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0 11º ano ECONOMIA A 8. Os agentes económicos e o circuito económico 8.1. O circuito económico Atividade económica: conjunto de tarefas que asseguram a existência de uma população através da produção, repartição de rendimentos (resultantes da produção), utilização do rendimento no consumo e na utilização do mesmo em investimento (poupança) para garantir nova produção. Agentes económicos: são todos os agentes que intervêm na atividade económica. Operações económicas: interações entre os vários agentes económicos no exercício das suas funções Operações sobre bens e serviços: produção, distribuição e consumo de bens. Operações de repartição: renumerações, impostos e subsídios. Operações financeiras: depósitos, aplicações financeiras, empréstimos, etc. Famílias Consumir Empresas não financeiras Produzir bens e serviços não financeiros Estado Satisfazer necessidades coletivas e redistribuir o rendimento Instituições financeiras Prestar serviços financeiros Resto do mundo Trocar bens, serviços e capitais Circuito económico: representação das relações que se estabelecem entre agentes económicos (fluxos). Fluxos: relações que os agentes económicos estabelecem entre si. Fluxos reais: representam as interações materiais realizadas pelos agentes (ex: horas) Fluxos monetários: representam a contrapartida dos respetivos fluxos reais (ex: salários) ______________________________________________________________________________________ Nota: A cada fluxo real corresponde sempre um fluxo monetário e vice-versa. ______________________________________________________________________________________ Economia fechada: Economia sem relações económicas com o Resto do Mundo. Economia aberta: Economia com relações económicas com o Resto do Mundo. RN=DN=PN → Equilíbrio económico 8.2. Equilíbrio económico Equilíbrio económico: igualdade entre os recursos e os empregos, em cada agente e no conjunto da economia. Sistema de contas: representação de fluxos monetários (T’s). Ex: Famílias Empregos Alimentação: 450 Impostos: 90 Poupança: 70 Recursos Ordenados: 500 Juros: 100 Subsídios: 10 610 610 Equilíbrio entre Empregos e Recursos Quando: E > R – Necessidade de financiamento E < R – Capacidade de financiamento E = R – Equilíbrio 9. Contabilidade Nacional 9.1 Noção e objetivos da Contabilidade Nacional Contabilidade Nacional: Conjunto de técnicas de cálculo que serve para quantificar o funcionamento da economia de modo a dar informações suficientes para o governo de um determinado país poder definir novas estratégias de desenvolvimento. Objetivos da Contabilidade Nacional: • Medir: fornecer os dados relativamente à atividade económica realizada num país num determinado período de tempo. • Prever: previsão económica para viabilizar a tomada de decisões ou evitar ou minimizar crises económicas. • Decidir: a tomada de decisão permite prever, com razoável probabilidade, as consequências, nos diversos indicadores, da manipulação dos instrumentos de política económica. • Comparar: o Comparação no espaço: proporcionar a informação necessária para estabelecer comparações entre economias. o Comparação no tempo: estudar a evolução de uma economia ao longo dos tempos. Um recurso de um agente constitui um emprego de outro Os países da União Europeia têm um sistema comum, o Sistema Europeu de Contas (SEC 95), aprovado em 1995, que permitiu harmonizar as Contas Nacionais entre os Estados-membros. Em Portugal, a Contabilidade Nacional utiliza, no processo de cálculo, regras idênticas aos outros países porque desta forma podemos estudar a evolução das economias. 9.2. Conceitos necessários à Contabilidade Nacional Território económico: espaço em que se contabiliza a atividade económica. Este inclui: • Território geográfico; • Zonas francas (Ex: fábricas); • Espaço aéreo nacional, águas territoriais, plataforma continental, transportes, etc.; • Enclaves territoriais (Ex: embaixadas); • Jazidas geológicas em águas internacionais. Residentes: agente que realiza operações económicas num determinado território, ou a partir dele, há mais de um ano. Unidade institucional: agente que tem uma função especifica na atividade económica e uma fonte de recursos própria, além de ter autonomia de decisão relativamente à sua função principal. Setor institucional: representa a totalidade das unidades institucionais de igual natureza (que desempenham a mesma função especifica) e com autonomia de decisão. Ramo de atividade: conjunto de unidades que exercem uma atividade económica idêntica ou similar. O SEC 95 identifica cinco sectores institucionais (mais um - Resto do Mundo): Sociedades Não Financeiras: agrupam todas as sociedades públicas e privadas residentes no país, produtoras de bens e serviços mercantis (comercializáveis) não financeiros. Recursos: provenientes das vendas. Sociedades Financeiras: agrupam o conjunto