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Semiologia do Abdome Pedro Antonio ANATOMIA E FISIOLOGIA o O abdome é divido em quatro quadrantes por linhas imaginárias: o Superior direito e esquerdo o Inferior direito e esquerdo o Outro sistema divide o abdome em nove seções o No exame do abdome, vários órgãos são palpáveis, as exceções são o estomago e grande parte do fígado e baço. No quadrante superior direito (QSD): A borda inferior do fígado é frequentemente palpável na altura do rebordo costal direito. ou suprapúbica A vesícula biliar fica situada na superfície inferior do fígado. O duodeno situado mais profundamente, não sendo comumente palpável. Em um nível mais profundo pode ser percebido o polo inferior do rim direito, especialmente em pessoas negras, com musculatura abdominal relaxada. Os rins são de localização retroperitoneal, ou seja, posterior. A aorta abdominal geralmente apresenta pulsações visíveis, sendo habitualmente palpável na parte superior do abdome. No quadrante superior esquerdo (QSE): O baço situa-se lateral e posterior ao estômago, logo acima do rim esquerdo, na linha axilar média esquerda. A borda superior repousa contra a cúpula diafragmática. A 9ª, 10ª e 11ª costelas protegem a maior parte do baço. O pâncreas é impalpável nos indivíduos hígidos. No quadrante inferior direito (QID): Localizam-se as alças intestinais e o apêndice, na cauda do ceco, próximo a junção do intestino delgado com o grosso. Estes órgãos não são palpáveis nos indivíduos hígidos. É possível palpar a bexiga distendida acima da sínfise púbica. No quadrante inferior esquerdo (QIE): Geralmente se pode perceber o firme, estreito e tubular colo sigmoide. Na parte inferior da linha média encontram-se a bexiga, o promontório da base do saco, a borda óssea anterior da primeira vértebra sacral, as vezes confundida com um tumor, e, nas mulheres, útero e ovários. ANAMNESE o As queixas gastrointestinais são uma causa importante de consulta médica. o Existe uma gama de sinais e sintomas gastrointestinais superiores, inclusive dor abdominal, pirose, náusea, vômitos, dificuldade (disfagia) ou dor à deglutição (odinofagia), vomito de conteúdo gástrico ou sangue, perda de apetite (anorexia) e icterícia. o As queixas gastrointestinais inferiores também são comuns: diarreia, constipação intestinal, alteração do ritmo intestinal e sangue nas fezes, descrito frequentemente como vermelho vivo (hematoquezia) ou preto e pastoso (melena). o Alguns sintomas também originam do sistema genitounitário: dificuldade de urinar, urgência, polaciúria, hesitação e redução do jato urinário em homens, grande volume de urina, micção durante a noite, incontinência, hematúria, além de dor no flanco e cólicas provocadas por cálculos ou infecção renal. o Padrões e mecanismos de dor abdominal: Dor visceral – ocorre quando órgãos abdominais ocos, como o intestino, contraem-se de forma extremamente vigorosa ou são distendidos ou esticados. Pode ser uma dor de localização difícil Dor visceral no quadrante superior direito pode resultar de distensão da cápsula hepática na hepatite alcoólica. Característica da dor visceral: CORROSÃO/ QUIMAÇÃO/ CÓLICA /VAGA E IMPRECISA Quando é intensa, pode associar-se a sudorese, palidez, náusea, vômitos e inquietação. Dor visceral periumbilical pode implicar a fase inicial da apendicite aguda, por distensão do apêndice inflamado. Dor parietal – origina-se de inflamação no peritônio parietal. A sensação álgica é constante e vaga, geralmente mais intensa que a dor visceral e mais precisa. Esse tipo de dor é tipicamente agravado pelos movimentos ou tosse. Os pacientes com esse tipo de dor preferem ficar imóveis ou deitados. Dor referida – é percebida em locais mais distantes, que são inervados pelos mesmos níveis espinais que as estruturas acometidas. No geral é bem localizada Dor de origem duodenal ou pancreática pode ser referida para o dorso. Dor da pleurisia ou do IAM pode ser referido na região epigástrica SISTEMA DIGESTÓRIO Dor ou desconforto AGUDO na parte alta do abdome: 1º) Determine primeiro a cronologia: Ela é aguda ou crônica? A dor teve início gradual ou súbito? Quando começou? Há quanto tempo persiste? Qual é o seu padrão em um período de 24h? Trata-se de uma doença aguda ou crônica recorrente? 