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PSICANÁLISE Segundo o dicionário da língua portuguesa Michaelis, a definição de psicanálise é: 1 Teoria da psique (alma ou espírito) elaborada por Sigmund Freud (1856-1939), neurologista austríaco, tendo como base suas experiências clínicas com pacientes histéricos. 2 Procedimento psicoterápico criado por Freud, utilizado em casos de neurose e psicose, que se fundamenta na exploração do inconsciente através da revivência de fatos passados que provocaram perturbações. Consiste basicamente em interpretar os conteúdos inconscientes de palavras, ações e elaborações da imaginação de uma pessoa, com base nas associações livres e na transparência emocional. 3 Forma de terapia desenvolvida por Freud que utiliza o procedimento psicanalítico. FREUD Dito isso, iniciaremos fazendo uma breve apresentação de Freud, citado por muitos autores como “o pai da psicanálise”. Freud é, reconhecidamente, o fundador da psicanálise. Sua obra é vasta e considerada a base da psicologia moderna. É considerado um dos grandes pensadores do século XX. (PENHA) Sigmund Freud nasceu na cidade de Freiburg in Mähren, no dia 6 de maio de 1856. A cidade em que Freud nasceu fazia parte do Império Austríaco (futuro Império Austro-Húngaro) e hoje se chama Příbor e faz parte do território da República Tchéca. O nome original de Freud era Sigismund Schlomo Freud (mudou seu nome para Sigmund em 1878). Freud foi o primeiro de oito filhos do casal de judeus formado por Jakob Freud e Amalia Nathansohn. Os outros filhos do casal, e irmãos de Freud, chamavam-se Julius, Anna, Regine, Marie, Esther, Pauline e Alexander. Quando ainda era uma criança pequena, os pais de Freud decidiram mudar-se para Viena, local onde Freud passou quase toda a sua vida. Durante sua fase escolar, Freud ficou conhecido por ser um bom estudante, possuía boas notas, lia muito e tinha enorme facilidade para aprender idiomas. Os biógrafos de Freud falam que ele tinha ótimo desempenho em idiomas como francês, inglês, latim e grego, por exemplo. Em 1873, Freud concluiu o ensino médio e, com 17 anos, ingressou na Universidade de Viena. Amalia Nathansohn Freud ( irmã) e Sigmund Freud em Viena, por volta de 1925. Em 1882, Freud conheceu Martha Bernays, amiga de uma de suas irmãs. Pouco tempo depois, iniciaram um relacionamento e, com dois meses de namoro, ficaram noivos. Em 1886, Freud e Martha casaram-se e, ao longo de sua vida, tiveram seis filhos: Mathilde, Jean-Martin, Oliver, Ernst, Sophie e Anna. Dois filhos de Freud, Ernst e Anna, tiveram grande sucesso em suas carreiras profissionais. O primeiro foi arquiteto, e a segunda seguiu os passos do pai e tornou-se psicanalista. Freud e sua esposa Martha Bernays, em Viena Morte Durante sua juventude, Freud adquiriu o hábito de fumar – primeiro cigarros, depois, charutos. Esse hábito acabou fazendo com que Freud adquirisse câncer de boca na década de 1920. Freud passou por mais de 30 intervenções cirúrgicas no combate à doença e acabou tendo que retirar parte de sua mandíbula, passando a viver nos seus últimos anos com uma prótese. O câncer na boca de Freud passou a causar-lhe dores intensas. Por essa razão, convenceu seu amigo, Max Schur, a aplicar-lhe doses excessivas de morfina, que o levaram à morte em 23 de setembro de 1939. As casas em que Freud viveu em Freiberg in Mähren, Viena e Londres foram transformadas em museus em homenagem ao seu legado. Faleceu no dia 23 de setembro de 1939, em Londres. Formação Na Universidade de Viena, Freud estudava medicina e, a princípio, interessou-se pela bacteriologia. Tempos depois, Freud envolveu-se com pesquisas no laboratório de neurofisiologia, dedicando-se à dissecação de enguias macho para estudar o seu sistema reprodutivo. Depois se dedicou a estudos que faziam a comparação da estrutura do cérebro humano com a de outros animais. Em 1881, depois