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Cefaleia e Crise Convulsiva

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CLINICA PEDIATRICA 
Mayra Heringer 
CEFALEIA 
 Infância e adolescência: sintoma comum 
 SINTOMA ou Associar com outras doenças 
(rinossinusite, meningite, trauma crânio 
encefálico, pós crise convulsiva, uso excessivo de 
medicação, neoplasia...) 
Sistêmicas X Neurológicas 
 Cefaleia primária (recorrentes, mais comuns) e 
Cefaleia Secundária (associadas a outras 
doenças) 
 Anamnese detalhada 
 Causas mais frequentes (2°): doenças 
infecciosas, hemorragia intracraniana, Trauma 
craniano, e os processos inflamatórios 
 Comprometimento do Sistema Nervoso: 
Vômitos, rigidez de nuca, e sinais de irritação 
meníngea 
 TCE: causa mais frequente de cefaleia aguda 
generalizada ou localizada 
 Hipertensão intracraniana 
 Sono, hipoglicemia, convulsão (estado pós-
convulsional), dietas muito restritivas, distúrbios 
alimentares 
 Alguns alimentos podem ser desencadeantes da 
cefaleia 
 Faixa etária mais comum 5 – 15 anos 
ANAMNESE 
 Tempo 
 Frequência 
 Intensidade 
 Localização → cefaleia primaria geralmente é 
localizada, frontal. A tensional é difusa 
 Período 
 Existência de fatores precipitantes, alivio 
 Alterações comportamentais ou do humor 
 Interferência na escola 
 Como é dentro e fora de casa se isso ocorre 
também. 
 Tratamento em curso ou realizado 
 
MEDICAMENTOS 
 Antidepressivos tricíclicos 
 Ranitidina 
 Anticonvulsivantes (se já toma ou passou a 
tomar ou trocou) 
 Anticoncepcionais 
 Antibióticos 
 Consumo de drogas ilícitas e álcool (em 
adolescentes) 
CEFALEIA PRIMARIA 
 Migrânea ou enxaqueca → podendo ser com 
aura ou sem aura 
 Familiar→ observar se já tem caso na família 
 Episódios de dor podem se manifestar com 
intervalos de dias, semanas ou meses. 
 Intensidade moderada a grave 
 Latejante, associada a náuseas, vômitos, 
fotofobia, fonofobia 
 Aura: 
 TÍPICA (visual, sensorial) ou 
 ATÍPICA (Sind. Alice no País das 
Maravilhas, dificuldade da percepção dos 
objetos, se o objeto está pequeno/grande 
e perto/afastados) 
 75 % das crianças relatam ter até os 15 anos 
 Migrânia - 10,6% das crianças de 5 a 15 anos 
 Até 28 % dos adolescentes > 15 anos 
 Fatores desencadeantes: queijos, chocolate, 
embutidos, fritura, cítricos, shoyu, perfumes, 
combustível, desinfetantes, tintas, bebidas 
(vinho tinto, destilados), alteração do ritmo de 
sono e estresse. 
ESCALA DE DOR: 
 Boa para crianças < 5 anos 
DIAGNÓSTICO ICHD-II: 
 4 a 5 crises → relatadas 
 Duração de 1 a 72 horas → sem tratamento ou 
com tratamento ineficaz 
 Uni ou bilateral pulsátil → a dor é localizada 
 Intensidade moderada a forte 
 Acentuada pelo esforço físico 
 Náuseas e/ou vômitos, fonofobia, fotofobia. 
 
