrionária dos olhos. Isso proporcionará ao optometrista uma grande importância além de sua formação acadêmica, pois as anomalias da embriogênese ocular são muito aparentes, diferentemente dos demais órgãos do corpo humano. Figura 1 Fonte: Getty Images Durante todo o desenvolvimento intrauterino existe um programa preciso de apoptose, para que o crescimento fetal tenha em sua perfeita escultura uma modulação pela morte celular. 1 / 3 Material Teórico Nesta Unidade, inicialmente vamos nos concentrar no desenvolvimento embrionário dos olhos, por sua complexidade e importância nos sentidos dos humanos. Desenvolvimento Embrionário do Olho Em outro momento, estudamos que os folhetos embrionários fundamentais comuns a todos os organismos superiores são: Figura 2 E que a partir dessa formação embrionária teremos o desenvolvimento de todos as estruturas do ser humano. Embriologia Ocular A evolução embriológica pode ser dividida em três fases, conforme mostrado na Figura 3. Figura 3 No período da embriogênese (primeira até �nal da terceira semana) acontecerá: Figura 4 – Embrião de aproximadamente 22 dias, que mostra os sulcos ópticos, a primeira indicação do desenvolvimento do olho Fonte: Adaptada de REMINGTON, 2005, p. 123 Migração das células da crista neural e formação do tubo neural;1 Formação de somitos pareados que se alinham ao longo de ambos os lados do canal neural; 2 O sulco óptico, também chamado de olho primitivo, está contido no prosencéfalo e o canal neural ainda não se fechou anteriormente, aparecendo como um par de estrias em cada lado da linha mediana da placa neural antes de seu fechamento tubular, �cando entre o diencéfalo e o telencéfalo ao 22º dia da embriogênese, quando então esse período se encerra. 3 A �ssura embrionária ou coroidiana aparecerá na quarta semana, quando o olho primitivo sofre uma escavação e se torna uma vesícula com a formação de uma dobra inferior. No �nal da sexta semana, essa �ssura irá se fechar no centro e depois anteroposteriormente até a íris e o nervo óptico, respectivamente; 4 Vesículas Ópticas: sofrem uma invaginação e adquirem um aspecto de taça, que, ao se dobrar, o neuroectoderma passará a apresentar uma dupla camada, interior e exterior da futura retina, e entre essas camadas permanece um espaço intraretiniano que se comunica com o terceiro ventrículo pelo canal óptico; 5 A artéria central da retina penetra no canal óptico por meio da �ssura embrionária. 6 Saiba Mais Para entender algumas ações das patologias oculares, é preciso conhecer a origem embriológica das estruturas do olho: Ectoderma Super�cial: cristalino, epitélio da córnea, conjuntivas tarsal e bulbar, glândula lacrimal principal e acessória, vítreo; Ectoderma Neural: vítreo, retina, epitélio da íris, corpo ciliar e retina, esfíncter pupilar e dilatador da pupila, nervo óptico; Mesoderma: esclerótica, estroma da córnea, conjuntiva, íris, corpo ciliar, coroide, músculos extraoculares, pálpebra sistema hialoide, bainhas do nervo óptico, tecido conectivo e vascularização do olho, ossos da órbita e vítreo. Obs.: o endoderma contribui na formação da visão. Cristalino: ao �car livre da borda do cálice óptico, no estágio de seis semanas, a vesícula cristaliniana se alonga, invadindo a cavidade vazia, preenchendo-a (por volta da sétima semana). É secretada uma cápsula hialina pelas células do cristalino. As �bras do cristalino têm origem na região equatorial à frente do epitélio subcapsular, em um formato de células epiteliais cuboides posteriores à cápsula do cristalino. As �bras são em formato de um “Y” vertical e um “e” posterior, são chamadas de suturas cristalinianas, que se completam ao sétimo mês; Retina: no começo das cinco semanas do desenvolvimento do feto, inicia-se a pigmentação com várias camadas. Todas as camadas sofrem mudanças de forma lenta durante a gestação. Do cálice óptico ocorre a formação do EPR (Epitélio Pigmentar da Retina) e da camada interna. Nesse período, a camada nuclear externa já existe com as células ganglionares, bipolares e as �bras nervosas. No entanto, o desenvolvimento da mácula ocorre após os seis primeiros meses do nascimento, quando acontece o desabamento foveolar. A camada do epitélio pigmentar da retina