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USJT - Direito Penal - 1 peca

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Curso de Direito 
Estágio Curricular Obrigatório 
 Eixo III – Práticas Processuais 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 
Peça Prático-Profissional – Padrão de resposta 
 
Enunciado 
 
Ademar, morador da periferia da cidade de São Paulo, conversava com seus amigos, em frente 
à sua casa, em um sábado à noite, ocasião em que uma viatura da Polícia Militar abordou o 
grupo para “averiguação de rotina”. Após verificar que um dos amigos de Ademar portava 
consigo, em seu bolso, cigarro, parcialmente consumido, contendo substância com cheiro e 
aparência de Cannabis sativa, vulgarmente conhecida como “maconha”, a guarnição passou 
a questionar “onde estaria o resto da droga”. 
 
Diante da resposta dos abordados no sentido de não haver mais drogas, um dos policiais 
questionou de quem seria a residência em que eles estavam encostados na parede, com o 
grupo informando que a residência era ocupada por Ademar. 
 
Ato contínuo, os policiais ingressaram na residência, ocasião em que encontraram, na cozinha, 
vários sacos plásticos e, sobre a mesa, um pequeno “monte” de pó fino, de cor branca, 
semelhante a cloridrato de cocaína. Diante da descoberta, os militares deram voz de prisão a 
todo o grupo, levando-0s à Delegacia de Plantão circunscrita àquela área. 
 
No distrito policial, a Polícia Civil realizou todos os procedimentos de praxe, interrogando e 
prendendo os envolvidos em flagrante, pelo crime de tráfico de drogas. 
 
Remetidos o inquérito policial e o incluso auto de prisão em flagrante ao Ministério Público, o 
Promotor de Justiça notou que, no dia dos fatos, a Polícia não apreendeu o material 
encontrado com o amigo de Ademar, motivo pelo qual não havia sido feita perícia que 
constatasse a natureza daquelas substâncias. 
 
Em relação à prisão em flagrante, o Promotor entendeu que não estavam presentes os 
requisitos para a prisão preventiva, requerendo a liberdade provisória dos presos. O pedido 
do MP foi atendido pela justiça, que concedeu liberdade provisória, mediante o 
comparecimento pessoal mensal dos libertados ao juízo para justificarem suas atividades. 
 
 
 Curso de Direito 
Estágio Curricular Obrigatório 
 Eixo III – Práticas Processuais 
 
 
 
De toda forma, entendendo que o crime se fazia provado pelas próprias circunstâncias 
narradas pelos policiais, o Promotor de Justiça denunciou todo o grupo pelo crime de tráfico 
de drogas, deixando de denunciá-los pelo crime de associação para o tráfico, por entender 
que não havia provas dos elementos típicos de associação voltada para este fim. 
 
Ao fim do processo, que ocorreu de forma regular, o juiz sentenciou cada um dos réus, nos 
termos do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, a 1 (um) ano e 8 (oito) meses de prisão. Todos os 
presos estavam regularmente assistidos pela Defensoria Pública. 
 
Contudo, preocupada com o desfecho ocorrido na primeira instância, a mãe de Ademar, 
Marilúcia, vai até o seu escritório e expõe toda a situação, lhe informando que o material 
encontrado na cozinha pelos policiais era farinha, ingrediente que usa para fazer bolos que 
“vende para fora”. 
 
A senhora lhe contrata, pagando-o(a) de forma antecipada com dinheiro que economizara 
para reformar sua casa. Você recebe os seus honorários e, ato contínuo, regularmente se 
habilita como advogado(a) de Ademar, em substituição à Defensoria Pública. 
 
Intimado(a) da sentença, proferida pela 70ª Vara Criminal da Comarca de São Paulo, e ainda 
dentro do prazo para a providência necessária, com base somente nas informações de que 
dispõe e nas que podem ser inferidas pelo caso concreto acima, redija a peça cabível, 
excluindo a possibilidade de impetração de habeas corpus, sustentando, para tanto, as teses 
jurídicas pertinentes. 
 
Obs.: a peça deve abordar todas os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para 
dar respaldo à pretensão. A mera citação do dispositivo legal não será avaliada. 
 