de sociedades, residentes no país, prestadoras de serviços de intermediação financeira e/ou exercendo atividades auxiliares de natureza financeira, monetárias e não monetárias, públicas e privadas. Recursos: provenientes dos pagamentos dos serviços financeiros prestados (Ex: juros). Administrações Públicas: todas as unidades residentes, produtoras de bens e de serviços não mercantis (não comercializáveis) destinados ao consumo individual e coletivo, isto é, são as unidades que possibilitam a redistribuição do rendimento e da riqueza nacional. Recursos: pagamentos obrigatórios efetuados pelos outros sectores institucionais (Ex: impostos). Famílias: são os indivíduos ou grupos de indivíduos residentes no país, quer enquanto consumidores, quer enquanto produtores de bens e serviços (comercializáveis, não financeiros), desde que sejam empresários em nome individual ou profissionais liberais. Recursos: Remunerações dos fatores produtivos (S+R+J+L), transferências dos outros sectores, bem como, receitas provenientes das vendas (de serviços). Instituições Sem Fins Lucrativos ao Serviço das Famílias (ISFLSF): produzir bens e serviços sem fins lucrativos, para fornecer gratuitamente às famílias ou a preços pouco significativos. Resto do Mundo: agrega todas as unidades institucionais não residentes em território nacional que estabelecem relações com unidades institucionais residentes. Recursos: contribuições voluntárias das famílias (associados), das transferências provenientes das administrações públicas e dos rendimentos de propriedade. 9.3 Óticas de cálculo do valor da produção Óticas de cálculo do valor da produção: os vários “caminhos” diferentes para calcular o produto de modo a fornecerem informações diferenciadas e complementares. Existem 3 óticas: ótica do produto, ótica do rendimento e ótica da despesa. Ótica do valor do produto: Por esta ótica de cálculo fica-se a conhecer a origem e natureza dos bens produzidos, pois o produto é contabilizado segundo o ramo de atividade que lhe dá origem. Problema da múltipla contagem: o valor de determinado bem é registado mais do que uma vez isto porque muitos bens são incorporados noutros durante o processo produtivo (os bens cuja utilização corresponde a um consumo intermédio). É consumo intermédio logo não pode ser contabilizado. Método dos valores acrescentados: determinação do valor acrescentado por unidade produtiva. Depois,o valor será a soma desses valores. VAB - Valor Acrescentado Bruto VBP - Valor Bruto Produção CI - Consumos Intermédios Método dos produtos finais: consideram-se os bens que não irão sofrer mais transformações no processo produtivo, ou seja, os bens/produtos para consumo final. Caso o PIB seja avaliado a preços de mercado, é necessário adicionar o valor impostos líquidos de subsídios sobre os produtos. Ti - impostos indiretos Subs. - Subsídios à produção Produto nacional: produto realizado à base dos fatores produtivos nacionais, mesmo que utilizado fora do território económico. SRRM: Saldo dos Rendimentos com o Resto do Mundo. Produto interno: valor do produto realizado pelas unidades institucionais dentro do território onde são residentes. Produto bruto: Quando o desgaste do capital fixo (consumo de capital fixo) não é contabilizado. Produto líquido: Quando o desgaste do capital fixo é contabilizado. CCF: Consumo Capital Fixo Produto a preços base: Produto contabilizado em função dos custos relativos à produção dos bens e serviços. Produto a preços de base= Custo dos bens utilizados na produção + Renumerações + Impostos – outros subsídios. Produto a preços no produtor: Produto valorizado à saída das unidades produtivas. Produto a preços no produtor=Produto a preços de base + Impostos sobre os produtos (exceto o IVA) – Subsídios Produto a preços de aquisição: Produto contabilizado em função do valor entregue pelos compradores. Produto a preços de aquisição= Produto a preços no produtor + Margens de distribuição + IVA Preços correntes: quando os bens e serviços são valorizados aos preços verificados no ano em causa com inflação. Permite a medição da taxa de crescimento do PIB em termos nominais ou monetários. Preços constantes: quando os bens e serviços são valorizados segundo os preços de um ano considerado como base sem inflação. Permite a medição da taxa de crescimento do PIB em termos reais ou em volume. Como se deflaciona um valor do PIB: Ótica da despesa: O valor do produto a partir das despesas finais realizadas por todos os agentes económicos. Por esta ótica, fica-se a conhecer, portanto, o destino e a utilização dada à produção efetuada. PIB=DI= Consumo Total + Investimento + Exportações – Importações PNB=DN= DI + SRRM (IPC) Procura Interna: despesas pelas unidades residentes em bens e serviços produzidos exclusivamente no território económico do país. Procura Interna= Consumo Total + Investimento Procura Externa: despesas