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Recursos no Processo Judicial

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Recursos
Recursos
 O recurso é uma ferramenta voluntária de impugnação das decisões judiciais, construída na mesma relação processual e que antecede a formação da coisa julgada, tendo aptidão para reformar, integrar, esclarecer e invalidar a decisão. 
 NATUREZA JURÍDICA: É um desdobramento do direito de ação. 
 PRINCÍPIOS:
· Princípio da voluntariedade:
 Inexiste obrigação legal de recorrer. Logo, a parte só recorrerá se entender estratégico. É um instrumento voluntário porque precisa da vontade da parte de efetivamente impugnar, recorrer. 
 Observação: Recurso ex officio (remessa obrigatória), significa dizer que algumas decisões devem ser obrigatoriamente revistas pelo Tribunal, mesmo que as partes não recorram. 
 Para o STF, o recurso de ofício é uma condição de eficácia da decisão, que não transita em julgado enquanto o Tribunal não revisitar a matéria (Súmula n. 423, STF): “Não transita em julgado a sentença por haver omitido o recurso "ex officio", que se considera interposto "ex lege".”
 Principais decisões a recurso de oficio: A concessão de habeas corpus pelo juiz de 1º grau e a concessão de reabilitação criminal pelo juiz de 1º grau são passíveis de recurso ex officio (art. 574, inciso I do Código de Processo Penal; art. 746 do CPP). 
· Princípio da unirrecorribilidade: 
Quando a decisão comporta recurso, haverá apenas uma única ferramenta de impugnação. 
 Exceção: quando a decisão ofende simultaneamente a Constituição Federal e a lei federal infraconstitucional, admite-se a interposição de recurso especial e extraordinário.
· Princípio da taxatividade: 
 O legislador apresenta o sistema recursal de forma exauriente, já que não há recurso inominado ou de improviso. 
· Princípio da fungibilidade: 
 Um recurso equivocado para a hipótese pode ser conhecido e julgado como se fosse o recurso correto. 
 Requisito:
1. ausência de má-fé: a presunção de má-fé ocorre se o recurso errado goza de mais prazo do que o correto e o recorrente foi beneficiado por tal circunstância.
2. ausência de erro grosseiro: o requisito de ausência de erro grosseiro não é contemplado no artigo 579 do Código de Processo Penal. Entretanto, é amplamente aceito. 
· Princípio da non reformatio in pejus (proibição da reforma para pior): 
 Quando um recurso da defesa é julgado, a situação do réu não poderá ser piorada como desdobramento desse julgamento, conforme consta no artigo 617 do Código de Processo Penal. 
 Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença. 
 *nada impede que o Tribunal piore a situação do réu julgando um recurso da acusação que tenha tal objetivo.
 Modalidades de proibição no princípio da non reformatio in pejus 
· Proibição DIRETA: é aquela aplicada ao Tribunal no julgamento do recurso da defesa. 
· Proibição INDIRETA: é aquela aplicada ao Juiz que proferiu a decisão anulada pelo provimento de um recurso da defesa. Logo, na nova decisão a situação do réu não pode ser piorada. 
 Questões complementares: Proibição de reforma para pior X júri: para o STF, quando o primeiro júri é anulado pelo provimento de um recurso da defesa, no segundo júri a situação do réu não pode ser piorada. De acordo com a Súmula 160 do STF, as nulidades que prejudiquem a defesa só podem ser declaradas quando abordadas no recurso da acusação, mesmo que a nulidade seja absoluta.
Quanto ao princípio da proibição da reformatio in pejus, pode ser imaginada alguma exceção quanto a sua observância?
a. em hipótese alguma pode ser excepcionado;
b. esse princípio não vigora mais, após as recentes reformas do CPC;
c. poderá ser excepcionado, em sendo o caso, quanto a matérias de ordem pública, que o órgão “ad quem” possa conhecer de ofício;
d. poderá sê-lo, em caso de ofensa a direitos fundamentais;
e. não vigora a proibição, quando o recurso for da reclamada, considerando-se os princípios que norteiam o processo do trabalho.
· Princípio da conversão: 
 O recurso endereçado de forma equivocada será encaminhado de ofício ao órgão competente, sem qualquer formalidade prévia.
· Princípio da complementaridade: 
 A parte que já recorreu poderá complementar o recurso se a decisão impugnada foi alterada pelo Juiz. 
· Princípio da suplementaridade: 
 Quando a decisão comporta mais de um recurso, eles podem ser apresentados de forma simultânea ou sucessiva, desde que dentro do prazo.
EFEITOS RECURSAIS: 
 Os efeitos que norteiam os recursos são os seguintes: 
· Efeito devolutivo 
 O recurso devolve ao Judiciário o conteúdo da matéria impugnada. Se a parte pretende limitar a amplitude do recurso, deve fazer no momento da interposição, e não das razões. Efeito suspensivo A decisão só será implementada no mundo jurídico quando o recurso for definitivamente julgado.
 Todo recurso possui efeito devolutivo. Trata-se do efeito que transfere ao órgão ad quem o reexame da decisão impugnada.
· Efeito suspensivo 
 A decisão só será implementada no mundo jurídico quando o recurso for definitivamente julgado. O efeito suspensivo exige previsão legal. 
 A apelação de sentença absolutória não possui efeito suspensivo, significa que o réu preso será imediatamente libertado. 
 Conclusão: para a Súmula 604 do STJ, o Ministério Público NÃO pode ingressar com Mandado de Segurança para obter efeito suspensivo que não foi conferido por lei ao recurso. 
 Pacote Anticrime: a apelação da sentença emanada do júri que impõe ao réu 15 ou mais anos de prisão não tem efeito suspensivo. Logo, admitimos a execução provisória da pena (art. 492, I, “e”, CPP).
 Conclusão: o tribunal poderá conceder efeito suspensivo em tal hipótese, obstando a execução provisória da pena (§ 5º, art. 492, CPP).
