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Aula de Saúde da criança e do adolescente ministrada por: S. Vieira Anotações por: Lara Nepomuceno 71C FCMMG Consulta do adolescente Definição • Puberdade → conceito mais fisiológico. Marca o fim da infância e o início do aparecimento dos caracteres sexuais • Adolescência → conceito mais amplo. Período de intenso crescimento e desenvolvimento e vai de 10 a 20 anos. Divida em três fases: • Adolescência precoce: 10-14 anos o Nessa faixa etária se iniciam dúvidas sobre o crescimento e desenvolvimento e questões psicossociais o Normalmente circunscritos ao ambiente familiar o Óbitos adolescentes brasileiros – causas externar • Adolescência média 15-16 anos o Autoimagem é uma grande questão o Sexualidade autoerótica o Iniciação sexual o Identificação com grupos de iguais o Frequentes conflitos familiares → afastamento da família o Uso abusivo de drogas lícitas e ilícitas → aumento da morbimortalidade. o Causas de morte → eventos violentos (70% dos óbitos): ▪ 1 lugar → homicídios ▪ 2 lugar → acidentes de transporte ▪ 3 lugar → mulheres com complicações de parto e puerpério • Adolescência tardia 17-20 anos incompletos o Preocupação profissional e econômica o Relacionamentos mais afetuosos o A mortalidade é parecida com a da faixa anterior o Presença de mais transtornos psicológicos o Os valores se aproximam do da vida adulta Consulta do adolescente e a família • Pode ser feita junto com os responsáveis ou só com o paciente, porém na primeira consulta é interessante a participação dos pais para melhor entender a dinâmica dessa família. • Muitas vezes as demandas dos pais vão divergir da do adolescente, dessa forma dividimos a consulta em 3 momentos o Entrevista com o paciente e familiares o Entrevista só com o paciente o Momento de retorno dos pais ou responsáveis • Queixas Físicas reais ou imaginárias Psicológicas • Dificuldade de ajustamento social • Preocupações • Transtornos de conduta • Angústia • Mau rendimento escolar • Distúrbios do sono, da alimentação e do humor • Dificuldade na área da sexualidade • Inquietações dos pais mais comuns (Crescimento do filho, transformações do corpo, tamanho, menstruações): o Não está muito cedo (muito tarde) para meu filho iniciar o seu desenvolvimento? o Meu outro filho não era assim. o Os seios dela estão crescendo e doendo… Está normal? o Os seios estão de tamanho diferente, é normal? o Está com corrimento vaginal, acho que já vêm as menstruações… o Se a menstruação vier já, ela vai ficar baixinha... • Inquietações dos adolescentes (aparência física, menstruação, superstições) o Meu pênis está pequeno ou está normal? o Vou ficar com mamas? Isto é devido à masturbação? o Meus músculos vão aumentar? o Meus seios vão continuar crescendo? Vou ficar igual a minha irmã ou a minha mãe? o Vou continuar crescendo depois do início das menstruações? PECULIARIDADES • Recusa no aparecimento nas consultas → pode ser resolvido com melhor organização de horários • Confusão do hebiatra com um psicólogo → não é a função do hebiatra • Comunicação extraverbal → dificuldade de verbalização, porém a tecnologia nos auxilia na comunicação • Receio que a consulta sirva para a descoberta de segredos por parte dos pais → lembrar ao adolescente de que isso não vai ser feito sem o conhecimento dele • Recusa: prescrições, retorno difícil as consultas → isso pode ser resolvido por meio de uma melhor relação médico paciente RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE • Hebiatra → médico que cuida do paciente adolescente. • Temos que identificar os anseios do paciente, e saber transmitir confiança • O médico deve: o Evitar julgamento de valores o Garantir absoluto sigilo médico o Respeito ao paciente • Construção do vínculo → paciente deve ser acolhido com respeito • Antes de iniciar a consulta devemos conversar sobre os sigilos, assegurando ao paciente que qualquer informação transmitida a nós será confidencial a não ser nas situações em que a quebra do sigilo é permitida pelo código de ética médica: o “É vedado ao médico revelar segredo profissional referente a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o menor tenha capacidade de avaliar seu problema e de conduzir-se por seus próprios meios para solucioná-lo, salvo quando a não revelação possa acarretar danos ao