Gabarito comentado 
 
O examinando deve interpor recurso de apelação criminal, com fundamento no art. 593, I, do 
Código de Processo Penal. A petição de interposição deve ser endereçada ao Juiz da 70ª Vara 
Criminal da Comarca de São Paulo, enquanto as razões deverão ser endereçadas ao Tribunal 
de Justiça do Estado de São Paulo. 
 
Nas razões, o(a) examinando(a) deve ser capaz de reconhecer a nulidade da prisão em 
flagrante e do processo decorrente, em virtude da invasão ilegal do domicílio de Ademar. 
 
Nesse contexto, importa ressaltar que não havia fundadas razões (art. 240 do CPP) para que 
os policiais adentrassem à casa de Ademar, em respeito à cláusula do art. 5º, inciso XI, da 
 
 Curso de Direito 
Estágio Curricular Obrigatório 
 Eixo III – Práticas Processuais 
 
 
 
Constituição da República. Não há no enunciado qualquer informação que permita essa 
conclusão, e, mesmo o cigarro, que também sequer foi periciado, fora encontrado no bolso 
de um amigo de Ademar, não havendo informação sequer de que Ademar sabia que seu amigo 
portava consigo alguma droga, muito menos que Ademar teria qualquer responsabilidade 
sobre a existência ou não dessa circunstância, ou mesmo que, pelo simples fato da suposta 
droga ter sido encontrada no bolso de um amigo, indicaria a existência de drogas em sua 
própria casa. 
 
Ademais, o examinando deve ser capaz de reconhecer ser imprescindível para que se 
comprove a materialidade do delito de tráfico ilícito de drogas que a substância encontrada 
seja apreendida e periciada, pois é necessária a realização do exame de corpo de delito para 
comprovação da materialidade do crime quando a infração deixa vestígios (art. 158 do CPP), 
sendo a perícia essencial à prova do crime. 
 
Desempenho 
 
ITEM AVALIAÇÃO 
Petição de interposição 
1. Endereçamento do recurso à 70ª Vara Criminal da comarca de São Paulo – SP (7%) 0,0/7% 
2. Recurso de Apelação Criminal (7%), fundamentada no art. 593, inciso I, do CPP 
(3%). 
0,0/7%/10% 
Razões de apelação 
3. Endereçamento das razões ao Tribunal de Justiça do estado de São Paulo (7%) 0,0/7% 
4. Ilegalidade do flagrante e das provas decorrentes em razão da invasão de 
domicílio (20%), com fundamento no art. 240 CPP e/ou art. 5º, XI, da CF/88 (5%). 0,0/5%/20%/25% 
5. Ausência de materialidade do crime de tráfico de drogas/absolvição por falta de 
provas em razão da ausência de perícia ou exame de corpo de delito (20%), com 
fundamento no art. 158 do CPP (5%). 
0,0/5%/20%/25% 
Pedidos 
7. Conhecimento (5%) e provimento do recurso (5%). 0,0/5%/10% 
Prazo e fechamento da peça 
8. Prazo de 5 dias (7%), conforme art. 593 do CPP (3%). 0,0/3%/7%/10% 
9. Local..., Data..., Advogado... e OAB... (6%) 0,0/6% 
 
EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA 
70ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE SÃO PAULO/SP 
 
 
Processo nº: **** 
 
ADEMAR, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, que lhe move 
a JUSTIÇA PÚBLICA, vem, por intermédio de seu advogado que esta subscreve, à 
presença de Vossa Excelência, não se conformando com a Respeitável Sentença, 
interpor RECURSO DE APELAÇÃO, com fulcro no artigo 593, inciso I, do Código 
de Processo Penal. 
Diante do exposto, com fulcro no artigo 600, parágrafo 4º do Código de 
Processo Penal, requer a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de 
São Paulo, onde serão apresentadas as razões. 
 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
Cidade, dia e mês, ano. 
 
ADVOGADO 
OAB/UF nº xxxxx 
 
 
 
 
Razões do Recurso de Apelação 
Processo nº: *** 
Apelante: *** 
Apelado: JUSTIÇA PÚBLICA 
 
 
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, 
Colenda Câmara, 
Douto Procurador de Justiça, 
 
Em que pese o notável saber jurídico do (a) Meritíssimo (a) Juiz (a) A Quo, 
a respeitável sentença que condenou como incurso nas penas do artigo nos termos do 
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, a 1 (um) ano e 8 (oito) meses de prisão, merece 
reforma, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. 
 
