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direitos reais - TODAS AS AULAS unip 7 sm

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DIREITOS REAIS – AULA 1 – 08/08/2022
Direitos reais também é conhecido como direito das coisas
Vamos estudar ao longo desse semestre posse, propriedade e direitos reais sobre coisas alheias.
A propriedade é o principal dos direitos reais.
Sujeito passivo indeterminado: precisa respeitar a propriedade alheia (eu sou dona de um celular, as pessoas em volta que sabem que o celular é meu, ou ao menos me veem com ele, são sujeitos passivos indeterminados, devem permanecer inertes, não podem tocar no meu celular, nem nada, eles tem que ser passivos). 
Direitos reais sobre coisas alheias: ex – hipoteca, eu continuo sendo o dono do imóvel, eu tenho o direito real da propriedade, mas sobre esse imóvel vai incidir um outro direito real que é o direito real de hipoteca do banco. *esses direitos só existem por conta do direito de propriedade, ou seja, para ter um direito real sobre coisa alheia, tem que primeiro ter um direito de propriedade sobre essa mesma coisa.
Não podemos criar direitos reais, só são direitos reais aqueles previstos em lei (Art 1.225)
Posse
- Teorias possessórias: nós adotamos as 2
*savigny (teoria subjetiva): “corpus” + “animus”
Foi a primeira teoria que surgiu. 
Só adotamos essa teoria para o usucapião (Art 1238). Para todos os outros casos que envolvem posse, nós utilizamos a teoria ihering.
Essa teoria diz que para o sujeito tenha a posse de alguma coisa, ele deve ter a coisa e precisa agir sobre essa coisa como se fosse dono dela.
*ihering (teoria objetiva): “corpus”: ex: locatário tem a coisa? Sim, mas tem como agir 100% como dono da coisa? Não. Para Savigny não tem posse, mas para ihering tem, pois para ele basta que o sujeito tenha o objeto a sua disposição.
Ai vem a ideia de que é a exteriorização da propriedade. 
Art. 1196. “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade.” – os poderes inerentes à propriedade são: usar, fruir, dispor e reivindicar. Ou seja, se eu vejo a Rafaela com um celular na mão, eu entendo que ela tem a posse, porque ela tem a coisa e tendo a coisa, ela pode usar, fruir, etc. 
- detenção 
- instrumentos de proteção da posse 
- locatário, comodatário, depositário
- razão de proteção da posse: enquanto pra o Savigny eu protejo a posse porque estou querendo proteger a pessoa do possuidor (Ex: invasor da fazenda. Sujeito invadiu e depois foi expulso por outro concorrente invasor. O primeiro pode entrar com ação de reintegração de posse contra o segundo), para o ihering eu protejo a posse porque quero proteger a propriedade (o locatário tem uma posse autorizada, é possuidor, e se tem um apartamento invadido, pode entrar com reintegração de posse. Já aquele que invadiu a fazenda que quer entrar com ação de reintegração de posse contra o outro invasor, não tem uma posse autorizada – o proprietário da fazenda não autorizou aquela posse, por isso para ihering essa pessoa não tem a posse, quer proteger quem tem a propriedade).
Mas chegou à conclusão que sendo a posse autorizada ou não, ambos são possuidores e podem valer-se dos direitos de um possuidor. Então a resposta de ihering foi: “é verdade, mas esses casos em da posse não autorizada são infinitamente menores do que os da autorizada”.
Se fosse valer apenas a teoria do Ihering, nós invalidaríamos completamente o instituto do usucapião, onde alguém que invadiu uma propriedade pode entrar com reintegração de posse contra outra pessoa que invadiu depois.
Agora, vamos supor que eu tenho uma terra em Goiás, mas eu não estou lá, e então segunda ihering, eu não seria possuidor, porque não estou lá. Então se alguém invadisse, de acordo com o ihering, eu não poderia entrar com ação de reintegração de posse. Qual foi a saída dele? Disse que existem 2 posses:
a) Direta: quando a pessoa está com a coisa, visivelmente, de fato (ex: dono da fazenda que mora na própria fazenda).
b) Indireta: quando a pessoa é só possuidora, que não está visivelmente demonstrando que é possuidor (ex: dono da fazenda que só vai lá uma vez a cada 3 anos).
