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1 DERMATOPATIAS BACTERIANAS, VIRAIS, FÚNGICAS, RIQUETSIAIS E PROTOZOÁRIAS 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 4 2. DERMATOSES BACTERIANAS .......................................................................... 6 2.1. PIODERMITES ..................................................................................................... 7 2.2. PIODERMITE SUPERFICIAL ............................................................................... 8 2.3. PIODERMITES PROFUNDAS ............................................................................ 10 2.4. MICOSES SUPERFICIAIS ................................................................................. 12 2.5. DERMATOSES AURICULARES ........................................................................ 13 2.6. DOENÇAS PARASITÁRIAS CUTÂNEAS ........................................................... 14 2.7. INFESTAÇÃO POR CARRAPATOS .................................................................. 15 2.8. SARNA DEMODÉCICA ...................................................................................... 16 2.9. ESCABIOSE CANINA......................................................................................... 19 2.10. DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGAS ...................................... 20 2.11. MIÍASE ......................................................................................................... 21 3. DERMATOSES AMBIENTAIS ............................................................................ 23 4. AS DOENÇAS DE PELE CAUSADAS POR FUNGOS EM CÃES E GATOS ..... 24 4.1. CANDIDÍASE ...................................................................................................... 24 4.2. CRIPTOCOCOSE ............................................................................................... 25 4.3. DERMATOFITOSE ............................................................................................. 27 4.4. MALASSEZIOSE ................................................................................................ 28 4.5. PREVENÇÃO ..................................................................................................... 30 5. DERMATOPATIAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS .................................. 31 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 35 Figura 13: Cuidados com cães e gatos. .................................................................... 35 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 37 4 1. INTRODUÇÃO Figura 1: Dermatopatias em cães e gatos. Fonte: https://petcare.com.br/cuidados-com-caes-e-gatos-em-casa/ A pele é o maior órgão do corpo e funciona como uma barreira anatomo fisiológica entre o animal e o meio ambiente, fornecendo proteção contra lesão física, química e microbiológica. Este órgão é formado pela epiderme, derme e pela hipoderme. Desta maneira, a pele forma uma barreira protetora, sem a qual a vida seria impossível. Os principais componentes de defesa são o físico constituído por pêlos e estrato córneo, o químico por células e glândulas que produzem uma emulsão de sebo, suor e substâncias do cimento intercelular e o microbiano constituído pela microflora cutânea normal, onde se encontram principalmente bactérias. O número de bactérias na pele tende a variar de indivíduo para indivíduo, alguns possuem muitos microrganismos, ao passo que outros possuem poucos e este número pode permanecer constante, a menos que ocorra uma perturbação da microflora por tratamentos antibacterianos ou mesmo por mudanças no clima. Da mesma maneira, os estados doentios influenciam as espécies e o número de bactérias presentes na pele o que pode resultar em várias dermatoses. Além de bactérias, alguns gêneros de fungos encontrados em nosso ambiente também podem provocar doenças, micoses, nos animais. Assim, uma dermatofitose é uma infecção dos tecidos ceratinizados, unha, pêlo e estrato córneo provocada por fungos, dermatófitos como 5 Microsporum e Trychophyton. As dermatoses também podem ser causadas pelo ataque de muitos tipos de parasitas como sarnas, carrapatos, moscas, mosquitos, etc. Estes parasitas provocam grande irritação e sensibilização do animal e cada espécie possui um efeito particular na pele, além de serem importantes vetores ou hospedeiros intermediários de doenças bacterianas, riquetsioses e parasitárias. Além disso, outro problema de pele bastante comum em cães são as neoplasias onde a idade, a raça e o sexo do animal são fatores que influenciam na freqüência dessa patologia. A incidência destes problemas cutâneos em cães é bastante alta na atividade clínica de pequenos animais chegando a envolver cerca de 20 a 75% dos casos atendidos. 6 2. DERMATOSES BACTERIANAS Figura 2: Dermatoses bacterianas em cães e gatos. Fonte: https://www.acessa.com/animais/arquivo/artigo/2016/10/10-saiba-mais-sobre-tipos- dermatite-caes-gatos/ As doenças bacterianas da pele são vistas com mais freqüência em cães do que em qualquer outro mamífero. A maioria dos fatores envolvidos no aumento da suscetibilidade a piodermite está relacionada às diferenças anatômicas quando comparadas com outras espécies. O delgado e compacto extrato córneo canino, com seu material intercelular esparso e rico em lipídeos, representa uma barreira epidérmica pouco eficiente contra o potencial invasor de bactérias entre os folículos pilosos, acarretando uma freqüência aumentada da área de infecção bacteriana superficial. Estas infecções superficiais do folículo piloso representam o grupo mais comum de doenças bacterianas da pele nos cães. Conseqüentemente, o folículo piloso, no cão, deve ser considerado como uma porta de entrada de bactérias (IHRKE, 1996). Mason & Lloyd (1996) consideram que uma falha na estrutura do tampão lipídico-escamoso epitelial no óstio do folículo piloso canino pode favorecer o aparecimento de foliculites superficiais em cães. A flora microbiana da pele é composta de bactérias residentes e transitórias. As bactérias residentes multiplicam- se sobre a superfície da pele e no folículo piloso, mantendo uma população estática e consistente, e são consideradas como comensais inofensivos. As bactérias transitórias provavelmente proliferam na pele em locais ou membranas mucosas e sob circunstâncias normais não podem competir de forma eficaz com a flora residente estabelecida, para assegurar um nicho ecológico.O número total de bactérias 7 residentes encontradas na pele normal do cão não é grande. A respeito das várias classificações existentes, a que considera a profundidade da infecção mostra ser a mais útil do ponto de vista clínico, qual o tipo de doença subjacente, porque permite deduções terapêuticas e prognósticas. Quanto maior a profundidade da infecção, maior deverá ser o empenho terapêutico e o esforço para se descobrir a doença de base (CONCEIÇÃO & FABRIS, 1999). 