RESUMINDO: Todo recurso possui efeito devolutivo, mas nem todos os recursos são dotados de efeito suspensivo.
· Efeito extensivo: 
 Art. 580 do CPP: no caso de concurso de agentes (Código Penal, art. 25), a decisão do recurso interposto por um dos réus, se fundado em motivos que não sejam de caráter exclusivamente pessoal, aproveitará aos outros, o que é chamado de efeito extensivo dos recursos.
 O réu que não recorreu pode ser beneficiado pelo recurso interposto pelo seu comparsa, desde que o fundamento seja comum e aproveite a todos os imputados.
 EXEMPLO: Supondo que João e José praticaram, em concurso de pessoas, um crime de furto, do qual saiu uma sentença que condenou ambos nessa prática. Ao tomarem ciência da sentença, João recorreu para o tribunal por meio da apelação, que chega ao tribunal para ser analisada. Ao chegar ao tribunal, os desembargadores decidem que o futuro não é consumado, mas tentado, e o réu faz jus à atenuante da menoridade relativa porque João tinha 18 anos, enquanto José tinha 30 anos. Nesse caso, note que apenas João recorreu. Das duas decisões, o que pode ser aplicado ao José: a causa de diminuição do furto tentado. A atenuante de menoridade relativa, por sua vez, só pode ser aplicada a João por conta de sua idade. 
· Efeito iterativo/reiterativo/diferido/regressivo: 
 Art. 589. Com a resposta do recorrido ou sem ela, será o recurso concluso ao juiz, que, dentro de dois dias, reformará ou sustentará o seu despacho, mandando instruir o recurso com os traslados que Ihe parecerem necessários. 
 Parágrafo único. Se o juiz reformar o despacho recorrido, a parte contrária, por simples petição, poderá recorrer da nova decisão, se couber recurso, não sendo mais lícito ao juiz modificá-la. Neste caso, independentemente de novos arrazoados, subirá o recurso nos próprios autos ou em traslado
 Ele permite que o juiz venha a se retratar da decisão diante do recurso interposto. Aplicação: Os três principais recursos que gozam de efeito iterativo: I. Recurso em sentido estrito; II. Agravo em execução; III. Carta testemunhável.
Legitimidade
 Quem são os legitimados desse recurso: 
 Art. 577. O recurso poderá ser interposto pelo Ministério Público, ou pelo querelante, ou peloréu, seu procurador ou seu defensor.
Parágrafo único. Não se admitirá, entretanto, recurso da parte que não tiver interesse na reforma ou modificação da decisão.
 Aqui, tem-se o pressuposto de interesse recursal. Sobre a legitimidade em si, o próprio réu a tem. Assim, elenca-se o órgão acusatório, a defesa e o próprio réu. Quando se profere uma sentença, intima-se o réu e a defesa. A partir de quem foi intimado por último, começa a correr o prazo do recurso. Já na certidão do oficial de justiça, o réu pode manifestar que quer recorrer, manifestação que deverá ser respeitada.
 Observação: Supondo que, quando o réu foi intimado e o oficial de justiça entregou para ele a sentença, perguntado se gostaria de recorrer, ele tenha dito que não; mas a defesa técnica, quem tem capacidade técnica e jurídica de analisar o teor daquela sentença, acredite que o juiz errou na aplicação da pena e queira recorrer. Nesse caso, a defesa poderá recorrer mesmo assim.
 Súmula 705 do STF: a renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do defensor, NÃO impede o conhecimento da apelação por este interposta.
Recurso em espécie
· RECURSO EM SENTIDO ESTRITO:
 É a ferramenta cabível para impugnar decisões interlocutórias e, eventualmente, sentenças, nas hipóteses indicadas no art. 581, do CPP. O recurso em sentido estrito jamais caberá de decisão emanada de tribunal. 
 Recursos em sentido estrito e apelação não são admitidos se a decisão emana de tribunal, pois são recursos aptos à impugnação de decisão do juiz de primeiro grau. 
REGRAS DE INTERPRETAÇÃO (ART. 581, CPP): 
1. Primeira regra: 
 As decisões do juiz da execução penal comportam agravo em execução (art. 197, Lei de Execução Penal). Logo, todos os incisos do art. 581, do CPP, prevendo recurso em sentido estrito de decisão do juiz da execução estão tacitamente revogados vejamos: XI, XII, XVII, XIX ao XXIV, art. 581, CPP. São hipóteses de agravo em execução.
 O agravo é o recurso cabível contra qualquer decisão do juiz da Vara de Execuções Criminais, por exemplo, saída temporária, progressão e regressão de regime, livramento condicional, unificação de penas, sursis, incidentes da medida de segurança, conversões, homologação de faltas graves, trabalho externo etc.
2. Segunda regra Pacote Anticrime:
 A decisão do juiz negando a homologação do acordo de não persecução penal comporta recurso em sentido estrito (art. 581, XXV, CPP). Idealizado o acordo de não persecução penal, em crimes com pena mínima, menor do que 4 anos, praticado sem violência ou grave ameaça, fora da Lei Maria da Penha, o Ministério Público está autorizado a oferecer medida alternativa. 
 Se o suposto autor do crime aceitar e o juiz homologar o acordo, bem como se forem cumpridas todas as obrigações, extinguir-se-á a punibilidade. Se o acordo for celebrado entre o promotor e o suposto autor do crime, assim como se o juiz se negar a homologar o acordo de não persecução penal, essa decisão comportará recurso em SENTIDO ESTRITO. 
3. Terceira regra:
 Da sentença do juiz de primeiro grau concedendo ou negando o habeas corpus caberá recurso em SENTIDO ESTRITO. O habeas corpus, rotulado pelo direito constitucional como remédio heroico, tem natureza de ação. Impetrar um habeas corpus é impetrar uma ação autônoma de impugnação. Quando o delegado é autoridade coatora, e se impetra o habeas corpus perante o juiz de primeiro grau, este julgando-o, proferirá uma sentença, concedendo ou negando-o.
