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Conteudista: Prof.ª Dra. Márcia Pereira Cabral Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Couto Objetivo da Unidade: Entender como a gestão educacional se insere na práxis pedagógica, nas possibilidades profissionais do licenciado e nos currículos dos cursos de formação de professores, em especial em Pedagogia. Material Teórico Material Complementar Referências A Gestão Educacional no Contexto Pedagógico Introdução Entender a gestão educacional é uma tarefa complexa e que envolve a consideração de elementos históricos, sociais, culturais e práticos. Nesta Unidade, refletiremos sobre como a gestão educacional se relaciona com a prática de ensino e sobre como essa interseccionalidade se materializa no ambiente escolar. Figura 1 – A gestão escolar no contexto pedagógico Fonte: Getty Images 1 / 3 Material Teórico Para tanto, iniciaremos com uma reflexão sobre a práxis pedagógica e suas implicações no contexto da gestão. Em seguida, veremos mais a fundo a área da gestão educacional como um campo de atuação pedagógica e os reflexos da profissão nesse escopo. Com isso em mente, abordaremos os currículos dos cursos de graduação e a inserção das práticas gestoras neles, a partir de uma perspectiva histórica. Por fim, faremos um panorama sobre a relação entre teoria e prática no foco da gestão educacional, em uma reflexão que nos preparará para as discussões das Unidades seguintes. É muito importante que você acesse todos os materiais, vídeos e links indicados, pois eles são fundamentais para o entendimento dos conteúdos abordados. Não deixe de conferir! Bons estudos! A Gestão Educacional e a Práxis Pedagógica Historicamente, a educação contou com visões que, durante muito tempo, olharam para a gestão como um campo à parte da Pedagogia, considerando elementos mais voltados à administração – muitas vezes com viés empresarial – e outras áreas. Contudo, essa visão sofreu significativas modificações nas últimas décadas e a gestão educacional passou a ser considerada a partir do foco na aprendizagem significativa dos estudantes, a partir de ideais de eficiência, eficácia e efetividade (3 Es da gestão). Leitura Modelo de Avaliação do Desempenho da Administração da Escola sob Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Um elemento em especial é fundamental para esse novo olhar para a gestão educacional: a práxis pedagógica. Para iniciar essa discussão, apresentamos a visão do professor e filósofo espanhol Sánchez Vázquez: O pensamento de Vázquez é crucial para o entendimento da práxis pedagógica, uma vez que o autor traz um elemento central da discussão: a relação entre teoria e prática. Para ele, a práxis diz respeito a uma atividade que é da ordem prática, ligada à execução de trabalhos e processos do cotidiano, ao mesmo tempo em que é relacionada à esfera transformadora e filosófica. Ambas se relacionam, contudo, de maneira incisiva, e, nesse sentido: os Critérios de Eficiência, Eficácia, Efetividade e Relevância Leia o artigo a seguir para entender ou relembrar os conceitos das 3 Es da gestão. - VÁZQUEZ, 1977, p. 241 “A práxis é, na verdade, atividade teórico-prática; ou seja, tem um lado ideal, teórico, e um lado material, propriamente prático, com a particularidade de que só parcialmente, por um processo de abstração, podemos separar, isolar um do outro.” https://observatoriodeeducacao.institutounibanco.org.br/cedoc/detalhe/modelo-de-avaliacao-do-desempenho-da-administracao-da-escola-sob-os-criterios-de-eficiencia-eficacia-efetividade-e-relevancia,f6df4dab-c228-475c-a226-8a6615ccf8a6 De acordo com a visão de Saviani, percebemos que a práxis não é somente uma aplicação prática da teoria, mas sim uma relação na qual ambas se influenciam e se modificam mutuamente. Para Vázquez: - SAVIANI, 2005, p. 107 “Quando entendemos que a prática será tanto mais coerente e consistente, será tanto mais qualitativa, será tanto mais desenvolvida quanto mais consistente for a teoria que a embasa, e que uma prática será transformada à medida que exista uma elaboração teórica que justifique a necessidade da sua transformação e que proponha as formas de transformação, estamos pensando a prática a partir da teoria. Mas é preciso também fazer o movimento inverso, ou seja, pensar a teoria a partir da prática, porque se a prática é o fundamento da teoria, seu critério de verdade e sua finalidade, isto significa que o desenvolvimento da teoria depende da prática.” “A atividade filosófica, como tal, não é práxis. E não o é, tampouco, a filosofia da práxis ou teoria da atividade prática do homem em suas relações com a natureza e com outros homens. […] a práxis se nos apresenta como uma atividade material, transformadora e ajustada a objetivos. Fora dela, fica a atividade teórica que não se materializa […] e a atividade puramente material, isto é, sem a produção de Uma vez que entendemos o aspecto filosófico da práxis, é hora de refletir sobre o seu componente prático e material. Sobre ele, recorremos ao olhar de Konder (1992, p. 115): Com base nessa definição e com os ideais filosóficos da práxis em mente, percebemos que os aspectos teóricos e práticos não somente estão relacionados, mas também interligados e em evolução conjunta, o que influencia o fazer docente e a gestão escolar. - VÁSQUEZ, 1997, p. 208 - KONDER, 1992, p. 115 finalidades e conhecimentos que caracteriza a atividade teórica. […] determinar o que é a práxis requer delimitar mais profundamente as relações entre teoria e prática.” “A práxis é a atividade concreta pela qual os sujeitos humanos se afirmam no mundo, modificando a realidade objetiva e, para poderem alterá-la, transformando-se a si mesmos. É a ação que, para se aprofundar de maneira mais consequente, precisa da reflexão, do autoquestionamento da teoria; e é a teoria que remete à ação, que enfrenta o desafio de verificar seus acertos e desacertos, cotejando-os com a prática.” Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Pensando na relação da práxis com o educador, retomamos o pensamento de Paulo Freire: Leitura Formação Docente e Práxis Pedagógica: Narrativa de uma Professora Para entender melhor a relação entre a teoria e a prática no contexto da práxis pedagógica, leia o artigo a seguir. O material traz reflexões e relatos a partir da perspectiva docente, o que é fundamental para considerar a relação com a gestão escolar e pensar nos elementos ligados ao currículo dos cursos de formação de professores, que queremos nas seções seguintes. - FREIRE, 1977, p. 241 “O educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. […] Já agora ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo.” https://www.revistas.uece.br/index.php/revpemo/article/view/3602/4044 A lógica freiriana trabalha com a ideia de que o educador não é um transmissor do conhecimento, mas também um indivíduo em aprendizagem constante, assim como seus Vídeo A Pedagogia da Práxis em Paulo Freire “A pedagogia da práxis em Paulo Freire” foi tema de um vídeo da série “Somos Saberes”, no qual Gilberto Carvalho, Mariana Pasqual Marques e Pedro Pontual debatem a relação entre teoria, prática e política. A PEDAGOGIA da práxis em PAULO FREIRE https://www.youtube.com/watch?v=99Em7WvqqPc alunos. A partir disso, podemos pensar: e como a gestão educacional se encaixa nessa relação? Se estudante e professor estão em um movimento de constante aprendizagem, também estão os gestores educacionais. A relação entre eles – e toda a comunidade escolar – está envolta em um ideal comum, focado na aprendizagem e na construção coletiva do conhecimento. Nesse sentido, a práxis pedagógica influencia a gestão e todas as decisões tomadas no ambiente escolar; tanto gestores quanto professores são, em essência, educadores, e é em torno dessa lógica que a práxis se conecta e influencia a gestão educacional em seus aspectos teóricos e práticos. A Gestão Educacional como Campo de Atuação Agora que já vimos a relação entre a gestão e a práxis pedagógica, é hora de refletir sobre uma questão fundamental para estudantes de cursos de licenciatura: a atuação profissional no campo da gestão. Para tanto, entendemos que a gestão escolar deve ser vista como um foco de atuação e não como uma atividade isolada. Nas palavras de Lück: - LÜCK, 2009, p. 25 “Cabe ressaltar que a gestão escolar é um enfoque de atuação, um meio e não um fim em si mesmo. O fim último da gestão é a aprendizagem efetiva e significativa dos alunos, de modo que, no cotidiano que vivenciam na escola desenvolvam as competências que a sociedade demanda, dentre as quais se evidenciam pensar criativamente; analisar informações e proposições diversas, de forma contextualizada; expressar ideias com clareza, oralmente e por escrito; empregar a aritmética e a estatística para resolver problemas; ser capaz de tomar decisões fundamentadas e resolver conflitos.” Logo, percebemos que o papel do pedagogo na gestão versa sempre sobre a garantia da aprendizagem. Para a autora, a organização prática da atuação tem dez dimensões, que são agrupadas em organização e implementação. Para entender melhor essas definições, leia o trecho a seguir, extraído da obra da Lück. As dimensões de organização dizem respeito a todas aquelas que tenham por objetivo a preparação, a ordenação, a provisão de recursos, a sistematização e a retroalimentação do trabalho a ser realizado. Elas objetivam garantir uma estrutura básica necessária para a implementação dos objetivos educacionais e da gestão escolar. Elas diretamente não promovem os resultados desejados, mas são imprescindíveis para que as dimensões capazes de fazê-lo sejam realizadas de maneira mais efetiva (LÜCK, 2008). Essas dimensões envolvem a fundamentação conceitual e legal da educação e da gestão educacional, o planejamento, o monitoramento e avaliação das ações promovidas na escola, e a gestão de seus resultados de modo que todas as demais dimensões e ações educacionais sejam realizadas com foco na promoção da aprendizagem e formação dos alunos, com qualidade social. As dimensões de implementação são aquelas desempenhadas com a finalidade de promover, diretamente, mudanças e transformações no contexto escolar. Elas se propõem a promover transformações das práticas educacionais, de modo a ampliar e melhorar o seu alcance educacional (LÜCK, 2008). As competências de implementação envolvem a gestão democrática e participativa, gestão de pessoas, gestão pedagógica, gestão administrativa, gestão da cultura escolar e gestão do cotidiano escolar, com foco direto na promoção da aprendizagem e formação dos alunos, com qualidade social (LÜCK, 2008, p. 26). Note, pela fala da autora, que a organização do trabalho gestor é dividido em diferentes dimensões, que se complementam e que atuam em colaboração com a atuação do docente. Elas dizem respeito, de modo geral, ao planejamento geral ou à execução e orientação dos planos traçados, respondendo assim às necessidades escolares. Também é importante destacar que todo esse trabalho recai na ideia de uma prática refletiva. O gestor, enquanto educador em posição de liderança, deve garantir os processos de aprendizagem ao mesmo tempo em que orienta a comunidade escolar, os estudantes e a sociedade. Nesse sentido, constitui-se uma escola reflexiva, cuja gestão pressupõe: O gestor, assim, deve ser capaz de orientar as práticas administrativas, pedagógicas e organizacionais. Ao mesmo tempo, é preciso estimular práticas reflexivas que tenham em vista a melhoria constante da interação e da aprendizagem dos estudantes, bem como a atuação consciente e focada dos educadores. - ALARCÃO, 2003, p. 95 “Ser capaz de liderar e mobilizar as pessoas; saber agir em situação; nortear-se pelo projeto de escola; assegurar uma atuação sistemática; assegurar a participação democrática; pensar e escutar antes de decidir; saber avaliar e deixar-se avaliar; ser consequente; ser capaz de ultrapassar dicotomias polarizantes; decidir; creditar que todos e a própria escola se encontram num processo de desenvolvimento e aprendizagem.” Uma vez considerados os aspectos gerais da gestão escolar enquanto um campo de atuação, é hora de pensar exatamente nos trabalhos específicos de cada posição. Não cabe aqui discriminar as funções e papéis de cada cargo, mas sim apresentar um panorama que permita entender quais são as atribuições pedagógicas de cada sujeito da gestão escolar. Para isso, veremos os principais destaques acerca do papel do diretor e do vice-diretor, do coordenador pedagógico e do supervisor de ensino. O diretor, de modo geral, é o responsável pela escola. Isso significa que cabe a ele, auxiliado por outros atores, a mobilizar a comunidade escolar em prol do planejamento e da organização, além de garantir que as ações necessárias serão implementadas. O vice-diretor atua como um braço direito, também estando envolvido nas decisões escolares e tendo uma atuação ativa junto ao corpo docente. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O coordenador pedagógico tem como função “gerenciar, coordenar e supervisionar todas as atividades relacionadas com o processo de ensino e aprendizagem, visando sempre à Leitura Gestão Escolar, Liderança do Diretor e Resultados Educacionais no Brasil Para entender melhor o papel do diretor escolar, leia o artigo a seguir. https://www.scielo.br/j/rbedu/a/jshd86G9PYQYGJLpJZqpJdC/?format=pdf&lang=pt. permanência do aluno com sucesso” (AZEVEDO et al., 2012, p. 22). Sua atuação acontece na esfera formadora, que diz respeito à garantia de que sejam realizadas as ações formativas e reflexivas no ambiente escolar; articuladora, que gira em torno de manejar as relações entre estudantes, familiares, docentes e sociedade; e transformadora, que envolve entender as necessidades de todos os grupos envolvidos na comunidade escolar e buscar formas de contribuir com suas iniciativas e ideias, também identificando formas de melhorias de ações em prol da qualidade da educação. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O supervisor de ensino, por sua vez, pode ser visto como um articulador do processo pedagógico (WENDLER, 2015). Na visão de Libâneo: Leitura O Coordenador Pedagógico na Educação Básica: Desafios e Perspectivas Entenda mais sobre as atribuições do coordenador pedagógico com a leitura do artigo a seguir. https://bit.ly/3lhzWAG Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE É importante ainda não confundir o papel do supervisor com o do orientador educacional. O orientador: - LIBÂNEO, 2002, p. 35 Leitura A Prática Pedagógica em Supervisão Escolar: a Importância da Inter- relação entre o Supervisor Pedagógico e o Corpo Docente Entenda mais sobre o papel do supervisor de ensino no artigo a seguir. “Refere-se ao supervisor educacional como "um agente de mudanças, facilitador, mediador e interlocutor", um profissional capaz de fazer a articulação entre equipe diretiva, educadores, educandos e demais integrantes da comunidade escolar no sentido de colaborar no desenvolvimento individual, social, político e econômico e, principalmente na construção de uma cidadania ética e solidária.” https://www.inesul.edu.br/professor/arquivos_alunos/doc_1375113555.pdf Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE - LONGO; PEREIRA, 2011, p. 184 Leitura A Ação da Supervisão Escolar e da Orientação Educacional na Gestão Escolar Entenda mais sobre a diferença entre o supervisor de ensino e o orientador educacional no artigo a seguir. “Trabalha diretamente com os alunos, ajudando-os em seu desenvolvimento pessoal, juntamente com os professores, auxiliando-os a melhorar o processo ensino-aprendizagem e as relações entre aluno-professor, professor-aluno, a fim de compreender o comportamento dos estudantes e agir adequadamente em relação a eles. Na escola, o orientador está envolvido na organização e realização da proposta pedagógica e com a comunidade, orientando, ouvindo e dialogando com os pais e responsáveis.” https://bit.ly/3sEGmh5 Agora que vimos as possibilidades de atuação no campo da gestão escolar e as reflexões sobre essa área, entenderemos melhor como os cursos de formação de professores contemplam a gestão escolar. Gestão Educacional em Cursos de Licenciatura: um Panorama A inserção dos temas de gestão educacional nos currículos dos cursos de licenciatura obedece a uma série de legislações e normativas. A própria Constituição Federal de 1988 afirma, em seu artigo 206, inciso VI, que o ensino será ministrado a partir da “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988, p. 123). O princípio da gestão democrática, que será abordado com mais detalhes nas próximas Unidades, é também descrito com maior clareza na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB 9394/96. Em seu art. 12, o texto afirma que: “Art. 12° Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – Elaborar e executar sua proposta pedagógica; II – Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; III – Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV – Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; Acerca da definição sobre as regras da gestão democrática, a lei apresenta que: A lei também discorre sobre a formação de professores, trazendo que: - BRASIL, 1996, p. 6 - BRASIL, 1996, p. 6 VI – Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII – Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.” “Art. 14º Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.” “Art. 64º A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação Esses pontos trazidos na LDB são resgatados nas Diretrizes Curriculares para Cursos de Graduação, que trazem uma série de resoluções sobre cada currículo. No que se refere à Licenciatura em Pedagogia, o documento mais relevante é a Resolução CNE/CP nº 2, de 1º de julho de 2015, que define as diretrizes relacionadas aos cursos de licenciatura e de formação continuada, bem como segundas licenciaturas e formação complementar pedagógica para graduados. De acordo com o texto: - BRASIL, 1996, p. 20 - BRASIL, 2015, p. 3 básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.” “Art. 3º A formação inicial e a formação continuada destinam-se, respectivamente, à preparação e ao desenvolvimento de profissionais para funções de magistério na educação básica em suas etapas – educação infantil, ensino fundamental, ensino médio – e modalidades – educação de jovens e adultos, educação especial, educação profissional e técnica de nível médio, educação escolar indígena, educação do campo, educação escolar quilombola e educação a distância – a partir de compreensão ampla e contextualizada de educação e educação escolar, visando assegurar a produção e difusão de conhecimentos de determinada área e a participação na elaboração e implementação do projeto político-pedagógico da instituição, na perspectiva de garantir, com qualidade, os direitos e objetivos de aprendizagem e o seu desenvolvimento, a gestão democrática e a avaliação institucional.” Nesse mesmo artigo, no inciso 4º, é afirmado que: No artigo 10: - BRASIL, 2015, p. 4 “Os profissionais do magistério da educação básica compreendem aqueles que exercem atividades de docência e demais atividades pedagógicas, incluindo a gestão educacional dos sistemas de ensino e das unidades escolares de educação básica, nas diversas etapas e modalidades de educação (educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de jovens e adultos, educação especial, educação profissional e técnica de nível médio, educação escolar indígena, educação do campo, educação escolar quilombola e educação a distância), e possuem a formação mínima exigida pela legislação federal das Diretrizes e Bases da Educação Nacional.” “A formação inicial destina-se àqueles que pretendem exercer o magistério da educação básica em suas etapas e modalidades de educação e em outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos, compreendendo a articulação entre estudos teórico-práticos, investigação e reflexão crítica, aproveitamento da formação e experiências anteriores em instituições de ensino. Parágrafo único. As O tocante específico dos componentes curriculares é contemplado no art. 15, inciso 3º: - BRASIL, 2015, p. 9 - BRASIL, 2015, p. 13 atividades do magistério também compreendem a atuação e participação na organização e gestão de sistemas de educação básica e suas instituições de ensino, englobando: I – planejamento, desenvolvimento, coordenação, acompanhamento e avaliação de projetos, do ensino, das dinâmicas pedagógicas e experiências educativas; II – produção e difusão do conhecimento científico-tecnológico das áreas específicas e do campo educacional.” “Os cursos de formação deverão garantir nos currículos conteúdos específicos da respectiva área de conhecimento e/ou interdisciplinar, seus fundamentos e metodologias, bem como conteúdos relacionados aos fundamentos da educação, formação na área de políticas públicas e gestão da educação, seus fundamentos e metodologias, direitos humanos, diversidades étnico-racial, de gênero, sexual, religiosa, de faixa geracional, Língua Brasileira de Sinais (Libras), educação especial e direitos educacionais de adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas.” Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O que se percebe na Lei de Diretrizes e Bases é que os cursos de Licenciatura precisam contemplar as atividades de gestão em seu currículo, já que essa atribuição cabe ao formado em Educação. No contexto da Pedagogia, a resolução do CNE/CP nº 2 categoriza o que é permitido ao egresso do curso e de que maneira os currículos devem ser apresentados. A Gestão Educacional em Cursos de Pedagogia: uma Relação entre Teoria e Prática Para iniciarmos nossa reflexão, precisamos fazer uma diferenciação entre dois conceitos: gestão educacional e gestão pedagógica. Leitura Gestão Escolar: um Olhar Sobre a Formação Inicial dos Diretores das Escolas Públicas Brasileiras Entenda mais sobre a formação para gestão nos cursos de Licenciatura com a leitura do artigo a seguir. https://bit.ly/38pKkDD Ainda que pareçam sinônimos, podemos perceber muitas diferenças quando voltamos para o tema com um olhar mais acurado. Como vimos, a autora Heloísa Lück aponta as dimensões da gestão educacional e, mergulhando mais a fundo em seu pensamento, vemos que a gestão pedagógica encerra um desses campos dimensionais. A gestão pedagógica, assim, compõe a gestão escolar, ao lado de áreas como a gestão financeira e de pessoas, por exemplo. Nesse sentido: Vídeo Gestão Escolar e Gestão Pedagógica Assista ao vídeo do programa Brasil das Gerais, que traz depoimentos de educadores e gestores, além de relatos e experiências em ambiente escolar. Gestão escolar e gestão pedagógica - Brasil das Gerais - Parte 1 https://www.youtube.com/watch?v=8OFxJe2alnM - LÜCK, 2009, p. 95 “A gestão pedagógica é, de todas as dimensões da gestão escolar, a mais importante, pois está mais diretamente envolvida com o foco da escola que é o de promover aprendizagem e formação dos alunos, conforme apontado anteriormente. Constitui-se como a dimensão para a qual todas as demais convergem, uma vez que esta se refere ao foco principal do ensino que é a atuação sistemática e intencional de promover a formação e a aprendizagem dos alunos, como condição para que desenvolvam as competências sociais e pessoais necessárias para sua inserção proveitosa na sociedade e no mundo do trabalho, numa relação de benefício recíproco. Também para que se realizem como seres humanos e tenham qualidade de vida.” Figura 2 – A gestão pedagógica é parte da gestão escolar Fonte: Getty Images A autora apresenta ainda as competências necessárias para o gestor escolar no campo da gestão educacional. Para Lück, o diretor: Promove a visão abrangente do trabalho educacional e do papel da escola, norteando suas ações para a promoção da aprendizagem e formação dos alunos; Lidera na escola a orientação da ação de todos os participantes da comunidade escolar pelas proposições do projeto político-pedagógico e do currículo escolar; Promove orientação de ações segundo o espírito construtivo de superação de dificuldades e desafios, com foco na melhoria contínua dos processos pedagógicos voltados para a aprendizagem e formação dos alunos; Cria na escola um ambiente estimulante e motivador orientado por elevadas expectativas de aprendizagem e desenvolvimento, autoimagem positiva e esforço compatível com a necessária melhoria dos processos educacionais e seus resultados; Promove a elaboração e atualização do currículo escolar, tendo como parâmetro o Referencial Curricular da Secretaria de Educação, as Diretrizes Curriculares Nacionais, os Parâmetros Curriculares Nacionais, bem como a evolução da sociedade, ciência, tecnologia e cultura, na perspectiva nacional e internacional; Orienta a integração horizontal e vertical de todas as ações pedagógicas propostas no projeto pedagógico e a contínua contextualização dos conteúdos do currículo escolar com a realidade; Estabelece a gestão pedagógica como aspecto de convergência de todas as outras dimensões de gestão escolar; Identifica e analisa a fundo limitações e dificuldades das práticas pedagógicas no seu dia a dia, formulando e introduzindo perspectivas de superação, mediante estratégias de liderança, supervisão e orientação pedagógica; Acompanha e orienta a melhoria do processo ensino-aprendizagem na sala de aula mediante observação e diálogo de feedback correspondente; Articula as atividades extra em sala de aula e orientadas por projetos educacionais diversos com as áreas de conhecimento e plano curricular, de modo a estabelecer orientação integrada; Orienta, incentiva e viabiliza oportunidades pedagógicas especiais para alunos com dificuldades de aprendizagem e necessidades educacionais especiais; Promove e organiza a utilização de tecnologias da informação computadorizada (TIC) na melhoria do processo ensino-aprendizagem (LÜCK, 2009, p. 93-94). Quando olhamos para essa dimensão, percebemos que a atuação do gestor e da Pedagogia vai além do conhecimento de elementos teóricos e técnicos para nortear áreas administrativas. A relação com a prática é materializada na ação em sua dimensão pedagógica, na medida em que o gestor precisa orientar, promover e realizar ações que tenham suas raízes na práxis pedagógica. Em Síntese Vimos a questão da práxis pedagógica e de como ela se relaciona com a gestão educacional. Por meio de uma revisão acerca da gestão como campo de atuação e da inserção da temática nos currículos dos cursos de Licenciatura, pudemos perceber a relação mais direta com o trabalho do pedagogo. Assim, concluímos com uma breve discussão sobre a relação entre teoria e prática na gestão pedagógica, um eixo fundamental da gestão escolar. Esses conhecimentos servirão como base para futuramente entendermos a fundo o Plano Nacional de Educação e seus desdobramentos para a gestão. Até lá! Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Filme A Escola que Queremos Assista o documentário do professor Júlio César Augusto do Valle a seguir, que fala sobre políticas curriculares e o papel da gestão. 2 / 3 Material Complementar A Escola que Queremos - DOCUMENTÁRIO Completo https://www.youtube.com/watch?v=hAsYQd7afO0 Leitura Gestão Escolar Produzido pela Secretaria de Educação do Paraná, apresenta pontos fundamentais da gestão em contextos públicos, leia a seguir. Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE Gestão Escolar: Enfrentando os Desafios Cotidianos em Escolas Públicas Leia o documento do Ministério da Educação a seguir, que traz importantes reflexões sobre o contexto brasileiro e a gestão educacional. Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE A Práxis na Gestão Escolar: a Filosofia como Norteadora da Escola Reflexiva Leia o artigo a seguir, que aponta as influências da filosofia nas discussões sobre a práxis pedagógica. Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/md_elaine_sinhorini_arneiro.pdf http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=2170-livro-unir-2009&Itemid=30192 http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20180301124850.pdf Gestão da Escola: o Projeto Pedagógico, o Trabalho e a Profissionalidade dos Professores Leia o artigo a seguir, que versa sobre os elementos vistos na Unidade e aborda o projeto político-pedagógico, que será visto ao longo da disciplina. Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/educacaoemrevista/article/view/617 ALARCÃO, I. Professores reflexivos em uma escola reflexiva. São Paulo: Cortez, 2003. AZEVEDO, J. B.; NOGUEIRA, L. A.; RODRIGUES, T. C. O coordenador pedagógico: suas reais funções no contexto escolar. Persp. Online: Hum. e Sociais Aplicadas, Campos dos Goytacazes, v. 4, n. 2, p. 21-30, 2012. Disponível em: <https://ojs3.perspectivasonline.com.br/humanas_sociais_e_aplicadas/article/view/130/63>. Acesso em: 15/02/2022. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15/02/2022. ________. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece a lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 15/02/2022. ________. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Conselho Pleno. Resolução n. 2, de 1º de julho de 2015. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Diário Oficial da União, Brasília, DF, seção 1, n. 124, p. 8-12. Retificação publicada no DOU, 2015. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/docman/agosto-2017-pdf/70431-res-cne-cp-002-03072015- pdf/file>. Acesso em: 15/02/2022. 3 / 3 Referências FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. KONDER, L. O futuro da filosofia da práxis: o pensamento de Marx no século XXI. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1992. LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos para quê?. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2002. LONGO, M.; PEREIRA, Z. C. O papel do orientador educacional na promoção do relacionamento interpessoal entre alunos e professores, contribuindo no processo ensino-aprendizagem: considerações finais. Perspectiva, Erechim, v. 35, n. 132, p. 183-196, 2011. Disponível em: <https://www.uricer.edu.br/site/pdfs/perspectiva/132_243.pdf>. Acesso em: 15/02/2022. LÜCK, H. (org.). Dimensões de gestão escolar e suas competências. Curitiba: Positivo, 2009. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2190198/mod_resource/content/1/dimensoes_livr o.pdf>. Acesso em: 15/02/2022. SÁNCHEZ VÁZQUEZ, A. Filosofia da práxis. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1977. SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9. ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2005. WENDLER, R. F. Supervisor escolar: o articulador do processo pedagógico. 2015. Monografia (Especialista em Gestão Educacional) – Pós-graduação em Gestão Educacional, Universidade Federal de Santa Maria, Sobradinho, RS, 2015. Disponível em: <https://repositorio.ufsm.br/handle/1/12529>. Acesso em: 15/02/2022 Conteudista: Prof.ª Dra. Márcia Pereira Cabral Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Couto Objetivo da Unidade: Entender como as metas do Plano Nacional de Educação (PNE) pautam ações e influenciam ações de gestão educacional. Material Teórico Material Complementar Referências Gestão Educacional e Práticas de Ensino: uma Reflexão Acerca do Plano Nacional de Educação Introdução Nesta Unidade, voltaremos o olhar a um dos maiores marcos da educação brasileira: o Plano Nacional de Educação (PNE). O PNE é importante porque apresenta metas a serem cumpridas no cenário da educação nacional. Ao defini-las, o PNE firma-se como um grande articulador do Sistema Nacional de Educação, já que suas metas definem formas de investimento e servem de apoio para a construção de planos de diferentes instâncias. 1 / 3 Material Teórico Figura 1 – O Plano Nacional de Educação propõe metas para o ensino brasileiro Fonte: Getty Images A organização influenciada pelas metas do PNE é fundamental para o trabalho do gestor escolar, pois pauta diversas de suas ações e relações. Por isso, pensar no PNE é fundamental para a visão prática e concreta da gestão educacional, e embasa, inclusive, muitos dos conteúdos e das práticas que veremos posteriormente. Na primeira seção desta Unidade, apresentaremos o PNE e suas principais características. Posteriormente, pensaremos sobre suas possibilidades e desafios, com um olhar reflexivo e voltado para a atuação do gestor escolar. Não se esqueça de acessar todos os links e materiais indicados ao longo da Unidade, pois eles são fundamentais para a compreensão e estudo da temática. Bons estudos! O Plano Nacional de Educação A ideia de um plano integrador e nacional para a educação data de quase 100 anos. Para Araújo et al. (2019, p. 9-10): As tentativas de regulamentar o Plano também estão registradas na Constituição Federal de 1988, por meio da Emenda Constitucional n.º 59, de 2009, que modifica o Art. 214º.: - ARAÚJO et al.,2019, p. 9-10 “A ideia de um Plano Nacional de Educação (PNE) nasceu nos anos 1920 a 1930, e este foi mencionado na Constituição de 1934, mas somente foi elaborado em 1962 pelo Conselho Federal de Educação para cumprir o que se estabelecia na LDB de 61. Desse período até os dias atuais, o que se tem é um movimento de construção e a tentativa de estabelecer um novo plano que melhor atenda à Educação. Com isso, o PNE tem a finalidade de traçar metas para a Educação na tentativa de suprir barreiras, como o acesso e a permanência de todos, desigualdade social, formação para o trabalho, exercício da cidadania e dentre outros.” “A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de educação em regime de colaboração e Em 1996, a publicação da Lei nº 9.394 – a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – instituiu o Plano Nacional de Educação (PNE) em dois momentos distintos. Eu seu art. 9º., inciso 1, afirma que “a União incumbir-se-á de: I – elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios”. No art. 87º, que institui a Década da Educação, é apontado que: - BRASIL, 1988 - BRASIL, 1996, p. 27 definir diretrizes, objetivos, metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas que conduzam a: I – erradicação do analfabetismo; II – universalização do atendimento escolar; III – melhoria da qualidade do ensino; IV – formação para o trabalho; V – promoção humanística, científica e tecnológica do País; VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do produto interno bruto.” “A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta Lei, encaminhará ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos.” Embora a promulgação da LDB tenha acontecido em 1996, o primeiro PNE só aconteceu em 2001. Após longos períodos de discussão e elaboração, a Lei nº 10172, aprovada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, aprovou o PNE e trouxe o seu texto na íntegra. O documento tinha como previsão vigorar entre 2001 e 2010, com a realização de planos plurianuais e a instituição do Sistema Nacional de Avaliação para acompanhar a concretização das metas. Lei N° 010172 , de 9 de Janeiro de 2001 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Balanço do Plano Nacional de Educação (PNE) 2001-2010 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Leia a íntegra da “Lei N° 010172 , de 9 de Janeiro de 2001” e o arquivo completo do PNE (2001-2010) para entender melhor sobre a instituição do Plano Nacional de Educação e, posteriormente, o texto “Balanço do Plano Nacional de Educação (PNE) 2001-2010” para entender como aconteceu o monitoramento e as análises sobre os resultados do plano. http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/L10172.pdf https://novaescola.org.br/conteudo/2901/balanco-do-plano-nacional-de-educacao-pne-2001-2010 Das diversas metas estabelecidas no PNE de 2001, vale destacar o aumento da porcentagem do PIB (Produto Interno Bruto) nacional destinado para a educação. Também é importante destacar que uma crítica ao PNE 2001-2010 foi o grande número de metas, o que dificultava a sua implementação e verificação. Vídeo Plano Nacional de Educação (PNE): História e Conquistas da Sociedade Civil Assista ao documentário a seguir, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, para saber mais sobre a história do PNE. Plano Nacional de Educação (PNE): história e conquistas da socie… https://www.youtube.com/watch?v=6IL9Ctz6qBo A possibilidade de aprimorar o PNE motivou diversas discussões e debates, como a realização da Conferência Nacional de Educação (CONAE), que teve como temática “Construindo um Sistema Nacional Articulado de Educação: Plano Nacional de Educação, suas Diretrizes e Estratégias de Ação”, em 2010. Contudo, o processo de elaboração e aprovação do documento foi maior do que o previsto e o novo PNE só foi aprovado em 2014. Por isso, o documento atualmente em vigor é o Plano Nacional de Educação 2014-2024, aprovado por meio da Lei n° 13.005/2014. O primeiro destaque desse novo documento é a sistematização das diretrizes educacionais em apenas dez. As dez diretrizes estabelecidas no PNE (2014-2024) são: Erradicação do analfabetismo; Universalização do atendimento escolar; Superação das desigualdades educacionais, com ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de discriminação; Melhoria da qualidade da educação; Formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; Promoção do princípio da gestão democrática da educação pública; Promoção humanística, científica, cultural e tecnológica do País; Estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto – PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com padrão de qualidade e equidade; Valorização dos(as) profissionais da educação; Também é importante conhecer as 20 metas apresentadas no PNE (2014-2024), que estão dispostas a seguir. Promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioambiental (BRASIL, 2014). Vídeo Especialistas Comentam Aprovação do PNE Assista ao vídeo a seguir para conhecer a opinião de estudiosos sobre a edição de 2014-2024. Especialistas comentam aprovação do PNE | Nova Escola https://www.youtube.com/watch?v=QyIOQweqltc Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE; Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE; Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento); Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados; Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º (terceiro) ano do ensino fundamental; Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos(as) alunos(as) da educação básica; Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb; Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE; Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de analfabetismo funcional; Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento) das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à educação profissional; Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público; Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento público; Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) doutores; Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação de modo a atingir a titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) doutores; Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61º. da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam; A partir da leitura das vinte metas apresentadas no Plano Nacional de Educação, podemos pensar de forma segmentada. Basicamente, em síntese, podemos dizer que: Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos(as) os(as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino; Meta 17: valorizar os(as) profissionais do magistério das redes públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendimento médio ao dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE; Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de planos de Carreira para os(as) profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de Carreira dos(as) profissionais da educação básica pública, tomar como referência o piso salarial nacional profissional, definido em lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206º. da Constituição Federal; Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, para a efetivação da gestão democrática da educação, associada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio técnico da União para tanto; Meta 20: ampliar o investimento público em educação pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do País no 5.º (quinto) ano de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final do decênio” (BRASIL, 2014). “As vinte metas do plano vigente (2014-2024) trazem as seguintes abordagens, no que tange à educação básica: infantil (meta 1), fundamental (metas 2 e 5) e médio (meta 3); a educação especial (meta 4); a organização do espaço-tempo (meta 6); a Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Note que o documento de 2014 traz metas mais palpáveis e concretas do que o de 2001. Para responder à necessidade de mensuração, o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) passa a ser considerado um indicador, por exemplo, ao mesmo tempo em que metas como a universalização do ensino básico e a criação de planos de carreira mais sólidos também - SILVA et al., 2020, p. 2 Leitura PNE – Plano Nacional de Educação – Monitoramento e Avaliação dos Planos Subnacionais de Educação Conheça mais, a seguir, sobre o monitoramento e a avaliação do PNE no ambiente virtual criado pelo Ministério da Educação (MEC). avaliação da educação básica (meta 7); educação de jovens e adultos (metas 8, 9 e 10); educação profissional (meta 11); educação superior (meta 12, 13 e 14); magistério e servidores da educação básica (metas 15, 16, 17 e 18); gestão escolar (meta 19) e investimento em educação (meta 20).” https://pne.mec.gov.br/publicacoes/itemlist/category/4-monitoramento-e-avaliacao norteiam com mais materialidade a gestão educacional. No tocante à gestão, a meta 19 é a que mais chama atenção. Além disso, o PNE permite a criação de subplanos de educação para estados e municípios, permitindo que cada segmento consiga traçar documentos semelhantes, adequados às suas necessidades. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Os impactos do PNE no papel do gestor são grandes, já que as práticas em ambiente escolar devem ser orientadas para o cumprimento das metas estabelecidas no plano nacional, mas ainda assim pensadas a partir do contexto específico da escola ou rede em que o gestor atua. Os desafios e as possibilidades dessa atuação serão discutidos no bloco a seguir. PNE e Gestão: Possibilidades e Desafios Leitura Plano Nacional de Educação - Lei N° 13.005/2014 No site “PNE em Movimento” é possível conhecer mais sobre a adequação e a elaboração dos subplanos. https://pne.mec.gov.br/18-planos-subnacionais-de-educacao/543-plano-nacional-de-educacao-lei-n-13-005-2014 Como já vimos, o PNE teve grandes contribuições para a educação nacional e influenciou de forma bastante significativa a gestão escolar, já que explicitou o prazo de dois anos para a implementação da gestão democrática no contexto educacional. Figura 2 – A articulação com diferentes atores é fundamental para a gestão democrática, prevista no PNE Fonte: Getty Images Vídeo PNE Meta 19: Garantia da Gestão Democrática da Educação no Brasil A Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação) realizou uma série de lives sobre o Plano Nacional de Educação, chamada “De olho no PNE”. Antes de adentrarmos nossas reflexões sobre as práticas ligadas a esse ponto, é preciso chamar a atenção para um ponto de destaque do PNE 2014-2024, que é a apresentação de estratégias para a realização de cada meta. Aqui, veremos mais a fundo a meta 19, ligada diretamente à gestão. As estratégias, extraídas na íntegras do site do PNE, estão apresentadas a seguir. Para cumprimento da meta 19, o PNE 2014-2024 traz como estratégias: 19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da União na área da educação para os entes federados que tenham aprovado legislação específica que regulamente a matéria na área O penúltimo encontro da série foi especificamente sobre a meta 19 e teve a participação de gestores da rede pública. Assista a seguir. PNE Meta 19: garantia da gestão democrática da Educação no Br… https://www.youtube.com/watch?v=vHvm4jd3P6E de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e que considere, conjuntamente, para a nomeação dos diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho, bem como a participação da comunidade escolar. 