2.1. PIODERMITES Figura 3: Piodermites. Fonte: https://dermatopet.com.br/piodermite-2/ A piodermite é um problema muito rotineiro na prática clínica. A infecção cutânea bacteriana pode ser primária, caso em que um tratamento apropriado freqüentemente resolve o problema. No entanto, muito mais comumente, a piodermite é secundária a outro problema subjacente, que altera a resistência da pele a uma reinfecção. Até que se identifique o problema subjacente, a infecção geralmente responde somente temporariamente à terapia e pode haver recidiva subseqüentemente. As piodermites são causadas por colonização bacteriana ou invasão da pele por estafilococos coagulasepositivos, geralmente o Staphylococcus intermedius que, na maioria das vezes, é o microrganismo iniciador. Nas piodermites crônicas, recorrentes ou profundas, podem se encontrar presentes invasores bacterianos secundários, como o Pseudomonas spp, o Proteus spp e a Escherichia coli (DUNN, 2001). 8 2.2. PIODERMITE SUPERFICIAL Figura 4: Piodermite superficial. Fonte: https://dermatopet.com.br/piodermite-2/ Nas piodermites superficiais, a foliculite é a mais comum das dermatoses, além de ser a de maior incidência entre os cães. As pústulas de impetigo e foliculite são muitas vezes apresentadas como desafios no diagnóstico, pois elas rompem facilmente (IHRKE, 1986). Na piodermite superficial ocorre uma invasão bacteriana da epiderme que pode se manifestar de duas formas. Na primeira forma as bactérias podem penetrar no estrato córneo com a subseqüente formação de pústulas subcorneanas. Na segunda forma, as bactérias podem invadir a abertura do folículo piloso, causando inflamação sendo chamada foliculite (SCOTT et al., 1996). A foliculite superficial em cães na maioria das vezes é causada pelo S. intermedius, embora outras espécies de estafilococos e bactérias possam estar envolvidas. Os microrganismos podem ser introduzidos por trauma local, uma infecção por contaminação devida a pelagens sujas ou tosa deficiente, seborréia, infestação parasitária (principalmente demodicose), fatores hormonais, irritantes locais ou alergias. Os agentes etiológicos mais comuns nas foliculites caninas são os estafilococos, os dermatófitos e os ácaros demodécicos podendo as foliculites superficiais progredir para foliculites profundas, furunculose e até celulite. Nesta dermatose, as lesões mais comuns são pápulas foliculares (lesão mais precoce), que podem ou não ser crostosas, colaretes epidérmicos, hiperpigmentação, escoriação, e alopecia. Porém, a pústula típica pode ser difícil de se encontrar, porque lesões pustulares são transitórias em cães e gatos, principalmente quando o paciente tem 9 prurido. Assim, as alterações clínicas dependem da densidade e do comprimento dos pêlos na área envolvida (SCOTT et al., 1996). Segundo Horton (1980), o impetigo é uma doença bacteriana geralmente causada por microrganismos Staphylococcus coagulase positivos. É mais comumente observado nos cães jovens antes da puberdade. Mas não é contagioso, nesta doença há fatores predisponentes como má nutrição, ambiente sem higiene, infecções virais ou doença imunomediada. Quando o impetigo for bolhoso está mais associado a distúrbios endócrinos como a diabetes melito, o hipotiroidismo, o hiperadrenocorticismo além de outras doenças debilitantes e, outros microorganismos causadores podem estar presentes como o Pseudomonas sp e a E. coli. A acne canina denominada de furunculose e foliculite do focinho e do queixo, caracterizada por uma doença cutânea papular e/ou pustular associada a folículos hiperceratóticos dilatados, furunculose e inflamação parafolicular, sendo sua etiologia e patogenia desconhecidas. As regiões do corpo onde ocorre com maior freqüência são o queixo e os lábios de cães jovens de raças de pêlo curto, como Doberman, Pinschers, Buldogues Ingleses, Dogues Alemães, Weimaraners, Rottweilers e Pointers (HARVEY & MCKEEVER, 2004). Já o intertrigo, também conhecido por piodermites de dobras cutâneas, desenvolve-se devido ao ambiente úmido, escuro, aquecido e com má circulação de ar, favorecendo o crescimento bacteriano e resultando em piodermite superficial. Essa dermatose caracteriza-se por uma inflamação exsudativa leve, onde a área acometida apresenta-se com odor fétido, podendo existir evidências de escoriações, alopecia e eritema ao redor da região da dobra cutânea. Além disso, esta dermatose tem predileção anatômica em certas raças como por exemplos na dobra labial de Cocker Spaniel, Springer Spaniel, São Bernardo e Setter Irlandês; na dobra facial de raças braquicefálicas, tipos braquicefálicos e Shar Pei; na dobra corporal de Shar Pei; na dobra da perna em raças condrodistróficos, Basset e Dachshund. E na dobra caudal nas raças Buldogue, Boston Terrier e Pug; Já na dobra vulvar não existe predisposição racial. (DUNN, 2001). 10 2.3. PIODERMITES PROFUNDAS Figura 5: Piodermites profundas. Fonte: https://fofuxo.com.br/doencas/piodermites-profundas.html Sob o ponto de vista de Scott et al. (1996), as piodermites profundas são infecções bacterianas grave que envolvem os tecidos mais profundos do que o folículo piloso. Estas piodermites não ocorrem espontaneamente em cães normais, pois, sempre há uma causa da infecção, e quando a infecção permanece localizada em uma pequena área, o traumatismo externo é a causa mais freqüente. Por outro lado, quando as lesões estão amplamente disseminadas pelo corpo ou generalizadas, o animal possui uma doença de base que deve ser pesquisada. Desta forma, os fatores que predispõem a uma piodermite profunda incluem a imunoincompetência do hospedeiro, lesão dérmica ou folicular grave causada por uma doença primária (demodicose grave) ou por um trauma (pressão, lambedura ou mordedura intensas e raspados) na região infectada. A piodermite profunda é menos freqüente que a superficial e podem ser subdividida em foliculite profunda, furunculose e celulite. Embora a foliculite profunda ocorra na base dos folículos, a ruptura folicular com resposta granulomatosa tecidual é observada na furunculose. Já a celulite sugere que a infecção está invadindo a derme e o panículo subjacente (IHRKE, 1986). A foliculite profunda e a furunculose iniciam como uma infecção superficial ou folicular ou de causa bacteriana, fúngica ou parasitária. Caso tenha uma distribuição 11 generalizada, deve-se suspeitar de causas como demodicose generalizada, infecção fúngica generalizada, erupções por drogas, anormalidades endócrinas, seborréia e imunosupressão. Geralmente, as bactérias presentes são S. intermedius, mas infecções cutâneas profundas estão mais sujeitas a apresentar infecções secundárias por Proteus sp., E. coli. e Pseudomonas. Toda foliculite crônica, de maneira especial se tiver furunculose, pode tornar-se granulomatosa ou piogranulomatosa. A furunculose. Independente da causa, frequentemente está associada à eosinofilia tecidual, que se relaciona a presença de um corpo estranho (ceratina ou pêlos). As lesões de foliculite e furunculose podem ocorrer onde houver folículos pilosos, porém tendem a ser mais comuns sobre os pontos de pressão ou no tronco (SCOTT et al., 1996). A celulite é uma infecção supurativa, grave e profunda, levando a edema extenso na área afetada e a pele quase sempre está friável, descorada e desvitalizada.Os tecidos enfraquecidos podem soltar-se ou ser removidos facilmente no processo. Estas infecções anaeróbicas caracterizam-se por evolução rápida, demarcação deficiente, edema tecidual e tumefação maciços e necrose. As feridas podem apresentar odor pútrido e são crepitantes se em alguns casos o microrganismo for produtor de gás (Clostridium spp). Conforme o microrganismo, as toxinas podem ser produzidas e causar sinais sistêmicos graves (SCOTT et al., 1996). Desta forma, quando o fator predisponente for o autotraumatismo