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PEQUENO HISTÓRICO DA SAÚDE E A FISIOTERAPIA MODERNA NovaFisio

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PEQUENO HISTÓRICO DA SAÚDE E A
FISIOTERAPIA MODERNA
2 Comentários / Artigos Cientí�cos de Fisioterapia / Por Revista F&T
RODRIGO SILVA GARCIA 
Trabalho de conclusão de curso apresentado 
como exigência parcial para obtenção do 
Diploma de Graduação em Fisioterapia do 
Centro Universitário Monte Serrat – 
UNIMONTE. 
Orientador: Prof. Ms. Sérgio Paulo Jozely de 
Souza 
EXAMINADORES 
___________________________________________________________________ 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço aos meus familiares, amigos e professores, em especial ao meu 
orientador nesta pesquisa, Prof. Ms. Sérgio Paulo. 
“O conhecimento é pedra bruta a 
ser lapidada, cabe a nós fazê-la 

https://www.novafisio.com.br/category/artigos-cientificos/
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https://www.revistafisioeterapia.com.br/
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diamante”. 
Autor desconhecido 
RESUMO 
A Fisioterapia, nos diferentes períodos de sua história, passou por transformações que 
foram importantes para sua inserção e atuação na área da saúde. Porém, embora 
exista grande enfoque na história da �sioterapia no Brasil, encontram-se poucos 
estudos, com referência à Antiguidade, enfocando cada civilização, que façam uma 
interface histórica da saúde como um todo e a �sioterapia atual. Aprofundar o 
conhecimento sobre as nossas escolhas pessoais tem importância indiscutível. Essa 
premissa própria fundamenta o presente estudo, cujo objetivo é agregar conhecimento 
cientí�co nas questões pertinentes à evolução da saúde enfocando os caminhos que 
em caráter somatório levaram ao que hoje conhecemos como a �sioterapia moderna. 
Baseado em pesquisa bibliográ�ca, onde se utiliza a didática da periodização clássica, 
procurar-se-á eleger fontes de cunho historiográ�co que, se baseando na Nova 
História, possam fornecer dados importantes na elaboração de respostas a 
questionamentos que fazem parte do contexto social e pro�ssional do Fisioterapeuta, 
assim como salientar os elementos que permeiam sua função perante a sociedade 
contemporânea. Durante esse processo, �ca evidenciado que a carência de estudos 
cientí�cos voltados a esse assunto pode di�cultar o entendimento �el das bases 
históricas da pro�ssão pelos acadêmicos, assim como não permitir uma adequada 
dimensão em relação à sua importância nos planos de ensino institucionais, deixando 
clara a necessidade de se fomentar pro�ssionais acerca do aprofundamento nos 
estudos históricos da �sioterapia. 
Palavras-chave: História, Saúde, Periodização, Fisioterapia. 
ABSTRACT 
The Physiotherapy, in the different periods of its history, passed for transformations that 
had been important for its insertion and performance in the area of the health. However, 
even so great approach in the history of the physiotherapy in Brazil exists, few studies 
meet, regarding to the Antiquity, focusing each civilization, that make a historical 
interface of the health as a whole with the current physiotherapy. To deepen the 
knowledge on our personal choices has unquestionable importance. This proper 
premise bases the present study, whose objective is to add scienti�c knowledge in the
pertinent questions to the evolution of the health being focused the ways that in 
somatory character had led what today we know as the modern physiotherapy. Based in 
bibliographical research, where if it uses the didactics of the classic periodization, it will 
be looked to choose sources of historiographys matrix that, if basing on New History, 
can supply given important in the elaboration of answers the questionings that are part 
of the social and professional context of the Physiotherapist, as well as pointing out the 
elements that permeated its function before the society contemporary. During this 
process, he is evidenced that the lack of directed scienti�c studies to this subject, can 
make it dif�cult the faithful agreement of the historical bases of the profession for the 
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academics, as well as not allowing one adequate dimension in relation to its importance 
in the institutionals plans of education, leaving clear the necessity of if fomenting 
professionals concerning the deepening in the historical studies of the physiotherapy. 
Keywords: History, Health, Periodization, Physiotherapy. 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………………………………….09 
2 AS GRANDES CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE E A SAÚDE…………………….11 
2.1 O Antigo Egito…………………………………………………………………………………….12 
2.2 Mesopotâmia – o berço da civilização ……………………………………………………13 
2.3 A civilização chinesa ……………………………………………………………………………16 
2.3.1 A medicina chinesa……………………………………………………………………..17 
2.3.1.1 A acupuntura …………………………………………………………………………..17 
2.4 A cultura greco-romana e sua contribuição à saúde…………………………………18 
3 ALTA E BAIXA IDADE MÉDIA – DAS ‘TREVAS’ À LUZ DA COMPREENSÃO..24 
4 IDADE MODERNA – NOVO AVANÇO À SAÚDE………………………………………….26 
5 IDADE CONTEMPORÂNEA – O DESPERTAR DA FISIOTERAPIA………………..28 
6 A FISIOTERAPIA NO BRASIL……………………………………………………………………30 
6.1 A Segunda Guerra Mundial como importante fator de desenvolvimento ……..31 
6.2 Os progressos obtidos pela associação da �sioterapia …………………………….35 
6.3 O sistema COFFITO-CREFITOS…………………………………………………………..37 
6.4 O per�l do �sioterapeuta no estado de São Paulo……………………………………40 
7 DISCUSSÃO…………………………………………………………………………………………….42 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………………………………..43 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………………………….45 
9 
1 INTRODUÇÃO 
Partindo da premissa que a situação atual da �sioterapia no Brasil é fruto de sua 
história, de sua evolução e conquista, entende-se que conhecer este trajeto permite 
entender os problemas atuais que alertam sobre os erros cometidos no passado. 
A pesquisa das bases históricas da pro�ssão funde-se aos princípios da Saúde e 
seu desenvolvimento mundial através do tempo, nascendo assim, a proposta deste 
trabalho. 
Observa-se que, desde a sua origem até a atualidade, são largos os passos em 
direção a uma formação diferenciada em relação às ciências sociais e humanas. 
Porém, de acordo com Nicida (2004), disciplinas como História da Fisioterapia, 
Fundamentos e Ética, infelizmente sofrem um grande desprestígio, tanto por parte dos 
alunos quanto dos próprios professores e instituições Essa realidade pode ser re�exo 
de uma formação com base centrada no modelo tecnicista e curativo. 
Este estudo fundamenta-se numa investigação de cunho bibliográ�co e utiliza 
como referencial a Periodização Clássica da História. Propõe-se dissertar sobre as 
questões ligadas à Saúde e à preocupação com o bem estar geral de um povo, onde o 
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caráter preconceituoso com cada civilização, seus costumes e credos devem ser 
colocados à margem para a efetividade do estudo do período histórico condizente. 
Deste modo percebemos que necessidade da manutenção da vida foi o 
mecanismo que impulsionou a obtenção do conhecimento do corpo humano e cada 
civilização criou e aprimorou condutas para a viabilização da saúde e bem estar; na 
tentativa e erro se formalizou uma conduta e, a partir desta conduta, um tratamento 
para um determinado temor. 
Segundo Rosa Filho (2004), com o passar dos séculos a modalidade da 
reabilitação foi tornando-se cada dia mais necessária para a sociedade, principalmente 
após o adventoda Idade Moderna. A Fisioterapia propriamente dita pode ser dividida 
em quatro fases distintas:
a) Empírica – Vai até o século XIX. Foi até este século empírica e não cientí�ca; 
10 
b) Eletroterapia – II Guerra Mundial. Fase Biológica. Utilização da Iontoforese e 
Galvanização; 
c) Fisioterapia – Entre a I e II Grande Guerra; 
d) Fisioterapia Reabilitacional – Mutilados de guerra. Era preciso absorver 
essas pessoas para o trabalho para que se reintegrassem à sociedade. 
As fases serão inclusas no decorrer da elucidação do tema, procurando não fugir 
da Periodização Clássica e visando uma maior homogeneidade dos assuntos. 
11 
2 AS GRANDES CIVILIZAÇÕES DA ANTIGUIDADE E A SAÚDE 
A periodização da História refere que a Antiguidade compreende o período da 
Idade da Pedra, que se divide em Paleolítico, Mesolítico e Neolítico. 
Segundo Ribeiro Júnior (2004), a doença é mais antiga que o homem. As
bactérias que são os principais agentes causadores de doenças existem há pelo menos 
3,8 bilhões de anos. Nosso mais antigo ancestral com evidências de doença óssea era 
um homo erectus de 800.000 anos atrás.
Os homens da Idade da Pedra eram acometidos pelas mesmas doenças que o 
homem moderno. Eram bons observadores, e descobriram a estrutura e função básica 
de alguns órgãos, como o coração, e a ação medicinal das plantas, porém atribuíam a 
causa das doenças a poderes sobrenaturais existentes na natureza, de alguma forma 
relacionados à terra e aos animais (RIBEIRO JÚNIOR, 2004). 
Os primeiros praticantes da Medicina devem ter sido os feiticeiros, que utilizavam 
nos tratamentos agentes físicos como o frio e o calor, aplicavam plantas medicinais, 
realizavam cirurgias, como a trepanação craniana, e realizavam rituais de cura 
(RIBEIRO JÚNIOR, 2004). 
Segundo Shestack (1979 apud REBELATO, 2004), os médicos na Antiguidade 
conheciam os agentes físicos e os empregavam em terapia. Já utilizavam a 
eletroterapia, sob a forma de choques com um peixe elétrico, no tratamento de certas 
doenças. 
