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Morfologia do Português Débora Luiza da Silva Angela Francisca Mendez Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor DÉBORA LUIZA DA SILVA ANGELA FRANCISCA MENDEZ AS AUTORAS Débora Luiza da Silva Olá! Meu nome é Débora Luiza da Silva. Sou formada em Letras (habilitação Português e suas respectivas literaturas) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), e Especialista em Educação a Distância: Gestão e Docência, pela mesma instituição. Atualmente participo do Programa de Educação Continuada do Mestrado em Educação, na linha de Tecnologias Aplicadas à Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tenho experiência técnico-profissional na área da docência, bem como na elaboração de conteúdos pedagógicos para cursos das modalidades presencial e a distância. Profissionalmente passei por diferentes instituições, entre elas o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e a Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs), ambas do Grupo Laureate International Universities, nas quais já atuei como analista acadêmica de EaD, professora-tutora, designer educacional e docente. Atualmente sou professora de Língua Portuguesa e Literatura da EJA EaD do Serviço Social da Indústria (SESI/RS). Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida, bem como contribuir com o aprendizado daqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo e bons estudos! Angela Francisca Mendez Olá! Meu nome é Angela Francisca Mendez. Sou graduada em Letras (habilitação em Português e Literaturas da Língua Portuguesa) pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), e Mestre em Letras – Linguagem, Interação e Processos de Aprendizagem (UniRitter), com ênfase na área Discurso, Linguagem e Sociedade. No ensino superior, atuei como professora na UniRitter – Laureate International Universities (40h), ministrando as disciplinas de Morfologia; Literaturas da Língua Portuguesa; Leitura, Produção e Revisão de Texto; Escrita Criativa; Literatura Brasileira e Memória Cultural; entre outras. Tenho larga experiência no Ensino a Distância (EaD), tanto na produção de conteúdo, quanto na coordenação de ensino. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo e bons estudos! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Compreendendo a morfossintaxe dos substantivos ................... 12 Funções sintáticas dos substantivos ................................................................................ 15 Identificando a morfossintaxe dos adjetivos ..................................22 Funções sintáticas dos adjetivos .........................................................................................24 Examinando as características dos verbos .....................................29 Verbos auxiliares ............................................................................................................................. 30 Verbos regulares, irregulares e defectivos .................................................................. 31 Verbos impessoais .........................................................................................................................35 Conhecendo a transitividade dos verbos .........................................38 Verbos nocionais ............................................................................................................................ 38 Verbos intransitivos ........................................................................................................................42 Verbos transitivos diretos .......................................................................................42 Verbos transitivos indiretos .................................................................................43 Verbos transitivos diretos e indiretos ............................................................45 Verbos de ligação ...........................................................................................................................45 9 MORFOSSINTAXE UNIDADE 04 Morfologia do Português 10 INTRODUÇÃO Chegamos ao fim desta disciplina, intitulada “Morfologia da língua portuguesa”. Nesta unidade letiva nosso enfoque estará centrado na morfossintaxe dos nomes (adjetivos e substantivos) e dos verbos, além de conhecermos os padrões verbais. Você sabe o que a morfossintaxe estuda? Como já sabemos, morfologia é a parte da gramática que estuda a estrutura, a formação e a classificação das palavras, enquanto a sintaxe se preocupa em estudar as palavras como elementos de uma frase, sua disposição e possíveis combinações, capazes de transmitir significado completo. Portanto, a morfossintaxe é a combinação entre o estudo da morfologia e da sintaxe, cuja análise ocorre tanto na esfera da palavra, quanto da frase, envolvendo sobretudo as classes gramaticais e as funções sintáticas. Preparado para o estudo do nosso último tópico de estudos? Aproveite e mergulhe neste universo! Desejamos bons estudos! Morfologia do Português 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 4 – Morfossintaxe. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Compreender a morfossintaxe dos substantivos. 2. Identificar a morfossintaxe dos adjetivos. 3. Examinar as características dos verbos. 4. Conhecer a transitividade dos verbos. Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Vamos lá. Ao trabalho! Morfologia do Português 12 Compreendendo a morfossintaxe dos substantivos OBJETIVO:: Nesta competência conheceremos as funções sintáticas expressas pelos substantivos dentro das orações. Já estudamos a morfologia dessa classe gramatical e agora chegou a hora de compreendermos sobretudo as relações de concordância, subordinação e ordem dessas palavras. Sabemos que a Gramática é o conjunto das regras que determinam as diferentes possibilidades de associação das palavras de uma língua para a formação de enunciados concretos. Entre as áreas da gramática estão a fonologia, a sintaxe e a morfologia. Na Gramática da Língua Portuguesa, a sintaxe compreende o estudo das combinações possíveis entre as palavras. Por isso, para compreendermos melhor essas relações, basta pensarmos nas palavras como peças de um quebra-cabeças, as quais precisam ser encaixadas em um lugar certo, paraque, ao fim, possamos ver uma imagem harmoniosa e coerente. Já a morfologia, trata-se do estudo da estrutura, da formação e da classificação das palavras. Assim, a morfossintaxe é apreciação conjunta da classificação morfológica e da função sintática das palavras nas orações, sendo este o foco do nosso estudo. Morfologia do Português 13 Figura 1 - Revisando o que já estudamos Fonte: Pixabay ACESSE: Quer se aprofundar no estudo da sintaxe da língua portuguesa? Recomendamos a leitura do livro-texto disponível em: http://bit.ly/3aPG6kZ. Acesso em: 29 jun. 2020. Bons estudos e ótima leitura. Revisando: Substantivos são termos responsáveis por nomear seres, objetos, ações, lugares etc. Existem 9 tipos de substantivos: comum, próprio, coletivo, abstrato, concreto, composto, simples, derivado e primitivo. Eles são flexionados em gênero, número e grau. Vamos relembrar a classificação: • Comuns: designam os seres da mesma espécie de forma genérica. • Próprios: sempre grafados em letra maiúscula, são palavras que particularizam seres, entidades, países, cidades, estados da mesma espécie. Morfologia do Português http://bit.ly/3aPG6kZ 14 • Concretos: designam as palavras reais, concretas – pessoas, objetos, animais ou lugares. • Abstratos: são aqueles relacionados aos sentimentos, estados, qualidades e ações. • Simples: são formados por apenas uma palavra. • Compostos: são formados por mais de uma palavra. • Primitivos: são aqueles que não derivam de outras palavras. • Derivados: são aquelas palavras que derivam de outras. • Coletivos: são aqueles que se referem a um conjunto ou grupo de seres. Figura 2 - Revisando o que já estudamos Fonte: Pixabay Na língua portuguesa, os substantivos podem desempenhar dentro das orações diferentes funções sintáticas, sempre ligadas diretamente aos verbos. Entre elas estão: Morfologia do Português 15 • Núcleo do sujeito; • Complementos verbais (objeto direto e indireto); • Agente da passiva; • Núcleo do complemento nominal; • Aposto; • Núcleo do predicativo do sujeito e do objeto; • Núcleo do vocativo. Agora, veremos as características de cada uma dessas funções sintáticas exercidas pelos substantivos dentro das orações e dos discursos. Funções sintáticas dos substantivos Sintaxe é a parte da gramática que tem por objetivo estudar a disposição das palavras dentro das orações, incluindo sua relação lógica, a fim de que as informações sejam transmitidas de maneira clara e coerente. Por isso as funções sintáticas compreendem o papel que determinadas palavras desempenham dentro das orações. Vejamos em quais delas podemos encontrar substantivos. a) Núcleo do sujeito De acordo com CEGALLA (2009), o núcleo é a palavra-base do sujeito (bem como de outras funções sintáticas). Em torno dele podem aparecer palavras secundárias, tais como: • artigos, • adjetivos, • locuções adjetivas etc. No entanto, são consideradas essenciais para a compreensão, assim como o núcleo. Morfologia do Português 16 Exemplo: Na oração “As rosas têm espinhos”, o sujeito da oração é “as rosas”. Quanto ao núcleo, este é representado pelo substantivo “rosas”, pois é o elemento mais importante do sujeito. Assim, notamos que no sujeito podem aparecer outras palavras ligadas a um substantivo, mas que são consideradas dispensáveis à compreensão do interlocutor. Segundo a Novíssima Gramática da Língua Portuguesa, de autoria do linguista Domingos Paschoal Cegalla (2009), os sujeitos podem ser classificados em: • simples - quando tem um só núcleo. Exemplo: "Um bando de galinhas d'angola atravessa a rua em fila indiana." • composto - quando tem mais de um núcleo. Exemplo: "O burro e o cavalo nadavam ao lado da canoa." • oculto (ou elíptico) - quando está implícito, isto é, quando não está expresso, mas se deduz do contexto. Exemplo: Viajarei amanhã. [sujeito: eu, que se deduz da desinência do verbo]. • indeterminado - quando não se indica o agente da ação verbal. Exemplo: Atropelaram uma senhora na esquina. [Quem atropelou a senhora? Não se diz, não se sabe quem a atropelou.] Morfologia do Português 17 Figura 3 - Conhecendo as funções sintáticas dos substantivos Fonte: Pixabay b) Complementos verbais (objeto direto e indireto) Alguns verbos da língua portuguesa não possuem sentido completo, isto é, necessitam de complemento para que a informação seja clara e concisa. Assim, admitem complementos, conhecidos como objetos. Ainda nessa unidade letiva será possível conhecer os verbos de acordo com sua transitividade. Fique atento! • Objeto direto: é o complemento dos verbos de predicação incompleta, não regido de preposição. Exemplo: Na oração “As plantas purificam o ar”, o verbo “purificam” necessita de um complemento, ou seja, de um objeto, expresso neste caso por artigo+substantivo = “o ar”. • Objeto indireto: é o complemento verbal regido de preposição necessária, visto