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I_OPediatricaoptometria

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Conteudista: Prof.ª M.ª Márcia Regina Pinez Mendes 
Revisão Textual: Thaís Teixeira Tardivo Stringaci
 
Objetivos da Unidade:
Conhecer o desenvolvimento embrionário ocular;
Aprender sobre o desenvolvimento da criança e sua importância para a
avaliação optométrica;
Conhecer as patologias oculares mais frequentes nas crianças.
 Material Teórico
 Material Complementar
 Referências
O Desenvolvimento Embrionário e Neuro-
sensório-motor da Criança e as Patologias
Oculares
O Desenvolvimento Embrionário e Neuro-sensório-
motor da Criança e as Patologias Oculares no
Desenvolvimento Embrionário da Criança
Para chegarmos a essa formação perfeita dos nossos olhos, assim como da nossa visão,
devemos ter o conhecimento da formação embrionária dos olhos. Isso proporcionará ao
optometrista uma grande importância além de sua formação acadêmica, pois as anomalias da
embriogênese ocular são muito aparentes, diferentemente dos demais órgãos do corpo
humano.
Figura 1 
Fonte: Getty Images
Durante todo o desenvolvimento intrauterino existe um programa preciso de apoptose, para
que o crescimento fetal tenha em sua perfeita escultura uma modulação pela morte celular.
1 / 3
 Material Teórico
Nesta Unidade, inicialmente vamos nos concentrar no desenvolvimento embrionário dos
olhos, por sua complexidade e importância nos sentidos dos humanos.
Desenvolvimento Embrionário do Olho
Em outro momento, estudamos que os folhetos embrionários fundamentais comuns a todos
os organismos superiores são:
Figura 2
E que a partir dessa formação embrionária teremos o desenvolvimento de todos as estruturas
do ser humano.
Embriologia Ocular
A evolução embriológica pode ser dividida em três fases, conforme mostrado na Figura 3.
Figura 3
No período da embriogênese (primeira até �nal da terceira semana) acontecerá:
Figura 4 – Embrião de aproximadamente 22 dias, que
mostra os sulcos ópticos, a primeira indicação do
desenvolvimento do olho 
Fonte: Adaptada de REMINGTON, 2005, p. 123
Migração das células da crista neural e formação do tubo neural;1
Formação de somitos pareados que se alinham ao longo de ambos os lados do
canal neural;
2
O sulco óptico, também chamado de olho primitivo, está contido no prosencéfalo
e o canal neural ainda não se fechou anteriormente, aparecendo como um par de
estrias em cada lado da linha mediana da placa neural antes de seu fechamento
tubular, �cando entre o diencéfalo e o telencéfalo ao 22º dia da embriogênese,
quando então esse período se encerra.
3
A �ssura embrionária ou coroidiana aparecerá na quarta semana, quando o olho
primitivo sofre uma escavação e se torna uma vesícula com a formação de uma
dobra inferior. No �nal da sexta semana, essa �ssura irá se fechar no centro e
depois anteroposteriormente até a íris e o nervo óptico, respectivamente;
4
Vesículas Ópticas: sofrem uma invaginação e adquirem um aspecto de taça, que,
ao se dobrar, o neuroectoderma passará a apresentar uma dupla camada, interior e
exterior da futura retina, e entre essas camadas permanece um espaço
intraretiniano que se comunica com o terceiro ventrículo pelo canal óptico;
5
A artéria central da retina penetra no canal óptico por meio da �ssura
embrionária.
6
Saiba Mais 
Para entender algumas ações das patologias oculares, é preciso
conhecer a origem embriológica das estruturas do olho:
Ectoderma Super�cial: cristalino, epitélio da córnea, conjuntivas tarsal e bulbar,
glândula lacrimal principal e acessória, vítreo;
Ectoderma Neural: vítreo, retina, epitélio da íris, corpo ciliar e retina, esfíncter
pupilar e dilatador da pupila, nervo óptico;
Mesoderma: esclerótica, estroma da córnea, conjuntiva, íris, corpo ciliar, coroide,
músculos extraoculares, pálpebra sistema hialoide, bainhas do nervo óptico,
tecido conectivo e vascularização do olho, ossos da órbita e vítreo. 
