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SM QUEIMADURAS 1

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Queimaduras
SUMÁRIO
1. Introdução ..........................................................................................................3
2. Mecanismos de queimaduras .............................................................................3
3. Classificação por profundidade ..........................................................................6
4. Extensão da queimadura ...................................................................................11
5. Gravidade das queimaduras ..............................................................................14
6. Transferência para centro de grandes queimados .............................................16
7. Abordagem inicial de um paciente queimado ....................................................20
8. Avaliação de um paciente queimado .................................................................23
Referências ...................................................................................................... 29
Queimaduras   3
1. INTRODUÇÃO
As queimaduras são feridas que decorrem de um processo de calor excessivo, 
de forma isolada e não recorrente. Mais amplamente, as queimaduras resultam de 
lesões traumáticas na pele ou em outros tecidos, principalmente, por exposições tér-
micas ou outras exposições agudas. No processo de queimadura, algumas ou todas 
as células da pele ou outros tecidos são destruídas pelo calor, descarga elétrica, fric-
ção, produtos químicos ou radiação, como veremos a seguir.
As queimaduras são consideradas um importante problema de saúde pública, 
pois, além dos problemas físicos, podem levar também a danos de ordem psicológi-
ca e social. No Brasil, acontecem cerca de 1 milhão de casos por ano, sendo que 100 
mil buscam atendimento hospitalar e, destes, 2,5 mil vão a óbito direta ou indireta-
mente em função de suas lesões.
2. MECANISMOS DE QUEIMADURAS
•	 Calor: Causada comumente por chamas, líquidos quentes, objetos sólidos 
quentes e por vapor. A profundidade da lesão está relacionada à temperatura 
de contato, o tempo de contato e a espessura da pele. Devido a pele não pos-
suir boa condutividade, a maioria das queimaduras térmicas se limitam a epi-
derme e derme.
•	 Eletricidade: À medida que a corrente elétrica penetra no corpo, a eletricidade 
vai sendo convertida em calor devido a baixa condutância da pele. A magnitude 
da lesão vai depender da trajetória da corrente, da resistência ao fluxo de cor-
rente através dos tecidos e da força e duração do fluxo de corrente. Além disso, 
devido as diferentes velocidades de perda de calor por parte dos tecidos su-
perficiais e profundos, pode coexistir pele aparentemente normal com necrose 
muscular profunda. Dessa forma, as queimaduras elétricas são, frequentemen-
te, mais graves do que aparentam. É importante, ainda, avaliar o ponto de entra-
da e de saída para estimar o caminho da corrente elétrica, a gravidade da lesão 
e os possíveis órgãos acometidos. Esse tipo de paciente deve ser transferido 
para centro de tratamento de queimados.
Queimaduras   4
Figura 1. Queimadura elétrica com ponto de entrada 
Fonte: chatuphot/Shutterstock.com
 Saiba mais! Para o atendimento dos pacientes com queimadura 
elétrica deve-se haver uma preocupação em relação à segurança da cena. Por 
exemplo, após um acidente de carro, certificar se não há mais fios de eletrici-
dade em contato com o carro ou soltos na cena. Além disso, deve-se orientar a 
vítima e outras pessoas que estejam no local a não tocarem no veículo devido a 
esse risco potencial de choque elétrico.
•	 Fricção: Esse tipo de mecanismo promove lesão por mecanismo combinado de 
ruptura mecânica dos tecidos e pelo calor gerado pela própria fricção.
Queimaduras   5
Figura 2. Lesão por fricção em mão esquerda
Fonte: Kara Knight/Shutterstock.com
•	 Química: A lesão é causada devido a reações cáusticas, incluindo alteração de 
pH, rompimento de membranas celulares e efeitos tóxicos pelos metabólicos 
liberados. O contato com ácido causa necrose de coagulação, enquanto um 
contato com substancia alcalina causa necrose liquefativa. Nas queimaduras 
químicas deve-se ter uma atenção especial em relação à absorção sistêmica 
de alguns produtos químicos que ameaçam a vida. Geralmente, as queimadu-
ras por álcalis são mais sérias que por ácidos, pois os álcalis penetram mais 
profundamente. Os danos locais podem incluir toda a espessura da pele e dos 
tecidos adjacentes. Além da duração da exposição, a natureza do agente tam-
bém determinará a gravidade da lesão. É necessário remover o produto químico 
com lavagem em água corrente por 20 a 30 minutos. Agentes neutralizantes 
não apresentam vantagem em relação a água corrente, pois a reação com es-
ses produtos, por si só, produz calor e mais lesão. Queimadura por álcalis em 
região de olhos exigem irrigação contínua durante as primeiras 8 horas, poden-
do-se fixar uma cânula de pequeno calibre no sulco palpebral.
Figura 3. Queimadura por aterfato químico em membros superiores.