que complementa a informação de um verbo transitivo indireto. Morfologia do Português 18 Exemplo: Na oração “Obedeço ao regulamento”, o verbo “obedeço” necessita de um complemento, ou seja, de um objeto, expresso neste caso por preposição+substantivo = “ao regulamento”. c) Agente da passiva É o complemento de um verbo na voz passiva. Representa o ser que pratica a ação expressa pelo verbo passivo. A voz passiva é uma construção sintática em que um objeto direto passa a ocupar a posição de sujeito, ou seja, é a maneira como o verbo se expressa em relação ao sujeito, que, no caso da passiva, sofre a ação ao invés de praticá-la. Vem regido comumente pela preposição “por” e, algumas vezes, pela preposição “de”. Exemplo: Na oração “Alfredo é estimado pelos colegas”, o termo “pelos colegas” é classificado como o agente da passiva, expresso por preposição+substantivo. d) Núcleo do complemento nominal Complemento nominal é o termo complementar reclamado pela significação transitiva incompleta de alguns substantivos, adjetivos e advérbios. Vem sempre regido de preposição. Como já abordamos, consideramos como núcleo a palavra de maior importância em determinadas funções sintáticas, pois transmitem as principais informações para a compreensão de determinada oração e/ou discursos. IMPORTANTE: É muito comum confundir os complementos verbais e nominais, no entanto, enquanto o complemento verbal (objeto direto e indireto) completa a ação de um verbo, o complemento nominal está sempre ligado a um nome (substantivos, adjetivos e advérbios). Além disso, ambos são regidos de preposição. Morfologia do Português 19 Exemplo: Na frase “Nossa fé em Deus”, a expressão “em Deus” está completando o sentido do substantivo “fé”, portanto o complemento verbal é formado por preposição+substantivo. No entanto, o núcleo do complemento é o substantivo próprio “Deus”. Figura 4 - Estudando a diferença entre os complementos verbais e nominais Fonte: Pixabay e) Aposto É uma palavra ou expressão que explica ou esclarece, desenvolve ou resume outro termo da oração (CEGALLA, 2009). Esse elemento pode aparecer antes ou depois do termo ao qual se refere, bem como ser destacado ou não por sinais de pontuação, tais como vírgula, dois-pontos ou travessão. Exemplo: Na oração “Dom Pedro, imperador do Brasil, foi um monarca sábio.”, a expressão “imperador do Brasil” é considerada um aposto, pois está explicando um termo mencionado anteriormente, bem como é formado por substantivos (imperador+Brasil). Morfologia do Português 20 f) Núcleo do predicativo do sujeito e do objeto Existem dois tipos de predicativo: do sujeito e do objeto. Vejamos suas especificidades. • Predicativo do sujeito: é o termo que exprime um atributo, um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um verbo de ligação no predicado nominal. Exemplo: Na oração “O menino foi meu aluno”, a expressão “meu aluno” é classificada como opredicativo do sujeito, pois caracteriza o sujeito e está conectada a um verbo de ligação (foi). Note que a palavra “aluno” é um substantivo. • Predicativo do objeto: É o termo que se refere ao objeto de um verbo transitivo, isto é, ao seu complemento. Exemplo: Na oração “Ela adotou-o por filho”, o substantivo “filho” é, portanto, classificado como predicativo do objeto. g) Núcleo do vocativo Para CEGALLA (2009, p. 366) “Vocativo [do latim vocare = chamar] é o termo (nome, título, apelido) usado para chamar ou interpelar a pessoa, o animal ou a coisa personificada a que nos dirigimos”. O vocativo não possui relação sintática relacionada a outra expressão da oração, isto é, não está relacionado com o sujeito ou com o predicado – diferente do aposto, o qual estabelece relação com o restante da frase. Esse elemento é muito comum em gêneros textuais como cartas, e-mails, memorandos, circulares, entre outros. Por isso, em muitas situações, o vocativo também aparece acompanhado de um pronome de tratamento ou um adjetivo, por exemplo. Exemplo: Na oração “Rafael, copie o texto”, o substantivo “Rafael” é classificado como um vocativo. Prezado editor Morfologia do Português 21 Querido amigo Caros pais RESUMINDO: Nessa competência, nosso enfoque foram as funções sintáticas desempenhadas pelos substantivos. Ao longo de nossos estudos, verificamos uma série de características morfológicas dessa classe gramatical, assim foi possível ampliarmos nosso aprendizado de maneira a analisar a morfossintaxe dos substantivos. Ou seja, compreendemos os aspectos relacionados à morfologia e à sintaxe dessas palavras. Em suma, vimos que o substantivo pode se apresentar nas orações com as seguintes funções sintáticas: núcleo do sujeito; complementos verbais (objeto direto e objeto indireto); agente da passiva; núcleo do complemento nominal; aposto; núcleo do predicativo do sujeito ou do objeto; núcleo do vocativo. Morfologia do Português 22 Identificando a morfossintaxe dos adjetivos OBJETIVO:: Nesta competência, conheceremos as funções sintáticas expressas pelos adjetivos dentro das orações. Já estudamos a morfologia dessa classe gramatical e agora chegou a hora de compreendermos, sobretudo, as relações de concordância, subordinação e ordem dessas palavras. Portanto, a partir de agora nosso enfoque será a morfossintaxe dessa classe gramatical. Assim como os substantivos, os adjetivos também podem desempenhar funções distintas dentro das orações, as quais veremos a seguir: • Predicativo do sujeito; • Predicativo do objeto; • Adjunto adnominal. Neste sentido, além de se apresentar como classe gramatical, o adjetivo ainda desempenha