Obs.: o endoderma contribui na formação da visão.
Cristalino: ao �car livre da borda do cálice óptico, no estágio de seis semanas, a
vesícula cristaliniana se alonga, invadindo a cavidade vazia, preenchendo-a (por
volta da sétima semana). É secretada uma cápsula hialina pelas células do
cristalino. As �bras do cristalino têm origem na região equatorial à frente do
epitélio subcapsular, em um formato de células epiteliais cuboides posteriores à
cápsula do cristalino. As �bras são em formato de um “Y” vertical e um “e”
posterior, são chamadas de suturas cristalinianas, que se completam ao sétimo
mês;
Retina: no começo das cinco semanas do desenvolvimento do feto, inicia-se a
pigmentação com várias camadas. Todas as camadas sofrem mudanças de forma
lenta durante a gestação. Do cálice óptico ocorre a formação do EPR (Epitélio
Pigmentar da Retina) e da camada interna. Nesse período, a camada nuclear
externa já existe com as células ganglionares, bipolares e as �bras nervosas. No
entanto, o desenvolvimento da mácula ocorre após os seis primeiros meses do
nascimento, quando acontece o desabamento foveolar. A camada do epitélio
pigmentar da retina provém da camada externa do cálice óptico. A retina tem
origem no ectoderma neural, e por volta da quinta semana surgem a camada
neuroepitelial e o epitélio;
Nervo Óptico: a camada interna de �bras nervosas é formada pelos axônios da
camada das células ganglionares, formando lentamente o pedículo óptico e,
depois, o nervo óptico (sete semanas). A parede vascular do nervo é formada pelo
mesodérmico do tecido adjacente. A extensão da mielina é completada por volta
dos três meses de idade, portanto estará incompleta no nascimento. Ela abrange
área que vai desde o cérebro até o nervo óptico, alcançando a lâmina crivosa no
nascimento; 
Íris e Corpo Ciliar: a borda do cálice óptico cresce em frente ao cristalino,
posterior ao mesoderma que forma estroma da íris (terceiro mês). As camadas
epiteliais se transformam em pigmentos na íris, sendo que a camada externa do
corpo ciliar tem pigmentação. No mesmo corpo ciliar, surgem pregas, aparecendo,
também, o crescimento do mesoderma nos processos ciliares. O músculo
esfíncter da pupila surge do epitélio não pigmentado, vindo da camada epitelial
anterior da íris, bem como a periferia pupilar (no quinto mês). Surge também o
músculo dilatador na camada epitelial anterior bem próximo ao corpo ciliar (sexto
mês);
Coroide: o cálice óptico que dá origem à coroide, na terceira semana, é envolvido
por uma rede de capilares. Já na sexta semana é secretada a membrana de Bruch.
Os canais venosos grandes e intermediários da coroide drenam para a saída do
olho;
Vítreo: teremos três fases em seu desenvolvimento. Na primeira fase, há a união
dos elementos da vesícula cristaliniana com �brilas da camada interna da vesícula
óptica. Somando com as �brilas mesodérmicas associadas à artéria hialoide, é
formado o vítreo primário. Quando a cápsula do cristalino aparece, a fase descrita
até aqui termina, pois impede a formação do vítreo. Não há atro�amento do vítreo
primário se alojando atrás do polo posterior do cristalino como canal hialoide. Na
segunda fase, há continuação das �bras do vítreo com as �bras de Muller, dando
a ele (vítreo secundário) a derivação da retina ectodérmica. Há um
desenvolvimento do conjunto de vasos no vítreo com os vasos na superfície da
cápsula cristaliniana. Ao atingir o seu máximo, o sistema hialoide se atro�a nas
partes anterior e posterior. Na terceira fase, há o surgimento do feixe marginal de
Drualt (terceiro mês), quando é estendida em condensações �brilares do vítreo
para o futuro epitélio ciliar. As mesmas condensações formam os ligamentos
suspensores do cristalino; o sistema hialoide se atro�a completamente;
Vasos Sanguíneos: na sétima semana, as artérias ciliares longas se originam na
hialoide, ligando-se ao redor da borda do cálice óptico com círculo da íris. No
oitavo mês, há o atro�amento do sistema hialoide, dando origem (artéria hialoide)
à artéria central da retina e suas rami�cações. É desenvolvida a circulação
retiniana pelos brotos que surgem
na retina;
Córnea: as estruturas mesodérmicas dão origem à córnea, mas o epitélio corneano
tem origem no ectoderma. As células do endotélio aparecem em cinco semanas, e
as da membrana de Descemet aparecem por volta da 12ª semana. O estroma
depende do aumento do número de �bras elásticas, sendo reconhecido por volta
dos quatros meses, surgindo a membrana de Bowman;
Câmera Interior: surge por volta da sétima semana, permanecendo muito rasa até
o nascimento. Por volta da décima semana surge o canal de Schlemm, como um
canal vascular ao recesso do ângulo. A rede trabecular é originada no tecido
vascular mesodérmico;
Esclerótica e Músculos Extrínsecos Oculares: eles são formados pelo mesoderma
que envolve o cálice óptico, sendo percebidos na sétima semana e que no quarto
A seguir você verá uma linha do tempo (em semanas e dias) que traz todas as fases do
desenvolvimento do olho.