paciente” • O sigilo só é quebrada quando temos risco de vida para o paciente ou para terceiros. Outros particularidades: o Usar linguagem de fácil entendimento. o Procedimentos invasivos não devem ser realizados na ausência dos pais ou responsáveis legais. o Ausência dos pais ou responsáveis não deve impedir o atendimento • Situações que são consideradas passiveis ou não da quebra do sigilo: Anamnese • Dividida em 3 momentos: o Pais + filhos o Filho o Retorno dos pais • O que conversas na presença dos pais o Antecedentes familiares e individuais o História social, hábitos de vida, educação e trabalho o Acidentes, hospitalizações, doenças • Vacinação do adolescente: • No atendimento reservado somente com o adolescente o Conflitos na família o Conhecer os espaços que transita os locais de relacionamento o Crenças o Drogas lícitas e ilícitas o Sexualidade → inicio da vida sexual, preferências de gênero, parceiros, uso de preservativo o Violência o Projetos futuros o Com o intuito de conhecer melhor a história psicossocial criou-se um método para melhor entender essa área: Exame físico • Definir se o adolescente sera deito com o adolescente sozinho ou acompanhado • No prontuário deve-se ter: o Medidas do crescimento e desenvolvimento (estado nutricional) o Avaliação da maturação sexual de tanner o Dados dos outros aparelhos o Exame ginecológico/andrológico mais complexo o Exame psiquiátrico/psicológico • Devemos ter a máxima descrição, explicando todos os passos • O exame deve respeitar o pudor, só descobrindo a parte necessária • Devemos sempre no exame físico: o Dar privacidade o Preferencialmente no sentido craniocaudal o Presença de terceira pessoa o Máxima discrição o O que está normal durante a avaliação • Abordar temas educativos como por exemplo: o Orientação do autoexame das mamas Lar H (home) Educação E (education/employment) Distúrbios alimentares E (eating disorders) Atividade com pares A (activities) Drogas D (drugs) Sexualidade S (sexuality) Suicídio e depressão. S (suicide/depression) Segurança e violência S (safe) o Avaliação genitais o Pilificação • Roteiro do exame físico: Avaliar estado geral, aferição da pressão, acuidade visual, estado nutricional, tireoide, cavidade oral, otoscopia, postura, exame neurológico, genitália (deve ser feito sempre, porém se o paciente não quiser não devemos forçar o exame) MATURAÇÃO SEXUAL • Os primeiros sinais morfológicos da maturação sexual: o Protusão do mamilo nas meninas o Aumento do volume testicular nos meninos o Normalmente se iniciam antes dos 10 anos, porém isso é muito particular • Estirão puberal = Aceleração da velocidade de crescimento em altura e peso, muito relacionado as mudanças das características sexuais secundárias e maturação sexual • Gonadarca: o Meninas: aumento de mamas, útero e ovário o Meninos: aumento da genitália, pênis e testículos • Fim da puberdade → aquisição completa da capacidade reprodutiva • Divisão da fase de crescimento e número necessário de consultas o No início da puberdade = 3 em 3 meses o Aceleração = 4 em 4 meses o Desaceleração = uma vez ao ano até finalizar o crescimento • Crescimento: o Média de 20cm, sendo que a velocidade de crescimento chega a ser 10cm ao ano nos homens e 9cm ao ano para as mulheres o Média dos picos da velocidade de crescimento nos meninos é de 13-14 anos e nasmeninas 11-12 o A velocidade máxima de crescimento é atingida e temos uma desaceleração, que dura em torno de 3-4 anos o Nas meninas após a menarca elas podem crescer após a menarca5-7cm o AS meninas tem o estirão por volta de 2 anos antes, sendo que nessa época são normalmente maiores do que eles o Os meninos desaceleram o crescimento por volta dos 17-18 anos e as meninas desaceleram por volta de 15-16 anos o O ganho de peso ponderal conicidade com o estirão o Ele ocorre das extremidades para o tronco o Nas meninas temos o alargamento da pelve • O adolescente pode apresentar um estado de excesso de peso sem ser risco de obesidade, porém não deve ultrapassar 20% da relação esperada • No início do estágio do estirão o adolescente pode apresentar um aspecto mais longilíneo e emagrecido não tendo significado patológico • Tem uma cronologia e pode ser classificada em 5 estágios: o Feminina: crescimento mamário e crescimento de pelos pubianos o Homens: crescimento dos testículos