funções sintáticas distintas – as quais serão investigadas a partir de agora. Revisando: Como já estudamos nas unidades anteriores, os adjetivos são palavras que expressam as qualidades ou características dos seres. Portanto, estão geralmente ligados aos substantivos. Alguns exemplos: velho, novo, azul-claro, brasileiro, luso-brasileiro etc. Morfologia do Português 23 Figura 5 - Estudando a morfossintaxe dos adjetivos Fonte: Pixabay Os adjetivos podem ser classificados em: • Adjetivos pátrios – os que designam a nacionalidade, o lugar de origem de alguém ou de alguma coisa. • Adjetivos eruditos – significam que é "relativo a", "próprio de", "semelhante a", "da cor de". Quanto à sua estrutura: • Derivados: quando derivam de substantivos ou verbos. • Simples: quando são formados por um só elemento. • Compostos: quando são formados por mais de um elemento. Ainda podem ser flexionados quanto ao gênero: • Uniformes: os que têm a mesma forma em ambos os gêneros. • Biformes: os que possuem duas formas, uma para o masculino e outra para o feminino. Morfologia do Português 24 Em número, pelo singular e plural, os adjetivos seguem as mesmas regras da flexão numérica dos substantivos. Por isso geralmente quando flexionados no plural, acrescenta-se a letra “s” em sua forma original. Quanto ao grau, podem aparecer nas formas comparativo ou superlativo. Apresentam-se em grau comparativo para comparar qualidades dos seres, podendo ser: • de igualdade; • de superioridade sintético; • de inferioridade. Já o superlativo expressa qualidades num grau muito elevado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser absoluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades (CEGALLA, 2009): • Analítico; • Absoluto sintético. Para retomar essas características, consulte o E-book da Unidade letiva 3 – Morfologia dos substantivos e adjetivos. Funções sintáticas dos adjetivos Na língua portuguesa, os adjetivos desempenham as seguintes funções sintáticas: • Predicativo do sujeito; • Predicativo do objeto; • Adjunto adnominal. Morfologia do Português 25 a) Predicativo do sujeito: como já mencionamos, esse é o termo que exprime um atributo, um estado ou modo de ser do sujeito, ao qual se prende por um verbo de ligação no predicado nominal. No entanto, de maneira mais comum, essa função sintática é desempenhada pelos adjetivos. Exemplo: Na oração “As moças eram encantadoras”, o adjetivo “encantadoras” é classificado como o predicativo do sujeito. Além dos adjetivos, das locuções adjetivas e dos substantivos, essa função sintática pode ser desempenhada ainda por: • Um pronome: Exemplos: O responsável é ele. Meu carro é este. • Um numeral: Exemplos: Somos trinta e cinco pessoas para almoçar. Eles eram só quatro. • Uma oração substantiva predicativa: Exemplos: O bom é que ela sempre foi bem esforçada. A dúvida era se seriam necessários mais auxiliares. b) Predicativo do objeto: é o termo que se refere ao objeto de um verbo transitivo (seja direto ou indireto), ou seja, do verbo que necessita de um complemento, por não ter sentido completo por si próprio. Morfologia do Português 26 Exemplo: Na oração “Eu acho Denise bonita”, o adjetivo “bonita” está ligado ao complemento do verbo (acho), logo, exercendo a função sintática de predicativo do objeto – visto que quem “acha” “acha” algo ou alguma coisa. c) Adjunto adnominal: é o termo que caracteriza ou determina os substantivos, considerado como um elemento acessório das orações, isto é, nem todas admitem um adjunto adnominal em sua estrutura. Exemplo: Na oração “Meu irmão veste roupas vistosas”, o adjetivo “vistosas” está ligado ao substantivo “roupas”, logo, é classificado como um adjunto adnominal. Há casos em que algumas palavras, pertencentes a outras classes gramaticais, podem desempenhar a função de um adjetivo e consequentemente cumprir a função sintática de adjunto adnominal. Vejamos: • Representado por pronome adjetivo Exemplo: Minhas amigas prepararam tudo para a festa. • Representado por numeral adjetivo Exemplo: Vinte candidatos foram selecionados. • Representado por locução adjetiva Exemplo: Picadas de abelha doem muito. IMPORTANTE: Na sintaxe, os elementos das orações são classificados de acordo com a relação estabelecida com os demais termos. Morfologia do Português 27 Estão divididos em: • Termos essenciais (sujeito e predicado): esses devem obrigatoriamente aparecer nas orações. Mas, como já estudamos, muitas orações se apresentam com sujeito inexistente. • Termos integrantes (complementos verbais, complemento nominal e agente da passiva): estão ligados aos verbos e substantivos presentes nas orações e são assim considerados porque integram o sentido dessas palavras. Nem todas as orações apresentam termos integrantes – isso, portanto, dependerá da combinação dos termos que a compõem. • Termos acessórios (adjunto adverbial, adjunto adnominal, aposto e vocativo): considerados dessa forma, são dispensáveis para a compreensão do discurso, isto é, não prejudicam as informações transmitidas pelo interlocutor, caso não componham as orações. Assim, o adjunto adnominal, em resumo, é considerado comoum termo acessório da oração, ou seja, é dispensável porque não compromete as informações expressas pelos enunciados. Por isso, nem sempre aparece nas orações. Figura 6 - Estudando as funções sintáticas dos adjetivos Fonte: Freepik Morfologia do Português 28 RESUMINDO: Nessa competência, nosso enfoque foram as funções sintáticas desempenhadas pelos adjetivos, os quais são responsáveis por caracterizar os substantivos, estudados anteriormente. Ao