efetuadas por unidades não residentes. Procura Externa= Valor das Exportações Procura Global: Despesas efetuadas pelas unidades residentes e não residentes na aquisição de bens e serviços produzidos no território económico. Procura Global= Procura Interna + Procura Externa Logo DI= PIB = Procura Global - Importações Despesa Interna: gastos das unidades institucionais realizados no interior da sua fronteira económica. Despesa Nacional: gastos efetuados por todas as unidades institucionais residentes no país. Ótica do Rendimento: valor do produto calculado a partir dos rendimentos criados no processo produtivo. Rendimento Interno: corresponde à totalidade das remunerações dos fatores produtivos de uma economia. RDP= Rendimentos Primário + Rendimentos Secundários – Impostos – Contribuições Sociais RDliquido= PNB – Consumo Capital Fixo + Transferências correntes líquidas provenientes do exterior 9.4. Limitações da Contabilidade Nacional Limitações da contabilidade nacional: situações em que a medição da atividade económica não é possível. A economia não observada e as externalidades são exemplos disso. Economia não observada: atividades que não são objeto de comunicação às autoridades, não são declaradas, ou não há elementos contabilísticos sobre as quais. • Autoconsumo: bens provenientes de produção própria. • Setor informal: atividades artesanais ou pequena produção familiar, voluntariado, etc. • Economia subterrânea: atividades legais ocultas (evasão fiscal) e atividades ilegais, como por exemplo tráfico de droga. O autoconsumo e o setor informal constituem a chamada economia informal. Externalidades: efeitos decorrentes de factos económicos que têm consequências positivas ou negativas sobre as populações. Podem ser: • Positivas: quando delas resultam benefícios para a sociedade • Negativas: quando delas resultam malefícios para a sociedade Nota: DN= PNBpm DI= PIBpm 10. As relações económicas com o Resto do Mundo 10.1. A necessidade e a diversidade de relações internacionais Exportações: transações de bens e serviços de residentes para não residentes. Importações transações de bens e serviços de não residentes para residentes. Comércio interno: quando os agentes económicos intervenientes pertencem ao mesmo país (são ambos residentes). Comércio externo: quando os agentes económicos intervenientes pertencem a países diferentes (um deles não é residente). Aplica-se apenas em países em concreto. É diferente de comércio internacional. Comércio Internacional: designação dada ao comércio entre os diferentes países do mundo. Divisão Internacional do trabalho (DIT): divisão da produção a nível mundial, associada à diversidade de recursos e com base nas trocas. Conduz à especialização da produção dos países. Vantagens comparativas: na troca entre países, um deles poderá ter vantagem absoluta na produção de 2 bens. O país em desvantagem deverá especializar-se na produção do bem em que é menos eficiente. Vantagens absolutas: quando um país produz mais barato um bem do que um outro país. 10.2. O registo das relações com o Resto do Mundo – A Balança de Pagamentos Balança de pagamentos: documento estatístico que, anualmente, resume as relações económicas de um país com o Resto do Mundo. Serve para que os governos possam avaliar o relacionamento económico que os seus países estabelecem com os outros. Em Portugal, este documento é elaborado pelo Banco de Portugal com dados do INE. A balança de pagamentos é constituída por: • Balança corrente: transações exceto as de movimentos de capitais e ativos financeiros. Esta é constituída pelas seguintes balanças: o Balança de bens: troca de bens em processamento, mercadorias. o Balança de serviços: troca de serviços, por exemplo turismo, e direitos de utilização. o Balança de rendimentos primários: Troca de rendimentos do trabalho e do capital o Balança de transferências correntes ou rendimentos secundários: transferências correntes privadas e públicas. • Balança de capital: entradas e saídas de fluxos de capitais não financeiros. • Balança financeira: entradas e saídas de fluxos financeiros (investimento). Divisas: moeda admitida como meio de pagamento nas trocas internacionais. Débito: saída de divisas. Crédito: entrada de divisas Taxa de câmbio: relação entre moedas de 2 países que resulta no preço de uma delas medido em relação à outra. • Fixa: Quando são as autoridades monetárias que fixam o valor da taxa. • Flutuante: Quando funciona consoante o mecanismo de mercado. 