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Dra. Beatriz Marinelli Urgência e Emergência Queimaduras Classificação: de acordo com a profundidade da lesão. Primeiro Grau: apenas a epiderme. Apresenta eritema, calor e dor, sem presença de bolha. Costuma descamar em poucos dias, regredindo sem deixar cicatriz. Pouca repercussão sistêmica. Segundo Grau: totalmente a epiderme e parte da derme. Apresenta bolhas, erosão e ulceração, além de dor, eritema e edema. Há regeneração expontânea, com cicatrização em 2 a 4 semanas, podendo deixar sequelas. Terceiro Grau: acomete toda a camada da pele, sendo indolor, causando lesões branca ou marrom, se- ca, dura, inelástica (branca nacarada). Sem regeneração expontânea, necessitando de enxerto. Cicatriza- ção com retração das bordas. Fisiopatologia da lesão: quemadura leva a um ↑ permeabilidade capilar, levando a um extravasamento do plasma para o extravascular, com aparecimento de edema (36 horas). Há uma ↓P oncótica intravascular e ↑ P coloide extravascular, levando a um ↑ da viscosidade sanguínea, desnutrição e ↓ da meia vida das cé- lulas vermelhas. Além disso, esse extravasamento do plasma para o extravascular, leva a uma hipovolêmia, que gera uma vasocontrição, hemoconcentração e alterações cardíacas. O débito cardíaco ↓ proporcional- mente ao tamanho da queimadura. Se não fpor realizado reposição hídrica, tem risco de choque hipovolê- mico. Alterações Hemodinâmicas: esse aumento da permeabilidade e extravasamento para o extravascular, pode gerar uma série de alterações hemodinâmicas, tais como, hipotensão, edema (36 e 48h), ↓débito cardáico, desidratação, choque hipovolêmico, redução da perfusão renal, oligúria e insuficiência renal aguda. Alterações Hematológicas: destruição imediata dos eritrócitos, 8 a 12% de massa por dia, por conta da lise celular das células lesadas pelo calor. Alterações endócrinas: padrão endócrino-catabólico, ↑glucagon, cortisol, catecolaminas, e ↓ T3 e insulina Alterações Gastrointestinais: íleo paralítico, principalmente em superfície corpórea queimada (SCQ) >25%, com retorno da motilidde após o 3 ao 5° dia. Existe risco de lesões na mucosa gástrica, úlceras de Curling , além de risco de HDA. - usar protetor gástrico nesses pacientes. Alterações Imunológicas: a principal causa de morte nesses pacientes são as infecções, relacionadas a per- da da barreira mecânica natural, além do tecido necrótico favorece a colonização por microorganismo. Internação: profundidade e SCQ, queimaduras de face, períneo e dedos, menores de 1 ano e idosos, lesões moderadas, 2° grau em 15-20% da SCQ, 3° grau de 10% SCQ. Curativos em ambulatório: queimaduras pequenas, de 2° grau de até 15% da SCQ, 3 grau no máx 5%. Internação em centro específico: queimaduras graves, 2° grau de >25% SCQ, 3° grau >10% SCQ. Conduta: ABCDE, traumas associados, local (se fechado aspiração de fumaça), saber a causa da queimadu- ra, oferecer oxigênio, se acometimento de face e pescoço IOT. SNG se > 20% SCQ; SNE; protetor gástrico, sonda vesical foley demora, diurese, analgesia (morfina), me- dicação EV, imunização do tétano, retirar adornos, suporte emocional. Curativo, sulfadiazina de prata 1%, nitrato de cério, desbridamentos, enxerto cutâneo, escarotomia. Avaliação Inicial: determinar a fonte, duração, localização da exposição (ambiente aberto ou fechado), e mecanismo da lesão associada. Seguir sequência do ATLS. A. Vias aéreas e proteção da coluna: hipóxia é a causa mais frequente de morte por incêndio. Na intoxica- ção por CO o paciente evolui com cefaleia, náusea ou vômito, acidose, sonolência e até coma. A oxime- tria de pulso não é confiavel e o tratamento consiste em administrar O2 a 100% visando reduzir HbCO para menos de 20%. Indicação de IOT (via aérea definitiva): sinais de lesões térmicas das vias aéreas, como queimadura de face ou tórax, edema em face, estritor, roncos, queimaduras de vibrinossas nasais. - na suspeita, realizar IOT antes