longo de nossos estudos, verificamos uma série de características morfológicas dessa classe gramatical, assim foi possível ampliarmos nosso aprendizado de maneira a analisar a morfossintaxe dos adjetivos. Ou seja, compreendemos os aspectos relacionados à morfologia e à sintaxe dessas palavras. Dentro das orações, portanto, os adjetivos exercem as seguintes funções sintáticas: predicativo do sujeito; predicativo do objeto; adjunto adnominal. Morfologia do Português 29 Examinando as características dos verbos OBJETIVO:: Nesta competência será possível retomarmos algumas das características dos verbos. Como já abordamos anteriormente, essa é a classe gramatical que mais admite flexões, dentre as dez classes de palavras. Por isso seguiremos com enfoque nas características que envolvem os verbos da língua portuguesa. Conforme já estudamos na Unidade letiva 2, os verbos podem indicar circunstâncias diversas: • Ação: jogar, correr, partir. • Estado: ser, estar, permanecer. • Fato: amar, sofrer, mentir. • Fenômeno da natureza: chover, nevar, trovejar. Figura 7 - Estudando os verbos Fonte: Pixabay Morfologia do Português 30 De acordo com o linguista CEGALLA (2009, p. 194), “Com efeito, o verbo reveste diferentes formas para indicar a pessoa do discurso, o número, o tempo, o modo e a voz”. Verbos auxiliares Verbos auxiliares são os que se juntam a uma forma nominal de outro verbo para constituir a voz passiva, os tempos compostos e as locuções verbais (CEGALLA, 2009). Exemplos: Somos castigados pelos nossos erros. Tenho estudado muito esta semana. Jacinto havia chegado naquele momento. O mecânico estava consertando o carro. O secretário vai anunciar os resultados. Começava a escurecer na cidade de ltu. Observe o Quadro 1. Quadro 1 - Verbos auxiliares Principais verbos auxiliares Ter Haver Ser Estar Fonte: Elaborado pela autora (2019). São formas nominais dos verbos: Morfologia do Português 31 • Infinitivo: nomeia uma ação ou um estado, porém se apresenta neutro quanto às suas categorias gramaticais tradicionais, ou seja, não estão flexionados em tempo, modo, aspecto, número, pessoa. Exemplos: amar, sofrer, partir. • Particípio: é usado na formação de tempos verbais compostos. Indica o estado da ação depois de finalizada, transmitindo, portanto, uma noção de conclusão da ação verbal. A maioria dos verbos apresenta um particípio regular, terminado em -ado na 1ª conjugação (-ar) e em -ido na 2ª (-er) e na 3ª conjugação (-ir). Exemplos: amado, sofrido, partido. VOCÊ SABIA? Além da forma regular, o particípio apresenta as formas irregulares, ou reduzidas, que combinam com os verbos auxiliares ser e estar. Assim, o particípio irregular é geralmente utilizado na voz ativa. Exemplo: O trabalho seria feito pelo grupo. • Gerúndio: indica o estado de uma ação prolongada, que ainda está em curso, transmitindo, portanto, uma noção de continuidade da ação verbal. No gerúndio, os verbos da 1ª conjugação (-ar) terminam em -ando, os da 2ª conjugação (-er) terminam em -endo e os da 3ª conjugação (-ir) terminam em -indo. Exemplos: amando, sofrendo, partindo. Verbos regulares, irregulares e defectivos Os verbos são formados por um radical mais uma terminação. As terminações são diferentes, conforme as flexões em número, pessoa, modo e tempo verbal que apresentam. Morfologia do Português 32 Quanto à conjugação (1ª, 2ª e 3ª): • A 1ª tem como vogal temática o ”a”: Exemplos: cantar, pular, sonhar. • A 2ª tem como vogal temática o ”e”: Exemplos: vender, comer, chover, sofrer. • A 3ª tem como vogal temática o ”i”: Exemplos: partir, dividir, sorrir, abrir. Os verbos se dividem em: • Regulares: os que seguem um paradigma ou modelo comum de conjugação, mantendo o radical invariável, como vimos acima: Exemplos: cantar, bater, partir etc. Existem, contudo, verbos que não se encaixam nesses modelos fixos de conjugação verbal, possuindo alterações nos radicais e nas terminações quando conjugados. São chamados de verbos irregulares. • Irregulares: os que sofrem alterações no radical e/ou nas terminações, afastando-se do paradigma: Exemplos: dar, trazer, dizer, ir, ouvir etc. VOCÊ SABIA? Ser classificado como verbo irregular não significa que todas as suas formas conjugadas sejam irregulares, sendo possível que haja formas conjugadas de verbos irregulares que se encaixam nos modelos de conjugação regular. Morfologia do Português 33 Exemplos de verbos irregulares com alterações nos radicais Verbo medir: eu meço (o radical é med-); Verbo pedir: eu peço (o radical é ped-); Verbo trazer: eu trago (o radical é traz-); Verbo ouvir: eu ouço (o radical é ouv-). Exemplos de verbos irregulares com alterações nas terminações Verbo dar: eu dou (a terminação regular é -o); Verbo estar: eu estou (a terminação regular é -o); Verbo querer: ele quer (a terminação regular é -e); Verbo dizer: ele diz (a terminação regular é -e); Verbo fazer: ele faz (a terminação regular é -e). • Defectivos: os que não possuem a conjugação completa, não sendo usados em certos modos, tempos ou pessoas. Exemplos: abolir, demolir, reaver, precaver, soer etc. VOCÊ SABIA? Os verbos defectivos podem ser agrupados conforme as formas verbais que não apresentam. A defectividade verbal ocorre principalmente no presente do indicativo, no presente do subjuntivo e no imperativo. Vejamos alguns dos defectivos: • Verbos em que não se conjugam formas verbais terminadas em -a ou -o depois do radical. Verbo colorir; Morfologia do Português 34 Verbo demolir; Verbo banir; Verbo abolir; Verbo retorquir. • Verbos em que se conjugam apenas formas verbais