10.2.1. A Balança Corrente Saldo da Balança de Mercadorias: resulta da diferença entre o valor dos créditos (valor das exportações) e os débitos (valor das importações). Saldo da balança de mercadorias = crédito – débito ______________________________________________________________________________________ Nota: • quando o saldo é negativo, estamos perante um saldo deficitário pois os créditos são menores que os débitos. • quando o saldo é igual a zero, o saldo é nulo, pois o valor dos créditos é igual ao valor dos débitos. • quando o saldo é positivo, estamos perante um saldo superavitário pões os créditos são superiores há os débitos. Saldo das restantes balançasconstituintes da Balança Corrente: assim como acontece na balança de mercadorias, os saldos das restantes balanças resultam também da diferença entre créditos e débitos. Indicadores para o desempenho do comércio Internacional Taxa de cobertura: capacidade que uma economia tem de pagar as suas importações com o valor obtido com as suas exportações. ______________________________________________________________________________________ Nota: quando a taxa é superior a 100%, a economia tem capacidade para cobrir as importações com o valor das suas exportações. Quando a taxa é inferior a 100%, a economia não tem capacidade para cobrir as as importações com o valor das suas exportações. Intensidade exportadora: peso que o valor das exportações tem no PIB de uma economia. Grau de Abertura da Economia ao Exterior: peso que o comércio com o exterior tem na economia nacional. ______________________________________________________________________________________ Nota: • quanto maior for este índice, mais aberta é a economia. Balança de Transferências correntes ou rendimentos secundários: balança onde estão inseridas as transferências privadas, como por exemplo as remessas dos migrantes, e as transferências públicas, como os fundos da União Europeia. No caso de Portugal, esta balança tem registado valores positivos devido às remessas dos emigrantes. Balança Corrente = Balança de Bens + Balança de Serviços+ Balança de Rendimentos Primários+ Balança de Transferências correntes ou rendimentos secundários 10.2.2. A Balança de Capital Saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital: representa a capacidade ou necessidade de financiamento de uma economia, isto é, se o país é, respetivamente, credor ou devedor em relação ao Resto do Mundo. Saldo conjunto = balança corrente+ balança de capital • Quando o saldo conjunto destas duas balanças apresenta um valor negativo, a economia do país em causa tem necessidade de financiamento. • Quando o saldo conjunto destas duas balanças apresenta um valor positivo, a economia do país em causa tem capacidade de financiamento. ______________________________________________________________________________________ Nota: • o sinal da balança financeira vai ser sempre o oposto do saldo conjunto. ______________________________________________________________________________________ 10.2.3. A Balança Financeira A Balança Financeira inclui as seguintes rubricas: • Investimento direto, como por exemplo o investimento direto em Portugal; • Investimento de carteira, como por exemplo a compra de ações no estrangeiro; • Ativos de reserva, como por exemplo a aquisição pelo Banco de Portugal de títulos em dólares no estrangeiro; • Derivados financeiros, as transações destes derivados; • Outro investimento, como por exemplo um empréstimo concedido por um banco estrangeiro. Saldo da balança financeira= saldo conjunto das balanças correntes e de capital+ erros e omissões ______________________________________________________________________________________ Nota: • quando o saldo da balança financeira é superior a zero, a economia em análise tem necessidade de financiamento. • quando o saldo da balança financeira é inferior a zero, a economia em análise tem capacidade de financiamento Balança de pagamentos= balança corrente+ balança de capital+ balança financeira+ erros e omissões Balança de pagamentos= zero 10.3. As políticas comerciais e a Organização do Comércio Mundial Protecionismo: política que visa a proteção da economia nacional através de barreiras alfandegárias Além de outros instrumentos Embargo comercial: forma de contingentação dado que proíbe a entrada de um bem. Outros instrumentos: • subsídios às exportações, tornando os bens são exportados mais baixos; • dumping, vendendo bens a preços inferiores no mercado externo aos que são praticados no mercado interno; • desvalorização da moeda, a moeda perde valor aquisitivo tornando as importações mais caras e as exportações mais baratas/competitivas. Livre-cambismo: política do comércio externo que defende a liberalização das trocas, justificando a como estratégia de desenvolvimento das respetivas economias, ou seja, defende as trocas comerciais com o exterior sem qualquer entrave. Teoria das vantagens absolutas: um país tem vantagens absolutas na produção de um bem quando faz de forma mais barata do que os outros países. Deve então especializar-se na produção e exportação desse bem. Assim, o país troca o excedente criado por bens em que não têm vantagens absolutas. Princípio das vantagens comparativas: na troca entre países, um deles poderá ter vantagem absoluta na produção de 2 