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AIS DO ADULTO E DO IDOSO – 2ª etapa Sara Monteiro de Moura TUBERCULOSE · Agente etiológico · Mycobacterium tuberculosis · Bactéria aeróbia, delgada em forma de bastonete não formadora de esporas · Geralmente são neutras à coloração de Gram · Características: · Bacilos álcool-ácido-resistentes (BAAR) – corados pela técnica álcool-ácido · São identificados por essa coloração por possuírem alto teor de acido micólico em sua composição, bem como ácidos graxos de cadeia longa e outros lipídeos · A presença de lipídeos confere uma permeabilidade muito baixa às células à parede celular, reduzindo, assim, a eficácia da maioria dos antibióticos. · Epidemiologia: · Doença de países em desenvolvimento · Principalmente África , Ásia, Oriente Médio e América Latina · No final da década de 80 e inicio de 90, os números de casos notificados dee tuberculose aumentaram nos países industrializados · Esse aumento estava relacionada com a imigração, infecção pelo HIV, problemas sociais (maior pobreza urbana, falta de moradia e abuso de drogas) e o desmantelamento dos serviços de assistência à TB · Os números voltaram a se estabilizar devido ao controle mais intensos e implementação de programas de assistência · A prevalência de infecção é relativamente alta entre brancos idosos · Mais ou menos 30% da população mundial é infectada, embora nem todos venham a desenvolver a doença · As pessoas se comportam como reservatórios de bacilo, não conseguem eliminá-lo e, uma vez reativado o foco, passarão a ser infectantes · Transmissão · Normalmente é transmitido de uma pessoa com tuberculose pulmonar infecciosa para outras pessoas através de gotículas na tosse, espirro ou fala · Outras vias de infecção (ex. contato de pele, via placentária) de tuberculose são incomuns · Tuberculose extrapulmonar são praticamente não infectantes · Determinantes da probabilidade de infecção: · Intimidade e duração do contato · Grau de infectividade do caso (tuberculose pulmonar ou extrapulmonar) · Ambiente compartilhado no contato · Os pacientes mais infectantes apresentam doença pulmonar cavitária e possuem escarros que contem a presença de BAAR visíveis à microscopia · Os riscos de aquisição da infecção são determinado principalmente por fatores exógenos · Desenvolvimento da doença · O risco de desenvolver a doença opôs ter sido infectado depende, em grande parte, de fatores endógenos · Defesas imunológicas inatas e não imunológicas e função da imunidade mediada por células · Tuberculose primaria – doença clinica que acontece imediatamente após a infecção · Ocorre comumente em indivíduos imunocomprometidos e crianças · Embora possa ser grave e disseminada, não está relacionada a alta taxa de transmissibilidade · Tuberculose secundaria – bacilos latentes que persistem durante anos e são reativados · Estima-se que 10% dos pacientes infectados desenvolvem doença ativa · Metade deles durante o primeiro ano da infecção · Risco maior em indivíduos infectados pelo HIV devido à menor imunidade celular · O risco pode aumentar no individuo idoso, possivelmente pelo declínio da imunidade celular · O risco da infecção latente evoluir para doença ativa está diretamente relacionado com a imunossupressão do paciente · Patogenia e imunidade · Os bacilos inalados são, em sua maioria, retidos nas vias respiratórias superiores e expelidos pelas células ciliadas da mucosa · Uma fração alcança os alvéolos, onde os macrófagos alveolares fagocitam os bacilos · Os fatores bacterianos bloqueiam a defesa de autofagia, impedindo a formação do fagolisossomo · Se os bacilos tiverem sucesso na interrupção da maturação do fagossomo, a replicação começa e o macrófago sofre ruptura, liberando seu conteúdo bacilar · Fatores genéticos desempenham um papel fundamental na resistência inata não imunológica à infecção pelo M. tuberculosis. · Formação do granuloma: · Cerca 2 a 4 semanas após a infecção surgem duas respostas do hospedeiro ao patógeno · Resposta de ativação dos macrófagos: fenômeno mediado por células T que levam à ativação de macrófagos capazes de matar e digerir os bacilos da tuberculose · Resposta de lesão tecidual: destrói macrófagos inativos que contem bacilos em multiplicação, mas também provoca necrose caseosa dos tecidos acometidos · Com o desenvolvimento da imunidade especifica e o acumulo de grandes números de macrófagos ativados no local da lesão primaria, formam-se as lesões granulomatosas (granulomas) · Manifestações clinicas · Manifestações gerais: · Febre vespertina · Tosse · Emagrecimento · Sudorese noturna · Astenia (perda de apetite) · Tuberculose pulmonar · Doença primaria – pode ser sintomática ou assintomática · Pode apresentar febre e dor pleurítica · Foco de Ghon: lesão inicial que se forma após a infecção · É acompanhada de linfadenopatia periférica (hilar ou peritraqueal) · Nos casos graves há formação de desenvolvimento de cavitações · Pneumonia: diagnostico diferencial de tuberculose em estágios iniciais. · A tuberculose pode ser confundida com pneumonia e, se tratada dessa forma, pode evoluir para estágios mais avançados · Prejudica o prognostico do paciente · Pode ser diferenciada na anamnese pela presença de sintomas mais específicos como a cronicidade, febre vespertina e sudorese noturna · Doença pós-primaria: tuberculose de reativação ou secundária · A extensão do comprometimento do parênquima varia desde desde infiltrados pequenos até cavitações extensas · São mais encontrados no ápice pulmonar devido a maior tensão de oxigênio, favorecendo a disseminação das bactérias · Na reativação a doença tende a ser mais prolongada · Nessas circunstancias, algumas lesões tornam-se fibróticas e podem sofrer calcificação · Os indivíduos com essa doença crônica continuam liberando bacilos no meio ambiente · Frequentemente pacientes apresentam hemoptise · Diagnóstico: · A analise do escarro do paciente é o que vai diferenciar a presença ou ausência de tuberculose · Achados laboratoriais – Hemograma: · Anemia – pode ocorrer em decorrência da hemoptise ou má alimentação do paciente · Anemia de doença crônica normocítica, normocromica · Leucocitose · Trombocitose · VHS e PCR elevados – devido ao processo inflamatório · Hiponatremia por SIADH · Tuberculose extrapulmonar · Linfonodos · Pleural · Geniturinário Formas extrapulmonares não são infectantes · Ossos · Articulações · Meninges · Peritônio e pericárdio · Linfadenite tuberculosa: · Apresentação mais comum tanto para pacientes soro negativos, quanto soro positivos para HIV · Manifesta-se na forma de tumefação indolor dos pacientes · Acomete mais comumente os linfonodos supra claviculares e cervicais (escrófula) · Diagnostico estabelecido por biopsia por punção ou excisao cirúrgica · Na punção pode ser observado presença de material caseoso · Analise anatomopatológica apresenta granuloma com necrose caseosa · É feito o BAAR para analise da presença de bacilos · Diagnósticos diferenciais: doenças virais, linfomas, carcinomas, etc. · Tuberculose pleural: · Corresponde a cerca de 20% dos casos de tuberculose extrapulmonar · Pode resultar da disseminação parenquimatosa, acompanhando a doença pós-primaria · O derrame pleural decorre da resposta de hipersensibilidade aos antígenos micobacterianos · Sintomas: dispneia, dor torácica e pleurítica e febre · Exame físico: macicez a percussão e ausência de ruídos respiratórios · Diagnostico: Raio X apresentando derrame pleural · Punção de liquido pleural (toracocentese) com avaliação · Liquido cor de palha ou hemorrágico · Exsudato rico em proteínas · Glicose normal ou baixa · Predomínio de neutrófilos inicialmente e linfócitos mais tardiamente · BAAR em 10 a 25% dos casos (não muito eficiente para diagnostico) · ADA (adenosina desaminase) – enzima que se encontra elevada no liquido pleural · Biopsia com agulha revela granulomas · Diagnostico diferencial: câncer ou tuberculose extrapulmonar · Tuberculose geniturinária: · Corresponde de 10 a 15% dos casos extrapulmonares· Até 75% dos pacientes apresentam radiografia alterada indicando doença pulmonar previa ou concomitante · Sintomas: disúria, nictúria (volume de produlçao urinaria noturno maior do que diurno), hematúria e dor no flanco ou abdominal · Diagnostico: EAS – apresentando hematúria e piúria (presença de pus) · Diagnostico diferencial: os sintomas são parecidos com pielonefrite devido às obstruções e estenose no ureter · Tuberculose óssea: · 10% das formas extrapulmonares · Ocorre a partir da disseminação de linfonodos paravertebrais · Acomete de forma mais comum articulações vertebrais, quadris e joelhos · Sintomas: paciente apresenta fratura patológica – fratura na ausência de traumas ou fatores de risco, sem causa aparente · Pode ocorrer formação de abcesso “frio” paravertebral · Pode provocar parestesia ou síndrome de compressão medular · Diagnostico: TC ou RNM e punção do abcesso com cultura positiva para tuberculose · Tuberculose meníngea: · Mais comum em crianças ou adultos soropositivos · Resulta da disseminação hematogênica da tuberculose pulmonar · Sintomas: apresenta com cefaleia, febre, mal estar, anorexia · Pode evoluir com prostração e rigidez de nuca · Diagnostico: punção lombar · Cultura do liquido cefalorraquidiano · Elevação de leucócitos · Predomínio de linfócitos · Proteína aumentada · Glicose diminuída · BAAR 33% · Tuberculose miliar disseminada: · Deve-se à disseminação hematgenica dos bacilos da tuberculose · A lesão consiste na formação de granulomas amarelados de 1 a 2 mm · Não é infecciosa devido à presença dos granulomas · Sintomas: são inespecíficos e multiformes, dependendo do local de acometimento · As formas mais comuns apresentam hepatomegalia, esplenomegalia, linfadenopatia · Diagnostico: exame radiológico pode apresentar grandes infiltrados no pulmão, além de além de padrão reticulonodular · Exame oftalmológico pode evidenciar tuberculos corioides · Tratamento: · Objetivos: 1. Interromper a transmissão da doença, tornando os pacientes não infectantes · Isolamento do doente com a forma infecciosa e precauções para aerossóis 2. Impedir as morbidades e mortalidade curando os pacientes · RHZE – Quimioterapia com rifampicina, isoniazida, pirazinamina e etambutol · Esquemas de tratamento · Fase inicial (bactericida) – nessa fase a maioria dos bacilos da tuberculose são destruídos, ocorre resolução dos sintomas e o paciente torna-se não infectante · Duração de 2 meses com RHZE · Fase de continuação (esterilização) – necessária para eliminar as micobacterias resistentes e evitar recidiva · 4 meses com utilização de RH · O controle de evolução do tratamento é feito através da realização de cultura do escarro (BAAR) mensalmente · Caso mantenha positivo após 12 semanas pensar em resistência antimicrobiana · Prevenção: · Tratamento imediato de casos · Vacinação BCG – diminui as formas graves da doença · Levofloxacino e norfloxacino: antibióticos potentes que possuem certa ação sobre os bacilos, porem não são recomendados para o tratamento · O paciente melhora por um tempo, mas depois piora consideravelmente, evoluindo para lesões pulmonares graves
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