- detenção, relação de subordinação
O que é detenção para o ihering? Se pra ele, posse é quando se tem a coisa, detenção é quando se tem relação de subordinação. Ex: estou andando na Marginal com meu gol e escuto um ronco de um porsche. Quem está dirigindo? Rafaela. Oque estou vendo? Posse. Quais são as alternativas: Rafaela pode ser a proprietária do porsche; pode estar fazendo um test drive, e portanto será possuidora; pode trabalhar levando esse veículo para as pessoas que alugam – ela não tem a posse, nem a propriedade e sim detenção, pois tem um vínculo de subordinação com o dono da coisa.
Pergunta: vamos sair da condição deste exemplo do porsche, e vamos trazer para um caso concreto - o Matheus trabalha numa empresa, e a empresa sede pra ele um notebook. Ele para de trabalhar na empresa e não devolve o notebook, e a empresa não cobra. Continua existindo depois da saída dele o vínculo de subordinação? Não. Então ele pode usucapir? Sim, pela teoria do Savigny – ele está com a coisa, e está se comportando como dono (não há mais o vínculo de subordinação, então não é mais detenção).
- a posse exteriorização da propriedade 
- utilidade econômica da coisa (a pessoa pode continuar tendo a posse mesmo que não esteja com ele naquele momento).
Ex: lenha; materiais de construção. Imagina que você esteja numa floresta caminhando com uma mochila nas costas com uma barraca dentro. No final do dia nós começamos a pensar em armar a barraca, acender a fogueira, etc. aí no meio da trilha tem um feixe de lenha (lenha amarrada pra fazer fogueira), mas não tem ninguém ali do lado. Alguém colocou lá, mas não tem ninguém lá agora (da a entender que talvez alguém venha buscar depois). Posso ou não levar?? Não, porque esse objeto da a demonstrar que será utilizado economicamente por alguém, que será utilizado por alguém (ou seja, a pessoa está ausente no momento, mas ela continua tendo a posse).
Um exemplo mais prático seria, você está andando na rua e tem uma BMW estacionada na rua, e uma tela de computador da Apple ao lado de um poste. Você pode levar a BMW ou a tela?? A BMW você sabe que não pode levar porque você sabe que pertence a alguém, que é útil a alguém. Já o monitor, vc vê e pensa: isso não é mais propriedade de alguém, não é mais útil a alguém, é algo abandonado.
Outro exemplo seria: tem um tijolo na rua ao lado de uma construção. Você pode pegar o tijolo? Está em via pública, posso levar? Não, porque você sabe que será útil para alguém, que pertence a alguém, que será usado na construção. 
Ou seja, se a própria coisa demonstra utilidade, significa que ela pertence a alguém. 
E se você acha uma caneta mont blant no chão, você pode pegar? Não, porque ela não foi abandonada ali como o monitor, e sim perdida, portanto é útil e pertence a alguém 
- todo proprietário é possuidor, mas nem todo possuidor é proprietário
- teoria adotada Hering. Savigny só para Usucapião
- objeto da posse:
*coisas corpóreas 
*direitos. Ex: servidão, penhor
DIREITOS REAIS – AULA 2 – 15/08/2022
Principal característica do direito real: oponibilidade erga omnes
Eu sou proprietário de uma fazenda mas não moro lá, aí a Gabi invade. Ela tem a posse segundo a teoria objetiva do ihering? Sim. Então se uma terceira pessoa invade e tenta tirar a Gabi de lá, ela pode se valer dos direitos possessórios? Sim, porque é possuidora (tem o “corpus”)
Objeto da posse: incide sobre coisas corpóreas móveis ou imóveis. Mas poderemos ter a posse de direitos (que é algo imaterial), se o o direito estiver vinculado a alguma coisa física, corpórea, palpável.
Ex: Maria pegou suas joias e foi na Caixa pegar um dinheiro emprestado, deixou as joias lá. Ela penhorou as joias? Não, ela empenhou. A caixa passa a ter a posse das joias (não tem a propriedade, mas tem a posse) – a caixa tem o direito com empenho de garantia. 