	Da decisão do juiz negando a homologação de não persecução penal, comporta RESE.
	Da sentença do juiz de 1º grau concedendo ou negando o HC, caberá RESE.
 ATENÇÃO: Recurso em sentido estrito é um recurso de decisão do juiz de primeiro grau. Quando o TJ ou o TRF negam o habeas corpus, caberá recurso ordinário constitucional ao STJ. Quando o habeas corpus impetrado no STJ é denegado, cabe recurso ordinário constitucional ao STF.
4. Quarta regra:
 A decisão do juiz de primeiro grau sobre o tema fiança: tais decisões comportam recurso em sentido estrito (art. 581, incs. V e VII, CPP). O juiz de primeiro grau pode proferir inúmeras decisões sobre o tema fiança, pode negá-la, cassá-la, julgá-la quebrada ou perdida. Qualquer decisão do juiz de primeiro grau sobre o tema fiança comporta recurso em sentido estrito.
 Observação: Quando o juiz de primeiro grau decide sobre liberdade provisória sem fiança ou prisão cautelar, se a decisão prejudica a acusação, é sinal de que cabe recurso em sentido estrito. Em contrapartida, se prejudica a defesa, é sinal de que é irrecorrível.
PROCEDIMENTO DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO:
 1º passo: interposição do recurso Obs. 1: O recurso pode ser interposto por petição ou a termo (sem rigor formal). No Prazo: 5 dias. A partir da intimação, o sujeito tem o prazo de 5 dias para interpor recurso. 
 2º passo: o recorrente será intimado para apresentar as razões do recurso, gozando do prazo de 2 dias. Depois da intimação para interpor recurso, há a intimação para arrazoar o recurso. O prazo das razões do recurso estrito é de 2 dias.
 3º passo: a parte contrária será intimada para apresentar contrarrazões, gozando do prazo de 2 dias.
 Observação: da decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir: interposição no prazo de 20 dias, contado da data da publicação definitiva da lista de jurados. O prazo para razões e contrarrazões permanece de 2 dias.
 4º passo: com as razões e as contrarrazões, os autos serão conclusos ao juiz, que tem 2 dias para adotar uma das seguintes medidas: 
· 1ª medida: ratificar a decisão, remetendo o recurso a julgamento pelo tribunal. 
· 2ª medida: retratar-se da decisão proferida, já que o RESE goza de efeito iterativo.
 ATENÇÃO: A decisão de retratação pode ser impugnada por RESE, sem a necessidade de novas razões, desde que enquadrada no art. 581 do CPP (art. 589 do CPP).
HIPÓTESES DE CABIMENTO DO RESE: 
I. inciso I : Não receber a denúncia ou a queixa (rejeição): 
· art. 82 da Lei 9.099/95: apelação; 
· Recebimento da denúncia / queixa-crime: HC ou MS. 
 Aqui, depende do procedimento que está sendo tratado – se ele adota o Código de Processo Penal ou a Lei n. 9.099.
II. Inciso II: incompetência do juízo: 
 Também é aplicável à hipótese inserta no art. 419, caput, do CPP (desclassificação após a primeira fase do rito do Júri). Caso o juiz reconheça a competência do juízo, não há falar no cabimento do RESE.
 Quando se fala de incompetência, é possível recordar de um instituto ligado ao tribunal do júri, que é a desclassificação: uma incompetência do tribunal do júri. Se foi distribuída na instrução preliminar uma denúncia por tentativa de homicídio doloso, mas, ao longo da instrução preliminar não se mostraram indícios disso, mas de lesão corporal, a lesão corporal não é um crime doloso contra a vida e não está na competência do tribunal do júri. Ocorrendo a desclassificação, o juiz precisa remeter esse procedimento para a vara com competência.
III. Inciso IV: pronúncia do réu
DICA: Quando começa em vogal, o recurso também começa em vogal. Se começa com consoante, tem-se o RESE.
IV. Inciso V: Decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou relaxar a prisão em flagrante:
 Contra a decisão que defere o pedido de requerimento de prisão preventiva (e decreta a prisão) não cabe a interposição de RESE; em todos esses casos, a pessoa está ou é solta. Nas situações em que ele está preso ou acaba preso pela decisão, cabe o HC. 
 Interpretando-se extensivamente tal dispositivo: é possível concluir que também caberá RESE contra a decisão que indeferir requerimento de decretação de prisão temporária; que indeferir requerimento de medida cautelar pessoal diversa da prisão; contra a decisão que revoga medida cautelar diversa da prisão (STJ).
V. Inciso VII: caberá a interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor.
VI. Inciso VIII e IX: contraa decisão que decretar/indeferir a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
 Na prescrição, será preciso analisar o momento em que ela foi reconhecida para se saber qual o recurso cabível. No bojo da sentença, por exemplo, recorre-se com a apelação. Quando algo é decidido pelo juiz da execução, por outro lado, tem-se apenas o recurso de agravo em execução. Se a prescrição foi pedida durante o processo, o que não foi analisado na sentença, mas em audiência, por exemplo, cabe RESE.
VII. Inciso XV: caberá a interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão que denegar a apelação ou a julgar deserta.
 A denegação (ou não recebimento) da apelação se dará “pela ausência dos pressupostos recursais objetivos e subjetivos que compõem a sua admissibilidade”. Lado outro, a apelação “será julgada deserta por falta de preparo (quando se tratar de apelação intentada pelo querelante)”. A análise de denegação de recurso é o juízo de admissibilidade.
 No Processo Penal, ocorre a dupla análise recursal. Quando o juiz recebe um recurso, seja o recurso em sentido estrito ou apelação, ele precisa fazer um juízo de admissibilidade. Ele determina se recebeu e o recurso pode tramitar e, ao chegar ao segundo grau, faz-se uma nova análise recursal; ou se denega o segmento daquele recurso por não estar presente determinar requisito. Em regra, quando se denega a tramitação de um recurso, juiz de execução ou juiz em primeiro grau, da denegação cabe carta testemunhável. Essa é a regra.