2º) Solicite ao paciente que descreva a dor com suas próprias palavras. Investigue detalhes importantes: onde a dor começa, se ela se irradia, como é a dor. Se o paciente tiver dificuldade de dizer como é a dor, usar técnica do MENU. A dor é vaga e imprecisa? Em queimação? Em corrosão? Em cólica? O ato de dobrar o corpo devido à dor em caráter de cólica indica cálculo renal. Já a dor epigástrica súbita, em caráter de facada, ocorre na pancreatite por cálculos biliares. 3º) Indique o local exato da dor Dor na região de QSD e na região superior do abdome é comum na colecistite. Peça ao paciente pra avaliar a intensidade da dor numa escala de 0 a 10. 4º) Fatores que aliviam ou exacerbam a dor, prestando atenção a qualquer associação com as refeições, consumo de bebidas alcoólicas, medicamentos (incluindo AINES), estresse, posição do corpo e uso de antiácidos. A angina por doença coronária na parede inferior do coração pode manifestar-se como ‘’indigestão’’, mas é desencadeada pelo esforço físico e aliviada pelo repouso Dor ou desconforto CRÔNICO na parte alta do abdome Dispepsia é definida como dor ou desconforto crônico recorrente, centrado na região superior do abdome. Pode incluir sintomas diversos, como distensão abdominal, náuseas, plenitude gástrica e pirose. Dispepsia = indigestão Aerofagia = gases Maioria dos pacientes com dor ou desconforto na parte alta do abdome queixam-se de pirose, que quando acontecem mais de uma vez por semana são sugestivos de DRGE. Pirose = desconforto ou dor em queimação retroesternal crescente, ocorrendo 1x ou mais na semana. É tipicamente agravada por bebidas alcoólicas, chocolate, café, frutas cítricas, cebolas e hotelã-pimenta. Epigastralgia = dor no estômago Alguns pacientes com DRGE apresentam sinais e sintomas respiratórios atípicos, como tosse, sibilos e pneumonia por aspiração. Outro se queixam de sinais faríngeos, como rouquidão e dor de garganta crônica. Alguns pacientes podem ser sinais de alarme (red flag), como a disfagia (dificuldade de degrlutir), odinofagia (dor à deglutição), vômitos recorrentes, evidencias de sangramento do TGI, perda de peso, anemia ou fatores de risco para câncer gástrico. Paciente com DRGE não complicada que não respondem ao tratamento empírico, pacientes com mais de 55 anos e aqueles com sintomas de alarme, constituem indicação de endoscopia para detecção de esofagite, estenoses pépticas ou esôfago e Barrett. Dor e desconforto na parte baixa do abdome o Aguda: Pacientes podem queixar de dor aguda localizada no quadrante inferior direito. Verificar se é intensa e continua, ou é intermitente e como cólicas, fazendo com que ele se curva para frente. Dor no QID, ou que migra a partir da região periumbilical, associada a rigidez da parede abdominal à palpação, é mais provavelmente causada por apendicite. Dor em cólica, que se irradia para o QID ou QIE do abdome, pode ser causado por cálculo renal (nefrolitíase). Quando os pacientes relatam dor aguda no QID ou dor abdominal difusa, é preciso questionar se há sinais ou sintomas associados, como febre e perda de apetite (anorexia). Dor no QIE com massa palpável pode ser decorrente de diverticulite. Dor abdominal difusa com peristalse ausente e abdome rígido, defesa ou descompressão dolorosa na palpação indica obstrução do intestino delgado ou grosso. Crônica: Paciente com dor crônica na região baixa do abdome deve ser perguntado a respeitode alterações do ritmo intestinal, bem como de alternância entre diarreia e constipação intestinal. A alteração do ritmo intestinal associada a massa expansiva indica câncer de colo intestinal. Dor intermitente durante 12 semanas dos 12 meses anteriores, com alivio a defecação ou alteração na forma das fezes (bolinhas, aquosas) indicam intestino irritável. Sinais e sintomas associados a dor abdominal Pacientes com dor abdominal geralmente vem associada com outros sinais e sintomas. Perguntar o paciente como está o apetite, verificando se vai relatar náusea, vômitos, indigestão e anorexia. Náusea = sensação de