19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos(às) conselheiros(as) dos conselhos de acompanhamento e controle social do Fundeb, dos conselhos de alimentação escolar, dos conselhos regionais e de outros e aos(às) representantes educacionais em demais conselhos de acompanhamento de políticas públicas, garantindo a esses colegiados recursos financeiros, espaço físico adequado, equipamentos e meios de transporte para visitas à rede escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções. 19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação, com o intuito de coordenar as conferências municipais, estaduais e distrital, bem como efetuar o acompanhamento da execução deste PNE e dos seus planos de educação. 19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associações de pais, assegurando-se-lhes, inclusive, espaços adequados e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das respectivas representações; 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos escolares e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusive por meio de programas de formação de conselheiros, assegurando-se condições de funcionamento autônomo; 19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais da educação, alunos(as) e seus familiares na formulação dos projetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar e regimentos escolares, assegurando a participação dos pais na avaliação de docentes e gestores escolares; 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, administrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino; 19.8) desenvolver programas de formação de diretores e gestores escolares, bem como aplicar prova nacional específica, a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos para o provimento dos cargos, cujos resultados possam ser utilizados por adesão” (BRASIL, 2014). As oito estratégias apresentadas no texto trazem pontos bastante práticos para a gestão educacional. A primeira estratégia conecta-se diretamente com a gestão dos recursos financeiros ligados diretamente à direção e se liga diretamente a um dos maiores problemas em relação ao PNE atualmente: as dificuldades para seu cumprimento. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Além de diversos outros fatores, o risco de não cumprimento do PNE 2014-2024 está ligado à redução de recursos para a educação. Embora esse tenha sido um desafio, o cenário agravou-se após a publicação da PEC 55/2016, aprovada em 29 de novembro de 2016, que congelou os investimentos em gastos públicos por 20 anos. De acordo com o texto da PEC, os aumentos em Leitura O PNE (2014-2024) e os Desafios para sua Implementação Leia o artigo a seguir para entender mais sobre o assunto. https://www.editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/7656 investimentos se mantêm fixos, só podendo ser reajustados proporcionalmente em relação à inflação acumulada e medida a partir do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura PEC 241: Como ela Impacta a Educação Leia o texto a seguir para entender como a PEC 55/2016 afeta a educação. Vídeo PNE não Será Cumprido até 2024, Avalia Campanha pelo Direito à Educação Para entender a relação desse e de outros desafios em relação ao cumprimento do Plano Nacional de Educação, assista ao vídeo a seguir. https://novaescola.org.br/conteudo/3346/pec-241-como-ela-impacta-a-educacao Pensando ainda nas estratégias apresentadas no PNE, vemos que a estratégia 2 se liga mais ao apoio e à fiscalização financeira por meio de órgãos participativos. As estratégias de 3 a 6 versam diretamente sobre a participação na educação, em diferentes instâncias, ao passo que a estratégia 7 fixa a autonomia em diferentes níveis das instituições de ensino, e a estratégia 8 fala sobre formações e critérios para preenchimento de cargos. O que temos, assim, é uma descrição mais detalhada da gestão democrática, com caminhos claros e passíveis de realização, e os apontamentos necessários para a atuação do gestor em prol da realização desse ideal. Dessa forma: PNE não será cumprido até 2024, avalia Campanha pelo Direito à … “Nos termos do PNE I, a gestão democrática se materializa, quanto aos sistemas de ensino, na forma dos conselhos de educação, que reúnem competência técnica e representatividade dos diversos setores educacionais, e, no âmbito dos https://www.youtube.com/watch?v=zsqCjWG3cL0 A elaboração desse conteúdo tem suas raízes no próprio processo de construção do PNE (2014- 2024) e de suas etapas de criação. Eventos com participação ampla trouxeram os pontos considerados no texto, demonstrando significativa força das discussões e debates realizados. Outro ponto importante dessa diretriz é a possibilidade de encontrar na participação e na gestão democrática os caminhos necessários para o atendimento de demandas que assolam a educação - GOMES, 2015, p. 143-144 - GOMES, 2015, p. 145 estabelecimentos escolares, por meio da formação de conselhos escolares dos quais participam a comunidade, além da adoção de formas de escolha de direção escolar que associem garantia.” “A Conferência Nacional de Educação, em 2010, tratou o tema da gestão democrática em uma perspectiva ampla, na educação básica e superior, em instituições públicas e privadas. Essa abordagem contemplava, entre outros aspectos, a garantia da participação de estudantes, profissionais da educação, pais/mães/responsáveis e comunidade local na definição de políticas educacionais; a democratização do funcionamento dos conselhos e órgãos colegiados de deliberação coletiva da área educacional, com ampliação da participação da sociedade civil; a instituição de mecanismos democráticos de gestão das instituições educativas e sistemas de ensino – inclusive eleição direta de diretores e reitores.” brasileira há tempos. Nas palavras de Moll (2014, p. 372): Pensando na fala da autora e no contexto da educação brasileira, podemos refletir sobre o papel do gestor enquanto educador, compromissado com a aprendizagem significativa dos estudantes, garantindo um ambiente de plenas trocas com a comunidade e com o contexto em que a instituição de ensino está inserida. Nesse aspecto, podemos também refletir sobre a maneira como o gestor está em constante articulação com as partes envolvidas. Para Gomes (2015, p. 160): “O imenso desafio enfrentado no Brasil, sobretudo na última década, diz respeito à universalização do acesso ao sistema educacional, em seus diferentes níveis e etapas, à permanência dos estudantes ao longo de sua trajetória formativa e ao aprendizado efetivo e significativo para a vida em sociedade. Esse desafio busca ser enfrentado pelo Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado como Lei n.º 13.005, em 25 de junho de 2014, que, na amplitude de suas 20 metas e estratégias, contempla todos os níveis e modalidades da educação básica, além da educação superior. Constitui parte desse desafio a desnaturalização do fracasso escolar, ainda fortemente expresso em intermináveis reprovações, repetências e saídas extemporâneas da escola. Esses desafios apresentam-se como tarefas históricas, que se impõem aos corresponsáveis pela construção de uma sociedade democrática e republicana, na qual todos possam viver com dignidade.” “Há também relativo consenso de que o diretor tem papel decisivo na articulação e Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Como vemos, a participação da comunidade é fundamental para a gestão democrática e remete a conceitos típicos da educação e do estudo das dinâmicas sociais, como a questão das cidades educadoras. Sobre elas: Leitura O Diretor Escolar e seu Papel Articulador do Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar Leia, a seguir, o texto para se aprofundar na temática. fortalecimento desse conjunto de mecanismos de participação que envolve profissionais da educação, conselheiros, pais, representantes e alunos. O sucesso da gestão democrática talvez se assente num triângulo, em que os vértices são legitimidade, participação e competência. Assim é compreensível que muitos sistemas de ensino busquem combinar a análise de competências técnicas – desejadas para a profissionalização da gestão escolar – com processos de consulta à comunidade escolar.” https://eloseducacional.com/educacao/o-diretor-escolar-e-seu-papel-articulador-do-projeto-politico-pedagogico-da-unidade-escolar/ Perceba, assim, que as práticas gestoras estão integradas com a aprendizagem até mesmo no tocante à participação e ao cultivo de um ambiente realmente democrático. A inserção de múltiplos atores e órgãos não reduz o campo de atuação do gestor, mas sim agrega experiências e possibilidades às suas práticas. - MOLL, 2014, p. 375 “O debate das cidades educadoras – cidades que se comprometem com a inclusão e a diversidade social e que organizam pedagogicamente seus espaços, de modo intencional, para educar e educar-se com os cidadãos – foi importante fonte inspiradora para essa proposição de articulação da escola com seu território. Também, com toda relevância de sua obra, a concepção de território de Milton Santos, em relação ao pertencimento ao lugar, fez muito sentido nessa construção. Portanto, os saberes escolares, desde as matrizes previstas no artigo 26 da LDB (BRASIL, 1996), em uma perspectiva de educação integral, reorganizam-se e buscam leituras de mundo e estratégias sociais e culturais que lhes deem sentido. O rebaixamento simbólico dos muros da escola e seu encontro com o entorno comunitário e urbano, através do uso e da articulação com outros espaços da cidade, não descomprometem, de modo algum, o Estado brasileiro com a melhoria das condições físicas das escolas.” Em Síntese Ao longo da Unidade, pudemos fazer um mergulho profundo sobre o Plano Nacional de Educação, desde suas origens até as duas edições publicadas até hoje. Por meio das vinte metas apresentadas no PNE (2014-2024), vimos de que maneira o documento se relaciona com a gestão educacional e com as práticas comuns a essa área. Também pudemos conferir as estratégias apresentadas para o cumprimento da meta 19, que versa especificamente sobre a gestão. Em momentos posteriores, veremos mais sobre o papel dos gestores no ambiente escolar, relacionando suas práticas com a gestão democrática. Até mais! Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeo Plano Nacional de Educação O Canal Futura preparou um vídeo sobre o Plano Nacional de Educação e seus principais aspectos. 2 / 3 Material Complementar Plano Nacional de Educação https://www.youtube.com/watch?v=ELxpCnyIgTo Leitura Planejando a Próxima Década: Conhecendo as 20 Metas do Plano Nacional de Educação O documento a seguir traz orientações sobre o PNE (2014-2024) e suas estratégias. Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE PNE: Plano Nacional de Educação ou Carta de Intenção? O artigo a seguir traz avaliações críticas sobre o PNE e suas possibilidades de implementação. Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE A Avaliação no Plano Nacional de Educação (2014-2024) O artigo a seguir traz importantes reflexões sobre o PNE e seus resultados esperados e obtidos. Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE https://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf https://www.scielo.br/j/es/a/bQ4bLxjqWQ6y8PBWPZD9pwk/?lang=pt https://revistas.cesgranrio.org.br/index.php/metaavaliacao/article/view/1138 ARAÚJO, M. L. B. et al. Desenvolvimento da educação à luz das LDB, PNE e BNCC. In: III CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2016, Anais [...]. Natal: CONEDU, 2016. p. 01-12. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/20656>. Acesso em: 18/02/2022. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Presidência da República, 2020. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 18/02/2022. ________. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece a lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 15/02/2022. ________. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2014. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 18/02/2022. GOMES, A. V. A. Gestão democrática no Plano Nacional de Educação. In: GOMES, A. V. A.; BRITTO, T. F. Plano Nacional de Educação: construção e perspectivas. Brasília, DF: Senado Federal, Edições Técnicas: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. Disponível em: <https://www.novaconcursos.com.br/blog/pdf/gestao-democratica-plano-nacional- educacao.pdf>. Acesso em: 18/02/2022. 3 / 3 Referências MOLL, J. O PNE e a educação integral: desafios da escola de tempo completo e formação integral. Retratos da Escola, Brasília, DF, v. 8, n. 15, p. 369-381, 2015. Disponível em: <http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/article/view/447>. Acesso em: 18/02/2022. SILVA, J. L. et al. Um olhar sobre a educação inclusiva no PNE 2014-2024: desafios e perspectivas. Práticas Educativas, Memórias e Oralidades, Fortaleza, v. 2, n. 1, 2020. Disponível em: <https://revistas.uece.br/index.php/revpemo/article/view/3514>. Acesso em: 18/02/2022. Conteudista: Prof.ª Dra. Márcia Pereira Cabral Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites Objetivo da Unidade: Caracterizar os sujeitos da gestão escolar, tendo como enfoque suas funções e interlocuções. Material Teórico Material Complementar Referências Pressupostos e Práticas da Gestão Escolar: o Papel dos Gestores na Organização Escolar e Educacional Introdução Anteriormente, vimos a relação da gestão educacional com a práxis pedagógica, perspectivas sobre a gestão como campo de atuação e sua inserção na formação de professores, o Plano Nacional de Educação e sua relação com a prática de ensino em gestão. Agora, voltaremos nosso olhar para os sujeitos que compõem a gestão escolar, seu papel no sistema educacional brasileiro e a relação desses atores com a prática de ensino e com o estágio supervisionado. Esse entendimento é fundamental para ancorar o que vimos em momentos anteriores, com aspectos práticos da atuação na gestão e na preparação – ou aperfeiçoamento em momentos de estágio, assim como em outras vivências escolares. 1 / 3 Material Teórico Figura 1 – Entender a relação dos sujeitos da gestão escolar é fundamental para a prática nesse campo Fonte: Getty Images Ao longo deste material, são indicados materiais, links, vídeos e leituras. É imprescindível que você acesse todos eles, pois são fundamentais para a compreensão dos temas trabalhados. Bons estudos! Sujeitos da Gestão Escolar e suas Funções No início desta disciplina, vimos de forma bastante sintética a composição da gestão escolar, buscando entender a gestão como campo de atuação e, portanto, apresentando suas principais posições. Com isso em mente, partimos agora para o desafio de entender exatamente quais são esses sujeitos e quais as suas funções específicas no contexto escolar. Assim, entenderemos a fundo os sujeitos que se ligaram à direção, coordenação pedagógica e supervisão de ensino. Nesse sentido, nosso primeiro foco se volta para a direção, materializada nos cargos de diretor da escola e de vice-diretor. Para entendermos sua função, precisamos pensar que, no Brasil, a educação vivenciou diversas disputas em relação a um consenso sobre forma de gestão. O mundo atual vem consolidando mudanças sociais, culturais, políticas e econômicas. É compreensível, e até esperado, que essas transformações sejam vistas também no cenário educacional. Frente a essa reflexão, gestores, coordenadores e supervisores se deparam com problemas que precisam ser solucionados, colocando em questão valores enraizados. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura A Educação, a Política e a Administração: Reflexões sobre a Prática do Diretor de Escola A relação entre a literatura especializada sobre gestão escolar e senso comum aparece no artigo a seguir. Leia-o para se aprofundar nesse aspecto! https://www.scielo.br/j/ep/a/z3kMwmdfKMTGM6pb6ZKzXjt/?lang=pt Até meados do Século XX, a figura do diretor era tida por muitos como uma referência em autoridade, o que muitas vezes era sinônimo de autoritarismo. A ideia de autoridade se ligava ao senso comum da política de um país que vivenciou diversos momentos de governos rígidos e não democráticos, o que levava à ideia de que a autoridade poderia ser vista como obediência e temor. Vídeo A Educação era Melhor na Época da Ditadura? A ideia de autoridade era também interpretada como sinônimo de qualidade de educação. Para entender melhor essa realidade, assista ao vídeo da Nova Escola a seguir. A Educação era melhor na época da ditadura? https://www.youtube.com/watch?v=hl35uu5O8xI Paro (2010, p. 39) nos lembra que, no contexto democrático, o conceito de autoridade assume outros contornos. Para o autor, Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura A Gestão Pedagógica na Praxis de uma Diretora Qual a relação da direção escolar com a práxis pedagógica? Leia o artigo a seguir para entender melhor o tema. “A autoridade é um tipo especial de poder estabilizado denominado “poder legítimo”, ou seja, aquele em que a adesão dos subordinados se faz como resultado de uma avaliação positiva das ordens e diretrizes a serem obedecidas. Apenas nessa [...] acepção pode-se dizer que a autoridade se insere numa forma democrática de exercício do poder, na medida em que a obediência ocorre sem prejuízo da condição de sujeito daquele ou daqueles que obedecem.” https://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/10344/1/ulfpie046333_tm.pdf Ancorados nessa ideia, podemos pensar que uma nova concepção de autoridade também impacta diretamente a realidade prática da gestão escolar. Isso porque: Perceba que a atuação do diretor está diretamente ligada à forma da gestão e sua relação com as bases democráticas. Essa atuação impacta diretamente as práticas de estágio supervisionado em gestão educacional, pois é nesse momento que a teoria aqui estudada pode ser observada na prática. Nesse sentido, é válido ter em mente que a observação do gestor pode trazer grandes contribuições para a formação do estudante de graduação. - ABDIAN; OLIVEIRA; JESUS, 2013, p. 979 “Dependente ou independentemente dos avanços teóricos da área, a julgar pela política educacional que, ao longo das últimas décadas, delineia diretrizes de descentralização e concessão de autonomia aos entes federados, identificam-se práticas bastante diferenciadas de exercício da função do diretor de escola: umas mais próximas dos avanços teóricos – o que será trabalhado neste estudo –, outras se aproximando de concepções mais tradicionais da função do diretor de escola.” Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Também podemos refletir a partir de uma concepção do papel do diretor mais ligada a uma visão geral da escola e uma atuação que tenha como fim a qualidade da educação e a aprendizagem dos estudantes. Assim: Leitura Os Desafios Encontrados na Gestão Escolar: Vivências do Estágio Supervisionado II Para saber mais sobre a relação da atuação do diretor escolar com o estágio supervisionado, leia o artigo a seguir, em que as autoras comentam sobre sua própria vivência e os mecanismos utilizados para extrair o máximo da experiência. “No que diz respeito aos diretores de escola, vários autores afirmam que novas prescrições institucionais impelem-nos a tornarem-se “líderes pedagógicos” responsáveis pela coordenação da atividade educativa em sua escola e pela condução das reformas escolares através da mobilização de sua equipe educativa (BERGERON; MASSÉ; RATHÉ, 2005; BRASSARD; CLOUTIER; DE SAEDELEER; https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2018/TRABALHO_EV117_MD1_SA1_ID5990_17092018232742.pdf Perceba, pela fala da autora, a conexão da função gestora do diretor com a práxis pedagógica que vimos anteriormente e, no tocante do contexto escolar, com uma relação mais próxima com outras figuras da gestão escolar, como o coordenador pedagógico. O coordenador pedagógico é o profissional que orienta o trabalho desenvolvido pelos professores no contexto educacional, assumindo uma liderança, frente à formação continuada, na construção coletiva do Projeto Político Pedagógico – PPP –, buscando articular os saberes com as práticas. No que tange a algumas características do coordenador pedagógico, Libâneo (2004, p. 215) elenca: - CATTONAR, 2006, p. 187-188 CORRIVEAU; FORTIN; GÉLINAS; SAVOIE-ZAJC, 2004; CORRIVEAU, 2004). Na Europa, observam-se tendências semelhantes, e vários estudos mostram que os diretores não devem mais ser somente administradores e gestores, mas também “animadores pedagógicos”, iniciadores da política pedagógica de sua escola e “agentes de mudança” do sistema educacional.” “A coordenação é um aspecto da direção, significando a articulação e a convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando a atingir os objetivos. Quem coordena tem a responsabilidade de integrar, reunir esforços, liderar, concatenar o trabalho de diversas pessoas.” Assim, podemos perceber que a principal atuação do coordenador pedagógico é a de impulsionar os diversos saberes dos profissionais envolvidos em direção à concretização de práticas pedagógicas enriquecidas. Vídeo Quais são os 3 Pilares da Coordenação Pedagógica Antes de mergulhar na atuação do coordenador pedagógico, assista ao vídeo a seguir. 08. QUAIS SÃO OS 3 PILARES DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA https://www.youtube.com/watch?v=Zh5kQEyz_wc Para Libâneo (2004), o coordenador pedagógico é o profissional que atua diretamente com os professores, viabilizando todo o trabalho docente, atribuindo assistência didática, para, assim, certamente construir situações didáticas capazes de transformar a prática existente conforme as necessidades de seus alunos. O autor também elenca algumas atribuições que são responsabilidade desse profissional: “Responder por todas as atividades pedagógico-didáticas e curriculares da escola e pelo acompanhamento das atividades de sala de aula, visando a níveis satisfatórios de qualidade cognitivas e operativas do processo de ensino e aprendizagem; Supervisionar a elaboração de diagnósticos e projetos para a elaboração do projeto pedagógico-curricular da escola; Propor para discussão, junto ao corpo docente, projeto pedagógico-curricular da unidade escolar; Orientar a organização curricular e o desenvolvimento do currículo incluindo a assistência direta aos professores na elaboração dos planos de ensino, escolha de livros didáticos, práticas de avaliação da aprendizagem; Prestar assistência pedagógico-didática direta aos professores, acompanhar e supervisionar suas atividades tais como: desenvolvimento dos planos de ensino, adequação de conteúdos, desenvolvimento de competências metodológicas, práticas avaliativas, gestão de classe, orientação da aprendizagem, diagnósticos de dificuldades, etc; Coordenar reuniões pedagógicas e entrevistas com professores visando promover inter-relação horizontal e vertical entre disciplinas, estimular a realização de projetos conjuntos entre os professores, diagnosticar problemas de ensino e Perceba que o autor entende, ainda, que o coordenador pedagógico também deve coordenar e estimular as ações coletivas dentro da unidade escolar. Essas ações devem estar atreladas ao trabalho pedagógico desenvolvido na unidade escolar; portanto, cabe ao profissional ser o articulador na elaboração do PPP. Compete, portanto, ao Coordenador Pedagógico: - LIBÂNEO, 2004, p. 219-221 aprendizagem e adotar medidas pedagógicas preventivas, adequar conteúdos, metodologias e práticas avaliativas. Organizar as turmas de alunos, designar professores para as turmas, elaborar o horário escolar, planejar e coordenar o conselho de classe; Propor e coordenar atividades de formação continuada e de desenvolvimento profissional dos professores; Elaborar e executar programas e atividades com pais e comunidade, especialmente de cunho científico e cultural; Acompanhar o processo de avaliação da aprendizagem (procedimentos, resultados, formas de superação de problemas, etc.); Cuidar da avaliação processual do corpo docente; Acompanhar e avaliar o desenvolvimento do plano pedagógico- curricular e dos planos de ensino e outras formas de avaliação institucional.” O coordenador pedagógico deve apoiar constantemente os alunos com dificuldades de aprendizagem, organizando atendimentos individuais e em horários diferenciados, a fim de prover meios para a melhoria do rendimento na área de maior fragilidade. Esse apoio pedagógico é primordial, pois essa parceria possibilitará segurança para os professores e a certeza de que não estão sozinhos nessa caminhada incessante rumo à aprendizagem. Também é preciso destacar que outra atribuição do coordenador pedagógico é a de estabelecer o estreitamento de relações da escola com os pais, a partir de projetos de integração. - PLACCO; ALMEIDA; SOUZA, 2011, p. 230 Vídeo Atribuições do Coordenador Pedagógico O canal “Dia a Dia na Escola” realizou um vídeo sobre os aspectos práticos da coordenação pedagógica, assista a seguir. “[...] em seu papel formador, oferecer condições ao professor para que aprofunde sua área específica e trabalhe bem com ela, ou seja, transforme seu conhecimento específico em ensino. Importa então destacar dois dos principais compromissos do CP: com uma formação que represente o projeto escolar [...] e com a promoção do desenvolvimento dos professores. Imbricados no papel formativo, estão os papéis de articulador e transformador.” De acordo com Orsolon (2003), algumas atitudes do coordenador pedagógico são essenciais e capazes de provocar mudanças no contexto escolar. São elas: Atribuições do Coordenador Pedagógico Proporcionar um trabalho pedagógico de coordenação em junção com a gestão escolar, de forma participativa e democrática, tendo em mente que a integração é o caminho para a transformação; Promover o trabalho pedagógico coletivamente, pois o caminho para a mudança só acontece se todos se unirem em prol de um objetivo; Articular a competência docente, levando em consideração os diversos saberes, vivências e o modo de atuação dos estudantes, criando assim condições para intervir com excelência; Pleitear a sincronicidade do professor, criando situações que levem a torná-lo reflexivo, capaz de criticar a dimensão cultural, econômica e política de sua atuação; https://www.youtube.com/watch?v=2hmuuG0tC1A Diante do exposto, e em suma, compreendemos que é da competência do coordenador pedagógico: Investir no processo de formação continuada do professor, de maneira reflexiva, transformando-a sob o norte do PPP da escola; Fomentar práticas inovadoras, apresentando aos professores novas possibilidades nas práticas curriculares, conduzindo-as para o ensinar e aprender; Assegurar parceria com o aluno, incluindo-o no processo de construção do trabalho pedagógico, a fim de proporcionar oportunidades para que os alunos participem com sugestões e críticas; Estabelecer oportunidades para o professor compartilhar suas vivências em relação ao cotidiano escolar; Compreender as necessidades e os anseios de todos os envolvidos na dinâmica escolar. O coordenador precisa estar em sintonia com o âmbito social, cultural e educacional da escola, propiciando a tomada de decisões; Proporcionar situações para que provoque a reflexão rumo à transformação educacional. Proporcionar um ensino de qualidade; Conduzir ações, tomando como ponto de partida o processo de formação continuada dos professores; Buscar soluções para os problemas que lhe são apresentados; Apresentar sincronicidade com os docentes: a partir da sincronicidade, haverá mudanças significativas no âmbito escolar capazes de sanar as principais dificuldades e anseios vividos no cotiando. De fato, o coordenador pedagógico não possui respostas prontas para todas as situações problemáticas, pois são grandes os desafios do cotidiano escolar; porém direciona-as da maneira mais viável possível para o desenvolvimento de uma prática emancipadora. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Precisamos ainda considerar que nem diretor e nem coordenador pedagógico atuam de forma completamente individual, já que suas práticas estão ancoradas na legislação vigente e nas redes parceiras. É nesse ponto de relação que encontramos a figura do supervisor de ensino, que atua como um articulador nas escolas e redes escolares. Dessa forma, deve acompanhar, orientar e avaliar os processos escolares, bem como mediar as políticas públicas e as propostas pedagógicas em cada uma das escolas particulares e públicas. Esse profissional deve romper com a complexidade burocrática e técnica e apropriar-se de sua atuação política, levando em consideração a função social das escolas, viabilizando a qualidade no processo de ensino e aprendizagem. Leitura Estágio Supervisionado em Gestão e Coordenação de Ensino: um Olhar Formativo na Licenciatura A relação entre a coordenação pedagógica e o estágio supervisionado é tema do artigo a seguir. https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18082_8881.pdf Zieger (2009, p. 9) salienta que: Perceba, assim, que a supervisão se desenvolve mais no campo da articulação do que de fato em uma “fiscalização” do trabalho gestor, como pode ser entendida a função em uma abordagem mais equivocada. Muito dessa visão remonta à história do país, pois, no Brasil, a função de supervisão de ensino já se fez presente em 1549 no Plano Geral dos Jesuítas, conforme evidencia Saviani (2010, p. 56): “Para que o espaço da supervisão se constitua, os supervisores necessitam desenvolver conhecimentos cada vez mais abrangentes, relativos aos fundamentos sociopedagógicos e políticos de sua prática, e, ao mesmo tempo, conhecimentos específicos, relativos às competências próprias da função. Os conhecimentos necessários à supervisão associam-se às suas condições de perceber, de modo crítico e fundamentado, as múltiplas alternativas e possibilidades que se representam no horizonte de suas funções, sempre com atenção às práticas cotidianas da escola e às relações orientadas por princípios de dignidade, qualificação e respeito humano.” “A função supervisora é destacada das demais funções educativas e representada na mente como uma tarefa específica para a qual, em consequência, é destinado um agente, também específico, distinto do reitor e dos professores, denominado prefeito de estudos. Esse destaque da função supervisora com a explicitação da Assim, o papel do supervisor de ensino, no passado, era o de inspecionar. Na contemporaneidade, é um profissional da Educação, cuja função é designada pelos órgãos do sistema de ensino. A sua atuação é regulamentada nas políticas educacionais, nas secretarias da Educação e diretorias de ensino. Nesse sentido, Alonso (2004) considera que o supervisor pedagógico perpassa o técnico- pedagógico, tornando-o político, importando-se com a ação-reflexão que suscita resultados imediatos. Diante disso, o supervisor deve superar essa visão técnica e adquirir uma vasta visão. Há variação na nomenclatura dos órgãos que compõem o sistema educacional. Ainda segundo a autora, a denominação supervisão de ensino adquiriu significados específicos nos diversos sistemas de ensino. Podemos dizer, então, que a supervisão de ensino educacional deve se conduzir para o seu papel social, para refletir coletivamente a partir do contexto de cada escola, em busca de soluções que - ALONSO, 2004, p. 89 ideia de supervisão educacional é indício da organicidade do plano pedagógico dos Jesuítas, o que permite falar, ainda que de forma aproximada, que se tratava de um sistema educacional propriamente dito.” “No estado de São Paulo, a expressão esteve sempre atrelada ao cargo de “supervisor”, alocado nas delegacias de ensino (Lei complementar número 836, de dezembro de 1997). Nos demais estados, não existe o cargo, mas a função.” transformem a escola em um local de democracia e participação. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Assim, atualmente, o grande desafio dos supervisores de ensino se refere à ampliação do diálogo e à promoção de discussões acerca das situações-problemas, para que coletivamente encontrem respostas. Nessa linha, Silva Jr. (1986, p. 17) salienta que: Leitura O Estágio e a Formação em Gestão Educacional no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR) Leia o artigo a seguir para refletir sobre a prática do estágio e sua relação com a supervisão de ensino. “[...] a esperança que permanece é a de que a emergência de teorias educacionais críticas não-reprodutivistas venha a favorecer a elaboração de concepções e propostas de supervisão escolar que signifiquem a transformação da prática https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18082_8881.pdf Medina (2005) elaborou um Quadro no qual elenca de maneira coerente as mudanças essenciais para que a atuação da supervisão de ensino se torne mais alinhada às novas demandas educacionais. Quadro 1 – Mudanças na Supervisão de Ensino Tradicional Renovada Ter como objetivo a harmonia do grupo. Explicitar as contradições, trabalhando o conflito com o objetivo de estabelecer relações de trabalho no grupo da escola. Buscar a igualdade num processo de mascaramento da realidade. Trabalhar as diferenças. Trabalhar, tendo como base seu próprio desejo. Trabalhar, buscando criar demandas. Ter a mesma leitura para todas as escolas. Fazer a leitura da escola considerando sua singularidade. Produzir modelos de conhecimento. Criar formas próprias de conhecimento. existente e o seu direcionamento bem como o direcionamento dos sistemas em que se inserem, aos anseios e às necessidades da classe dominada.” Tradicional Renovada Enfatizar procedimentos linearizados. Enfatizar a produção do professor no interior da escola, num movimento de ensinar e aprender. Ser um facilitador. Ser um problematizador. Ter o conhecimento como um dado absoluto. Ter o conhecimento como dado relativo. Ver na proposta pedagógica mais uma forma de modismo. Ver na proposta pedagógica a possibilidade de reconstrução da escola. Ter comportamento de neutralidade. Ter comportamento expresso com clareza. Trabalhar tendo em vista um tipo ideal de homem. Trabalhar tendo em vista o sentido da vida humana. Fonte: MEDINA, 2005, p. 27 Espera-se, portanto, que a ação supervisora priorize os saberes pedagógicos, a participação, a autonomia, tendo como resultado desse processo uma educação transformadora e de qualidade com equidade. Diretor, coordenador pedagógico e supervisor de ensino compõem a base da gestão escolar e, por isso, são chamados de trio gestor. Usaremos esse termo no restante da Unidade e na seguinte; sempre que o vir, aqui na disciplina ou ao longo da literatura, lembre-se de que se trata dos sujeitos que vimos aqui. Agora que já entendemos de que maneira cada sujeito da gestão atua, é hora de olhar para essa atuação inserida no contexto educacional do país. Os Gestores e sua Atuação no Sistema Educacional Brasileiro Para entendermos a relação da gestão com a organização do sistema educacional do Brasil, é preciso olhar primeiramente para a legislação correspondente e seus desdobramentos na visão que temos sobre a gestão educacional e o papel de cada ator nela envolvido. Figura 2 – Entender o papel dos sujeitos da gestão escolar requer olhar para sua relação com o sistema educacional brasileiro Fonte: Getty Images Nosso primeiro marco legal é a Constituição de 1988. Em seu artigo 206, no item VI, fica determinada a “gestão democrática do ensino público, na forma da lei” (BRASIL, 1988). Esse importante artigo se transformou no pilar da ótica sobre a gestão educacional, abrindo caminhos para a promulgação de leis específicas. Gestão Educacional e Materialização do Direito à Educação: Avanços e Entraves Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Entenda melhor a relação da Constituição de 1988 com a gestão educacional lendo o artigo “Gestão Educacional e Materialização do Direito à Educação: Avanços e Entraves”. Veremos melhor sobre a relação da Constituição com a gestão democrática futuramente, mas um vislumbre do tema pode ser obtido com a leitura do artigo “A Gestão Democrática na Constituição Federal de 1988”. https://www.scielo.br/j/er/a/K5njTr4VXnGsc5V785jjCsf/?format=html A Gestão Democrática na Constituição Federal de 1988 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Aprovada em 20 de dezembro de 1996 a Lei n.º 9.394. A Lei de diretrizes e bases da educação nacional prevê que o profissional que assume o compromisso da gestão deve ser formado em nível superior por meio do curso de Pedagogia ou de Pós-graduação na área: Essa determinação está diretamente relacionada com o que vimos ao longo de toda a disciplina: a prática gestora está, direta e legalmente, associada com a aprendizagem e com a práxis pedagógica. - BRASIL, 1996 “Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós- graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.” https://www.researchgate.net/profile/Theresa-Adriao/publication/330258907_A_gestao_democratica_na_Constituicao_Federal_de_1988/links/5c35fd4b458515a4c718d186/A-gestao-democratica-na-Constituicao-Federal-de-1988.pdf Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A legislação também reforça os papéis que vimos na seção anterior, adequando-se ao processo histórico de transformação das atribuições. O diretor deixa de ser visto como um administrador; o coordenador pedagógico não é mais visto como um fiscalizador e o supervisor de ensino não é considerado como um inspetor. Essa normativa também reflete em um segundo aspecto do sistema educacional brasileiro: estando a gestão ligada em legislação à práxis, os cursos de Pedagogia também se adequam a essa realidade. Por isso, a apresentação de conteúdos teóricos que apontem os caminhos para uma gestão conectada com o Século XXI e a criação de oportunidades de vivências práticas, como a de estágio supervisionado, se tornam tão importantes. Leitura A Escola do Futuro: Política de Gestão Educacional na Constituição de 1988 e na LDB Aprofunde suas perspectivas e entendimento sobre a legislação ligada à gestão educacional com a leitura do artigo a seguir. https://sapientia.pucsp.br/handle/handle/7391 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A formação para esse tipo de ocupação visa à formação de um profissional que tenha um olhar reflexivo e crítico sobre a prática pedagógica. Assim, partindo desse princípio, o curso de Pedagogia precisa ter uma preocupação diferenciada para a formação desses profissionais, investindo na formação, por se tratar de uma função complexa e essencial no campo educativo, que não pode ser limitada somente pelo aprender do que é visto na prática. Nesse sentido, é preciso que, desde a formação, os futuros profissionais desenvolvam capacidades e habilidades múltiplas de acordo com a educação atual. Contudo vivemos em um mundo de constante transformação e, por isso, é ilusório achar que a formação inicial consegue abarcar todas as nuances necessárias para a prática. Por isso, a formação continuada é importante e necessária pela necessidade de renovação do aprendizado, de se transformar constantemente – desejos presentes na própria natureza do saber humano, que sempre está em busca de novos conhecimentos. Leitura A Produção do Conhecimento e o Ensino da Gestão Educacional no Brasil Leia o artigo a seguir para entender melhor sobre a inserção da temática da gestão educacional em cursos de licenciatura. https://core.ac.uk/reader/303979040 É importante deixar claro que a formação continuada não deve substituir a inicial, mas sim oferecer desenvolvimentos específicos voltados para o campo de atuação dos profissionais ligados à gestão. Gestão Educacional: Formação Continuada no Espaço Escolar Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Gestão Educacional: Formação Continuada de Professores Frente à Identidade Institucional - CHRISTOV, 2003, p. 9 Leitura Aprofunde-se na questão da formação continuada no âmbito da gestão educacional com a leitura dos artigos a seguir. “A realidade muda, o saber que construímos sobre ela precisa ser revisto e ampliado, sempre dessa forma um programa de educação continuada se faz necessário para atualizar nossos conhecimentos, principalmente para as mudanças que ocorre em nossa prática, bem como para atribuirmos direção esperada a essa mudança.” https://repositorio.ufsm.br/handle/1/618 Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Podemos perceber, assim, que a legislação sobre educação abrange certos temas da gestão, mas não se esgota e tampouco cria uma rígida estrutura de implementação. Por isso, é sempre importante combinar os apontamentos legais com informações complementares, como diretrizes educacionais e composições específicas de cada estado e município. Também é fundamental considerar que os sujeitos da gestão devem sempre considerar o paradigma democrático em sua atuação, como veremos posteriormente. Em Síntese Ao longo da Unidade, vimos o trio gestor em suas atribuições, papéis e formas de atuação. Em seguida, voltamos nosso olhar para o sistema educacional brasileiro, focalizando na legislação brasileira e na formação dos profissionais que podem ocupar os cargos de gestão em escolas. Posteriormente, voltaremos nossas atenções para a gestão democrática, considerando seu histórico, o trabalho coletivo e o projeto político pedagógico. Nos vemos lá! http://repositorio.jesuita.org.br/handle/UNISINOS/7483 Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Série de Diálogos Educação Integral – Bárbara Portilho A palestra “Qual o Papel da Equipe Gestora nas Escolas?” traz importantes perspectivas sobre a gestão educacional sob a ótica da educação integral. 2 / 3 Material Complementar Série de Diálogos Educação Integral - Bárbara Portilho https://www.youtube.com/watch?v=n48wvH4I81A O Trio Gestor Diante dos Desafios do Ensino Remoto O webinar a seguir, realizado pela União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), traz apontamentos sobre gestão no contexto da pandemia. Leitura A Gestão Escolar Democrática e seus Sujeitos O artigo a seguir aponta um panorama legal sobre a atuação dos sujeitos da gestão educacional. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O TRIO GESTOR DIANTE DOS DESAFIOS DO ENSINO REMOTO http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2016/2016_artigo_gestao_uel_juliobelchodemello.pdf https://www.youtube.com/watch?v=vwTCeTa5i6Q Gestão na Educação em Larga Escala Organizado pelo Instituto Unibanco, o material a seguir traz os resultados de um projeto realizado para potencializar a aprendizagem de estudantes por meio de ações gestoras. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A Gestão Escolar e a Formação do Sujeito: Três Perspectivas O material a seguir traz importantes visões sobre a gestão educacional e suas possibilidades. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://www.institutounibanco.org.br/wp-content/uploads/2020/09/Gestao-na-educacao-em-larga-escala.pdf https://seer.ufrgs.br/rbpae/article/view/18724 ABDIAN, G. Z.; OLIVEIRA, M. E. N.; JESUS, G. Função do diretor na escola pública paulista: mudanças e permanências. Educação e Realidade. 2013, v. 38, nº 3, p. 977-998. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/edreal/a/xkVZC8xVCgZPJNLbjyrnhCk/abstract/? lang=pt#ModalArticles>. Acesso em 16/03/2022. ALONSO, M. A Supervisão e o desenvolvimento profissional do professor. In: SILVA JR., C. A. S.; ARENA, D. B.; LEITE, Y. U. F. (org.). Pedagogia Cidadã e Gestão do Trabalho na Escola. São Paulo: UNESP, pró-reitoria de graduação, 2004. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 16/03/2022. ________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em 16/03/2022. CATTONAR, B. Evolução do Modo de Regulação Escolar e Reestruturação da Função de Diretor de Escola. Educação em Revista, online. 2006, nº 44, p. 185-208. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0102-46982006000200010>. 