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1 MARIA EDUARDA FRAINER ISOTTON RELATÓRIO DE ENTREVISTA COM IDOSO Balneário Camboriú 2022 MARIA EDUARDA FRAINER ISOTTON RELATÓRIO DE ENTREVISTA COM IDOSO Relatório de entrevista com idoso apresentado à disciplina de Psicologia do desenvolvimento II do Curso de Graduação em Psicologia da UNIAVAN Professor (a): Me. Anna Balneário Camboriú 2022 1 RELATÓRIO Segundo Freud, cada um envelhece à sua maneira. Levando em consideração a singularidade de cada velhice, é fundamental processar a realidade a partir do inconsciente para vislumbrar que o idoso utilizará seu futuro de forma única (JUNIOR, FERNANDES, 2017). A velhice é uma época temida por muitos, seja por medo de serem um peso pela família ou simplesmente pelo “preconceito” enraizado na sociedade, muitos idosos são destratados pela família porque os mesmos acham que eles serão um encosto, mas na maior dos casos eles apenas não conseguem a oportunidade de ajudar e se aproximar. Durante a entrevista, o senhor de setenta e um (71) anos se mostrou muito próximo e apegado a família, nascido em Vergeão (SC), Edemar Isotton sempre trabalhou desde muito novo junto dos irmãos, diz que passou a se considerar um idoso após os sessenta anos quando passou a poder usar a carteirinha de vaga para idosos. Sempre se dedicou muito ao trabalho e aos estudos, trabalhou como arquiteto durante anos e ajudou muito na construção da cidade onde morou por muito tempo (Palotina — PR), inclusive é citado no livro da história da cidade. Edemar tem dois filhos e se orgulha muito de ambos e do que conquistaram até hoje, também se diz muito orgulhoso das três netas que enchem a casa com muito amor e bagunça, nos dias de hoje ele foca mais na família e em cuidar da própria saúde. Quando o assunto é a possibilidade de trocar sua idade, ele negou imediatamente, em suas palavras “Não, nossa vida é uma só, não tem como mudar.” Ele admira muito a juventude e as facilidades que os mesmos possuem nos duas atuais, mas uma parte confunde muito liberdade com libertinagem, nas palavras dele “A liberdade de expressão acaba quando quando afeta a existência do outro.” O entrevistado é casado desde os 23 anos com a mesma pessoa, tem consciência que o casamento teve seus momentos difíceis mas seguem firmes até hoje, sua relação segue evoluindo e se adaptando as épocas. O senhor de setenta e um anos se diz muito ativo, aproveita toda a acessibilidade que a cidade onde mora atualmente fornece, sendo desde lazer até postos de saúde bem localizados, crítica fortemente a segurança da cidade mesmo que a mesma seja calma e com poucos relatos de assalto e outros crimes, afirma tomar todas as medidas de segurança recomendadas em sua casa e fora dela quando faz pequenos passeios ou sai para fazer compras sozinho. Neste ano de 2022 ele perdeu um de seus irmãos, ele conta que fez tudo o que estava ao seu alcance para cuidar dele, ele faleceu na casa do entrevistado, ele relata ter sofrido pela perda mas já a esperava, não queria que o irmão sofresse mais e que poderia enfim descansar em um lugar melhor, o mesmo disse “ninguém está preparado para perder alguém, ainda mais um familiar, sempre pensando que a perda poderia ter sido adiada de alguma forma. Mas ao se lembrar do sofrimento do ente querido passamos a achar que foi melhor partir.” Como visto em sala de aula, o ser humano nunca está preparado para a morte, e quando acontece, aquilo o lembra que pode acontecer a qualquer momento conosco, mas é importante que esqueçamos dela, caso o contrário não faríamos mais nada além de sofrer antecipadamente por alto que não temos certeza de quando vai acontecer. A utilmente pergunta feita foi sobre o que ele achava sobre a psicoterapia, sua resposta foi muito positiva, a considera importante e gostaria de ter feito quando mais novo, na sua visão a psicologia salvou e ainda vai salvar muitas vidas ao redor do mundo, ele tem fé que ela ainda vai avançar mais e chegar a todos que precisam dela em algum momento da vida, uma área tão importante que deve crescer ainda mais. Edemar faz parte de uma parcela da população idosa que aceita e não mudaria a idade que tem, aproveita ao máximo o que o mundo tem a oferecer e a família, sempre ativo e procurando coisas novas para fazer, até mesmo seguindo as ideias loucas que as netas trazem para ele. Nem todas pessoas consideradas idosas aceitam essa fase muito bem e aos poucos devemos quebrar essa visão de que o idoso não tem valor ou é esquecido, é necessário incluir mais esse grupo em meio a sociedade, das chances e os valorizar como merecem. REFERÊNCIAS JUNIOR, S.; FERNANDES, J. R. Freud e o envelhecimento: a importância da compreensão psicodinâmica do idoso. Tede.upf.br, 24 fev. 2017.