Migrânea sem aura: mais frequente 
I. Pelo menos 5 crises preenchendo os critérios de 
B a D 
II. Cefaleia durando 1 – 72 horas (sem tratamento 
ou com tratamento ineficaz) 
III. A cefaleia preenche ao menos 2 das seguintes 
características: 
A) Localização unilateral 
B) Caráter pulsátil 
C) Intensidade moderada a forte 
D) Exacerbada por ou levando o indivíduo a 
certas atividades físicas rotineiras 
IV. Durante a cefaleia, há pelo menos 1 dos 
seguintes: 
A) Náusea e/ou vomito 
B) Fotofobia e fonofobia 
V. Não atribuía a outro transtorno 
Migrânea com aura → Dor precedido de: 
I. Pelo menos 2 crises preenchendo os critérios II – 
IV 
II. A aura consistindo em pelo menos 1 dos 
seguintes, mas sem nenhuma paresia: 
A) Fenômenos visuais 
B) Fenômenos sensitivos 
C) Alterações da fala, disfasia. 
III. Pelo menos 2 dos seguintes: 
A) Sintomas visuais homônimos e/ou sintomas 
sensitivos unilaterais 
B) Pelo menos 1 sintoma de aura desenvolve-
se gradualmente em ≥ 5 min e/ou diferentes 
sintomas de aura ocorrem em sucessão em 
≥ 5 min 
C) Cada sintoma dura ≥ 5 e ≤ 60 min 
IV. Cefaleia preenchendo os critérios de II – IV para 
migranea sem aura começa durante a aura ou se 
sucede com intervalo de até 60 minutos 
V. Não atribuída a outro transtorno 
MIGRANEA SEM AURA 
 Forma mais comum tanto em crianças como m 
adultos 
 Recorrente 
 Duração de 1-72 horas 
 Diário de dor → anotar o tempo que dói a 
duração, se claridade ou som incomodou, 
sempre que sentir 
 Com tratamento ou sem tratamento (se usou 
dipirona, ibuprofeno...) 
 Bilateral, focal 
 Mudança no padrão de atividades – PIORA 
intensidade da dor 
 Náusea e Vômito, dor abdominal 
 Fotofobia e fonofobia (IDADE) 
 Sintomas vão se tornando mais intensos com o 
passar da idade (adolescentes vão sentir mais 
náusea, fotofobia, fotofobia, dor abdominal) 
 Histórico Familiar 
 Marcadores desencadeantes: pular refeições, 
sono irregular ou inadequado, mudanças 
climáticas, períodos menstruais, 
anticoncepcionais em adolescentes) 
MIGRANEA COM AURA 
 Aura: Aviso neurológico de que uma migrânea 
vai ocorrer 
 Visual, sensitiva ou difásica 
 Fotopsia – feixes de luz disparando 
DIAGNOSTICO 
 Clínico → descartar mudanças do estilo de vida 
da criança e a partir do diário da dor 
 Exame Clínico-neurológico minucioso → algum 
sinal de irritação meníngea, de infecções. 
 Exames Laboratoriais 
 Imagem (TC de crânio, RNM) 
INDICAÇÕES PARA EXAMES DE NEUROIMAGEM 
 Crianças com anormalidade do exame 
neurológico (ex: rigidez de nuca) 
 Cefaleia relacionado a crises epiléptica 
 Cefaleia intensa de início recente 
 Mudança recente nos padrões de cefaleia, como 
aumento da frequência, intensidade ou 
característica da dor 
 Cefaleia primaria sem resposta ao tratamento 
TRATAMENTO 
 Sintomático e Preventivo 
 Orientação a criança a reconhecer e responder 
ao início dos sintomas 
 Crises agudas de migrânea → repouso ambiente 
tranquilo, com pouca luminosidade, dormir se 
possível. Hoje em dia está muito comum em 
crianças a exposição a telas o que precipita a 
cefaleia 
Drogas: 
 Paracetamol 10 a 15 mg/kg/dose 4/4hrs 
 Dipirona 6 a 10 mg/kg/dose 
 Ibuprofeno 7,5 a 10 mg/kg/dose- 6/6 horas 
 Naproxeno 10mg/kg 
 