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Segundo Rebelato (2004), ainda nessa época, a China registra obras de 
cinesioterapia em 2698 a.C. Na mesma época na Índia usa-se de exercícios 
respiratórios para evitar a constipação. 
A vasta literatura refere que o domínio da agricultura foi a principal causa para o 
�m da vida nômade e através da sociabilização nasciam as grandes civilizações 
antigas. 
12 
2.1 O Antigo Egito
Durante milênios, o atual deserto do Saara foi uma região de savanas, habitada 
por caçadores e pescadores e posteriormente por agricultores e criadores de gado. 
Uma mudança climática provocou o ressecamento do terreno, sendo responsável pela 
formação dos atuais desertos na região. Na medida em que a deserti�cação avançava, 
parcelas crescentes de populações, vindas de todos os quadrantes, instalavam-se nas 
margens do rio Nilo. O Nilo é um rio de águas perenes, encravado no meio do deserto. 
Suas cheias anuais fertilizavam as terras localizadas no seu delta e nas suas margens 
(ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
O Egito pode ser considerado uma das chamadas “civilizações �uviais”, 
semelhante à civilização mesopotâmica, que cresceu no vértice formado pelos rios 
Tigre e Eufrates, à civilização chinesa que se concentrou em torno do rio Yang-tzu e à 
civilização do rio Indo no subcontinente indiano. Com freqüência, fala-se do Egito como 
um “milagre do Nilo”, como se toda a riqueza de sua cultura se devesse apenas ao 
favorecimento da natureza. Mas o Egito se assemelha a todas essas civilizações que 
puderam surgir e se desenvolver sob um governo centralizado graças não só a um 
grande rio, mas também aos milhares de homens que usaram seu engenho e sua força 
de trabalho para organizar os serviços agrícolas e resolver o problema humano da 
fome. Sem a centralização administrativa e a divisão do trabalho isso seria impossível 
(ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Várias divindades relacionavam-se com a medicina; a mais importante foi
Imhotep (-2700/-2625), originariamente arquiteto e alto funcionário (“ministro”) da corte 
do faraó Neterierkhet-Djeser, posteriormente divinizado (RIBEIRO JÚNIOR, 2004). 
Sobre a atenção em Saúde pode-se a�rmar que os egípcios antigos se 
utilizavam de conhecimentos empíricos e crenças. O coração era o centro do sistema 
circulatório, sabia-se que a função vital residia na respiração e na circulação do sangue. 
O estado natural era a saúde, a doença era uma punição divina ou ação dos 
mortos. Se a causa era visível (uma fratura, por exemplo), tratava-se através de 
conhecimentos adquiridos empiricamente, como manobras de redução, minerais e 
13 
vegetais. Se a causa era invisível (uma artrite, por exemplo) era tratada com poções 
mágicas, encantamentos, rituais (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Alguns papiros encontrados protocolam condutas de tratamento para 
determinadas doenças. Exempli�cando, o papiro de Ébers e Chester Beatty V, o 
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primeiro contendo mais de 700 condutas e com uma descrição precisa do sistema 
circulatório (BAPTISTA et al., 2003). 
Uma das áreas de maior desenvolvimento foi a oftalmologia. Isso se dava ao fato 
das doenças oculares serem muito freqüentes. Em especial a chamada “cegueira do 
deserto”, hoje conhecida como tracoma, mal causado pela bactéria Chlamydia 
trachomatis. Outra contribuição expressiva foram os conhecimentos sobre anatomia 
gerados a partir da manipulação dos corpos durante o embalsamento e a mumi�cação. 
Foi durante esses procedimentos que os egípcios descobriram detalhes de 
funcionamento e disposição dos órgãos até então desconhecidos (BAPTISTA et al., 
2003). 
2.2 Mesopotâmia – O berço da civilização 
Mesopotâmia é uma palavra que vem do grego e signi�ca “entre rios” (mésospotamós). 
Designa a região compreendida entre os vales do rio Tigre e do rio Eufrates. 
Esta região faz parte do chamado Crescente Fértil, uma área em formato de lua 
crescente, considerada excelente para a agricultura, embora esteja cercada por terras 
áridas. Esta região �cou conhecida como o “berço da civilização”, pois nela surgiram as 
primeiras sociedades dotadas de escrita e de uma estrutura social complexa no quarto 
milênio a.C.. Ela está localizada na área do atual Iraque (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 
1995). 
A Mesopotâmia não era uni�cada politicamente. Tratava-se de uma série de 
cidades-estados independentes, que se agregaram ao longo do vale do Tigre e do 
Eufrates. Como o Egito, a Mesopotâmia dependia da agricultura irrigada, com o 
14 
agravante de que o vale mesopotâmico era muito menos fértil e mais árido do que o 
vale do Nilo (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Os mesopotâmicos atingiram um alto nível técnico para a época, principalmente 
na metalurgia. As tumbas da elite suméria e babilônica estavam repletas de objetos de 
cobre, bronze, ouro e prata, trabalhados com técnicas variadas e ricamente 
ornamentados. Atingiram também um alto desenvolvimento na astronomia e astrologia. 
Aliás, o céu e os símbolos associados ao céu são de extrema importância na cultura 
mesopotâmica. Os grandes templos mesopotâmicos, os zigurates, guardam uma 
analogia com o céu. Eles são considerados passagens entre o céu e a terra 
(ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Os conceitos terapêuticos baseavam-se na crença de que todos os fenômenos, 
tanto os terrenos como os cósmicos, se encontravam estreitamente unidos e 
subordinados à vontade dos deuses. Esta visão traduziu-se na importância dada ao 
estudo dos movimentos celestes como forma de predizer o futuro, nomeadamente no 
que respeita à saúde. Toda doença e cura se explicavam através de uma complexa 
relação entre deuses,deuses protetores e demônios. Este conceito deu origem ao 
duplo signi�cado do termo grego pharmakon, do qual derivou posteriormente fármaco e 
farmácia, e que tinha simultaneamente o sentido de medicamento e veneno, devido à 
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acepção inicial de feitiço. Estes conceitos in�uenciaram as idéias, tanto ao nível popular 
como erudito, sobre patologia durante muitos séculos, nomeadamente durante a Idade 
Média no mundo cristão e persistiram sob várias formas até aos nossos dias 
(ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Várias causas naturais são conhecidas, mas consideradas acessórias. Os 
espíritos malignos causadores de doenças, os Edimmu ou Ekimmu, são os espíritos 
dos mortos que não conseguiram descansar, os mortos por enterrar, a que não se 
dedicavam oferendas ou que não tinham cumprido a sua missão na terra, os Lilû, 
Lilîtinou e Ardatlilî (resultantes da união entre demônios e humanos) ou outros deuses 
inferiores ou diabos. Entre estes, Nergal, causador da peste, Ashakku, da febre, Ti’u, 
das cefaléias ou Sualu, responsável pelas doenças do peito. Desta visão resultavam 
práticas especí�cas de diagnósticos e terapêuticas. O objetivo do diagnóstico consistia 
15 
em saber que pecado o doente cometera, que demônio se apoderara do seu corpo e 
quais os propósitos dos deuses, por técnicas de adivinhação (BOUZON, 1999). 
Alguns aspectos da mitologia mesopotâmica e egípcia relacionados com a saúde 
surgem igualmente na mitologia e na medicina greco-romanas. Assim, a utilização da 
serpente como símbolo médico, farmacêutico teve a sua origem na lenda do herói 
Gilgamesh, a qual parece basear-se na �gura de um rei sumério do 3º milênio. Segundo 
a lenda, em um dos muitos episódios das suas aventuras, Gilgamesh mergulha até ao 
fundo dos mares para colher a planta da eterna juventude. Ao regressar, num momento 
de distração, uma serpente rouba-lhe a planta e ao engoli-la rejuvenesce mudando a 
sua pele. A sociedade era regida por códigos de leis, e dentre eles o mais conhecido é 
o código de Hammurabi. No texto conhecido como “Autopanegírico de Hammurabi”, o 
rei Hammurabi (apud BOUZON, 1999) assim se descreve: 
“Para que o forte não oprima o fraco, para dar direitos ao órfão e à 
viúva, na Babilônia […] minhas preciosas palavras eu as escrevi sobre minha 
Estela e �xei-as frente à minha imagem de rei do direito, para julgar as causas 
de julgamento do país, para decidir as decisões do país, para fazer justiça ao 
oprimido. Eu sou o rei que transcende entre os reis, minhas palavras são 
escolhidas, minha inteligência não tem rival […]” 
Mas quem era Hammurabi? Hammurabi foi um chefe militar, que terminou a 
conquista de Sumer e Akkad, assegurando a hegemonia da Babilônia sobre a 
Mesopotâmia. Após as conquistas, Hammurabi tornou-se rei e sua preocupação 
principal era uni�car as leis mesopotâmicas para, desta forma, garantir a unidade do 
Império babilônico (BOUZON, 1999). 
É conhecido por estabelecer o primeiro código de ética médica e baseando-se 
nele surge a Lei de Talião, encontrada nos textos bíblicos do antigo testamento que 
estabelece uma proporção considerada justa entre o crime cometido e a compensação 
devida à vítima. Exempli�cando: se um médico �zer uma operação de catarata numa 
paciente e, acidentalmente, furar seu olho, ele deverá por sua vez ter seu olho furado 
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para compensar o paciente lesado. O lema da lei de talião é: “dente por dente, olho por 
olho”. A lei não visa as intenções e circunstâncias sob as quais o crime foi cometido, 
como as leis modernas, ela visa exclusivamente o ato cometido. Para todo dano 
causado a alguém, deverá haver uma compensação proporcional (BOUZON, 1999). 
