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CLINICA PED. Mayra Heringer DIARREIA Doença diarreica aguda (DDA) 463 casos em crianças < 5 anos (MS, 2018) 440 mil óbitos em < de 4 anos (OMS,2018) 28 óbitos em minas em 2018 Avanço na saúde pública, após vacinação de rotavirus com 2-4 meses vem diminuindo a incidência de diarreia Disseminação entre profissionais da área da saúde e da própria comunidade dos princípios fundamentais do tratamento da diarreia aguda e desidratação DEFINIÇÃO Ocorrência de 3 ou mais evacuações amolecidas ou liquidas nas últimas 24 horas (SBP 2017) Ficar atento ao que os cuidadores relatam como diarreia. FISIOPATOLOGIAS Reação inflamatória: Vírus, parasitas, bactérias Respostas não inflamatórias: alimento, medicamentos, alergia alimentar Perda de barreira de defesa gástrica, que é feita pelo pH ácido da mucosa gástrica, flora bacteriana normal, peristaltismo, sistema imune entérico levando a diminuição da absorção normal do liquido, assim o liquido não absorvido se mistura as fezes deixando ela mais amolecida. Não absorção dos líquidos e eletrólitos normalmente Cada agente etiológico age de uma maneira no TGI CLASSIFICAÇÃO Diarreia aguda aquosa: pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume Diarreia aguda com sangue: Presença de sangue nas fezes, representa a lesão na mucosa intestinal Diarreia persistente: Quando se estende por 14 dias ou mais Diarreia crônica: não é autolimitada ETIOLOGIA Vírus: Rota vírus, corona vírus, Adenovirus, calicivirus (em especial o norovirus) e Astrovirus Bacterias: E. coli enteropatogenica clássica E. coli enterotoxigenica E. coli enterrohemorragica E. coli enteroinvasiva E. coli enteroagregativa 18 Salmonella Shingella Vibrio cholerae Yersinia Parasitos: Entamoeba hytolytica Giardia lamblia Cryptosporidium Isosopora Fungos: Candida albicans COMPLICAÇÕES Idade inferior a 2 meses Doença de base grave como a diabetes mellitus Insuficiência renal ou hepática e outras doenças crônicas Presença de vômitos persistentes Perdas diarreicas volumosas e frequentes (+ de 8 episódios diários) Percepção dos pais de que há sinais de desidratação ANAMNESE Duração da diarreia → conceituar a diarreia para não acha que toda evacuação aquosa é diarreia) Número diário de evacuações Presença de sangue nas fezes → observar se não tem presença de lesões na região anal, observar região anal na consulta e perguntar como o sangue está saindo se vermelho vivo ou mais escuro Número de episódios de vômitos Presença de febre ou outra manifestação clinica Pratica alimentares previas e vigentes Oferta e o consumo de líquidos Histórico de imunizações → rotavirus Diurese e peso recente → vai falar sobre a desidratação se é leve, moderada ou grave. Para saber se a reposição volêmica está sendo eficaz ou não. EXAME FISICO Minucioso Estado de hidratação → sinal da prega, mucosas, turgor da pele, pulsos, perfusão Estado nutricional Estado de alerta PESO < 5% → Desidratação Leve 5 – 10% → Desidratação Moderada > 10% → Desidratação Grave DIAGNOSTICO Clinico Hemograma Ionograma Ureia, creatinina Hemocultura Pesquisa de agentes etiológicos? (Pacientes com doenças crônicas, DM, anemias, com suspeita de parasitose) TRATAMENTO PLANO A: o paciente está com diarreia e está hidratado, faz o plano A para paciente não entrar em desidratação PLANO B: Está com diarreia e há desidratação PLANO C: Tem diarreia e está com desidratação grave PLANO A Tratamento no domicilio É obrigado aumentar a oferta de líquidos Soro de reidratação oral Manutenção da alimentação Manter o aleitamento materno Orientar o paciente ou acompanhante para