Fonte: Studio 36/Shutterstock.com
Queimaduras   6
•	 Radiação: A mais comum é a queimadura solar. Atualmente, as queimaduras 
por radiação tornaram-se mais comuns devido a terapias com radiação e tam-
bém pacientes que recebem radiação excessiva em procedimentos diagnósti-
cos, além de indivíduos que trabalham em indústria nuclear. As queimaduras 
por radiação são frequentemente associadas ao câncer devido a capacidade da 
radiação ionizante interagir e danificar o DNA. As lesões vão ser determinadas 
pela dose de radiação, tempo de exposição e tipo de partícula, que determina a 
profundidade da exposição (dependendo da energia do fóton, a radiação pode 
causar queimaduras internas muito profundas).
Figura 4. Queimadura por radiação em dorso e abdômen
Fonte: Aula Sanarflix
3. CLASSIFICAÇÃO POR 
PROFUNDIDADE
A classificação das queimaduras leva em consideração a profundidade da lesão 
tecidual. É importante essa determinação, já que a profundidade da queimadura vai 
indicar, em grande parte, o potencial de cicatrização e a necessidade de intervenção 
cirúrgica. O sistema de classificação tradicional utilizava a nomenclatura primeiro, 
segundo, terceiro e guarto graus. As designações atuais refletem a necessidade de 
intervenção cirúrgica ou não, sendo classificadas em superficiais (1º grau), espes-
suras parciais superficial e profunda (2º grau) e espessura total (3º grau). O termo 
quarto grau ainda é muito utilizado para descrever queimaduras mais graves, que se 
estendem até o tecido subcutâneo, envolvendo vasos, nervos, músculos, ossos e/ou 
Queimaduras   7
articulações subjacentes. A determinação da classificação de acordo com a profun-
dida está ilustrado abaixo:
Figura 5. Camadas da pele e o acometimento de acordo com o grau da queimadura. 
Fonte: TimeLineArtist/Shutterstock.com
Uma coisa que devemos sempre ter em mente é que as feridas, geralmente, não 
são uniformes em profundidade, apresentando uma mistura de componentes pro-
fundos e superficiais. Existem regiões com uma pele mais fina, como as superfícies 
volares dos antebraços, parte medial da coxa, períneo e orelhas. Tais superfícies sus-
tentam lesões de queimaduras mais profundas do que as sugeridas pela aparência 
inicial, não se devendo assumir queimaduras superficiais nessas áreas. Além disso, 
pelo mesmo motivo, não se deve assumir queimaduras superficiais em crianças me-
nores de 5 anos e adultos maiores de 55 anos. Assim, as classificações de lesão por 
profundidade são:
•	 Superficial: Também chamadas de epidérmicas, uma vez que envolvem apenas 
essa camada da pele. Não causam flictenas, mas são dolorosas, secas, aver-
melhadas e empalidecem sob pressão. A recuperação é rápida: em cerca de 2 a 
3 dias, a dor e o eritema reduzem e no 4º dia a epiderme cicatriza, se separando 
do epitélio lesionado. Todo o processo de cicatrização leva cerca de 6 dias. É 
comumente visto em queimaduras solares.
Queimaduras   8
Figura 6. Queimadura superficial.
Fonte Fevziie/Shutterstock.com•	 Espessura parcial: Envolvem a epiderme e porções variadas da derme que, 
dependendo do nível, a classifica como superficial ou profunda. Na espessura 
parcial superficial, a queimadura atinge epiderme e derme papilar. Há forma-
ção de bolhas, com base rósea, dentre de 24 horas, entre a derme e epiderme, 
com aspecto úmido, chamada de aparência “lacrimejante”. Além disso, são 
extremamente dolorosas, inclusive às correntes de ar, avermelhadas e também 
empalidecem sob pressão. Algumas lesões que, inicialmente, parecem ser 
apenas epidérmicas, podem ser determinadas como espessura parcial super-
ficial 12 a 24 horas depois. Essas queimaduras, geralmente, se resolvem em 
7 a 21 dias, sendo as cicatrizes e comprometimento funcional incomuns, em-
bora mais comumente ocorram alterações de pigmento. Devido a presença de 
detritos necróticos e exsudatos fibrinosos, deve-se atentar para a colonização 
bacteriana, podendo levar a uma cicatrização retardada e a necessidade de 
antibioticoterapia.
Figura 7. Queimadura de segundo grau superficial com flictena não danificada.
Fonte: OMfotovideocontent/Shutterstock.com
Queimaduras   9
•	 Na espessura parcial profunda as queimaduras se estendem até a derme mais 
profunda e danificam os folículos capilares e tecido glandular. Possui coloração 
avermelhada-brilhante ou amarelo-esbranquiçada, não empalidece sob pressão, 
pode ser úmida, embora mais comumente seca, e possui aspecto ceroso. São 
dolorosas apenas sob pressão, quase sempre com flictenas (facilmente aber-
tas) com base esbranquiçada. Se a infecção for evitada, as feridas podem cica-
trizar espontaneamente, sem enxertia, em cerca de 2 a 9 semanas. Esses tipos 
de queimaduras, invariavelmente, causam cicatrizes hipertróficas. Caso haja 
envolvimento articular, espera-se uma disfunção da articulação, mesmo com 
fisioterapia agressiva. Queimaduras de espessura parcial que não cicatrizam 
em duas semanas são, funcional e cosmeticamente, equivalentes a queimadu-
ras de espessura total.