 Triptanos - Adultos e Adolescentes 
 Sumatriptano spray nasal (5 a 10 mg) - Adultos 
 CTT (cefaleia tensional) 
TRATAMENTO PROFILATICO 
Indicação: 
 2 a 3 crises ao mês 
 Crises que interferem no desempenho 
adequado das atividades diárias 
 Crises que se acompanham de alterações 
sensitivas e motoras 
 Diário de sintomas (fazer sempre) 
Drogas: 
 Flunarizina: 5 a 10 mg/dia – sonolência e 
ganho de peso 
 Betabloqueadores (Propranolol) 1 a 2 
mg/kg/dia em duas tomadas – fadiga, 
hipotensão, bradicardia e náuseas 
 Amitriptilina (muito utilizada), Nortriptilina, 
Imipramina, Fluoxetina (perda de peso, 
retenção urinária, e visão borrada) 
 Divalproato de sódio 
 Duração 6 a 12 meses 
Tratamento Profilático CTT (tensional) 
 Terapia psicológica 
 Técnicas de relaxamento 
 Correção postural 
 Atividades físicas (em casos que ela não está 
relacionada ao desencadeamento da cefaleia) 
CEFALEIA TIPO TENSÃO (CTT) 
 20 a 25 % das crianças e adolescentes. 
 Leve a moderada 
Infrequente: < 12 vezes/mês 
Frequente: 1-15 vezes/ano 
Crônica: > 15 vezes/mês 
 Localização Difusa, não é afetada por atividades 
físicas, não é latejante (pressão constante) 
 Dificilmente associada a vômitos, náuseas, 
fotofobia, fonofobia 
 Já desperta com dor, com período de 
acentuação, relacionado a fatores estressantes. 
 Causas: Intercorrências familiares, escolares, 
sociais ou doenças crônicas. 
 Pode haver alivio fins de semana ou férias, ao 
sair da rotina. 
 Tratamento: terapia aguda (dipirona, 
paracetamol, ibuprofeno), preventiva e 
comportamental 
Sintomas: 
 Dor bilateral 
 Fraca ou moderada 
 15 a 20 dias ao mês 
 Tipo em aperto ou pressão 
 Duração de 30 minutos a vários dias 
 Não piora com atividade físicas 
 Ausência de Náuseas ou vômitos 
 Eventual fonofobia ou fotofobia 
DOSES MEDICAÇÕES 
IBUPROFENO (GTS) 
 Apresentação: 50mg/ml 
 100 mg/ml – mais comum 
 Dose: 7,5 - 10 mg/kg/dose → 6/6hrs 
 Dose máx. (50mg/ml): 200mg - 40 gts 
 Dose max. (100mg/ml): 200 mg - 20 gts 
EX: Criança 20kg 
20 kg x 10mg/kg/dose = 200 mg 
100 mg -----------10gts 
200 mg -----------x 
 X = 20 gts 
 
EX: criança 20 kg 
20 kg x 10mg/kg/dose = 200 mg 
50 mg -----------10gts 
200 mg -----------x 
 X = 40 gts 
 
MACETE: 1 - 2 gotas por Kg (6/6horas) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ml = 10gts 
CONVULSÃO FEBRIL 
 
“ Uma crise epiléptica que ocorre entre 06 meses a 06 
anos de idade, associada à doença febril, não causada 
por uma infecção do Sistema Nervoso Central, sendo 
excluídas as crianças que apresentaram crise 
neonatais ou crises não provocadas ou, que se 
encaixam nos critérios de outra crise sintomática 
Aguda” (SBP, 2017) 
 Distúrbio convulsivo mais comum na infância 
 Afeta mais 2 a 5% das crianças entre 6 a 60 
meses, pode acometer até 6 anos de idade. 
 Convulsão associado à febre 
 Sem evidências de infecção do SNC ou causa 
definida 
 Ocorre geralmente nas primeiras 24 horas do 
episódio febril, no período de ascensão rápida da 
temperatura 
 Atentar para qual temperatura a criança tem a 
crise convulsiva 
 Pode ser um evento único ou acontecer mais 
vezes. 
 
Associação com: 
 Infecções virais das vias aéreas superiores 
 Pulmonares 
 Intestinais 
 Trato urinário 
 Vacinação (se a criança tiver crise convulsiva pos 
DTP é contraindicado receber novamente ai vai 
receber a DTPa) 
 Convulsão febril Simples: Duram menos de 15 
minutos, são generalizadas. Tônico-clônica e 
ocorrem uma vez em um período de 24 horas 
 Convulsão febril complexa: são prolongadas 
(>15 min), podem ser focais ou ocorrer mais de 
uma vez em 24 horas 
 Acalmar os pais e explicar que é um evento 
benigno → não causa sequelas neurológicas ou 
morte 
 Com o passar da idade, menor a chance de ter 
crise convulsiva 
 Causa? 
 Estudos, Fatores de Risco: 
 História de Crise febril em parentes de 1º 
e 2º graus 
 Internação hospitalar no período neonatal 
 Atraso do desenvolvimento 
neuropsicomotor. 
 Atendimento frequente em hospital-dia 
 Risco de a criança com CF desenvolver epilepsia 
é de 2 a 7% maior que a população geral 
 