reconhecer os sinais de desidratação (olho fundo, prostração, querendo ficar mais deitado ...) OBS: NÃO RECOMENDAR SORO CASEIRO → em último caso mesmo quando não tem outro jeito, com colherzinha da pastoral Medicamentos: Zinco (2mg/0,5ml ou 4mg/ml) Reduzir a duração do quadro de diarreia OMS, deve ser usado em < de 5 anos durante 10-14 dias <6 meses: 10mg/dia >6 meses: 20mg/dia 2mg/0,5 ml – Gliconato de zinco < 6 meses: 2,5 ml > 6 meses: 5,0 ml 4 mg/ml – sulfato de zinco < 6 meses: 2,5 ml > 6 meses: 5,0 ml Principalmente em pacientes em desidratação grave plano C e pacientes com doenças crônicas Antibiótico Uso restrito Quando usar? Quando tem casos bacterianos, salmonela, shingela, vibrio cholera, sangue nas fezes com suspeita de desinteria, em casos de doenças crônicas anemias falciformes. 1. Ciprofloxacino (1ª escolha): Crianças 15 mg/kg, 2x/ dia, durante 3 dias Adultos 500 mg, 2x/dia, durante 3 dias OBS: no Brasil não tem em solução dificultando a utilização 2. Azitromicina 10 -12 mg/kg no 1° dia VO 5 – 6 mg/kg por mais 4 dias VO Tratamento durante 5 dias, cuidado com uso desenfreado de macrolideo devido à resistência 3. Ceftriaxona 50 – 100 mg/kg EV por dia durante 3 a 5 dias nos casos graves que requerem hospitalização 4. Sulfametoxazol + trimetropim? Bactrim: shingela já são resistente a sulfa Probiotico Quando consumidos em quantidades adequadas, proporcionam efeito benéfico para a saúde do indivíduo Microorganismo vivo Interagem com a microbiota intestinal Coadjuvante no tratamento Saccharomyces boulardii e Lactobacillus reuteri Antiemeticos (OMS) não devem ser utilizados no tratamento da diarreia aguda (ESPGHAN) A ondansetrona pode proporcional redução na frequência de vômitos, na necessidade de hidratação parenteral e de internação hospitalar 1. Ondansetrona 0,1 mg/kg (0,15 – 0,3/kg) Até no máximo 4mg VO ou IV Liberado em > 6 meses de idade, sendo a mais segura para crianças Atenção!!! NÃO USAR Metoclopramida (PLASIL) em criança pois causa efeitos extrapiramidais. Bromoprida as vezes usam pois é o mais encontrado nos locais de saúde, porem também podem causar efeitos extrapiramidais Drogas Antissecretoras Racecadotrilas: Reduzem a secreção intestinal de água e eletrolitos Não atua na motilidade intestinal (ESPGHAN). Coadjuvante no tratamento Contraindicado: em < 3 meses Criança: sache de 10 e 30 mg Adulto: comprimido 100mg Dose: 1,5 mg/kg 8/8 hrs Usar até criança parar de ter evacuações liquidas Contraindicado em crianças: Cloridrato de loperamida Vitamina A: hiper dose de vitamina A diminui a internação por diarreia e mortalidade PLANO B TEM DIARREIA E ESTÁ COM DESIDRATAÇÃO Deve ser realizado na unidade de saúde Administrar o soro de reidratação oral sobre supervisão medica Antes de começar tem que pesar a criança e calcular o tanto de soro que deve ser dado de 4 até 6 horas Entre 50 a 100 ml/kg durante 4 – 6 horas Ex: criança de 20kg, vai ter que tomar de 1.000ml – 2.000 ml durante 4 -6 horas (250 ml por hora) Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos Reavaliar o paciente continuamente (parâmetros que foram avaliados para caracterizar desidratação) 1. Após o termino desta fase, retomar os procedimentos do Plano A 2. Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogastrica (gastroclise) 3. Se o paciente evoluir para desidratação grave seguir o PLANO C TERAPIA DE REIDRATAÇÃO ORAL (TRO) Desidratação: perda de eletrólitos, agua, bicarbonato, glicose Reposição de perdas para prevenir a desidratação → PLANO A Reversão da desidratação, ou fase de reparação → PLANO B Solução com 75 a 90 mmol desódio/L Ficar atento a concentração de sódio e de glicose do soro, para não fazer uma hipernatremia, preconiza mais as soluções hiposmolar Calculo de Índice da Retenção Ganho de peso em gramas x 100 ______________________________ Volume ingerido em ML Ex: 20 kg – ganhou 200g x 100 / 250 ml = 80 (retenção maior que 20% do que foi ingerido) Retenção > que 20 % na 1ª hora indica = SUCESSO! DESIDRATAÇÃO Situação clínica em que ocorre déficit de agua e eletrólitos por balanço negativo Agua, sódio, potássio, bicabornato Fatores predisponentes são: Idade: as crianças abaixo de 1 ano são mais suscetíveis Desnutrição Ambiente físico: calor Falta de oferta (agua) Vomito Febre Perda fecal (10ml/kg/dia → 100 a 200ml/kg/dia) Perda insensíveis (pele e pulmões) Perdas renais (60ml/100kcal/dia) PLANO C Ambiente hospitalar Quando já está no nível de plano C a desidratação ou não melhorou após plano B, não saiu do estado de desidratação ou piora do quadro. Soro de expansão + Soro de manutenção + soro de reparação Corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral (expansão) → fase rápida com grande quantidade de volume Avaliar o paciente continuamente Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado Observar o paciente por pelo menos 6 horas 3 FASES: Soro de Expansão → Tirar a criança do estado de desidratação Soro de manutenção → Garante H20, glicose, Na e K, para a homeostase Soro de Reposição → Evitar nova desidratação repondo perdas SORO DE EXPANSÃO Exemplo: criança de 11 meses, 10 kg, com olhos muito fundos, sem lagrimas, fontanela deprimida, sem aceitação de TRO Quanto de volume? Plano C. Inicia com soro de expansão (20ml/kg) 10 kg x20 ml/kg = 200 ml EV SF 0,9% em 30 minutos Exemplo: Criança 4 anos, 19 kg 19 kg x 20 ml/kg = 380 ml EV SF 0,9% em 30 minutos AVALIAR O PACIENTE CONTINUAMENTE Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação venosa Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado Fase de manutenção e reposição SORO DE MANUTENÇÃO Iniciar após fase de expansão Ex: Criança de 9 kg → 9 x 100 = 900 ml Ex 2: Criança de 12 kg → 1000 + 50 x 2 = 1100 ml Ex 3: Criança de 24 kg → 1500 + 20 x 4 = 1580 ml Soro total: 8 kg x 100 ml/kg = 800 ml de volume Glicose: 100 --------------8g 800 -------------- x X = 64 g de glicose Na + 100 ------------- 3 meq 800 ------------- x X = 24 meq de Na+ K+ 100 ------------ 2,5 800 ------------- x X = 20 meq de K+ PRESCREVENDO O SORO Glicose: soro glicosado Sódio: Soro fisiológico 0.9% Potássio: Kcl EV – Correr em bomba de infusão por 24h SG: 1 ml -------- 0,1g de glicose X ----------64 g X = 640 ml SF: 1 ml ----------- 0,15 meq/ ml de sódio X ------------- 24 meq X = 160 ml KCL: 1 ml ------------- 2,5 meq/ ml de K X ---------------20 meq X= 8 ml EX: criança de 15 kg SORO DE REPOSIÇÃO Garantir por via endovenosa o volume de perda fecal do doente para evitar nova desidratação Perda leve: 50 ml/kg/24 horas (1: 1 SG 5% e SF ou ⅔ SF e ⅓ SG 5%) Acrescentar 1 ml/kg de Kcl 19,1 % EV por 24 HORAS EX: paciente de 8 kg – 8 x 50 = 400 200 ml de SG 5% + 200 ml SF 0,9% + 8 ml de Kcl Perda grave: 100 ml/kg/24 horas Acrescentar 1ml/kg de Kcl 19,1% EV por 24 HORAS Importante!!! No momento da expansão rápida já vai coletar exames: hemograma, glicemia, sódio, potássio, gasometria DISTURBIO HIDROELETROLITICO SODIO É o cátion dominante no LEC, e é o principal determinante da osmolaridade extracelular. Necessário para manutenção do volume intracelular Ingestão? Alimentos, formulas... Absorção (alta absorção, ADH retém a agua e sódio) Valor Fisiológico: 135 – 145 mEq/L Excreção de sódio Rim: Equilibrio de sódio, principal local de excreção Suor