bens. Então, o país em desvantagem deverá especializar-se na produção do bem em que é menos e eficiente. Organização Mundial do comércio (OMC): organização constituída por cerca de 164 países que representam cerca de 98% das trocas mundiais. Esta organização defende a liberalização progressiva das trocas internacionais. O seu principal objetivo é regular o comércio entre os Estados membros através de acordos negociados e subscritos pela maioria dos países Barreiras alfandegárias: entraves às importações barreiras tarifárias: consistem em tarifas ou custos a que os bens e serviços importados estão sujeitos. Exemplo: direitos aduaneiros barreiras não tarifárias: impõem limites quantitativos a bens e serviços importados. Exemplo a contingentação. Consiste no limite ao volume de um bem importado. Os princípios desta organização são: • Princípio da não discriminação. Não se pode discriminar países. Se o país A beneficia país B, também tem de beneficiar C,D,E,… . • Princípio da previsibilidade. As regras e o acesso ao mercado Internacional é do conhecimento de todos. • Princípio do tratamento especial a países em desenvolvimento. Os países em desenvolvimento podem ter benefícios no comércio com os desenvolvidos, como vantagens aduaneiras. • Princípio da proibição de restrições quantitativas. São proibidas as quotas e impedimentos de importação. Os países protecionistas podem recorrer a direitos aduaneiros caso a situação esteja prevista no comércio com outros. Criação de comércio: verifica-se quando o comércio vem substituir uma produção interna, havendo assim um aumento do mesmo em resultado da abolição das tarifas aduaneiras. Desvio de comércio: verifica-se quando os fluxos de comércio se deslocam de determinados países para outros em resultado da abolição de tarifas aduaneiras. 11. A intervenção do Estado na economia 11.1. Funções e organização do Estado Estado: sociedade politicamente organizada, fixa em determinado território que lhe pertence (que lhe é privativo) tendo como características a independência e a soberania. Elementos constituintes do Estado: • Povo: Conjunto de pessoas ligadas por laços de nacionalidade; • Território: Espaço geográfico que inclui o solo, o subsolo, o espaço aéreo e o espaço marítimo; • Órgãos de soberania: Poder político inerente ao Estado. Funções do Estado Funções Jurídicas Funções Não Jurídicas • Função legislativa • Função executiva • Função judicial • Função política • Função económica • Função social Função legislativa: elaboração do conjunto de normas jurídicas constituídas pelas leis constitucionais e pelas leis ordinárias (sendo estas últimas inferiores e hierarquicamente às primeiras). Função executiva: concretização das leis e isso execução de resoluções tomadas. Função judicial: administração da justiça de acordo com a lei. Função política: garantir a satisfação dos interesses gerais da comunidade, como a defesa, segurança e justiça. Função económica: quando o Estado atua como dinamizador ou regulador da atividade económica de um país. Função social:criar as condições necessárias ao bem-estar da comunidade garantindo padrões mínimos de vida aos cidadãos (exemplo: salário mínimo). Presidente da República Assembleia da República Governo Tribunais função política função legislativa função executiva função judicial Organização do Estado português Presidente da República: • Eleito a cada 5 anos por sufrágio direto universal; • Tem uma função política; • Necessita de uma maioria absoluta para poder exercer funções. Governo: • Eleito a cada 4 anos por sufrágio indireto; • Normalmente é constituído pelo partido mais votado na Assembleia da República; • Necessita de uma maioria absoluta para poder exercer funções; • Tem uma função executiva e política. Assembleia da República: • Órgão de soberania constituído por 180 a 230 deputados; • Eleita a cada 4 anos como o governo; • Além de uma função política tem também as funções legislativa e executiva. Tribunais: • Órgão com competência de fazer justiça em nome do povo respeitando a lei; • Tem apenas a função judicial. Setor Público Setor Público Empresarial (SPE) Setor Público Administrativo (SPA) Setor Empresarial Local Setor Empresarial do Estado • administração central • administração regional • administração local • segurança social • fundos autónomos Empresas públicas Empresas participadas SPA: Conjunto de serviços que o Estado presta no desempenho das suas atividades tradicionais de modo a maximizar a satisfação das necessidades coletivas, não havendo fins lucrativos. SPE: Tem por objetivo produzir bens e serviços, com fins lucrativos, em sectores considerados fundamentais para a Economia e que não despertam interesse aos particulares, quer pela pouca rentabilidade, quer pelos avultados custos de implementação. Empresas públicas: empresas cuja propriedade é do Estado, ou seja, o Estado que tem mais do que 50% do capital. Empresas participadas: empresas que não são públicas, mas o Estado detém uma parte do capital (<50%). Nacionalizações: transferência da propriedade de uma empresa para o Estado. Exemplo: TAP. Fatores que justificam as nacionalizações: • Importância da empresa; • Má gestão ou administração da empresa; • Não satisfação das necessidades coletivas; • Possível falência da empresa pondo muitos trabalhadores no desemprego ou em risco do mesmo. Privatizações: o Estado desfaz-se de uma parte ou mesmo da totalidade do capital de uma empresa pública, passando a empresa para as mãos de privados. 