da pele essa lesão será um processo pruriginoso e doloroso que pode ampliar-se em questão de horas chamada também de dermatite úmida aguda (“mancha quente”) que, geralmente, corresponde a uma lesão alopécica única circunscrita, eritematosa, espessada e erosiva, apresentando um exsudado fino sobre a superfície tornando os pêlos periféricos emaranhados sobre a lesão (DUNN, 2001). Assim, as afecções subjacentes que podem se encontrar associadas ao desenvolvimento da dermatite úmida aguda tem algumas categorias patológicas como às dermatopatias alérgicas (Dermatite alérgica a picada de pulgas, alergia alimentar, dermatite alérgica de contato, hipersensibilidade estafilocócica), a infestação por ectoparasitas (sarna sarcóptica canina e queiletielose), as otites externas (otite externa alérgica, otite externa ceruminosa), as causas ambientais (dermatite irritante de contato, má-higiene e carrapichos ou barbas de plantas na pele ou no pelame), os distúrbios musculoesqueléticos (displasia coxofemoral, artropatia degenerativa, artrite 12 e outras artropatias) e os problemas do saco anal (implantação dos sacos anais e saculite anal) (ROSSER & SAM, 1991). 2.4. MICOSES SUPERFICIAIS Figura 6: Micoses superficiais. Fonte: https://secad.artmed.com.br/blog/medicina-veterinaria/micoses-em-animais-alem-do- tratamento/ As micoses superficiais são infecções fúngicas que envolvem as camadas superficiais da pele, pêlo e unhas. Uma extensa variabilidade de lesões pode ocorrer nas dermatofitoses, podendo mimetizar inúmeras outras dermatoses (SPARKES et al., 1993). A alopecia, bastante freqüente nas dermatofitoses, é usualmente observada (JAHAM & PARADIS, 1997; NESBITT & ACKERMAN, 1998; PEPIN & OXENHAM, 1986; SMITH, 1988; YAMAMURA et al., 1997). Além disso, podem-se encontrar inúmeros agentes etiológicos causadores de micoses cutâneas em cães, porém os mais comuns são o Microsporum spp, e Trichophyton mentagrophytes e pelas leveduras Malassezia pachydermatis e Candida albicans, são as afecções fúngicas mais freqüentes que acometem os cães. Segundo dados da literatura brasileira e internacional, a ocorrência de dermatófitos em cães é em torno de 12,5% (ALDOORY Y.; VICE & OLIN D, 1968; BONE & JACKSON, 1971). Os agentes etiológicos são transmitidos por contato com pêlo e caspa infectados ou com elementos fúngicos nos animais, no ambiente ou em fômitos, como escovas, pentes, cortadores, camas, caixas de transporte e todos acessórios à tosa, movimentação e manutenção do animal em casa são fontes potenciais de infecção e 13 reinfecção. No caso do Microsporum canis pode ser cultivado da poeira, de ventiladores para aquecimento e filtros de forno. Como em visitas a criadores gatos e a múltiplas famílias podem adquirir microrganismos (GREENE, 1990). A dermatofitose se destaca entre as dermatoses por ser uma zoonose, assim sua importância em saúde pública é evidente (CUADROS et al., 1990; LEWIS et al., 1991; SCOTT & MILLER, 1999; SCOTT & PARADIS, 1990; TORRES & MOREIRA, 1994). Nesta dermatose os animais com idade até 12 meses parecem ter uma maior predisposição quanto à infecção por dermatófitos (GAMBALE et al., 1987; SMITH, 1988; SPARKES et al., 1993). Por outro lado, outros autores relatam a inexistência de uma predisposição sexual (SMITH, 1988; LEWIS et al., 1991). Já em cães, há uma predisposição racial, especialmente para o Yorkshire (SPARKES et al., 1993). Com relação à sazonalidade não se observou influência na incidência de dermatofitoses (LARSSON et al., 1997; LEWIS et al., 1991; WARNER, 1984). Segundo Machado (2004) em estudo no Brasil, as micoses cutâneas, que atacam os cães com maior freqüência são causadas principalmente pelos dermatófitos Miscroporum spp e Trichophyton mentagrophytes e pelas leveduras Malassezia pachydermatis e Candida albicans. 2.5. DERMATOSES AURICULARES Além das dermatoses cutâneas, é bastante freqüente observar problemas auriculares em cães, assim, a otite refere-se à inflamação do órgão de audição, pode acometer diferentes porções do ouvido, sendo denominado de otite externa, quando apenas o pavilhão auricular está inflamado, e de otite interna, com a inflamação o ouvido interno, trazendo transtornos ao equilíbrio e sendo denominada labirintite quando a cóclea é atingida (ETTINGER, 1997). Desta forma, vários fatores podem estar envolvidos no desenvolvimento de uma otite externa. Podendo ter as causas primárias que são aqueles capazes de iniciar a inflamação, como a atopia, corpos estranhos e afecções auto-imunes. Há ainda os fatores predisponentes que tornam a orelha mais suscetível à inflamação, por exemplo, pina pendulosa, condutos auditivos estenosados e umidade excessiva, 14 embora por si só não causem a otite. E por último os fatores perpetuantes, responsáveis pela continuação da resposta inflamatória, sendo a infecção bacteriana o mais comum (ETTINGER, 1997). As otites médias e internas geralmente são de evolução crônica e em conseqüência de otites externas que não foram tratadas ou que foram medicadas sem êxito. Assim, na otite externa, a inflamação crônica resulta na alteração do ambiente normal do canal auditivo. Desta forma, as glândulas apócrinas, que secretam cerume aumentam seu volume e conseqüentemente a produção de cera, a epiderme e a derme tornam-se espessadas e as dobras do canal auditivo apresentam diminuição do seu diâmetro. As otites médias e internas, além de serem causadas pela extensão de uma otite externa, podem se desenvolver também pela extensão de infecções das cavidades, oral e nasal, ou ainda por disseminação de uma infecção sistêmica (WERNER, 2003). A ocorrência de otites não está ligada ao sexo do animal nem à estação do ano. Por outro lado, os cães de orelhas longas, em especial Spaniels, Poodles, Kerry Blues Terriers, Labrador Retrivier e raças com grande quantidade de pêlos no conduto auditivo são mais acometidas (KIRK et al., 1985). 2.6. DOENÇAS PARASITÁRIAS CUTÂNEAS Os carnívoros domésticos, cães e gatos, são hospedeiros freqüentes de ectoparasitas, sendo os artrópodes os maiores causadores de afecções cutâneas. Assim, as lesões cutâneas mais comuns são causadas por ácaros da sarna e carrapatos, e por insetos como os piolhos e as pulgas. Além destes ectoparasitas, as moscas, mosquitos, aranhas, vespas e formigas, também podem causar lesões cutâneas (NOLI, 2002). 