 Exceção é quando a denegação é da apelação.
VIII. Inciso XVI: caberá a interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial, pouco importando se a questão prejudicial é de suspensão obrigatória ou facultativa.
 Há as questões prejudiciais heterogêneas: obrigatória (artigo 92) e a facultativa (artigo 93). Em razão dessas questões prejudiciais heterogêneas, pode ser que o juiz ordene a suspensão do processo ou denegue a suspensão do processo: 
1. Quando o juiz ordene a suspensão do processo e a parte não gostou cabe RESE;
2. Quando o juiz denegue a suspensão do processo: de acordo com o artigo 93, § 2º, do CPP, não cabe recurso pode caber HC ou MS.
IX. Inciso XXV: caberá a interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão que recusar homologação à proposta de acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do mesmo Código.
 Interpretado extensivamente para fins de também se admitir a interposição de recurso em sentido estrito contra a decisão judicial que recusar homologação à proposta do acordo de colaboração premiada (Lei n. 12.850/13, art. 4º, §8º). 
 Pode ser que Ministério Público recuse a proposta do acordo de não persecução penal. Nesse caso, aplica-se o artigo 28-A, § 14. Por outro lado, se o juiz recusa a homologação do ANPP, há o artigo 581, inciso XXV: recurso em sentido estrito. 
· APELAÇÃO:
 É o recurso cabível para a impugnação das sentenças (condenatórias ou absolutórias), assim como das decisões definitivas e com força de definitivas, nas hipóteses do art. 593 do CPP.
· Apelação plena ou ampla (contra todo o julgado); 
· Apelação limitada, parcial ou restrita (contra parte do julgado).
PROCEDIMENTO DA APELAÇÃO:
 1º Passo: interposição da apelação Prazo de 5 dias. A apelação pode ser interposta por petição ou a termo. 
 Art. 593. Caberá apelação no prazo de 5 (cinco) dias:  
 2º passo: o recorrente será intimado para apresentar as razões, gozando do prazo de 8 dias.
 3º passo: a parte contrária será intimada para formular contrarrazões, gozando do prazo de 8 dias. 
Art. 600, caput, primeira parte, do CPP: o prazo para a apresentação das razões e contrarrazões recursais é de 8 dias.
 
 A segunda parte do caput do art. 600 do CPP dispõe que, no caso das contravenções penais, o prazo para as razões e contrarrazões recursais é de 3 dias. 
· Juizado especial criminal (Lei 9.099/95);
· Lei Maria da Penha.
EXEMPLOS: 
a. Suponha a seguinte situação: uma condenação em um roubo com uma pena de 5 anos e 4 meses de reclusão, a qual se interpõe uma apelação; o prazo, nesse caso, é aplicado conforme o CPP. É um delito sujeito ao procedimento comum ordinário. O prazo de interposição é de 5 dias, razões é de 8 dias, pois é um crime, e contrarrazões em 8 dias.
b. No segundo caso: uma condenação em uma infração de menor potencial ofensivo – uma ameaça, por exemplo – de 1 ano de detenção; interpõe-se a apelação. Esse caso está dentro da Lei n. 9.099/95, do procedimento sumaríssimo do juizado especial criminal. No artigo 82, essa apelação tem prazo de 10 dias, prazo único para quem está interpondo e um prazo único para quem está se manifestando em contraditório.
c. Em uma terceira situação: uma condenação em uma contravenção penal de vias de fato praticado por um homem, marido, na qual se encaixa a Lei Maria da Penha. Interpõe-se a apelação. Nessa hipótese, não é possível aplicar a Lei n. 9.099/1995. As contravenções penais, de regra, estão nessa lei, mas aqui não é qualquer contravenção, mas uma da Lei Maria da Penha, que proíbe essa aplicação nos termos do artigo 41. Aplica-se o regramento do Código de Processo Penal. A interposição é de 5 dias; razões e contrarrazões, por ser uma contravenção penal, são em 3 dias. Isso é disposto no artigo 600.
4º passo: com as razões e contrarrazões, cabe ao juiz remeter o recurso para julgamento pelo tribunal, inexistindo juízo de retratação.
 Questões complementares: 
· A apelação pode subir ao julgamento pelo tribunal COM OU SEM as razões. 
· O apelante pode OPTAR por formular as razões diretamente no tribunal. 
· No juizado especial, a apelação goza do prazo de 10 dias, sendo interposta já com as razões (art. 82 da Lei n. 9.099/1995). 
· O tribunal pode converter o julgamento em diligências, autorizando provas complementares, inclusive, o reinterrogatório do réu. 
 A apelação da sentença emanada do júri tem fundamentação vinculada, pois é limitada diante das hipóteses listadas no inciso III do art. 593 do CPP (Súmula n. 713 do STF). Pode-se apelar da sentença do júri em quatro estritas hipóteses: 
1. Havendo nulidade; 
2. quando o juiz presidente decide, contrariando a lei ou os quesitos; 
3. quando o juiz presidente erra ou é injusto no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; 
4. quando os jurados decidirem de forma manifestamente contrária às provas dos autos. 
 Trata-se de uma regra de controle intenso, trazendo uma estabilidade estrita quando há apelação de uma sentença emanada do júri.
HIPÓTESES DE CABIMENTO: 
· Art. 593, inciso I, do CPP, caberá apelação, no prazo de 5 dias, das sentenças definitivas de condenação ou absolvição proferidas por juiz singular; 
· Será cabível apelação contra a absolvição sumária prevista no art. 397 do CPP; 
· Art. 416 do CPP, no rito do Tribunal do Júri, contra a sentença de impronúncia ou de absolvição sumária também caberá apelação.