estomago embrulhando No caso de vômitos, pergunte o paciente a cor, cheiro, volume (uma colher de chá? Uma xícara cheia? Duas colheres de chá?). Perguntar se tem presença de sangue. No vomito, o suco gástrico é claro e mucoide, e presença de bile amarelada ou esverdeada são comuns e não tem importância especial. Já os vômitos com material acastanhado ou preto, com aspecto de borra de café, sugere sangue alterado pelo ácido gástrico. Hematêmese = eliminação de vomito em forma de borra de café ou sangue vermelho-vivo proveniente do sistema digestório. Verificar se o paciente apresenta desidratação decorrente do vomito ou pela perda de sangue. Outros sinais e sintomas abdominais Disfagia = dificuldade para deglutir. O alimento parece grudar, empacar ou até mesmo não descer direito. A sensação de bolo na garganta ou na região retroesternal não é uma disfagia verdadeira. SOLICITE AO PACIENTE ONDE OCORRE A DISFAGIA. A indicação de um ponto abaixo da incisura esternoclavicular indica disfagia esofágica. Investique quais tipos de alimentos provocam os sintomas, se são líquidos, sólidos. Pergunte quando começou a disfagia, se ela é intermitente, se vem progredindo e se há sinais associados a disfagia. Odinofagia = dor à deglutição. Pode ser induzida por medicamentos (AINES) Alteração da função intestinal A função intestinal precisa ser avaliada frequentemente, inicie perguntando: Como anda seu intestino? Com que frequência defeca? Notou alguma mudança no seu ritmo intestinal? *Os parâmetros atuais sugerem que o mínimo pode ser de apenas duas defecações por semana. Alguns pacientes queixam flatulência = AEROFAGIA. Considerar aerofagia o consumo de legumes ou outros alimentos produtores de gases, deficiência de lactase intestinal ou síndrome do intestino irritável. Diarreia e constipação intestinal o Diarreia: O aumento do conteúdo de água nas fezes = diarreia. Os pacientes, porém, enfatizam habitualmente a diarreia como fezes líquido-pastosas, ou maior frequência de defecação. Pergunte o paciente sobre a duração da diarreia: Diarreia aguda dura até 2 semanas, já a crônica é definida como persistente durante 4 semanas ou mais. A diarreia crônica geralmente não está relacionada a processos infecciosos. Pergunte sobre as características das fezes, incluído volume, frequência e consistência: Existe muco, pus ou sangue nas fezes? Necessidade urgente de defecar, acompanhada por dor, cólicas ou esforço de defecação involuntário? Diarreia noturna? Geralmente tem alguma importância patológica. As fezes são gordurosas? Espumosas? Geralmente estão associadas com insuficiência pancreática e no crescimento excessivo de bactérias do intestino delgado. Investigue os medicamentos atuais, alguns possuem relação com diarreia, como as penicilinas e macrolideos, antiácidos a base de magnésio, fitoterápicos e medicamentos alternativos. o Constipação intestinal: As definições atuais estipulam que a constipação intestinal deve ocorrer por no mínimo 12 semanas nos últimos 6 meses, associado com pelo menos 2 condições abaixo: - Menos de três defecações por semana - 25% ou mais das defecações com esforço ou sensação de defecação incompleta - Fezes em bolinhas ou duras - Necessidade de facilitação manual Pergunte a respeito da frequência das defecações, eliminação das fezes duras ou com dor, esforço para defecar e sensação de esvaziamento retal incompleto ou pressão no reto. Medicamentos como anticolinérgicos, BCC, ferro e opioides podem causar constipação. Ocorre também em pacientes com DM, hipotireoidismo, hipercalcemia. Pergunte a respeito da coloração das fezes: Há melena? = fezes pretas e pastosas (HDA) Há hematoquezia? = fezes com coloração avermelhada ou acastanhada (HDB) O sangue, no caso de ‘’hematoquezia’’ é misturado as fezes ou no papel higiênico? Sangue na superfície das fezes ou no papel higiênico pode ocorrer no caso de hemorroidas. Icterícia A icterícia é observada pela coloração amarelada da pele e das escleróticas por níveis aumentados de bilirrubina, um pigmento biliar derivado principalmente da degradação da hemoglobina. Mecanismos da icterícia: - Aumento da produção de bilirrubina (anemia