15 2.7. INFESTAÇÃO POR CARRAPATOS Figura 7: Infestação por carrapatos. Fonte: https://www.petz.com.br/blog/saude-e-cuidados/como-eliminar-pulgas-e-carrapatos-em- caes-e-gatos/ As lesões provocadas por carrapatos variam de uma simples irritação cutânea a uma anemia e, em alguns casos, ocorrendo paralisias devido à produção de toxinas por estes ectoparasitos. Além disso, algumas doenças podem ser veiculadas através da picada destes artrópodes, como exemplos têm a babesiose, erliquiose, rickettsiose e borreliose, pela picada de carrapatos. Da mesma forma, o local da picada por carrapatos pode ser uma importante porta de entrada de bactérias, levando a uma infecção secundária (NOLI, 2002). Existem duas famílias de carrapatos com interesse para a medicina veterinária, a ixodidae (carrapatos de corpo duro) e a argasidae (carrapatos de corpo mole). Destas duas famílias a ixodidae é a que contém espécies maisespecializadas e altamente parasitárias, sendo mais prolíferas e infestando todo o campo ocupado por seus hospedeiros (MORIELLO, 1987). Desta forma, a maior ocorrência de problemas clínicos deve-se a infestação por ixodídeos. (APPEL & JACOBSON, 1995). Além do grande número de espécies estes carrapatos podem ser vetores de muitos microrganismos causadores de doenças como o Rhipicephalus sanguineus (Babesia gibsoni, Erlichia canis, Hepatozoon canis); Dermacentor andersoni: Babesia canis, Rickettsia rickettsii), Amblyoma maculatum (Leptospira pomona), Amblyoma americanum (R. rickettsii); Ixodes dammini, Ixodes pacificus e Ixodes ricinus: Borrelia burgdorferi (doença de Lyme) (APPEL & JACOBSON, 1995). Já os carrapatos argasídeos são mais primitivos e menos freqüentemente parasitários, são menos prolíferos infestando as instalações ocupadas por seus hospedeiros (MORIELLO, 1987). Este carrapato também tem importância clínica em 16 cães e gatos, como o Otobius megnini que parasita o ouvido dos animais, porém neste gênero apenas a larva e a ninfa são parasitas. As lesões observadas em animais parasitados são de uma simples irritação cutânea no local da picada, reações de hipersensibilidade e até paralisias ocasionadas pela inoculação de secreções tóxicas (KIRK et al., 1985). 2.8. SARNA DEMODÉCICA Figura 8: Sarna Demodécica. Fonte: https://omeuanimal.com/sarna-demodecica/ Além dos carrapatos existem os ácaros causadores de dermatoses como a demodicose que é conhecida também como sarna demodécica, demodiciose, sarna folicular ou sarna vermelha sendo uma doença parasitária inflamatória em cães distinguida pela presença de ácaros demodécicos em quantidade maior que os números normais (SCOTT et al., 1996), mas também é uma das desordens cutâneas parasitárias mais freqüentes em cães. O agente etiológico da demodicose em cães é o Demodex canis, e normalmente, estes ácaros habitam os folículos pilosos, mas também podem ser encontrados nas glândulas sebáceas e apócrinas adjacentes (WILLEMSE, 2002). O ácaro Demodex canis é parte da fauna normal da pele canina e encontram- se em números reduzidos na maioria dos cães saudáveis (NUTTING, 1976), todas as fases do seu ciclo evolutivo ocorre sobre o hospedeiro. Desta forma, quando por algum motivo, esse equilíbrio entre hospedeiro e parasito é rompido, o número deste 17 ácaro pode aumentar provocando alopecia e eritema na pele dos animais (SAKO, 1964). A transmissão dos ácaros causadores de sarna é principalmente pelo íntimo contato entre animais sadios e doentes. Assim, é comum observar, a transmissão da cadela para sua prole especialmente para neonatos lactentes devido ao contato direto no período de vida neonatal (GAAFER & GREEVE, 1966). Nos filhotes os ácaros são encontrados primeiramente no focinho demonstrando a importância do contato direto com a mãe. Alguns autores demonstraram a presença dos ácaros nos folículos pilosos dos filhotes com apenas 16 horas de vida. Já em filhotes nascidos de cesariana e alimentados artificialmente não se observou a presença dos ácaros reafirmando a importância do contato na transmissão, além de deixar evidente que a transmissão intra-uterina não ocorre (SCOTT, 1974; NUTTING, 1976). Além disso, MUNDELL (1998) relata que o aumento do número de Demodex na pele dos cães possa ser resultado de anormalidades genéticas e/ou problemas no sistema imune dos animais. Segundo DELAYTE (2002) a sarna demodécica pode ser classificada conforme sua distribuição corpórea e, ainda, em função da faixa etária de ocorrência das primeiras manifestações. Assim, a demodicose canina, segundo sua distribuição, é classificada em localizada ou generalizada e diferenciam-se não só pela extensão da região corporal acometida, mas, também, pelo decurso evolutivo e pelo prognóstico. Desta forma, a sarna demodécica localizada é aquela que envolve até cinco áreas de alopecia, geralmente circunscritas, de tamanhos diferentes, de aspecto eritematoso e com intensa deposição de escamas e crostas. Freqüentemente, nessa forma, não se evidencia o prurido (LEMARIÉ, 1996). Tais lesões são, mais habitualmente, observadas na região da face, especialmente nas áreas periocular, massetérica, de comissuras bucais e de extremidade dos “membros torácicos”. O curso desta forma da dermatopatia é benigno em 90% dos quadros e a remissão das lesões, freqüentemente, ocorre de forma espontânea (SCOTT; MULLER; GRIFFIN, 1995). Deste modo, apenas cerca de 10% dos casos localizados evoluem para a generalização sendo, então, aqueles que são encaminhados aos clínicos veterinários (BENSIGNOR; CARLOTTI, 1999). PARADIS (1999) relata que apesar da demodicose localizada ser, na maioria das vezes, auto-limitante os casos que se tornam generalizadas é considerado, ainda 18 hoje, como uma das mais graves doenças cutâneas caninas e durante anos foi considerada como uma doença frustrante para o clínico e desalentador para o proprietário, sobretudo quanto ao seu tratamento e prognóstico. Quando a demodicose torna-se generalizada, ela geralmente abrange amplas áreas do corpo, podendo ser mais restrita no inicio da doença. Assim, um cão que apresenta cinco ou mais lesões corporais ou comprometimento de dois ou mais pés possui demodicose generalizada. Esta dermatose começa na infância entre 3 a 18 meses de idade e se as lesões não se resolverem espontaneamente nem receberem tratamento adequado, o animal continua com a doença até a idade adulta. Desta forma, a faixa etária mais acometida, é entre dois e cinco anos de idade com muitos cães apresentando uma doença crônica. Por outro lado, a demodicose generalizada em animal adulto é rara, porém quando aparece pode ser mais séria do que a forma juvenil e geralmente associada à neoplasia maligna, à doença interna ou ao tratamento com drogas imunossupressoras (BARRIGA et al., 1992; DUCLOS, 1994; OWEN, 1969). Nos casos de demodicose generalizada, que evoluem para piodermite secundária, é comum a evidenciação de quadros de furunculose e de celulite, retratados pela perda de vitalidade tegumentar, intensa deposição de crostas hemo- melicéricas, drenando material piogênico além de um notável edema. Nesta fase, o prurido, a dor e a linfodenomegalia generalizada, freqüentemente, está presente. Assim, o acometimento generalizado, com envolvimento de outros órgãos, e com sintomas alarmantes pode até levar à opção pela eutanásia (LEMÀRIE et al, 1996). Quando a demodicose fica limitada às patas é chamada de pododemodicose e se caracteriza por tumefação das patas, com desenvolvimento de cistos interdigitais que ulceram e drenam um material serosangüinolento ou exsudativo. As regiões digital, interdigital e plantar estão quase sempre comprometidas com infecções bacterianas secundárias. A pododemodicose pode ser resultado de demodicose generalizada, na qual as lesões se curam em todos os locais, exceto nas patas. Nesta dermatose o prognóstico é ruim, pois é muito difícil a eliminação dos ácaros (HARVEY & MCKEEVER, 2004). A região interdigital pode estar envolvida, especialmente em Old English Sheepdog, sem que nele se evidenciem lesões em outras regiões corpóreas (SCOTT et al., 2001). 