16 
2.3 A civilização chinesa 
Contando com mais de 4000 anos de história, a China é considerada uma das 
mais antigas civilizações do mundo. Para melhor organizar toda sua trajetória, costumase 
dividir a História da China por meio de seus principais acontecimentos de natureza 
política. Didaticamente, a história chinesa se inicia com uma Fase Original, que vai de 
2200 a.C. até 221 a.C. (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
A primeira delas é conhecia como Xia (2200 a.C. – 1750 a.C.). Por muito tempo, 
a existência desta civilização foi colocada em dúvida por muitos especialistas sobre o 
assunto. Entretanto, recentes pesquisas arqueológicas comprovaram o contrário. Tais 
pesquisas propõem que os Xia são descendentes diretos dos povos que, durante o 
período Neolítico, ocuparam o Vale do Rio Amarelo. Mesmo não contando com escritos 
dessa civilização, existem especulações no meio cientí�co que acreditam que os Xia 
foram precursores do sistema de escrita criado na dinastia Shang (ENCICLOPÉDIA 
CONHECER, 1995). 
A Enciclopédia Conhecer (1995) relata que, originária da mesma região dos Xia, 
a dinastia Shang (1750 a.C. – 1040 a.C.) �cou conhecida, principalmente, pelo seu 
desenvolvido sistema de escrita, em sua maioria, gravado em peles de animais. Além 
disso, essa dinastia também desenvolveu diversos utensílios em bronze. No âmbito dos 
rituais religiosos, os Shang costumavam organizar cerimônias onde a realização de 
sacrifícios humanos. Tida como a principal fundadora da civilização chinesa, a dinastia 
Zhou (1100 a.C. – 771 a.C.) controlou hegemonicamente a região do chamado Reino 
Médio. Depois desse período hegemônico, a civilização Zhou sofreu uma invasão 
promovida por bárbaros da região Oeste. Devido o processo de invasão, a dinastia 
Zhou se transferiu para a parte oriental do território chinês. 
Ainda segundo a Enciclopédia Conhecer (1995), no �m desse período, inicia-se 
um intenso período de batalhas conhecido como Estados Guerreiros (403 a.C. – 221 
a.C.). Nesse período, que encerra as origens da civilização chinesa, ocorreu uma série 
de con�itos dotados de numerosos exércitos, cercos militares e batalhas que duravam 
vários dias. 
17 
2.3.1 A medicina chinesa 
A medicina Chinesa é a denominação usualmente dada ao conjunto de práticas 
de medicina tradicional em uso na China, desenvolvidas ao longo dos milhares de anos 
de sua história. É considerada uma das mais antigas formas de medicina oriental, termo 
que engloba também as outras medicinas da Ásia, como os sistemas médicos 
tradicionais do Japão, da Coréia, do Tibete e da Mongólia (CORRAL, 2005). 
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A MTC (Medicina Tradicional Chinesa) se fundamenta numa estrutura teórica 
sistemática e abrangente, de natureza �losó�ca. Tendo como base o reconhecimento 
das leis fundamentais que governam o funcionamento do organismo humano e sua 
interação com o ambiente segundo os ciclos da natureza, a medicina chinesa procura 
aplicar esta compreensão, tanto ao tratamento das doenças quanto à manutenção da 
saúde, através de diversos métodos (CORRAL, 2005). 
2.3.1.1 A acupuntura 
A origem histórica da acupuntura não é conhecida, embora a Organização das 
Nações Unidas (ONU) reconheça nela um dos mais antigos instrumentos terapêuticos 
do planeta. Conhecemos dela uma pequena fração de tempo, em relação ao todo que 
compõe sua história, somente cinco mil anos. 
Achados arqueológicos levam-nos a crer que entre 28 e 30 séculos a.C. teria 
existido um imperador chinês conhecido pelo nome de Hoang Ti. Segundo a lenda, teria 
ele pedido ao mestre taoísta Ki Pa (Qi Po) que escrevesse e colocasse em um livro 
todos os conhecimentos adquiridos pelo homem até aquele momento sobre a saúde. 
Tal livro �cou conhecido como Nei King – livro das doenças internas. Estelivro 
sobreviveu ao tempo e até hoje serve de consulta aos pro�ssionais acupuntores 
(CORRAL, 2005). 
18 
No meio acadêmico, a acupuntura surgiu na década de 1920, quando foi 
publicado, pelo cônsul francês Soliè de Morant, um tratado de acupuntura chamado 
Traité de Acupunctura. A obra descreve detalhadamente a teoria e os métodos 
utilizados pela medicina chinesa (CORRAL, 2005). 
Segundo os princípios básicos da acupuntura, cerca de 2 mil pontos de 
acupuntura estão distribuídos pelos meridianos do corpo. A idéia por trás da acupuntura 
é que o estímulo de tais pontos com as agulhas ou com pressão alivia obstruções do 
�uxo de energia, permitindo a cura do corpo (CORRAL, 2005). 
Já de acordo com o ponto de vista ocidental, acredita-se que a acupuntura 
provavelmente funcione pelo estímulo do sistema nervoso central (o cérebro e a medula 
espinhal) para que sejam liberados compostos químicos chamados de 
neurotransmissores e hormônios. Tais compostos aliviam a dor, dão impulso ao sistema 
imunológico e regulam várias funções corporais. No caso da acupuntura seriam as 
endor�nas e hormônios que ajudam a aliviar a dor (CORRAL, 2005). 
2.4 A cultura greco-romana e sua contribuição à saúde 
O historiador Jean-Pierre Vernant, um dos maiores especialistas em Grécia 
antiga, situa no texto abaixo o valor do estudo da Grécia antiga para a atualidade. 
“Re�etindo sobre a Antiguidade, é sobre nós mesmos que eu me 
interrogava, é nosso mundo que eu punha em questão. Se a Grécia constitui o 
ponto de partida de nossa ciência, de nossa �loso�a, de nossa maneira de 
pensar […] explicar historicamente o que se chama de o “milagre grego”, 
descobrir seu porquê e seu começo, é buscar situar nossa própria origem no 
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lugar que lhe corresponde no curso da história humana, ao invés de fazer dessa 
origem um absoluto, uma revelação ao mesmo tempo universal e misteriosa […] 
Esta tarefa cientí�ca nos obriga a tomar distância em relação a nós mesmos, a 
nos observar com o mesmo desapego, a mesma objetividade que teríamos face 
ao outro e, por isso mesmo, a melhor compreender o que nós somos” 
(VERNANT, 1998). 
Por permitir que possamos conhecer melhor a nós mesmos, através do estudo 
de nossas origens, como ressalta Vernant, é que o estudo da Antigüidade clássica é 
19 
importante. Mas devemos tomar cuidado para não pensar nas civilizações clássicas 
como superiores às outras culturas antigas. Cada cultura tem suas especi�cidades e se 
constitui a partir do intercâmbio e da assimilação de técnicas, crenças e valores de 
outros povos. Mas no caso de Grécia e Roma, foi feita toda uma construção ideológica 
por parte de alguns pesquisadores do século XIX, a �m de legitimar o colonialismo 
europeu através dos estudos clássicos. 
É nesse contexto que se desenvolve o chamado “modelo ariano”, segundo o qual 
a Europa teria sido invadida por tribos de conquistadores brancos, que falavam línguas 
indo-européias. Esses invasores teriam submetido facilmente as populações autóctones 
que habitavam a Europa e dado origem às mitologias dos vários povos europeus (os 
mitos de vários povos – vikings, �nlandeses, germanos, celtas, gregos e romanos – 
efetivamente possuem analogias formais e todos esses povos falam línguas derivadas 
do tronco indo-europeu). O “modelo ariano” fornece subsídios ao racismo e ao 
colonialismo ao sugerir que os arianos invasores eram “racialmente puros” e que sua 
superioridade natural os fez vencer facilmente as populações locais (MASON, 1962). 
Segundo Mason (1962), Grécia e Roma se desenvolveram a partir de intensos 
intercâmbios, durante séculos, com os egípcios, os mesopotâmicos os hititas, os persas 
e muitos outros povos. 
A Grécia antiga foi um verdadeiro caldeirão étnico no Mediterrâneo Oriental. Se 
eles conseguiram construir uma civilização brilhante, que até hoje nos impressiona, foi 
por estarem abertos aos valores e contribuições dos outros povos e não por manterem 
uma suposta “pureza” (MASON, 1962). 
As mais antigas informações referentes à Saúde provêm das obras de Homero 
(c. -750). Reconhece-se a ação das divindades na causa e na cura da doença (Apolo- 
Peon, Ártemis, o centauro Quíron). Para o diagnóstico das doenças não-traumáticas, 
adivinhos; para o tratamento, sacrifícios aos deuses (MASON, 1962). 
A prática médica começou com os heróis-médicos, guerreiros conhecedores das 
artes da cura: cirurgias militares, uso intensivo de plantas (conhecimento “adquirido no 
Egito”). O médico era altamente considerado. Um dos heróis-médicos, Asclépio, foi 
divinizado no início da Idade Arcaica e tornou-se o mais importante deus da Medicina. 
20 
Disseminam-se os templos da cura, onde os �éis sonhavam e eram curados pelo deus. 
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Os sacerdotes desses templos não praticavam a medicina (MASON, 1962). 
Por volta da metade do século V os médicos gregos já haviam desenvolvido 
teorias para explicar o funcionamento do corpo humano e o mecanismo das doenças. 
Suas idéias eram erradas, porém extremamente consistentes com os conhecimentos 
cientí�cos da época. Os princípios de higiene, alimentação e exercícios que utilizavam 
no tratamento dos doentes, no entanto, eram corretos em grande parte e são válidos 
até o presente (MASON, 1962). 