 
I. DA ADMISSIBILIDADEA priori, o apelante mantém-se no prazo legal para ofertar apelação a 
referida sentença, estando em consonância com o exposto no artigo 593, inciso I e artigo 
798, ambos do Código de Processo Penal, portanto, goza de privilégio do recurso. 
Ademais, o presente recurso é cabível vez que investe contra sentença 
condenatória prolatada pelo respeitável Juízo a quo nestes autos de ação criminal. 
 
 
 
II. DOS FATOS 
 
Ademar foi processado pela prática do delito de Tráfico de Drogas, nos 
termos do artigo 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06, em razão de, em certa ocasião de um 
sábado à noite, este apelante estar com seus amigos em frente à sua casa, na zona 
periférica da cidade de São Paulo, quando foram abordados por policiais em 
averiguação rotineira. 
Revistados, um dos amigos de Ademar estava na posse de um cigarro, 
parcialmente consumido, contendo substância com cheiro e aparência de Cannabis 
sativa, vulgarmente conhecida como “maconha”. 
A partir disso, os policiais passaram a questionar acerca de “outras drogas” 
na posse dos rapazes, o que fora negado de plano. 
Em seguida, foram questionados sobre quem era domiciliado à casa em que 
estavam na frente, sendo indicado como morador este apelante. 
Os policiais então adentraram à residência, onde puderam visualizar 
diversos sacos plásticos que continham farinha branca, semelhantemente à cloridrato de 
cocaína, dando voz de prisão aos rapazes ali presentes, conduzindo-os para a Delegacia 
de Polícia mais próxima. 
Ressalta-se que nenhum dos itens, tanto o cigarro como a farinha, foram 
apreendidos pelos policiais, sendo a palavra destes a prova utilizada para 
convencimento do juízo a quo. 
A denúncia foi recebida pelo Juízo da 70ª Vara Criminal da Comarca de São 
Paulo e desta narrativa, Ademar restou condenado a 1 (um) ano e 8 (oito) meses de 
prisão. 
Em que pese o conhecimento jurídico do Juízo prolator da sentença, vê-se 
que não decidiu com acerto, fazendo-se necessária a reforma da decisão de 1º Grau. É o 
que se passa a demonstrar. 
 
 
III. DA ILICITUDE NA OBTENÇÃO DAS PROVAS 
Em que pese o apelante ter sido condenado, insta demonstrar que as provas 
que embasaram a fundamentação do feito, foram produzidas de maneira ilícita devendo 
ser desentranhadas do processo e o mesmo deve ser trancado por ausência de justa 
causa. 
Observa-se que os policiais ao tomarem conhecimento de que o muro onde 
o apelante estava encostado era da residência deste, adentraram à residência, sem 
mandado de busca e apreensão para tanto. 
Ora, a mera intuição acerca de eventual traficância, não configura, por si só, 
justa causa a autorizar o ingresso no domicílio do apelante, muito menos uma mera 
suposição que o local é conhecido por tráfico de drogas. 
Portanto, fica evidente, especialmente pelos depoimentos policias colhidos, 
que não houve fundadas razões na abordagem para justificar a quebra do princípio da 
inviolabilidade do asilo preconizado pela CF em seu art. 5º, inciso XI, assim a r. 
sentença não merece prosperar, haja vista, seu fundamento se encontra evasivo e em 
total desacordo com os entendimentos acima transcritos. 
Diante de todo o exposto é inconcebível que se conclua outra coisa se não 
há nulidade das provas, por falta de mandado policial para busca e apreensão, bem 
como, fundadas razões e elementos objetivo ou racional que caracterizasse “ex ante” 
uma situação de flagrância, restando as provas ilícitas e promovendo a falta de justa 
causa para seguir com a marcha processual, devendo o apelante ser absolvido e o 
processo devidamente arquivado, em consonância com o art. 240 CPP. 
 
