Prévia do material em texto
1 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Urgência do Adulto- Fraturas Introdução Definição: A fratura representa a perda da continuidade óssea. OBS: Luxação: é a perda da congruência articular (“vai e fica”) Há perda da continuidade ligamentar e geralmente é acompanhada de uma lesão vascular e nervosa. OBS1: Entorse: é a perda momentânea da congruência articular (“vai e volta”) É como se fosse uma luxação que reduziu sozinha. Fraturas ortopédicas Classificação: - Localização: A depender da localização óssea, há maior ou menor risco para fraturas, por exemplo, a região da placa de crescimento é uma região mais propícia para fraturas. Nestes casos dividimos o osso em: Epífise (região mais próxima à articulação E= EXTREMIDADE); Metáfise (região entre a epífise e diáfise, local mais vascularizado, o que gera maior risco para osteomielite por disseminação hematogênica); Diáfise (região onde há a medula óssea). Fise/placa de crescimento: é uma localização óssea presente nos ossos das crianças. - Lesão de partes moles: Fechada; Aberta/exposta: há uma solução de continuidade entre o meio externo e meio interno. Por ser uma região previamente estéril, quando ocorre esse tipo de fratura, há um risco de infecções por exposição aos microrganismos externos. - Denominações especiais: Galho verde: ocorre principalmente em crianças, de modo que não rompe o lado contralateral (de um lado há uma quebra e do outro um amasso); Tórus: amassa ao invés de fraturar, sendo comum em crianças; Por estresse/fadiga: ocorre por estresses, exercícios repetitivos, o que leva ao trauma crônico. Fraturas patológicas: ocorre em ossos frágeis por uma doença prévia. Tratamento Redução: Representa um realinhamento da estrutura óssea. Pode ser feita das seguintes maneiras: - Fechada/incruenta: é realizada por manipulação, de modo que o ortopedista consegue manipular a estrutura óssea, conseguindo reposicionar o osso; - Aberta/cruenta: é realizada de forma cirúrgica, associado a ATB. Estabilização: Representa o momento após a redução, onde devemos deixar o mais estável possível para poder ocorrer à cicatrização. É feita na maioria das vezes através do aparelho gessado ou através de cirurgia, onde se coloca fios, placa, parafusos e fixadores. Complicações As complicações de fraturas ortopédicas podem ser divididas em: - Complicações da fratura em si: Lesão arterial rara; Síndrome compartimental: ocorre por uma lesão de partes moles, de modo que há edema associado e consequentemente aumento da pressão e isquemia; Embolia gordurosa/TEP: principalmente quando há fratura na diáfise; Osteomielite: principalmente diante de fraturas abertas que geram risco aumentado de infecções; - Complicações do tratamento: Consolidação viciosa: ocorre devido uma estabilização não bem feita; Pseudo-artrose: ocorre devido uma não consolidação por no mínimo 9 meses. Fraturas Expostas Há uma continuidade/COMUNICAÇÃO COM O MEIO EXTERNO, sendo principalmente visualizada quando há presença de gordura associado ao sangramento OU grande quantidade de osso exposto. Além disso, há lesão de pele associada. Qualquer ferimento no mesmo segmento de uma fratura deve levantar suspeita de fratura exposta. Investigação: - Sangramento venoso que não cede com compressão (sangramento da medula óssea); - Efusão de sangue ao palpar foco de fratura; - Sangramento com gotículas de gordura. 2 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Conduta: - Inicialmente precisamos entender que precisamos seguir o ATLS, visando estabilização do doente, uma vez que para existir fratura exposta pressupõe um trauma de alto impacto; ABCDE; Deve-se realizar um curativo estéril e realização de um exame de imagem; - Iniciar ATB em até 3 horas (é o que reduz mais a morbimortalidade), sendo mantido de 48-72 horas (Caso não seja feito de forma precoce pode ficar por até 2 semanas) + profilaxia antitetânica; - Realizar a cirurgia em até 4-6 horas. Nestes casos devemos: Realizar o Debridamento remover os tecidos desvitalizados; Limpeza mecânica com cerca de 10 L de soro fisiológico; Estabilização da fratura: temporária. Classificação de Gustillo- Anderson: É uma classificação essencial para avaliar gravidade e terapêutica. Essa classificação é baseada de acordo com o tamanho da exposição do osso. OBS: PAF E ZONA RURAL É TIPO III. - Se Tipo I: ATB indicado é a cefalosporina de 1ª geração: Cefazolina Ou Cefalotina Contato de bactérias de pele que são gram positivas; - Se tipo II ou III: Cefazolina + Aminoglicosídeos (gentamicina) OU cefalosporina de 3ª geração Bactérias gram positivas da pele + bactérias do ambiente (a lesão ocorre de fora para dentro). Se área rural devemos ainda associar com Penicilina OU Metronidazol (principal). Fraturas na fise de crescimento Ocorrem em ossos infantis, onde há a cartilagem de crescimento, que pode levar a uma falha no crescimento ósseo. 