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Luciano Vieira Francisco Objetivos da Unidade: Compreender os conceitos relacionados à gestão democrática, refletindo sobre as perspectivas históricas e atuais; Discutir as possibilidades da gestão democrática no sistema educacional brasileiro na atualidade. Material Teórico Material Complementar Referências Princípios da Gestão Democrática: Perspectivas Históricas e Atuais Introdução Caro(a) aluno(a), nesta Unidade “mergulharemos” em um conceito que já foi visto algumas vezes em outras circunstâncias, o de gestão democrática. Figura 1 – A participação é um dos pontos fundamentais da gestão democrática Fonte: Getty Images 1 / 3 Material Teórico Entender as visões e perspectivas sobre a gestão democrática é fundamental para entender de que maneira se dão no ambiente escolar e com comunidades externas. Por isso, iniciaremos esta Unidade com os conceitos sobre gestão democrática, seguindo para o seu histórico, à organização do trabalho coletivo – abrangendo o projeto político-pedagógico – e fecharemos com uma reflexão sobre os rumos e desafios da gestão democrática. Não se esqueça de acessar os materiais indicados ao longo do conteúdo. Bom estudo! Conceitos sobre Gestão Democrática Antes de entrarmos exatamente no âmbito educacional, é preciso refletirmos sobre a democracia de forma mais ampla. Diversos significados podem ser atribuídos a ela, o que também se aplica à sua forma de implementação e matriz ideológica. Para Bobbio (2000) por democracia entende-se uma das várias formas de governo, em particular aquelas em que o poder não está nas mãos de um só ou de poucos, mas de todos, ou melhor, da maior parte, como tal se contrapondo às formas autocráticas, como a monarquia e oligarquia. Perceba o quanto esse conceito pode ser amplo: “estar nas mãos de muitos” pode significar desde a implementação de uma eleição direta até a participação ativa da sociedade. Leitura Tipos de Democracia Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Quando afunilamos a questão, percebemos que focar a democracia na escola requer que consideremos a cultura da instituição escolar e de seus processos, pois a escola é parte fundamental para a articulação das relações sociais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB) ressalta, em seus artigos 14 e 15, orientações sobre a gestão democrática: “Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I – Participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II – Participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas de direito financeiro público.” https://core.ac.uk/download/pdf/294859457.pdf A gestão democrática se caracteriza em princípios constitucionais da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/1996, o que já era indicado na Constituição Federal de 1988. Considerando que existem diversas formas de vivenciar a democracia, podemos refletir: como trazer a democracia para o ambiente escolar? Um caminho possível é a descentralização do poder – se, antes, o diretor era um dos únicos tomadores de decisão, a participação da comunidade externa é uma das possibilidades válidas, pois permite o envolvimento em decisões importantes e reforça a ideia de que a educação é um processo que deve ser construído no coletivo. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Sobre participação, vale retomar a ideia de Lück (2009, p. 71): Leitura A Participação como Princípio da Gestão Democrática e da Garantia de Direitos dos Cidadãos Leia o artigo a seguir e entenda com mais profundidade a ideia da participação na gestão democrática. https://educere.bruc.com.br/arquivo/pdf2015/18506_8011.pdf Como dito, a Constituição Federal de 1988 apresenta modificações necessárias na gestão educacional, tendo em vista a gestão democrática e participativa. A Constituição Federal é o norte de todo o sistema de educação no Brasil. Na LDB, em seu artigo 12, incisos de I a VII, estão as principais delegações que se referem à gestão escolar, no que diz respeito às suas respectivas unidades de ensino, como se expõe a seguir: “A participação constitui uma forma significativa de, ao promover maior aproximação entre os membros da escola, reduzir desigualdades entre eles. Portanto, a participação está centrada na busca de formas mais democráticas de promover a gestão de uma unidade social. As oportunidades de participação se justificam e se explicam, em decorrência, como uma íntima interação entre direitos e deveres, marcados pela responsabilidade social e valores compartilhados e o esforço conjunto para a realização de objetivos educacionais.” “Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: I – Elaborar e executar sua proposta pedagógica; II – Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros; A partir dos incisos descritos podemos compreender a expansão da gestão escolar e o novo paradigma que ela apresenta. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura A Gestão Democrática na Legislação Educacional Nacional: Avanços, Problemas e Perspectivas III – Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas; IV – Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente; V – Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento; VI – Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de integração da sociedade com a escola; VII – Informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica.” https://revistahorizontes.usf.edu.br/horizontes/article/view/614/336 Um ponto relevante do pensamento de Lück (2009) é o enfoque na ideia de que a gestão democrática deve propiciar a articulação de todos os setores da unidade escolar, buscando elaborar uma proposta pedagógica de acordo com o contexto que a escola está inserida. Libâneo (2003) retoma a ideia do poder decisório ao afirmar que somente a participação de todos os sujeitos envolvidos no processo de tomada de decisão favorecerá o adequado funcionamento da unidade escolar, garantindo proximidade entre professores, alunos, pais, entre outros representantes da comunidade. Note que a gestão democrática abre espaço para que cada grupo identifique e defenda os seus interesses. Essa possibilidade se relaciona à ideia de que a participação se baseia na autonomia, contrariando o autoritarismo. Paro (1991) salienta que o autoritarismo na escola ainda é um impasse que deve ser superado com a prática no cotidiano escolar. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Leitura Autonomia e Gestão Democrática: Caminhos para a Valorização da Escola Pública Como dissemos, a autonomia é um dos conceitos fundamentais para a gestão democrática no âmbito educacional. Leia o artigo a seguir e aprofunde-se sobre a questão. https://repositorio.ufsm.br/handle/1/2955 A autonomia é um dos mais importantes princípios da gestão democrática-participativa, não podendo ser delegada e correspondendo à livre escolha dos objetivos estabelecidos pela organização escolar. Para Libâneo, Oliveira e Toshi (2008, p. 102): Percebemos que a gestão democrática é um processo que estabelece condições para promover a aproximação entre os membros da escola para, assim, certamente se responsabilizar com os compromissos de uma unidade escolar. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toshi (2003), a parceria entre escola e família acontece com a participação de organizações como o Conselho Escolar, no Conselho de Classe, com a contribuição dos pais nas campanhas escolares e festas comemorativas, na elaboração do projeto Político-Pedagógico (PPP) etc. “O conceito de participação se fundamenta no de autonomia, que significa a capacidade das pessoas e dos grupos de livre determinação de si próprios, isto é, de conduzirem sua própria vida. Como a autonomia opõe-se às formas autoritárias de tomada de decisão, sua realização concreta nas instituições é a participação.” “A família é parte integrante da escola. A partir do momento em que a escola é uma instituição da sociedade, nenhum componente da sociedade pode se omitir em contribuir com os projetos idealizados por ela. Como a família é à base de É com base nessa linha de pensamento que a participação apresenta benefícios em termos de resultados promissores, pois os envolvidos são valorizados como sujeitos autônomos. Ainda nessa perspectiva, Lück (2002, p. 66) aponta que: Gadotti (1997, p. 16), por sua vez, destaca o papel da comunidade no funcionamento da escola: - LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSHI, 2008, p. 316 sustentação, pois é dela que sai os alunos, suas responsabilidades são ainda maiores.” “A participação significa, portanto, a intervenção dos profissionais da educação e dos usuários (alunos e pais) na gestão da escola. Há dois sentidos de participação articulados entre si: a) a de caráter mais interno, como meio de conquista da autonomia da escola, dos professores, dos alunos, constituindo prática formativa, isto é, elemento pedagógico, curricular, organizacional; b) a de caráter mais externo, em que os profissionais da escola, alunos e pais compartilham, institucionalmente, certos processos de tomada de decisão.” “Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela estudam e Perceba que o autor considera que a participação influencia na democratização da gestão, garantindo melhores condições para viabilizar os processos de ensino e aprendizagem. História da Gestão Democrática no Sistema Educacional Brasileiro Agora que já vimos os principais conceitos ligados à gestão democrática, é hora de conhecer um pouco do histórico que levou a essa definição e os seus pontos de contato com o sistema educacional brasileiro. O histórico da gestão escolar se confunde com a própria trajetória brasileira, de acordo com Silva (2016, p. 5): trabalha, intensificar seu envolvimento com ela e, assim, acompanhar melhor a educação ali oferecida.” “No final da década de 80 do século XX, o Brasil passa por mais uma transição política. Sai das amarras da ditadura militar, cerceadora da voz do brasileiro por 20 anos (ROMANELLI, 1987; GERMANO, 2000). Inicia-se um novo panorama político que proporcionará aos cidadãos e cidadãs a participação na sociedade, possibilitando-o(a)s a voz e voto nas decisões políticas e na escolha dos representantes. Deste modo, um novo momento histórico é presenciado pelos brasileiros e brasileiras: a redemocratização do País.” A confluência da democracia para outras áreas não é exclusiva da educação, já que diversos movimentos sociais surgiram no anseio de estender as bases democráticas para âmbitos diversos, sobretudo aqueles que impactam diretamente a população. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE No caso da educação, as discussões ganharam mais força e destaque a partir da década de 1990, impactando inclusive a própria LDB e, já na década de 2000, o Plano Nacional de Educação. Contudo, na prática, a situação se demonstrou um pouco mais complexa: Leitura Educação Pós-ditadura: Qualidade para Todos Para entender melhor os impactos da redemocratização na educação, leia o texto a seguir. “Passada a euforia da redemocratização do País, a gestão democrática ainda era digerida pelo governo federal, e os sistemas de ensino (o Brasil, além dos 27 estados, possui possibilidade da existência de mais de cinco mil sistemas de https://novaescola.org.br/conteudo/3432/educacao-pos-ditadura-qualidade-para-todos Além dos recursos financeiros, a gestão educacional democrática precisou idealizar e criar as bases para a participação – que, como vimos, é essencial para a democracia. Com bases na legislação, ficou a cargo de cada rede de ensino idealizar e buscar implementar as premissas da gestão democrática em suas escolas. Essa mobilidade teve impactos positivos e negativos. De um lado, poucos elementos e recursos para o entendimento da gestão democrática fizeram com que gestores de todo o País precisassem buscar as ferramentas necessárias para essa atuação. De outro, a flexibilidade permitiu que cada rede pudesse identificar as características particulares de seu escopo e desenhar as políticas e iniciativas que seriam realizadas. - SILVA, 2016, p. 8-9 ensino municipais) não tinham muito interesse em implantá-la. Após a Lei 9.394/1996, as discussões acerca do assunto passaram a ser mais frequentes, criando o governo formas diversas de divulgação, usando os mesmos mecanismos de estudos já indicados neste trabalho, elaborando manuais de orientações e outros [...]. Passada a euforia da redemocratização do País, a gestão democrática ainda era digerida pelo governo federal, e os sistemas de ensino (o Brasil, além dos 27 Estados, possui possibilidade da existência de mais de cinco mil sistemas de ensino municipais) não tinham muito interesse em implantá-la. Após a Lei 9.394/1996, as discussões acerca do assunto passaram a ser mais frequentes, criando o governo formas diversas de divulgação, usando os mesmos mecanismos de estudos já indicados neste trabalho, elaborando manuais de orientações e outros [...]. Agora estava de fato deflagrada a imposição! Com ou sem consciência, a escola teria que aderir à gestão democrática. De fato a unidade de ensino teria que ver o princípio legal da democracia escolar como uma necessidade de sobrevivência. Assim passou de um anseio da população como um direito conquistado para uma medida governamental sob a condição de receber ou não os recursos financeiros.” Figura 2 – A construção da gestão democrática depende diretamente da atuação de cada rede ensino Fonte: Getty Images Esse histórico é fundamental para entender o momento em que estamos e as características da gestão democrática na atualidade, o que impacta diretamente o trabalho realizado nas escolas e que veremos com detalhes na seção a seguir. Coordenação Pedagógica, Trabalho Coletivo e Projeto Político-pedagógico Como vimos, a concepção atual de gestão da Educação está aliada ao conceito de democracia, compreendida aqui como participação dos sujeitos envolvidos no contexto educacional. Contudo, é preciso sempre atuar “driblando” comportamentos que possam vir a prejudicar a concretização prática dessa realidade. Existem mecanismos criados especificamente para colocar isso em prática – é o caso do Projeto Político-pedagógico (PPP). Trata-se de um instrumento que deverá servir de base para o trabalho pedagógico, direcionando as ações da equipe gestora e dos professores. Para Gadotti e Romão (1994) esse direcionamento acontece a partir da explicitação de seu marco referencial, da educação que se deseja promover e do tipo de cidadão que se pretende formar. Em suma, a ideia do PPP é deixar claro aquilo que se deseja alcançar. Seu principal foco é o aluno em sua formação e aprendizagem, logo, o documento deve considerar o planejamento curricular, aqui entendido como o conjunto de experiências a serem promovidas pela escola à formação e aprendizagem dos alunos. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE PPP é um documento norteador das ações na escola, devendo ser elaborado de forma participativa e colaborativa, envolvendo todos os professores, funcionários, alunos e pais, o que permite construir a identidade da escola. Veiga (2001, p. 187) afirma que essa construção “[...] é a configuração da singularidade e da particularidade da instituição educativa [...]”, uma vez que Leitura O Projeto Político-pedagógico como Princípio Orientador das Práticas Escolares https://periodicos.ufpb.br/index.php/rteo/article/view/52963 cada escola tem seu próprio projeto, não sendo possível aplicar o mesmo fora da unidade escolar na qual foi concebido. Para Veiga (1995, p. 43): A elaboração do documento é contemplada na LDB de 1996, que traz os seus princípios norteadores descritos no artigo 3º: “O projeto político-pedagógico busca um rumo, uma direção. É uma ação intencional, com um sentido explícito, com um compromisso definido coletivamente. Por isso todo projeto pedagógico da escola é, também, um projeto político por estar intimamente articulado ao compromisso sociopolítico e com os interesses reais e coletivos da população majoritária.” “I – Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II – Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III – Pluralismo de ideias e concepções pedagógicas; IV – Respeito à liberdade e apreço a tolerância; V – Coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI – Gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Veiga (2001) evidencia ainda que a construção de um projeto político-pedagógico tem algumas características que devem ser levadas em conta na sua elaboração, acarretando a definição dos objetivos que se pretende alcançar. O projeto político-pedagógico, segundo esses autores, deve: Ser construído a partir da realidade, explicitando seus desafios e problemas; Ser elaborado de forma participativa; VII – Valorização do profissional da educação escolar; VIII – Gestão democrática do ensino público, na forma desta lei e da legislação do sistema de ensino; IX – Garantia do padrão de qualidade; X – Valorização da experiência extracurricular; XI – Vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais; XII – Consideração com a diversidade étnico-racial (incluído pela Lei nº 12.796, de 2013); XIII – Garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da vida (incluído pela Lei nº 13.632, de 2018); XIV – Respeito à diversidade humana, linguística, cultural e identitária das pessoas surdas, surdo-cegas e com deficiência auditiva.” Em suma, a elaboração do PPP propõe uma caracterização dos elementos curriculares, de modo a consolidar as diversas realidades presentes no contexto social do aluno. O que se espera do trio gestor é a construção de um ambiente significativo de vivências e, ao mesmo tempo, mais igualitário. Em termos práticos, destacamos a ideia de Filho (2012, p. 1.236), de que pensar em um plano para uma instituição, seja ela escolar ou não, requer responder a três questões essenciais: É claro que um PPP tem uma estrutura mais complexa, como vimos anteriormente, mas os pontos elencados pelo autor definem importantes rumos para a sua construção. As perguntas podem ser formuladas em reuniões com a comunidade externa, por exemplo, para iniciar discussões mais complexas. A partir do entendimento do que é o PPP, podemos pensar de forma mais ampla sobre a organização do trabalho coletivo e coordenação pedagógica. Compreendemos que o trio gestor Corresponder a uma articulação e organização plena e ampla de todos os aspectos educacionais; Explicitar o compromisso com a formação do cidadão e os meios e as condições para promovê-la; Ser continuamente revisado mediante processo contínuo de planejamento; Corresponder a uma ação articulada de todos os envolvidos com a realidade escolar. O que somos ou temos? – O que revela nossa identidade; O que queremos? – O que expressa nossos objetivos; O que temos que fazer para controlar os acontecimentos, em função do que desejamos? – O que indica como nos devemos organizar para alcançar nossos objetivos. deve horizontalizar os processos decisórios em que os envolvidos na construção do PPP estejam no mesmo patamar, participando, opinando e decidindo conjuntamente sobre os mais diferentes temas que envolvem a comunidade escolar, o ensino, a aprendizagem e formação para a cidadania. Como vimos, o documento norteador da escola deve ser construído coletivamente; nele estão propostas ideias que, por sua vez, precisam ser realizadas por mais de um sujeito escolar. Nesse Vídeo O Acompanhamento da Ação Pedagógica pelo Trio Gestor O acompanhamento da ação pedagógica pelo trio gestor https://www.youtube.com/watch?v=M7UTQmvP77A sentido, emerge a ideia de trabalho coletivo, que acontece diariamente nas escolas e representa um importante movimento da prática democrática. Assim, podemos considerar que: Perceba que o autor aponta ainda as modificações que devem ser feitas na prática docente para a construção do trabalho coletivo. Essa modificação se estende para a atuação da coordenação pedagógica, já que sua orientação é fundamental para esse movimento. De acordo com Ferreira (2016, p. 16): - ALONSO, 2002, p. 27 “O trabalho coletivo é uma meta a ser perseguida pelos dirigentes escolares, uma vez que o trabalho educativo, mais que qualquer outro, é construído por uma ação conjunta dos vários personagens que atuam nesse processo. Entretanto, vários fatores concorrem para dificultar a realização dessa meta: desde as condições de trabalho do professor, o tempo reduzido de sua permanência na escola, até a forma como a escola está estruturada e estabelecidos os mecanismos de controle.” “É importante construir o novo perfil profissional do coordenador pedagógico, delimitando seu espaço de atuação e reforçando sua identidade. Para que isto seja possível, é necessário requerer do coordenador uma boa formação, uma liderança eficiente e um trabalho coletivo que busque [...] a autonomia, liberdade, participação na construção do projeto político-pedagógico, espaços de reflexão contínuos sobre a prática pedagógica, desenvolvimento das ações e metas estabelecidas para o alcance dos objetivos propostos.” Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Percebemos que o trabalho coletivo permite que a atuação do trio gestor seja a mais democrática possível, já que sua atuação é mais no sentido de uma colaboração do que de uma determinação. Leitura A Atuação do Coordenador Pedagógico para a Promoção do Trabalho Coletivo da Escola “A escola, hoje considerada mais democrática e participativa, favorece uma abordagem horizontal e coletiva do poder. A descentralização seja pedagógica, administrativa ou financeira permite uma maior autonomia, favorecendo o trabalho coletivo e a participação da comunidade na gestão da escola. Por outro lado, a autonomia resultante de tal descentralização, também tem aumentado as http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2019/images/trabalhos/trabalho_submissaoId_285_2855cbd2a6c1b4ad.pdf Concluímos que o exercício da consciência crítica deve ter como ponto de partida a atuação do trio gestor, a fim de que, por meio de uma ação coletiva, possa vir a construir uma prática libertadora. Perspectivas, Rumos e Desafios da Gestão Democrática na Atualidade Como vimos, a gestão democrática é essencial para a construção de um espaço de desenvolvimento coletivo, permitindo que a escola se torne participativa e favorável ao desenvolvimento da aprendizagem. Contudo, existem diversos desdobramentos dessa prática, que também é um grande desafio para gestores educacionais. Um dos maiores desafios do diretor, enquanto responsável pela escola, é o de garantir que a participação possa acontecer. Segundo Lück (2009), cabe ao gestor educacional estar inteirado a respeito das questões da comunidade em seu entorno, buscando clareza nos processos sociais e proporcionando o alinhamento entre a escola e comunidade a qual pertence, com o apoio dos colegiados escolares. A participação dos colegiados escolares contribui consideravelmente com o trabalho do gestor, facilitando a organização do trabalho pedagógico. - ARAÚJO, 2007, p. 169 responsabilidades dos professores e dos demais sujeitos ali envolvidos, sobrecarregando a escola e consequentemente seus trabalhadores.” Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Contudo, pesquisas revelam que a maioria das famílias que deveriam estar participando nas decisões da escola não conhece a abrangência dos conselhos escolares. A aproximação da família é importante e necessária, a fim de proporcionar situações que possibilitem que esses entendam a proposta pedagógica, os objetivos e o currículo escolar. Somente com a interação de todos os envolvidos que a escola poderá progredir rumo a uma educação emancipadora, transformadora e de qualidade. Para se avançar na gestão democrática é preciso descentralizar o poder de decisão de um único indivíduo e atribuir responsabilidade a todos os membros representativos do contexto educacional, pois a junção entre a unidade escolar, família e comunidade é fator de grande importância para o coerente funcionamento da unidade escolar, bem como à qualidade do processo de ensino-aprendizagem. Leitura Gestão Democrática e Órgãos Colegiados http://www.emdialogo.uff.br/content/gestao-democratica-e-orgaos-colegiados Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE O desafio do engajamento de todos, porém, não é só do diretor. O coordenador pedagógico tem o desafio de construir um novo perfil profissional e traçar seu espaço de atuação, mas antes precisa resgatar sua identidade e solidificar um trabalho que vai além da dimensão pedagógica. Nessa perspectiva, Fonseca (2001) considera que, para resgatar uma ação mais efetiva, o papel do coordenador pedagógico deve ser pautado na ressignificação de sua atuação. Precisa ser um agente na transformação da realidade, resgatar a coletividade e esperança em busca de um objetivo comum, gerar trabalho em equipe, superar a fragmentação das práticas educativas, proporcionar a racionalização em termos de recursos, superar as práticas autoritárias e, por fim, aumentar a satisfação profissional. Leitura Gestão Democrática: Participação da Família em uma Escola Municipal de Educação Básica no Interior do Estado de São Paulo “Para trabalhar com a dinâmica dos processos de coordenação pedagógica na escola, um profissional precisa ter, antes de tudo, a convicção de qualquer situação educativa é complexa, permeada por conflitos de valores e perspectivas, https://www.franca.unesp.br/Home/Pos-graduacao/-planejamentoeanalisedepoliticaspublicas/iisippedes2016/francine_final.pdf Perceba que a própria coordenação deve planejar e vivenciar espaços para a concretização da gestão democrática. A supervisão de ensino, por sua vez, materializa seu papel articulador no relacionamento com toda a comunidade, saindo de um lugar formal para uma atuação mais humanizada. Dessa forma, seu trabalho e, portanto, os seus desafios estão em - FRANCO, 2008, p. 120 - DIAS, 2005, p. 50-51 carregando um forte componente axiológico e ético, o que demanda um trabalho integrado, integrador, com clareza de objetivos e propósitos e com um espaço construído de autonomia profissional.” “[...] conseguir semear ideias de participação para construir uma escola com identidade própria. O trabalho desenvolvido será, então, de criar mecanismos de participação e comprometimento de todos nas decisões escolares. A atuação do supervisor escolar, será este o de dinamizador dos processos de participação na escola e o responsável pela efetivação do projeto político-pedagógico. Atuando junto aos demais componentes da comunidade escolar, este especialista estará bem próximo ao novo perfil que buscamos. É um educador comprometido com a transformação social, que tenta incansavelmente criar espaços de reflexão com o objetivo de rever a prática pedagógica do professor [...]. A ação do supervisor permite que o professor tenha segurança no seu desempenho e considere-se com autonomia suficiente para pôr em prática sua competência profissional, em consonância com a proposta da escola.” Percebemos que cada sujeito da gestão escolar tem um papel específico e um conjunto próprio de possibilidades e desafios para atuar na gestão escolar. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Atuando em conjunto, promoverão um processo de gestão escolar fundamentado na participação, autonomia e democracia, resultando em membros que participam com habilidade nas atividades que lhe forem delegadas. De um lado, a gestão democrática é uma tarefa coletiva, que acarreta participação; de outro, depende dos deveres e das responsabilidades para uma gestão coordenada e eficaz. Vale destacar que, com a democratização da gestão, a escola será cada vez menos burocrática para se tornar um instrumento de intencionalidade conduzida por princípios fundamentados e alinhados aos objetivos. A grande parte deles, contudo, gira em torno de garantir que toda a comunidade se envolva na gestão. Leitura Desafios e Práticas da Gestão Escolar: um Relato de Experiência https://repositorio.ufrn.br/bitstream/123456789/41820/2/DesafPratGest%c3%a3o_Monografia_2017.pdf Em Síntese Concluímos com a visão sobre a gestão democrática a partir das palavras de Lima (2002, p. 42): A ideia de democracia aplicada ao contexto escolar abre espaço para que gestores e educadores atuem em conjunto com a sociedade na construção de uma educação de maior qualidade. Que você seja capaz, - IMBERNÓN, 2000, p. 95 “A escola deve abrir suas portas e derrubar suas paredes não apenas para que possa entrar o que passa além de seus muros, mas também para misturar-se com a comunidade da qual faz parte. Trata-se “simplesmente” de romper o monopólio do saber, a posição hegemônica da função socializadora, por parte dos professores, e construir uma comunidade de aprendizagem no próprio contexto.” “A construção da escola democrática constitui um projeto que não é sequer pensável sem a participação democrática de outros setores e o exercício da cidadania crítica de outros atores, não sendo, portanto, obra que possa ser edificada sem ser em co-construção.” então, de identificar essas possibilidades em sua prática e atuar em prol dos princípios democráticos de gestão. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeo Gestão Escolar Democrática O professor Vitor Henrique Paro, citado ao longo desta Unidade, disponibiliza, em seu canal do YouTube, a íntegra de uma entrevista sobre gestão democrática. 2 / 3 Material Complementar Gestão Escolar Democrática - Prof. Vitor Henrique Paro (Entrevist… https://www.youtube.com/watch?v=WhvyRmJatRs Leitura Gestão Escolar Democrática: Teorias e Práticas Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Revisão de Literatura: o Conceito de Gestão Escolar Traz um conjunto robusto de referências sobre gestão democrática. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Gestão Democrática: Escola como Lugar para Aprender a Ouvir e a se Colocar no Lugar do Outro Traz uma abordagem da gestão democrática a partir de aspectos humanos. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://56e818b2-2c0c-44d1-8359-cc162f8a5934.filesusr.com/ugd/35e7c6_788c2c7b055d459d84fbf85d770abbeb.pdf https://www.scielo.br/j/cp/a/h8K6zLFps4LjXwjkqnBGPyD/abstract/?lang=pt https://porvir.org/gestao-democratica-escola-e-o-lugar-para-aprender-a-ouvir-e-a-se-colocar-no-lugar-do-outro/ A Gestão Escolar Visando a Construção da Democracia Traz reflexões importantes sobre a prática da gestão escolar. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE https://downloads.editoracientifica.org/articles/210303769.pdf ALONSO, M. O trabalho coletivo na escola. In: Formação de gestores escolares para a utilização de tecnologias de informação e comunicação. 1. ed. São Paulo: PUC, 2002. p. 23-28. Disponível em: <http://www.virtual.ufc.br/cursouca/modulo_3b_gestores/tema_05/anexos/anexo_1_o_tra balho_coletivo_na_escola.pdf>. Acesso em: 16/03/2022. ARAÚJO, S. M. G. Ser professor coordenador pedagógico: sobre o trabalho docente e sua autonomia. 2007. 199 f. 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