e pelos pubianos MASCULINA • Iniciada com aumento do volume testicular, sendo que sucede todas as outras modificações (9-14 anos) • O aparecimento do pelo pubiano aparece em média um ano após o aumento do volume testicular e em seguida temos o aumento do pênis • O aparecimento dos pelos axilares e faciais demoram mais a ocorrer e normalmente estão presentes por volta de 14-15 anos • A aceleração do crescimento estrutural é concordante com o aumento do pênis • Oorquidôemtro é o aparelho usado para avaliar o volume testicular, sendo que valores superiores ou iguais a 4ml indicam o desenvolvimento puberal • A primeira ejaculação não tem uma idade específica para ocorrer e apresenta as seguintes características: o O testículo necessita ter entre 10-12ml em média para ocorrer o Costuma ser sem espermatozoides o Após 1-2 anos atingem o padrão adulto • A pelificação facial se inicia no estágio 3 de Turner • A mudança do timbre da voz ocorre durante o estágio 5 de Turner • A ginecomastia significa o desenvolvimento do tecido mamário, , sendo que palpamos um disco de tecido firme. Nos meninos pode ser uni ou bilateral e na maioria das vezes apresenta resolução espontânea. Não devemos confundir com lipomastia, que é o aumento da região da mama por gordura nesse caso a palpação é mole TURNER MASCULINO MATURAÇÃO SEXUAL FEMININA • No sexo feminino a gonadarca precede a adrenarca • Telarca assimétrica ou unilateral no ínicio, nesse caso não tem significado patológico, porém é preciso reavaliar em 6 meses • Após o broto mamário aparecer temos o surgimento dos pelos pubianos e axilares, e posteriormente temos a menarca • Quando temos o aparecimento primeiro dos pelos pubianos e não do broto mamário podemos estar diante de uma puberdade de origem periférica e não central, o que nós faz pensar em uma causa patológica • Telar e a menarca tem um intervalo médio de 2-5 anos. A menarca coincide com a redução da velocidade de crescimento • A velocidade de progressão de um estádio para o outro é similar variando de 0,5 a 0,9 ano por cada um entre os estádios 1-4 • Corrimento vaginal claro nos 6-12 meses antes da primeira menstruação • Os primeiros ciclos menstruais são geralmente anovulatórios e irregulares, podendo essa irregularidade permanecer de 2-3 anos depois da menarca • O ciclo menstrual normal tem um intervalo que varia de 12-36 dias e uma duração entre 3-7 dias • Retardo puberal em meninas = ausência de qualquer característica sexual secundária a partir dos 13 anos de idade ESCALA DE TURNER FEMININA CLASSIFICAR A FASE DA PUBERDADE • Maturação sexual de acordo com a idade o Maturação normal o Precocidade ou atraso no desenvolvimento puberal o Atraso puberal • Puberdade precoce • Puberdade tardia Distúrbios mais comuns da puberdade PUBERDADE PRECOCE • Desenvolvimento dos caracteres sexuais antes da hora: o Menina: antes dos 8 anos o Meninos: antes dos 9 anos • No sexo Feminino a puberdade precoce central tem origem idiopática em 90% dos casos e a manifestação é o broto mamário • No sexo masculino 70% das puberdades precoces tem causa orgânica • Acredita-se que a puberdade precoce central tenha grande contribuição da genética • Causas da puberdade central: o Exposição crônica a esteroides sexuais usados para tratamento de outras doenças o Síndrome de McCune-albright o Disruptores endócrinos: Referir ao especialista Referir ao especialista ▪ Substâncias presentes em plásticos, solventes, pesticidas, cosméticos e poluentes industriais que, por sua ação estrogênica ou antiandrogênica provocam a puberdade precoce • Podem ter duas origens: o Central → dependente de gonadotrofinas o Periférica → independente das gonadotrofinas • Importante: • Diagnóstico: o Aparecimento dos caracteres sexuais secundários, classificados segundo critérios de Tanner e cronologia normal: ▪ Aparecimento de mamas nas meninas ▪ Aumento do volume testicular nos meninos acima de 4 mL. o A dosagem de LH basal; o Radiografia de punho e mão não dominantes para avaliação da idade óssea em ambos os sexos; o Meninas ▪ Ultrassonografia pélvica para avaliação do volume ovariano e uterino; o Meninos ▪ Dosagem de testosterona, são exames indicados para complementar a avaliação. o A ressonância magnética encefálica é útil para o diagnóstico diferencial entre as formas orgânica ou idiopática. • Tratamento