de quase nove anos de graduação, Freud conseguiu formar-se em medicina e, naquele ano, conseguiu um emprego no Hospital Geral de Viena. Freud continuou realizando suas pesquisas, que eram focadas no campo da neurologia, e logo começou a realizar palestras nessa área do conhecimento da medicina. O interesse de Freud voltava-se para as doenças psíquicas – chamadas na época de histeria. Freud considerava os tratamentos da época inadequados, pois associavam essas doenças a transtornos físicos. Um dos primeiros experimentos de Freud foi procurar tratar dores de cabeça e ansiedade por meio do uso de cocaína. Nessa época, drogas como cocaína e metanfetamina não eram proibidas e eram usadas indiscriminadamente por muitos. Freud chegou, inclusive, a autoadministrar cocaína como parte do seu experimento. Inicialmente, ele acreditava que a cocaína era um meio eficaz de combater a ansiedade, mas acabou abandonando esse tratamento quando passou a ter conhecimento das consequências do uso dessa substância. Outro estudo promovido por Freud nessa fase de sua vida está relacionado com a afasia, distúrbio neurológico em que a pessoa tem grande dificuldade com a formulação e compreensão da linguagem. Freud durante o período em que trabalhava no Hospital Geral de Viena. Pratica Em 1885, Freud foi a Paris para realizar estudos com Jean-Martin Charcot, um importante neurologista da época. Charcot era conhecido por tratar os seus pacientes por meio da hipnose. O que Freud aprendeu com Charcot teve enorme peso para que ele formulasse suas teorias anos depois. Até o fim do século XIX, os problemas mentais eram tratados como doenças exclusivamente físicas. Havia médicos, como o francês Jean-Martin Charcot (1825-1893), que utilizava a hipnose de forma a curar suas pacientes. Porém, insatisfeito com este o método, Freud fundou a Psicanálise no qual utilizava o método da “livre associação”. O médico acreditava que os desequilíbrios psíquicos eram consequências de repressão de sentimentos. Desta maneira, e de forma consciente, o paciente deveria externalizar suas angústias e medos, mediados, portanto, pelo diálogo entre o paciente e o psicanalista. Analisou temas como a histeria, a neurose, a psicose, a sexualidade e os desejos sexuais, os sonhos e o inconsciente. Com efeito, o método fundado por Freud foi capaz de curar muitas pessoas. Paralelamente a isso, Sigmund foi um grande médico e pesquisador em áreas como a neurologia e a psicologia. Freud foi considerado um dos primeiros a propor o uso da cocaína como analgésico e estimulante para tratar transtornos mentais. Depois de ter contato com a hipnose como forma de tratamento, Freud procurou utilizá-la em seus pacientes. Isso aconteceu depois de ter aberto um consultório em Viena para tratar de “doenças nervosas”. O contato com a hipnose levou Freud a concluir, tempos depois, que as doenças mentais eram, de fato, causadas por distúrbios em uma parte que ele chamou de inconsciente. Freud passou a defender a ideia de que a forma de tratar essas doenças deveria acontecer por meio das palavras. Inicialmente, Freud hipnotizava seus pacientes e os incentivava a falar sobre todos os seus traumas. Esse procedimento ficou conhecido como “cura pela palavra” e foi resultado da influência de um neurologista chamado Josef Breuer. Breuer era um dos mais importantes neurologistas de Viena, e o relato dele a respeito de uma de suas pacientes teve grande impacto em Freud. Essa paciente, que sofria de depressão, era Bertha Pappenheim, também conhecida como Anna O. Breuer hipnotizava sua paciente e a orientava a falar sobre os seus sintomas e traumas, tendo como resultado a melhora do quadro de Anna O. Após esse caso, Freud passou a aplicar a “cura pela palavra” em seus próprios pacientes. Ele os incentivava a falar sobre os traumas e anotava tudo o que era dito pelos seus pacientes. Com o tempo, começou