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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
DEPARTAMENTO DE SEGURANÇA PÚBLICA 
CULTURA, DESVIO E MARGINALIDADE 
THAYS GOUVÊA DA SILVA – 219102106 
Introdução 
 Howard S. Becker é considerado um dos precursores da sociologia norte-americana, 
ao longo se sua carreira tornou-se parâmetro nos estudos sobre desvio, a partir do livro 
estudado no presente trabalho. Outras de suas obras ganharam destaque, como “O Jazz Em 
Ação” escrito com o músico e sociólogo Robert Faulkner, e “Truques da Escrita: Para 
Começar e Terminar Teses, Livros e Artigos”. 
 Howard Becker é formado pela Universidade de Northwestern e fez carreira na de 
Washington também
1
; Becker dá muita importância ao processo de pesquisa, bem como a 
inserção no campo onde estudará determinado objeto. Seus trabalhos possuem grande 
influência da Escola de Chicago, já que ela buscava formar profissionais que tomassem como 
objeto de estudo os sujeitos e os meios em que esses convivem num momento em que o 
restante da sociedade somente se preocupava em “se livrar” do problema e segregar a causa 
do problema. 
Em Outsidres, Becker tenta mostrar os dois lados da moeda, de um lado quem impõe 
as regras, e que acha que é competente para isso, os intitulados por ele de empreendedores 
morais e do outro, os que infligem tais regras, e que acreditam que estão certos, e não 
possuem um comportamento considerado desviante, considerados Outsidres. 
Ao longo do primeiro capítulo Becker busca definir o que é desvio. Desvio é a quebra 
da regra que foi imposta pelos “empreendedores morais” e os “reformadores cruzados”, tal 
regra é amplamente aceita pela sociedade. E é a sociedade quem determina o que é 
considerado desvio, e consequentemente quem irá receber o título de desviante, irá também 
sancionar a devida punição para tal sujeito. 
 
1
 Em alguns momentos de sua vida lecionou em diferentes países sendo um deles o Brasil, onde deu aulas no 
Museu Nacional da UFRJ. 
O autor emprega a expressão “outsiders” para definir quem é o desviante, esse sujeito 
não se encaixa nos padrões – o que é considerado um comportamento adequado - impostos 
pela sociedade. Em contrapartida, “outsiders” são também os sujeitos formuladores e 
impositores de regras, da perspectiva do desviante é a parte da sociedade que o rotula como 
tal. 
A circunstância em que o delinquente é “falsamente acusado” é quando não há prova 
suficiente, ou nem há, e mesmo assim é condenado de forma indevida. Os outros afirmam que 
o condenado é de fato merecedor de punição, mas na realidade essa situação não é legitima. 
“Desvio Secreto” é a situação em que o delito é consumado, mas não é percebido, ou a 
sociedade não o apreende como delito (desvio). 
Mais adiante Becker organiza o pensamento sobre o desvio de forma linear e 
estabelece “padrões” desse comportamento segundo a forma como a sociedade reage diante o 
ocorrido. Há caminhos desviantes que são trilhados alternativamente aos caminhos tidos 
como certos e aceitos. 
O Problema do Senso Comum 
A (In) Segurança Pública no Brasil pode ser entendida como um problema desmedido, 
onde não há soluções simplificadas, embora o debate em seu entorno se dê, muitas vezes, a 
partir de posicionamentos ideologizados pelo armamentismo, pela política de combate 
generalizado, sobretudo contra o tráfico de drogas nas favelas, e também pela negação do 
racismo enquanto fator estruturante de obstáculos que impedem a progressão de discussões 
acerca de políticas públicas pensadas cientificamente. 
Preliminarmente, compreende-se que não é possível pensar e fazer segurança pública 
sem publicizar as discussões que estejam sendo realizadas. Como citado, o que se populariza 
e se estabelece como senso comum são noções difíceis de serem contrariadas. Não por 
escassez de conhecimento, mas pela força que o reducionismo de temas importantes pode ter, 
pois “enquanto a ciência tornou-se especialista no que se refere às estruturas que estão para 
além dos sentidos e das aparências, o senso comum é exímio em captar a profundidade 
horizontal das coisas, fornecendo generalizações imediatas” (GERMANO; KULESZA, 2010, 
p. 132). 
Além disso, é necessário que sejam observados quem são os infladores do que se tem 
como senso comum. É válido pensar o senso comum como um ideal que se hegemoniza a 
partir do consenso/conformação social e esta hegemonia é fundamentada em uma hierarquia 
cultural e ideológica em que determinadas pessoas estão acima de outras (DE MORAES, 
2010). 
Numericamente falando, componentes da hegemonia são minoria, logo, para que 
consigam estabelecer opiniões, de certa forma generalizadas, precisam utilizar suas 
influências para que consigam atingir as “massas”. Normalmente seus canais são os meios de 
comunicação, que quando orientados por objetivos ideológicos, “não nos proporcionam 
apenas a informação - orientam nossas experiências mesmas” (MILLS, 1981, p. 365). 
Destaca-se, então, que são necessárias ações contra-hegemônicas para que possa 
existir a possibilidade de discussões que favoreçam o pensamento crítico na segurança 
pública, para além de discursos norteados pelos “senhores da guerra”, que estão dispostos em 
alinhamento com a missão política do direito penal que objetiva garantir os interesses 
coletivos da sociedade, mas de uma classe específica, enquanto outras estarão sujeitas à 
submissão forçada, se em contrariedade com a ideologia dominante (BATISTA, 2007). 
Sistema Penal e Direito Penal 
O Sistema Penal pode ser definido, conforme Zaffaroni, como o controle social 
punitivo institucionalizado, feito pelo Direito Penal e outras normas como o Direito 
Processual Penal, a lei de execução, a organização judiciária, etc. A institucionalização se 
refere às práticas, que muitas vezes não apresentam caráter legal na obtenção de objetivos. A 
partir disso, são criados esquadrões da morte, situações de tortura para obtenção de 
confissões, além da insalubridade presente nas unidades prisionais. 
Já o Direito Penal, consiste no “conjunto” “de normas jurídicas que preveem os crimes 
e lhes comina sanções, bem como disciplinam a incidência e validade de tais normas, a 
estrutura geral do crime, e a aplicação e execução das sanções cominadas”. (BATISTA, 
2007). Além disso, é importante destacar o conceito de criminalização primária e secundária. 
A primária pode ser definida como "o ato e o efeito de sancionar uma lei penal 
material que incrimina ou permite a punição de certas pessoas", remetendo às próprias 
instituições do Direito Penal e também ao Poder Legislativo, ao criar as leis, o monopólio do 
poder punitivo. Já a criminalização secundária se dá a partir da "punição exercida sobre 
pessoas concretas". (ZAFFARONI, 2015). 
A Hegemonia Relacionada ao Poder Punitivo 
A produção do senso comum relativamente às classes subalternas pode dar 
sustentabilidade aos processos ideológicos e psicológicos dos estereótipos de criminalidade, 
que legitimam a vigência do direito penal desigual tal como é (BARATTA, 2011). Essa 
realidade contribui para consolidação da teoria do Direito Penal do Inimigo que, criada por 
Ghunter Jacobs, consiste na ideia de “inimigos da sociedade”. A escolha de um grupo 
subalternizado que, consequentemente, terá sua cidadania limitada, na medida em que as 
instituições penais exercem seu controle punitivo de forma exacerbada, utilizando penas 
desproporcionais, flexibilizando direitos e garantias processuais. Esse tipo de pensamento 
encontra terra fértil em sociedades com altos níveis de criminalidade, onde o sentimento de 
insegurança é presente. 
A falta de Democracia no exercício da segurança pública e o direito penal é dada pelo 
o Racismo Estrutural que está permeado dentro do direito penal, pois o mesmo não é 
igualitários e nem parcial é ele que promove um direito desigual, já que a lei é aplicada 
diferentemente para pessoas Branca e Pretas (BECKER,p.25, 2008). Quando o Direito penal 
é exercido de maneira equivocada sobre um indivíduo, ele coloca em déficit a promoção 
adequada da Democracia e dos direitos do cidadão, já que nem todos têm o mesmo acesso a 
recursos e direitos. 
 