mês estão bem formadas. A cápsula de Tenon aparece ao nível das inserções dos
músculos retos completados aos cinco meses;
Pálpebras e Sistemas Lacrimais: as pálpebras são desenvolvidas no mesoderma.
São percebidas a partir da sexta semana, crescendo na frente dos olhos, sendo
que na oitava semana se fundem. Durante o quinto mês, separam-se,
desenvolvendo os cílios, as glândulas de Meibômio e outras glândulas. As
glândulas lacrimais se desenvolvem a partir do ectoderma. Esse sistema é
desenvolvido, inicialmente, como cordão epitelial entre o processo maxilar e
nasal, canalizando-se na época do nascimento.
Figura 5 – Linha do Tempo: desenvolvimento do olho 
Fonte: SCHOENWOLF, 2016, p. 489
Desenvolvimento Infantil
Para a compreensão do processo de desenvolvimento infantil, deve-se saber que o período de
evolução pré-natal se divide em três momentos – germinal, embrionário e fetal – e que esses
momentos são de suma importância para o crescimento e amadurecimento da criança no
aspecto sensorial, motor e cognitivo.
Livro 
Achou interessante? Então, leia o Capítulo 19 – Desenvolvimento dos
Olhos, p. 487-500, em: SCHOENWOLF, G. C. Larsen Embriologia
Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
Período Germinal: tem início na fecundação e dura aproximadamente duas
semanas, com a divisão do zigoto. Essa fase é caracterizada por rápida divisão
celular, formação do blastócito e implantação na parede do útero;
Período Embrionário: vai da segunda à oitava semana e é caracterizado pelo
rápido crescimento e desenvolvimento dos principais sistemas e órgãos do corpo;
Período Fetal: começam a aparecer as primeiras células ósseas, em torno da oitava
semana. Durante esse período, o feto cresce até cerca de vinte vezes seu
Figura 6 – Estágios do desenvolvimento fetal 
Fonte: Adaptada de LIMA, 2018, p. 56
O desenvolvimento motor da criança se inicia em seu nascimento, quando os re�exos
primitivos tendem a desaparecer e as primeiras habilidades surgem: agarrar, engatinhar,
andar. Com a exploração do ambiente e os estímulos fornecidos à criança, mais habilidades
vão sendo adquiridas.
No seu primeiro dia de vida, a criança já consegue virar a cabeça quando deitada de costas, e
ao estar de bruços, vira seu rosto para o lado de forma re�exa, possibilitando, assim, liberar
as vias aéreas superiores. A partir dos dois ou três meses de idade, podem erguer a cabeça
mais alto.
Com o controle da cabeça, haverá a �xação do olhar e, com isso, o desenvolvimento
progressivo da atenção; dado importante para qualquer tipo de aprendizagem que se baseia no
comprimento anterior, e os órgãos e sistemas do corpo tornam-se mais
complexos. Até o nascimento, continuam a se desenvolver os “arremates �nais”,
tais como as unhas dos dedos das mãos e dos pés e as pálpebras.
progressivo controle da cabeça, da posição dos olhos e da correta coordenação do sistema
motor ocular.