Figura 8. Presença de enxerto cutâneo, intervenção mais comum para cobertura da área de queima-
dura, em membro inferior. 
Fonte: Jasni/Shutterstock.com
•	 Espessura total: Esse tipo de queimadura se estende por toda a derme e, ge-
ralmente, danifica todo o tecido subcutâneo subjacente. Tem uma aparência 
mais escura, podendo variar de branco ceroso, acinzentado a preto, possuindo 
um aspecto de couro. Geralmente são anestésicas, devido a destruição da 
inervação local. A pele fica seca e inelástica, e não empalidece sob pressão. 
Vesículas e bolhas não se desenvolvem e os pelos podem ser facilmente reti-
rados dos folículos capilares. A derme morta e desnaturada é designada como 
escara, sendo que essa se separa do tecido subjacente e revela um leito não 
curado de tecido de granulação. Sem cirurgia, essas feridas cicatrizam por con-
tratura, com epitelização em torno das bordas das feridas. Como a contratura é 
grave, a cura espontânea não é possível, sendo necessária uma intervenção ci-
rúrgica. Queimaduras claras em toda a espessura podem simular a pele normal, 
exceto que a pele não empalidece sob pressão.
Queimaduras   10
Figura 9. Queimadura de espessura total (terceiro grau) no membro superior de uma criança.
Fonte: Zay Set Paing/Shutterstock.com
Pequeno queimado
Queimado leve
Médio queimado
Queimado 
moderado
Grande queimado
Queimado grave
Adultos:
Qualquer extensão de 1° 
grau
exclusivo.
≤ 10% de Superfície 
Corporal
Queimada (SCQ) de 2° 
grau.
Crianças:
Qualquer extensão de 1° 
grau
exclusivo.
≤ 5% de SCQ de 2° grau.
Adultos:
10-20% de SCQ de 2° 
grau.
2° grau envolvendo 
mão ou
pé ou face ou pescoço 
ou
axila ou grande 
articulação.
≤ 10% de SCQ de 3° grau
que não afetem olhos, 
orelhas, face, pé ou 
genitais.
Crianças:
5-15% de SCQ de 2° 
grau.
2° grau envolvendo 
mão ou
pé ou face ou pescoço 
ou
axila ou grande 
articulação.
≤ 5% de SCQ de 3° grau
que não afetem olhos, 
orelhas, face, pé ou 
genitais.
Adultos:
> 20% de SCQ de 2° grau
> 10% de SCQ de 3° grau
Crianças:
> 15% de SCQ de 2° grau
> 5% de SCQ de 3° grau
Adultos e Crianças:
• que envolvam olhos, ouvidos, orelhas, face, mãos, pés, períneo 
e genitais.
• 3° grau atingindo mão ou pé ou face ou pescoço ou axila, em 
qualquer idade.
• todas as lesões inalatórias com ou sem queimaduras.
• queimaduras elétricas.
• queimaduras com trauma (politrauma), com fratura óssea em 
qualquer localização ou com trauma craniano concomitante.
• queimaduras em pacientes de alto risco (ex: diabetes, gravidez, 
DPOC, câncer, choque, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, 
insuficiência hepática, distúrbios da coagulação e hemostasia, em-
bolia pulmonar, infarto agudo do miocárdio, doenças consumptivas).
• quadros infecciosos graves decorrentes ou não da queimadura 
(que necessitem antibioticoterapia venosa).
• queimaduras em pacientes psiquiátricos.
• síndrome compartimental ou do túnel do carpo, associada ou 
não à queimadura.
• qualquer outra afecção que possa ser fator de complicação à 
lesão ou ao quadro clínico da queimadura.
Tabela 1. Tabela exemplificando pequeno, médio e grande queimados.
Fonte: Adaptado de Queimaduras [recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina; 
Organizadores: Nazaré Otília Nazário; Dilmar Francisco Leonardi e Cesar Augusto Soares Nitschke — 
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014.
Queimaduras   11
•	 Extensão para tecidos profundos: Representa a queimadura de 4º grau. São 
lesões profundas e potencialmente fatais que se estendem através da pele 
até os tecidos moles subjacentes e podem envolver músculos e/ou ossos. 
Necessitam imediatamente de uma conduta intervencionista.
4. EXTENSÃO DA QUEIMADURA
A avaliação da extensão da lesão é importante, visto que uma estimativa do tama-
nho da queimadura é utilizada para orientar a terapia e determinar quando transferir 
um paciente para um centro de grandes queimados. A extensão da queimadura é 
estimada e expressa como a porcentagem total da área de superfície corporal. Vale 
salientar que as queimaduras superficiais (de primeiro grau) não estão incluídas na 
avaliação da extensão da superfície corporal queimada (SCQ).