Modalidades de posse:
A) Direta e indireta:
- desdobramento quanto ao exercício: se não houvesse esse desdobramento da posse, seríamos obrigados adizer que o proprietário de um apartamento por exemplo que aluga o imóvel para outro, não teria a posse, e como o proprietário não tem a posse? Não tem como, por isso ihering inventou essa divisão. 
- posse autorizada ex: locatário
Essa posse indireta só se aplica na prática quando for uma possa autorizada. 
- o possuidor direto (que tem posse autorizada) pode defender sua posse contra o indireto. Ex: eu sou inquilino, chego em casa e quando vou abrir a porta não consigo, porque o locador mudou a fechadura. O locador (possuidor indireto) pode fazer isso? Não, porque ele estaria ultrapassando seus direitos, então eu poderia me voltar contra o locador. 
- interditos: ambos estão legitimados a mover as ações de defesa da posse.
B) Composse:
- com possessão/posse coletiva/comum (nomes pra a composse)
- incide sobre coisa indivisível, mas não indivisível fisicamente e sim juridicamente (então fisicamente esse objeto poderia ser dividido, mas juridicamente não).
- utilização conjunta
- relação interna e externa (nas duas espécies, qualquer um está legitimado a promover ação de reintegração de posse/expulsão contra um terceiro, uma pessoa que não faz parte da composse)
- espécies
i. Pro indiviso: ex: uma coletividade de pessoas invade a fazenda. Oq a coletividade decide? Que vão trabalhar toda a área coletivamente (deliberaram oque vão construir/plantar em cada lugar). Algum deles estará impedido de circular pela fazenda toda? Não, pode circular por tudo.
Ou seja, é uma coletividade de pessoas que não são donas, só possuidoras (e sabem disso), mas tem a composse da área. 
ii. Pro diviso: ex: desse mesmo grupo que invadiu, cada um começa a delimitar seu espaço, e aí cada um fica com um pedacinho. Continuam sendo possuidores da fazenda (TODOS). Imagina se A, que é dono de um pedaço vai viajar, e quando volta, B mudou algumas coisas e pegou uma parte da área do A. A pode promover ação de reintegração de posse contra B? Sim, pois estamos diante de uma composse pro diviso.
Mas vamos supor que C ficou bravo que B pegou um pedaço da parte de A. Ele pode promover reintegração de posse? Não, porque a relação (o “problema”) é entre A e B.
C) Justa e injusta
- a posse justa é aquela que não é violenta, clandestina, nem precária.
- Art 1200: “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.
- injusta/defeito/vício 
i. Violência: quando tiver sido conquistada com violência. Diferente da precária, a posse injusta por violência acaba. Ex: invasor parte para a agressão e bota pra correr o antigo possuidor. A partir do momento q o invasor consegue ficar ali, a violência acabou. E aí ele passou a ser tido como possuidor (e aí começa a correr o prazo para usucapião).
ii. Clandestinidade: a posse é clandestina quando o invasor está às escondidas. ex1: a pessoa invade a noite e se esconde no mato. Algum momento ele vai ter que sair do mato, parar de se esconder para que inicie a posse (porque a posse só inicia quando acaba a clandestinidade). 
iii. Precariedade: posse que decorre de uma primeira posse autorizada. Ex: tínhamos um inquilino no imóvel – posse autorizada, justa. Ai chegou a data que ele tinha de desocupar o imóvel, mas ele não saiu. Então a posse dele passou a ser injusta por precariedade
*uma posse uma vez precária, continuará sendo precária nas mãos daquele possuidor. A precariedade nunca acaba. 
*inversão do título da posse: ex: contrato de locação. O inquilino não sai após o prazo, então é uma posse injusta por precariedade, não pode usucapir. Mas aí o proprietário do imóvel está em coma e nenhum dos filhos quer saber do imóvel. Ai o inquilino foi, trocou o piso, pintou a casa, fez reparos no banheiro, esta pagando o IPTU, começou a falar pros vizinhos que era o dono do imóvel, etc. Ai ocorre a inversão do título da posse.