A Medicina já era uma pro�ssão respeitada, praticada em consultórios e 
remunerada de comum acordo com o doente, quando ele tinha meios para isso. Não 
era requerida, todavia, nenhuma quali�cação formal, e ao lado de médicos sérios 
proliferavam muitos charlatães. Devido ao caráter estritamente patriarcal da sociedade 
grega, somente os homens tinham acesso à pro�ssão. E todos os sofrimentos do corpo 
eram da alçada do médico, inclusive os problemas odontológicos; além de tratamentos 
clínicos, geralmente à base de plantas e laxativos, cirurgias rudimentares já eram 
praticadas com relativo sucesso (MASON, 1962). 
Os dois mais importantes e in�uentes centros de Medicina no século V foram as 
“escolas” de Cnido, na Anatólia, e a da ilha de Cós, na costa ocidental da Ásia Menor. 
O mais importante médico da época foi Hipócrates, originário da ilha de Cós. Segundo 
a tradição, deu grande impulso à medicina em todos os seus aspectos. Hipócrates foi 
pioneiro em recomendar técnicas de resfriamento e �sioterapia para alívio da dor; 
técnicas de contraste; introduzir o ópio (base, ainda hoje, dos principais medicamentos 
que aliviam a dor) e conseguir a supressão da dor cirúrgica por meio de um sistema 
primitivo de anestesia, através de compressão das carótidas (MASON, 1962). 
Segundo Rebelato (2004), na medicina Trácia e Grega a terapia pelo movimento 
constituía uma parte �xa do plano de tratamento. 
No decorrer do século IV a.C., desponta uma nova potência militar no norte da 
Grécia: o reino da Macedônia. Com o reinado de Filipe II da Macedônia a partir de 359 
a.C. se abre um período de expansionismo militar, no curso no qual toda a Grécia é 
progressivamente conquistada (SILVA & PENNA, 1972). 
21 
O passo seguinte é a intervenção romana na Grécia. Em 196 a.C., o general 
romano Flamínio é recebido como libertador da Grécia em Corinto por uma população 
cansada de pagar tributos ao rei macedônico Filipe V. Em 1456 a.C., a conquista da 
Grécia se completa com a supressão da monarquia helenística e a transformação da 
Macedônia e da Grécia em províncias romanas (SILVA & PENNA, 1972). 
Voltando um pouco no tempo, vamos tentar elucidar as questões pertinentes o 
nascimento da civilização romana. 
Antes do início da República romana em 509 a.C., Roma era apenas uma 
pequena vila entre outras, pertencente à confederação dos povos do Lácio,a chamada 
liga latina. Os primeiros reis de Roma foram etruscos como Tarquínio o Antigo; Sérvio 
Túlio e Tarquínio o Soberbo, que erigiu um templo no Capitólio. Os etruscos eram um 
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povo de provável origem oriental, que habitavam a região da Toscana; tinham uma 
civilização desenvolvida e já se organizavam em cidades (SILVA & PENNA, 1972). 
Roma era membro da liga latina da mesma forma que as outras cidades do 
Lácio, mas no decorrer do século IV a.C., tende a assumir a preponderância, até que 
em 338 a.C. a liga é dissolvida. Com o declínio da cultura etrusca, começa a expansão 
romana, ao norte e ao sul. Ao norte, os romanos fundam colônias no vale do Pó, a �m 
de se defender dos gauleses que ameaçavam a Itália; ao sul, os romanos controlam 
Cápua e em 272 a.C. tomam a cidade de Tarento, vencendo o rei helenístico Pirro de 
Épiro. A partir desse momento, a maior parte da Itália estaria sob o controle romano 
(SILVA & PENNA, 1972). 
Assim, dentro da periodização objetivada, voltamos à invasão romana à Grécia. 
Na República romana havia uma oposição tenaz do patriciado à helenização de 
Roma. Numa época em que as conquistas macedônicas transformavam a cultura e a 
língua grega em patrimônio comum de uma vasta região, essa resistência conservadora 
atuava em defesa dos mitos de origem dos romanos e contra o cosmopolitismo 
helenístico. Um dos maiores bastiões dessa resistência foi o político romano Catão o 
Antigo, que quando ocupou a posição de censor, excluiu da cidade todos os �lósofos e 
reitores gregos. Já o orador e político Cícero era mais moderado, tendo sido o primeiro 
a propor uma síntese entre os valores do patriciado romano e a cultura helenística 
(ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
22 
Com o império uni�cado, inicia-se um período único na história da cultura, no 
decorrer do qual as formas da civilização greco-romana penetram largamente em todas 
as províncias romanas, fundindo-se aos valores e cultura regionais. Foi por intermédio 
dos romanos que o patrimônio da cultura grega chegou até nós (ENCICLOPÉDIA 
CONHECER, 1995). 
Entre os romanos, coube à medicina e �loso�a helênicas a in�uência de sua 
medicina. Asclepíades de Prusa implantou os princípios de Hipócrates na Roma antiga, 
estabelecendo a base para outras importantes �guras, como Cornélio Celso e Galeno 
(ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
A medicina de Galeno in�uenciou todo o mundo antigo até dois séculos depois 
de Cristo. Em mais de 500 escritos ele conciliou tendências antes separadas ou em 
con�ito, aliou Medicina e Filoso�a, Anatomia e Fisiologia, estabeleceu diferenças entre 
tipos de nervos (“cordas de harpa”), atribuiu a dor neuropática à “tensão” e a sua 
sensação advinda de toda extensão do nervo quando este “se rompia”, e classi�cou as 
diferentes formas de dor (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Os militares Romanos carregavam junto a si material de enfaixamento para 
curativos e bandagens, onde as técnicas lhe eram ensinadas, e teve em Sorano seu 
maior representante como mestre. Vindo de Alexandria teve seus tratados utilizados por 
muitos séculos, discorrendo sobre anatomia, �siologia, higiene, dietética, farmacologia 
e terapêutica (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
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Já na época de Cristo, Antônio de Musa utilizava como método terapêutico a 
Hidroterapia fria em banhos de água gelada e orientava seus pacientes com conselhos 
de cunho dietético (SAÚDE MENTAL, 2008). 
Foi no campo de Saúde Pública que Roma mais se destacou. Os balneários ou 
termas (como eram conhecidos) ganharam um lugar de destaque na vida e na saúde 
dos cidadãos. E passaram para a história, não só como ponto de encontro obrigatório, 
uma espécie de “bastidor político”, mas ainda como grandes monumentos 
arquitetônicos graças a sua beleza e a suas dimensões generosas. O mais famoso foi 
construído nos arredores de Roma, por Caracala, que governou o império romano entre 
os anos de 188 e 217 (SAÚDE MENTAL, 2008). 
Dentre as modalidades de banhos as mais conhecidas são: 
23 
a) Frigidarium: banho frio utilizado após provas de atletismo e para �ns 
recreacionais; 
b) Tepidarium: consistia em um aposento contendo ar aquecido; 
c) Calcadirum: banho quente; 
d) Sudatorium: consistia em um aposento saturado de ar quente e úmido a �m 
de promover a sudorese (SAÚDE MENTAL, 2008). 
Por volta de 339 d.C. alguns desses banhos passaram a ser indicados para o 
tratamento de doenças reumáticas, paralisias e efeitos posteriores à lesões. As 
queimaduras eram tratadas com banhos prolongados (SAÚDE MENTAL, 2008). 
24 
3 ALTA E BAIXA IDADE MÉDIA – DAS ‘TREVAS’ À LUZ DA 
COMPREENSÃO 
Vemos que não só a data, mas também o século é controverso. Todavia, para 
uma abordagem inicial, vamos utilizar a periodização tradicional, que considera o início 
no século V com as invasões “bárbaras” e o término no século XV, período das 
Grandes navegações. Quanto à subdivisão desse período, a mais consagrada é a que 
o divide em Alta Idade Média e Baixa Idade Média. 
Na Alta Idade Média foram conjugadas a herança do Império Romano e as 
tradições oriundas das invasões bárbaras. A partir do século XI, com o recuo das 
invasões, entre outras coisas, surgiu um conjunto de transformações que marcaram o 
ápice da cultura medieval e também apontaram, ao mesmo tempo para a sua 
superação (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Esse “subperíodo” foi denominado Baixa Idade Média. Contudo, vale destacar 
que essa subdivisão deixa em segundo plano alguns aspectos culturais mais profundos 
e que permaneceram, atuando nos dois períodos, ou então processos que começaram 
em um período e só terminaram em outro. A religiosidade é um exemplo de aspecto 
cultural profundo que permaneceu por toda a Idade Média, estendendo-se para além do 
período, na Idade Moderna (ENCICLOPÉDIA CONHECER, 1995). 
Na Idade Média, as “diferenças incômodas” eram consideradas como algo a ser 
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exorcizado. Caracterizada por uma ordem social estabelecida no plano divino, a Idade 
Média foi uma época de lacuna em termos de evolução nos estudos e na atuação na 
área da saúde. A alta valorização da alma neste período e o interesse pelo 
desenvolvimento da capacidade física pelas camadas mais privilegiadas parecem ter 
sido responsáveis por essa lacuna. Porém algumas bibliotecas de monastérios 
preservavam alguns manuscritos médicos antigos, e médicos árabes como Avicenna e 
Maionides continuavam a seguir seus estudos (REBELATO, 2004). 
A interrupção desses estudos na Europa parece ter tido dois aspectos principais: 
o corpo humano foi considerado como algo inferior e as camadas superiores da 
nobreza e do clero começaram a despertar o interesse por uma atividade física dirigida 
25 
para um objetivo determinado, que era o aumento da potência física (REBELATO, 
2004). 