Os métodos mais utilizados para essa estimativa são: o gráfico de Lund-Browder 
e a Regra dos Nove. A Regra dos Nove é o mais utilizado na prática diária, quando 
se busca uma estimativa imediata para definição da conduta. O gráfico de Lund-
Browder é indicado, principalmente, para crianças, porque considera a superfície cor-
poral relativa afetada pelo crescimento. Um terceiro método que pode ser utilizado 
em queimaduras irregulares é o método da palma da mão.
•	 Gráfico de Lund-Browder: É o método mais preciso para estimar a superfície 
corporal queimada para adultos e crianças. As crianças têm cabeças proporcio-
nalmente maiores e extremidades inferiores menores, portanto, a área é estima-
da com maior precisão utilizando esse instrumento.
Queimaduras   12
ÁREA < 1 1 - 4 5 - 9 10 - 14 15 > 15
Cabeça 19.0 17.0 13.0 11.0 9.0 7.0
Pescoço 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0 2.0
Tronco anterior 13.0 13.0 13.0 13.0 13.0 13.0
Tronco posterior 13.0 13.0 13.0 13.0 13.0 13.0
Cada braço (2x) 4.0 4.0 4.0 4.0 4.0 4.0
Cada antebraço (2x) 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0 3.0
Cada mão (2x) 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5
Genital 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0 1.0
Cada nádega (2x) 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5 2.5
Cada coxa (2x) 5.5 6.5 8.0 8.5 9.0 9.5
Cada perna (2x) 5.0 5.0 5.5 6.0 6.5 7.0
Cada pé (2x) 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5 3.5
Tabela 2. Gráfico de Lund-Browder:
Fonte: Adaptado de Queimaduras [recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina; 
Organizadores: Nazaré Otília Nazário; Dilmar Francisco Leonardi e Cesar Augusto Soares Nitschke — 
Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2014.
 Saiba mais! A porcentagem da SCQ pode estar subestimada em 
mulheres com mamas grandes que apresentam queimaduras no tronco ante-
rior. Pensando nisso, uma tabela baseada no tamanho do sutiã destina-se a 
complementar o gráficode Lund-Browder.
•	 Regra dos Nove: É uma regra prática e útil, sendo a mais frequente para avalia-
ção da superfície corporal de adultos. O corpo do adulto é dividido em regiões 
anatômicas que representam 9%, ou múltiplos de 9% da SCQ. A configuração 
dá-se dessa forma:
Cabeça = 9%
Cada braço = 9%
Cada perna = 18%
Tronco anterior e posterior cada = 18%
Genitália = 1%
Queimaduras   13
Figura 11. Ilustração corporal baseada na segmentação do corpo pela regra dos nove.
Fonte: Acervo Sanar.
Como sabe-se que a proporção da superfície corporal da criança é diferente da 
do adulto, há uma Regra dos Noves especificamente para crianças. A cabeça corres-
ponde a uma porcentagem maior e os MMII a uma porcentagem menor do que na do 
adulto. A porcentagem total que corresponde à cabeça de uma criança é duas vezes 
a cabeça do adulto normal. Sua configuração é a seguinte:
•	 Cabeça = 18%
•	 Cada braço = 9%
•	 Cada perna = 14%
•	 Nádegas = 5%
•	 Tronco anterior = 13%
•	 Tronco posterior = 18%
Queimaduras   14
Figura 12. 
Fonte: Acervo Sanar
•	Método da palma da mão: Muito utilizado para queimaduras pequenas ou irre-
gulares. É realizada por meio da medição utilizando a palma da mão do pacien-
te. Excluindo-se os dedos, a palma da mão equivale a cerca de 0,5% da área 
total da superfície corporal do mesmo e toda a superfície palmar, incluindo os 
dedos, cerca de 1%, tanto em crianças quanto adultos.
5. GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS
A gravidade da lesão é determinada por uma combinação de fatores, como o me-
canismo de lesão, profundidade da queimadura, extensão e localização. Vamos abor-
dar abaixo as lesões leves, moderadas e graves.
•	 Pequenos queimados/baixa gravidade: São aquelas que podem ser tratadas 
em consultório médico ou ambulatorialmente. Existem alguns critérios na sua 
classificação:
Queimaduras de 1º grau.
Queimaduras de 2º grau com SCQ até 5% em crianças (menores de 12 anos).
Queimaduras de 2º grau com SCQ até 10% e maiores de 12 anos.
Queimaduras   15
•	Médios queimados/média gravidade: São aquelas que requerem admissão em 
um hospital, mas não em um centro de queimados. Inclui queimaduras superfi-
ciais ou profundas de extensão limitadas.
Queimaduras de 2º grau com SQC entre 5% e 15% em crianças.
Queimaduras de 2º grau com SCQ entre 10% e 20% em maiores de 12 anos.
Qualquer queimadura de 2º grau envolvendo mão, pé, face, pescoço, axila ou 
grande articulação.
Queimadura de 3º grau com SCQ até 5% em crianças (que não envolvam fa-
ce, mão, períneo ou pé).
Queimaduras de 3º graus com SCQ até 10% em maiores de 12 anos (que não 
envolvam face, mão, períneo ou pé).