provém da camada externa do cálice óptico. A retina tem origem no ectoderma neural, e por volta da quinta semana surgem a camada neuroepitelial e o epitélio; Nervo Óptico: a camada interna de �bras nervosas é formada pelos axônios da camada das células ganglionares, formando lentamente o pedículo óptico e, depois, o nervo óptico (sete semanas). A parede vascular do nervo é formada pelo mesodérmico do tecido adjacente. A extensão da mielina é completada por volta dos três meses de idade, portanto estará incompleta no nascimento. Ela abrange área que vai desde o cérebro até o nervo óptico, alcançando a lâmina crivosa no nascimento; Íris e Corpo Ciliar: a borda do cálice óptico cresce em frente ao cristalino, posterior ao mesoderma que forma estroma da íris (terceiro mês). As camadas epiteliais se transformam em pigmentos na íris, sendo que a camada externa do corpo ciliar tem pigmentação. No mesmo corpo ciliar, surgem pregas, aparecendo, também, o crescimento do mesoderma nos processos ciliares. O músculo esfíncter da pupila surge do epitélio não pigmentado, vindo da camada epitelial anterior da íris, bem como a periferia pupilar (no quinto mês). Surge também o músculo dilatador na camada epitelial anterior bem próximo ao corpo ciliar (sexto mês); Coroide: o cálice óptico que dá origem à coroide, na terceira semana, é envolvido por uma rede de capilares. Já na sexta semana é secretada a membrana de Bruch. Os canais venosos grandes e intermediários da coroide drenam para a saída do olho; Vítreo: teremos três fases em seu desenvolvimento. Na primeira fase, há a união dos elementos da vesícula cristaliniana com �brilas da camada interna da vesícula óptica. Somando com as �brilas mesodérmicas associadas à artéria hialoide, é formado o vítreo primário. Quando a cápsula do cristalino aparece, a fase descrita até aqui termina, pois impede a formação do vítreo. Não há atro�amento do vítreo primário se alojando atrás do polo posterior do cristalino como canal hialoide. Na segunda fase, há continuação das �bras do vítreo com as �bras de Muller, dando a ele (vítreo secundário) a derivação da retina ectodérmica. Há um desenvolvimento do conjunto de vasos no vítreo com os vasos na superfície da cápsula cristaliniana. Ao atingir o seu máximo, o sistema hialoide se atro�a nas partes anterior e posterior. Na terceira fase, há o surgimento do feixe marginal de Drualt (terceiro mês), quando é estendida em condensações �brilares do vítreo para o futuro epitélio ciliar. As mesmas condensações formam os ligamentos suspensores do cristalino; o sistema hialoide se atro�a completamente; Vasos Sanguíneos: na sétima semana, as artérias ciliares longas se originam na hialoide, ligando-se ao redor da borda do cálice óptico com círculo da íris. No oitavo mês, há o atro�amento do sistema hialoide, dando origem (artéria hialoide) à artéria central da retina e suas rami�cações. É desenvolvida a circulação retiniana pelos brotos que surgem na retina; Córnea: as estruturas mesodérmicas dão origem à córnea, mas o epitélio corneano tem origem no ectoderma. As células do endotélio aparecem em cinco semanas, e as da membrana de Descemet aparecem por volta da 12ª semana. O estroma depende do aumento do número de �bras elásticas, sendo reconhecido por volta dos quatros meses, surgindo a membrana de Bowman; Câmera Interior: surge por volta da sétima semana, permanecendo muito rasa até o nascimento. Por volta da décima semana surge o canal de Schlemm, como um canal vascular ao recesso do ângulo. A rede trabecular é originada no tecido vascular mesodérmico; Esclerótica e Músculos Extrínsecos Oculares: eles são formados pelo mesoderma que envolve o cálice óptico, sendo percebidos na sétima semana e que no quarto A seguir você verá uma linha do tempo (em semanas e dias) que traz todas as fases do desenvolvimento do olho. mês estão bem formadas. A cápsula de Tenon aparece ao nível das inserções dos músculos retos completados aos cinco meses; Pálpebras e Sistemas Lacrimais: as pálpebras são desenvolvidas no mesoderma. São percebidas a partir da sexta semana, crescendo na frente dos olhos, sendo que na oitava semana se fundem. Durante o quinto mês, separam-se, desenvolvendo os cílios, as glândulas