O desejo de pegar objetos, apoiado na maturação neuromotora que lhe permite a manipulação,
será despertado. A percepção visual é dirigida pelas apreciações cinestésicas, e os atos
preensores começam a adquirir grande dinamismo. A preensão, portanto, não é um ato
isolado, mas depende da volição, da percepção visual e da capacidade motora global da criança.
Figura 7 – Coordenação olho-mão 
Fonte: Getty Images
Cada fase é importante e marca um momento de aprendizagem da criança. Para que seja
possível acompanhar essa evolução, o teste de triagem Denver foi criado. Com ele, é possível
acompanhar as crianças de um mês aos dezesseis meses de idade, analisando, assim, se elas
estão se desenvolvendo dentro do padrão esperado.
Figura 8 – Esquema dos graus de desenvolvimento motor
de acordo com a idade 
Fonte: Adaptada de LIMA, 2018, p. 73
O desenvolvimento sensorial tem seu início desde os re�exos primitivos como o de busca ou
descoberta e de sucção, que permitem ao recém-nascido a obtenção de nutrição. Como
resultado da estimulação da área em torno da boca (re�exo de busca), o bebê vira a cabeça na
direção da fonte da estimulação. O re�exo de busca é mais forte nas três primeiras semanas, e
gradualmente a criança irá virar a cabeça com o propósito de colocar a boca em contato com o
estímulo.
Todos os re�exos primitivos terminam, e as reações começam a se manifestar. Com isso,
durante o estágio sensório-motor, a criança busca adquirir controle motor e aprender sobre
os objetos físicos que estão a sua volta. O bebê obtém o conhecimento por meio de suas
próprias ações, que são controladas por informações sensoriais. Esse estágio é dividido em
até seis subfases, em que o bebê apresenta desde re�exos impensados até uma capacidade de
representar o uso de símbolos, encontrando meios próprios para a resolução dos problemas.
Algumas características que são observáveis durante essa fase:
Aprendemos, então, sobre o desenvolvimento tanto embriológico como infantil. Agora
veremos como é o bulbo ocular da criança após o nascimento e como acontecem as
patologias.
Ao nascer, a região posterior do bulbo ocular estará menos desenvolvida (50%) do que a
região anterior (80%). Nos seis primeiros meses de vida, ocorre um crescimento rápido do
bulbo ocular, porém, após esses seis meses, ocorrerá um crescimento gradativo até os 13
anos. Esse rápido crescimento nos primeiros meses ocorrerá porque as células da esclera
(posteriormente) estarão mais ativas nessa fase. Aqui podem ser explicadas patologias como o
glaucoma congênito (buftalmo) nos casos de crescimento exagerado ou, quando há a falha
nesse sistema de crescimento, a hipermetropia alta (que afeta o processo de emetropização do
indivíduo).
Tabela 1 – Desenvolvimento Pós-nascimento
Exploração manual e visual do ambiente;
Experiência obtida com ações (imitação);
Inteligência prática (ações);
Ações como sugar, agarrar, atirar, bater e chutar;
Ações ocorrem antes do pensamento;
Centralização no próprio corpo;
Noção de permanência do objeto.
Fases de Crescimento do Bulbo
Ocular
Período
Crescimento rápido Seis meses
Crescimento moderado Seis meses até os cinco anos
Crescimento lento 
Cinco anos até os treze anos
(após essa idade, o tamanho
axial será igual ao de um
adulto)
Fonte: Adaptada de LANZA; GAZOTTI; PALAZZIN, 2019
Muitas crianças apresentam pseudoestrabismo por causa da forma do epicanto palpebral, mas
isso será resolvido conforme ocorre o crescimento da fenda palpebral. Ao nascerem, as
crianças têm as pálpebras quase circulares. Porém, aos cinco anos, as dimensões palpebrais
estão iguais às de um adulto. A fenda palpebral vertical cresce pouco comparada ao
crescimento horizontal da fenda, com isso, desaparece o aspecto de estrabismo. Por isso, ao
avaliar uma criança, é necessário observar a prega palpebral para não confundir com desvio
ocular.