hemolítica) - Redução da captação de bilirrubina pelos hepatócitos - Diminuição da capacidade hepática de conjugação de bilirrubina (síndrome de Gilbert) - Redução da excreção de bilirrubina pela bile, resultando em absorção de bilirrubina conjugada. Défict da exreção de bilirrubina conjugada acontece na hepatite viral, cirrose, colestase farmacoinduzida (ACO e clorpromazina). Ao avaliar um paciente ictérico, é necessário dar sinais e sintomas associados ao contexto em que ocorreu a doença. Perguntar: Qual é a coloração da urina quando o paciente adoeceu? Quando o nível de bilirrubina conjugada aumenta no sangue, ela pode ser excretada por via urinária = COLÚRIA (urina escura). Pergunte também sobre a coloração das fezes, afinal, quando ocorre obstrução da excreção de bilirrubina pelo intestino as fezes se tornam claras = ACOLIA FECAL. Pergunte a respeito das doenças hepáticas: HEPATITE A = viagens ou refeições em regiões de condições sanitárias precárias? HEPATITE B = exposição parenteral ou das mucosas a líquidos corporais infecciosos como sangue, soro, sêmen e saliva, principalmente por contato sexual ou por agulhas infectadas? HEPATITE C = uso de drogas ilícitas intravenosas ou transfusões de sangue? HEPATITE ALCOÓLICA/CIRROSE LESÃO HEPÁTICA POR MEDICAMENTOS DOENÇAS OU CIRURGIA DE VESICULA BILIAR SISTEMA URINÁRIO Pergunte ao paciente sobre a história geral da urina: Você sente dificuldade para urinar? Com que frequência você urina? Precisa levantar a noite pra urinar? Com que frequência? Sente dor ou ardência? Já urinou de forma involuntária? Eliminação involuntária de urina, ou falta de percepção da micção, sugerem déficits cognitivos neurossensoriais. Pergunte às mulheres se a ocorrência de tosse súbita, espirros ou o riso provoca alguma eliminação de urina. Pergunte homens com idades mais avançadas: Tem dificuldade em começar a urinar? Houve alteração na força ou tamanho do jato? Há gotejamento de urina mesmo depois de acabar de urinar? Essas causas acima podem ser comuns em homens com obstrução da saída vesical por causa de hiperplasia prostática benigna (HPB). Dor suprapúbica Os distúrbios do sistema urinário podem gerar dor no abdome ou no dorso. Os distúrbios da bexiga causam dor suprapúbica. A dor na região abdominal inferior é tipicamente surda e em caráter de compressão nos casos de infecção vesical. Disúria, urgência ou polaciúria. A infecção ou irritação da bexiga costumam provocar, geralmente, vários sintomas Disúria = dor à micção, como sensação de ardência ou queimação. Alguns médicos resguardam o termo para usar em dificuldade de urinar. As mulheres geralmente sentem ardência na região interna da uretra e os homens, na região proximal à glande. Urgência urinária = desejo intenso e imediato de urinar Polaciúria = necessidade de urinar mais do que o normal Hematúria = presença de sangue na urina Associado a estessintomas, interrogue se há febre, calafrios e dor na região de flanco. Poliúria ou noctúria Poliúria = aumento significativo do voluma urinário de 24h definido como superior a 3l. Deve ser diferenciada da polaciúria Noctúria = aumento da frequência urinaria pela noite A polaciúria sem poliúria diurna sugere distúrbio vesical ou obstrução ao fluxo no colo vesical ou abaixo dele. Incontinência urinária Até 30% dos idosos apresentam alguma preocupação com a incontinência urinária, ou seja, eliminação involuntária de urina. Descubra se o paciente elimina pequenos volumes de urina por aumento da pressão intra- abdominal (durante a tosse, espirro, riso ou levantamento de objetos pesados) ou tem dificuldade de reter a ruina uma vez que tenha apresentado necessidade de urinar. Diversas lesões nervosas centras ou periféricas podem afetar a micção normal. Além disso, o estado geral do paciente tem grande impacto na micção normal, então é necessário avaliar: ele está lucido? Tem capacidade de responder as solicitações miccionais e ir ao banheiro? Hematúria A existência de sangue na urina é uma causa importante de preocupação. Nas mulheres, certifique- se de fazer o diagnóstico diferencial entre sangue menstrual e hematúria. Se a urina tiver avermelhada, questione sobre