•	 Grandes queimados/grande gravidade: São as queimaduras que devem ser tra-
tadas em um centro de queimados. Esse é um grupo mais susceptível a infec-
ções, em decorrência de imunossupressão e perda da cobertura cutânea. Além 
disso, os pacientes que ficam internados por tempo prolongado associados às 
medidas invasivas, como ventilação mecânica, cateterização vascular e vesical, 
são expostos ainda mais a infecções nosocomiais. São classificados como 
grandes queimados:
Queimadura de 2º grau com SCQ > 15% em crianças.
Queimaduras de 2º grau com SCQ > 20% em maiores de 12 anos.
Queimaduras de 3º grau com SCQ > 5% em crianças.
Queimaduras de 3º grau com SCQ > 10% em maiores de 12 anos.
Queimaduras de 2º ou 3º graus atingindo períneo.
Queimaduras de 3º grau atingindo mão, pé, face, pescoço ou axila.
Queimaduras por corrente elétrica.
Além disso, será considerado também como grande queimado, independente da 
área corporal queimada, pacientes que apresentarem associado à queimadura:
Queimaduras   16
LESÃO INALATÓRIA
POLITRAUMA
FRATURA ÓSSEA EM QUALQUER LOCALIZAÇÃO
TRAUMA CRANIANO
CHOQUE DE QUAQUER ORIGEM
INSUFICIÊNCIA RENAL
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA
DIABETES
DISTÚRBIOS DE COAGULAÇÃO E HEMOSTASIA
EMBOLIA PULMONAR
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO
QUADROS INFECCIOSOS GRAVES DECORRENTES OU NÃO DAS QUEIMADURAS
SÍNDROME COMPARTIMENTAL OU DO TÚNEL DO CARPO
DOENÇAS CONSUPTIVAS
QUALQUER OUTRA AFECÇÃO QUE POSSA SER FATOR DE COMPLICAÇÃO
Fonte: Adaptado de QueimadurasPROVAB.
Queimaduras   17
 Se liga! Os sinais sugestivos de lesão por inalação são: queima-
duras no rosto ou cervical, chamuscamentos dos pelos do rosto (cílios ou vi-
brissas nasais), depósito de carbono em face com expectoração, alterações na 
orofaringe, como eritema e rouquidão, confusão mental, confinamento durante 
o incêndio, carboxihemoglobina, no sangue superior a 10%.4 Caso haja pre-
sença de algum dos sinais sugestivos de lesão por inalação, há necessidade 
de intubação orotraqueal, uma vez que aguardar por exames complementares 
com alterações, como uma gasometria arterial  ou evidências radiológicas de 
alteração pulmonar, permite que o edema impeça a intubação por estar muito 
edemaciado e necessitaria de uma via aérea cirúrgica.4
6. TRANSFERÊNCIA PARA CENTRO DE 
GRANDES QUEIMADOS
O Centro de Referência na Assistência a Queimados é uma unidade hospitalar que 
possui ambulatório, pronto socorro, sala cirúrgica, leitos de enfermaria e UTI, exclusi-
vos para atendimento a pacientes vítimas de queimaduras.
A localização de uma queimadura geralmente direciona essa transferência. Assim, 
queimadura em região de rosto, mãos, pés e genitais, bem como grandes queima-
duras em outras áreas do corpo e aquelas associadas a lesões por inalação são, 
frequentemente, encaminhadas ao centro de queimaduras para intervenção especia-
lizada. Acometimento do trato respiratório, como por gases superaquecidos, podem 
causar queimaduras no sistema respiratório. Mais comumente, a lesão ocorre devido 
à fumaça, exercendo seus efeitos por irritação química local. Inalação de produtos 
químicos, como monóxido de carbono ou cianeto, podem levar, além de danos locais 
no sistema respiratório, a intoxicação sistêmica.
 Se liga! Lesões térmicas causadas por fumaça quente, geralmente, 
queimam apenas a faringe, enquanto o vapor pode também queimar as vias 
aéreas abaixo da glote.
Queimaduras   18
Os queimados que devem ser encaminhados para um centro especializado de 
queimados, além dos grandes queimados, são:
•	 Acometimento de rosto , mãos , pés , genitália, períneo ou articulações 
principais
•	 Espessura parcial > 10% da superfície corporal queimada 
•	 Queimaduras de 3º grau
•	 Queimaduras elétricas 
•	 Queimaduras químicas
•	 Lesão por inalação
•	 Distúrbios médicos preexistentes que podem complicar o tratamento
•	 Traumas ou fraturas associadas
•	 Crianças queimadas em hospital sem equipamento ou profissionais qualifica-
dos para aquele atendimento
•	 Pacientes que necessitarão de intervenção social, emocional ou de reabilitação 
especial
A internação na UTI está indicada em:
•	 Pacientes queimados na fase aguda, com SCQ ≥ 20% em crianças.
•	 Pacientes queimados na fase aguda, com SCQ ≥ 30% em maiores de 12 anos.