19 2.9. ESCABIOSE CANINA A escabiose canina é uma infestação intensamente pruriginosa causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei var. canis que é transmissível por contato direto de pele entre cães e humanos. Aproximadamente 60% das pessoas em contato íntimo com animais infestados poderão desenvolver pápulas pruriginosas em seus braços e tronco. Estes são escavadores e além de ser transmitido entre cães e o homem, este ácaro também pode infestar outras espécies animais (WILLEMSE, 2002; ARLIAN, 1984). O Sarcoptes scabiei var. canis é parasita obrigatório e completa todo seu ciclo vital, em torno de três semanas, no hospedeiro. O número de ácarosem relação à área de pele atingida é pequeno, o que faz com que muitas amostras de raspagem sejam negativas. Então, no caso de suspeita clínica, o diagnóstico pode também ser confirmado pela resposta terapêutica, além do caráter altamente contagioso desta dermatose (NOLI, 2002). Os ácaros preferem a pele com pouco pêlo, de forma que são mais comuns nas orelhas, cotovelos, abdome e jarretes. À medida que a doença se dissemina e o pêlo cai, podem eventualmente colonizar áreas maiores do corpo do hospedeiro. O ciclo total de vida pode completar-se em apenas três semanas. Os ácaros adultos são pequenos (200 a 400 µm), ovais e brancos, com dois pares de pernas curtas anteriormente, que possuem hastes longas não-unidas com sugadores (SCOTT et al., 1996). O padrão de distribuição da escabiose canina tipicamente envolve as porções ventrais do abdome, tórax e pernas. As orelhas e os cotovelos, hábitos favoritos dos ácaros, estão quase sempre acometidos e são os primeiros lugares para obterem-se raspados diagnósticos. Contudo alguns animais não possuem lesões nas orelhas. A doença dissemina-se rapidamente e pode envolver todo o corpo, mas o dorso geralmente é poupado. A alopecia esta presente e as lesões cutâneas precoces são características. Estas são pruriginosas, erupções avermelhadas papulocrostosas. Freqüentemente, apresentam crostas amareladas espessas e a coceira intensa e constante logo produz escoriação extensa (SCOTT et al., 1996). 20 2.10. DERMATITE ALÉRGICA À PICADA DE PULGAS Figura 9: Dermatite alérgica à picada de pulgas. Fonte: https://holywestie.com.br/dermatite-alergica-a-picada-de-pulga-dapp/ A hipersensibilidade à picada de pulgas (dermatite alérgica a picada de pulgas - DAPP) é uma dermatose pruriginosa, papular em cães que se tornam sensibilizados aos alérgenos produzidos pelas pulgas. É o distúrbio de hipersensibilidade cutânea mais comum em cães. A hipersensibilidade a essas proteínas induz edema local e infiltrado celular, que produzem a pápula eritematosa que pode ocorrer logo depois da picada (HALLIWELL et al., 1987). O grupo etário mais acometido é o de cães entre um a três anos de idade. Em cães, o prurido está presente, embora varie sua expressão e a capacidade do dono do animal em identificá-lo. As lesões são predominantemente sobre a região dorso-caudal, embora, em alguns animais, possam estar acometidos os membros, a região rostral do tronco e a cabeça. As demais alterações como alopecia (que pode ser simétrica), escoriação, hiperpigmentação e liquenificação, podem ser visíveis, ainda que o grau dessas alterações vá depender da duração da dermatose e da intensidade do prurido experimentado pelo animal (NESBITT, 1978). 21 2.11. MIÍASE Figura 10: Miíase. Fonte: https://www.peritoanimal.com.br/miiase-causas-sintomas-e-tratamento-22446.html A miíase é uma infestação de animais vertebrados vivos com larvas de Dermatobia hominis (GUIMARÃES & PAPAVERO, 1998; MANCHÓN et al. 1998; URQUHART et al., 1990). Os hospedeiros das larvas desta mosca incluem o homem, a maioria dos mamíferos domésticos, mamíferos silvestres, sendo os bovinos e os cães os mais acometidos (AIELLO, 1998). A D. hominis é encontrada na América Latina, do sul do México ao norte da Argentina (AIELLO, 1998; FORTES, 1997; URQUHART et al., 1990), não sendo descrita no Chile, no Nordeste brasileiro e no Pará (nos dois últimos devido ao clima quente e seco) (FORTES, 1997). É mais comum em regiões de matas e bosques (URQUHART et al., 1990). As larvas penetram na pele íntegra (FORTES, 1997; SCOTT et al. 1996) ou lesada (picada de insetos) (FORTES, 1997) resultando em inflamação local com dor e com uma produção gradual de pus (AIELLO, 1998). Estas formas adultas de muitas moscas põem ovos na pele úmida e aquecida de animais enfraquecidos e debilitados com feridas frenantes ou pelagens umedecidas por urina. Os animais que são atraentes não o são igualmente a todos os estágios para todas as moscas. À proporção que a pele rompe-se e se liquefaz, torna- se um hábitat mais propício para atrair melhor uma segunda ou terceira espécie de moscas. Califorídeos (varejeiras) alimentam-se apenas de tecido morto, enquanto as sarcófagas (moscas da carne) atacam o tecido vivo. As larvas encontradas nas 22 miíases cutâneas são altamente destrutivas e produzem lesões em extensas áreas com orifícios arredondados regulares na pele. Estes podem reunir para formar largos defeitos com margens recortadas. As larvas podem ser encontradas debaixo da pele e nos tecidos. As localizações preferidas são ao redor do nariz, olhos, boca, ânus e genitália, ou adjacente a feridas deixadas abertas. Os animais gravemente infestados podem morrer de choque, intoxicação ou infecção. A miíase é sempre uma doença por desleixo (SCOTT et al., 1996). 23 3. DERMATOSES AMBIENTAIS Dentre as dermatoses ambientais podemos relacionar, por exemplo, as dermatopatias por picada de mosca e mosquito que geralmente é causada pela mosca de estábulo Stomoxys calcitrans. Émais freqüentemente observada nos cães de pêlo curto, como Weimaraners e Bull terreirs, os quais são mantidos em áreas externas, principalmente nos climas quentes. É uma dermatose crostosa, pruriginosa, que afeta as extremidades das pinas, superfícies dorsal e lateral do tronco, e a região proximal dos membros (HARVEY & MCKEEVER, 2004). As ferroadas de abelha e picadas de aranha, são reações locais ou sistêmicas a toxinas ou corpos estranhos introduzidos por picadas, os ferrões das abelhas e de outros Hymenopteras possuem fosfolipases, hialuronidases e mediadores tipo bradicinina, agentes responsáveis pela vasodilatação local e pela sensação de dor que surgem depois das picadas. As aranhas e algumas taturanas podem causar reações localizadas pela implantação de espículas, ou por meio das picadas, que introduzem uma variedade de necro e neurotoxinas. Na maioria das reações a insetos e toxinas de artrópodes é localizada e caracterizam-se por eritema, edema e dor transitória. O tecido mole da face que exibe sinais, sendo observados edema e angioedema das pálpebras e de focinho. Ocasionalmente, pode-se observar urticária generalizada, tendo sido descritas ainda reações sistêmicas de natureza anafilática. As picadas de aranhas são intrinsecamente mais perigosas que as de Hymenopteras, com potencial para vasculite grave, necrose tecidual e reações sistêmicas (HARVEY; MCKEEVER, 2004). 24 4. AS DOENÇAS DE PELE CAUSADAS POR FUNGOS EM CÃES E GATOS As dermatopatias em cães e gatos representam grande parte do atendimento na clínica médica. Entre os alérgenos causadores dessas doenças, estão fungos, bactérias, parasitas, alergias, e até problemas hormonais. Veja a seguir os problemas de pele mais comuns que são causados por fungos. 