de Meibômio e outras glândulas. As glândulas lacrimais se desenvolvem a partir do ectoderma. Esse sistema é desenvolvido, inicialmente, como cordão epitelial entre o processo maxilar e nasal, canalizando-se na época do nascimento. Figura 5 – Linha do Tempo: desenvolvimento do olho Fonte: SCHOENWOLF, 2016, p. 489 Desenvolvimento Infantil Para a compreensão do processo de desenvolvimento infantil, deve-se saber que o período de evolução pré-natal se divide em três momentos – germinal, embrionário e fetal – e que esses momentos são de suma importância para o crescimento e amadurecimento da criança no aspecto sensorial, motor e cognitivo. Livro Achou interessante? Então, leia o Capítulo 19 – Desenvolvimento dos Olhos, p. 487-500, em: SCHOENWOLF, G. C. Larsen Embriologia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. Período Germinal: tem início na fecundação e dura aproximadamente duas semanas, com a divisão do zigoto. Essa fase é caracterizada por rápida divisão celular, formação do blastócito e implantação na parede do útero; Período Embrionário: vai da segunda à oitava semana e é caracterizado pelo rápido crescimento e desenvolvimento dos principais sistemas e órgãos do corpo; Período Fetal: começam a aparecer as primeiras células ósseas, em torno da oitava semana. Durante esse período, o feto cresce até cerca de vinte vezes seu Figura 6 – Estágios do desenvolvimento fetal Fonte: Adaptada de LIMA, 2018, p. 56 O desenvolvimento motor da criança se inicia em seu nascimento, quando os re�exos primitivos tendem a desaparecer e as primeiras habilidades surgem: agarrar, engatinhar, andar. Com a exploração do ambiente e os estímulos fornecidos à criança, mais habilidades vão sendo adquiridas. No seu primeiro dia de vida, a criança já consegue virar a cabeça quando deitada de costas, e ao estar de bruços, vira seu rosto para o lado de forma re�exa, possibilitando, assim, liberar as vias aéreas superiores. A partir dos dois ou três meses de idade, podem erguer a cabeça mais alto. Com o controle da cabeça, haverá a �xação do olhar e, com isso, o desenvolvimento progressivo da atenção; dado importante para qualquer tipo de aprendizagem que se baseia no comprimento anterior, e os órgãos e sistemas do corpo tornam-se mais complexos. Até o nascimento, continuam a se desenvolver os “arremates �nais”, tais como as unhas dos dedos das mãos e dos pés e as pálpebras. progressivo controle da cabeça, da posição dos olhos e da correta coordenação do sistema motor ocular. O desejo de pegar objetos, apoiado na maturação neuromotora que lhe permite a manipulação, será despertado. A percepção visual é dirigida pelas apreciações cinestésicas, e os atos preensores começam a adquirir grande dinamismo. A preensão, portanto, não é um ato isolado, mas depende da volição, da percepção visual e da capacidade motora global da criança. Figura 7 – Coordenação olho-mão Fonte: Getty Images Cada fase é importante e marca um momento de aprendizagem da criança. Para que seja possível acompanhar essa evolução, o teste de triagem Denver foi criado. Com ele, é possível acompanhar as crianças de um mês aos dezesseis meses de idade, analisando, assim, se elas estão se desenvolvendo dentro do padrão esperado. Figura 8 – Esquema dos graus de desenvolvimento motor de acordo com a idade Fonte: Adaptada de LIMA, 2018, p. 73 O desenvolvimento sensorial tem seu início desde os re�exos primitivos como o de busca ou descoberta e de sucção, que permitem ao recém-nascido a obtenção de nutrição. Como resultado da estimulação da área em torno da boca (re�exo de busca), o bebê vira a cabeça na direção da fonte da estimulação. O re�exo de busca é mais forte nas três primeiras semanas, e gradualmente a criança irá virar a cabeça com o propósito de colocar a boca em contato com o estímulo. Todos os re�exos primitivos terminam, e as reações começam a se manifestar. Com isso, durante o estágio sensório-motor, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre os objetos físicos que estão a sua volta. O bebê obtém o conhecimento por meio de suas próprias ações, que são controladas por informações sensoriais. Esse estágio é dividido em até seis subfases, em que o bebê apresenta desde re�exos impensados