Vamos supor que nesse caso da pessoa que tinha a posse precária, o tempo começou a correr, e ocorre a inversão, e ela vende a posse. Oque o possuidor está vendendo e o comprador está comprando? Uma posse precária. 
- o possuidor pode se vale dos interditos possessórios contra terceiros.
D) De boa e má fé:
- ignorância do vício que impede a aquisição do bem 
- justo título: prés. Rel. De boa fé.
E) “ad interdicta” e “ad usucapionem”:
- toda posse Ad Usuc. É Ad inter.
F) Nova e velha:
- Nova: até ano e dia
- Velha: mais de ano e dia
- CPC 558
- 1210, parágrafo 1, legítima defesa da posse
- não aplicável a terceiros
G) Jus possidendi e Jus possessionis: não é classificação da posse, é mera denominação 
- Jus possiendi: quando a pessoa tem posse autorizada
- jus possessionis: quando a pessoa não tem posse autorizada, mas a conquista de outra forma (ex: pessoa que invade a fazenda).
1203 – caráter da posse
DIREITOS REAIS – AULA 3 – 22/08/2022
Modalidades de posse – continuação 
D) Posse de boa e ma fé
Ex: seu João (praticamente analfabeto) tem poucas posses, e mora num casebre no interior de MG. Todo dia ele vai trabalhar no vilarejo, e na volta ele vê uma terra com uma casinha no meio. Mas essa casinha já tá toda ferrada, telhado caindo, sem porta, mato gigante, etc (parece abandonado). Seu João sonha em morar ali, mas nunca invadiria.
Ai um dia João está em casa, e um cara de terno e gravata chega e diz que herdou aquele terreno do pai dele, e que quer vender por um preço ridículo. 
Seu João, que não conhece muito da lei, leigo, decide comprar, pois é o sonho dele ter seu pedaço de terra. Ai o seu João assinou o contrato e transferiu o dinheiro.
Ele foi feliz da vida pra sua nova casa. Ele limpou o terreno, consertou a casa, fez plantação, etc e começa a morar lá.
Passa 2 anos e seu João é citado numa ação de reintegração de posse. Aquele cara que “vendeu” o terreno para o seu João, era mesmo o proprietário? Não, era só um charlatão.
Então a posse do seu João é de má-fé a partir do momento em que foi citado. Então desde o momento em que ele começou a morar lá até o momento da citação, a posse era de boa fé, aí a partir do momento que ele foi citado, a posse se tornou de má-fé.
- justo título: pres. Rel
- efeitos: essa classificação só tem serventia no que diz respeito aos efeitos. 
Em qual momento ele produziu os frutos e as benfeitorias? Enquanto era possuidor de boa fé ou má fé? Só terá direito a indenização (*olhar as observações abaixo*) quanto as melhorias que fez, se estás tiverem sido efetuadas enquanto este era possuidor de boa fé. 
*frutos – só tem direito aos frutos apartados (colhidos) ao tempo em que era possuidor de boa fé.
•apartados/colhidos. Ex: seu João colheu laranjas da árvore enquanto era possuidor de boa fé. São dele? Sim, o que é pegou é dele.
•pendentes 
•deixados de colher: pertencem ao proprietário. Ex: seu João fica tão desanimado com a citação e deixa as laranjas caírem e apodrecerem no chão. Se o proprietário consegue demonstrar isso, ele pode pedir que o seu João o indenize.
•frutos colhidos com antecipação: pertencem ao proprietário. Ex: as laranjas só seriam colhidas após a citação. Mas aí uns dias antes alguém avisou que uma pessoa tentou entregar um documento para ele. Ele ficou com medo e entrou em contato com um advogado. Ai o advogado orientou que o seu João pegasse todos os frutos que só seriam colhidos daqui 7 dias (APÓS a citação), e colhesse agora. 
*benfeitorias
•necessárias: ex: reconstruiu o telhado que estava caindo. Tem ou não o direito de ser indenizado por isso? Sim.