IV. DA FRAGILIDADE PROBATÓRIA 
Ora, ainda que o depoimento dos policiais que participaram da abordagem 
represente importante meio de prova nos delitos de tráfico de drogas, é certo que a 
prova testemunhal deve encontrar amparo nos demais elementos probatórios, como 
perícia de material apreendido, pressuposto que não restou atendido na hipótese dos 
autos. 
Ainda que existam indícios de autoria diante da prova produzida, forçoso 
concluir que os depoimentos dos policiais restaram isolados nos autos. 
No processo criminal as provas devem ser robustas, positivas e fundadas em 
dados concretos que identifiquem tanto a autoria quanto a materialidade para que se 
possa ter a convicção de estar correta a solução condenatória. 
No caso, é fácil perceber, a prova é nitidamente frágil. 
Outrossim, ressalta-se que a mãe deste apelante é confeiteira de bolos, 
laborando nas dependências de sua residência, razão pela qual, em especial em sua 
cozinha, há amontoados de farinha de trigo, utilizados estritamente para exercício de 
suas atividades. 
Em se tratando de sábado, esta havia trabalhado, deixando farinha espalhada 
pela sua mesa, tendo-se este fato como ossos de seu ofício. 
Dito isso, imprescindível seria a perícia do material que os policiais 
encontraram semelhança com a cocaína, visto que a olho nu as farinhas podem se 
confundir, não podendo ser um mero achismo prova nestes autos. 
Necessário se faz advertir sobre os riscos de um julgamento pautado em 
presunções, não somente por conta da insegurança jurídica, mas, sobretudo, para efeito 
de afastar o iminente e sempre indesejado risco de se vitimar alguém da possibilidade de 
erro judiciário, razão pela qual no processo penal a dúvida só se interpreta em benefício 
do réu. 
Em razão disso, havendo dúvida razoável acerca da conduta praticada pelo 
apelante e ante a ausência de provas seguras e convincentes, deve ser adotada a medida 
mais benéfica ao agente, invoca-se o princípio “in dubio pro reo". 
Portanto, ante a ausência de materialidade do crime de tráfico de drogas, 
requer a absolvição por falta de provas em razão da ausência de perícia ou exame de 
corpo de delito, com fundamento no art. 158 do CPP. 
 
 
 
V. DA POSSE DE DROGA PARA USO PRÓPRIO - DA ATIPICIDADE 
No caso em apreço, apenas para o belo debate jurídico, caso entenda-se que 
o Apelante, de fato, estivesse participando do tráfico de drogas, deve-se reconhecer a 
atipicidade da conduta. 
Não foi encontrada nenhuma droga em poder do Apelante, e sim um simples 
cigarro na posse de seu amigo, quantidade ainda insuficiente para caracterização de 
tráfico, sendo impossível que ele pudesse participar deste tipo penal. 
Dessa forma, não houve nenhuma exposição de perigo à sociedade e 
tampouco foi verificada a tipicidade exigida pelo tipo de modo a ensejar um édito 
condenatório. 
No mesmo diapasão, a mera suposição, sem que se constate o tráfico, não 
apresenta qualquer lesividade à incolumidade pública. 
Aliás, é meio absolutamente ineficaz ou exemplo de crime impossível, nos 
termos do artigo 17 do Código Penal, a suposição de tráfico de drogas que, nas 
condições em que se encontrava, não poderia gerar qualquer risco. 
Assim, não é coerente afirmar que o simples fato de uma pessoa estar no 
portão de sua casa fazendo uso de cigarro com amigos possa constituir um delito. Ou 
seja, o simples fato de o agente se localizar em sua residência onde indiscutivelmente se 
consumia um cigarro não justifica a imposição de uma sanção penal, já que não se 
constata um perigo imediato de lesão a qualquer bem jurídico. 
De fato, o Direito Penal não pode se preocupar com condutas que sequer 
geram dano em abstrato à sociedade, não havendo tipicidade material, sendo que a 
conduta do Apelante é atípica. 
Portanto, deve o Apelante ser absolvido pela atipicidade da conduta, com 
fulcro no artigo 386, inciso III, do Código de Processo Penal. 
 
