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Farmacologia 1 Ciência que estuda substâncias/fármacos que interagem com sistemas vivos por meio de processos químicos, especialmente por ligação a moléculas reguladoras e ativação ou inibição de processos corporais normais. Segundo a legislação brasileira, como o médico deve prescrever o medicamento? Nome comercial ou DCB? Qual o impacto dessa ação para o paciente? É ideal o médico prescrever o medicamento pelo nome da DCB, podendo então o paciente comprar o genérico, mas não o similar. No entanto, caso o médico prescreva o similar, essa será a única opção do paciente. Depois de 10 anos no mercado, o medicamento pode ter genéricos ou similares, sendo a composição do similar sem algumas particularidades/insipientes do da DCB (como por exemplo: a concentração da lactose) e a composição do genérico igual ao da DCB. Fármaco: substância química, estruturalmente definida com ação terapêutica. Princípio ativo do medicamento; Medicamento: Produto farmacêutico (especialidade farmacêutica), tecnicamente obtido ou elaborado, com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico; Forma Farmacêutica: É a forma de apresentação do medicamento (pomada, comprimido...); Placebo/Excipiente: substância inerte terapeuticamente, mas não necessariamente biologicamente, podendo desencadear respostas; Efeito Placebo: é um efeito psicológico do medicamento, que depende da fé ou confiança que o paciente tem no medicamento; Princípio Ativo: é o componente químico capaz de produzir efeito biológico/farmacológico; Forma Farmacêutica: É a forma de apresentação do medicamento. Cremes X pomadas Cremes: Formulações mais aquosas para mucosas/pele integra; Pomadas: Formulação mais gordurosa. Soluções mais usadas: Drágea: comprimido revestido por inúmeras camadas de açúcar. Mais fácil de ingerir, porém mais difícil de ser absorvido do que o comprimido. Capsula: ‘’Quase’’ uma suspensão, ou seja, comprimido revestido por gelatina de fácil absorção. Comprimido: Maior absorção, porém de mais difícil ingestão. Farmacologia 2 Denominação Comum Brasileira (DCB): denominac ̧ão do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo aprovado pelo órgão federal responsável pela vigilância sanitária; Denominação Comum Internacional (DCI): denominac ̧ão do fármaco ou princípio farmacologicamente ativo recomendada pela Organizac ̧ão Mundial de Saúde; Produto Farmacêutico Intercambiável: equivalente terapêutico de um medicamento de referência, comprovados, essencialmente, os mesmos efeitos de eficácia e segurança. Exemplo: genéricos e similares intercambiáveis; Medicamento Referência: É um produto inovador, registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e comercializado no País cuja eficácia, segurança e qualidade foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente por ocasião do registro; Medicamento Similar: Aquele que contém o mesmo ou os mesmos princípios ativos, que apresenta a mesma concentração, forma farmacêutica, via de administrac ̧ão, posologia e indicac ̧ão terapêutica e que é equivalente ao medicamento registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária, podendo diferir somente em características relativas ao tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem, rotulagem, excipientes e veículos, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade, devendo sempre ser identificado por nome comercial ou marca; Medicamento Genérico: É aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma farmacêutica, é administrado pela mesma via e com a mesma posologia e indicac ̧ão terapêutica do medicamento de referência, apresentando eficácia e seguranc ̧a equivalentes à do medicamento de referência podendo, com este, ser intercambiável. Além disso, deve constar na embalagem a frase “Medicamento Genérico Lei nº 9.787/99”; Medicamento Fitoterápico: São aqueles obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais (não pode conter substâncias ativas isoladas). Os medicamentos fitoterápicos são caracterizados pelo conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela reprodutibilidade e constância de sua qualidade. A eficácia e a seguranc ̧a devem ser validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos, de utilização, documentações tecnocientíficas em bibliografia e/ou publicações indexadas e/ou estudos farmacológicos e toxicológicos pré-clínicos e clínicos. A qualidade deve ser alcançada mediante o controle