· Decisões do Tribunal do Júri (na segunda fase do Júri): Art. 593, inciso III, do CPP, das decisões do Tribunal do Júri, caberá apelação, no prazo de 5 dias, quando: 
a. ocorrer nulidade posterior à pronúncia;
b. for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;
c. houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou da medida de segurança; 
d. for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos. 
 Súmula 713 do STF, "o efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos fundamentos da sua interposição". Os desembargadores podem anular a sentença e determinar novo julgamento, por essa razão que o princípio da soberania constitucional dos veredictos não é absoluto. 
RAZÕES E CONTRARRAZÕES RECURSAIS: Ausência e Possibilidade de Apresentação na Instância Superior: 
· Art. 601, caput, do CPP, findos os prazos para as razões e/ou contrarrazões recursais, os autos serão remetidos à instância superior, com ou sem elas (mera irregularidade). 
· Art. 600, §4º, do CPP, se o apelante declarar, na petição ou notermo, ao interpor a apelação, que deseja arrazoar na superior instância serão os autos remetidos ao Tribunal “ad quem” onde será aberta vista às partes, observados os prazos legais, notificadas as partes pela publicação oficial (não há possibilidade de isso ocorrer no RESE).
 Obs.: Ao interpor a apelação, no prazo de 5 dias, pode-se declarar, na peça de interposição, que não se quer apresentar as razões em primeira instância, mas sim apresentá-las diretamente no segundo grau. Com isso, o prazo para esta apresentação aumenta. Peça de interposição: Onde o juiz irá analisar os pressupostos recursais, dentre eles, a tempestividade.
Princípio da Unirrecorribilidade das Decisões (Unicidade ou Singularidade Recursal): 
 Art. 593, § 4º: quando cabível a apelação, não poderá ser usado o recurso em sentido estrito, ainda que somente de parte da decisão se recorra. Ex.: desclassificação e impronúncia na primeira fase do Tribunal do Júri.
Relembrando: Desclassificação: Recurso em sentido estrito. Impronúncia: Apelação.
Embargos Infringentes e de Nulidade: 
 Art. 609, Parágrafo único. Quando não for unânime a decisão de segunda instância, desfavorável ao réu, admitem-se embargos infringentes e de nulidade, que poderão ser opostos dentro de 10 (dez) dias, a contar da publicação de acórdão, na forma do art. 613. Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto de divergência.
 Observação: 
· desde que desfavoráveis ao acusado; 
· recursos exclusivos da defesa;
· acórdão não unânime;
· não são cabíveis no âmbito das Turmas Recursais dos Juizados Especiais Criminais, porquanto estas não são Tribunais de 2ª instância.
 Exemplo de Questão: João foi condenado a uma sentença de 5 (cinco) anos e 4 (quatro) meses por crime roubo. A defesa interpôs a apelação no prazo de 5 (cinco) dias e mais 8 (oito) dias para apresentar as razões. Na peça da defesa foi pedido 3 (três) pontos: 
 1. Preliminar de nulidade; 
 2. Absolvição por falta de provas; e 
 3. Retirada da causa de aumento do emprego de arma de fogo. 
 Esta apelação encaminhou-se para segunda instância e os desembargadores decidiram que: 1. TODOS (3x0) entenderam não ser caso de nulidade; 2. TODOS (3x0) entenderam que era caso de condenação; 3. PARTE (2x1) dois desembargadores se entenderam por manter o emprego da arma, entretanto, atendeu ao pedido de retirada do emprego de arma de fogo. 
 As teses 1 e 2 não cabem embargos de nulidade (tese 1) nem infringentes (tese 2), pois ambas foram decisões unânimes. Já, a tese 3 tem uma decisão não unânime, então desta tese caberá oposição de embargos infringentes no prazo de 10 dias. Como houve 1 desembargador a favor da sua tese, a defesa opõe embargos infringentes para levar esta matéria para a Câmara Criminal, onde haverá maior quantidade de desembargadores, assim podendo convencer mais desembargadores a votarem de acordo com o primeiro que votou a favor.
· EMBARGOS DE DECLARAÇÃO 
 Há os embargos de declaração tanto no CPP quanto na Lei n. 9.099/1995.
 Art. 382, CPP. Qualquer das partes poderá, no prazo de 2 (dois) dias, pedir ao juiz que declare a sentença, sempre que nela houver obscuridade, ambiguidade, contradição ou omissão.
 Art. 619, CPP. Aos acórdãos proferidos pelos Tribunais de Apelação, câmaras ou turmas, poderão ser opostos embargos de declaração, no prazo de dois dias contados da sua publicação, quando houver na sentença ambiguidade, obscuridade, contradição ou omissão.
 Os embargos de declaração são um instrumento facultado às partes visando à integração (não à substituição) de decisões judiciais, sejam estes acórdãos, sentenças ou decisões interlocutórias. 
 Assim, embargos de declaração é em face de qualquer decisão judicial, seja de um juiz de primeiro grau, seja de um desembargador ou ministro. Nos outros recursos, apelação, por exemplo, não é o mesmo órgão que julga. Recurso em sentido estrito, apesar de ter a possibilidade do juízo de retratação, aquele recurso sobe para o tribunal do segundo grau. A apelação quem analisa é o tribunal do segundo grau. Os embargos de declaração são a exceção. 
 A hipótese do embargo é de que uma decisão foi proferida que contém algum vício – a decisão é ambígua, contraditória, obscura ou omissa. Esse vício precisa ser sanado. A depender do interesse recursal, opõe-se embargos de declaração em face dessa decisão para corrigir, algo que precisa ser feito pelo mesmo órgão.
Vícios: 
1. IAMBIGUIDADE: ocorre quando a decisão, em qualquer ponto, permite duas ou mais interpretações; 
2. OBSCURIDADE: ocorre quando não há clareza na redação da decisão judicial, de modo que não é possível que se saiba, com certeza absoluta, qual é o entendimento exposto na decisão
3. OMISSÃO: vício decorrente da falta de pronunciamento da decisão sobre ponto relevante;
4. CONTRADIÇÃO: ocorre quando afirmações constantes da decisão são opostas entre si. 
CARTA TESTEMUNHÁVEL (ARTS. 639 AO 646, CPP) 
 Art. 639 do CPP, dar-se-á carta testemunhável:
 I – da decisão que denegar o recurso;
 II – da que, admitindo embora o recurso, obstar à sua expedição e seguimento para o juízo ad quem. 