até uma capacidade de representar o uso de símbolos, encontrando meios próprios para a resolução dos problemas. Algumas características que são observáveis durante essa fase: Aprendemos, então, sobre o desenvolvimento tanto embriológico como infantil. Agora veremos como é o bulbo ocular da criança após o nascimento e como acontecem as patologias. Ao nascer, a região posterior do bulbo ocular estará menos desenvolvida (50%) do que a região anterior (80%). Nos seis primeiros meses de vida, ocorre um crescimento rápido do bulbo ocular, porém, após esses seis meses, ocorrerá um crescimento gradativo até os 13 anos. Esse rápido crescimento nos primeiros meses ocorrerá porque as células da esclera (posteriormente) estarão mais ativas nessa fase. Aqui podem ser explicadas patologias como o glaucoma congênito (buftalmo) nos casos de crescimento exagerado ou, quando há a falha nesse sistema de crescimento, a hipermetropia alta (que afeta o processo de emetropização do indivíduo). Tabela 1 – Desenvolvimento Pós-nascimento Exploração manual e visual do ambiente; Experiência obtida com ações (imitação); Inteligência prática (ações); Ações como sugar, agarrar, atirar, bater e chutar; Ações ocorrem antes do pensamento; Centralização no próprio corpo; Noção de permanência do objeto. Fases de Crescimento do Bulbo Ocular Período Crescimento rápido Seis meses Crescimento moderado Seis meses até os cinco anos Crescimento lento Cinco anos até os treze anos (após essa idade, o tamanho axial será igual ao de um adulto) Fonte: Adaptada de LANZA; GAZOTTI; PALAZZIN, 2019 Muitas crianças apresentam pseudoestrabismo por causa da forma do epicanto palpebral, mas isso será resolvido conforme ocorre o crescimento da fenda palpebral. Ao nascerem, as crianças têm as pálpebras quase circulares. Porém, aos cinco anos, as dimensões palpebrais estão iguais às de um adulto. A fenda palpebral vertical cresce pouco comparada ao crescimento horizontal da fenda, com isso, desaparece o aspecto de estrabismo. Por isso, ao avaliar uma criança, é necessário observar a prega palpebral para não confundir com desvio ocular. A Figura 9 traz a foto de uma criança com pregas palpebrais que, em algum momento do olhar, se confundirá com desvio ocular. Figura 9 – Pseudoesotropia com presença de epicanto e base nasal larga Fonte: Adaptada de EJZENBAUM, 2020, p. 25 É sempre importante observar as fendas palpebrais da criança porque podem apresentar problemas de ptose, criptoftalmos, colobomas (das pálpebras), tumores ou, ainda, síndrome de Duane. Importante! Na anamnese, devemos saber se existem problemas genéticos ligados diretamente àquela condição visual, fatores pré-natais, fatores perinatais e pós-natais. Existem condições nas quais a criança precisará visitar um especialista médico para, possivelmente, voltar ao nosso gabinete. Atendimentos com crianças demoram; ao �nal da A função do sistema lacrimal é igual à de adultos (exceto nas seis primeiras semanas após o nascimento – por isso, o recém-nascido não produz lágrima), mas quando ocorre uma obstrução no sistema nasolacrimal, por causa de uma membrana mucosa no saco lacrimal inferior, ocorrerá a epífora. É importante observar que o primeiro alerta de excesso de lágrima (epífora) é o de presença de glaucoma congênito. Caso você receba, em seu gabinete, um recém-nascido que apresente secreção, é um sinal clínico de alerta; junto a isso, se a mãe relatar ter tido parto natural, é outro fator que contribui ainda mais para encaminhar a criança para um médico, pediatra ou oftalmologista. A córnea do recém-nascido é cerca de 20% menor que a de um adulto, como podemos observar na Figura 10. consulta, espera-se ter mais um acompanhamento e, talvez, em última análise, a prescrição dos óculos. Figura 10 – Dimensões da córnea de uma criança (esq.) e da córnea de um adulto (dir.) A curvatura (51,25D) e a espessura (960 micras) da córnea de um recém-nascido são maiores do que as de um adulto (44D e 520 micras), porém, em menos de um ano de vida, a espessura se iguala à de um adulto. O alerta clínico para o recém-nascido é se a córnea for menor que 9 mm ou acima de 11 mm, tanto em um olho quanto em ambos, ou se a córnea, que deverá ter opacidade leve no