As ordens eclesiásticas eram inimigas do corpo. Os hospitais da idade média 
tinham caráter eclesiástico, localizavam-se junto aos mosteiros e suas salas de 
enfermos estavam ao lado das capelas, havendo inclusive altares na sala dos 
enfermos, não havendo local apropriado para a realização de exercícios (REBELATO, 
2004). 
O descrédito com a Saúde e as péssimas condições sanitárias deste período da 
história humana ocidental foram os principais motivos para a proliferação de várias 
doenças, em especial a Peste Negra que vitimou grande parte da população Européia 
(REBELATO, 2004). 
26 
4 IDADE MODERNA – NOVO AVANÇO À SAÚDE 
A chamada Idade Moderna é consideradade 1453 até 1789, quando da eclosão 
da Revolução Francesa. Caracteriza-se pelo nascimento do modo de produção 
capitalista. A beleza física do homem e da mulher passa a ser valorizada, ao mesmo 
tempo em que a rigidez moral da Idade Média passa a ser desvalorizada, 
principalmente pela nova ideologia denominada Renascimento (ENCICLOPÉDIA 
CONHECER, 1995). 
As questões dogmáticas impostas pela Igreja já não eram mais aceitas e a busca 
pelo conhecimento do mundo levava o homem pós-medievo às recém-formadas 
universidades. 
Na Idade Moderna, o humanismo e as artes desenvolveram-se e 
permitiram paralelamente a retomada dos estudos relativos aos cuidados com o 
corpo e o culto ao “físico”. […] Nessa época nota-se uma preocupação com o 
tratamento e os cuidados com o organismo lesado e também com a 
manutenção das condições normais já existentes em organismos sãos. […] No 
�nal do renascimento o interesse pela saúde corporal começa a especializar-se 
(REBELATO, 2004). 
A área do conhecimento médico que mais se expandiu durante o Renascimento 
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foi a anatomia. Uma enorme revolução seria testemunhada a partir da publicação da 
obra De humani corporis fabrica, cujo autor, Versalius, é considerado o maior 
anatomista de todos os tempos (SANTOS, 2004). 
Em 1538, foram publicadas suas Tabulae anatomicae sex, seis pranchas 
anatômicas utilizadas por seus alunos. Em 1543, surgiu o seu monumental e 
memorável trabalho sobre anatomia, o De humani corporis fabrica libri septem, 
conhecido universalmente como Fabrica. Essas obras representaram um grande 
avanço para o conhecimento cientí�co da época, em virtude de sua formidável base 
experimental (SANTOS, 2004). 
Leonardo da Vinci associou a arte e a ciência numa poderosa con�uência de 
Anatomia, Fisiologia, Física, Engenharia, Astronomia, Filoso�a, Geologia, Pintura, 
27 
Escultura, Poesia, Música e Literatura. Da Vinci acreditava que a verdade anatômica na 
arte só poderia ser atingida na mesa de dissecção (SANTOS, 2004). 
Com suas próprias mãos, ele buscou a estrutura anatômica, mediu com um 
goniômetro, calculou as proporções do organismo e reduziu-as à fórmulas matemáticas. 
Das 6 mil páginas cuidadosamente escritas de seu diário, Da Vinci dedicou 190 à 
anatomia (750 desenhos), sendo 50 a respeito do coração. Demonstrou que o coração 
era um músculo e descreveu duas novas cavidades, as aurículas, observou sua 
contração e dilatação e assim identi�cou a sístole e diástole. Dissecou mais de 30 
cadáveres e fez um tratado de 120 volumes, estudando os ventrículos cerebrais, a 
pleura e os pulmões (SANTOS, 2004). 
Seus desenhos demonstram que ele foi o criador da ilustração médica e da arte 
de desenhar em anatomia e �siologia, podendo ser considerado, do ponto de vista 
histórico, o pai da anatomia (SANTOS, 2004). 
Outro nome que não pode ser esquecido é o de Michelangelo Buonarroti, pintor, 
escultor, poeta e arquiteto, tendo atingido o ápice entre a força e o dinamismo do corpo 
humano. Michelangelo também usava modelos vivos para capturar a realidade. Numa 
cela no Mosteiro de Santo Spirito, dissecava cadáveres obtidos de coveiros em troca de 
suas estatuetas. À luz de uma vela inserida no umbigo do cadáver, estudava os 
músculos, tendões e ligamentos (SANTOS, 2004). 
28 
5 IDADE CONTEMPORÂNEA – O DESPERTAR DA FISIOTERAPIA 
É o período que compreende de 1789 até os dias atuais. Entre os séculos XVIII e 
XIX ocorre a industrialização, momento caracterizado por um avanço na utilização de 
máquinas e uma transformação social determinada pela produção em larga escala. 
Houve o desenvolvimento das cidades, bem como surgiram condições sanitárias 
precárias, jornadas de trabalho estafantes, e condições alimentares insatisfatórias que 
provocaram a proliferação de novas doenças (REBELATO, 2004). 
O surgimento de novas patologias e epidemias exigiu da medicina um 
desenvolvimento nos estudos. Nessa época parece que todos os estudos na área de 
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saúde concentraram sua atenção ao “tratamento” das doenças e seqüelas deixando de
lado as outras vertentes iniciadas na época renascentista, a “manutenção” de uma 
condição satisfatória e a “prevenção” de doenças. A atenção ao “tratamento” fez surgir 
a idéia de atendimento hospitalar. Mais tarde, ainda no século XIX, surgem as 
especializações médicas (REBELATO, 2004). 
A partir deste ponto, pode-se visualizar a �sioterapia com um mínimo de 
embasamento cientí�co, deixando o caráter empírico dos séculos passados para trás, 
podendo assim nos ater a questão da saúde naturalmente, porém com o enfoque da 
�sioterapia por si só. 
Ling, um professor sueco de ginástica e massagens corretivas teve seu trabalho 
divulgado através de discípulos como Rothstein, um o�cial prussiano que utilizava 
exercícios preventivos e corretivos nos cuidados com o corpo, na Alemanha 
(REBELATO, 2004). 
O exercício físico e as outras maneiras de atuar caracterizam a Fisioterapia no 
século XX. Klapp desenvolveu em sua técnica a posição de gato para o tratamento dos 
desvios laterais da coluna vertebral (escolioses) e Kohlransch (1920) situa a 
cinesioterapia sobre todos os métodos relaxadores e distensores e desenvolve o 
tratamento de enfermidades internas e ginecológicas (REBELATO, 2004). 
29 
Durante a guerra surgem as escolas de cinesioterapia, para tratar ou reabilitar os 
lesados, ou mutilados que necessitavam readquirir um mínimo de condições para 
retornar a uma atividade social integrada e produtiva (REBELATO, 2004). 
A �sioterapia passa a fazer parte da chamada “Área da Saúde” e foi evoluindo no 
decorrer da história, teve seus recursos e formas de atuação quase que voltada 
exclusivamente para o atendimento do indivíduo doente, para reabilitar ou recuperar as 
boas condições que o organismo perdeu (REBELATO, 2004). 
As formas de atuação da �sioterapia já evidenciam: atuação terapêutica através 
do movimento (cinesioterapia); através da eletricidade (eletroterapia); através do calor 
(termoterapia), do frio (crioterapia), da massagem (massoterapia) (REBELATO, 2004). 
Como se percebe, a idade contemporânea foi rica na aquisição de novas idéias e 
descobertas para o campo da Saúde e marcou o despertar da �sioterapia como função 
especí�ca, se veri�cando um maior embasamento técnico e prático das questões 
pertinentes à reabilitação. 
A �sioterapia em nosso país merece um capítulo a parte, pois através de 
caminhos distintos tem sua especi�cidade no que conhecemos hoje como a Fisioterapia 
Moderna. 
30 
6 A FISIOTERAPIA NO BRASIL 
Napoleão Bonaparte acabou por contribuir indiretamente com o desenvolvimento 
dos primeiros serviços organizados de Fisioterapia no Brasil, ao invadir Portugal e fazer 
com que a família real portuguesa desembarcasse no país em 1808. Com os monarcas, 
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vieram os nobres e o que havia de recursos humanos de várias áreas para servir à elite 
portuguesa, de passagem por estas terras (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Segundo Novaes Júnior (2000), dentre todas as contribuições do reinado, o 
surgimento das primeiras escolas de ensino médico se destaca como a grandiosa obra 
dos portugueses no país, em particular os avanços obtidos na cidade do Rio de Janeiro. 
No século XIX, os recursos �sioterápicos faziam parte da terapêutica médica, e assim 
há registros da criação, no período compreendido entre 1879 e 1883, do serviço de 
eletricidade médica, e também do serviço de hidroterapia no Rio de Janeiro, existente 
até osdias de hoje, sob denominação de “Casa das Duchas”. O médico Arthur Silva, 
em 1884, participa intensa-mente da criação do primeiro serviço de Fisioterapia da 
América do Sul, organizado enquanto tal, mais precisamente no Hospital de 
Misericórdia do Rio de Janeiro. 
Ainda segundo Novaes Júnior (2000), em São Paulo, o médico Raphael 
Penteado de Barros é fundador do departamento de eletricidade médica, no que hoje 
pode ser considerada a USP, nos idos de 1919. Dez anos após, em 1929, o médico 
Waldo Rollim de Moraes coloca em funcionamento o serviço de Fisioterapia do Instituto 
do Radium Arnaldo Vieira de Carvalho. 
Na década de 30, Rio Janeiro e São Paulo possuíam serviços de Fisioterapia 
idealizados por médicos que tomavam para si a terapêutica de forma integral, 
experimentando recursos físicos que outros médicos, à época, não ousavam buscar 
para minimizar as seqüelas de seus pacientes. Esses médicos eram distintos dos 
outros por estarem preocupados não apenas com a estabilidade clínica de seu 
paciente, mas com sua recuperação física para que pudessem voltar a viver em 
sociedade, com iguais ou parecidas funções anteriores ao agravo da saúde (NOVAES 
JÚNIOR, 2000). 