a ingesta de beterraba ou de medicações capazes de alterar a cor. Dor no rim ou no flanco; cólica uretral Os distúrbios do sistema urinário também podem causar dor renal, geralmente relatada como dor no flanco, no rebordo costal inferior. A dor pode irradiar para a parte anterior, na direção do umbigo. A dor renal é do tipo visceral, provocada geralmente pela distensão da capsula renal, é surda, vaga e inconstante, bem diferente da dor de origem ureteral. A dor ureteral é intensa, sentida como cólica, e costuma originar no ângulo costovertebral, até atingir o QI do abdome, a região superior da coxa, os testículos ou os lábios do pudendo. EXAME FÍSICO o ABDOME Inspeção Inspecione o abdome sempre de pé, à direita do paciente. Observar na pele: Cicatrizes Estrias: as antigas são consideradas normais, as de coloração rosa-violácea indica síndrome de Cushing. Veias dilatadas: algumas de pequenos calibres são normalmente visíveis. Veias muito dilatadas podem ser um indicio de cirrose hepática ou obstrução da VCI. Erupção cutâneas ou equimoses: são encontradas em casos de hemorragia intra ou retroperitoneal. Umbigo: Observe o contorno e a localização, bem como sinais de inflamação ou protrusão, sugestivos de hérnia. Contorno do abdome: Retificado, arredondado, protuberante ou escafoide? Abdome se mostra simétrico? Assimetria sugere visceromegalia ou massa Há órgãos ou massas visíveis? Peristaltismo: Observe o abdome durante alguns minutos caso suspeite de obstrução, ele estará ausente. Pulsações: Geralmente a pulsação aórtica é visível no epigástrio. Ausculta A ausculta deve ser feita antes da palpação e percussão para que não ocorra a alteração da frequência dos sons intestinais. Ausculte os sons intestinais e observe sua frequência e suas características, por 2 a 5 minutos. Os sons normais consistem em estalidos e gorgolejos, que ocorrem numa frequência estimada de 5 a 34 por minuto. Sons intestinais modificam-se na diarreia, obstrução intestinal, íleo paralitico e na peritonite. Ocasionalmente são auscultados borborigmos = ‘’ronco do estomago’’ Ausculte sobre o fígado e baço a procura de atritos. Os atritos são indicativos de hepatoma, infecção gonocócica peri-hepática, infarto esplênico e carcinoma pancreático. Percussão Auxilia avaliar a quantidade e a distribuição dos gases no abdome, possíveis massas sólidas ou cheias de liquido e as dimensões do fígado e do baço. Deve-se percutir os quatro quadrantes do abdome para avaliar a distribuição do timpanismo e da macicez. O timpanismo costuma predominar decorrente dos gases existentes, mas também são existentes as regiões de macicez em virtude de haver líquidos e fezes. Abdome protuberante e totalmente timpânico sugere obstrução intestinal. Pesquise regiões de macicez sugestivas de massa ou um órgão aumentado de tamanho. Observe a transição de timpanismo para macicez das estruturas posteriores sólidas, nos dois lados de um abdome protuberante. Macicez nos flancos é uma indicação de pesquisa adicional de ascite. Palpação o Superficial É útil para identificar dor à palpação, resistência muscular e alguns órgãos ou massas superficiais. Se houver resistência, tente diferenciar a defesa do espasmo muscular involuntário Perceba o relaxamento dos músculos abdominais que acompanham a inspiração Solicite ao paciente que respire pela boca A defesa voluntária costuma diminuir com essas manobras o Profunda É necessário para delimitar massas abdominais Palpe todos os quatro quadrantes, verifique se há presença de quaisquer massas e registre sua localização, forma, tamanho, consistência, hipersensibilidade, pulsações e mobilidade com respiração ou com a mão examinadora. As massas abdominais podem ser classificadas como: fisiológicas (útero gravídico), inflamatórias (diverticulite do colo intestinal), vasculares (aneurisma da aorta abdominal), neoplásicas (carcinoma de colo intestinal) ou obstrutivas (bexiga destendida ou alça intestinal dilatada). o Avaliação de possível peritonite Inflamação do peritônio parietal é um sinal de abdome agudo. Os sinais incluem: sinal da tosse positivo, defesa (contração voluntária do abdome), rigidez (contração reflexa