recém-nascido, em duas semanas, �car com aspecto normal, igual à de um adulto (transparente). Assim, nesses casos, é preciso que seja encaminhado para o especialista médico. Portanto, de duas semanas a seis meses após o nascimento, a córnea precisa se apresentar transparente, com tamanho igual à de um adulto. A pigmentação no estroma da íris (melanina) determinará a cor do olho. Quanto mais pigmentação, mais escuro será o olho, e quando há baixa pigmentação, a íris é branca (no entanto, por efeito da incidência e re�exão da luz na íris, perceberemos a cor azul). No recém-nascido, a cor da íris se altera antes do primeiro ano de vida, por causa do desenvolvimento do estroma iridiano. Fatores como melanócitos, retenção e localização da melanina vão determinar esse comportamento em relação à cor da íris. Devemos observar na íris do recém-nascido: coloboma de íris (no fundo de olho haverá coloboma de retina), aniridíase (pode ser ocasionado por tumor de Wilms, síndrome de Wolf-Hirschhorn e, ainda, pode estar associado ao glaucoma infantil). A pupila do recém-nascido será menor que a de um adulto (3,6 mm no recém-nascido, enquanto, no adulto, é de 4 a 6 mm), podendo ter como causa dessa diferença a anatomia ou o fato de o subnúcleo do parassimpático de Edinger-Westphal do terceiro par de nervo craniano não estar devidamente estimulado (por isso está dormindo na maior parte do tempo). Apresenta uma boa reação foto-motora e consensual, porém, será diferente a resposta no prematuro por causa da sua idade gestacional. Abaixo de 26 semanas, não apresentam re�exos pupilares. Fatores clínicos importantes: pupilas com diâmetros abaixo de 1,8 mm ou acima de 5,4 mm podem indicar alterações nas vias pupilares (neurológicas), anisocorias (diferenças de 1 mm de uma pupila a outra de abertura). No caso das anisocorias, você deve fazer testes após 32 semanas de vida e observar se aumenta com a luz ou no escuro (que mostra que há anisocoria no simpático ou parassimpático), se ocorre na avaliação foto- motora ou consensual (para avaliar problemas no aferente ou eferente), pois pode ser que seja observado apenas no primeiro momento, sem os testes relatados. O cristalino do recém-nascido chega a 34D. Após seis meses, diminui bruscamente para 28D, chegando a 17D aos cinco anos, igual ao de um adulto. Patologia comum em recém-nascidos é a catarata. Cada clínico possui a sua conduta, mas, geralmente, a cirurgia deve ser feita de forma rápida ao ser detectada. Após a cirurgia, como o recém-nascido possui um crescimento signi�cativo, não se coloca a Lente Intraocular (LIO), mas se corrige com óculos ou lentes de contato. Quando atinge de quatro a seis anos (depende de cada cirurgião), implanta-se a LIO, e a criança passa a usar lentes multifocais ou bifocais. Alguns pro�ssionais médicos, levando em consideração o crescimento do eixo anteroposterior do olho da criança, implantam uma LIO com dioptria positiva para chegar à fase adulta com a menor dioptria possível a ser corrigida. Se não �zer a cirurgia de catarata em determinado tempo, a criança poderá não ter a visão binocular adequada, mesmo fazendo a cirurgia de catarata tardiamente. Patologias Sistêmicas em Crianças O optometrista que tem o desejo de cuidar de crianças precisa conhecer bem os problemas relativos a doenças comuns sistêmicas, na gestação, no pós-parto, e não apenas da visão, porque ele ajudará o especialista pediatra a acompanhar o desenvolvimento dessa criança. Na Tabela 2 estão alguns aspectos importantes dentro das patologias sistêmicas e visuais. Tabela 2 – Patologias Sistêmicas e Visuais na Pediatria Alterações Possíveis Manifestações Tamanho e peso abaixo do ideal para crianças até um ano e seis meses Prematuridade (possível retinopatia da prematuridade), desnutrição (ambliopia orgânica, disfunção do crescimento e síndromes) Alterações Possíveis Manifestações Perímetro Cefálico (PC) Macrocefalia (papiledema e atro�a óptica), síndrome de cranioestenose, exoftalmia (proptose e estrabismo). Não fechamento da moleira (acondroplasia, hipotiroidismo, hidrocefalia, rubéola congênita, de�ciência em vitamina D) Surdez/Cegueira TORCHS (Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus, Herpes, Sí�lis). Sarampo