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MICROBILOGIA DE ALIMENTOS Aula: Patógenos de origem alimentar: eucariotos Infecções parasitárias Parasita é um organismo que vive na superfície ou no interior de outro organismo (o hospedeiro) e se aproveita (por exemplo, obtendo nutrientes) à custa do hospedeiro. Embora esta definição, na verdade, se aplique a muitos micróbios, incluindo bactérias, fungos e vírus, os médicos usam o termo “parasitas” para se referir a: Protozoários (como amebas) que consistem em uma só célula; Vermes (helmintos) ➔ os quais são maiores e consistem em muitas células e têm órgãos internos Existem inúmeros protozoários e outros organismos eucarióticos que são de grande importância para a saúde humana. Seus principais modos de transmissão incluem a ingestão de água e alimento contaminados, assim como o contato de pessoa a pessoa. Os protozoários Giardia lamblia, Cryptosporidium spp. e Entamoeba histolytica causam diarreia persistente. Como sempre, os grupos de risco incluem crianças pequenas e indivíduos com deficiência imunológica. Protozoários se reproduzem por divisão celular e podem se multiplicar dentro das pessoas. Os protozoários incluem uma grande variedade de organismos unicelulares, como a Giardia, que infecta o intestino, e o protozoário da malária, que se desloca na corrente sanguínea. A maioria dos vermes, ao contrário, produz ovos ou larvas que se desenvolvem no meio ambiente antes de serem capazes de infectar pessoas. O desenvolvimento no ambiente pode envolver outro animal (hospedeiro intermediário). Os vermes incluem nematelmintos, tais como anisakis, e platelmintos, tais como tênias e trematódeos Protozoários: Cyclospora cayetanensis, Cryptosporidium parvum, Trypanosoma cruzi Nematódeo: Anisakis simplex Cyclospora cayetanensis Protozoário ➔ ocorre em aguas tropicais no mundo todo e causa diarreia aquosa e algumas vezes explosiva em humanos. Inicialmente, esse agente foi associado a agua contaminada, O Cyclospora infecta o intestino delgado. Período de incubação é de 1 semana após o consumo do alimento contaminado, sendo que o agente é excretado nas fezes por mais de 3 semanas. A transmissão de pessoa a pessoa não é comum porque os oocistos necessitam de tempo (dias a semanas), sob condições ambientais favoráveis, até que se tornem infecciosos. Seres humanos são o reservatório comum da doença. água contaminada utilizada para irrigação e aplicação de pesticidas, além de práticas de higiene inadequadas por parte de funcionários são as rotas de contaminação mais comuns. Primeiros casos reportados em humanos ocorreram em 1979. Residentes e viajantes para regiões endêmicas (regiões tropicais e subtropicais) estão em risco. Primeiros relatos de surtos de Cyclospora cayetanensis nos EUA foram atribuídos a framboesas importadas da Guatemala. Subsequentemente, os surtos seguiram a ingestão de verduras frescas contaminadas (manjericão, ervilhas, misturas de hortaliças e coentro). No segundo semestre de 2013, um surto em vários estados contaminou centenas de pessoas e foi atribuído à ingestão de misturas de saladas pré-lavadas. Um surto em vários estados em 2018 foi atribuído a bandejas de verduras frescas contaminadas. A doença dura de alguns dias a 1 mês ou mais. As recaídas podem ocorrer uma ou mais vezes. Os sintomas típicos de intoxicações causadas por Cyclospora são: • Diarreia aquosa • Movimentação frequente, às vezes, explosiva do intestino • Perda de apetite • Perda de peso substancial • Inchaço abdominal • Aumento de flatulência e cólicas abdominais • Náuseas • Vômitos • Dores musculares • Febre baixa • Fadiga Ciclo de vida de Cyclospora Os oocistos de Cyclospora não são esporulados (ou seja, infecciosos) quando eliminados nas fezes. Assim, não há transmissão fecal-oral direta. 1. Os oocistos não esporulados são excretados do hospedeiro infectado nas fezes. 2–3. Os oocistos esporulam no ambiente após 1- 2 semanas em temperaturas entre 22 e 32°C. 4. Os oocistos esporulados contaminam os alimentos ou a água. O mecanismo de contaminação não foi estabelecido. 5. Os oocistos esporulados são ingeridos em água ou alimentos contaminados. 6. Os oocistos excistam no trato gastrointestinal, liberando os esporozoítos que invadem as células epiteliais do intestino delgado. 