involuntária), descompressão dolorosa e dor à percussão. As causas incluem apendicite, colescitite e perfuração da parede intestinal o FÍGADO Percussão Meça o limite vertical da macizez hepática na linha hemiclavicular Começando em um nível abaixo do umbigo no quadrante inferior direito, percuta suavemente para cima em direção ao fígado, identificando a borda inferior da macizez hepática na linha hemiclavicular. Em seguida identifique a borda superior da macizez hepática na linha hemiclavicular. Começando na linha mamilar, seguindo o som claro atimpânico pulmonar para baixo, no sentido da macicez hepática. Hepatimetria: A amplitude da macicez hepática diminui quando o fígado é pequeno ou quando existe ar ivre abaixo do diafragma, como na perfuração de vísceras ocas. HEPATIMETRIA NORMAL Palpação Coloque a mão por baixo do paciente, paralela à 11ª e 12ª costelas para ficar mais fácil a palpação. Coloque os dedos da mão direito abaixo da borda inferior da macizez hepática, e uma leve compressão para dentro e para cima é aplicada. Peça ao paciente que respire fundo e procure sentir as bordas do fígado quando ela desce de encontro às pontas de seus dedos. Fígado de consistência firme ou endurecida, com borda romba ou arredondada e de contorno irregular, sugere anormalidade hepática. Verifique se ocorre dor à palpação, sendo o fígado normal levemente doloroso à palpação. Durante a INSpiração o fígado é palpável cerca de 3cm abaixo do rebordo costal. Técnica do gancho: Pode ser útil principalmente quando o paciente é obeso Peça ao paciente que respire fundo, a borda hepática é palpável com as polpas digitais das duas mãos Avaliação da dor à percussão de um fígado impalpável Coloque a mão esquerda esticada sobre o gradil costal inferior direito e, em seguida golpeie a caixa torácica com a superfície ulnar do seu punho direito. Faça do lado esquerdo também e peça para o paciente comprar a dor. Aumento de sensibilidade sobre o fígado sugere inflamação, como na hepatite, ou congestão, como na IC. o BAÇO Percussão Duas técnicas auxiliam na detecção do aumento do baço 1ª) Percussão da região inferior esquerdada parede torácica (espaço de TRAUBE) – Durante a percussão ao longo dos trajetos sugeridos pelas setas abaixo, é possível perceber a extensão lateral do timpanismo. Se houver macicez à percussão, a palpação detecta corretamente se há ou não esplenomegalia em mais de 80% dos casos Se houver líquidos ou sólidos no estomago ou colo intestinal, pode provocar macicez no espaço de Traube. 2ª) Pesquisa do sinal de percussão esplênica Percuta o espaço intercostal mais baixo da linha axilar anterior esquerda. O som nesta região costuma ser timpânico. Em seguida peça o paciente que respire fundo, e torne a percutir. Quando o baço for normal, a percussão permanecerá timpânica. A transição de uma percussão timpânica para a macicez durante a inspiração sugere esplenomegalia (sinal de percussão esplênica positivo) Palpação Com a mão esquerda, segura-se o paciente de modo a apoiar e comprimir pra frente a região inferior da caixa torácica. Com a sua mão direita por baixo do rebordo costal esquerdo, faça pressão para dentro, na direção do baço. Inicie a palpação em uma altura mais baixa para permitir a detecção de um possível aumento do baço. Solicite ao paciente que inspire profundamente. Fique atento a qualquer hipersensibilidade. A manobra é repetida com o paciente em decúbito lateral direito. Nessa posição, a gravidade traz o baço para a frente e para a direita, passando a ocupar uma localização palpável. o RINS Palpação São órgãos retroperitoneais e habitualmente não são palpáveis, porém, o aprendizado das técnicas auxilia para diferenciar rins aumentados. Coloque a mão direita nas costas do paciente, logo abaixo e paralelamente à 12ª costela, e com as pontas dos dedos apenas tocando o ângulo costovertebral. Eleve a mão, tentando deslocar o rim para frente. Coloque a mão esquerda no quadrante superior esquerdo, lateral e paralelamente ao musculo reto do abdome, e solicite ao paciente que respire fundo. No pico da inspiração, aperte sua mão esquerda firme e profundamente no quadrante superior