 Obs.: Há uma diferença entre o CPP e o CPC. Neste, não há mais o juízo de admissibilidade no juízo a quo. O recurso sempre sobe e é analisado pelo juízo ad quem. No CPP ainda há a dupla análise – os dois analisam juízo de admissibilidade recursal. 
 Assim, uma vez tendo recurso em sentido estrito ou agravo em execução que foram denegados ou não foi para o juízo ad quem, faz-se a carta testemunhal. Note que aqui o prazo se dá em horas. Exceção:
 Art. 581, inciso XV, do CPP, da decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta caberá RESE. Prazo de 48 horas. Possui efeito regressivo (como no RESE e no agravo em execução)
Ação de impugnação de impugnaçãoAção de impugnação de impugnação
HABEAS CORPUS
 O habeas corpus é a ferramenta projetada no art. 5⁰, inc. LXVIII, da Constituição Federal como cláusula pétrea, que irá defender o direito líquido e certo de locomoção dos indivíduos, contra a ilegalidade ou abuso de poder, atual ou iminente, que comprometa o direito de ir, vir ou ficar. Os demais direitos com liquidez e certeza serão guarnecidos por mandado de segurança, já o principal direito, de ir, vir ou ficar, será tutelado pelo HC: 
 Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
 LXVIII – conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
 Natureza jurídica: o HC é enquadrado como ação autônoma de impugnação, inaugura uma nova relação jurídica processual, podendo ser impetrado até mesmo depois do trânsito em julgado da condenação. 
LEGITIMIDADE:
· Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode impetrar o HC, a legitimidade ativa é válida para TODOS, incluindo menores de idade, pessoa jurídica, analfabetos ou inimputáveis por transtorno mental, de forma que o HC é visto como uma ação penal popular não condenatória.
Obs.: só não é admitido o HC apócrifo (anônimo).
· Legitimidade passiva: o legitimado passivo da ação de HC é o autor da ilegalidade ou do abuso de poder, que, normalmente, é um funcionário público. Porém, nada impede que o HC tenha no polo passivo uma pessoa comum, notadamente nas relações médico-hospitalares.
· Paciente: é a pessoa beneficiada pela ação do HC, que teve a sua liberdade de locomoção cerceada ou cuja liberdade laboratorial está na iminência de restrição. Notadamente, o paciente é uma pessoa física, todavia, existe precedente no Supremo Tribunal Federal admitindo HC em favor de pessoa jurídica, especialmente nos crimes ambientais.
Modalidades de HC (classificação): 
a. HC liberatório/repressivo: nesta modalidade, a liberdade de locomoção do paciente já está restringida, ou seja, ele está custodiado, portanto, o êxito do HCpossui impacto na expedição do alvará de soltura, pois o paciente será liberado a partir do momento que o HC for acolhido. 
b. HC preventivo: pode ser impetrado quando o indivíduo antever o encarceramento, risco iminente à liberdade de locomoção. Logo, o êxito do HC leva à expedição de um salvo-conduto, uma ordem judicial que impede a prisão de um indivíduo por um determinado fato. 
c. HC suspensivo: quando há um mandado de prisão expedido, porém, a ordem ainda não foi cumprida. Ao impetrar o HC, o que se pretende é a expedição de uma contraordem ou de um contramandado de prisão. Diferentemente do HC preventivo, quem impetra o suspensivo não deseja a expedição de um salvo-conduto, o êxito do suspensivo leva a uma contraordem ou contramandado de prisão.
d. HC para trancar o inquérito policial ou o processo: hipoteticamente, quando um delegado instaura um inquérito para apurar um fato que não está previsto na lei como crime, é possível que o investigado contrate um advogado para impetrar o HC. Seu êxito leva à imediata extinção do procedimento, em razão de uma manifesta ilegalidade.
e. HC para a declaração de nulidade: em casos de nulidade patente no processo, é possível apontar o juiz como autoridade coatora e impetrar o HC no tribunal, com o intuito de que seu êxito leve à declaração da nulidade do processo, o que mostra a multifuncionalidade do HC. 
f. HC para a declaração da extinção de punibilidade: a extinção de punibilidade é regulada no art. 107 do Código Penal e tem como fato gerador diversos eventos jurídicos:
 Art. 107. Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei n. 7.209, de 11/07/1984) 
 I – pela morte do agente; 
 II – pela anistia, graça ou indulto;
 III – pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso;
 IV – pela prescrição, decadência ou perempção;
 V – pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de ação privada;
 VI – pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite
 IX – pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
COMPETÊNCIA PARA JULGAR O HC:
 Primeira regra: normalmente, a competência para o julgamento do HC é indicada em razão da autoridade coatora. Vejamos: 
a. Pessoa comum: quando uma pessoa comum é responsável por uma ilegalidade, dando margem ao manejo do HC, ele será impetrado perante o juiz de 1⁰ grau.
b. Delegado estadual: quando este comete algum crime, é julgado perante o juiz estadual de 1⁰ grau, logo, quando o delegado estadual for o coator, o HC também será julgado pelo juiz estadual de 1⁰ grau. 
c. Delegado federal: ao cometer um crime, o delegado federal é julgado pelo juiz federal de 1⁰ grau, pois não aproveita do foro prerrogativa de função, logo, se ele é o coator, o HC será impetrado perante o juiz federal de 1⁰ grau.
d. Membro do Ministério Público estadual: quando qualquer membro do MP estadual comete um crime, o julgamento é feito pelo Tribunal de Justiça, logo, se são coatores, o HC é impetrado também no TJ.