3 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Classificação de Salter-Harris: - Tipo I: é uma fratura que ocorre na própria fise, separando a epífise da metáfise; Tratamento: Redução fechada + gesso; - Tipo II (+ COMUM): é uma fratura na fise e metáfise (Sobe em direção à metáfise), de modo que há formação de uma espícula óssea triangular. Chamamos este tipo de Sinal de Thurston-Holland; Tratamento: Redução fechada + gesso. - Tipo III: é uma fratura que começa na fise e vai em direção à articulação (epífise). É mais grave, uma vez que gera aumento o risco de pseudo-artrose; Tratamento: Redução aberta + fixação interna. - Tipo IV: é uma fratura que atravessa a epífise, fise e metáfise, ou seja, ela vai em direção à metáfise e também a epífise; Tratamento: Redução aberta + fixação interna. - Tipo V: ocorre uma compressão da fise geralmente não vista no raio X; Tratamento: Cirurgia que visa redução da deformidade. Fratura de fêmur Fratura proximal: Essa é dividida em: - Fratura do colo; - Fratura transtrocantérica: aquela que acomete entre os trocânteres do fêmur; - Fratura subtranstrocantérica: aquela que acomete abaixo dos trocânteres do fêmur. O paciente com fratura proximal do fêmur apresenta-se com rotação externa do membro fraturado, ou seja, fica mais encurtado. Manejo para o Médico Generalista Introdução: Inicialmente precisamos entender que o paciente politraumatizado que possui fraturas, devemos iniciar o tratamento de acordo com o ATLS do trauma: ABCDE. Além Disso, é importante coletar uma história clínica direcionada para entender o mecanismo de trauma, sendo inclusive importante incluir a ocupação (devido tratamento em diferentes hospitais especializados). O exame físico ortopédico cuidadoso: - Inspeção: permite avaliar se há equimose em diversos lugares (e sua extensão); avaliar se há deformidades ósseas, se há feridas e exposição óssea; - Palpação: buscar por dor, edema (e suas características), avaliar se há crepitações, se há corpos estranhos, avaliar se há enfisema subcutâneo. - Mobilização passiva e ativa: importante testar a amplitude de movimento das articulações proximais e distais ao sítio de lesão; - Exame neurovascular: avaliar motricidade, sensibilidade, pulsos distais aos sítios da lesão; - Testes especiais: Teste de gaveta anterior e posterior do Joelho. Imobilizações: Realizado após o ABCDE. - Vantagens da imobilização: Controle álgico; Controle de sangramento; Prevenção de lesão de partes moles; Facilita a mobilização do paciente; Facilita investigação complementar; Alinhamento do membro: se compressão da pele OU Ausência de pulso distal à lesão (indicações emergenciais) Caso não tenha: Chamar especialista. Podemos inicialmente reduzir a fratura. Devemos sempre reavaliar estado perfusional do membro durante o alinhamento. - Princípios: Tamanho e espessura adequado; Imobilizar um segmento proximal e distal à lesão. 4 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP Fratura de rádio e ulna. Fratura de tíbia e fíbula Fratura de maléolo/joelho Fratura de clavícula. Fratura de diáfise de úmero. Fratura de fêmur. Fratura de punho - Materiais: Malha tubular; Algodão ortopédico; Atadura gessada. - Confecções da tala gessada: ordem; Realizar medida do tamanho; Aplica a malha tubular; Fazer uma Tira de algodão ortopédico; Atadura gessada em camadas; Molhar o gesso; Retirar o ar do gesso: alisando a tira da atadura gessada; Dobra as extremidades do algodão; Aplicar a tala gessada com ataduras. Investigação complementar: - Radiografia: As radiografias de ossos longos devem conter articulações proximal e distal; As incidências devem ser adequadas: ortogonais entre si. 5 Luana Mascarenhas Couto 18.2- EBMSP - Tomografia: Útil na avaliação de fraturas articulares e do esqueleto axilar, porém de forma complementar a radiografia. - Ressonância magnética: Avaliação de fraturas ocultas do quadril e lesões ligamentares do esqueleto axial. Analgesia: Neste caso podemos lançar mão da escala analgésica da dor. OBS: Devemos associar drogas e não substituir. OBS: Se colocarmos opioide fraco ou forte: colocar um antiemético 30 minutos antes. RESUMINDO: Fratura de pelve OBS: Lesão de livro aberto: disjunção da sínfise púbica + instabilidade de articulação sacrilíaca anterior e posterior (pelo menos parcial) Classificação de Young Burguess (lesões pélvicas). É por sangramento venoso. - Manejo lesão pélvica: Reposição Volêmica; Estabilização provisória: realizar contenção mecânica externa= centrado nos trocânteres maiores com membros inferiores em rotação interna; A condição hemodinâmica define conduta: Estável: podemos observar na UIT por 48 horas. Se após esse período podemos pensar em cirurgia eletiva; Instável: indicaremos fixação externa. Luxação Clínica: - Luxação de ombro: Presença de sinal de Dragona (postura de ombro mais anteriorizada); ombro quadrado; Sinal do cabide. Condutas: OBS: REDUÇÃO VIA MANOBRA DE MILCH: iremos colocar o paciente deitado na maca, apoiamos o cotovelo e lentamente iremos realizar a abdução do braço. A partir disso, mantemos a tração, apoiamos a mão na axila do paciente (palpando a cabeça do úmero) e realizamos a adução do braço.