A Figura 9 traz a foto de uma criança com pregas palpebrais que, em algum momento do
olhar, se confundirá com desvio ocular.
Figura 9 – Pseudoesotropia com presença de epicanto e
base nasal larga 
Fonte: Adaptada de EJZENBAUM, 2020, p. 25
É sempre importante observar as fendas palpebrais da criança porque podem
apresentar
problemas de ptose, criptoftalmos, colobomas (das pálpebras), tumores ou, ainda, síndrome
de Duane.
Importante! 
Na anamnese, devemos saber se existem problemas genéticos ligados
diretamente àquela condição visual, fatores pré-natais, fatores
perinatais e pós-natais. Existem condições nas quais a criança
precisará visitar um especialista médico para, possivelmente, voltar
ao nosso gabinete. Atendimentos com crianças demoram; ao �nal da
A função do sistema lacrimal é igual à de adultos (exceto nas seis primeiras semanas após o
nascimento – por isso, o recém-nascido não produz lágrima), mas quando ocorre uma
obstrução no sistema nasolacrimal, por causa de uma membrana mucosa no saco lacrimal
inferior, ocorrerá a epífora. É importante observar que o primeiro alerta de excesso de lágrima
(epífora) é o de presença de glaucoma congênito.
Caso você receba, em seu gabinete, um recém-nascido que apresente secreção, é um sinal
clínico de alerta; junto a isso, se a mãe relatar ter tido parto natural, é outro fator que
contribui ainda mais para encaminhar a criança para um médico, pediatra ou oftalmologista.
A córnea do recém-nascido é cerca de 20% menor que a de um adulto, como podemos
observar na Figura 10.
consulta, espera-se ter mais um acompanhamento e, talvez, em
última análise, a prescrição dos óculos.
Figura 10 – Dimensões da córnea de uma criança (esq.) e
da córnea de um adulto (dir.)
A curvatura (51,25D) e a espessura (960 micras) da córnea de um recém-nascido são maiores
do que as de um adulto (44D e 520 micras), porém, em menos de um ano de vida, a espessura
se iguala à de um adulto. O alerta clínico para o recém-nascido é se a córnea for menor que 9
mm ou acima de 11 mm, tanto em um olho quanto em ambos, ou se a córnea, que deverá ter
opacidade leve no recém-nascido, em duas semanas, �car com aspecto normal, igual à de um
adulto (transparente). Assim, nesses casos, é preciso que seja encaminhado para o
especialista médico. Portanto, de duas semanas a seis meses após o nascimento, a córnea
precisa se apresentar transparente, com tamanho igual à de um adulto.
A pigmentação no estroma da íris (melanina) determinará a cor do olho. Quanto mais
pigmentação, mais escuro será o olho, e quando há baixa pigmentação, a íris é branca (no
entanto, por efeito da incidência e re�exão da luz na íris, perceberemos a cor azul). No
recém-nascido, a cor da íris se altera antes do primeiro ano de vida, por causa do
desenvolvimento do estroma iridiano. Fatores como melanócitos, retenção e localização da
melanina vão determinar esse comportamento em relação à cor da íris. Devemos observar na
íris do recém-nascido: coloboma de íris (no fundo de olho haverá coloboma de retina),
aniridíase (pode ser ocasionado por tumor de Wilms, síndrome de Wolf-Hirschhorn e, ainda,
pode estar associado ao glaucoma infantil).
A pupila do recém-nascido será menor que a de um adulto (3,6 mm no recém-nascido,
enquanto, no adulto, é de 4 a 6 mm), podendo ter como causa dessa diferença a anatomia ou
o fato de o subnúcleo do parassimpático de Edinger-Westphal do terceiro par de nervo
craniano não estar devidamente estimulado (por isso está dormindo na maior parte do
tempo). Apresenta uma boa reação foto-motora e consensual, porém, será diferente a
resposta no prematuro por causa da sua idade gestacional. Abaixo de 26 semanas, não
apresentam re�exos pupilares. Fatores clínicos importantes: pupilas com diâmetros abaixo de
1,8 mm ou acima de 5,4 mm podem indicar alterações nas vias pupilares (neurológicas),
anisocorias (diferenças de 1 mm de uma pupila a outra de abertura). No caso das anisocorias,
você deve fazer testes após 32 semanas de vida e observar se aumenta com a luz ou no escuro
(que mostra que há anisocoria no simpático ou parassimpático), se ocorre na avaliação foto-
motora ou consensual (para avaliar problemas no aferente ou eferente), pois pode ser que seja
observado apenas no primeiro momento, sem os testes relatados.
