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puberdade em meninas AMANDA RODRIGUES A adolescência compreende a faixa etária situada entre os 10 e 19 anos de idade, segundo a OMS, a puberdade é uma parte dela. A puberdade é caracterizada pelas mudanças biológicas que se manifestam na adolescência, e representada, para o ser humano, o início da capacidade reprodutiva. Nesse período surgem os caracteres sexuais secundários e a maturidade reprodutiva é alcançada. É um período de cerca de 2 a 4 anos de duração. Geralmente, 8-13 anos para meninas e 9-14 anos para meninos. Suas transformações têm caráter universal, então é algo em comum para todos os indivíduos nessa fase. Sob o aspecto hormonal, esse período é marcado pelo ajuste da alça de feedback negativo de esteroides gonadais e aquisição de uma alça de feedback positivo de estrogênio para o controle do ciclo menstrual na mulher, de forma interdependente de gonadotrofinas e hormônios ovarianos. início Se inicia após a reativação do eixo hipotálamo-hipófise-ovariano (HHO). · Na vida fetal, esse eixo está ativo e, após do nascimento, passa a um estado de quiescência (repouso) que perdura na fase da infância. Com a reativação, o hipotálamo secreta, de uma maneira pulsátil bastante específica, o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). E com isso, estimula a hipófise a liberar as gonadotrofinas, que são os hormônios luteinizante (LH) e folículo-estimulante (FSH). Essas gonadotrofinas agem nos ovários, que respondem produzindo os esteroides sexuais, estrogênio e progesterona. Com o estímulo do estradiol (E2) produzido pelos ovários, acontecem várias mudanças no organismo feminino; as mais marcantes são o estirão de crescimento e o surgimento dos caracteres sexuais secundários, telarca (desenvolvimento das mamas) e pubarca (surgimento dos pelos pubianos). A axilarca (surgimento dos pelos axilares) é outro evento dessa fase e pode coincidir com a pubarca. · Ambas são mais dependentes da função adrenal, por isso são chamadas de adrenarca. Em 85% das vezes, os eventos da puberdade obedecem à sequência telarca (M2 da escala de Tanner), seguida pela pubarca (em média após 6 meses - 1 ano da telarca) e, por fim, a menarca (primeira menstruação). adrenarca Produção de andrógenos pelo córtex adrenal. ☼ Entre 6-8 anos ☼ Independente do eixo hipofisário-gônadas ☼ Aumento de DHEAS (sulfato de dehidroepiandrosterona) que é um andrógeno suprarrenal: aumenta odor nas axilas, acne e pelos pubianos. gonadarca Aumento da produção de esteroides sexuais. ☼ Ação do FSH e LH ☼ Testículos: produção de testosterona ☼ Ovários: estrógenos ☼ Isso gera o aparecimento dos caracteres sexuais secundários Adrenarca e gonadarca são independentes. fatores determinantes O principal determinante é genético (ex.: concordância de idade da menarca entre mãe e filha, filha e irmãs ou num mesmo grupo étnico). Porém fatores extrínsecos são capazes de afetar tanto a idade de início quanto a progressão puberal, dentre os quais podem ser destacados: · estado nutricional · + precoce em crianças obesas · + atrasada em indivíduos desnutridos. · saúde geral · região geográfica · mais precoce em áreas urbanas, de menor altitude e mais próximas à linha do Equador. · exposição à luz · exposição à compostos químicos alterações morfofisiológicas Os estágios de Tanner (Marshall e Tanner) são utilizados para descrever o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários em ambos os sexos, dividindo-se em estágios. O estágio 1 representa o estado pré-puberal e o estágio 5, o desenvolvimento puberal completo. desenvolvimento mamário feminino O desenvolvimento mamário completo costuma levar 3 anos e meio, mas pode ocorrer em apenas 2 anos ou não progredir além do estágio 4 até a primeira gravidez. Estágio 1 de Tanner: · pré-puberal · ausência de tecido mamária