Pneumonias, encefalites, hemorragias, desidratação AIDS Encefalopatia, pneumonia, infecções, retardo de peso e estatura (comum ocorrer durante os primeiros dezoito meses de vida – com isso, exames vão diagnosticar HIV) Fonte: Adaptada de SCUSSEL, 2005; LANZELOTTE, 2011 Algumas alterações oculares desenvolvidas na fase embrionária e/ou fetal podem ser resultado de algumas alterações genéticas, teratogênicas, infecciosas, de doenças sistêmicas, por exposição a substâncias químicas/medicamentos ou radiação, o que levará a consequências estruturais e funcionais graves ao bulbo ocular e aos anexos e, consequentemente, à falha no desenvolvimento visual com riscos de de�ciência visual e cegueira. Livro Achou interessante? Leia o Capítulo 5 – Principais Alterações Oculares Congênitas ou do Período Neonatal, da página 37 a 74, em: EJZENBAUM, F. et al. Oftalmologia Clínica para o Pediatra. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2020. Em Síntese Para atender a uma criança, precisamos conhecer o desenvolvimento embrionário e infantil e possíveis alterações, patologias congênitas (sistêmicas ou oculares) e como devemos associar os sinais clínicos dessas alterações. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Desenvolvimento dos Olhos – Embriologia Humana (UNESP) Assista a seguir a aula ministrada pelo Prof. Assoc. Wellerson Rodrigo Sarcano. 2 / 3 Material Complementar Desenvolvimento dos Olhos - Embriologia Humana (UNESP) https://www.youtube.com/watch?v=W9UhcoMJQaU Glaucoma Congênito – O que é? Assista a seguir ao vídeo apresentado pela Dra. Cláudia del Claro. Leitura Introdução à Embriologia Ocular Curso de Embriologia Ocular ministrado pela Prof.ª Dra. Márcia Reis Guimarães em 2013. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE GLAUCOMA CONGÊNITO - O QUE É? https://bit.ly/34pOMzB https://www.youtube.com/watch?v=XQCtP4H-iAo Detecção Precoce de Alterações Visuais: Papel do Pediatra Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://bit.ly/3rdn7Lq EJZENBAUM, F. et al. Oftalmologia Clínica para o Pediatra. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2020. GIMENEZ, M. P. V. Estrabismo y Ojo Vago: Mitos, Leyendas y Verdades. [S. l.]: Rona Visión, 2015. ________. Tanta Inteligencia, Tan Poco Rendimiento: ¿Podría ser la Visión la Clave para Desbloquear su Aprendizaje? 4. ed. Zaragoza: Aurum Volatile, 2019. GIMENEZ, M. P. V. Curso de Alta Especialización en Optometría Comportamental y Terapia Visual: Módulo 1. São Paulo: Sanet-Vergara Vision Seminars, 2020. GONZÁLEZ, F. E.; BÁEZ, R. V. In Time: Importância do Ômega 3 na Nutrição Infantil. Rev. Paul. Pediatr., São Paulo, v. 35, n. 1, p. 3-4, jan./mar. 2017. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rpp/a/g8ChSqvdzk5ZpzctpDyFQKr/?lang=pt&format=pdf>. Acesso em: 17/01/2022. HYVÄRINEN, L. Assessment of Vision for Early Intervention. L V Prasad Hyderabdi, 2013. Disponível em: <http://www.lea-test.�/�les/3_Hyderabad-Ped_Opth.pdf>. Acesso em: 27/11/2020. LANZA, F. C.; GAZOTTI, M. R.; PALAZZIN, A. Fisioterapia em Pediatria e Neonatologia: da UTI ao Ambulatório. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2019. LANZELOTTE, V. Detecção Precoce de Alterações Visuais: Papel do Pediatra. Revista de Pediatria SOPERJ, Rio de Janeiro, v. 12, supl. 1, p. 40-46, ago. 2011. Disponível em: <http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=557>. Acesso em: 21/12/2021. 3 / 3 Referências LIMA, C. C. N. et al. Desenvolvimento Infantil. Porto Alegre: SAGAH, 2018. LIPPERHEIDE, M. A. Nutrición Durante El Embarazo Y Lactancia: Importancia de los Ômega-3 em el Embarazo e Infancia. Erandio: Nua Biological Innovations SL, 2017. MOORE, K. L. Embriologia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. PONS, I. P.; ACÍN Y RIVERA, J. Ajude seu Filho a Levantar Voo: Tudo o que seu Bebê e seu Filho Precisam para um Desenvolvimento sem Limites. Barcelona: Aurum Volatile, 2018. SCUSSEL, A. I. P.; MALBURG, A. S. Apostila Optometria Pediátrica. Mafra, SC: Universidade do Contestado, s/d. SCHOENWOLF, G. C. Larsen Embriologia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016. REMINGTON, L. A. Clinical Anatomy of the Visual System. Butterworth-Heinemann, 2005.
Compartilhar