a identificar que a parte consciente da mente humana não tinha acesso a todas as lembranças e grande parte dos pensamentos ficava reprimida no “inconsciente”. Assim, o tratamento por meio da psicanálise só seria de fato eficaz se fosse possível acessar os pensamentose traumas do inconsciente, levando-os para a consciência do paciente Os atendimentos realizados por Freud aconteciam em um apartamento localizado no mesmo prédio (Berggasse 19) que ficava sua casa. Freud colocava seus pacientes em um sofá (chamado de divã), em uma posição em que não havia contato visual com os pacientes. Os resultados foram mostrando-se satisfatórios, e Freud começou a ganhar popularidade. Esses resultados foram importantes porque conseguiram provar a teoria de Freud a respeito da existência do inconsciente na mente humana. Ao longo de sua carreira, Freud ficou conhecido por formular inúmeras teorias que influenciaram de maneira considerável o campo da psicologia. Vejamos algumas delas: Freud realizava a “cura pela fala” em seu consultório, que ficava no prédio onde ficava sua casa, em Viena formulou os conceitos de id, ego e superego. Sigmund Freud é conhecido como o “pai da psicanálise”, por conta da sua extensa contribuição para o surgimento desse campo clínico que tem enfoque na psique humana. Formulou teorias como a do “id, ego e superego” e a do “complexo de Édipo”, que até hoje possuem enorme importância e são extensamente debatidas pelos psicanalistas. As contribuições de Freud, porém, não se resumem ao campo da psicanálise, uma vez que suas teorias repercutiram bastante no campo científico e influenciaram diretamente áreas como a psicoterapia. A obra de Freud também repercutiu até em campos como a filosofia e a literatura. Até hoje alguns dos métodos de tratamento criados por Freud são utilizados por psiquiatras. Freud em seu consultório, em Viena Livros Ao longo de sua carreira como psicanalista, Freud escreveu uma série de livros que são hoje um grande legado de sua obra. Dentre os livros escritos por Freud, podem ser destacados: Estudo sobre Histeria (1895) A interpretação dos sonhos (1899) Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905) Totem e Tabu (1913) O Inconsciente (1915) Introdução à Psicanálise (1917) Psicologia das Massas e Análise do Ego (1923) Psicanálise e Teoria da Libido (1923) O Ego e o Id (1923) Neurose e Psicose (1924) O Futuro de uma ilusão (1927) A interpretação dos sonhos (1900); Sobre a psicopatologia da vida cotidiana (1901); Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade (1905); Cinco lições de psicanálise (1910); Além do princípio do prazer (1920); O futuro de uma ilusão (1927); O mal-estar na civilização (1930); PSICANÁLISE POR FREUD A psicanalise é definida por Freud como um procedimento de investigação de processos mentais que são quase inacessíveis para outros modos de investigação. Também, a psicanálise pode ser considerada um método, baseado nessa investigação, para o tratamento do sofrimento psíquico. Enfim, corresponde ainda a produção de conhecimento acerca dessa investigação de resultados obtidos por este método, que se acumulou em disciplina científica específica. Portanto, Freud é bem claro ao salientar que a produção teórica da psicanálise está alicerçada pela investigação clínica e pela produção reflexiva. Ele ainda faz indicação que clínica e teoria se complementam retroativamente, sendo que uma nunca está acabada em relação a outra, ou seja, há sempre um atraso clínico em relação a outra e vice versa. (PENHA, As Teorias de Freud, Ed. 01) Principais conceitos Inconsciente A psicanálise consiste em deixar que o paciente fale de seus sintomas e ele mesmo descubra, através da palavra, sua cura. Freud afirmou que além da consciência, existia o inconsciente, aquilo que desejamos secretamente, mas não podemos obter. Desta maneira, aceder o inconsciente seria a