palpável. · papilas invertidas, planas ou elevadas. · aréolas medem menos de 2 cm de diâmetro. Estágio 2 de Tanner: · brotamento das mamas · elevação visível e palpável do tecido mamário. · aumento das aréolas e a pele do local se torna mais fina. · as papilas se desenvolvem em grau variado, formando uma pequena saliência. Estágio 3 de Tanner: · o crescimento e a elevação de toda mama continuam. · e é evidente uma segunda saliência correspondente à papila. Estágio 4 de Tanner: · aumento da glândula mamária. · elevação da aréola e da papila, com aumento de diâmetro e mudanças na textura da aréola. Estágio 5 de Tanner: · O contorno e tamanho da mama são de aspecto adulto. · Na maioria das mulheres, a papila é mais pigmentada nesse estágio. · As glândulas de Montgomery são visíveis ao redor da circunferência da aréola. desenvolvimento pÊlos Estágio 1 de Tanner: · não há pêlos pubianos. · porém pode ser observada uma penugem semelhante àquela que recobre o abdome. Estágio 2 de Tanner: · surgimento dos primeiros pêlos pubianos · são longos, finos e liso/pouco encaracolados. · se depositam junto aos grandes lábios. Estágio 3 de Tanner: · os pêlos se estendem até a sínfise púbica. · se tornam mais grossos, encaracolados e escuros. Estágio 4 de Tanner: · os pêlos já tem aspecto de textura e espessura aos de um adulto. · mas ainda não atingem a parte interna da coxa. Estágio 5 de Tanner: · quantidade, distribuição, textura e espessura da pilosidade pubiana são iguais às do adulto. · invadindo a face interna da coxa. crescimento O estrogênio é o principal estimulador do crescimento puberal. Há uma aceleração do crescimento durante a puberdade, evidente principalmente nos estágios 3 e 4 de Tanner. As meninas sofrem esse pico de crescimento antes da menarca, limitando seu crescimento posteriormente. Já os meninos perpassam essas mudanças cerca de 2 anos mais tarde, resultando numa diferença de altura de 12 cm entre os sexos na fase adulta. O crescimento na adolescência é desproporcional, se inicia pelas extremidades distais. Após o crescimento dos pés e mãos, ocorre o crescimento das extremidades proximais. Por último, o do tronco, retomando a harmonia e a proporcionalidade. A idade em que a puberdade acontece influencia diretamente a estatura final do indivíduo. No período do estirão de crescimento, se ganha de 17% a 18% da estatura final. Então, a maturação puberal mais cedo está relacionada à estatura final um pouco menor. Porque da mesma forma que a secreção do estrogênio inicialmente leva ao estirão do crescimento, o estímulo constante dele leva ao fechamento da cartilagem de crescimento dos ossos e, consequentemente, o ritmo de crescimento diminui significantemente após a menarca. composição corporal A massa corporal magra, a massa óssea e a gordura corporal são iguais em meninos e meninas pré-púberes. Na maturidade: · os homens têm 1,5 vez a massa corporal magra e quase 1,5 vez a massa óssea das mulheres, · enquanto as mulheres têm o dobro da gordura corporal dos homens. acne Durante a infância, as glândulas sebáceas são relativamente pequenas e inativas. Na puberdade, andrógenos produzidos nos testículos, ovários e glândulas suprarrenais estimulam o crescimento das glândulas sebáceas e aumentam sua produção de sebo. A acne é uma inflamação das glândulas sebáceas. Acne, seborreia e odor corporal decorrem da estimulação de glândulas sebáceas e apócrinas por meio da maior secreção de esteroides gonadais e suprarrenais, sendo indicações do desenvolvimento puberal iminente. direitos e protocolo de atendimento médico ao adolescente A adolescente pode ser trazida por um de seus responsáveis, geralmente a mãe, vir só ou vir acompanhada pela amiga ou namorado. Ao iniciarmos a entrevista, devemos acolher nossa cliente e seus responsáveis, mas sempre priorizando a adolescente. Na maioria das vezes, quando o