4.1. CANDIDÍASE A candidíase é uma doença causada por leveduras (fungo unicelular) do gênero Candida spp, que pode atingir diversos sistemas do animal, principalmente o tegumentar (pele). Os quadros infecciosos podem ser ocasionados por várias espécies, como: a C. albicans, a C. tropicalis e a C. parapsilosis, sendo a primeira a principal delas. Essas leveduras habitam a pele, a mucosa oral, genital, respiratória, o meato acústico externo (estrutura auditiva) e o sistema digestivo. São consideradas integrantes da microbiota dos mamíferos e normalmente não provocam danos à saúde dos hospedeiros, a não ser que ocorra um desequilíbrio imunológico ou lesões nas barreiras anatômicas de proteção dos animais. Dessa forma, essas leveduras podem ser consideradas oportunistas, uma vez que causam malefícios apenas em situações específicas. A infecção começa a partir da imunossupressão, que favorece o crescimento desordenado das leveduras, tornando-aspatogênicas. Nesse caso, a imunossupressão pode estar associada a diversos fatores, como: idade, estresse, presença de doenças imunomediadas, desordens neoplásicas e uso prolongado de corticosteroides, de antibióticos ou de citostáticos (fármacos que inibem a reprodução ou o crescimento de células indesejadas). A candidíase afeta as mucosas, as junções mucocutâneas e diferentes partes da pele, como a pele abdominal, a pele do saco escrotal, o períneo, as dobras ungueais (estrutura das unhas), narinas, orelhas, planos nasais e dobras cutâneas (espaços interdigitais). Em casos mais graves, as leveduras desse gênero podem atingir o trato 25 urinário, o sistema gastrintestinal e o sistema reprodutor. No entanto, as infecções nesses sistemas são raras. Dessa forma, os sinais dermatológicos mais frequentes são: erosões úmidas e eritematosas (vermelhas), com contorno irregular e levemente edemaciadas, vesículas, crostas, úlceras, pápulas, pústulas e lesões alopécicas (caracterizadas por possuir pouca ou nenhuma pelagem em determinada área). Em casos de otite podemos observar a presença de inflamação, dor, descamação, coceira e edema. Diagnóstico O diagnóstico é feito por meio do exame físico (análise dos sinais clínicos) e de exames laboratoriais. Esfregaços direto das lesões são necessários para confecção de lâminas para análise microscópica. Para confirmação do agente etiológico é necessário o isolamento em cultura. 4.2. CRIPTOCOCOSE Figura 11: Criptococose. Fonte: https://www.pubvet.com.br/uploads/fb990bffe3e26e66aabe778726f87d60.pdf A Criptococose é uma enfermidade infecciosa sistêmica causada pelo fungo Cryptococcus neoformans, que está presente no solo e nos dejetos de aves contaminadas. Essa espécie de levedura é considerada oportunista por causar infecções apenas em seres que estão imunossuprimidos. Normalmente acomete 26 mamíferos domésticos, como os cães e gatos e é vista com maior frequência em regiões geográficas de clima quente e úmido. No caso dos gatos, que são os animais mais acometidos, a queda da imunidade está frequentemente relacionada ao uso exagerado de medicamentos (corticosteroides) e a doenças infecciosas, a exemplo da FeLV e do linfossarcoma. A transmissão dessa levedura acontece por meio da inalação dos esporos presentes no ambiente. Quando inalados, causam a chamada infecção primária, que afeta as narinas e os pulmões. Em seguida, ocorre a disseminação sistêmica por via hematógena ou linfática, chegando em outros sistemas do organismo, como o tegumentar e o nervoso. Os sinais clínicos mais comuns são: presença de pápulas, pústulas, vesículas, úlceras e nódulos. Na maioria dos casos, as lesões estão localizadas na cabeça (narina, lábios, língua, palato, gengiva) e nas regiões próximas ao pescoço. Diagnóstico A Criptococose é uma das micoses mais fáceis de ser diagnosticada pelo fato de possuir muitos elementos fúngicos nas lesões. O diagnóstico consiste no exame físico e na identificação das leveduras por meio do esfregaço e da análise em microscópio com auxílio da tinta nanquim. Posteriormente os microrganismos também podem ser cultivados em ágar de Sabouraud a 25°C – 35°C para a confirmação da doença. 27 4.3. DERMATOFITOSE A Dermatofitose é uma das enfermidades cutâneas mais importantes na clínica veterinária de pequenos animais por ser muito contagiosa e por ser considerada uma zoonose (transmitida do animal para o homem e do homem para o animal) de difícil tratamento. A doença é causada por um grupo de fungos queratinofílicos (que se nutrem através da ingestão de queratina) denominados de dermatófito. Esses tornam- se potencialmente patogênicos apenas em circunstâncias de imunodepressão. A transmissão acontece através do contato direto com os esporos dos fungos. Estes microrganismos podem estar presentes nos animais (pelos), no ambiente e em fômites, como em escovas, pentes ou camas. É importante destacar que os dermatófitos são bastante resistentes ao ambiente e que alguns animais assintomáticos também poder ser uma fonte de infecção. Os sinais clínicos da Dermatofitose variam de acordo com cada animal, mas na maioria dos casos o prurido (coceira) é moderado ou ausente. Na pele é possível notar a presença de crostas, escamas e alopecia circular (queda de pelo em regiões focais) expansiva e descamativa, unhas fragmentadas e pelos partidos. As lesões normalmente estão localizadas nas extremidades e na região da cabeça. Ocasionalmente os gatos apresentam uma dermatite com numerosas crostas de pequenas dimensões e otite ceruminosa. Diagnóstico Um dos possíveis métodos de diagnóstico é o exame microscópico das estruturas queratinizadas, que mostram as hifas dos fungos. Para tal finalidade, pelos partidos, escamas de lesões ativas e fragmentos de unhas devem ser examinados em óleo mineral. Se for preciso confirmar o diagnóstico, é indicado fazer uma cultura fúngica através do Meio de Teste de Dermatófitos (DTM). 28 4.4. MALASSEZIOSE Figura 12: Malasseziose. Fonte: https://www.peritoanimal.com.br/malassezia-em-gatos-sintomas-diagnostico-e- tratamento-22495.html A Malassezia spp. é um fungo que habita a pele de cães e gatos. Quando se proliferam em excesso no sistema tegumentar ou no canal externo do ouvido, podem agir como patógenos, causando inflamação dos tecidos. Existem diversas espécies desse gênero, e a M. Pachydermatis é encontrada com grande frequência nos exames clínicos. A malasseziose é o termo utilizado para caracterizar as dermatites causadas pelo aumento populacional da Malassezia spp. Esse aumento populacional normalmente está relacionado com algumas doenças primárias, como as endócrinas, imunológicas ou parasitárias, que afetam o sistema imune do animal e a pele do animal Dessa forma, podemos classificar a malasseziose como primária ou secundária. A malasseziose primária, menos frequente, acontece quando o animal não possui nenhuma alteração dermatológica, e após a proliferação do agente começa apresentar sintomas característicos da doença. Embora essas leveduras sejam consideradas oportunistas, elas também possuem capacidade de causar inflamações e reações de hipersensibilidade devido ao fato de produzir metabólitos nocivos e enzimas como as fosfolipases e proteinases. Já a malasseziose secundária, mais frequente, ocorre quando o animal possui alguma enfermidade na pele, que predispõe a proliferação da Malassezia spp com 29 maior facilidade. Nesse caso, a dermatite é agravada por consequência da multiplicação exacerbada desses patógenos que alteram ainda mais as funções de proteção da barreira cutânea, causando o aumento das lesões já existentes. As lesões primárias de dermatite por Malassezia spp. são caracterizadas pela presença de prurido. Já as lesões secundárias apresentam eritema (vermelhidão da pele), alopecia (queda de