 
 
 
VI. DA NECESSIDADE DE ABSOLVIÇÃO DO APELANTE 
Em Juízo, sob o manto do contraditório e da ampla defesa, o Apelante 
negou com veemência a prática delitiva, afirmando que só estava no local conversando 
e fumando cigarro. 
Em nenhum momento restou claro que o Apelante incidiu no artigo 33, § 4º 
da Lei 11.343/06. 
Como é cediço, a Constituição Federal garante a presunção deinocência, de 
tal sorte que se faz mister um conjunto probatório harmonioso e robusto para a 
imposição de um édito condenatório. 
A dúvida deve levar, necessariamente, à absolvição, em apreço à 
constitucional presunção de inocência, a menos que haja robusto conjunto probatório a 
elidi-la. Não é o que ocorre nos autos. 
As testemunhas de acusação, ou seja, os policiais, se limitaram a dizer que o 
Apelante estava no portão de sua casa em companhia de seus amigos conversando, e 
que dentro de sua casa havia pó semelhando a cloridrato de cocaína. 
Ora, Nobres Julgadores, com a devida licença para vos questionar, mas 
desde quando se localizar no portão de sua casa com os amigos, fumando em um sábado 
à noite, são tipificados pelo artigo 33, § 4º da Lei 11.343/06? 
A agravante desta narrativa é que os respeitados policiais fantasiaram que o 
Apelante se localizava ali por outro motivo que não o consumo com seus amigos. 
A fantasia das testemunhas de acusação é tão burlesca que não há como 
imaginar um pequeno grupo de amigos, desarmados e na frente de sua residência 
estariam ali para fazerem contenção ao tráfico interno... é, no mínimo, uma história 
absurda! 
De acordo os depoimentos colhidos em Juízo, conclui-se que a única prova 
de que o Apelante participava do tráfico de drogas consiste na palavra dos policiais 
responsáveis pelas diligências; porém, apenas a palavra dos agentes policiais não é apta 
a ensejar uma condenação. 
Com efeito, a palavra policial não pode servir de sustentáculo para um grave 
édito condenatório. Neste sentido, é de bom senso e cautela que o magistrado dê valor 
relativo ao depoimento, pois a autoridade policial, naturalmente, vincula-se ao que 
produziu investigando o delito, podendo não ter a isenção dispensável para narrar os 
fatos, sem uma forte dose de interpretação. 
Estes podem até narrar importantes fatos, embora não deva o juiz olvidar 
que eles podem estar emocionalmente vinculados à prisão que realizaram, pretendendo 
validá-la e consolidar o efeito de suas atividades. Cabe, pois, especial atenção para a 
avaliação da prova e sua força como meio de prova totalmente isento. 
Por mais idôneo que seja o policial, por mais honesto e correto, se 
participou da diligência, servindo de testemunha, no fundo está procurando legitimar 
sua própria conduta, o que juridicamente não é admissível. 
A principal função da Polícia, na repressão criminal, não é testemunhar 
fatos, mas antes oferecer elementos de convicção que sustentem a acusação pública. 
Entender o contrário e partir da presunção de autenticidade dos depoimentos policiais, 
sem outras provas concludentes, é desnaturar o princípio do contraditório e inverter o 
princípio da inocência presumida. Pois que ao réu, obviamente, não se há de exigir que 
prove sua inocência. 
Este é todo o conjunto probatório produzido contra o Apelante, sendo 
patente sua fragilidade, visto que não reúne elementos de certeza que autorizem a 
prolação de um decreto condenatório. E a dúvida, resultado da insuficiência de provas, 
deve ser sempre interpretada em benefício do réu, princípio basilar da seara penal. 
Desta forma, a manifesta insuficiência probatória deve levar, 
imprescindivelmente, à absolvição do Apelante pelo crime descrito no artigo 33, § 4º da 
Lei 11.343/06, conforme previsão do Código de Processo Penal, artigo 386, inciso VII. 
 
 
 
 
 
 
VII. DOS PEDIDOS 
Ante o exposto, requer o apelante o conhecimento da presente apelação e, 
no mérito, o seu total provimento, nos termos do art. 578, caput, do CPP, com a reforma 
da sentença condenatória, pelos argumentos fático-jurídicos acima alinhavados, para 
que: 
a. Absolva-se o réu, com base no artigo 386, incisos III ou VII, do Código 
de Processo Penal. 
 
b. Subsidiariamente, seja desclassificado o crime imputado ao apelante 
para a conduta prevista no art. 28 da Lei 11.343/06 
 
Assim fazendo, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, além 
de velar pela correta aplicação da Lei, estará fazendo a tão sonhada e almejada 
JUSTIÇA! 
 
Termos em que, 
Pede e espera deferimento. 
Cidade, dia e mês, ano. 
ADVOGADO 
OAB/UF nº XXXX

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