O cristalino do recém-nascido chega a 34D. Após seis meses, diminui bruscamente para 28D,
chegando a 17D aos cinco anos, igual ao de um adulto. Patologia comum em recém-nascidos é
a catarata. Cada clínico possui a sua conduta, mas, geralmente, a cirurgia deve ser feita de
forma rápida ao ser detectada. Após a cirurgia, como o recém-nascido possui um crescimento
signi�cativo, não se coloca a Lente Intraocular (LIO), mas se corrige com óculos ou lentes de
contato. Quando atinge de quatro a seis anos (depende de cada cirurgião), implanta-se a LIO,
e a criança passa a usar lentes multifocais ou bifocais. Alguns pro�ssionais médicos, levando
em consideração o crescimento do eixo anteroposterior do olho da criança, implantam uma
LIO com dioptria positiva para chegar à fase adulta com a menor dioptria possível a ser
corrigida. Se não �zer a cirurgia de catarata em determinado tempo, a criança poderá não ter a
visão binocular adequada, mesmo fazendo a cirurgia de catarata tardiamente.
Patologias Sistêmicas em Crianças
O optometrista que tem o desejo de cuidar de crianças precisa conhecer bem os problemas
relativos a doenças comuns sistêmicas, na gestação, no pós-parto, e não apenas da visão,
porque ele ajudará o especialista pediatra a acompanhar o desenvolvimento dessa criança. Na
Tabela 2 estão alguns aspectos importantes dentro das patologias sistêmicas e visuais.
Tabela 2 – Patologias Sistêmicas e Visuais na Pediatria
Alterações Possíveis Manifestações
Tamanho e peso
abaixo do ideal para
crianças até um ano e
seis meses
Prematuridade (possível retinopatia da
prematuridade), desnutrição (ambliopia
orgânica, disfunção do crescimento e
síndromes)
Alterações Possíveis Manifestações
Perímetro Cefálico
(PC)
Macrocefalia (papiledema e atro�a
óptica), síndrome de cranioestenose,
exoftalmia (proptose e estrabismo). Não
fechamento da moleira (acondroplasia,
hipotiroidismo, hidrocefalia, rubéola
congênita, de�ciência em vitamina D)
Surdez/Cegueira 
TORCHS (Toxoplasmose, Rubéola,
Citomegalovírus, Herpes, Sí�lis). 
Sarampo 
Pneumonias, encefalites, hemorragias,
desidratação 
AIDS 
Encefalopatia, pneumonia, infecções,
retardo de peso e estatura (comum
ocorrer durante os primeiros dezoito
meses de vida – com isso, exames vão
diagnosticar HIV) 
Fonte: Adaptada de SCUSSEL, 2005; LANZELOTTE, 2011
Algumas alterações oculares desenvolvidas na fase embrionária e/ou fetal podem ser resultado
de algumas alterações genéticas, teratogênicas, infecciosas, de doenças sistêmicas, por
exposição a substâncias químicas/medicamentos ou radiação, o que levará a consequências
estruturais e funcionais graves ao bulbo ocular e aos anexos e, consequentemente, à falha no
desenvolvimento visual com riscos de de�ciência visual e cegueira.
Livro 
Achou interessante? Leia o Capítulo 5 – Principais Alterações Oculares
Congênitas ou do Período Neonatal, da página 37 a 74, em:
EJZENBAUM, F. et al. Oftalmologia Clínica para o Pediatra. 1. ed.
Barueri, SP: Manole, 2020.
Em Síntese 
Para atender a uma criança, precisamos conhecer o desenvolvimento
embrionário e infantil e possíveis alterações, patologias congênitas
(sistêmicas ou oculares) e como devemos associar os sinais clínicos
dessas alterações.