pelos), escoriações, liqueinificação (alteração da espessura da pele, que fica mais espessa e rígida) e hiperpigmentação. Na maioria dos casos, as regiões mais acometidas são: ouvido, pescoço, axilar, intertriginosa (dobras) e espaços interdigitais. Quando esses microrganismos atingem a região do canal externo do ouvido podem causar a otite. Os sinais mais comuns são dor, produção excessiva de cerúmen e o ato de balançar a cabeça repetidamente. Diagnóstico A maior dificuldade no diagnóstico dessa enfermidade é a quantificação, uma vez que a presença desse fungo na pele é comum quando não há excesso. Entretanto, técnicas como citologia (por meio de raspado cutâneo, suabes de algodão ou fita adesiva transparente), histologia e cultivo são as mais indicadas. Os tratamentos das quatro enfermidades citadas são bastante semelhantes. Em todos os casos é indicado uma terapia com medicamentos antifúngicos sistêmicose/ou tópicos, higienização das áreas afetadas, utilização de elizabetano (colar) para reduzir as lambidas e as mordeduras nas feridas, banhos terapêuticos e se necessário, o uso de antibióticos em caso de infecções secundárias causadas por bactérias. No caso da Criptococose, pode ser necessário alguma excisão cirúrgica dependendo da situação. 30 4.5. PREVENÇÃO A prevenção é fundamental para evitar o aparecimento dessas enfermidades. Como vimos acima, a principal causa das doenças citadas é a imunossupressão. Portanto, é recomendado uma série de medidas para manter o estado imunológico do pet em boas condições. Dentre todas as medidas, podemos destacar o fornecimento de uma nutrição de qualidade, visitas periódicas ao médico veterinário e a redução do estresse através da prática de exercícios físicos regularmente, medidas de bem-estar no ambiente que o animal vive, além de não gerar situações que causem medo ou ansiedade. Doenças de base podem causar queda da eficiência do sistema imunológico, por isso é fundamental tratar adequadamente qualquer problema de saúde que o animal apresente. Em casos específicos como da Criptococose, é indicado fazer a higienização dos locais em que o animal passa o dia e evitar o possível contato com aves. Dessa forma, a prevenção possui grande importância no combate a essas doenças. Além de evitar prejuízos financeiros aos tutores com o tratamento, garante uma boa qualidade de vida aos pets. 31 5. DERMATOPATIAS CAUSADAS POR PROTOZOÁRIOS Leishmaniose Tegumentar em cães e gatos A LT é doença causada pelo protozoário do gênero Leishmania, que afeta pele e mucosas de humanos e animais. Estes protozoários pertencem à ordem Kinetoplastida, da família Trypanosomatidae , apresentando-se como parasito intracelular obrigatório de células do sistema fagocítico mononuclear, sendo descritas duas formas: promastigota ou flagelada, encontrado no tudo digestivo do inseto vetor, e a forma amastigota, observadas nos tecidos dos animais vertebrados . Estes protozoários são responsáveis pela ocorrência tanto da LV quanto à LT. O que diferencia o surgimento de cada enfermidade é a espécie envolvida, sendo que a primeira ocorre pela infecção do protozoário Leishmania infantum, também conhecida como L. chagasi, enquanto que a forma tegumentar ocorre pela infecção com as espécies de (Leishmania) amazonensis, (Viannia) guyanensis, L. (V.) lainsoni, L. (V.) naiffi, L. (V.) shawi e L. (V.) braziliensis . Morfologicamente, estes microorganismos são redondos a ovais, com 2 a 4µm de tamanho, contendo núcleo esférico e basofílico, e pequeno cinetoplasto em forma de bastonete, quando observados em sua forma amastigota . A literatura ainda é carente de estudos relacionados quanto aos aspectos clínicos, parasitológicos e imunológicos referente à LT em cães e em gatos, porém já se tem relatos de gatos infectados com (Leishmania) amazonensis no Brasil, e cães infectados na América Latina . A LT apresenta distribuição mundial, sendo descritas ocorrências em 88 países, com registro anual de cerca de 1,5 milhões de casos em humanos6 . No Brasil, apresenta-se distribuída em todos os Estados, com notificação de cerca de 37 mil casos humanos entre os anos de 1997 a 2001. Originalmente pensava-se que se tratava de zoonose de animais silvestres, já que casos humanos só ocorriam quando os mesmos entravam em focos endêmicos, florestas, áreas de desmatamento e extrativismo porém ocorreu alteração do cenário, sendo observados casos próximos ao centros urbanos e domiciliares, o que implica na suspeita de animais domésticos como reservatórios dos agentes infecciosos. Para que ocorra a transmissão do parasito entre animais domésticos, silvestres e humanos é necessário a presença de vetor, flebotomíneo, que é um díptero pertencente à subfamília Phlebotominae. O 32 gênero mais importante no Brasil e no continente americano desta subfamília é o Lutzomyia, sendo os casos humanos normalmente transmitidos pelas espécies Lutzomyia whitmani ou intermedia . Os flebotomíneos possuem hábitos crepusculares ou noturnos, dependem de matéria orgânica para o desenvolvimento do seu ciclo evolutivo. Habitavam tipicamente as matas, porém, com a destruição dos seus habitats naturais e a disponibilidade de matéria orgânica no ambiente, são facilmente encontrados na região urbana e domiciliar . É relatado que alguns animais silvestres, gambá, por exemplo, e alguns animais domésticos (cães) agem como reservatórios naturais das leishmaniose . Na LT especificamente, existe a documentação de cães, gatos, eqüídeos e roedores domésticos infectados que participariam na observação da enfermidade na região urbana, porém, o envolvimento destes animais no ciclo de transmissão não foram esclarecidos . Sucintamente, o ciclo evolutivo da leishmaniose ocorre pelo repasto dos flebotomineos em hospedeiros vertebrados, que irão ingerir as formas amastigotas presentes em macrófagos destes hospedeiros infectados. Nos flebotomíneos, os parasitos se multiplicam e passam para a forma promastigota que serão inoculadas em outro hospedeiro após novo repasto sanguíneo. Após essa inoculação, os parasitos infectam macrófagos da pele e adquirem novamente a forma amastigota . Em cães, a LT geralmente apresenta como sintomatologia: lesões ulceradas no pavilhão auricular, no focinho, na bolsa escrotal e na face. A doença tem curso crônico, o animal mantêm-se estável sistemicamente, porém as lesões podem aumentar em número e extensão, apresentar cura espontânea com recidivas posteriores, como também pode agravar, afetando mucosa nasal . Mas o que prevalece na literatura são achados de lesões únicas nos animais. Nos felinos, apesar de raramente manifestar leishmaniose, a forma tegumentar é a mais comum, sendo observados sintomatologia como: lesões ulceradas ou crostosas no plano nasal, nos lábios, no pavilhão auricular e nas pálpebras . Para o diagnóstico da LT devem ser consideradas as lesões encontradas e relacioná-las com outras doenças que causem úlceras cutâneas, tais como neoplasias, piodermatites, micoses6 , pênfigo foliáceo, lúpus eritematoso sistêmico, dermatose responsiva ao zinco, eritema necrolítico migratório, adenite sebácea e o linfoma . Entre as micoses, a esporotricose é diferencial importante, pois 33 além de ser tratar de zoonose, apresentam lesões muito semelhantes as da LT, além da ocorrência cada vez mais freqüente nas cidades . Quanto ao diagnóstico laboratorial, a literatura descreve a utilização do