11.2. A intervenção do Estado na atividade económica Funções económicas e sociais: o estado tem como função garantir a eficiência, a equidade e a estabilidade. Eficiência: utilização do mínimo de recursos na produção de bens e serviços de forma a obter-se um mínimo de custo. Estabilidade: redução das flutuações da atividade económica para que esta estabilize. Equidade: promoção de uma repartição do rendimento mais equilibrada, sem acentuadas desigualdades sociais. Assim garante a igualdade de oportunidades e a justiça social, corrigindo o mercado. Falhas de mercado: • Bens públicos (devido às suas características, a sua produção não é apelativa aos privados); • Externalidades (de modo que as negativas diminuam e as positivas aumentem); • Concorrência imperfeita (demasiado poder no preço de um bem). Estado liberal: Defende que o peso do Estado na atividade económica é mínimo, apenas em atividades como, por exemplo, a defesa; Estado intervencionista: Defende a intervenção do Estado na atividade económica, embora com moderação, para que o sector público não assuma um peso relativamente elevado na economia; Estado-providência: Defende a intervenção do Estado na atividade económica de forma a corrigir eventuais falhas de mercado. Intervenção na esfera social, desenvolvendo um esquema de proteção social até aí inexistente. 11.2.1. Instrumentos de intervenção económica e social do Estado Instrumentos de intervenção económica e social do Estado: • Planeamento económico; • Orçamento do Estado; • Políticas económicas e sociais. Planeamento económico: instrumento que o estado dispõe para articular as diferentes iniciativas a fim de potenciar as capacidades da economia e, assim, maximizar a satisfação das necessidades com um menor custo. este pode ser de caráter indicativo, planos orientadores para as empresas privadas que podem escolher não seguir, ou de caráter imperativo, planos impostos às empresas públicas e que têm de ser seguidos. Orçamento do Estado: documento onde são previstas as despesas e receitas do Estado para um determinado período de tempo, geralmente um ano. Tanto as despesas como as receitas públicas têm grande impacto na atividade económica. Despesas: • Correntes, fazem-se ao longo de 1 ano e são de caráter ordinário; • De capital, fazem-se durante um ano mas os seus efeitos perduram por mais tempo sendo assim de natureza extraordinária. Efeitos: Receitas: • Coativas, prestações pecuniárias exigidas aos particulares; • Patrimoniais, venda de património do Estado; • Creditícias, empréstimos que o estado contrai originando dívida pública As receitas, à semelhança das despesas, também podem ser classificadas como: • Correntes (impostos, taxas, multas); • De capital (venda de património). Impostos: prestações pecuniárias, coativas, unilaterais e sem carácter de sanção. Taxas de: prestações pecuniárias, coativas, bilaterais e carácter de sanção. Multas: prestações que pecúnias, coativas, unilaterais e com carácter de sanção Efeitos: + Vencimentos + Subsídios + RDP + Procura + Lucros + Consumo + Investimento + PIB + Impostos - RDP - Procura - Lucros - Consumo - Investimento - PIB Impostos progressivos: quando é aplicada uma taxa maior sobre os rendimentos mais elevados. São um instrumento para diminuir as desigualdades sociais e promover a equidade. Exemplo de: IRS. impostos regressivos: por exemplo, o IVA tem uma taxa fixa e assim tem o maior peso no rendimento das famílias com menores rendimentos. Saldo orçamental= receitas – despesas saldo orçamental global= (receitas - emissão de dívida) – (despesas – amortizações) saldo orçamental Primário = receita – (despesa – Juros) saldo orçamental em percentagem do PIB = (saldo orçamental / PIB) x 100 saldo corrente= receitas correntes-despesas correntes saldo de capital= receitas de capital-despesas de capital Situações de saldo: • Superavit: R > D • Défice: R < D • Equilíbrio: R = D Dívida pública: total de empréstimos realizados ao Estado após a verificação de um défice. A dívida pública pode ser classificada segundo 2 critérios: • quanto à origem: o interna o externa • quanto ao prazo: o fundada, médio/longo prazo, o flutuante, curto prazo. Políticas económicas e sociais: são ações que os Estados intervencionistas desenvolvem para alcançar objetivos, adotando medidas usando