 
 
 
 
 
 
Referências Bibliográficas 
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à 
sociologia do direito penal. Rio de Janeiro: Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 
6a. ed, 2014. 
BATISTA, Nilo. Introdução Crítica ao Direito Penal Brasileiro. 11. ed. Rio de Janeiro: 
Revan, 2007. 
BECKER, S. Howard. Outsidres: Estudos de Sociologia do desvio. Rio de Janeiro, Zahar, 
2008. 196 p. 
DE MORAES, Dênis. Comunicação, hegemonia e contra-hegemonia: a contribuição 
teórica de Gramsci. Revista Debates, v. 4, n. 1, p. 54, 2010 
GERMANO, Marcelo Gomes; KULESZA, Wojciech Andrzej. Ciência e senso comum: 
entre rupturas e continuidades. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v. 27, n. 1, p. 115-
135, 2010. 
MILLS. C. Wright. A Elite do Poder. 4a. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981. 
MOURA, Cristina Patriota. Outsiders: estudos de sociologia do desvio. Mana [online]. 2009, 
v. 15, n. 2 [Acessado 26 Outubro 2022] , pp. 588-591. Disponível em: 
<https://doi.org/10.1590/S0104-93132009000200011>. Epub 12 Jan 2010. ISSN 1678-4944. 
https://doi.org/10.1590/S0104-93132009000200011. 
VARA, Ana Maria. Aos 87 Anos, Sociólogo Americano Howard Becker Defende Estudos 
Sobre Entretenimento. O Globo, Buenos Aires, 08 ago. 2015. Cultura, Livros. Disponível 
em: <https://oglobo.globo.com/cultura/livros/aos-87-anos-sociologo-americano-howard-
becker-defende-estudos-sobre-entretenimento-17116836> Acesso em: 25/10/2022. 
ZAFFARONI, E. Raúl; BATISTA, Nilo; ALAGIA, Alejandro; SLOKAR, Alejandro. Direito 
Penal Brasileiro I. 4. ed. 1a Reimpressão. Rio de Janeiro: Revan, 2013.

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