das matérias-primas, do produto acabado, materiais de embalagem e estudos de estabilidade. Observação: chás medicinais não são fitoterápicos. Na fitoterapia tradicional usa-se chás medicinais; Medicamentos Biológicos: São moléculas complexas de alto peso molecular obtidas a partir de fluidos biológicos, tecidos de origem animal ou procedimentos (tecnologia do DNA recombinante) ou alterac ̧ão dos genes que ocorre devido à irradiac ̧ão, produtos químicos ou seleção forc ̧ada. 1) Alérgenos; 2) Anticorpos monoclonais; 3) Biomedicamentos; 4) Hemoderivados; 5) Probióticos; 6) Vacinas; Bioequivalência: Consiste na demonstrac ̧ão de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípio(s) ativo(s), e que tenham comparável biodisponibilidade, quando estudados sob um mesmo desenho experimental; Biodisponibilidade: Indica a velocidade e a extensão de absorção de um princípio ativo em uma forma de dosagem, a partir de sua curva concentrac ̧ão/tempo na circulação sistêmica ou sua excrec ̧ão na urina; Farmacocinética: Está relacionada a absorc ̧ão, distribuição, biotransformac ̧ão e excrec ̧ão dos fármacos. Esses fatores, associados às propriedades físico-químicas dos mesmos, determinam a concentrac ̧ão destes no seu local de ação e o seu tempo de permanência no organismo. A velocidade com que esses processos ocorrem determina o início, a intensidade e a durac ̧ão da atividade do fármaco no organismo. De forma resumida: o que o nosso corpo ‘’faz’’ com o medicamento/substância. Farmacodinâmica: Dedica-se ao estudo dos efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação. Os efeitos da maioria dos fármacos são atribuídos à sua interac ̧ão com os componentes macromoleculares do organismo. O termo receptor ou alvo farmacológico refere-se à macromolécula (ou ao complexo macromolecular) com o qual o fármaco interage para produzir uma resposta celular. A relac ̧ão entre dose e efeito pode ser separada em componentes farmacocinéticos (dose-concentração) e farmacodinâmicos (concentrac ̧ão-efeito). De forma resumida, relaciona-se com o mecanismo de ação da substância/medicamento. Ou seja, o que ela ‘’faz’’/efeitos no corpo. Farmacologia 3 Permitem a administrac ̧ão de quantidades “exatas” do princípio ativo; Facilitar a administrac ̧ão (sempre que houver ‘’xl’’ ou duas consoantes depois do nome comercial do medicamento, é importante atentar-se ao fato de a substância não poder ser mastigada, ou seja, para proteger o princípio ativo); Protec ̧ão do princípio ativo; Melhorar características organolépticas; Prolongar as ac ̧ões do princípio ativo a partir de formulações de liberac ̧ão lenta; Permitem ac ̧ões localizadas ou favorecem absorc ̧ão. das formas farmacêuticas 1. Enteral: Quando o fármaco entra em contato com qualquer parte do trato digestivo (sublingual, oral, bucal e retal); Bucal: efeito localizado; Sublingual: efeito sistêmico, sendo assim,o fármaco deve ser lipossolúvel e ter características organolépticas adequadas. Não há efeito de passagem; Sendo assim, a vi oral pode ter tanto efeito localizado quanto efeito sistêmico; No duodeno é o local de maior absorção de fármacos; Quase todas as preparações orais tem o objetivo de obter resposta sistêmica e não localizada. 2. Parenteral: Não utilizam tubo digestivo (injetáveis, cutânea, respiratória, conjuntival etc.). Todos injetáveis: efeito sistêmico. Por exemplo: insulina. Efeitos: local e sistêmico. Farmacologia 4 Absorção Ocorre principalmente no trato digestivo; É a passagem do fármaco de seu local de administração para a circulação sistêmica (exceto intravenosa), se distribuindo pelo corpo até alcançar seu efeito; Substância circulação porta/enterohepática circulação sistêmica Quando o fármaco passa pelo fígado pode ocorrer um efeito chamado de ‘’efeito de primeira passagem’’, que denominamos de metabolização pré-sistêmica (a molécula do fármaco sofre alguma alteração química por uma enzima hepática); Esse efeito pode alterar quimicamente a molécula do fármaco, alterando seu efeito (fármaco já não é o mesmo/tem os mesmos efeitos); Por isso, certas vezes, fármacos administrados via oral devem ter doses mais altas; O efeito pode ocorrer nas vias que utilizam o tubo intestinal; A indústria farmacêutica já disponibiliza o medicamento em dose mais alta, sabendo do efeito/metabolização. Via oral: circulação enterohepatica e após, via sistêmica. Farmacologia 5 Concentração mínima efetiva: Concentração mínima que o medicamento deve ter