31 
Segundo Novaes Júnior (2000), essa visão ampla de compromisso com o 
paciente, engajando-se num tratamento mais e�caz que promovesse sua reabilitação, 
uma vez que as incapacidades físicas por vezes excluíam-no socialmente, levou 
aqueles médicos a serem denominados médicos de reabilitação. 
As faculdades de Medicina lhes eram úteis para embasar cienti�camente sua 
prática médica, pelo acesso ao conhecimento adquirido pelos cientistas europeus sobre 
�siologia humana e o emprego crescente dos recursos hídricos, elétricos e térmicos. 
Através de trabalhos e apresentações de teses, criou-se uma cultura de atenção 
diferenciada às de�ciências não apenas físicas, mas também mentais e sensoriais 
(NOVAES JÚNIOR, 2000). 
6.1 A Segunda Guerra Mundial como importante fator de desenvolvimento 
A Segunda Guerra Mundial tem como novidade o envolvimento direto do Brasil, 
com o envio de pracinhas para as frentes de combate dos Aliados, diferentemente da 
Primeira Guerra. Os re�exos dessa participação estão no desenvolvimento da 
Fisioterapia enquanto prática recuperadora das seqüelas físicas de guerra, com a 
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modernização dos serviços de Fisioterapia, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e 
criação de novos em outras capitais do país (REBELATO, 2004). 
A modernização dos serviços, com o conseqüente aumento da oferta e da 
procura, vai levar a que os chamados médicos de reabilitação se preocupassem com a 
resolutividade dos tratamentos. Com este objetivo, empenharam-se para que o ensino 
da Fisioterapia como recurso terapêutico, então restrito aos bancos escolares das 
faculdades médicas nos campos teórico e prático, deveria ser difundido entre os 
paramédicos, que eram os praticantes da arte indicada pelos doutores de então
(NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Assim, segundo Novaes Júnior (2000), em 1951 é realizado em São Paulo, na 
USP, o primeiro curso no Brasil para a formação de técnicos em Fisioterapia, com 
duração de um ano em período integral, acessível a alunos com 2º grau completo e 
32 
ministrado por médicos. Homenageando o professor de física biológica da Faculdade 
de Medicina, que criou um serviço de eletro-radiologia na referida cadeira em 1919, o 
curso paramédico levou o nome de Raphael de Barros, formando os primeiros 
�sioterapistas (denominação da época). 
Curiosamente, os cursos de Fisioterapia iniciam-se em São Paulo antes do Rio 
de Janeiro, apesar dos primeiros serviços terem se desenvolvido na antiga capital 
federal. Só em 1952 é que a cátedra de �sioterapia é retomada na Faculdade de 
Ciências Médicas do RJ e é criada, em 1954, a Associação Bene�cente de Reabilitação 
(ABBR), que 2 anos depois ministra o curso de técnico em reabilitação (NOVAES 
JÚNIOR, 2000). 
Entidades como a Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD), Lar 
Escola São Francisco e as Casas da Esperança surgem absorvendo esse novo 
conceito de assistência diferenciada, incorporando em seu meio os paramédicos dos 
novos cursos. As primeiras turmas formam os que estarão nos consultórios e clínicas 
auxiliando os médicos, que prescreviam os exercícios com e sem carga, as massagens, 
o uso do calor, da luz, dos banhos e dos rudimentares recursos eletroterápicos 
disponíveis para a recuperação do paciente (SANCHEZ, 1984 apud BRASIL, 2006). 
A�nal, o que representou a criação de um curso que formava técnicos no sentido 
mais restrito? Diferentemente dos países da Europa (como na França, que em 1927 já 
possuía faculdade de Fisioterapia), no Brasil o ensino de Fisioterapia restringia-se a 
aprender a ligar e desligar aparelhos, reproduzir mecanicamente determinadas técnicas 
de massagem e exercícios, tudo sob prescrição. Os primeiros pro�ssionais eram 
auxiliares do médico, seus ajudantes de ordem; não possuíam os conhecimentos 
necessários para o diagnóstico, o funcionamento normal e patológico avaliação do 
corpo humano, nem os mecanismos de lesão e conduta terapêutica (SANCHEZ, 1984 
apud BRASIL, 2006). 
A preocupação crescente com a qualidade do atendimento oferecido fez com 
que esses cursos paramédicos se ampliassem. Em 1959, com a fundação do INAR 
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(Instituto Nacional de Reabilitação), denominação in�uenciada pelo grupo norteamericano 
que veio a São Paulo, organizado pela seção latina da Organização Mundial 
de Saúde (OMS), o curso da USP foi ampliado para o período de 2 anos, embora não 
33 
fosse ainda considerado de nível superior. Quando o INAR transmuta-se para Instituto 
de Reabilitação (IR), em 1964, criam-se os cursos superiores de Fisioterapia e de 
Terapia Ocupacional. No Rio de Janeiro, à mesma época, a ABBR, mais tarde SUAM, 
teria cumprido papel semelhante ao da USP em São Paulo (SANCHEZ, 1984 apud 
BRASIL, 2006). 
É tão claro o papel secundário da Fisioterapia nos idos de 50 e 60, entendida 
como modalidade integrante da terapêutica médica, que o CFE – Conselho Federal de 
Educação emite no Parecer 388/63 a primeira de�nição o�cial da ocupação do 
�sioterapeuta: é de�nido como auxiliar médico; explicita que lhe compete a realização 
apenas de tarefas de caráter terapêutico (ou seja, incapaz de avaliar o paciente); e que 
a execução das mesmas tarefas deve ser precedida de uma prescrição médica – o 
exercício pro�ssional é desempenhado sob a orientação e responsabilidade do médico 
(NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Referendando a concepção de médico de reabilitação, sendo submetido a este, 
o �sioterapeuta faria, junto com outros pro�ssionais de saúde, membro de uma equipe 
de reabilitação, portanto não competindo ao �sioterapeuta o diagnóstico da doença ou 
da de�ciência a ser corrigida, mas ao cumprimento das tarefas ordenadas pelos 
médicos. Conforme se pode observar num extrato do Parecer 388/63 (apud Novaes 
Júnior, 2000), onde as considerações de uma comissão de peritos nomeados pelo 
Diretor de Ensino Superior do MEC em 1962 diz: 
1 – (…) A referida Comissão insiste na caracterização desses pro�ssionais como 
auxiliares médicos que desempenham tarefas de caráter terapêutico sob a orientação e 
responsabilidade do médico. A este cabe dirigir, che�ar e liderar a equipe de 
reabilitação, dentro da qual são elementos básicos: o médico, o assistente social, o 
psicólogo, o �sioterapeuta e o terapeuta ocupacional; 
2 – Não compete aos dois últimos o diagnóstico da doença ou da de�ciência a 
ser corrigida. Cabe-lhes executar, com perfeição, aquelas técnicas, aprendizagens e 
exercícios recomendadospelo médico, que conduzem à cura ou à recuperação dos 
parcialmente inválidos para a vida social. Daí haver a Comissão preferido que os novos 
pro�ssionais paramédicos se chamassem Técnicos em Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional, para marcar-lhes bem a competência e as atribuições. O que se pretende 
34 
é formar pro�ssionais de nível superior, tal como acontece a enfermeiros, obstetrizes e 
nutricionistas. Diante disso, não há como evitar os nomes de Técnicos em Fisioterapia e 
Técnicos em Terapia Ocupacional. 
Segundo Novaes Júnior (2000), os peritos do MEC parecem não terem tido êxito, 
pois não conseguiram emplacar uma denominação tecnicista a pro�ssionais de nível 
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superior. Inspirado em tal Parecer, é publicada uma Portaria Ministerial de n.º 511/64 no 
ano seguinte, que estabelece o currículo mínimo do curso superior de Fisioterapia 
numa versão tecnicista: 
Art. 1º – O currículo mínimo dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional 
para a formação de Técnico em Fisioterapia e de Técnico em Terapia Ocupacional 
compreende matérias comuns e matérias especí�cas, como se segue: 
a) Matérias comuns: Fundamentos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Ética 
e História da Reabilitação, Administração Aplicada; 
b) Matérias especí�cas do curso de Fisioterapia: Fisioterapia Geral, Fisioterapia 
Aplicada.(…). 
Art. 2º – A duração dos cursos de Fisioterapia e Terapia Ocupacional será de 3 
anos letivos. 
Segundo Novaes Júnior (2000), �ca evidente que o currículo mínimo da Portaria 
não permitia capacitar um acadêmico para a elaboração de um diagnóstico
�sioterapêutico, compreendido como avaliação físico-funcional; e que, para tanto, neste 
processo fossem analisados e estudados os desvios físico-funcionais intercorrentes na 
sua estrutura e funcionamento, com a �nalidade de detectar e parametrizar alterações 
apresentadas, considerados os desvios dos graus de normalidade; e para o qual fosse 
necessária a prescrição das técnicas próprias da Fisioterapia, baseada na constatação 
da avaliação físico-funcional, quali�cando-as e quanti�cando-as. Nada disso: o que se 
pretendia, simplesmente, era formar um pro�ssional tutelado. 
Conforme a�rma Novaes Júnior (2000), essa tutela tem nome, é a visão médicocentrada, 
que diminui o brilho da atuação de um pro�ssional tão importante como o 
médico, a partir do momento em que lhe sobrecarrega de funções que ele não tem 
condições nem de exercê-las nem de supervisioná-las, na opinião do autor, com a 
qualidade que o usuário dos serviços necessita (não só em Fisioterapia, mas em 
35 
Terapia Ocupacional e em Fonoaudiologia) e consegue obtê-la com os bons 
pro�ssionais das respectivas áreas. Os primeiros acadêmicos de nível superior tem sua 
formação imbuída com essa concepção médico-dependente, o que nos permite 
entender porque alguns chegam a defendê-la. 