o Base é o bloqueio da produção de gonadotrofinas ▪ Objetivo de estabilizar ou fazer regredirem os caracteres sexuais secundários ▪ Desacelerar a maturação esquelética para preservar a estatura dentro o Escolha terapêutica ▪ Análogos agonistas sintéticos do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), que agem na hipófise anterior de forma competitiva ao GnRH endógeno. ▪ Atualmente, estão disponíveis em injeções mensais ou trimestrais ▪ Tratamento mantido até os 11 anos de idade cronológica e 12 anos de idade óssea, parece estar associado a melhor resultado na estatura final. Classificações Concordância dos caracteres sexuais Concordância com o sexo do indivíduo Isossexual, normalmente central Discordância do sexo do indíviduo Causa periférica (virilização ou feminização) Velocidade observada nas mudanças Forma lenta Puberdade normal Rapidamente progressiva Reconhecimento e tratamento precoce ATRASO PUBERAL • Falta do desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários até 13 anos nas meninas e até 14 anos nos meninos • Causa mais comum: o Herança genético consistente com padrão autossômico dominante ▪ Tanto a puberdade quanto a maturação óssea e o crescimento estão atrasados por falta de ativação do eixo HHO • Diagnóstico: o Confirmado definitivamente quando ocorrer o desenvolvimento puberal. o Exames laboratoriais disponíveis atualmente não fazer a distinção entre as duas situações o Dosagem de inibina B basal pode se tornar uma alternativa. • Classificadas do ponto de vista bioquímico: o Hipogonadotrófica; ▪ Meninos: • • Ausência de caracteres sexuais e de desenvolvimento testicular • Baixos níveis séricos de testosterona • • Concentrações normais ou baixas dos hormônios FSH e LH. ▪ Meninas • Ausência de desenvolvimento puberal aos 13 anos de idade e baixos níveis de FSH e LH. ▪ Causas: • Lesões infiltrativas, infecciosas e traumas são causas de panhipopituitarismo. • O uso de análogos do GnRH. • Anorexia nervosa → principal causa nas meninas. • Doenças sistêmicas balanço energético negativo causa atraso puberal de origem central. • Influências ambientais. • A prática de exercícios intensos. o Hipergonadotrófica; • Etiologias congênictas: o Causas congênitas: ▪ • Crucial avaliar a presença ou não de anosmia. o Hipogonadismo + anosmia ou hiposmia ▪ • Síndrome de Kallmann o Herançasligada ao X ▪ Autossômica dominante e recessiva . ▪ Prevalência é cinco vezes maior nos meninos. ▪ Diagnóstico ressonância magnética. o Não há presença da anosmia outros genes estão descritos como causadores de hipogonadotrofismo: ▪ Síndromes genéticas como Prader-Willi e Laurence-Moon apresentação fenotípica o hipogonadismo central. o Doenças que afetam as gônadas ou procedimentos cirúrgicos que afetem os ovários ou testículos. ▪ Síndrome de Turner (45,XO), nas meninas; o • Síndrome de Klinefelter (47,XXY), nos meninos, são as causas mais frequentes e serão confirmadas por cariótipo. • Tratamento o Hipogonadismo ▪ Reposição hormonal • Induzir desenvolvimento puberal • Consequentemente o estirão puberal, a incorporação da massa óssea e a função sexual. o Meninas ▪ Doses • Aumentam progressivamente ao longo do período médio de 2 anos. • Progesterona + estrogênio = iniciada após os 2 anos de terapia com estrogênio ou sangramento vaginal. o Adolescentes com atraso ▪ Reposição hormonal: • Com repercussões emocionais importantes indução da puberdade, após os 13 anos nas meninas e 14 anos nos meninos • Melhora autoestima e na adequação social • Reposição hormonal segue as mesmas doses usadas no hipogonadismo • Mantida por 3 a 6 meses, tempo em que a testosterona leva para ativar o eixo HHO • Necessidade de controles clínicos e laboratoriais periódicos para avaliar a resposta. Concluindo a consulta • Esclarecer os dados encontrados e a hipótese diagnóstica para o adolescente e familiares; • Responder às perguntas que preocupam o adolescente a respeito de seu crescimento: Continuarei crescendo? • Responder perguntas frequentes dos pais. • Realizar orientações. • Acompanhar o crescimento periodicamente, cada 4-6 meses. • A maior habilidade de um médico de adolescente é não se deixar manipular neste jogo de tensões e busca de alianças que constitui o relacionamento de pais e filhos na crise puberal.
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