exame direto como diagnóstico mais confiável, além de mencionar outros exames de mesmo valor diagnóstico com o ELISA, o RIFI, Fixação de Complemento , PCRe recentemente a utilização de Citometria de Fluxo para a diferenciação de LV da LT através de IgG’s específicos, porém ainda experimentalmente . Dentre os exames laboratoriais acima citados, rotineiramente são indicados o exame direto através de material proveniente de raspado e biopsia de pele, aspirados de medula óssea e/ou linfonodos . Nestes aspirados das lesões, em animais positivos, podem ser visualizada a forma amastigota do parasito extracelular ou no interior de macrófagos, a não visualização das formas amastigotas não descarta a possibilidade do animal ser positivo, só evidencia que aquela área de punção não foi encontrada a presença do parasito. Por isso, exames sorológicos são comumente utilizados em clínicas veterinárias, como o ELISA e o RIFI6, que possam identificar a presença de anticorpos específicos para a leishmaniose, devido a alta sensibilidade e especificidade da associação destes dois métodos, sendo respectivamente 95%8 e 86,2% . Estes dois exames sorológicos são preconizados pelo MAPA como diagnóstico comprobatório de LVC . O PCR é o exame mais eficiente e capaz de identificar a espécie envolvida,apresentando 100% de especificidade e taxa de diagnósticos positivos quase 60% maior que os alcançados com sorologia21. Muitos laboratórios particulares oferecem essa opção de diagnóstico, mas o custo ainda é alto, o que levam muitos proprietários a realizarem apenas o exame sorológico. O tratamento das leishmanioses nos animais ainda é bastante discutido, já que não se obtém a cura parasitológica da enfermidade, mas proporciona maior qualidade de vida e maior longevidade aos animais afetados. Ao diagnosticar a enfermidade, o proprietário deve ser informado sobre a mesma, sobre a possibilidade de transmissão desta, sobre as medidas profiláticas que devem ser tomadas, sobre os custos que um tratamento pode acarretar, além de uma avaliação clínica mais criteriosa do paciente, avaliando a condição do mesmo perante o tratamento, através da avaliação de hemograma, proteínas séricas, função renal e hepática. O tratamento da leishmaniose não é preconizado pelo Ministério da Saúde, que recomenda a eutanásia dos animais infectados para o controle da doença. Porém, muitas clínicas veterinárias tratam os 34 animais, resguardadas de ação liminar judicial, com a associação de drogas a base de alopurinol e anfotericina B, para cães com LV. Quanto a LT, como ainda não há confirmação do animal ser fonte de infecção para os humanos , é ainda muito questionável a eutanásia dos mesmos como forma de controle, tanto que o Ministério da Saúde indica a eutanásia dos animais doentes quando as lesões evoluírem para o agravamento das afecções cutâneas, com surgimento de lesões mucosas e infecções secundárias que conduzirão o animal ao sofrimento. Medidas profiláticas devem ser tomadas para evitar o surgimento de qualquer forma da leishmaniose, e nisso abrange três pontos importantes: controle ambiental e individual, controle de animais doentes/eutanasia e controle do vetor. Visando a proteção do animal, recomenda-se a utilização de coleiras impregnadas com deltametrina 4%, com troca a cada 6 meses; limpeza do ambiente dos canis, retirando o excesso de matéria orgânica; aplicação de inseticidas a base de cipermetrina mensalmente nos canis; plantio de citronela e/ou neem, nos jardins, já que estas possuem ação repelente em insetos; e evitar passeios crepusculares ou noturnos, horário de maior atividade do flebotomíneo . Não existe vacina registrada contra LT. As medidas ambientais visam o controle do vetor através da limpeza de quintais e terrenos, alterando assim, as condições que proporcionem o estabelecimento de criadouros de formas imaturas do vetor; poda de árvores, visando aumentar a insolação sobre o solo, o que reduziria as condições favoráveis, de temperatura e umidade, para o desenvolvimento de larvas dos flebotomíneos; e destino adequado do lixo orgânico, a fim de impedir a aproximação de reservatórios silvestres, como marsupiais e roedores, prováveis fonte de infecções para os flebotomíneos. E por ultimo, como não é preconizado tratamento para os animais doentes, cães positivos para LV devem ser eutanasiados e para LT não se recomenda a eutanásia. Cães errantes devem ser controlados, pois funcionam como fontes de infecção para a leishmaniose visceral. Medidas educativas, como divulgação à população dos riscos sobre a ocorrência de LT, devem ser inseridas em todos os serviços e ações de controle da enfermidade, requerendo assim, o envolvimento mais efetivo entre a população e órgãos públicos, visando desta forma, a saúde humana e animal . 35 CONSIDERAÇÕES FINAIS Figura 13: Cuidados com cães e gatos. Fonte: https://www.ciavetchapeco.com.br/blog/_/dicas-e-cuidados Nos últimos anos, os problemas de pele que costumam acometer tanto cães quanto gatos têm se tornado mais frequentes, apesar dos desenvolvimentos técnico- científicos proporcionarem novos tratamentos e informações sobre profilaxia. Então, entenda as causas do aumento dessas doenças nesses animais, para que medidas de tratamento e prevenção sejam melhor aplicadas. É verdade que, nos dias de hoje, os animais de estimação representam muito mais a uma família do que representavam à uma década atrás. Hoje em dia, cães e gatos fazem parte da família e, como tal, frequentam todo tipo de ambiente com os humanos. Porém, mesmo que os animais de estimação sejam de nossa família, é preciso ter em mente que, assim como uma criança pequena, seu cão ou gato precisa de alguns cuidados especiais. Muitos problemas de pele que acometem esses animais poderiam ser evitados se cuidados básicos ou observações frequentes fossem feitas. A dermatite de contato em gatos, por exemplo, pode ser evitada ao deixar seu gato longe de ambientes onde se utilizam produtos químicos e se lembrar de alimentá- lo em recipientes de vidro, aço inoxidável ou pratos de cerâmica sem chumbo. No caso dos cachorros, um problema bem comum à pele é a chamada a dermatite atópica. O simples cuidado com a utilização de sabonetes, detergentes e alimentos que não provoquem alergia ao cão ajuda a restringir a frequência dessa doença. É muito importante lembrar que o ambiente atual vivido contém excesso de 36 componentes químicos e materiais ou tecidos que podem gerar alergia a pele ou doenças mais sérias em cães e gatos. Outro fator essencial para prevenir a ocorrência de dermatites é a hidratação. Por fim, é de suma importância que os donos prestem atenção à saúde de seus animais de estimação. Se vir, por exemplo, seu gato limpando excessivamente sua pele, ou observar grande perda de pelo em seus cães, leve-o ao veterinário e procure tratá-lo o quanto antes. 37 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA AIELLO, S. E. Parasitic skin diseases. In:______ The merck veterinary manual. Philadelphia: National Publishing, 1998. p.631-632. AL-DOORY, Y.; VICE, T.E.; OLIN, D.V.M. A survey of ringworm in dogs and cats. J. Am. Vet. Med. Ass. v.153, p.429-432, 1968. APPEL, M.J.; JACOBSON, R.H. CVT update: canine Lyme disease. In:______ Bonagura, J.D. (Ed.) Current Vet.Therapy XII, Philadelphia: WB Saunders, 1995. p.303-309. ARLIAN, L. G. 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