terminadas em -i depois do radical. Verbo falir; Verbo ressequir; Verbo renhir; Verbo empedernir; Verbo aguerrir. Sobre as causas das defectividades verbais, os “defeitos” que apresentam alguns verbos, podemos considerar alguns fatores: • A defectividade verbal na língua portuguesa ocorre devido a fatores fonéticos, semânticos ou morfológicos. Não são normalmente conjugadas formas verbais que ocasionam sons “ruins”, cacofonia, nem que promovam confusão com outra forma verbal predominante. • Habitualmente falham as formas rizotônicas dos verbos, ou seja, as formas verbais que possuem a sílaba tônica no radical da palavra. • A defectividade verbal não é fixa, mas influenciada pelas mudanças que ocorrem na língua (lembre que a língua é um organismo vivo e mutável). Verbos anteriormente considerados defectivos já são atualmente considerados regulares, e formas verbais usadas no passado com frequência vêm perdendo seu uso na atualidade. Morfologia do Português 35 • As lacunas nas conjugações dos verbos defectivos costumam ser preenchidas por formas verbais de verbos sinônimos, por locuções verbais ou tempos compostos. Exemplo de conjugação inexistente: Eu coloro. Exemplos de possíveis substituições: Eu pinto. Eu estou colorindo. Verbos impessoais Os verbos haver, fazer (na indicação do tempo), passar de (na indicação das horas), chover, nevar, trovejar, garoar e outros que exprimem fenômenos meteorológicos ou da natureza, quando usados como impessoais, ficam na 3ª pessoa do singular. Figura 8 - Emprego dos verbos impessoais Fonte: Pixabay Exemplos: "Não havia ali vizinhos naquele deserto." (Monteiro Lobato) Morfologia do Português 36 "Havia já dois anos que nós não víamos." (Machado de Assis) "Aqui, faz verões terríveis." (Camilo Castelo Branco)"Faz hoje ao certo dois meses que morreu na forca o tal malvado..." (Camilo Castelo Branco) "Conhecera-o assim, fazia quase vinte anos." (Josué Montello) Quando saí de casa, passava das oito horas. "Chovera e nevara depois, durante muitos dias." (Camilo Castelo Branco) IMPORTANTE: Verbos que indicam tempo não flexionam. Um erro bastante comum ao usuário da língua é flexionar o verbo fazer, por exemplo, para indicar tempo decorrido. Ora, se os verbos impessoais são aqueles que não “possuem pessoa”, se quem flexiona verbo são pessoas, logo “tempo” não flexiona verbo. Observe: Errado: Fazem muitos tempos que não nos vemos. Certo: Faz muito tempo que não nos vemos. Errado: Fazem muitos anos que não como carne. Certo: Faz muitos anos que não como carne. Errado: Não encontro você fazem mais de cinco anos. Certo: Não encontro você faz mais de cinco anos. Atenção: O verbo ser, quando indica data, hora, distância, flexiona: São cinco quilômetros até o município de Florianópolis. A professora disse que já são cinco horas. Morfologia do Português 37 RESUMINDO: Nesta unidade letiva estudamos algumas características importantes no que se refere aos verbos. Essa classe gramatical é fundamental dentro das orações, pois, conforme vimos, para que tenhamos a ocorrência de uma oração obrigatoriamente temos que ter um verbo, em torno do qual se organiza todo o período. E devido à infinidade de verbos que compõem o léxico da língua portuguesa, ela engloba uma série de regras que merecem muita atenção dos falantes da nossa língua, sobretudo dos estudantes de Letras e futuros docentes. Morfologia do Português 38 Conhecendo a transitividade dos verbos OBJETIVO:: Nesta competência daremos sequência ao estudo dos verbos. Nosso enfoque serão as características referentes à transitividade verbal, por isso ampliaremos a compreensão da morfossintaxe dessa classe gramatical, visto que precisaremos entender as relações de outros elementos ligados aos verbos dentro das orações. A transitividade verbal se refere ao tipo de relação que um verbo transitivo estabelece com um complemento relacionado à predicação verbal. Antes de iniciarmos o estudo da transitividade dos verbos, cabe ressaltar que eles, em geral, são divididos em: • Verbos nocionais: aqueles que indicam ação. Esses verbos são classificados de acordo com a sua transitividade, isto é, as relações de dependência entre eles e seus complementos. • Verbos de ligação: indicam estado, mudança ou permanência de estado. A seguir conheceremos as características desses dois tipos de verbos, analisando-as para ampliar ainda mais nosso aprendizado sobre essa classe gramatical, a qual requer um estudo bastante amplo e atento. Verbos nocionais Como já mencionamos, esses verbos indicam sempre uma ação, sendo, portanto, considerados como o núcleo do predicado verbal, isto é, a parte mais importante do predicado, que na oração apresenta as informações sobre determinado sujeito. Morfologia do Português 39 Figura 9 - Verbos que indicam ações Fonte: Pixabay Vejamos alguns exemplos de verbos nocionais: pensar; gostar; querer; estudar; subir; dar; agradecer; perdoar; chorar; cozinhar; correr; copiar; pintar; colorir; lavar; desenhar; cortar; quebrar; olhar; escutar; mexer; fotografar e muitos outros. IMPORTANTE: Como já estudamos, é possível encontrarmos orações que se apresentam sem sujeito, no entanto não é possível ter uma oração sem predicado. Da mesma forma cabe relembrarmos que uma frase é considerada oracional quando apresentar um verbo. Caso não apresente um verbo em sua estrutura, teremos uma frase, que não pode ser considerada como oração. Uma frase pode ser definida por sua intenção ou por seu propósito comunicativo. Isso significa que frase é todo enunciado capaz de transmitir, de traduzir sentidos completos em