para começar a fazer efeito/início do efeito do fármaco/fármaco entrou na janela terapêutica. Concentração máxima tolerada: quando a resposta do medicamento é máxima e ele faz seu efeito máximo (o paciente melhora). Máximo que se pode absorver o medicamento/maior efeito farmacológico. Cmax: resposta mais efetiva ao tratamento, sendo assim observar cuidadosamente os efeitos no paciente (melhora ou não), pois ele pode ser refratário ao fármaco ou pode ter ocorrido erro ao diagnóstico e conduta de tratamento. CMT (concentração máxima tolerada): para a toxicidade: faixa rosa indica o início da toxicidade. Quando se ingere o fármaco de ‘’estomago cheio’’ a curva desloca-se para a direita (leva mais tempo). Sendo assim, quanto menos efeito digestivo (estomago cheio) menos tempo para o início da ação/chegar na concentração mínima efetiva. Existem certos fármacos que formam complexos com cátions divalentes/nutrientes (se houver cálcio, zinco etc os fármacos juntamente com essas substâncias formam uma molécula gigante em volta da substância). Assim, há um prejuízo na biodisponibilidade e bioabsorção. Alguns fármacos então, não devem ser ingeridos juntamente com os alimentos (jejum farmacológico). Jejum farmacológico: administrar o fármaco 1 hora antes das refeições ou 1 hora depois das refeições. Posologia: determinação do tempo de latência para se descontar do tempo de quando foi tomado o fármaco. Obedecer a posologia é muito importante pois é ela que permite manter o fármaco dentro da janela terapêutica. Consequências de não cumprir a posologia: não efeito do fármaco ou toxicidade. Tempo de latência: tempo necessário para atingir a janela terapêutica. Fatores que interferem na absorção de fármacos administrados via oral: Motilidade gastrintestinal (se os movimentos peristálticos forem intensos, não haverá tempo de absorção do fármaco e ele será eliminado – pode ocorrer em doenças inflamatórias intestinais ou em utilização de fármacos pró cinéticos, que aumentam a motilidade intestinal); Grau de ionização dos fármacos e lipossolubilidade (moléculas que tem algum grau iônico não são tão absorvíveis, moléculas mais lipossolúveis são mais sonolentas porque são mais distribuídas pelo corpo, atingindo o SNC); Complexação; Forma Farmacêutica (velocidade ou uso incorreto). Alimentos Nem sempre contribuem para a não absorção do fármaco. Depende da composição e terapêutica. Distribuição É a medida do espaço aparentemente disponível no organismo para conter o fármaco, relacionando-se com a área compórea; Relaciona a concentração de fármaco no organismo/local alvo com a concentrac ̧ão no sangue e no plasma, dependendo do líquido medido; Farmacologia 6 Fatores que alteram a distribuic ̧ão: vascularizac ̧ão do tecido (órgãos mais irrigados, são os mais ‘’afetados’’ pelos fármacos – 4 principais: fígado, rim, coração e pulmão), ligac ̧ão a proteínas plasmáticas, barreiras biológicas (BHE -barreira hemato encefalica, BP – barreira placentária). Barreira hemato encefálica: barreira que ‘’impede’’ o fármaco de chegar no SNC, sendo assim, para atingir o SNC o fármaco deve ser mais lipossolúvel. Muitos fármacos são transportados no organismo pela proteína albumina e para fazerem efeito (atingirem outras células) precisam desligar-se da albumina (deslocamento da albumina plasmática e aumento do efeito livre). Quando há 2 fármacos que precisam ser ingeridos na mesma via, deve-se ter intervalo entre a administração de um e outro, para que não tenham que ‘’competir’’ pela albumina plasmática, se forem de alta fixação pela albumina plasmática e o paciente for nutrido e tiver grandes quantidades de albumina. Porém, independente disso, os fármacos administrados, sempre irão fazer efeito, porem podem ter mais ou menor fixação pela albumina. Há fármacos que tem alto volume de distribuição (baixa fixação à albumina) e baixo volume de distribuição (alta fixação à albumina). A dialise só será efetiva em fármacos que tenham um alto volume de distribuição. Exemplos Corac ̧ão, fígado, t. digestivo, rins, cérebro e órgãos com maior perfusão: (> 0.5 L/kg/min); Músculos, algumas vísceras e tegumentos com média perfusão: (0.5 L/kg/min); Tecido adiposo com baixa perfusão: (0.02 L/kg/min). Os fármacos com Volume de distribuição muito altos têm concentrac ̧ões bem mais elevadas no tecido extravascular do que no compartimento vascular, isto é, não são distribuídos de forma homogênea. Já os fármacos que são completamente retidos