que desenvolva edema progressivo e obstrução completa da vias aéreas. Manter in- Dra. Beatriz Marinelli Urgência e Emergência divíduo em observação por 24 a 36 horas. O edema tende a diminuir em 2 a 3 dias, em que o indiví- duo consegue abrir os olhos e é possivel avaliar a anatomia externa do pescoço. A traqueostomia indi- cada para 2-3 semanas de intubação. A cricotireoidostomia em urgência. Nas lesões de vias aéreas baixas ou por inalação, ocorre uma pneumonite química, com quadro clíni- co da sídrome da angústia respiratória no adulto. Queimadura de vibrissas, face, lábio, pescoço e regi- ão superficial de tórax, nariz chamuscado, eritema e úlceras na boca, respiração com ruido, retração intercostal. O raio-x é nor- mal, sendo seu diagnóstico dado pela broncoscopia. B. Ventilação: queimaduras no tórax e abdmi- nais de 3° grau formam carapaças, impedin- do a incursão respiratória, sendo obrigatório fazer escarotomias para liberação da caixa toráxica - incisões longitudinais cutâneas em casos de queimaduras circulares, em que a retração cutânea regride a circulação na ex- tremidade oi respiração (tórax). C. Circulação: devem ser puncionados 2 aces- sos calibrosos periféricos, em áreas não queimadas, para infusão de volume de solu- ção de salina isotônica (+ indicada), de acor- do com a porcentagem de SCQ. Deve ser desconsiderada no cálculo de reposição vo- lêmica, queimaduras de primeiro grau. Regra da palma da mão: palma da mão do indivíduo corresponde a 1%. Regra dos nove (Wallace): Calculo de Hidratação: 2 a 4 ml de solução cristalóide (SF ou RL) x peso corpóreo (Kg) x SCQ (segun- do e terceiro grau), 50% em 8h e os outrs 50% em 16h. A resposta é vista pelo débito urinário (SVD), devendo estar de 0,5 a 1ml/kg/h em adultos; 1ml/kg/h crianças e 2ml/kg/h recém-nascidos e lactentes. D. Neurológico: em caso de confusão mental, deve-se fazer reposição hídrica vigorosa imediata, sendo que os exames diagnósticos só podem ser realizados após estabilização respiratória e hemodinâmica. E. Exposição e prevenção de hipotermia: deve-se fazer a remoção da roupa, agentes plásticos, piche, para evitar exposição prolongada e aumento das lesões. Qunto maior a área queimada, maior possibilidade de hipotermia. Banhos de água fria deve ficar restrito para lesões pequenas. Queimaduras químicas: remover roupa imediamente e irrigação local exaustiva com água e soro. Queimaduras elétricas: remover a vítima imediatamente da fonte de energia. A analgesia deve ser vi- gorosa IV. Queimaduras por chama: gravidade é proporcional a duração de exposição, sendo crianças e idosos possuem lesões mais profundas, por conta da pele ser mais fina. ANTIBIÓTICO: as escaras de queimadura de terceiro grau tem risco aumentado para in- fecções, devendo haver ressecção precoce das escaras e na cobertura cutânea com en- xerto de pele (possível desbridamento de no máximo 20% SCQ). Antibioticoterapia profilático é contraindicado, risco de resistência. Recomenda-se microbianos tópicos para redução de risco de crescimento bacteria- no. Sulfadiazina de prata (indolor). Dra. Beatriz Marinelli Urgência e Emergência Deve-se administrar toxoide tetânicos em todos os pacientes. TRATAMENTO CIRURGICO: após estabilização, inicia-se escarectomias com desbridamentos de tecidos queimados inviáveis. O padrão ouro em queimadura de expessura total consiste na excisão tangencial do tecido queimado e na sua cobertura cutânea imadiata. NUTRIÇÃO: via enteral evita translocação bacteriana. Recomenda-se 25 kcal/kg peso + 40kcal x %SCQ nos adultos. Como 20% desenvolvem íleo paralítico, deve-se passar SNG. Realizar profilaxia com protetor gástrico: úlceras de Curling. Complicações tardias: complicação de infecção mais comum é a pneumonia. Podem surgir carcinoma epi- dermoide de pele em áreas de queimadura prévia - úlcera de Marjolin. Desnutrição, broncopneumonia, queloide, contratura, despigmentação.
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