chave para resolver os transtornos mentais. Mas como se tem acesso ao inconsciente? O psicanalista afirmava que os sonhos, os lapsos e as piadas seriam formas de revelar aquilo que realmente queremos, porém não admitimos em nível consciente. Por isso, uma vez que o indivíduo tivesse capacidade para conviver com seus desejos mais íntimos de forma consciente, sua neurose poderia ser compreendida e curada. A terapia da fala A teoria da psicanálise de Freud criou a estrutura para a terapia psicanalítica, uma forma profunda e individualizada de terapia da fala. A terapia psicanalítica abrange uma conversa aberta que visa descobrir idéias e memórias há muito escondidas na mente inconsciente. Os psicanalistas empregam técnicas específicas, como associação espontânea de palavras, análise de sonhos e análise de transferência. A identificação de padrões na fala e nas reações do cliente pode ajudar o indivíduo a entender melhor seus pensamentos, comportamentos e relacionamentos como um prelúdio para mudar o que é disfuncional. A Mente humana A imagem abaixo resume como Freud compreendia a mente humana. Consciente O nível da mente consciente é tudo aquilo do que estamos percebendo racionalmente e intencionalmente no momento, no agora. Segundo a psicanálise, ele corresponderia à menor parte da mente humana. Neste consciente está tudo aquilo que podemos perceber e acessar de forma intencional. Outro aspecto importante é que o consciente funciona de acordo com as regras sociais, respeitando tempo e espaço. Isso significa que é por meio dele que se dá a nossa relação com o mundo externo. Pré-consciente O pré-consciente é muitas vezes chamado de “subconsciente”, mas é importante destacar que Freud não utilizava esse termo. O pré-consciente se refere àqueles conteúdos que podem facilmente chegar ao consciente, mas que lá não permanecem. Apesar de se chamar Pré-consciente, esse nível mental pertence ao inconsciente. Podemos pensar no pré-consciente como uma peneira que fica entre o inconsciente e o consciente, filtrando as informações que passarão de um nível ao outro. Inconsciente Freud utiliza esse termo para se referir a qualquer conteúdo que se encontre fora da consciência. No inconsciente estão quase todas as memórias que acreditamos estarem perdidas para sempre, todos os nomes esquecidos, os sentimentos e medos. Todas essas memórias e sentimentos que conseguimos, de alguma forma, ignorar. Segundo a psicanálise, o uso de drogas também pode permitir a manifestação do inconsciente. Estruturas da personalidade humana ID É a fonte de energia psíquica e o aspecto da personalidade relacionado aos instintos. O Id é a estrutura da psique humana que fica na superfície. É a primeira que aparece na nossa vida e que rege nosso comportamento na primeira infância. É a que busca o prazer imediato, se guia pelo instintivo, pelos impulsos mais primitivos da nossa essência. Impulsos contra os quais costumamos lutar todos os dias. EGO É o aspecto racional da personalidade responsável pelo controle dos instintos. À medida que crescemos e completamos 3 ou 4 anos, nosso conceito de realidade e nossa necessidade de sobreviver no meio que nos cerca vão aparecendo. Assim, com o desenvolvimento desse “Ego” também aparece uma necessidade: a de controlar a cada instante o “Id” ou a realização de ações para satisfazer os impulsos de um modo aceitável e correto socialmente. SUPEREGO É o aspecto moral da personalidade, produto da internalização dos valores e padrões recebidos dos pais e da sociedade. O Superego é uma entidade psíquica que surge a partir da socialização, da pressão dos nossos pais, dos esquemas do contexto social que nos transmitem normas, padrões, guias de comportamento. Ele tem um fim último muito específico: zelar pelo cumprimento das regras morais. Esse propósito não é fácil de realizar. Isso devido aos impulsos do Id, que desconsidera