•úteis (que aumentam a utilidade da coisa): fez um puxadinho na casa, plantou mandioca, aipim, etc. tem direito a ser indenizado? Sim 
• voluptuarias: ex: colocou um chafariz. Tem direito a ser indenizado? Não. 
E) Posse “ad interdicta” e “ad usucapionem”
”ad interdicta”: posse que pode ser defendida pelo possuidor – serva para sujeito com posse autorizada ou com posse não autorizada? Os dois.
“Ad usucapionem”: posse que pode ser levada a usucapião.
*toda posse usucapionem é interdicta, mas nem toda interdicta é usucapionem (ex: posse autorizada é interdicta, mas não usucapionem).
F) Posse nova e posse velha 
Posse nova – até um ano e um dia
Posse velha – que temmais de um ano e um dia
Se o proprietário pede reintegração de posse enquanto o possuidor tem posse nova, ele conseguirá a liminar. 
Ou seja, essa classificação só serve para saber se haverá ou não liminar (questão processual).
Essa classificação só se encaixa em posse não autorizada.
*liminar 
*Legítima defesa da posse (Art 1.210, parágrafo 1): defender a sua posse na porrada basicamente – autotutela. O sujeito que está sendo esbulhado em sua posse pode defender sua posse na força física (força da bala) – pode usar de legítima defesa contanto que se faça logo (desde imediato – relativo), e que utilize os mesmos meios com o qual foi atingido. 
G) “jus possiendi” e “jus possessionis”
”jus possiendi”: posse autorizada
“Jus possessionis”: posse não autorizada
Art 1203
Modos de aquisição da posse
- 1.196 – 1.204
- aquisição
a. Pela própria pessoa
b. Representante legal (poder familiar, tutela, curatela, etc) ou convencional (posso passar uma procuração para que alguém tenha posse no meu nome).
c. 3° sem mandato (ratificação “ex tunc”): tenho um terceiro que não tem contrato de mandato (não há que se falar de procuração), mas que vai lá e invade a meu pedido. Aí depois eu ratifico os atos praticados por ele (portanto, efeitos ex tunc). Ex: vereador colocou uma pessoa em um terreno que não era dele. Ai o sujeito ficou lá por 20 anos (que era o tempo do Usucapião), e o vereador entrou com o pedido de Usucapião, não o cara (o terreno já valia milhões).
- modos originário (quando a pessoa passa a ser possuidora por força dela mesma, sem negociação) e derivado (quando se transmite de uma pessoa pra outra – A vende para B)
*transmissão ou não do vício
Ex: dona Maria tinha posse precária de um imóvel. E aí chega um cara e fala: “você nem tinha que estar aqui, da o fora”. Ele adquiriu a posse de forma originária ou derivada? Originária. Mas ele tem uma posse viciada pela precariedade? Não – posse originária -> não transmite o vício; posse derivada -> transmite o vício
- modos originários 
1. apreensão de coisa (modos originários)
Ex: pescar peixe em alto mar – me torno proprietário da coisa. Ex2: monitor da Apple jogado na rua – se eu pego, eu me torno proprietário por modo originário. 
2. exercício do direito (modos originários)
Ex: aqueduto. Ex: tem o seu terreno e o do seu vizinho, e no dele tem uma nascente de água. Aí eu coloco um cano pra desviar parte dessa água pro lugar onde ficam os meus animais. Em determinado momento o vizinho descobre. Talvez ele já não possa mais interromper a passagem de água daquele cano, porque talvez você seja titular de uma servidão de aqueduto - se você tiver feito isso a mais de 10 anos, o vizinho não pode mais impedir.
