Buscar

Trabalhadores de Aplicativos

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

A realidade trabalhista passou por diversas mudanças durante as décadas. Na costumeira troca entre capital e trabalho, nascem diversas formas de prestação de serviço, sendo de grande responsabilidade do Direito do Trabalho estar atento a essas transformações para que, assim, possa proporcionar uma relação de trabalho justa, principalmente para os trabalhadores em situação de vulnerabilidade.
Para que haja uma melhor compreensão sobre as novas relações de emprego, especificamente a prestação de serviços para aplicativos, faz-se necessário um apanhado histórico sobre acontecimentos que influenciaram diretamente as formas de atividade trabalhista, como a industrialização.
A Primeira Revolução Industrial se iniciou na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, 1760. Este processo representou a transição do feudalismo para o capitalismo industrial, marcou o começo do processo maquinofatureiro em contraponto ao trabalho subsistente e artesão, e representou o início do desenvolvimento tecnológico, transformadores do modo de produção. 
O mais importante aqui para nós é que novas relações de trabalho surgiram. O período foi marcado pela absurda exploração da classe operária. Elevada carga horária, falta de tempo de almoço, descanso ou férias, ambiente de trabalho insalubre e salários baixos eram apenas uma parte da situação precária do proletariado europeu.
Tais situações começaram a se agravar na Segunda Revolução Industrial, datada do ano de 1840 que com a intensa especialização das tarefas, piorou ainda mais a vida dos operários, deixando o trabalho ainda mais cansativo e pesado. Aumento da poluição do ar, de doenças e acidentes de trabalho, além do uso de mão de obra infantil foram mais alguns dos problemas que fizeram com que os trabalhadores, não aguentando mais as situações as quais eram submetidos, se organizassem em movimentos de protesto. 
o Ludismo já havia ocorrido entre 1811 e 1812, e os “quebradores de máquinas” já haviam radicalmente se revoltado contra o desemprego que, segundo eles, era causado pelas máquinas. Já no Cartismo, um operário chamado william lovett publicou a Carta do povo em 1838 que registrava todas as reinvindicações das pessoas do movimento em relação as políticas trabalhistas, que foram todas rejeitadas pelo parlamento inglês, mas que influenciaram o movimento operário internacional fortemente
Há o surgimento dos primeiros sindicatos, chamados trade-unions e o início de ideias anarquistas, que acreditavam que a exploração teria fim se a sociedade se organizasse sem nenhuma autoridade
Foi nesse esse contexto de agitações sociais que sociólogos como Karl Marx e Engels surgiram em defesa da classe operária, influenciando diversas revoluções mundo afora com seu Manifesto Comunista que acreditariam que a exploração acabaria quando os trabalhadores assumissem o controle do estado. O Manifesto Comunista e as ideias Marxistas foram os principais responsáveis por diversas revoluções e reivindicações, sendo determinante na força desta classe até em solo brasileiro. mas a luta trabalhista tinha apenas começado.
O primeiro exemplo de direito do trabalho foi em 1917 no México, que promulgou os direitos chamados de “socias”. Limitavam o período de trabalho e estabeleciam um salário mínimo. Em 1819 a nova constituição alemã também veio a garantir os “direitos sociais”, rompendo com o estado liberal e tentando ascender o estado social
A indústria brasileira se desenvolveu tardiamente em relação às potências capitalistas. O trabalho livre e assalariado só ganhou espaço verdadeiramente no Estado brasileiro após a abolição da escravidão, e com péssimas condições.
A Revolução Industrial Brasileira foi tardia e muito acelerada, tendo seu início verdadeiramente apenas em 1930, quase 200 anos após a Revolução Industrial Inglesa, durante o governo de Getúlio Vargas, que deu ênfase a industrialização principalmente no setor de transportes e energia e começou a transformar o modelo econômico agrário-exportador brasileiro. 
Toda essa rapidez trouxe o aumento do êxodo rural, que altamente concentrou a população nos grandes centros, gerando problemas sociais como falta de moradia, aumento da violência e poluição. Os trabalhadores também sofriam com as mesmas precariedades da revolução industrial na Europa, impulsionando no país as primeiras discussões sobre leis trabalhistas e organizações dos trabalhadores, formando o que viriam a ser os primeiros e tão importantes sindicatos brasileiros. 
A conquista de direitos trabalhistas foi se dando pouco a pouco pelo mundo, devido ao sucesso dos movimentos operários. Na constituição de 1943 de Vargas já havia direitos trabalhistas previstos, como o salário mínimo, jornada de 8 horas e férias. No Estado Novo de Vargas) que na Europa já seria o início da Terceira Revolução Industrial é promulgada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Esta perdura até hoje com suas devidas modificações, garantindo o 13° salário, férias remuneradas, FGTS, assistência médica, vale transporte, seguro desemprego, licença maternidade, entre outros benefícios. Vargas atrelou a estrutura sindical ao estado, destruindo toda as bases anteriores do movimento sindical.
Já em 1858 ocorreu a greve dos tipógrafos, conhecida como a primeira greve do brasil. Os imigrantes, enganados por promessas nunca cumpridas, também trouxeram experiências de luta trabalhista muito mais avançadas do que no brasil, desenvolvendo-se aqui as ideias de anarquismo e socialismo. Em 1951 ocorreram quase 200 paralisações, no ano seguinte 300 e em 1963 houveram 800 greves. No golpe de 1964 houve a maior repressão polilítica com a classe trabalhista, cassando sindicatos, prendendo e exilando pessoas. Arrocho de salários, lei anti-greves, fim da estabilidade do emprego foram marcos
Foi no final da década de 70 e 80 que o sindicalismo viveu seu auge, na transição do regime militar para o democrático, como atuação reivindicatória, e não mais apenas prestando assistência. Os chamados pelegos lutaram muito por diversas pautas, como a lei de férias e regulamentação do trabalho feminino. Surge também o principal norme da liderança sindical brasileira: lula, e em 1980 sindicalistas e intelectuais fundam o partido dos trabalhadores.
Nos dias de hoje, vivemos a chamada Quarta Revolução Industrial, que tem como característica a combinação de tecnologias extremamente avançadas, que aprimoram as indústrias e sua produtividade. Nesse novo tipo de indústria, existe a fusão do mundo real com o virtual, o que deu origem as novas formas de trabalho. A regulamentação de tais relações não vem acompanhando o ritmo das mudanças que ocorrem no mundo, o que vem gerando a precarização do trabalho chamada de Uberização, modelo que não tem regulamentação na legislação brasileira e que por isso vem resultando em diversos conflitos. 
Portanto, a partir do presente trabalho, busca-se esclarecer como se deu o advento da “uberização” no Brasil, como a precarização das relações empregatícias é vista pelo direito brasileiro e qual a luta atual para solução desses problemas e /garantia dos direitos dos trabalhadores de aplicativos.

Continue navegando