a moral e que deseja satisfazer seus impulsos. Possíveis manifestações do Ego O Ego forte É a entidade que é capaz de compreender suas próprias necessidades e, ao mesmo tempo, intuir os limites estabelecidos pela sociedade. O Ego inflado Este Ego torna a pessoa narcisista, com um falso sentimento de superioridade e uma incapacidade de aprender e ouvir autocrítica. O Ego inflado pode mascarar dores, traumas e frustrações. Então, isso pode denunciar uma condição de sofrimento, que o ego quer esconder.O Ego frágil Um Ego frágil torna a pessoa submissa, suscetível a bullying e exploração. É um comportamento de alguém que se anula por falta de autoestima, como medo de não ser mais aceita por uma pessoa ou por um grupo. O Ego fragmentado Um Ego fragmentado ocorre quando existe uma cisão entre Id e Superego. Esta cisão pode ocorrer por um impacto violento demais por parte da realidade, ou por perda de contato com essa realidade. Mecanismo de Defesa do Ego Os mecanismos de defesa do ego constituem operações de proteção postas em jogo pelo Ego ou pelo self (Si-mesmo) para assegurar sua própria segurança. Os mecanismos de defesa não representam apenas o conflito e a patologia, eles são também uma forma de adaptação. O que torna essas defesas um aspecto doentio é sua utilização ineficaz ou sua não adaptação às realidades internas ou externas. Existem pelo menos quinze tipos de mecanismos de defesa conhecidos e explicados pelas teorias da psicologia. Entre eles, podemos citar: compensação expiação fantasia formação reativa identificação isolamento negação projeção e regressão Princípio do Prazer O princípio do prazer é o que guia o Id. Isso quer dizer que o Id é sua força propulsora. Sabemos que o Id busca a satisfação imediata dos impulsos humanos. Que por sua vez, podem ter caráter de desejo ou de necessidade primária. Sendo o princípio do prazer a força motriz do Id, podemos concluir que ele elege como único objetivo satisfazer nossos impulsos primitivos. Esses podem ser o impulso da fome, o da raiva ou o sexual, sendo a instância mental que permanece mais enterrada no campo inconsciente. Os sonhos em psicanálise Os sonhos possuem grande importância nas terapias psicanalíticas. Eles proporcionam ao terapeuta um conhecimento mais profundo do que se passa no íntimo de seus pacientes. Isso porque são carregados de informação sobre a vida do indivíduo e oferecem ao analisando um conhecimento maior de si mesmo. Segundo a psicanálise, os sonhos fornecem um meio para que a mente possa gozar de seus verdadeiros prazeres, fugindo da censura da sociedade e das regras morais. É através do sonho que podemos de fato vivenciar o que nossos impulsos primitivos realmente gostaria de experimentar. Desenvolvimento psicossexual Como a personalidade se desenvolve? Segundo Freud, as crianças passam por uma série de fases que levam ao desenvolvimento psicossexual da personalidade adulta. Sua teoria descreveu como a personalidade se desenvolveu ao longo da infância. Embora a teoria seja bem conhecida na psicologia, sempre foi bastante controversa, tanto na época de Freud quanto na psicologia moderna. Uma coisa importante a ser observada é que as teorias psicanalíticas contemporâneas do desenvolvimento da personalidade incorporaram e enfatizaram idéias sobre relacionamentos e interações internalizadas e as maneiras complexas pelas quais mantemos nosso senso de identidade nos modelos que começaram com Freud. Outras manifestações do inconsciente Ato falho Ato falho é um equívoco na fala ou na memória provocada hipoteticamente pelo inconsciente. Ou seja, através do ato falho, o desejo do inconsciente é realizado. Isto explica o fato de que nenhum gesto, pensamento ou palavra acontece acidentalmente. Os atos falhos são diferentes do erro comum, pois este é resultado da ignorância ou conveniência. Neurose Do ponto de vista psicanalítico a