e. Membro do Ministério Público da União que atua em 1⁰ grau: quando um membro do MPU comete algum crime, é julgado no Tribunal Regional Federal, onde também será impetrado o HC, caso o membro seja coator.
f. Juiz estadual de 1⁰ grau: ao cometer um crime, o juiz é julgado no TJ, bem como lá será impetrado seu HC, caso seja o coator. Obs.: essa é a situação mais frequente para provas. 
g. Juiz federal de 1⁰ grau: ao cometer um crime, o juiz é julgado no TRF, logo, se ele é o coator, o HC é impetrado também no TRF.
h. Membro de Tribunal estadual ou regional: se os membros desses Tribunais, os desembargadores, cometerem algum crime, eles serão julgados no Supremo Tribunal de Justiça, e, se foram coatores, é no STJ que também será impetrado o HC.
i. Membro de Tribunal Superior: quando algum membro de Tribunal Superior comete algum crime, ele é julgado no STF, e quando é coator o HC é impetrado também no STF. Obs.: essa primeira regra, vista acima, é aplicável em boa parte das situações, mas não em todas.
j. Competência do STF para julgar HC: essa competência também é definida em razão de quem seja o paciente, no sentido de que, se o beneficiado pela ação do HC está submetido à jurisdição do Supremo, é o STF que irá julgar o HC, como está previsto no art. 102, inc. I, alínea d da Constituição Federal:
 Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I – processar e julgar, originariamente: 
 d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; 
k. Competência do STJ para julgar HC: pode também ser definida em razão de quem seja o paciente. Caso o beneficiado seja submetido à jurisdição do STJ, é lá que será impetrado o HC, como previsto no art. 105, inc. I, alínea d, Constituição Federal: 
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: 
 I – processar e julgar, originariamente: 
d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, o, bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;
l. Competência do juizado especial: 
· quando o juiz de 1⁰ grau do juizado especial é o coator o HC é impetrado perante a turma recursal.
· quando a turma recursal do juizado Estadual é a coatora o HC é impetrado do TJ,
· quando a turma recursal do juizado Federal é a coatora o HC será impetrado no TRF.
 CONCESSÃO DE LIMINAR: a liminar é a concessão imediata daquilo que é desejado no mérito do HC, lembrando que o HC é uma ação julgada em rito sumaríssimo e tutela a liberdade de locomoção. Então, existe a concessão de liminar no HC, apesar do silêncio da lei, e esse entendimento está pacificado em analogia ao que acontece com o mandado de segurança, que também defende os direitos de liquidez e certeza. 
 HIPÓTESES DE CABIMENTO: estão listadas no art. 648 do Código de Processos as hipóteses de cabimento do HC, sendo elas: se faltar justa causa, quando a autoridade é incompetente, se a pessoa está presa a mais tempo do que a lei determina, se cessou o motivo da prisão, se o processo for manifestamente nulo e se estiver extinta a punibilidade.
Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal:
I – quando não houver justa causa;
II – quando alguém estiver preso por mais tempo do que determina a lei;
III – quando quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo;
IV – quando houver cessado o motivo que autorizou a coação;
V – quando não for alguém admitido a prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza;
VI – quando o processo for manifestamente nulo;
VII – quando extinta a punibilidade
 ATENÇÃO: O Supremo destacou em três súmulas (693, 694 e 695), a seguinte ideia: não cabe HC se não existir risco à liberdade de locomoção, de maneira que, destacar o óbvio é essencial.
Questões complementares: 
· O art. 142 da CF, § 2⁰, afirma que não cabe HC quanto à prisão disciplinar do militar, para não colocar em risco a hierarquia militar. Atualmente, o entendimento do Supremo é que, não será impetrado o HC para combater a prisão disciplinar de militares no que diz RESPEITO A MÉRITO, mas, se a prisão for ilegal, é cabível impetrar HC para obter a libertação do militar. Exemplo: se a pessoa que determinou a prisão não possuía competência para fazê-lo, cabe o HC, pois não está sendo discutido mérito e sim legalidade.
Sistema recursal do HC:
· Julgamento do HC pelo juiz de 1⁰ grau: ao julgar um HC, ele pode conceder ou negar a ordem e, da concessão ou negação do HC pelo juiz de 1⁰ grau, cabe o recurso em sentido estrito (RESE). Como pode ser visto no art. 581, inc. X do Código Processo Penal: 
 Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
 X – que conceder ou negar a ordem de habeas corpus;
· Julgamento pelo TJ ou TRF: se o HC é impetrado no TJ ouno TRF e ele é negado, caberá recurso ordinário condicional (ROC) ao STJ (mais probabilidade de cair) . Obs.: agora, se o HC for concedido pelo TJ ou TRF, caberá recurso especial para o TJ e extraordinário para o TRF. 
· Julgamento do HC pelo STJ: caso o HC seja impetrado diretamente no STJ e sua ordem for denegada, caberá recurso ordinário constitucional para o STF.
	AÇÃO DE REVISÃO CRIMINAL	
 Conceito: É a ação autônoma que almeja reverter a coisa julgada material proveniente de uma sentença condenatória ou absolutória imprópria.
 A ação de revisão criminal está regulada no CPP, no capítulo dos recursos. Porém, é necessário nunca marcar em uma prova que ela se encaixa como recurso, mas como uma ação autônoma de impugnação.
 Natureza jurídica: Em que pese à regulação no capítulo dos recursos, ela é enquadrada como ação autônoma de impugnação, inaugurando uma nova relação processual. 
PRESSUPOSTOS: 
· Pressuposto lógico: Existência de decisão condenatória ou absolutória imprópria com trânsito em julgado.
ATENÇÃO: Não cabe revisão criminal em face de decisão absolutória própria com trânsito em julgado.
 Observação: Para o STF, a decisão que declara a extinção da punibilidade com base em atestado de óbito FALSO é inexistente, sem gerar qualquer efeito jurídico, então não precisa de revisão criminal, pois um ato inexiste NÃO PRDUZ EFEITO NENHUM. 