7. No interior das células, eles se multiplicam de forma assexuada e se desenvolvem sexualmente para amadurecer em oocistos, os quais são eliminados nas fezes. Diagnóstico Exame microscópico das fezes a procura de oocistos; Detecção de DNA de parasita nas fezes Cryptosporidium parvum Doença: criptosporidiose Protozoário, parasita intracelular intestinal que infecta diversas espécies animais, como: aves, cães, gatos, roedores, répteis, ovinos, bovinos, entre outros Porém, somente o Cryptosporidium parvum é conhecido por infectar seres humanos. Conhecido como um dos maiores causadores de doenças transmitidas por água nos Estados Unidos, podendo também ser encontrado no solo, alimentos e superfícies contaminada por fezes. O parasita possui uma camada protetora que o permite sobreviver fora do hospedeiro por muito tempo, além de proteger contra a desinfecção. forma infectante é o oocisto, contendo esporocistos altamente resistentes a desinfetantes, porém susceptíveis a dessecação e radiação ultravioleta. Oocistos esporulados são eliminados nas fezes frescas (e possivelmente por outras vias, como através das secreções respiratórias). Após ingestão (ou possível inalação), os esporozoítos são liberados e parasitam as células epiteliais do TGI (ou outros, como o trato respiratório). Dentro das células, eles sofrem reprodução assexuada e a seguir reprodução sexuada. Após fertilização, é formado o zigoto, que sofre esporulação dentro do hospedeiro para formar o oocisto, que é liberado. Como a esporulação ocorre dentro do hospedeiro, a autoinfecção pode ocorrer. Os oocistos são infectantes já no momento da excreção, permitindo direta e indiretamente, a transmissão fecal-oral. Reservatório os seres humanos, o gado bovino e outros animais domésticos são o reservatório comum da doença. Período de incubação depois de um período de incubação de 2 a 10 dias, com média em torno de 7 dias, aparecem os primeiros sintomas, persistindo por 1 a 2 semanas. Sintomas podem aparecer e voltar uma ou mais vezes. Sintomatologia Pode ser, assintomática ➔ mas com a liberação fecal de oocistos que contribuem para a ocorrência de novos casos da doença. Diarreia aquosa que pode ser profusa (intensa) e prolongada; Severidade e duração dos sintomas dependem da espécie de Cryptosporidium infectante, da variante genética infectante e de fatores ligados ao hospedeiro como idade e estado imunológico. Infecção é mais grave em pacientes HIV+ ou com outros tipos de imunocomprometimento. Náuseas, vômitos e febre de baixa intensidade, assim como sintomas inespecíficos como mialgia (dor muscular), fraqueza, mal-estar, cefaleia (dor de cabeça) e anorexia (falta de apetite) são também relatados. Cryptosporidium pode ser encontrado ao longo do TGI, havendo relatos de sua presença à nível biliar e respiratório. Lesões como colecistite, hepatite e pancreatite têm sido relacionados à criptosporidiose extra intestinal. Transmissão Orla-Fecal ✓ Encontrado no solo, alimentos, água e superfícies que foram contaminadas com fezes de seres humanos e/ou animais infectados. ✓ Pode ser transmitido também através de objetos contaminados levados à boca ✓ água de piscinas, lagos, rios, fontes, banheiras, e outros reservatórios de água que possam estar contaminado com fezes de animais e/ou de seres humanos infectados ✓ ingestão de alimentos mal cozidos contaminado por Cryptosporidium. Podem causar surtos envolvendo centenas de usuários, com casos adicionais secundários. Oocistos podem estar presentes em números muito elevadosem água de lagos, riachos, esgotos e rios, podendo ser encontrados isolados ou agrupados em amostras de água. Encontrado biofilmes no ambiente aquático ➔ liberação de fragmentos ricos em oocistos ou em outras formas de vida livre do parasito. Este processo pode levar à recorrência de surtos de criptosporidiose em comunidades nas quais os sistemas de distribuição apresentem estes biofilmes. Capacidade do Cryptosporidium de excistar e de proliferar no ambiente externo exige uma mudança no enfoque da avaliação de risco da doença, a qual deverá incluir a possibilidade de sobrevivência e de multiplicação do protozoário no sistema de distribuição. Oocistos são extremamente resistentes ao processo de cloração e devem ser removidos da água por coagulação, decantação e filtração, filtração em membranas ou inativados pelo uso da luz UV. Anisakis simplex Doença: Anisakíase doença aguda parasítica no TGI dos seres humanos; cólicas abdominais e vômitos, resultante da ingestão de peixes do mar crus ou mal cozidos contaminados com a larva. Sintomas podem ser observados em até 8 horas após a ingestão das larvas e são caracterizados por: cólicas, náuseas, vômitos e diarreia. No caso de afecções intestinais, os sintomas podem demorar até 5 dias a aparecer e podem causar diarreia com sangue. Transmissão ocorre apenas de pescado contaminado para humanos; não é transmitido entre pessoas. No sistema digestivo humano, a larva não pode se desenvolver, pois é um hospedeiro acidental, portanto as fezes humanas não contêm ovos do parasita. Medidas Preventivas Informações ao consumidor ➔ em locais onde a doença é pouco conhecida, como países da América Latina, a informação ao consumidor é de vital importância, a fim de prevenir a infestação do Anisakis. Um consumidor informado tem menos probabilidade de sofrer desta doença e, ao consumir pescado cru, deve exigir que ele tenha sido previamente congelado para inativar o parasita. EUA: menos de 10 casos de anisakíase são diagnosticados nos EUA anualmente; Japão: muito comum devido aos sushis e sashimis; Holanda, na Escandinávia e na costa do Pacífico No Brasil não há