dentro do compartimento vascular têm um volume mínimo de distribuição (alta fixac ̧ão a proteínas plasmáticas). Pode haver diminuição do teor da ligac ̧ão com proteínas plasmáticas nos casos de hipoalbuminemia por cirrose, síndrome nefrótica, desnutrição grave, uremia, hemodiluic ̧ão na gestac ̧ão e em idosos, por menor capacidade de produção de proteínas. Metabolização Processos enzimáticos capazes de produzir modificações estruturais na molécula do fármaco para tornarem-se aptos para serem eliminadas. Ativac ̧ão, reatividade, inativac ̧ão; Importância: Inativac ̧ão dos fármacos; toxicidade; interac ̧ões medicamentosas. Fases Fase I: reac ̧ões de oxidac ̧ão, reduc ̧ão e hidrólise; Fase II: reac ̧ões de síntese (conjugac ̧ão): moléculas hidrossolúveis. Biotransformação Transformac ̧ão dos xenobióticos no organismo, resultando em outros produtos, denominados de metabólitos (basicamente, chama-se metabólitos quando ocorre a alteração química do xenobiótico por enzimas no fígado); O objetivo é transformar os xenobióticos em substâncias mais polares (pro fármaco em fármaco) facilitando assim, sua eliminac ̧ão; Órgãos metabolizadores: pele, intestino, rim, pulmão e fígado; O processo de biotransformação é mediado por enzimas unicamente, que podem ser de dois tipos: Fase 1: enzimas localizadas principalmente nos microssomas hepáticos, com importante participação das enzimas do complexo citocromo P450 (CYPs). Esse tipo de enzimas realiza reações de oxidação, redução e hidrolise, que sãoreações denominadas ‘’simples’’ pois geram pequenas modificações na molécula. Existem enzimas de fase 1 concentradas em vários locais, mas principalmente, dentro do microssomos. Farmacologia 7 Polimorfismos – enzimas de fase 1 e fase 2 – diminuição ou potenciac ̧ão das respostas biológicas. Muitas pessoas têm enzimas diferentes que especificam um tempo mais prolongado de excreção do fármaco/substância. O médico deve atentar-se a isso para prescrever uma melhor alternativa terapêutica para o paciente. Metabolismo x Excreção Os produtos de fase 1 podem sim manter a atividade ou perder o efeito farmacológico assim que ele é metabolizado ou pode haver a formação de um metabólito chamado reativo (molécula instável quimicamente, podendo reagir com qualquer macromolécula do corpo – aminoácidos, proteínas – e resultando em danos, nesse caso, principalmente no fígado. *Sempre que diminuir o número de carbonos significa que o fármaco ficou mais solúvel. Grupo farmacofórico: é a parte química da molécula responsável pela interação com o alvo biológico (basicamente, é a parte química da molécula responsável pelo efeito farmacológico do remédio). Passagem da fase 1 para fase 2: ao passar pela enzima. Porém, a molécula pode ser excretada ou ligar-se ao OH formando uma molécula gigante. Quanto mais tempo na fase 1, maior a janela terapêutica, se não for alterado o grupo farmacofórico.+ Farmacologia 8 *Glutadiona: principal molécula endógena (quando o metabólito reativo ‘’encontra’’ essa molécula ele fica estável – isso ocorre com pelo menos 80% dos metabólitos reativos). Glutadiona + stress oxidativo = maior lesão hepática pois há menos glutadiona. Quando ocorre stress oxidativo: ingestão de álcool, polifarmácia, exposição à poluição e ingestão de muitos conservantes. *Efeito de primeira passagem Consiste em uma perda do medicamento por biotransformac ̧ão (metabolismo) pela ação das enzimas de um órgão, desde o primeiro contato da substância medicamentosa com este órgão, antes de chegar na circulação sistêmica (pré-sistêmica). Exemplo: propranolol, morfina. Quanto mais tempo as substâncias ficarem retidas no fígado, maior chance de sofrerem efeito de primeira passagem. Exemplo: anticoncepcional oral combinado (estrógeno + progesterona). A maioria do estrógeno fica no fígado e as moléculas são conjugadas com ácido glicuronico recirculação enterohepática. Assim, a biodisponibilidade do anticoncepcional oral combinado é alterada, mas ele se mante na janela imunológica. Biodisponibilidade Biodisponibilidade é a quantidade do fármaco administrado que alcança a circulac ̧ão sistêmica sem sofrer alterac ̧ão química. Enzimas de fase 1 podem ser moduladas/alteradas, ou seja, ter sua atividade aumentada ou diminuída (isso tem relação com a interação com outros medicamentos/fármacos): Inibição enzimática Diminui a velocidade de produção de metabólitos; Diminui a depurac ̧ão total; Aumenta a meia vida do fármaco; Aumenta as