•	 Pacientes com suspeita ou diagnóstico de inalação de fumaça.
Queimaduras   19
QUEIMADURAS
MECANISMOS
DE LESÃO
CLASSIFICAÇÃO
DAS LESÕES GRAVIDADE DAS LESÕES
EXTENSÃO
DAS LESÕES
CALOR SUPERFICIAL GRÁFICO DE
LUND-BROWDER
ELETRICIDADE
ESPESSURA
PARCIAL
SUPERFICIAL
FRICÇÃO
ESPESSURA
PARCIAL
PROFUNDA
QUÍMICA ESPESSURA
TOTAL
RADIAÇÃO
EXTENSÃO
PARA TECIDOS
PROFUNDOS
REGRA DOS
NOVE
MÉTODO DA
PALMA DA MÃO
Para pequenas
queimaduras ou
irregulares
PEQUENO
QUEIMADO
GRANDE
QUEIMADO
1º GRAU 2º ou 3º em períneo
2º GRAU:
> 5% em crianças
> 10% em adultos
2º GRAU:
> 15% em crianças
> 20% em adultos
MÉDIO
QUEIMADO
3º GRAU:
> 5% em crianças
> 10% em adultos
2º GRAU:
Entre 5% e 15%
em crianças
Entre 10% e 20%
em adultos
3º grau em pés,
mãos, face,
pescoço ou axila
2º grau em pés,
mãos, face,
pescoço ou axila
Queimaduras
elétricas
Lesões
associadas:
lesão inalatória,
politrauma,
fraturas, TCE,
choque, IR, IC,
IH, DM, IAM,
distúrbio de
coagulação e
hemostasia,
síndrome
compartimental
3º GRAU:
Até 5% em
crianças
Até 10% em
adultos
CRITÉRIOS DE REFERENCIAÇÃO
PARA CENTRO DE QUEIMADOS
ACOMETIMENTODE ROSTO, MÃOS, PÉS, GENITÁLIA,
PERÍNEO OU ARTICULAÇÕES PRINCIPAIS
ESPESSURA PARCIAL > 10% DA SCQ
QUEIMADURAS DE TERCEIRO GRAU
QUEIMADURAS ELÉTRICAS
(INCLUINDO DANOS CAUSADOS POR RAIOS)
QUEIMADURAS QUÍMICAS
LESÃO POR INALAÇÃO
DISTÚRBIOS MÉDICOS PREEXISTENTES
QUE PODEM COMPLICAR O TRATAMENTO
TRAUMAS OU FRATURAS ASSOCIADAS
CRIANÇAS QUEIMADAS EM HOSPITAL SEM EQUIPAMENTOS OU 
PROFISSIONAIS QUALIFICADOS PARA AQUELE ATENDIMENTO
PACIENTES QUE NECESSITARÃO DE INTERVENÇÃO
SOCIAL, EMOCIONAL OU DE REABILITAÇÃO ESPECIAL
INTERNAÇÃO NA UTI
QUEIMADOS EM FASE AGUDA,
COM SCQ ≥ 20% EM CRIANÇAS
QUEIMADOS EM FASE AGUDA,
COM SCQ ≥ 30% EM ADULTOS
SUSPEITA OU DIAGNÓSTICO
DE LESÃO POR INALAÇÃO
Fonte: Adaptado de QueimadurasPROVAB.
Queimaduras   20
7. ABORDAGEM INICIAL DE UM 
PACIENTE QUEIMADO
Introdução
As lesões térmicas possuem alta morbimortalidade, mas a aplicação dos princí-
pios básicos de reanimação inicial no trauma minimiza esse desfecho. Tais princí-
pios incluem a atenção quanto ao comprometimento da via aérea, como em inalação 
de fumaça, a fim de mantê-la sempre pérvia, verificando também a necessidade 
de ventilação. Além disso, é realizada manutenção da normalidade hemodinâmica 
através de reanimação com infusão de volume. O médico também deve estar atento 
para tratar possíveis complicações, como rabdomiólise e arritmias cardíacas, vistas, 
por exemplo, em queimaduras elétricas. Outro ponto importante é estar sempre aten-
to no controle da temperatura e a remoção do paciente do ambiente causador da 
lesão, como, por exemplo, na insolação.
A abordagem inicial do paciente queimado será descrita abaixo.
Interrupção do processo de lesão
Inicialmente, os acessórios e roupas do paciente devem ser todos removidos, ex-
ceto se houver aderência à pele. Tecidos sintéticos queimam rapidamente em altas 
temperaturas e derretem, formando resíduos aquecidos que continuam lesando a 
vítima. Roupas embebidas em substâncias químicas devem ser removidas cuidado-
samente, assim como o próprio pó químico que, se presente, deve ser removido da 
ferida com escova. Após a interrupção do processo de lesão, a superfície corporal 
acometida deve ser banhada copiosamente com água corrente. Após isso, cobrir o 
paciente com lençóis quentes e secos, evitando hipotermia.
 Se liga! Não se deve NUNCA aplicar agentes neutralizantes, pois a 
reação é exotérmica, podendo agravar a queimadura.