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Vídeos  
Desenvolvimento dos Olhos – Embriologia Humana
(UNESP) 
Assista a seguir a aula ministrada pelo Prof. Assoc. Wellerson Rodrigo Sarcano.
2 / 3
 Material Complementar
Desenvolvimento dos Olhos - Embriologia Humana (UNESP)
https://www.youtube.com/watch?v=W9UhcoMJQaU
Glaucoma Congênito – O que é? 
Assista a seguir ao vídeo apresentado pela Dra. Cláudia del Claro.
  Leitura  
Introdução à Embriologia Ocular 
Curso de Embriologia Ocular ministrado pela Prof.ª Dra. Márcia Reis Guimarães em 2013.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
GLAUCOMA CONGÊNITO - O QUE É?
https://bit.ly/34pOMzB
https://www.youtube.com/watch?v=XQCtP4H-iAo
Detecção Precoce de Alterações
Visuais: Papel do Pediatra
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
https://bit.ly/3rdn7Lq
EJZENBAUM, F. et al. Oftalmologia Clínica para o Pediatra. 1. ed. Barueri, SP: Manole, 2020.
GIMENEZ, M. P. V. Estrabismo y Ojo Vago: Mitos, Leyendas y Verdades. [S. l.]: Rona Visión, 2015.
________. Tanta Inteligencia, Tan Poco Rendimiento: ¿Podría ser la Visión la Clave para
Desbloquear su Aprendizaje? 4. ed. Zaragoza: Aurum Volatile, 2019.
GIMENEZ, M. P. V. Curso de Alta Especialización en Optometría Comportamental y Terapia
Visual: Módulo 1. São Paulo: Sanet-Vergara Vision Seminars, 2020.
GONZÁLEZ, F. E.; BÁEZ, R. V. In Time: Importância do Ômega 3 na Nutrição Infantil. Rev. Paul.
Pediatr., São Paulo, v. 35, n. 1, p. 3-4, jan./mar. 2017. Disponível em:
<https://www.scielo.br/j/rpp/a/g8ChSqvdzk5ZpzctpDyFQKr/?lang=pt&format=pdf>. Acesso
em: 17/01/2022.
HYVÄRINEN, L. Assessment of Vision for Early Intervention. L V Prasad Hyderabdi, 2013.
Disponível em: <http://www.lea-test.�/�les/3_Hyderabad-Ped_Opth.pdf>. Acesso em:
27/11/2020.
LANZA, F. C.; GAZOTTI, M. R.; PALAZZIN, A. Fisioterapia em Pediatria e Neonatologia: da UTI
ao Ambulatório. 2. ed. Barueri, SP: Manole, 2019.
LANZELOTTE, V. Detecção Precoce de Alterações Visuais: Papel do Pediatra. Revista de
Pediatria SOPERJ, Rio de Janeiro, v. 12, supl. 1, p. 40-46, ago. 2011. Disponível em:
<http://revistadepediatriasoperj.org.br/detalhe_artigo.asp?id=557>. Acesso em: 21/12/2021.
3 / 3
 Referências
LIMA, C. C. N. et al. Desenvolvimento Infantil. Porto Alegre: SAGAH, 2018.
LIPPERHEIDE, M. A. Nutrición Durante El Embarazo Y Lactancia: Importancia de los Ômega-3 em
el Embarazo e Infancia. Erandio: Nua Biological Innovations SL, 2017.
MOORE, K. L. Embriologia Básica. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
PONS, I. P.; ACÍN Y RIVERA, J. Ajude seu Filho a Levantar Voo: Tudo o que seu Bebê e seu Filho
Precisam para um Desenvolvimento sem Limites. Barcelona: Aurum Volatile, 2018.
SCUSSEL, A. I. P.; MALBURG, A. S. Apostila Optometria Pediátrica. Mafra, SC: Universidade do
Contestado, s/d.
SCHOENWOLF, G. C. Larsen Embriologia Humana. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
REMINGTON, L. A. Clinical Anatomy of the Visual System. Butterworth-Heinemann, 2005.

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