concentrac ̧ões séricas da droga livre e total. Alguns inibidores de P450 clinicamente importantes: Cloranfenicol, metronidazol, fluconazol, cetoconazol, cimetidina, omeprazol, fluoxetina, paroxetina, ciprofloxacino, etc. Indução enzimática Aumenta a velocidade de biotransformac ̧ão hepática da droga; Farmacologia 9 Aumenta a velocidade de produc ̧ão dos metabólitos; Diminui a meia-vida sérica da droga; Diminui as concentrac ̧ões séricas da droga livre e total. Alguns indutores de P450 clinicamente importantes: Carbamazepina, Ingestão crônica e excessiva de etanol, Rifampicina, fenobarbital, hidantoína. Eliminação A eliminac ̧ão dos fármacos inalterados e ou metabólitos pode ocorrer por via urinária, biliar, pulmonar, mas a via renal é a via predominantemente de eliminac ̧ão de metabólitos. Depuração: É a medida da eficácia do organismo na eliminac ̧ão do fármaco. A remoc ̧ão de um fármaco do organismo é quantificada como seu clearance ou depurac ̧ão, expresso pelo volume do plasma do qual o fármaco é completamente eliminado por unidade de tempo (Exemplo: mL/min). Excreção via renal Filtração glomerular: Condic ̧ões para o filtrado: tamanho molecular limitado e hidrossolubilidade; Secreção tubular: Xenobióticos são eliminados por mecanismo de transporte ativo (PgP). Fatores que interferem: idade, insuficiência renal e/ou cardiovascular, interac ̧ões medicamentosas, ligação a proteínas plasmáticas. Reabsorção: Ocorre nos túbulos, por mecanismo de difusão passiva ou transporte ativo. Estuda os efeitos bioquímicos e fisiológicos dos fármacos e seus mecanismos de ação. Fornece as bases para a utilização terapêutica e racional de um fármaco bem como o desenvolvimento de agentes terapêuticos novos e mais eficazes. Os efeitos produzidos pela maioria dos fármacos resultam da interação com componentes macromoleculares do organismo, essa interação altera a função do componente afetado, desencadeando alterações bioquímicas e fisiológicas que caracterizam a resposta ao fármaco. O termo receptor descreve o componente do organismo com o qual o fármaco provavelmente interage. Receptores e fármacos Os receptores determinam largamente as relac ̧ões quantitativas entre dose ou concentrac ̧ão de fármacos e efeitos farmacológicos. Relação com afinidade e número/localizac ̧ão de receptores expressos; Os receptores são responsáveis pela seletividade da ac ̧ão do fármaco. Afinidade por um ou mais receptores; Os receptores medeiam as ações de agonistas e antagonistas farmacológicos. Conceitos Tolerância: ocorre quando há o uso repetitivo de um mesmo fármaco (classe). É a redução gradual da resposta ao fármaco. Farmacologia 10 Dessensibilização: Também conhecido como adaptac ̧ão, ou hiporregulac ̧ão, resulta em perda ou diminuic ̧ão de efeito do fármaco. A estimulação continuada das células geralmente leva a um estado de dessensibilização, de tal forma que o efeito gerado pela exposic ̧ão contínua ou subsequente à mesma concentração do fármaco fica reduzido. Refratariedade: refere-se a falhas terapêuticas. Eventos adversos: qualquer ocorrência médica desfavorável que pode ocorrer durante o tratamento com um medicamento, mas que, não necessariamente tem relac ̧ão causal com esse tratamento. Efeito colateral: reac ̧ão adversa ao medicamento previsível, é inerente a ac ̧ão farmacológica do medicamento, porém seu aparecimento é indesejável. Efeitos secundários (efeitos adversos): efeitos indesejados devidos a uma característica de ação não relacionada à ação farmacológica principal do medicamento. Idiossincrasia: reações nocivas por sensibilidade peculiar a um fármaco, em geral devido a polimorfismo genético. Intolerância ou sensibilidade: doses menores do que as usuais produzem as respostas antecipadas. Os indivíduos variam consideravelmente em sua resposta a um fármaco e inclusive, um só indivíduo pode responder de modo diferente ao mesmo fármaco em ocasiões distintas durante o curso do tratamento. Respostas idiossincrásicas Em geral são causadas por diferenças genéticas no metabolismo do fármaco ou por mecanismos imunológicos, inclusive reações alérgicas. Existem quatro mecanismos gerais contribuem para a variac ̧ão na capacidade de resposta a fármacos entre pacientes ou em um paciente individual em ocasiões diferentes: 1) Alterações de número ou função de receptores Mudanc ̧as na resposta a fármacos causadas por aumentos ou diminuições do número de sítios receptores ou por alterac ̧ões na eficiência do acoplamento. Tolerância ou rebote. 