esquerdo, e tente capturar o rim entre as duas mãos. Libere lentamente procurando sentir o rim voltando pra a sua posição expiratória. Se for palpável, descreva seu tamanho, contorno e se há hipersensibilidade. Pesquisa de punhopercussão dolorosa – SINAL DE GIORDANO Coloque a mão espalmada sobre o ângulo costovertebral e, a seguir, desfeche um golpe com a superfície ulnar de seu punho. Dor a punhopercussão sugere pielonefrite, mas também pode ter uma causa musculoesquelética. o BEXIGA Normalmente não pode ser palpada, a menos que esteja distendida e ultrapasse a sínfise pubiana. Pesquise e utilize a percussão para identificar a macicez e determinar a altura da bexiga em relação à sínfise pubiana. MANOBRAS ESPECIAIS o Ascite Um abdome protuberante com flancos abaulados, sugere possibilidade de ascite. A percussão das regiões inferiores do abdome com ascite evidencia macicez, pesquise esse padrão percutindo de dentro para fora, em várias direções, a partir da região de timpanismo central. Teste da macicez móvel (macicez de decúbito) Peça ao paciente para que vire para um dos lados. Percuta e marque as margens novamente. O indivíduo sem ascite as margens entre timpanismo e macicez relativamente constantes. Na ascite, a macicez desloca-se para o lado mais baixo, enquanto o timpanismo desloca-se para cima. Sinal de PIPAROTE Solicite ao paciente que comprima a linha média do abdome com firmeza, usando as bordas das mãos. Percuta um dos flancos com a ponta dos dedos, e com a outra mão tente sentir no flanco oposto um impulso transmitido pelo liquido. É comum esse sinal permanecer negativo até a ascite se torne bem evidente. o Apendicite É uma causa comum de dor abdominal aguda. É preciso pesquisas com cuidados sinais de irritação peritoneal e os sinais adicionais de dor à palpação do ponto de McBurney, Sinal de Rovsing, sinal de Psoas e sinal do obturador. Solicite ao paciente que determine o local onde a dor surgiu e onde se encontra no momento. Solicite que tussa e informe onde ocorreu a dor. Sinal de Rovsing Comprima profundamente o quadrante inferior esquerdo e rapidamente retire os dedos. Se o paciente sentir dor no quadrante oposto, ou seja, no inferior direito = sinal de Rovsing + (sugere apendicite) Sinal de Psoas Coloque sua mão acima do joelho e peça para que o paciente eleve essa coxa contra a sua mão. A intensificação da dor abdominal provocada por uma dessas manobras constitui sinal de Psoas +, sugestivo de irritação do musculo psoas por um apêndice inflamado Outra maneira é solicitar que o paciente vire para o lado esquerdo e solicitar que estique a perna direita até a altura do quadril Sinal do obturador Flexione a coxa direita do paciente até a altura do quadril, com os joelhos dobrados, efetue a rotação da perna na altura do quadril. Dor na região hipogástrica direita constitui sinal do obturador positivo, que é sugestivo de irritação do músculo obturador por um apêndice inflamado. Sinal de Blumberg Descompressão dolorosa do ponto de Mc Burney (1) – irritação peritoneal (apendicite) o Avaliação de possível colecistite aguda Sinal de Murphy Coloque o dedo polegar no ponto cístico e peça ao paciente para que respire fundo. O aumento súbito da dor à palpação com parada brusca da inspiração constitui sinal de Murphy + da colescitite aguda. Sinal de Courvoisier É um sinal médico que define uma vesícula biliar distendida (palpável) sem a presença de dor. É um forte indicativo de câncer pancreático (principalmente periampular), e pode ser usado para distinguir o câncer pancreático da colecistite aguda ou coledocolitíase. o Pneumoperitônio Sinal de Jobert É a perda da macicez hepática na percussão abdominal (fica timpânico) Presença de gás interposto entre o fígado e parede abdominal o Pancreatite Sinal de Cullen Sinal médico que é caracterizado equimoses azuis-pretas na região periumbilical devido à hemorragia retroperitoneal. Sinal de Grey- Turner Refere a equimoses nos flancos https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinal_m%C3%A9dico https://pt.wikipedia.org/wiki/Equimose https://pt.wikipedia.org/wiki/Umbigo
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