6.2 Os progressos obtidos pela associação da �sioterapia 
A Associação dos Fisioterapistas do Estado de São Paulo, fundada em 19 de 
agosto de 1959 e hoje denominada Associação Brasileira de Fisioterapia (ABF), vai 
desempenhar um papel importante não apenas na transformação do curso de nível 
técnico para nível superior, mas na referência pro�ssional visando organização da 
categoria para reconhecimento pela União (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Segundo Novaes Júnior (2000), o fato da “junta militar” que governava o país em
1969 (os ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar) ter 
assinado o Decreto-lei nº 938 foi um salto excepcional, no reconhecimento pro�ssional 
do �sioterapeuta, em especial pela redação dos seus 3 primeiros artigos: 
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Art. 1º: É assegurado o exercício das pro�ssões de �sioterapeuta e terapeuta 
ocupacional, observado o disposto no presente Decreto-lei. 
Art. 2º: O �sioterapeuta e o terapeuta ocupacional, diplomados por escolas e 
cursos reconhecidos, são pro�ssionais de nível superior. 
Art. 3º: É atividade privativa do �sioterapeuta executar métodos e técnicas 
�sioterápicos com a �nalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade 
física do paciente.
O reconhecimento como pro�ssional de nível superior é tão ou mais importante 
que a exclusividade de atuação, e com certeza essa conquista de mais de 30 anos 
atrás não deve ser esquecida, fruto da atuação direta junto às autoridades por 
�sioterapeutas conscientes do papel pro�ssional da categoria, provavelmente 
inspirados nas associações cientí�cas e pro�ssionais. Por mais contraditório que seja, 
em plena vigência do AI-5, período onde mais se desrespeitaram os direitos humanos 
36 
no Brasil desde a proclamação da declaração universal em 1948, os direitos dos 
usuários de Fisioterapia puderam ser mais respeitados, garantindo-se em lei o 
pro�ssional mais adequado para sua recuperação (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Em 1969, a OMS e a WCPT (World Confederation of Physical Therapy) 
promovem no México o primeiro curso de Mestrado em Fisioterapia, do qual são 
egressos Danilo Vicente De�ne e Eugênio Lopez Sanchez. A Resolução n.º 4 do 
Conselho Federal de Educação, em 28 de fevereiro de 1983, �xou os cursos de 
Fisioterapia para, no mínimo, 4 anos de duração, assim como o Supremo Tribunal 
Federal à mesma época rerrati�ca a constitucionalidade dos artigos 3º e 4º do Decretolei 
938 (privatividade do exercício pro�ssional do �sioterapeuta) e do parágrafo único do 
artigo 12 da Lei 6.316 (obrigatoriedade do registro das prestadoras de serviços de 
Fisioterapia nos CREFITOS), contra representação de inconstitucionalidade movida 
pela Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação – SBMFR, a entidade que 
representa os médicos �siatras. O �sioterapeuta tem sua maioridade rea�rmada pela 
justiça e os órgãos formadores referendam-na, nos currículos (NOVAES JÚNIOR, 
2000). 
Segundo Novaes Júnior (2000), a primeira reunião de escala nacional realizada 
por �sioterapeutas no Brasil foi em 1962, denominada como a primeira conferência da 
ABF. A partir daí, predominam os Congressos Brasileiros de Fisioterapia (CBF), assim 
datados, numerados e localizados: 
• 1964 – I CBF – Rio de Janeiro, capital da antiga Guanabara; 
• 1972 – II CBF – São Paulo, capital; 
• 1976 – III CBF – Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; 
• 1979 – IV CBF – Recife, em Pernambuco; 
• 1981 – V CBF – Salvador, na Bahia; 
• 1983 – VI CBF – Curitiba, no Paraná; 
• 1985 – VII CBF – Belo Horizonte, em Minas Gerais; 
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• 1987 – VIII CBF – Rio de Janeiro, capital; 
• 1989 – IX CBF – São Paulo, capital; 
• 1991 – X CBF – Fortaleza, no Ceará; 
• 1993 – XI CBF – São Paulo, capital; 
37 
• 1995 – XII CBF – Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; 
• 1997 – XIII CBF – São Paulo, capital; 
• 1999 – XIV CBF – Salvador, na Bahia. 
Provavelmente, a Conferência de 1962 foi fator determinante para �liação da 
entidade brasileira à WCPT (World Confederation of Physical Therapy), que ocorreu 
entre aquele ano e o seguinte (há informações diferentes sobre o a data correta). Como 
também pode ser observado, a diferença entre um congresso e outro foi diminuindo 
com o tempo, sendo que os últimos 11 congressos realizaram-se com intervalo de 2 
anos entre eles (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Sociedades de estudo foram formadas, algumas delas também realizando 
congressos, jornadas e demais atividades com regularidade e imenso respeito entre os 
�sioterapeutas especializados. O destaque é para a Sociedade Brasileira de 
Fisioterapia Respiratória e Intensiva – SOBRAFIR, frutodo trabalho incansável de Maria 
Ignez Feltrin e outros incansáveis colegas (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Tais fatos vão consolidando a pro�ssão de maneira irreversível, sendo 
necessário expandir sua autonomia e conquistar o espaço que a Fisioterapia pode e 
deve ocupar. O Parecer 388/63 e a Portaria Ministerial 511/64 são aposentados 
precocemente, apesar de terem deixado alguns saudosos, principalmente entre alguns 
maus empresários e pro�ssionais de saúde, que preferem contratar leigos por motivos 
inconfessáveis, ainda não conquistados para uma visão centrada na equipe de saúde, 
sendo o �sioterapeuta seu membro efetivo (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
6.3 O sistema COFFITO-CREFITOS 
Coincide a aquisição do funcionamento regular dos congressos cientí�cos com o 
momento de criação do COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia 
Ocupacional, determinada pela Lei 6.316, de 17 de dezembro de 1975, e sua instalação 
em agosto de 1977, e a dos CREFITOS por região administrativa do país, em número 
de 3, no ano seguinte. Tanto quanto a Fisioterapia se organizou associativa e 
38 
administrativamente, cresceu a autoridade cientí�ca da pro�ssão junto à sociedade, e 
vice-versa (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Segundo Novaes Júnior (2000), entre os diversos artigos da mais importante lei 
produzida pelo Congresso Nacional sobre a Fisioterapia no país, os destaques estão 
em seu artigo 1º, que constitui o sistema COFFITO-CREFITOS, e nos incisos II e III do 
artigo 5º, abaixo reproduzidos: 
Art. 5º. Compete ao Conselho Federal: 
I – (…) 
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II – exercer função normativa, baixar atos necessários à interpretação e execução 
do disposto nesta Lei e à �scalização do exercício pro�ssional, adotando providências 
indispensáveis à realização dos objetivos institucionais. 
III – supervisionar a �scalização do exercício pro�ssional em todo território 
nacional. 
Segundo Novaes Júnior (2000), o Decreto-lei 938 conferia a um órgão 
competente do Ministério da Saúde �scalizar o exercício pro�ssional da Fisioterapia, o 
que acabou não acontecendo, facilitando o desrespeito �agrante veri�cado durante a 
década de 70. Até os dias de hoje ainda existem os que não querem reconhecer o que 
a União já o fez a quase 30 anos passados, pelos primeiros 10 anos de reconhecimento 
sem que estivesse estruturado o organismo de defesa da qualidade de atendimento na 
Fisioterapia, o COFFITO, representado em São Paulo pelo CREFITO-3 (3 por ser a 3º 
região administrativa do país, na organização interna do Conselho Federal). 
A Associação Pro�ssional dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais do 
Estado de São Paulo (não confundir com a ABF – Associação Brasileira de Fisioterapia, 
que organiza os congressos bianuais e é uma associação de caráter cientí�co-cultural) 
ganha do Ministério do Trabalho, em 12 de agosto de 1980, o reconhecimento 
enquanto Sindicato dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais, Auxiliares de 
Fisioterapia e Auxiliares de Terapia Ocupacional do Estado de São Paulo – 
SINFITO/SP (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Segundo Novaes Júnior (2000), a exigência de ser incluído o termo “Auxiliares” 
na denominação do Sindicato das categorias por parte do MT, deve-se à interpretação 
do artigo 10 do Decreto-lei 938, que previa aquelas duas funções para os que 
39 
trabalhassem na prática de Fisioterapia até a publicação do decreto da junta militar e 
fossem submetidos a uma avaliação de seus conhecimentos – aprovados, poderiam se 
utilizar do título para exercer a pro�ssão de Auxiliar, com os mesmos direitos do 
�sioterapeuta. Destaque ao trecho que referido: 
Art. 10. Todos aqueles que, até a data da publicação do presente decreto-lei, 
exerçam sem habilitação pro�ssional, em serviço público, atividades de que cogita o 
artigo 1º, serão mantidos nos níveis funcionais que ocupam e poderão ter as 
denominações de auxiliar de Fisioterapia e auxiliar de Terapia Ocupacional, se 
obtiverem certi�cado em exame de su�ciência. 
§ 1º. O disposto no artigo é extensivo, no que couber, aos que, em idênticas 
condições e sob qualquer vínculo empregatício, exerçam suas atividades em hospitais 
e clínicas particulares. 
§ 2º. A Diretoria do Ensino Superior do Ministério da Educação e Cultura 
promoverá, junto às instituições universitárias competentes, os exames de su�ciência a 
que se refere este artigo. 