responsável está presente, é ele que costuma iniciar a exposição do motivo da consulta. Nessa situação, ele será ouvido e, caso a paciente seja uma adolescente, esclarecermos empaticamente sobre os benefícios de uma entrevista privada somente com ela. O direito e limites desse envolvimento relativamenteà autonomia da adolescente devem ficar claros para a família e para a jovem, desde o primeiro contato. Em primeira análise, o profissional poderá estabelecer um pacto de confiança com sua cliente, reafirmando o seu direito ao sigilo. No entanto, deverá ficar claro a ela que em algumas situações esse pacto poderá ser violado. A adolescente deve ser incentivada a envolver seus responsáveis no acompanhamento e resolução dos seus problemas, sendo os limites da confidencialidade esclarecidos também para a família. Nas situações em que a quebra do sigilo é justificada e não havendo consentimento da adolescente, após o profissional ter a encorajado a envolver a família e oferecer apoio na comunicação, ela será esclarecida dos motivos para tal atitude, antes do repasse da informação aos seus pais e/ou responsáveis. Perguntas do ginecologista: · escolaridade · vacinas · medicamentos de uso diário · se ela já menstruou · com que idade · como estão os ciclos · se ela tem cólicas e o que faz para melhorar · quando menstruou pela última vez · caso ela não tenha menstruado ainda · se já há desenvolvimento de mamas · pilificação genital A depender da idade e da conversa, é possível entrar no assunto namoro, relações sexuais e métodos contraceptivos Em meninas virgens é realizada medição de estatura, peso e pressão arterial, além de exame clínico geral Avaliação ginecológica: avaliar mamas, distribuição dos pêlos, exame externo dos genitais para verificação dos grandes e pequenos lábios e abertura himenal, não é necessário o uso do espéculo vaginal Caso seja preciso coletar amostra vaginal numa menina virgem que apresente corrimento genital, utiliza-se swab (cotonete) ou espéculo para virgens (pequeno o suficiente para atravessar o orifício himenal sem causar nenhum traumatismo). vacina hpv A vacina do HPV previne contra infecções persistentes e lesões pré-cancerosas causadas pelos tipos de HPV 6,11,16,18. Também previne o câncer de colo de útero, da vagina, do ânus e verrugas genitais e infecções causadas pelo papilomavírus humano (HPV). É usada principalmente na prevenção do câncer do colo do útero O vírus HPV é a principal causa do câncer do colo de útero, o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama e de cólon e reto. É uma vacina inativada, portanto não é capaz de causar a doença. A vacina funciona estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo. Indicação O Programa Nacional de Imunizações (PNI) disponibiliza a vacina para meninas de 9 a 14 anos de idade, meninos de 11 a 14 anos e em indivíduos de 9 a 26 anos de ambos os sexos. A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia recomendam a vacinação de meninas e mulheres de 9 a 45 anos de idade e meninos e jovens de 9 a 26 anos. adolescentes Meninas de 9 a 11 anos A segunda deve ser tomada seis meses depois, e a terceira, cinco anos após a primeira dose. Doses O esquema deve ser iniciado o mais cedo possível e são recomendadas duas ou três doses, dependendo da idade de início da vacinação. Para meninas e meninos de 9 a 14 anos, 11 meses e 29 dias são indicadas duas doses, com intervalo de seis meses entre elas (0 – 6 meses). A partir dos 15 anos, são três doses: a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose (0 – 1 a 2 – 6 meses). Independentemente da idade, meninas e mulheres imunodeprimidas por doença ou tratamento devem receber três doses: a segunda, um a dois meses após a primeira, e a terceira, seis meses após a primeira dose (0 – 1 a 2 – 6 meses).
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