Prévia do material em texto
MARÍLIA ARAÚJO – P5 MEDICINA Bloqueios Do Neuroeixo • Anestesia raqui ou peridural em região lombar → Ao palpar a crista ilíaca póstero-superior bilateralmente, traça uma linha imaginária que fica entre as vértebras L3 e L4 – Linha de Tuffier • Anestesia peridural – espaço epi/peridural, antes da dura máter • Raquianestesia – aplicada no espaço subaracnoide (vem liquor na agulha) • Pele → tecido subcutâneo → ligamento supraespinhoso → ligamento interespinhoso → ligamento amarelo (mais resistente) → espaço epidural → dura máter → espaço subdural → aracnoide → espaço subaracnoide (liquor) → pia máter → medula • Teste de Dogliotti → perda de resistência ao passar pelo ligamento amarelo Espaço epi/peridural • Entre o canal vertebral e a dura máter • Muita gordura, muito vascularizado OBS: Se faz a anestesia raqui entre L3 e L4 porque a medula termina entre L1 e L2, é mais seguro. Pode haver dissecção a nível medular, geralmente de forma irreversível • Saindo de cada lado da medula, saem raízes nervosas. Cada raiz vai dar origem aos nervos espinhais. Cada raiz vai inervar segmentos cutâneos, os dermátomos • A raqui e a peri bloqueiam SN simpático e somático (sensitivo e motor) • Raquianestesia toracolombar – bloqueia inervação simpática → simpatectomia • Se há simpatectomia, há vasodilatação sanguínea → retorno venoso prejudicado, comprometimento do débito cardíaco → hipotensão • SN parassimpático é cranial e sacral • Quanto mais alta a raqui, maior o bloqueio simpático e maiores as repercussões hemodinâmicas → hipotensão, bradicardia • Se a peridural é feita fora das meninges, pode ser feita em qualquer segmento da coluna vertebral • Quanto maior a velocidade de injeção, mais rápido sobe o anestésico local (AL) • Quanto maior o volume, mais o AL sobe • O volume que se faz na raqui é menor do que na peri, visto que se está mais próximo das raízes nervosas → precisa de quantidade menor de AL • Nível ideal para bloqueio na cesariana é T4 (peritônio), por mais que o útero esteja em T10 • Fibras mielinizadas tendem a ser bloqueadas mais tardiamente do que as fibras amielinizadas. Fibras motoras são as últimas a serem bloqueadas, devido o bloqueio diferencial (simpático ou temperatura > dor > tato > motor). Após punção lombar, a quantidade que sobe e o quanto vai estar bloqueado, vai diminuindo. • Na peridural, em média, metade do volume de AL sobe e metade desce. Para cada dermátomo, são aproximadamente 2ml • O bloqueio é segmentar e se espalha tanto caudalmente quanto cranialmente, a partir do local da injeção • Fenômeno de desaferentação: Bloqueio neuroaxial produz sedação por si só! No bloqueio, coloca AL e adjuvantes que estão circulando junto ao líquor, então uma pequena parte das medicações chegam ao cérebro. • Na raquianestesia, consegue alterar o nível que o bloqueio chegou com o posicionamento do paciente: A partir do momento que percebe que em um dermátomo há diferença de temperatura (não houve bloqueio das fibras), faz um Trendelenburg: muda a posição da mesa Efeitos colaterais • Bloqueio de T1-T4 fibras: bradicardia • Hipotensão: simpatectomia • Efeitos respiratórios → mais em idosos e DPOC • Apneia isquemia-bulbar → centro → pcr • Bloqueio de T6-L1: hiperatividade vagal → aumento das secreções, motilidade intestinal e relaxamento dos esfíncteres → náuseas e vômitos → usar atropina (anticolinérgico) • Parassimpático aflorado → aumento do peristaltismo MARÍLIA ARAÚJO – P5 MEDICINA • Inibição da informação sensorial → minimiza o REMIT (efeito maior nos procedimentos de abdome inferior e MMII) • Diminuição da diurese, retenção vesical → anestesia do neuroeixo lombar-sacral bloqueia o SN simpático e porção sacral do parassimpático (S2-S4) • O primeiro sinal que o paciente irá evoluir para uma PCR em casos de raquianestesia é a Hipotensão arterial acentuada Indicações • Cirurgias ginecológicas, urológicas, MMII (vasculares), proctológicos → bloqueio promova analgesia → menor interferência na função pulmonar → menor incidência de TVP/TEP e REMIT Contraindicações • Absolutas: recusa do paciente, sepse, alergia, aumento da PIC • Relativas: Mielopatia ou neuropatia periférica, estenose espinhal, cirurgia espinhal prévia, esclerose múltipla, espinha bífida, estenose da válvula aórtica, hipovolemia, tromboprofilaxia, anticoagulantes ou coagulopatias. Anestésicos • Bupivacaína – a mais comum na raquianestesia, mas também pode usar a lidocaína. • Na peridural, pode usar lidocaína, bupivacaína, ropivacaína, levobupivacaína – mais comumente utilizados. Aditivos • Vasoconstritores: adrenalina → reduzir absorção sistêmica, principalmente no espaço peridural (muito vascularizado) • Alfa-2-agonistas: clonidina → prolonga o tempo de anestesia (cuidado em idosos porque diminuem liberação de noradrenalina) • Morfina: O controle de dor pode ser feito com AL + opioides Determinantes da dispersão cefálica • Raqui: Baricidade (diferença de densidade) da solução, posicionamento, dose do anestésico local • Quanto mais rápida a injeção, maior o nível que vai chegar. Na gestante introduz lentamente, porque ela já tem a tendência de dispersar muito o anestésico cranialmente, por conta do volume do útero, anatomia da coluna que muda na gestação etc. • Peri: Principal determinante é o volume do AL e o nível de punção. Quanto mais volume, mais dispersa o AL cranialmente e caudalmente. Complicações Cefaleia pós-raqui ou pós-punção da dura: • Pós-raqui: Mulher/gestante tem tendência a ter uma punção mais difícil e a ter cefaleia: punção difícil perfura várias vezes subaracnoide drena líquor vasodilatação cerebral causando cefaleia. • Pós-punção da dura: Quando entra um pouco mais com a agulha de peridural e atravessa a dura-máter e a aracnoide, vindo líquor drena líquor. Raquianestesia total ou bloqueio alto: • Raqui total: quando faz a peridural, mas perfura a dura-máter e a aracnoide e não percebe/não detectou presença do líquor. Paciente evolui com PCR. Lesões mecânicas e radiculopatias • Lesões mecânicas: a nível medular, normalmente são irreversíveis • Radiculopatias: normalmente reversíveis após algum tempo. • Sintomas neurológicos transitórios → Acontecia muito quando fazia bastante lidocaína, atualmente faz mais a bupivacaína. • Síndrome da cauda equina • Aracnoidite adesiva • Meningite (muito rara atualmente) • Dor lombar • Parada cardiorrespiratória • Hematoma espinhal → pacientes que já apresentam alguma coagulopatias ou em uso de coagulantes.