notificação de casos, embora há estudos mostrando a existência de peixes contaminados como o dourado, anchova, pargo e peixe-espada na costa brasileira, especialmente no litoral nordeste. Foram analisadas 3 amostras de BACALHAU, as mesmas continham 5 larvas de Anisakis, todas mortas. Estes parasitos neste tipo de produto sempre são encontrados mortos, por não resistirem à salga seca, portanto sem condições de produzir qualquer malefício à saúde do consumidor. Métodos de Controle Medidas internacionais Codex: 7.4 Procedimento para a detecção de parasitas em filés sem pele: Toda a unidade de amostra é examinada de forma não destrutiva, colocando-se porções apropriadas da unidade de amostra descongelada em uma folha de acrílico de 5 mm de espessura com 45% de translucidez e com uma fonte de luz com 1500 lux a 30 cm acima da folha". (candling table) Procedimentos suficientes para destruição dos parasitas (Segundo FDA-USA) Congelar e armazenar: -20°C por 7 dias Congelar: -35°C e Armazenar: -20°C por 24 horas Congelar: -35°C e Armazenar: -35°C por 15 horas Medias Brasileiras (RIISPOA/2017 – MAPA) Art. 209. Os controles oficiais do pescado (...) V - controle de parasitas Art. 212. Nos estabelecimentos de pescado, é obrigatória a verificação visual de lesões atribuíveis a doenças ou infecções, bem como a presença de parasitas Art. 214. É permitido o aproveitamento condicional... com presença de parasitas localizados Art. 215. Aproveitamento condicional (...) pescado deve ser submetido a (...): I – congelamento; II – salga ou; III – calor Art. 216. Os produtos da pesca e da aquicultura infectados com endoparasitas transmissíveis ao homem não podem ser destinados ao consumo cru sem que sejam submetidos previamente ao congelamento à temperatura de: -35°C por 15 horas ou -20°C por 24 horas. Lembrando que FDA preconiza 7 dias nessas condições!!! Art. 499. Impróprios para consumo humano (...) IV - apresentem infecção muscular maciça por parasitas CODEX STAN 190 – 1995 -Codex Presença de 2 ou mais parasitas por kg da amostra analisada ANVISA – 623/2022 IX – Matérias estranhas indicativas de riscos à saúde humana: matérias estranhas macroscópicas ou microscópicas capazes de veicular agentes patogênicos para os alimentos ou de causar danos ao consumidor, abrangendo: (e)“Parasitos: helmintos e protozoários, em qualquer fase de desenvolvimento, associados a agravos a saúde humana. Trypanosoma cruzi Doença de Chagas (DC) ou Tripanossomíase Americana ➔ infecção parasitária, causada pelo protozoário flagelado e transmitida pelo triatomíneo, popularmente conhecido como bicho- barbeiro. Doença apresenta curso clínico aguda e crônica, sendo que a fase aguda, muitas vezes sem sintomas, pode evoluir para fase crônica. A gravidade dos casos pode estar relacionada à cepa infectante, a via de transmissão e também a associação com outras patologias concomitantes. Reconhecida há mais de um século e acomete, principalmente, populações negligenciadas ➔ enfermidade de maior impacto global com estimativa, aprox., de infecção de 6 milhões de pessoas, com incidência de 30 mil casos novos/ano, 14.000 mortes/ano e 8.000 recém-nascidos infectados durante a gestação. Doença de característica de países subdesenvolvidos, sendo endêmica de 21 países das Américas. Reservatórios são os animais infectados, que apresentam o T. cruzi na circulação sanguínea e na musculatura dos órgãos. Esses podem ser encontrados em área silvestre (região de mata), intradomicílio (dentro da residência) e peridomicílio - próximo às residências (Ex: gambá, tatu, cães, gatos, macaco, preguiça, rato, entre outros). Infecção pode ocorrer pela transmissão vetorial, oral, transfusional, transplantar, vertical (ou congênita) e acidental. Maioria dos indivíduos infectados com T. cruzi permanecem com o parasito nos tecidos, órgãos e no sangue durante toda a vida. Período de transmissão via oral: 3-22 dias. Sintomatologia Após a picada (4 a 10 dias), a pessoa pode apresentar sintomas gerais, como: febre, mal-estar e falta de apetite. Podem, também, aparecer uma leve inflamação no local da picada; aumento dos gânglios (ínguas); aumento do baço e do fígado, os sinais podem ser representados clinicamente em endurecimento regional no abdômen e dor abdominal; ainda, algumas pessoas podem desenvolver formas graves cardíacas. Fase crônica é definida em três etapas: Indeterminada: Embora infectada, a pessoa permanece assintomática por toda a vida. Cardíaca: com comprometimento do músculo do coração, e é a forma que mais causa morte pela doença. Digestiva: acomete o intestino grosso (cólon) e, também, o esôfago. Fruto açaí deve ser submetido a processo tecnológico adequado com aplicação de calor para a inativação de enzimas e diminuição da carga microbiológica, como processo de branqueamento do fruto a no mínimo 80°C por 10 segundos e processo de pasteurização do açaí a no mínimo 80 °C/10 segundos (IN 37/2018).
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