2) Alteração na concentração do fármaco que alcança o receptor Tais diferenc ̧asfarmacocinéticas modificam a resposta clínica. Ex: idade, peso, sexo, estado mórbido e funções hepática e renal, e pelo teste específico para diferenças genéticas. 3) Variação na concentração de um ligante receptor endógeno Este mecanismo contribui muito para a variabilidade de respostas a antagonistas farmacológicos. 4) Mudanças em componentes da resposta distais ao receptor Embora um fármaco inicie suas ações por ligac ̧ão aos receptores, a resposta observada em um paciente depende da integridade funcional dos processos bioquímicos na célula respondente e regulac ̧ão fisiológica por sistemas orgânicos interativos. Alvos farmacológicos Canais iônicos São proteínas que se organizam na membrana resultando na formação de um poro por onde passam íons. Podem ser: Ligados a um receptor – agonista liga-se no receptor e aciona a abertura do canal; Ligados a proteína G; Não ligados a receptor: nesse caso são chamados de canais voltagem-dependente. Receptores ionotrópicos Participam principalmente da transmissão rápida; São proteínas oligoméricas dispostas ao redor de um canal iônico; A ligação do ligante (fármaco) e a abertura do canal, ocorre em milissegundos; Quando o fármaco se liga a esse tipo de receptor, podem acontecer dois tipos de eventos: canal abre ou se fecha mais ainda. O evento vai depender do tipo de fármaco e do tipo de receptor ionotrófico; Gaba: receptor acoplado a um canal iônico, que permite que o canal se abra e o cloro entre; Outros exemplos: nACh, NMDA. Farmacologia 11 Receptores metabotrópicos Acoplados a uma proteína G (segundos mensageiros); São receptores de ligação indireta; O ligante (fármaco ou substância endógena) liga-se a uma enzima e gera um segundo mensageiro (AMP cíclico), o que vai fosforilar a quinase/proteína efetora e algum evento dentro da célula vai acontecer. A proteína G pode ser do tipo excitatória ou inibitória; Nem sempre será desse jeito; Fármaco se liga a um receptor acoplado a proteína G com propriedades excitatórias e assim, estimula a adenilato ciclase; Principais enzimas: adenilato ciclase e guanilato ciclase; ...Acoplados a proteína G inibitória, quando a subunidade alfa se dissocia bloqueia-se a adenilato ciclase, portanto não se forma o segundo mensageiro e o evento não acontece (ocorre no sistema nervoso central); Dentro da tentativa de homeostase (principalmente SNC), predomina-se receptores metabotrópicos tanto do tipo excitatório quanto do tipo inibitório; O receptores podem dar respostas diferentes de acordo com a forma que se liga a proteína G (excitatório ou inibitório); Quanto mais cargas negativas mais hiperpolarizada está a célula, se essas cargas saem a célula fica relaxada; Podem ocorrer respostas diferentes de acordo com o tipo de receptor (excitatório: proteína G com subunidade alfa estimulante; inibitório: receptor acoplado a proteína G cuja subunidade alfa tem atividade inibitória); Um mesmo neurotransmissor pode desencadear um tipo de resposta em uma área do cérebro, e pode desencadear uma resposta diferente em outra área do cérebro; Receptores metabotrópicos estão acoplados a proteína G e quando a subunidade for estimulatória vai estimular a adenilato ciclase, gera segundo mensageiro e o evento na célula vai existir (resposta efetora) até ser encerrado por fosfodiesterases; Enquanto o segundo mensageiro estiver ativo dentro da célula, a atividade celular/do fármaco irá continuar; GMP cíclico realiza eventos, para de existir quando for degradado (para parar de existir existem enzimas chamadas de fosfodiesterases, que são enzimas que degradam/inibem/encerram a atividade do segundo mensageiro, como o GMP cíclico ou o AMP cíclico) Enzimas fosfodiesterases (PDE): degradam ou inibem/encerram a atividade do segundo mensageiros; Um estimulo significa vários eventos enquanto o mensageiro existir. Via a adenilato ciclase/cAMP Adenilato ciclase (AC) catalisa a formac ̧ão do mensageiro intracelular cAMP. O cAMP ativa várias proteínas quinases, fosforilando várias enzimas, transportadores e outras proteínas; O AMPc medeia respostas hormonais, como a mobilizac ̧ão de energia armazenada, a conservac ̧ão de água pelo rim (mediada pela vasopressina), a homeostase do Ca2+ e o aumento da frequência e forc ̧a contrátil do músculo cardíaco. O AMPc também regula a produc ̧ão de esteroides suprarrenais e sexuais, o relaxamento