neurose é decorrente de tentativas ineficazes para lidar com conflitos e traumas inconscientes. Por assim dizer, o que diferencia a neurose da normalidade é a intensidade do comportamento e a incapacidade do sujeito em resolver conflitos de maneira satisfatória. Neurose pode ser um sintoma de algo recalcado, sentimentos e ações que foram impedidos de ser manifestos na consciência. Principais autores e teóricos da psicanalise Melanie Klein Melanie Klein é considerada uma das autoras que mais contribuíram na compreensã o do conceito de inconsciente. Com vários problemas na família, incluindo a morte de dois irmãos e da mãe, problemas na criação dos filhos e com seu casamento, iniciou uma psicoterapia com o húngaro Sándor Ferenczi – que foi seu grande incentivador. Estimulada por ele, iniciou o atendimento de crianças. As contribuições de Melanie Klein para a psicanálise foram: Entendeu que os primeiros momentos de vida extrauterina do bebê promove importantes impactos sobre sua construção psíquica. Trouxe a brincadeira para o trabalho psicanalítico Reconheceu paralelos nas terapias psicanalíticas em adultos através da interpretação de sonhos com brincadeiras terapêuticas com crianças. Também fez um paralelo da técnica da associação livre clássica com as verbalizações das crianças ao brincar. Donald Winnicott Discípulo de Klein, Winnicott postula que cada ser humano traz um potencial inato para amadurecer e para se integrar. Porém, entendeu que o fato de essa tendência ser inata não garante que ela realmente vá ocorrer. Isto dependerá de um ambiente facilitador que forneça os cuidados que o indivíduo precisa, sendo que, no início, esse ambiente é representado pela “mãe suficientemente boa“. Jacques Lacan Opondo-se aos pós-freudianos que promoveram a psicanálise buscando fundamentações na Biologia, Lacan escolheu a linguística e a lógica para reconfigurar a teoria do inconsciente. Elaborou o conceito de estádio do espelho, que refere-se ao período que se inicia aos seis meses de idade do indivíduo, aproximadamente, encerrando aos dezoito meses. Este estádio é caraterizado pela representação da unidade corporal pela criança, e também por sua identificação com a imagem do outro. Carl Jung Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço que fundou a psicologia analítica, iniciou sua trajetória com Freud, com quem fez uma parceria para estudos da mente. Antes de trabalharem juntos, Jung enviou a Freud cópias de seus trabalhos sobre a existência do inconsciente, confirmando concepções freudianas de recalque e repressão. Posteriormente, ambos passaram a se corresponder (359 cartas que posteriormente foram publicadas entre 1906 a 1913). O primeiro encontro entre eles, em 27 de fevereiro de 1907, transformou-se numa conversa de treze horas ininterruptas. Depois desse encontro, estabeleceram uma amizade de aproximadamente sete anos. Esta parceria nas descobertas e definições do inconsciente acabou se rompendo após divergências e disputas a respeito do significado da libido. Ana Freud Filha de Sigmund Freud e Pedagoga de formação, exerceu essa profissão nos anos de 1914 a 1920. Por um curto período de tempo foi professora infantil, e logo se juntou ao circulo de discípulos de Freud, e então se tornou Psicanalista. Iniciou o tratamento voltado para crianças, sendo a pioneira nesta área. Estabeleceu clínicas e berçários para crianças que eram vitimas da guerra, sobreviventes do holocausto, ou que estavam sendo atormentadas pelas suas vidas. William Reich Foi um discípulo de Freud, e propôs a gênese da neurose como consequência dos conflitos de poder que se estabelecem nas relações sociais e suas implicações emocionais e psicológicas. Para ele a repressão se dava não apenas no plano psíquico, mas também no físico, na qual o corpo respondia à repressão gerando tensão muscular. Com o passar do tempo, essa repressão se traduzia