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Hipóteses constitucionais e infraconstitucionais para naturalização

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HIPÓTESES CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS PARA 
NATURALIZAÇÃO 
A Portaria Interministerial nº 11, de 3 de maio de 2018, que dispõe sobre os 
procedimentos para solicitação de naturalização, traz em seu artigo 1º as seguintes 
espécies de naturalização: 
“Art. 1º Esta Portaria estabelece os procedimentos em relação à 
tramitação dos processos de: 
I - Naturalização ordinária, prevista no art. 12, inciso II, alínea 
"a" da Constituição, nos arts. 65 e 66 da Lei nº 13.445, de 2017, 
e nos arts. 233 a 237 do Decreto nº 9.199, de 2017; 
II - Naturalização extraordinária, com base no art. 12, inciso 
II, alínea "b" da Constituição, no art. 67 da Lei nº 13.445, de 
2017, e nos arts. 238 e 239 do Decreto nº 9.199, de 2017; 
III - naturalização provisória, prevista no art. 70 da Lei nº 
13.445, de 2017, e nos arts. 244 e 245 do Decreto nº 9.199/2017; 
IV - Conversão de naturalização provisória em definitiva, 
prevista no parágrafo único do art. 70 da Lei nº 13.445, de 2017, 
e no art. 246 do Decreto nº 9.199, de 2017; 
V - Igualdade de direitos e obrigações civis e gozo dos direitos 
políticos dos beneficiários do Estatuto de Igualdade, 
promulgado pelo Decreto nº 70.391, de 12 de abril de 1972, e 
Decreto nº 3.927, de 19 de setembro de 2001; 
VI - Perda da nacionalidade, prevista no art. 75 da Lei nº 13.445, 
de 2017, e nos arts. 248 e 249 do Decreto nº 9.199, de 2017; e 
VII - reaquisição da nacionalidade e revogação da decisão de 
perda da nacionalidade brasileira, previstas no art. 76 da Lei nº 
13.445, de 2017, e no art. 254 do Decreto nº 9.199, de 2017.” 
A Constituição Federal determina espécies para aquisição da nacionalidade 
brasileira. Logo, a nacionalidade pode ser primária ou originária que são os brasileiros 
natos ou nacionalidade secundaria adquirida que são os brasileiros naturalizados. 
A nacionalidade primária resulta de maneira unilateral, involuntariamente, 
da imposição estatal, no momento do nascimento. 
Na nacionalidade primária ou originária, o Brasil adotou como regra, no seu 
artigo 12, I, da Constituição Federal o critério ius solis, mas fez previsão também ao 
critério ius sanguini, estabelecendo, assim, o sistema misto. Sendo que a escolha fica a 
cargo do Estado. 
Art. 12. São brasileiros: 
I - Natos: 
a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de 
pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu 
país; 
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe 
brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da 
República Federativa do Brasil; 
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe 
brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira 
competente ou venham a residir na República Federativa do 
Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a 
maioridade, pela nacionalidade brasileira; 
No critério ius soli, basta que tenha nascido em território brasileiro, ainda 
que de pais estrangeiros. 
Já para o critério ius sanguinis funda-se no vínculo do sangue, segundo o 
qual será nacional todo aquele que for filho de nacionais, independentemente do local 
de nascimento. Assim o fator determinante da nacionalidade é a ascendência. 
Ao se tratar da nacionalidade secundária, observa-se que esta decorre da 
naturalização, portanto, não se adquire com o nascimento. 
São brasileiros naturalizados aqueles que venham adquirir a nacionalidade 
brasileira. Na forma da lei brasileira, contida no artigo 12, inciso II, da Constituição 
Federal: 
Art. 12. São brasileiros: 
II - Naturalizados: 
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, 
exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas 
residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; 
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na 
República Federativa do Brasil há mais de quinze anos 
ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a 
nacionalidade brasileira. 
Assim, deve o interessado manifestar sua vontade requerendo a 
nacionalidade brasileira, bem como deve ter residência permanente em solo brasileiro 
com mínimo de 04 anos. 
Visto a necessidade do critério subjetivo, a manifestação de vontade do 
indivíduo de se naturalizar brasileiro, entende-se fundamental a capacidade civil dessa 
pessoa. O texto constitucional só permite a manifestação pela opção da nacionalidade 
brasileira depois de alcançada a maioridade, ou seja, desde que seja plenamente capaz. 
Para a naturalização ordinária (alínea ‘a’), os requisitos são: 
1. residência por um ano ininterrupto e 
2. idoneidade moral; 
Outrossim, dentre a naturalização ordinária, há que se falar da 
naturalização dos portugueses que, por serem de país de língua portuguesa, já se 
encaixam na regra acima, porém quando houver reciprocidade em favor dos brasileiros, 
os portugueses, com residência permanente no Brasil, terão os mesmos direitos dos 
brasileiros, desde que não sejam vedados, observando que os portugueses não perderão 
sua cidadania portuguesa. Tal situação está assegurada através da Convenção Sobre 
Igualdade de Direitos e Deveres entre Brasileiros e Portugueses, assinada em 07-09-
1971. 
Ademais, há o instituto da naturalização extraordinária (alínea ‘b’), que é 
concedida a pessoa de qualquer nacionalidade que tenha fixado residência no território 
nacional há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, ou já reabilitada na 
forma da legislação vigente. 
A norma constitucional exige que a residência seja ininterrupta, isso quer 
dizer que o indivíduo para conseguir a naturalização brasileira deverá estabelecer 
residência em solo brasileiro pelo lapso temporal de quinze anos sem se ausentar. 
Importante mencionar, que a hipótese da naturalização ordinária depende de 
um ato discricionário do Brasil, podendo ser concedida ou não. Já a extraordinária, é um 
ato vinculado do governo brasileiro, ou seja, se o estrangeiro comprovar que possui os 
requisitos, a ele deverá ser concedida a naturalização. 
Outras hipóteses de naturalização são disciplinadas pela Lei de Migração – 
Lei n° 13.445/2017, que estabelece naturalização especial e provisória. 
A naturalização brasileira especial é aquela concedida ao cônjuge ou 
companheiro, há mais de 5 anos, de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em 
atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; ou seja ou tenha sido 
empregado em missão diplomática ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 
anos ininterruptos. Os requisitos para a concessão de naturalização especial são: 
1. ter capacidade civil, segundo a lei brasileira; 
2. comunicar-se em língua portuguesa, consideradas as condições do 
naturalizando; e 
3. não possuir condenação penal ou estiver reabilitado, nos termos da lei. 
Na naturalização provisória poderá ser concedida para estrangeiro 
admitido no Brasil durante os primeiros 10 anos de vida, estabelecido definitivamente 
no território nacional. 
É aplicada então ao migrante criança ou adolescente que tenha fixado 
residência no território nacional antes de completar dez anos de idade e deverá ser 
requerida por intermédio de seu representante legal.

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