ATENDIMENTO 
 Anamnese detalhada 
 Exame físico 
 Afastar intoxicações exógenas, trauma, focos 
infecciosos 
 Avaliar as características da crise (se foi tônico 
clonica, quanto tempo durou, se maior que 15 
minutos, como a criança ficou pós crise ...) 
 História Familiar (se tem associação familiar) 
 
DIAGNOSTICO 
 Clinico 
 Caso suspeite de infeção (pedir hemograma, 
EAS, PCR...) 
Quando é necessário: 
 Punção lombar 
 Coleta de líquor: 
 - Menos de 6 meses de vida (12m) 
 - Sintomatologia de infecção do SNC (durante o 
exame físico acha-se irritação meníngea) 
- Crianças com crise febril com história de uso 
prévio de antibióticos 
 - >18 meses presença de sinais e sintomas 
clínicos de meningite 
 
POSSO SOLICITAR OUTROS EXAMES? 
 Investigação do foco infeccioso 
 EEG 
 TC ou RM de crânio 
 
OBS: crianças com crises complexas tem um risco a 
mais para desenvolver epilepsia e maior chance de 
morte 
 
TRATAMENTO 
 3 aspectos Fundamentais: 
 Tratamento da fase aguda→ tirar a 
criança da crise e manter em observação 
por 12h 
 Profilaxia da recorrência das crises (para 
evitar nova crise) 
 Orientação familiar → a medicar antes 
que chegue no limiar convulsivo, e fazer 
medidas para tentar abaixar a 
temperatura (ex: banho frio..) 
 
 
 
O QUE FAZER QUANDO CHEGAR NO PS? 
 Aferir a temperatura imediatamente 
 Controle da febre por meios físicos e 
antitérmicos 
 Anticonvulsivantes 
 Diazepam → primeira droga de escolha, 
via retal ou IV e não precisa diluir. Espera 
3-5 minutos não melhorou, faz outra vez. 
Podendo fazer 3x. 
 Fenitoína→ EV, precisa diluir. Pode fazer 
2x 
 Fenobarbital 
 Midazolam → última escolha, precisa ter 
suporte pois faz depressão do sistema 
nervoso e respiratório. Precisa ser 
monitorado 
 
DIAZEPAM 
 Apresentação: 
 5 mg/ml– 2ml IV 
Em 1 ampola tem 10mg 
 Dose: 0,5 mg/kg/dose VR 
 Dose: 0,3 mg/kg/dose IV 
 Dose máx.: 10mg - 2ml (1 ampola) 
 Pode repetir a dose de 3-5 minutos, máx. 3 
vezes 
 
EX: Criança de 8 kg 
8 kg x 0,5 mg/kg = 4 mg 
10 mg --------- 2ml 
4 mg ----------x 
 X= 0,8 ml VR 
EX: Criança com 20 kg 
20 kg x 0,5 mg/kg/dose = 10 mg 
10 mg----------2ml 
10 mg----------x 
 X = 2 ml (1 ampola) 
 
FENITOINA 
 Apresentação: 
 50mg/ml ampola 5 ml 
Em 1 ampola tem 250 mg 
 Dose: 15 - 20 mg EV lento 
 Dose máx.: 250 mg – 5 ml (1 ampola) 
 Tem que ser diluído 
 
Ex: Criança Peso: 10 kg 
10 kg x 15 = 150mg 
250 mg ---------- 5 ml 
150 mg ----------x 
X = 3 ml diluído em 50-100 ml de SF 0,9 % EV 
 
APÓS CRISE 
 Está tendo febre, sabe que talvez vai dar crise da 
a medicação para a febre e dá o 
anticonvulsivante junto: 
 Fenitoína 
 5 a 7,5 mg/kg/dia (12/12 horas – ap: 
100mg/5ml) 
 Fenobarbital 
 3-5mg/kg/ dia (12/12 horas – ap: 
40mg/ml) 
Ampola de 2ml

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