instrumentos macroeconómicos. estas políticas podem ser conjunturais (curto prazo) ou estruturais (médio e longo prazo). Política fiscal: decisões relativas aos gastos e à obtenção de receitas do Estado. Défice orçamental financiamento/empréstimos dívida pública Famílias com maiores rendimentos Famílias como menores rendimentos + Imposto - Imposto = Imposto = Imposto + Equidade - Equidade A política fiscal pode ser expansionista (expansão/dinamização da economia através da diminuição de impostos) ou restritiva (contração da economia através do aumento de impostos). Política orçamental: o uso deste despesas e receitas públicas (orçamento de Estado) para influenciar a evolução da economia podendo assim ser restritiva (atuando numa situação expansionista)ou expansionista (atuando numa situação restritiva). Política monetária: assegurar a estabilidade monetária e regular a liquidez, potenciando o crescimento económico, gerando emprego e uma inflação controlada. Perante uma situação expansionista e recorrendo a uma política orçamental, o Estado pode diminuir os impostos e as contribuições para a segurança social aumentando assim os salários e as transferências sociais. Com estes últimos aumentos irá ser provocado um aumento no consumo e no investimento seguido de um aumento da procura podendo até mesmo causar uma situação inflacionista. Durante uma situação restritiva, o estado pode recorrer a um aumento dos impostos e das contribuições para a segurança social provocando uma diminuição do RDP. esta diminuição irá causar uma diminuição no consumo investimento seguir de uma diminuição na procura acabando com uma diminuição do preço dos bens. 12. A economia portuguesa no contexto da União Europeia 12.1. Noção e formas de integração económica Integração económica: integração de economias nacionais em espaços económicos mais vastos ultrapassam fronteiras (através da eliminação de barreiras à livre circulação). Formas de integração económica 1. Sistema de preferências aduaneiras: países que, fazendo parte do sistema, conseguem vantagens aduaneiras entre si. Exemplo: Commonwealth. 2. Zona de comércio livre: zona em que a livre circulação de mercadorias entre os países pertencentes e em que cada um define a sua pauta aduaneira com países terceiros. exemplo: EFTA 3. União aduaneira: zona em que, além da livre circulação de mercadorias, é aplicada uma pauta aduaneira comum relativamente ao comércio com países terceiros. Exemplo: União aduaneira da África Austral (SACU) 4. Mercado comum/único: a livre circulação de mercadorias estende-se à livre circulação de pessoas, capitais e serviços. Exemplo: Mercosul. 5. União Económica: tipo de integração em que além de conter um mercado comum também tem poder para adotar políticas económicas e sociais comuns a todos os Estados membros. Exemplo: União Europeia. (1) (2) (3) (4) (5) (6) 6. União política: as políticas comuns vão substituindo as políticas nacionais dos Estados membros, verificando-se a progressiva transferência dos poderes soberanos para órgãos supranacionais que exercem na soberania comum. Soberania comum/partilhada: coexistência dos poderes soberanos dos Estados nacionais com os poderes transferidos pela vontade dos Estados para órgãos supranacionais. 12.2. O processo de integração na Europa História Alargamentos O euro (União Económica e monetária): • criada em 1999 como moeda escritural (para fins contabilísticos); • entra em circulação sob a forma de moedas e notas em 2002; •Zona de Comércio Livre •(1951- Tratado de Paris) CECA •União Aduaneira •(1957- Tratado de Roma) CEE e Euratom •Mercado Comum •(1986- Ato Único Europeu) CEE- Mercado Comum •União económica e monetária •(1992- Tratado de Maastricht) União Europeia • Começa por circular entre 19 países: França, Alemanha, Itália, Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Irlanda, Áustria, Finlândia, Portugal, Espanha, Grécia, esloveno, Chipre, Malta, Eslováquia, História, Letónia e Lituânia; • Moeda forte a nível Internacional, tornando-se uma moeda mundial atraente como dólar norte americano e o iene japonês. Critérios para aderir à zona euro (critérios de convergência): • Estabilidade dos preços (taxa de inflação inferior em 1.5 p.p. relativamente à média dos 3 melhores resultados); • Finanças sólidas (défice orçamental inferior 3% do PIB); • Finanças sustentáveis (dívida pública inferior a 60% do PIB); • Estabilidade cambial (participação no mecanismo de taxa de câmbio durante os 2 anos anteriores à entrada na união económica e monetária); • Sustentabilidade da convergência (as taxas de juro de longo prazo não poderão exceder em 2 p.p. percentuais as verificadas nos 3 países com melhores resultados). Gestão da UEM: • Sistema europeu de bancos centrais (SEBC): constituído pelo BCE e pelos bancos centrais da União Europeia. • Eurossistema: constituído pelo BCE e pelos bancos centrais da zona euro • Banco