de músculos lisos e muitos outros processos endócrinos e neurais. Via da fosfolipase C Gera a formação de 2 segundos mensageiros (IP3 – Inositol tri fosfato e DAG – diacilglicerol); Farmacologia 12 Contrações musculares (liso e esquelético) e liberação de hormônios e neurotransmissores; IP3: Aumenta a concentração intracelular de cálcio, desencadeando eventos como por exemplo contração, secreção, ativação enzimática e hiperpolarização de membrana; DAG: ativa a proteína quinase C que controla muitas funções celulares. Via da guanilato ciclase/cGMP O GMPc atua estimulando proteinocinase dependente de GMPc; As ac ̧ões do GMPc nessas células são terminadas por degradac ̧ão enzimática – fosfodiesterases; A concentrac ̧ão aumentada de GMPc causa relaxamento do músculo liso vascular por um mecanismo mediado por cinases, que resulta em desfosforilação das cadeias leves de miosina. Receptores nucleares Estão internalizados na célula (núcleo); Sua ativação esta relacionada ao controle de síntese proteica; Para o fármaco atuar no organismo de uma célula (efeitos celulares levam horas), primeiro ele deve interagir com o citosol da célula, ligando a algum carreador e sendo transportado para dentro do núcleo da célula; As substâncias que ativam carreadores células devem ser hidrossolúveis. Enzimas Os fármacos podem se ligar a enzimas (sítio catalítico); Enquanto ocupa esse espaço, a enzima não forma novos substratos nem outras substâncias; Podem ser substratos análogos de enzimas inativando; Podem se ligar irreversivelmente em uma enzima e inativá-la (exemplo: ácido acetil salicílico que inativa COX1,2 ou organofosforados que inativam ache); ECA: enzima produzida pelos tecidos, mais abundante na região pulmonar, responsável por converter angiotensina I em angiotensina II; Angiotensina I não tem efeito farmacológico Importante; Angiotensina II vai gerar a contração dos vasos sanguíneos – aumento da pressão arterial; SEMPRE os fármacos vão atuar sendo inibidores de enzimas, bloqueando etapas de formação de algo (por exemplo: inalapril, inibe a angiotensina 2); Substâncias como tem como alvo biológico enzimas, bloqueiam etapas para a formação de algo (podem ter efeitos farmacológicos como tóxicos). Moléculas agonistas/transportadores Farmacologia 13 Moléculas transportadoras são proteínas de membrana geralmente associadas a neurônios cuja func ̧ão é promover o processo de recaptac ̧ão do neurotransmissor. São o último alvo terapêutico; Papel fundamental (quase sempre relacionado com o sistema nervoso) – como alvo de medicamentos; Antidepressivos tricíclicos – inibem a recaptação de catecolaminas/monoaminas (adrenalina, noradrenalina, dopamina, serotonina) – as principais são serotonina e noradrenalina; Secretar/liberar neurotransmissores quando a fibra for despolarizada, libera-se serotonina, serotonina fica na fenda sináptica, maioria das moléculas deve ser recaptada para usar novamente; Antidepressivos tricíclicos vão bloquear desse transporte; Cocaína vai bloquear a recaptação principalmente de noradrenalina e pouco menos de adrenalina (síndrome simpática); Metanfetaminas inibem a receptação de serotonina e noradrenalina eentram dentro do neurônio promovendo a liberação junto (mais potentes que a própria cocaína); Síndrome serotoninérgica e síndrome adrenérgica (pressão alta, taquicardia); Substância terapêuticas e drogas de abuso bloqueiam a recaptação (diferem na potência, porém o primeiro mecanismo/alvo farmacológico é o mesmo). Farmacos agonistas As substâncias atuam estimulando ou inibindo as moléculas-alvo; São fármacos que possuem ‘’afinidade’’ pelo receptor e atividade intrínseca (ativam o receptor e desencadeiam a resposta farmacológica); Alfa: atividade intrínseca; Agonista total (mais existe em fármacos): fármacos que produzem no alvo (órgão) o seu efeito máximo; Agonista parcial: fármacos cujo efeito farmacológico (eficácia) é inferior a resposta máxima (exemplo: vareniclina no tratamento do tabagismo); Um agonista parcial quando está competindo com seu agonista total, ele tem um efeito de bloqueador. Fármacos antagonistas Farmacologia 14 Fármacos que possuem afinidade pelos receptores, mas não possuem atividade intrínsica (eficácia). Bloqueiam o receptor impedindo que o agonista tenha ação farmacológica (=0). 