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Pompéia Villachan-Lyra pompeialyra@gmail.com Desenvolvimento Socioemocional na Primeira Infância Roteiro da Apresentação Desenvolvimento Socioemocional na 1 infância - Sobre amor e limites - O abandono moral - Diferentes concepções de “limite” - O papel das relações de apego Privação e Negligência: Impactos no desenvolvimento - Privação, negligência e maus tratos: Impactos do estresse tóxico - Privação afetiva, desenvolvimento infantil e doenças mentais - Sobre o bebê e o neurodesenvolvimento na primeira infância: a importância das relações afetivas Fatores de proteção para o desenvolvimento socioemocional Sobre o bebê e o neurodesenvolvimento na primeira infância: O papel das relações afetivas Sua Majestade O BEBÊ ... E a relação MÃE-BEBÊ VISÃO Competências Sensoriais 2 meses – mielinização de áreas do córtex occipital, envolvido na percepção visual da face humana (avanço nas capacidades sociais e emocionais do bebê). Intensificação das trocas face-a- face - primeiro contexto de brincadeira social. Importante momento de estimulação (Schore, 2003). Competências Sensoriais AUDIÇÃO Competências Sensoriais OLFATO • Bebês preferem cheiros associados a situações agradáveis e o cheiro do(a) principal cuidador(a) • 6 dias DISTINGUE E PREFERE O CHEIRO DO(A) PRINCIPAL CUIDADOR(A) Competências Sensoriais Importância do toque para diminuição do nível de hormônios do estresse e da atividade; Aumento da sensação de bem-estar; Um abraço pode ser suficiente para aumentar a liberação de ocitocina (além de ter efeito tranquilizante, reduz nível de alerta e ansiedade); Se frequente, protege os neurônios do hipocampo da atrofia, gerado pelo estresse crônico e solidão; “Ensina o cérebro” a formar uma resposta saudável ao estresse (Herculano-Houzel, 2012) Competências Sensoriais Competências Sensoriais Receber ou não carinho modifica para sempre como o cérebro vai reagir diante do estresse e da frustração. Bebês são sensíveis, ativos e atentos desde o início da vida: IMPORTANTE PAPEL DAS INTERAÇÕES E DA AFETIVIDADE A experiência molda a estrutura e funcionamento do cérebro - O desenvolvimento cerebral é “dependente de atividade” - Cada experiência excita algum circuito neural e deixa outros isolados - Circuitos neurais que são muito usados se fortalecem, os que não são usados são descartados, resultando na “poda”. Em síntese... - É ao longo da infância que as conexoes sinápticas passas a ser permanentes (ou mais duradouras). - Com o amadurecimento, as mudanças físicas no cérebro tendem a se manter. - É ao longo dos primeiros três anos de vida que ocorrem as mais rápidas mudanças no cérebro. - Neste período, o cérebro é mais flexível e plástico do que em qualquer outro momento da vida. - Existe uma pré-disposição para a interação desde o nascimento - Existem períodos sensíveis do desenvolvimento Sinaptogênese e formação de redes neurais Leisman, Machado, Melillo & Mualem (2012) Metabolismo cerebral em função da idade Desenvolvimento Socioemocional na Primeira Infância Por amor, o limite? Apesar do amor, o limite? Como lidar com os limites no processo de desenvolvimento infantil? O que seria “limite”? Qual o papel da afetividade nesse desafio? Diferentes sentidos da palavra “Limite” 1. Sentido Restritivo: fronteira a não ser ultrapassada 2. Sentido de Superação: algo que pode (e se deseja) ser ultrapassado 3. Sentido de Contorno: aquilo que dá contorno, que dá forma a algo, permitindo que se diferencie do meio Regras rígidas (“educação punitiva”) foram progressivamente substituídas por formas mais flexíveis (“educação democrática”, “geração do diálogo”) Apropriação inadequada de conhecimentos da pedagogia, psicologia e psicanálise Simplicação e redução de tais conhecimentos: “as crianças não podem ser contrariadas”, “vai traumatizá-las”, “deve-se sempre realizar os desejos das crianças” Limite Restritivo: História e fenômenos sociais contemporâneos Falta de tempo, cansaço e sobrecarga de trabalho; Novos papeis sociais do “masculino” e “feminino”; Quem cuida? Novas configurações familiares; Culpa e dificuldade de dizer “não”; Falta de comunicação; O lugar da tecnologia na educação das crianças Limite Restritivo... ...Por outro lado, alguns desafios Limite Restritivo e desafios da contemporaneidade: “Abandono Moral”? “A patologia da família que se representa como desestruturada é que os pais e/ou educadores não conseguem sustentar seu lugar de autoridade e responsabilidade na criação dos rebentos, sejam seus próprios, consanguíneos, ou alheios, vindos de relações anteriores dos cônjuges”. (Kehl, 2001, p. 37) “Não é porque a mãe trabalha, ou se separou do pai, não é porque um pai cria sozinho os filhos depois de uma separação, ou um casal só tenha os finais de semana para conviver com as crianças que elas são abandonadas e mal educadas. O abandono ocorre quando um adulto não banca sua posição diante da criança”. (Kehl, 2001, p. 38) “Abandono moral” e desenvolvimento infantil: construindo “pequenos tiramos”??? Limite Restritivo: História e fenômenos sociais contemporâneos Qual é o papel da Afetividade? Como “bancar” essa posição diante da criança? Holding Mãe Suficientemente Boa É preciso ensinar às crianças a lidar com os Desafios (base segura) e as Frustrações Filhos e seus limites: Uma contribuição da Teoria do Desenvolvimento Emocional (Winnicott) Mensagem implícita enviada à criança: “Vá em frente, você consegue. Se precisar, estarei por perto” Seguro: Favorece o movimento de EXPLORAÇÃO/AUTONOMIA Inseguro Ambivalente: Insegurança e ambivalência diante da figura de apego Inseguro Evitante: Apresenta poucos comportamentos de busca Mensagem implícita enviada à criança: “Não se afaste, não vou agüentar você ficar longe de mim” Mensagem implícita enviada à criança: “Não me peça ajuda” Padrões de de apego E o que é “ser emocionalmente saudável”? A qualidade das relações afetivas construídas no início da vida são a base de um desenvolvimento emocional saudável ter habilidade para reconhecer as próprias emoções compreender as emoções dos outros e saber lidar com elas dialogar, cooperar e respeitar as regras da comunidade relacionar-se afetivamente com as pessoas ter sentimentos positivos de autoestima, de autoconfiança e de responsabilidade ter perseverança e curiosidade ter tudo isto de maneira equilibrada para si e harmônica para as pessoas ao redor O que ocorre quando o bebê/criança experiencia um intenso desamparo? Privação e Negligência: Impactos no (neuro)desenvolvimento DEPRESSÃO ANACLÍTICA (Após 3 meses de privação) 1 mês - Choro e apego ao observador 2 mês - Choro Gemido - Perda de peso - Atraso no desenvolvimento 3 mês - Recusa de contato - Perda de peso / Insônia - Atraso motor - Rigidez facial Renê Spitz Privação Afetiva e (neuro)desenvolvimento HOSPITALISMO (Após 5 meses de privação) - Consolidação da rigidez facial - Letargia - Atraso motor - Passividade (inertes na cama) - Aos 4 anos, não conseguiam ficar em pé, andar ou falar - Alta taxa de mortalidade Renê Spitz Privação Afetiva e (neuro)desenvolvimento • Redução de colume cerebral • Desregulação do sistema neuroendócrino de resposta ao estresse • Disfunção límbica, envolvendo regiões como hipocampo, cortex pré-frontal medial e amigdala. Bremner J, Narayan M. The effects of stress on memory and the hippocampus throughout the life cycle: Implications for childhood development and aging. Development and Psychopathology 1998;10(4):871-885 Tottenham NH, Hare TA, Quinn BT, McCarry TW, Nurse M, Galvan A, Davidson MC, Thomas KM, McEwen B, Gunnar M, Aronson J, Casey BJ. . Amygdala volume and sensitivity to emotional information following orphanage rearing. Journal of Child Psychology & Psychiatry. In press. Privação Afetiva e (neuro)desenvolvimento Atividade cerebralde uma criança “normal” de 3 e aos 5 anos de idade (esquerda) e de uma orfão romeno vivendo em instituição e que foi negligenciado durante a primeira infância (direita) Os Órfãos Romenos: Privação e Desenvolvimento Neuropsicológico Perry (2002), Perry at all, (1995) Brain and Mind - The ChildTrauma Academy, Houston/USA A importância da Estimulação e da Afetividade • A interação cérebro-comportamento pode ser fortemente alterada, dependendo das experiências iniciais emocionais ou de socialização da criança (Andrade, Santos e Bueno, 2004) • Experiências traumáticas e falta de carinho nos primeiros anos de vida podem modificar os circuitos cerebrais (Braun e Bock, 2004). •“A importância do ambiente no desenvolvimento cerebral não pode ser subestimada. As crianças expostas aos ambientes empobrecidos, abuso ou à negligência provavelmente terão sérias desvantagens em outras fases da vida” (Kolb & Whishaw, 2002, p. 256). Em síntese... Relações afetivas e neurodesenvolvimento E quando não há negligência, o que pode prejudicar o bom desenvolvimento emocional de uma criança? Pais com dificuldades para dar limites podem criar, na criança, uma incapacidade para lidar com as frustrações (dificuldade para aceitar “não”, chorar quando não tem o que quer, etc.) Pais muito punitivos ou não disponíveis – Apego Inseguro Resistente podem criar, na criança, comportamentos inseguros, sentimentos de ansiedade e de culpa, hábito de mentir, reações desproporcionais às situações, “timidez patológica” ou comportamentos agressivos Pais muito ansiosos – Apego Inseguro Ambivalente que antecipam inadequadamente as necessidades da criança, que criam estados de tensão desorganizadores, comprometem o desenvolvimento da regulação da ansiedade e de uma autonomia positiva É preciso o equilíbrio entre o suporte afetivo e a interdição para apropriação dos limites ‘Coesão familiar, comunicação, qualidade do relacionamento entre pais e filhos, envolvimento parental na educação da criança e práticas educativas envolvendo afeto, reciprocidade, estabilidade, confiança e equilíbrio de poder favorecem o desenvolvimento e o bem-estar de crianças e adolescentes, mesmo quando expostos a ameaças ou situações de risco variadas’ (Bronfenbrenner, 1996; Hawley & DeHann, 1996, em Poletto e Koller, 2008, p. 411) . Em síntese Uma das principais funções parentais na primeira infância consiste em promover um ambiente facilitador da construção do senso de conforto e segurança para a criança, a partir das constantes trocas relacionais estabelecidas entre eles. “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade”. Drumond Pompéia Villachan-Lyra pompeialyra@gmail.com
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