Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
LEPTOSPIROSE → Doença infeciosa febril aguda de notificação compulsória. → Doença causadora pela espiroqueta patogênica (bactéria helicoidal gram - aeróbica obrigatória) do gênero Leptospira. o Leptospira interrogans. o Ambientes quentes e úmidos propiciam o crescimento dessa bactéria. → É uma zoonose: animais com leptospiúra (portador universal: ratos de esgoto - Rattus norvegicus). o Outros reservatórios: suíno, bovino, cães e animais silvestres (capivara, macaco, etc). o Os animais infectados permanecem assintomáticos, mantêm a leptospira nos rins, eliminando-a viva na urina, contaminando água, solo e alimentos. → Maior parte dos casos é a forma leve da doença (parece quadro gripal - passa despercebida). → Deve-se perguntar ao indivíduo acerca de enchentes (epidemiologia) - maior incidência nos períodos chuvosos, principalmente em grandes centros urbanos. → É mais comum no sexo masculino - 30 a 49 anos. → Mialgia clássica de panturrilhas chama atenção para essa doença (apesar de não ser um sinal e sintoma exclusivo). INFECÇÃO DIRETA → Contato direto com a urina de animais infectados por meio da pele, mucosa oral, nasal e conjuntival. → Associação ocupacional - Trabalhadores que fazem a limpeza dos esgotos, garis, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, dentre outros, são mais predispostos à infecção. INDIRETA → Por meio de coleções águas (enchentes - grande fator de risco), solo contaminado com urina de animal contendo leptospiúra e alimentos contaminados. CADEIA DE TRANSMISSÃO → Roedores carreadores da leptospira liberam essa bactéria na urina e contaminam a água e o solo, infectando assim o ser humano e outros mamíferos que também são reservatórios. FISIOPATOGENIA → Período de incubação: 2 a 20 dias. → Leptospira ganha a corrente sanguínea (porta de entrada por meio da pele) e adentra vários órgãos - fase de leptospiremia (dura em torno de 1 semana). o O corpo desenvolve o mecanismo de imunidade - anticorpos circulantes são produzidos num o período de 2 semanas. A maior parte dos pacientes evolui para um quadro benigno. → Fase tardia ou leptospiúra: ocorre após 2 semanas da eliminação da bactéria através da urina, podendo perdurar por meses. FORMAS CLÍNICAS → Oligoassintomática: maior parte dos casos; leve (parece quadro viral, pouco inespecífico). → Anictérica: paciente apresenta início súbito de febre, mialgia (panturrilhas), cefaleia (holocraniana ou retrorbitária - podendo ser confundida com dengue e zika), anorexia, náuseas e vômitos, diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse. o Sorologia: 5 a 7 dias. o Tratamento com doxiciclina oral. o Acompanhamento laboratorial. → Forma grave - Síndrome de Weil ou da hemorragia pulmonar: apenas 10% dos casos; grande letalidade. → Paciente cursa com vasculite multissitêmica, icterícia rubínica (tonalidade alaranjada intensa - aparece entre o 3º e o 7º dia da doença; preditor de pior prognóstico), sangramentos (principalmente pulmonar - hemoptise), insuficiência renal (normocalêmica ou hipocalêmica), hemorragia alveolar (principal causa de mortalidade na leptospirose - óbito nas primeira 24 horas). o Tratamento: penicilina cristalina. o Importante diálise precoce (mesmo com quantidade K normal) e suporte relacionado a ventilação mecânica. FORMAS GRAVES → Síndrome ictérica-febril: o Icterícia (rubínica - com vasculite associada). o Oligúria. o IRA (ureia e creatinina aumentados) - piora com desidratação. o Rabdomiólise: destruição das fibras musculares. o Hiperbillirrubinemia: a custas da fração direta. o Insuficiência respiratória: a pneumonite hemorrágica com capilarite septal leva a hemorragias graves e hemoptise. FASE TARDIA → Manifestações clínicas mais frequentes: o Miocardites. o Arritmias. o Anemias. o Distúrbios neurológicos e meningite asséptica. → Manifestações clínicas menos frequentes (neurológicas): o Encefalites. o Paralisias focais. o Espasticidade. o Nistagmo. o Convulsões. o Distúrbios visuais centrais. o Neurite periférica. o Paralisia de nervos cranianos. o Radiculite. o Síndrome de Guillain-Barré. o Mielites. SINAIS DE ALERTA PARA HOSPITALIZAÇÃO IMEDIATA → Interna-se pacientes com dispneia, tosse e taquipneia - chance de acometimento pulmonar. → Alterações urinárias, geralmente oligúria - suspeita de acometimento urinário. → Fenômenos hemorrágicos (hemoptise, escarros hemoptoicos) - sinais de acometimento pulmonar. → Hipotensão - relacionado a falência circulatória. → Alterações do nível de consciência. → Vômitos frequentes. → Arritmias. → Icterícia. DIAGNÓSTICO INESPECÍFICO → Hemograma tende a diferenciar a leptospirose (causada por uma bactéria) de quadros virais (dengue, zika, febre amarela). o Plaquetopenia: achado que pouco as diferencia, sendo comum em ambas. o Leucocitose: raro em pacientes com arboviroses. • Com desvio à esquerda. • Neutrofilia. o Transaminases: pouco alteradas na leptospirose, enquanto na febre amarela, encontram-se bastante aumentadas. o Bilirrubina: fração direta aumentada (consegue conjuga-la, há problema na eliminação desse composto) na leptospirose. o Ureia e creatinina: elevados na leptospirose. o Potássio: baixo na leptospirose. ESPECÍFICO → Sorologia: o 1ª fase da doença (aguda ou leptospirêmica): 04 a 07 dias. Pode ser realizado o cultivo ou PCR. o 2ª fase da doença (tardia ou imunogênica): a partir do 7º dia dos sintomas. Pode ser feito pesquisa em campo escuto, MAT (teste de aglutinação macroscópica - padrão-ouro), PCR e ELISA-IgM. TRATAMENTO → Eficácia maior na 1ª semana do início dos sintomas. → Fase tardia: penicilina G cristalina, ampicilina, ou ceftriaxona. → No caso das complicações (Síndrome de Weil - pulmão e rins acometidos): Ventilação mecânica, diálise precoce, atentar para arritmias e para a desidratação.
Compartilhar