Queimaduras   21
Vias aéreas
As queimaduras podem levar a um processo de edema e, por isso, a via aérea 
superior sempre está em risco de obstrução. Como os sinais de obstrução, inicial-
mente, são sutis, mas evoluem com grande agilidade, levando o paciente a entrar em 
crise rapidamente, a avaliação precoce da necessidade de intubação orotraqueal é 
essencial. Quanto mais grave a lesão em relação a profundidade, extensão, queima-
duras em região de face e pescoço, lesões inalatórias e queimaduras no interior da 
boca, maior o risco de obstrução. Esses problemas são ainda maiores quando se tra-
tam de crianças, pois essas possuem vias aéreas mais curtas.
 Se liga! A intubação orotraqueal em pacientes queimados está 
indicada quando presente algum dos critérios que sugira lesão por inalação, 
queimaduras circunferenciais em região de pescoço ou tórax, ou ainda de es-
pessura total, que possam comprometer a respiração, ou quando necessitem 
de transferência.
 Saiba mais! Pacientes com lesão por inalação podem necessitar 
de broncoscopia. Assim, optar sempre por um tubo maior.
Ventilação
Deve-se ter a preocupação quanto à ventilação desses pacientes em situações de 
hipóxia, intoxicação por monóxido de carbono e por lesões inalatórias de fumaça. 
Nesses pacientes deve ser administrado oxigênio suplementar, podendo ser com ou 
sem intubação, dependendo se há indicação para esse procedimento. A suspeita de 
intoxicação por monóxido deve-se partir da história e pela medida direta desse gás 
no sangue (HbCO). Quando a concentração é inferior a 20%, o paciente geralmente, 
não apresenta manifestação clínica, devendo-se, portanto, valorizar a história do 
paciente. Níveis mais elevados de CO podem se manifestar por cefaleia, náuseas, 
confusão, coma e morte. A utilização do oxigênio em alto fluxo, com máscara uni-
direcional, sem recirculação, é mandatória nesses casos. Por fim, pode-se realizar 
a radiografia de tórax e gasometria arterial para a avaliação da condição pulmonar 
inicial desse doente. Em muitos casos essa avaliação será normal, mas o paciente 
pode evoluir com piora rapidamente.
Queimaduras   22
Obtenção de acessos venosos
A reposição volêmica será necessária para qualquer paciente com mais do que 
20% da superfície corporal acometida. Os acessos devem ser estabelecidos em 
veias periféricas com cateter de grosso calibre, no mínimo 16 G. Preferivelmente 
deve se realizar o acesso em região de pele intacta, porém, caso não seja possível, a 
queimadura não inviabiliza o processo. Lembrar que os MMSS são prioridade em re-
lação aos MMII, devido à alta incidência de flebites e flebites sépticas nas veias sa-
fenas. A infusão é realizada, preferencialmente, com Ringer Lactato, como veremos 
mais adiante.
Circulação
Para a reanimação do paciente com fluidos, a monitorização do débito urinário 
será uma forma confiável de avaliação do volume sanguíneo circulante e acompa-
nhamento da necessidade de reposição. Assim, a sondagem vesical é um procedi-
mento que deve ser feito em pacientes queimados. Iniciar a reposição volêmica com 
solução isotônica aquecida, preferencialmente Ringer Lactato, segundo a fórmula de 
Parkland, que se dá da seguinte forma:
Reposição volêmica em >14 anos = 2
mL X Kg X SCQ%
Reposição volêmica em crianças = 3
mL X Kg X SCQ%
Reposição volêmica em queimaduras
elétricas = 4 mL X Kg X SCQ%
Assim, para fins de cálculo inicial, programa-se que metade desse volume de 
Ringer Lactato deve ser administrado nas primeiras 8 horas e o restante nas 16 ho-
ras seguintes, fechando a infusão em 24 horas. Por exemplo, um homem de 100 
kg com queimaduras de 80% de SCQ requer 2 × 80 × 100 = 16.000 mL em 24 horas. 
Metade desse volume (8.000 mL) deve ser fornecido nas primeiras 8 horas, portanto, 
o paciente deve ser iniciado a uma taxa de 1000 mL / h. A metade restante do líquido 
total é administrada durante as 16 horas subsequentes.
Após essa quantidade alvo inicial, e independente do esquema de reposição ad-
ministrado, um volume de líquido deve ser fornecido ao paciente para hidratá-lo, com 
base no débito urinário, segundo o cálculo:
Hidratação = 0,5 mL X Kg
Hidratação em < 30 kg=1 mL X Kg
Essa hidratação deve ser feita a cada hora. Em presença de hematúria ou he-
moglobinúria, deve-se estimular a diurese para grandes volumes (2 ml/ kg/h em 
Queimaduras   23
crianças e 70 mL/h em maiores de 12 anos). Outra ressalva é que em crianças < 30 
kg, pode ser necessária a associação de glicose nos fluidos para evitar hipoglicemia.