Central Europeu (BCE): instituição que define a política monetária para a zona euro com objetivo de estabilizar os preços. • Eurogrupo: fórum constituído pelos ministros da economia e finanças dos países da zona euro, BCE e Comissão Europeia. • Ecofin: Conselho que integra os ministros da economia e finanças dos países da UE e a Comissão Europeia. Define linhas orientadoras para a economia e coordena as políticas económicas no espaço europeu Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC): acordo que estipula regras relativamente ao compromisso para o cumprimento dos critérios de convergência de Maastricht. as regras são: défice orçamental limitado nos 3% do PIB e dívida pública limitada NOS 60% do PIB. Cidadania Europeia (direitos): • direito de circulação e permanência; • direito ao voto e elegibilidade (nas autárquicas e europeias); • direito à proteção diplomática; • direito de petição ao Parlamento europeu. 12.3. Desafios da União Europeia na atualidade Instituições da União Europeia • Comissão Europeia: propõe a legislação europeia e executa-a. É a guardiã dos tratados anteriormente assinados. • Conselho Europeu: fim na orientação política da UE. • Conselho da União Europeia: aprova, junto com Parlamento, a legislação europeia. • Parlamento Europeu: modifica e aprova a legislação europeia. • Tribunal de justiça: salvaguarda o direito europeu. • Tribunal de contas: controla as finanças europeias. • BCE : define a política monetária e gere o euro. • Comité das regiões: órgão de consulta sobre questões relativas às regiões da UE. • Comité Económico-social: órgão de consulta sobre questões socioeconómicas. • Banco Europeu de investimento: financia projetos de desenvolvimento das regiões menos desenvolvidas. • Provedor de justiça: investiga as queixas relativas a um mau funcionamento das instituições europeias alegadamente. Os valores da União Europeia: valores que são partilhados pelos países membros da UE que são: democracia, estado de direito e respeito pelos direitos humanos. A importância dos valores é questão determinante para a União, sendo a sua aceitação condição necessária para aderir à União Europeia. Orçamento da União Europeia: instrumento financeiro da União Europeia, onde estão previstas as despesas e as receitas para 1 ano. A proposta é elaborada pela Comissão Europeia sendo depois aprovada pelo Parlamento europeu e Conselho europeu. Após a sua aprovação, e isso são está ao encargo da Comissão Europeia e a sua gestão pelo Tribunal de contas. As receitas comunitárias são: • Direitos cobrados nas importações de países terceiros; • contribuição do IVA; • princípio da solidariedade financeira; • coimes/sanções aplicadas pela Comissão; • impostos pagos pelo pessoal das instituições. Princípio da solidariedade financeira: Transferência para as regiões menos desenvolvidas de meios financeiros que são contributos de todos os Estados membros, em particular daqueles que têm maior RNB. Quadro financeiro plurianual: plano de despesas a longo prazo onde são inscritos os orçamentos anuais. Permite à União Europeia estabelecer os seus programas de financiamento com anos de antecedência. Fundos europeus estruturais e de investimento (FEEI): instrumentos financeiros da União Europeia que visam promover o investimento e o emprego, apoiar o desenvolvimento económico dos Estados Membros e reduzir as desigualdades de desenvolvimento entre países e regiões da União Europeia. Tipos de fundos europeus estruturais e de investimento: • Fundo Social Europeu (FSE); • Fundo Europeu de desenvolvimentoregional (FEDER); • fundo de coesão (FC); • Fundo Europeu agrícola para o desenvolvimento rural (FEADER); • Fundo Europeu dos assuntos marítimos e das pescas (FEAMP). Políticas europeias Fundos europeus utilizados Política regional FEDER, FSE e FC Política agrícola comum FEADER Política comum das pescas FEAMP Política social FSE Políticas para o desenvolvimento sustentável todos Coesão económica e social: redução das desigualdades de desenvolvimento entre as regiões da União Europeia e a sua convergência com os Estados Membros mais prósperos. Regiões menos desenvolvidas: PIB per capita < 75% do PIB médio da União Europeia Regiões em transição: 75% do PIB médio < PIB per capita < 90% do PIB médio. Regiões mais desenvolvidas: PIB per capita > 90% Do PIB médio da União Europeia. Vantagens e desvantagens das integrações económicas • Vantagens: o Economias de escala; o Vantagens comparativas; o Inovação tecnológica; o Eficácia na gestão de recursos; o Crescimento económico. • Desvantagens: o Quebra de receitas; o Perda de instrumentos de política económica; o Perda de soberania para órgãos supranacionais. Convergência real: Aproximação das condições de vida, económicas e sociais em todas as regiões da União. Os fatores que determinam esta convergência são a produtividade, a competitividade e o desempenho económico.