· Pressuposto formal: Demonstração do trânsito em julgado da decisão, o que é feito por meio de certidão (carta de sentença).
HIPÓTESES DE CABIMENTO (art. 621, CPP):
1. Quando a decisão condenatória ou absolutória imprópria é contrária ao texto da lei ou à evidência dos autos. A contrariedade ao texto da lei envolve o CP, o CPP, a CF, as leis especiais e os tratados e convenções internacionais. A contrariedade à evidência dos autos exige uma confrontação das provas e o resultado obtido na decisão. 
2. Quando a decisão for embasada em depoimentos, documentos ou perícias falsas. Percebe-se que a revisão é admitida quando a condenação tem por base prova ilícita. 
3. Quando são descobertas novas provas após o trânsito em julgado que justifiquem a absolvição ou o abrandamento da sanção.
 OBSERAÇÃO: De acordo com a Súmula n. 611 do STF, não sabe revisão criminal diante de uma nova lei favorável ao réu na fase da execução da pena, pois compete ao juiz da execução a aplicação da nova lei favorável ao executado.
 Súmula 611, STF. Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao Juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna.
COMPETÊNCIA PARA O JULGAMENTO DA REVISÃO CRIMINAL 
1. Decisão do juiz de 1º grau A competência é do TJ ou do TRF. 
2. Acórdão do TJ com trânsito em julgado A revisão é julgada pelo próprio TJ;
3. Acórdão do TRF com trânsito em julgado A revisão será julgada pelo próprio TRF (art. 108, I, “b”, CF).
4. Acórdão do STJ com trânsito em julgado A revisão será julgada pelo STJ (art. 105, I, “e”, CF).
5. Acórdão do STF com trânsito em julgado A revisão será julgada pelo próprio STF (art. 102, I, “j”, CF). 
 O Regimento Interno do Tribunal vai definir o órgão competente para julgar a revisão. Quando a decisão do juiz singular do juizado transita em julgado, a revisão é manejada na Turma Recursal. Quando a decisão da Turma transita em julgado, é a própria Turma que irá apreciar a revisão criminal.
 INDENIZAÇÃO: 
 Art. 630.  O tribunal, se o interessado o requerer, poderá reconhecer o direito a uma justa indenização pelos prejuízos sofridos.
 § 1o Por essa indenização, que será liquidada no juízo cível, responderá a União, se a condenação tiver sido proferida pela justiça do Distrito Federal ou de Território, ou o Estado, se o tiver sido pela respectiva justiça.
 § 2o A indenização não será devida:
 a) se o erro ou a injustiça da condenação proceder de ato ou falta imputável ao próprio impetrante, como a confissão ou a ocultação de prova em seu poder;
 b) se a acusação houver sido meramente privada.
 O provimento da revisão criminal autoriza que o Tribunal, devidamente provocado, fixe a indenização em virtude dos danos causados ao agente. Obs.: a alínea “b” do § 2º do art. 630 do CPP não tem respaldo constitucional, afinal, a indenização é devida quando a condenação é proveniente de ação pública ou privada.
 PRAZO: 
 Art. 622.  A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da pena ou após.
 Parágrafo único.  Não será admissível a reiteração do pedido, salvo se fundado em novas provas.
 A revisão criminal pode ser proposta a qualquer momento, não havendo prazo decadencial. Logo, a revisão pode ser manejada mesmo que o réu tenha cumprido toda a pena ou já tenha falecido. 
 Obs.: enquanto a ação rescisória, no processo civil, é submetida a prazo decadencial, a revisão criminal, no processo penal, não tem prazo. Ela pode ser ajuizada a qualquer tempo, mesmo depois que a condenação transitou em julgado, se o réu tenha cumprido toda a pena ou se este morreu. Além do espectro de mostrar qual é o cenário jurídico correto, ou seja, recobrar a justiça, é preciso recompor o patrimônio moral da pessoa que foi indevidamente condenada, e isso não tem preço.
LEGITIMIDADE:
 Art. 623.  A revisão poderá ser pedida pelo próprio réu ou por procurador legalmente habilitado ou, no caso de morte do réu, pelo cônjuge, ascendente, descendente ou irmão.
· Réu; 
· Procurador devidamente habilitado; 
· CADI (cônjuge/companheiro; ascendentes; descendentes; irmãos). 
 Obs.: o próprio réu, mesmo sendo leigo, pode apresentar a revisão criminal. Cabe ao Judiciário nomear um advogado dativo para continuar com a demanda.
EFEITO EXTENSIVO: 
 Quando o fundamento da revisão aproveita a todos os condenados, é necessário concluir que todos serão beneficiados, mesmo aqueles que não ajuizaram a ação (art. 580, CPP). Obs.: um condenado que não ajuizou a revisão criminal pode ser beneficiado pela ação proposta pelo seu comparsa, desde que o fundamento seja comum.
RECOLHIMENTO AO CÁRCERE:
 De acordo com a Súmula n. 393 do STF, o manejo da revisão criminal não exige o recolhimento ao cárcere. 
 Obs.: para o ajuizamento da revisão criminal, não é necessário que o sujeito esteja cumprindo a pena. Se a decisão condenatória transitou em julgado e o sujeito está foragido, admite-se o manejo da revisão criminal. O recolhimento ao cárcere não é premissa para que a revisão criminal seja conhecida e julgada.
Decisões do Juiz Presidente APÓS a primeira fase do tribunal do Jurí 
Absolvição Sumária ou da impronuncia
APELAÇÃO
Pronúncia ou da Desclassificação 
RESE
Prazo da APELAÇÃO
INTERPOSIÇÃO
5 DIAS
RAZÕES/CONTRARRAZÕES
8 DIAS
Prazo do RESE
INTERPOSIÇÃO
5 DIAS
RAZÕES/CONTRARRAZÕES
2 DIAS
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