DIREITOS REAIS – AULA 4 – 05/09/2022
- modos derivados
1) Tradição: não está há falar única e exclusivamente de coisa móvel, compreende tanto coisa móvel quanto imóvel. 
a) Efetiva/material: ex: eu peço o celular do Mario emprestado, e ele me empresta. Agora eu tenho a posse material (me entregou o objeto)
b) Simbólica/ficta: ex: a entrega das chaves de uma casa.
c) Consensual: acordo de vontades para ocorrer a posse
i. “traditio longa manu”: tradição de longa mão. Ex: alguém de nós faz contrato com o Mário de arrendamento da fazenda dele de 5 milhões de hectares. Tem como essa tradição ser feita de forma efetiva ou simbólica? Não (não é efetiva porque ele não entrega a fazenda na mão do possuidor como faz quando empresta o celular; e também não é simbólica porque mesmo tendo uma chave, ele não tem uma função – apesar de ser a chave do portão da fazenda, eu posso entrar pela lateral, por trás, porque não é tudo cercado, são 5 milhões de hectares – diferente de um carro por exemplo, que a chave tem função, só com aquilo eu consigo ligar o carro), então é uma tradição consensual pelo mero acordo de vontades.
ii. “Traditio breve manu”: possuía em nome alheio e agora possui em nome próprio. Tradição de breve mão. Possuidor se torna proprietário. Ex: inquilino que se torna proprietário. Ex: eu sou o dono do apartamento e vc o inquilino. Aí eu decido vender, ofereço pra vc é vc compra. Precisa tirar todos os seus móveis de lá, levar pro térreo e depois subir tudo de novo pro apartamento? Não. Então houve uma mudança apenas do ponto de vista do Direito quanto a posse, e não de fato.
2) Constituto possessório: da a impressão de que seria do tipo consensual também, mas não é. Ex: Bradesco tem um prédio onde tem uma agência. Ai o Bradesco decide vender o prédio, mas quer permanecer com a agência no mesmo local. Então quando ele coloca o prédio para vender, ele coloca a cláusula constituti – “estou vendendo este imóvel com a condição de continuar como possuidor (inquilino) desta agência”, ou seja, de proprietário ele passa a ser inquilino. 
Porque não é do tipo consensual? Porque aqui não é um puro acordo de vontades, existe uma imposição colocada pelo proprietário.
*ou seja: diferença de tradição para constituto possessório:
Tradição: deixa de ser possuidor e vira proprietário
Constituto possessório: deixa de ser proprietário e vira possuidor
3) Acessão: somatória dos tempos de posse. Para qual finalidade? Alegar usucapião.
a) Sucessão: ex: meu pai tomou posse, ele morre, e a posse dele se transmite aos seus herdeiros, contanto que eles continuem a exercer a posse sobre aquele bem/propriedade (ex: comprova que continua morando lá). Vamos supor que meu pai tinha 7 anos de posse, ele morre, e eu continuo na posse daquele bem por mais 8 anos. 7 + 8 = 15 anos. Por entrar com usucapião. 
b) União: adianta eu comprar a posse da Dona Maria (que tinha posse precária), pra querer juntar o tempo dela com o meu? Não. Agora e se eu comprar a posse de um indivíduo que invadiu a fazenda há 8 anos. Aí eu fico mais 7 anos. 8 + 7 = 15 anos. Pode pedir usucapião.
Aqui não se encaixa em sucessão porque a pessoa de quem eu tô comprando a posse, não é minha ascendente, e sim uma pessoa X. 
*1208
Perda da posse
*1223: “Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196”
- abandono: ex: lembram do famoso monitor da Apple que foi deixado ao lado do poste? Então, a pessoa que deixou ali teve uma atitude intencional, não quer mais ter a posse. 
O fato de eu não estar utilizando um imóvel, e ele fica com aparência de abandono. Eu deixei de ser proprietário? Ou possuidor? Não. Para de caracterizar como abandono, deve haver a vontade (ex: a pessoa deixou o monitor da rua de propósito, ele não quer mais ser dono)
Para imóvel não basta a caracterização do abandono, tem que vir junto com o não pagamento de tributos por 3 anos.
- tradição: oque já vimos. 
- perda: ex: perdi a minha caneta Mont Blant na rua.
- destruição
- coisa fora do comércio 
- posse de outrem
- constituto possessório
- impossibilidade do exercício: lembra do modo originário por exercício do direito? Vamos supor que o proprietário descobre o aqueduto, e antes de 10 anos ele destrói o cano. Ele pode fazer isso. Então houve a perda da posse por impossibilidade do exercício. 
- desuso
*1224: “Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido”.
Classification: Public

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