determinados contextos de comunicação, de interação verbal. Morfologia do Português 40 Vamos retomar os tipos de frases, as quais são identificadas de acordo com a intenção em que são empregadas, a fim de facilitarmos sua compreensão. Os tipos de frases são cinco: exclamativas, declarativas, imperativas, interrogativas e optativas. A intencionalidade do discurso é manifestada por meio dos diferentes tipos de frases. Para tanto, os sinais de pontuação que as acompanham auxiliam para expressar o sentido de cada uma delas. • Frases declarativas: dividem-se em afirmativas e negativas Negativas Exemplo: O final de semana não foi muito agradável. Afirmativas Exemplo: Hoje será um belo dia. • Interrogativas Exemplo: Você não irá comigo à festa? • Exclamativas Exemplo: Como a menina é estudiosa! • Imperativas Exemplo: Vá já ao supermercado e traga-me a encomenda. • Optativas (usadas para exprimir um desejo) Exemplo: Deus te acompanhe! Percebe-se que em todos os exemplos temos frases oracionais, pois todo o discurso está organizado em torno de um verbo. Contudo, Morfologia do Português 41 temos casos em que as frases exprimem informações completas, mas não apresentam verbos em sua estrutura. Exemplo: Bom dia! Socorro! Olá! Bons sonhos! A oração é considerada uma unidade sintática. Compreende um enunciado linguístico cuja estrutura caracteriza-se obrigatoriamente pela presença de um verbo. Como já ressaltamos, a oração se caracteriza sintaticamente pela presença de um predicado, o qual apresenta informações do sujeito e, portanto, deve conter um verbo. A oração apresenta um sujeito, entre outros elementos conhecidos como termos essenciais, integrantes ou acessórios. O período também é considerado como uma unidade sintática. Trata-se de um enunciado construído por uma ou mais orações e possui sentido completo. Na fala, o início e o final do período são marcados pela entonação, e na escrita são marcados pela letra maiúscula inicial e a pontuação final específica que delimita sua extensão. Os períodos podem ser simples ou compostos: simples quando apresentarem apenas um verbo em sua estrutura, e compostos quando apresentarem dois ou mais verbos em sua composição. Exemplo: João foi ao mercado, comprou ovos, pagou a conta e foi para casa. No exemplo acima, temos um período composto por quatro orações. Cada um dos verbos utilizados – “foi”, “comprou”, “pagou” e “foi” – demarca as orações que o formam. Visto isso, podemos seguir com a análise dos verbos nocionais, que por sua vez são classificados de acordo com a sua transitividade verbal em: Morfologia do Português 42 • Intransitivos, • Transitivos diretos, • Transitivos indiretos • Bitransitivos (transitivo direto e indireto ao mesmo tempo). A seguir veremos o que os diferem. Verbos intransitivos Conforme CEGALLA (2009, p. 336), os verbos intransitivos “São os que não precisam de complemento, pois têm sentido completo quando expressos nas orações. Exemplos: "Três contos bastavam, insistiu ele." (Machado de Assis) "Os guerreiros tabajaras dormem." (José de Alencar) "A pobreza e a preguiça andam sempre em companhia." (Marquês de Maricá) "As sovas de meu pai doíam por muito tempo." (Machado de Assis) "Fui e parei diante dele." (Machado de Assis) "O padre apareceu e logo o burburinho cessou." (Coelho Neto) Como podemos notar, esses verbos por si só já trazem informações completas, o que faz com que a oração e/ou o período sejam claros e concisos ao interlocutor. Verbos transitivos diretos Os verbos transitivos diretos “são os que pedem um objeto direto, isto é, um complemento sem preposição” (CEGALLA, 2009, p. 337), visto que sozinhos não transmitem uma informação completa. Morfologia do Português 43 Exemplos: Comprei um terreno e construí a casa. "Trabalho honesto produz riqueza honrada." (Marquês de Maricá) "As poucas vezes que o visitei foi por motivo de doença dele." (Mário de Alencar) "Simão Bacamarte não o contrariou." (Machado de Assis) Assim, o complemento verbal,isto é, o objeto direto, aparece ligado diretamente ao verbo sem exigir uma preposição entre esses elementos. Verbos transitivos indiretos Os verbos transitivos indiretos são os que reclamam um complemento regido de preposição, chamado objeto indireto. Da mesma forma que os verbos transitivos diretos, sozinhos não são capazes de passar uma informação clara e completa ao interlocutor. Figura 10 - Estudo dos verbos Fonte Pixabay Morfologia do Português 44 Vejamos algumas orações que apresentam verbos transitivos indiretos e, por consequência, objetos indiretos em sua estrutura. “Ninguém perdoa ao quarentão que se apaixona por uma adolescente.” (Ciro dos Anjos) “Populares assistiam à cena aparentemente apáticos e neutros.” (Érico Veríssimo) “Nem nos sonhos cheguei a aspirar a tal emprego.” (Ciro dos Anjos) “As coisas obedeciam ao seu tempo regular.” (Raquel de Queirós) Na Unidade Letiva 2 estudamos as preposições. Essa classe gramatical compreende algumas palavras que têm por objetivo ligar elementos uns aos outros dentro das orações. Em alguns momentos as preposições também se unem a outras palavras de classes gramaticais diferentes, como os artigos. Vejamos os fenômenos causados nesses casos: • Por combinação: ocorre quando a preposição, ao se unir a outro vocábulo, não possui nenhum fonema omitido, mantendo integralmente todos os seus sons. Exemplos: Forma-se quando a preposição “a” se encontra com os artigos “a”, “o”, “os” e “as”. • Por contração: ocorre quando a preposição, ao se unir a outro vocábulo, sofre modificações fonéticas. Exemplos: do, da, dos, das, num, numa, nuns, numas, disto, disso, daquilo, naquele, naqueles, naquela, naquelas, pelo, pelos, pela, pelas. As principais preposições da língua portuguesa são: a; ante; após; até; com; contra; de; desde; em; entre; para; por; perante; sem; sob; sobre; trás. Morfologia do Português 45 Verbos transitivos diretos e indiretos Esse tipo de verbos admite dois objetos, um direto e outro indireto, concomitantemente, isto é, para que seu sentido seja completo, exige dois complementos. Também são conhecidos pela nomenclatura verbos bitransitivos. Exemplos: No inverno, Dona Cleia dava roupa aos pobres. (Quem doa doa algo a alguém) A empresa fornece comida aos trabalhadores. (Quem fornece fornece algo a alguém) Oferecemos flores à noiva. (Quem oferece oferece algo a alguém) Ceda o lugar aos mais velhos. (Quem cede cede algo a alguém) Perdoa-lhe tudo. [=perdoa tudo a ele] (Quem perdoa perdoa alguém de algo). IMPORTANTE: Em algumas situações, alguns desses verbos não apresentam dois complementos, ou seja, um objeto direto e um objeto indireto. Isso depende, portanto, do contexto em que o verbo está sendo empregado. Verbos de ligação São aqueles que ligam ao sujeito uma palavra ou expressão chamada predicativo do sujeito, o qual se apresenta como uma informação ou característica do sujeito. Esses verbos entram na formação do predicado nominal e indicam estado, mudança ou permanência de estado. Morfologia do Português 46 Exemplos: A Terra é redonda. A água está fria. O moço anda (=está) triste. Mário encontra-se doente. A lua parecia um disco. Observe o Quadro 2. SAIBA MAIS: Quer se aprofundar mais sobre a morfologia dos verbos da língua portuguesa? Recomendamos a leitura do artigo “A aquisição da morfologia de verbos regulares no português brasileiro: uma abordagem da linguística cognitiva”, disponível em: http://bit.ly/3auktXl. Acesso em: 20 jan. 2020. Bons estudos e ótima leitura! Quadro 2 - Verbos de ligação Principais verbos de ligação da língua portuguesa Ser Estar Permanecer Parecer Tornar-se Ficar Continuar Andar Fonte: Elaborado pela autora (2019). Como mencionado a anteriormente, os verbos de ligação apresentam diferentes circunstâncias devido ao contexto no qual são empregados. Vejamos. Morfologia do Português http://bit.ly/3auktXl 47 • Estado permanente – representado geralmente pelos verbos ser, viver. Figura 11 - Circunstâncias expressas pelos verbos de ligação Fonte: Pixabay Exemplos: André é estudioso. (Ele possui sempre essa característica) Ana Maria vive alegre. (Idem à prerrogativa anterior) • Estado transitório – verbos estar, andar, achar-se, encontrar-se. Exemplo: Minha irmã encontra-se doente. (Constatamos que se trata de algo momentâneo, mas que irá passar) • Estado mutatório – verbos ficar, virar, tornar-se, fazer-se. Exemplo: Joana ficou bonita, sem ao menos percebermos. (Literalmente identificamos uma mudança advinda do próprio sujeito) Morfologia do Português 48 Figura 12 - Chegando ao final da Unidade letiva Fonte: Pixabay • Estado de continuidade – verbos continuar, permanecer. Exemplo: Sabrina continua eufórica. (Aqui notamos que se trata de algo ininterrupto) • Estado aparente – verbo parecer. Exemplo: Você parece preocupada. (Revela-se pela impressão que temos do próprio sujeito) Morfologia do Português 49 RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o conteúdo de estudo deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos. Nesta competência verificamos as características dos verbos no que se refere à sua transitividade, por isso nosso estudo teve como foco reconhecer aspectos sintáticos dos verbos. Os verbos, de acordo com sua transitividade, são classificados em verbos intransitivos, quando não necessitam de nenhum complemento por terem sentido completo; transitivos diretos, quando necessitam de um complemento sem a presença de preposição; transitivos indiretos, quando admitem um complemento regido por preposição; bitransitivos, quando apresentam dois complementos, um deles sem preposição e outro com preposição; e ainda, verificamos as características dos verbos de ligação, que denotam estado, mudança ou permanência de estado. Morfologia do Português 50 REFERÊNCIAS BEZERRA, R. Nova gramática da língua portuguesa para concursos. São Paulo: Método, 2013. CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. São Paulo: IBEP, 2009. CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2014. CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. GRAMÁTICA TRADICIONAL. Morfologia. Disponível em: http://bit. ly/379uMOs. Acesso em: 17 nov. 2019. LIMA, R.; KENEDY, E. Linguística II. v. 1. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013. LÍNGUA PORTUGUESA II. Morfologia I. Disponível em: http://bit. ly/2GjCyJT. Acesso em: 17 nov. 2019. SOUZA, A. L. E. de. A aquisição da morfologia de verbos regulares no português brasileiro: uma abordagem da linguística cognitiva. Disponível em: http://bit.ly/3auktXl. Acesso em: 16 dez. 2019. Morfologia do Português Morfologia do Português Débora Luiza da Silva Angela Francisca Mendez Compreendendo a morfossintaxe dos substantivos Funções sintáticas dos substantivos Identificando a morfossintaxe dos adjetivos Funções sintáticas dos adjetivos Examinando as características dos verbos Verbos auxiliares Verbos regulares, irregulares e defectivos Verbos impessoais Conhecendo a transitividade dos verbos Verbos nocionais Verbos intransitivos Verbos transitivos diretos Verbos transitivos indiretos Verbos transitivos diretos e indiretos Verbos de ligação
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