em dores crônicas e doenças. Dizia que era uma “armadura” ou uma “couraça” que moldava o físico e o caráter do indivíduo e determinava como essa pessoa encarava sua existência. A neuropsicanálise A neuropsicanálise é um subcampo emergente que visa unir os insights da psicologia freudiana (e sua ênfase na experiência subjetiva) com as novas descobertas neurocientíficas sobre os processos cerebrais. À medida que as novas tecnologias revelam uma atividade cerebral cada vez mais precisa, a neuropsicanálise procura identificar os fundamentos neurobiológicos da emoção, fantasia e as camadas do inconsciente. Críticas à psicanálise Os críticos da psicologia freudiana argumentam que esta teoria não é apoiada por evidênciascientíficas. Estudiosos dizem que a psicanálise é boa em explicar, mas não em prever comportamentos (que é um dos objetivos da ciência). Por esse motivo, a teoria de Freud não pode ser provada verdadeira ou refutada. Por exemplo, é difícil testar e medir objetivamente a libido, elemento central na compreensão do indivíduo segundo a psicanálise. A teoria de Freud é altamente não científica, dizem os críticos. Eles também argumentam que Freud pode ter enviesado suas pesquisa em suas interpretações. Ou seja, ele pode ter prestado atenção apenas às informações que sustentavam suas teorias, e ignorado as informações e outras explicações que não se encaixavam nelas. No entanto, Fisher e Greenberg (1996) argumentam que a teoria de Freud deve ser avaliada em termos de hipóteses específicas e não como um todo. Eles concluíram que há evidências para apoiar os conceitos de Freud de personalidades orais e anais. Conclusão A psicanálise é uma das linhas psicoterapeuticas com maior adesão entre os psicólogos. Mesmo que alguns conceitos sejam controversos (como a ideia do inconsciente ou a própria hipnose), ou que haja teorias alternativas (como a terapia cognitivo comportamental), a psicanálise se mantém como uma importante referência teórica da psicologia. Aprendendo sobre a psicanálise, refletimos também sobre nossa própria experiência de vida, e podemos compreender melhor a nós mesmos e nossas relações com o mundo. Curiosidades Cocaína As 4 irmãs que morreram no campo de concentração Fotos das casas de Freud Filme “Freud – Além da alma” O filme “Freud – Além da Alma” conta a história da psicanálise. Tem como diretor John Marcellus Huston, e aborda o surgimento de alguns conceitos formulados por Freud e que hoje são muito conhecidos como a base da psicanálise. John ambientou o filme no século XIX, e desenrolou a história a partir dos primeiros anos da trajetória de Freud, onde ele se deparou com estranhos distúrbios que desafiavam o conhecimento médico da época. Documentário https://www.youtube.com/watch?v=1UqaHXxK9Ec&list=PLQZtOJCzgHm0GP3dTpqbb27YntrH-cb3E&index=2&ab_channel=PsycheVideos Momento Descontração https://www.psicanaliseclinica.com/dia-da-musica/ Referências Freud acreditava que os sonhos tem significado. Ele presumiu que todo sonho possui conteúdos com os desejos inconscientes do sujeito “disfarçados” em metáforas e ilustrações. Quais os mecanismos de formação dos sonhos segundo Freud? Para que servem e como funcionam? Os mecanismos são deslocamento, condensação, simbolismo e dramatização. Visam proteger o sonhador, de forma que o consciente não reconheça o desejo oculto. Pergunta para a classe O autor parte com a ideia de que o paradigma da psicanálise consiste na compreensão da experiência e sua gama de emoções como primeira categoria de conhecimento em psicanálise, seguida por transformações simbólicas que levam a pensamentos cada vez mais abstratos. Considerando que várias das contribuições fundamentais de Freud decorrem do criador das experiências estéticas intensas . Diante disso, podemos afirmar que isso pode constituir uma intuição do paradigma estético no modelo clássico da psicanálise?