Perda intestinal Diarreia aguda (10 a 15 mEq/kg/dia) HIPONATREMIA Na < 135 mEq/l (130 mEq/L – quando aparece os sintomas) Grave: 120 mEq/L Distúrbios eletrolíticos mais comum em pacientes hospitalizados ↓ da osmolaridade do espaço extracelular: Extra → INTRA = edema das células (edema SNC) Causa: Vomito Diarreia Pele (suor) Diuréticos de alça ou tiazidicos Hiperglicemia Hipotireoidismo ITU Nefropatias Suspeitar: Comatoso, olhos fundos, boca seca, perfusão baixa, sinal da prega ruim, fontanela abaulada, porem tem diurese presente. Quadro clinico: Irritabilidade Náuseas Perda de reflexos profundos Letargia Confusão Desorientação Depressão Convulsão COMA Tratamento: Expansão com SF (correção rápida) MEq Na: [ (130 – Na+ encontrado) x peso x 0,6]) Ex: laboratório veio Na+ 129: (130 – 129) x 8kg x 0,6 NaCl 3% (0,5 mEq Na/ml) NaCl 20% (3 mEq de Na/ml) Controle laboratorial pós correção 10 a 12 mEq/L a cada 24 horas HIPERNATREMIA Na > 145 mEq/L (sintomas com Na > 150 – 155 mEq/L Causas: Ingestão de TRO inadequada, soro caseiro (bebidas isotônicas, refrigerantes, muito sal de cozinha ...) Aporte excessivo de agua x aporte deficiente de agua Diabetes insipido, diurese osmótica Grande queimado Ingestão de agua do mar (afogamento) Clinica: Irritabilidade Confusão Caibras Letargia Tremores Hiperreflexia Convulsão Coma Febre, choro estridente Diminuição do volume encefálico Estiramento dos vasos intracerebrais Tratamento: Correção LENTA!!! → Edema cerebral Monitoramento clinico e laboratorial (Na sérico) Administração lenta: 20ml/kg/h de “SORO AO MEIO” 1:1 (SG 5% e SF 0,9%) Ex: 5 kg x 20 =100 ml → 50ml SF 5% e 50 ml SF 0,9% Diminuição de 10 mEq/L em 24 horas – 0,5 mEq/L/h *** Composição das soluções: POTÁSSIO K+ é um cátion essencialmente intracelular (98%) e uma pequena parte é dosada no sangue (0,4%) com variação normal entre 3,5 e 5 mEq/L Alterações no ECG Excreção: Suor, colon, rim (principal regulador) HIPOCALEMIA K+ < 3,5 mEq/L Causas: Diarreia ICC Insulina Uso de diurético de alça e tiazidicos Nefropatias Cetoacidose diabética Quadro clinico: Náusea Vomito Distensão abdominal gasosa Hipotensão postural Fraqueza muscular Paralisia muscular Irritabilidade e confusão mental ECG!!! → priorizar alterações cardíacas Aumento da amplitude da onda P Prolongamento do espaço PR (BAV) Alargamento do complexo QRS Arritmias Tratamento: 2,5 mEq/100Kcal/dia Adicionar ao soro de manutenção e reposição uma oferta adicional de K+ Hipocalemia severa (K+ < 2,5 mEq/L) Correção via EV: 0,5 mEq/kg/h de K+ Concentração máxima: 40 mEq de K+ KCL a 19,1 %: 2,5 mEq/L KCL a 10 %: 1,34 mEq/L HIPERCALEMIA K+ > 5,5 mEq/L Priorizar o ECG – causas mais severas no coração do que hipocalemia Causa: Acidemia Deficiência de insulina Insuficiência renal Anti-inflamatórios não hormonais Diuréticos poupadores de K, IECA Manifestação clinicas: Cardíacas Fraqueza muscular Fasciculações Mialgia Hiperreflexia (ficar atento a rabdomiolise) Parestesias ECG!!! Onda T apiculada QRS alargado Aumento da amplitude Largura de onda P e PR prolongado FV – Evitar chegar nesse ponto Tratamento: Restringir ou suspender oferta de K e corrigir fatores casuais Níveis superiores a 6 – 6,5 mEq/L – ECG Gluconato de Ca+ a 10% → (0,5 a 1 ml/kg, EV lento) Bicabornato de Na → 1 a 2 mEq/kg IV em 10 minutos (se acidose metabólica) Insulina e glicose (solução polarizante) = 0,1 UI/ kg insulina e 0,5 /kg de glicose Resinas trocadoras de potássio → Sorcal 0,5 a 1 g/kg VO ou VR a cada 6h Furosemida: 1 mg/kg IV a cada 6 horas Dialise (último recurso – IR grave, rabdomiolise)
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