Porém, não deixa de trazer confusão ao mercado de trabalho, em especial aos 
empregadores desejosos de poderem contar com uma mão de obra não-quali�cada, 
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para pagar salários inferiores ao do pro�ssional habilitado e assim garantir um maior 
lucro, uma vez que os direitos do consumidor ainda não haviam sido regulamentados. A 
década de 70 foi a que mais produziu o falso “auxiliar” no mercado de trabalho, através 
de uma série de cursos em todo país, muitos deles patrocinados por aqueles que 
lucravam (e ainda lucram) com o exercício ilegal da pro�ssão (NOVAES JÚNIOR, 
2000). 
O Conselho Federal publica em 1982 a Resolução COFFITO-30 para regular a 
situação do Auxiliar de Fisioterapia (aquele que estava previsto no Art. 10 do Decretolei 
938). Uma vez que a Diretoria do Ensino Superior do Ministério da Educação e 
Cultura não promoveu, junto às instituições universitárias competentes, o tão propalado 
exame de su�ciência, o COFFITO toma para si a incumbência de fazê-lo. Amparado na 
função normativa que lhe foi atribuída pelo art. 5º da Lei 6.316, o COFFITO resolve 
conceder inscrição na categoria de “Auxiliar de Fisioterapia” para os aprovados no 
40 
exame de su�ciência e que comprovassem o exercício pro�ssional antes de 13 de 
outubro de 1969 (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Ainda proíbe o uso da denominação de “Auxiliar de Fisioterapia” para concluintes 
de cursos de 1º e 2º graus e o emprego dos termos “Fisioterapia” e “Fisioterapeuta” 
para quem não preencher os quesitos do Decreto-lei 938. Como o Ministério da 
Educação e Cultura não se interessou em indicar instituição universitária para 
realização do exame de su�ciência, assim como os interessados não se manifestaram 
para sua aplicação (quem sabe, apostando na revogação do decreto ou na 
impossibilidade de se reverter a poluição do mercado de trabalho, provocada pela 
quantidade imensa de leigos no país exercendo a pro�ssão irregularmente), não existe 
ninguém aprovado. Portanto, não existe legalmente o auxiliar de Fisioterapia no Brasil 
(NOVAES JÚNIOR, 2000). 
Trinta e um anos após o Decreto-lei n.º 938/69, o �sioterapeuta (pro�ssional 
habilitado para a efetivação do processo �sioterapêutico que, no âmbito assistencial, 
contém as fases de admissão, diagnóstico, prognóstico, prescrição, intervenção e alta) 
é uma das pro�ssões mais procuradas do país nos concursos vestibulares das 
principais instituições públicas de ensino superior, de acordo com a proporção entre 
candidatos/vaga e com a multiplicação de novos cursos nas escolas particulares em 
todo Brasil. Autoridade máxima na Fisioterapia, obtendo crescentemente notoriedade 
cientí�ca e com a atual projeção de seu trabalho nos meios de comunicação de massa, 
o �sioterapeuta passou a ser uma pro�ssão cobiçada pela juventude na última década 
do século XX (NOVAES JÚNIOR, 2000). 
6.4 O per�l do �sioterapeuta no estado de São Paulo 
Segundo Peres (2008), após onze meses de trabalho (entre os anos de 2007 e 
2008) a equipe da fundação Vunesp recolheu e analisou 26.970 questionários com o 
intuito de traçar o per�l dos Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais do Estado de 
São Paulo. Com as informações do Censo, o Cre�to/SP poderá orientar os 
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41 
empregadores, como indústrias, prefeituras e comércio, a localizarem os pro�ssionais 
que melhor se encaixam no per�l de seu interesse. 
Segundo o presidente do Cre�to/SP, Prof. Dr. Gil Lúcio de Almeida (apud 
PERES, 2008), na medida em que temos um per�l detalhado desse pro�ssional, 
mostrando o que ele faz, em que trabalha, qual tipo de meta tem e qual sua 
especialidade nós conseguimos melhor informar a população, orientá-la e ajudá-la a 
localizar este pro�ssional. 
O Censo também traz a porcentagem de pro�ssionais com pós-graduação lato 
sensu e stricto sensu além de divulgar quais as áreas de especialização mais comuns 
entre os Fisioterapeutas e Terapeutas Ocupacionais, onde explica o Dr. Gil que a partir 
destas informações o Conselho poderá traçar planos de incentivo e apoio a formação 
continuada (PERES, 2008). 
Atualmente, um amplo movimento nacional e internacional agrega ao 
investimento em infra-estrutura e tecnologia – considerado sinônimo de 
desenvolvimento da atenção à saúde, em décadas anteriores – a importância 
fundamental da formação dos pro�ssionais da saúde na qualidade do atendimento e na 
consolidação do sistema de saúde (PERES, 2008). 
42 
7 DISCUSSÃO 
Estudar as bases históricas da pro�ssão é um exercício que leva a 
interdisciplinaridade em sua forma mais abrangente, no entanto a carência de fontes 
historiográ�cas insere uma falência considerável na avaliação �dedigna do estudo. 
Talvez veri�cando estas di�culdades, as obras que constam na bibliogra�a deste 
trabalho, em especial a de José Rubens Rebelatto – A Fisioterapia no Brasil, introduza 
o estudo histórico somente como uma epígrafe ao tema em que desenvolve 
plenamente, se baseando em sua percepção dos supostos objetos de interesse do 
pro�ssional �sioterapeuta, enfocando suas áreas de atuação. 
43 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A atenção a saúde é um fator que pode ser veri�cado em todos os períodos da 
Humanidade, tendo a necessidade do corpo saudável como uma ferramenta essencial 
para a sobrevivência. As condutas de tratamento são o resultado da tentativa e erro e 
foi no empirismo destas práticas que o homem desenvolveu o caráter cientí�co, onde o 
estudo técnico de um determinado fator salienta e aprimora uma visão terapêutica ou 
descarta uma conduta sem embasamento. 
No estudo da antiguidade podemos observar o caráter somatório em várias 
instâncias, se atendo no que é de nosso interesse que são as questões ligadas à 
Saúde, onde vários elementos da civilização egípcia e mesopotâmica são assimilados à 
cultura greco-romana. Modelo diferente pode ser veri�cado nas culturas asiáticas, em 
especial na chinesa que por vários fatores, inclusive geográ�cos, manteve-se no que 
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hoje conhecemos como “cultura milenar”, mantendo características próprias e com 
elementos de estudo diferenciados. 
A impugnação total imposta pela igreja após a queda de Roma foi um dos fatores 
que �zeram a Idade Média ser taxada como Idade das Trevas. O banho, procedimento 
tão cultuado pelos romanos passa a ter um valor subjetivo à cultura medieval o que 
facilita a proliferação de doenças que junto com a falta de saneamento básico viabiliza 
a peste que vitimou cerca da metade da população européia em meados do século XIV, 
a Peste Negra. 
Ainda neste período ocorre um renovado interesse pelo passado greco-romano, 
sendo conhecido como Renascimento. Os ideais renascentistas deram impulso à 
medicina e à anatomia e voltou-se a preocupação com o corpo criando um grande 
campo inicial para as pesquisas. 
A reabilitação e a prevenção de doenças já se evidenciam com a Revolução 
Industrial onde o trabalhador é apontado como objeto de estudo e o que se segue é 
uma uni�cação de conteúdos diversos fazendo com que o empirismo da reabilitação 
torne-se cada dia mais importante e com caráter cientí�co, sendo conhecida assim, no 
início do século XX como Fisioterapia. 
44 
Hoje no Brasil, o pro�ssional Fisioterapeuta goza de reconhecimento pro�ssional 
pelo decreto – lei nº 938 de 1969 sendo assinado pela junta militar que governava o 
Brasil naquele período. Com certeza um reconhecimento a esta atenção em saúde que 
é parte integrante do mundo moderno e dinâmico e que tem em sua autonomia o 
re�exo de um pro�ssional capacitado pela sua formação e ciente de sua função perante 
a sociedade. 
A expansão dos cursos de �sioterapia na última década do século XX é 
proporcional às conquistas e ao respeito que esta jovem pro�ssão recebe da sociedade 
como um todo, enfatizando a luta daqueles que, não só através do Decreto Lei 938/69 
como também do conhecimento técnico-cientí�co mostrado em campo, provaram 
através de sua capacidade que a visão médico centrada não mais se encaixa nos 
padrões atuais de nossa sociedade. 
O objeto de estudo deste trabalho se baseou no caráter histórico da pro�ssão, 
fato que, em entendimento próprio, é muito importante na formação pro�ssional. Neste 
processo �cou evidenciado que a carência de estudos cientí�cos voltados a este campo 
pode problematizar tanto o entendimento �dedigno das bases históricas pro�ssionais 
pelos acadêmicos quanto a elaboração de um plano pedagógico condizente à 
importância da disciplina à docência, �cando claro assim a necessidade de pro�ssionais 
que se integrem a esta pesquisa e aprofundem estudos voltados à História da 
Fisioterapia. 
45 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
BAPTISTA, C. M. M.; MENEGHELLI, U. G.; BORDINI, C. A.; SPECIALI, J. G. Cefaléia 
04/11/2022 22:59 PEQUENO HISTÓRICO DA SAÚDE E A FISIOTERAPIA MODERNA – NovaFisio
https://www.novafisio.com.br/pequeno-historico-da-saude-e-a-fisioterapia-moderna/ 27/29
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2 comentários em “PEQUENO HISTÓRICO DA SAÚDE E A
FISIOTERAPIA MODERNA”
HELEN KERLEN
14/05/2022 EM 18:56
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