3 tipos: - Antagonismo competitivo reversível (mais comum): agonistas e antagonistas competem pelo mesmo sítio ativo do receptor farmacológico (exemplo: propranolol – antagonista, adrenalina – agonista em receptores beta-1 do coração); - Antagonismo competitivo irreversível: o antagonista liga-se no sítio de ligação do receptor de forma irreversível. Mesmo aumentando-se a dose do agonista, o efeito máximo não é atingido (Exemplo: AAS inibe a COX1 plaquetária de forma irreversível); - Antagonismo não competitivo: aqui não há ‘’competição’’ do agonista e do antagonista pelo receptor, o antagonista bloqueia a cascata bioquímica de eventos celulares gerados pelo agonista (exemplo: anlodipina: bloqueador de canais de cálcio – inibe a contração das artérias independentemente do estímulo). Potência de um fármaco Tem relação com a capacidade do fármaco de gerar a resposta; É definida basicamente, quando dois fármacos produzem respostas equivalentes, o fármaco cuja curva de dose-resposta está situada à esquerda da outra (a concentração que produz a metade do efeito máximo é menor) é considerado mais potente. Eficácia de um fármaco Reflete a capacidade de um fármaco de ativar um receptor e desencadear uma reac ̧ão celular. Desse modo, um fármaco com grande afinidade pode ser um agonista pleno, desencadeando uma resposta completa em determinada concentrac ̧ão. Um fármaco com menos eficácia no mesmo receptor pode não desencadear uma resposta completa com qualquer dose. Outro fármaco com eficácia intrínseca baixa é um agonista parcial. Um fármaco que se liga ao receptor e apresenta eficácia zero é descrito como antagonista. Graficamente vemos fármacos X e Y - no eixo Y mostra o percentual de resposta, e ambos quase chegam a 100% de resposta, X e Y são eficazes. Porém para chegar até 100% de eficácia o X precisou de menor dose que o Y, ou seja, X é mais potente que o Y. Margem terapêutica: distância entre a dose efetiva e a dose tóxica. Quanto maior essa distância, mais seguro o medicamento. O medicamentos que possuem baixa margem de segurança e efeitos farmacológicos potentes apresentam alta probabilidade de participar de interações clinicamente relevantes. Diferentes respostas a uma mesma dose Graficamente: Farmacologia 15 Maioria das pessoas dentro da curva. Fora da curva não tiveram efeito ou tiveram. efeitos exacerbados Forma da curva dose-resposta Interações medicamentosas Farmacocinéticas ou farmacodinâmicas; Sinérgicas ou antagônicas; Aumentam significativamente em determinadas populações de pacientes como por exemplo crianças, pacientes em ambiente de cuidado intensivo e idosos; Nos idosos: alterações fisiológicas das funções hepática, renal e cardíaca, diminuição da massa muscular, diminuição da concentração de albumina sérica e da quantidade total de água no organismo e presença de doenças crônicas (politerapia). Os medicamentos que possuem baixo índice terapêutico ou baixa margem de segurança e efeitos farmacológicos potentes apresentam alta probabilidade de participar de interações clinicamente relevantes. Exemplo: aminoglicosídeos, anticoagulantes como varfarina e heparina, ciclosporina, digoxina, fenitoína, lítio, agentes hipoglicemiantes, carbamazepina, ácido valproico e teofilina. Pacientes que fazem uso de medicamentos com baixo índice terapêutico devem ser constantemente monitorados devido à possibilidade de apresentarem interac ̧ões medicamentosas clinicamente relevantes. Desenvolvimento, aprovação e comercialização de um novo fármaco Perguntas Classifique as interações abaixo: 1. Ciprofloxacino (antibiótico quelante) administrado junto com as refeições; Está sendo afetada a absorção, interação do tipo farmacocinética, tipo antagônica (diminui absorção). 2. Fluoxetia (antidepressivo que inibe a recaptação de serotonina – inibe a captação de serotonina nas plaquetas e reduz agregação plaquetária) administrado pela manhã e AAS tomado ao meio- dia; AAS também reduz agregação plaquetária, dois medicamentos fazendo o mesmo efeito, interação do tipo farmacodinâmica (mesmo mecanismo de ação), ação sinérgica. 3. Pílula oral combinada (tomada a noite) utilizada por paciente em tratamento de epilepsia com carbamazapina (tomado pela manhã e noite); Farmacologia 16 Enzimas trabalhando muito rápido, metabolismo do anticoncepcional vai ser metabolizado rápido e perder a eficácia, interação do tipo farmacocinética, que é antagônica (perdeu seu efeito). 4. Administração de sal de fruto Eno (bicarbonato de sódio) juntamente com AAS AAS fármaco ácido com um básico, interação do tipo farmacocinética. . .
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