É importante entender que uma reposição insuficiente resulta em hipoperfusão, 
podendo levar a lesão de órgão. Já uma reposição excessiva resulta em aumento 
do edema, que pode levar a complicações, como progressão da profundidade da 
queimadura ou síndrome compartimental em abdome e extremidades. O objetivo da 
ressuscitação é manter o equilíbrio e, consequentemente, um perfusão adequada, 
conforme indicado pelo débito urinário.
 Se liga! O ECG deve ser monitorado para identificar distúrbios do 
ritmo cardíaco, uma vez que arritmias cardíacas podem ser o primeiro sinal de 
hipóxia e de anormalidade do equilíbrio ácido-básico ou eletrolítico.
8. AVALIAÇÃO DE UM PACIENTE 
QUEIMADO
Após a abordagem inicial do paciente para minimizar o risco de morte, realiza-se 
uma avaliação do doente com a história, classificação da superfície corporal e pro-
fundidade da lesão.
História
Como vimos, o mecanismo de lesão é algo muito importante, visto que, por exem-
plo, queimaduras elétricas já se configuram como lesão grave, devendo o paciente 
ser referenciado para um centro dequeimados. Assim, a história deve ser abordada 
de forma cuidadosa, buscando-se lesões associadas, como traumas, fraturas, lesões 
internas, lesões de SNC, lesão por inalação. A história pode ser obtida do doente ou 
de familiar, a partir do mnemônico “ARDEU?”:
•	 A- Alergias
•	 R- Remédios em uso (vacinação antitetânica?)
•	 D- Doenças prévias, atuais e data da última menstruação (gravidez?)
•	 E- Eventos relacionados à lesão
Queimaduras   24
•	 U- Última refeição
Além disso, deve-se estar atento para que a história condiga com a situação clíni-
ca do paciente, devendo afastar situações de tentativa de suicídio ou de abuso.
 Saiba mais! As queimaduras suspeitas de abuso físico são ca-
racterizadas como menores, ocorrendo principalmente em crianças. Fatores 
que corroboram para a suspeita é uma história inconsistente e características 
físicas sugerindo tal lesão, como: queimaduras escaldantes com borda nitida-
mente demarcada, queimaduras na forma distinta de objetos sólidos, pequenas 
queimaduras circulares combinando com uma ponta de cigarro ou charuto, 
queimaduras na área perineal que correspondam a um padrão de imersão, por 
exemplo, criança “mergulhada” em água escaldante.
SCQ e profundidade da queimadura
São definições que já foram abordados anteriormente no material, mas lembran-
do: quanto a SCQ, pode-se utilizar o gráfico de Lund-Browder, a Regra dos Nove ou 
da palma da mão, dependendo do caso, da urgência e da escolha de quem está ava-
liando o paciente. Para evitar superestimar ou subestimar a extensão da queimadura, 
não incluir queimaduras superficiais, utilizar a Regra dos Nove reconhecendo que 
crianças possuem proporções diferente dos adultos e, para tamanhos irregulares ou 
queimaduras pequenas, utilizar o método da palma da mão (com dedos representan-
do 1% da área corporal).
Medidas auxiliares
Outras medidas auxiliares também podem ser necessárias em alguns pacientes, 
como escarotomia, fasciotomia, sondagem gástrica, antibioticoterapia, narcóticos, 
analgésicos ou sedativos e vacinação antitetânica
Fasciotomias e escarotomias
Em queimaduras circulares, deve-se sempre descartar a síndrome compartimen-
tal. Essa é uma condição em que há elevação da pressão dentro do compartimento 
muscular, o que interfere na perfusão das estruturas distais e internas desse com-
partimento. Os sinais da síndrome compartimental correspondem à piora da dor 
com a movimentação passiva, tensão do membro, dormência e, eventualmente, 
ausência de pulso distal. Na dúvida do diagnóstico, pode-se inserir uma agulha co-
nectada a um medidor de pressão dentro do compartimento e caso pressão > 30 
Queimaduras   25
mmHg, indica-se a fasciotomia. Uma USG doppler também pode ser realizada para o 
diagnóstico.
Essa síndrome compartimental também pode ocorrer em região torácica, e até 
mesmo abdominal, devido a queimaduras circunferenciais, dificultando a respiração 
do paciente e causando aumento das pressões de pico inspiratórias. Assim, a esca-
rotomia está indicada, devendo ser realizada ao nível das linhas axilares anteriores 
combinadas com uma incisão na transição toracoabdominal.
Sondagem gástrica
Esse procedimento é indicado para pacientes nauseados, vomitando, com disten-
são abdominal ou quando queimadura envolver uma SCQ > 20% em maiores de 12 
anos e SCQ > 15% em crianças. Outras condições são: em necessidade de suporte 
ventilatório; múltiplas intervenções cirúrgicas; estado nutricional comprometido ante-
riormente à queimadura; perda de peso > 10% durante o tratamento; TCE ou traumas 
faciais graves com incapacidade de deglutição. Também é um procedimento que de-
ve ser realizado para a transferência do paciente. Ao utilizar a sonda gástrica, admi-
nistrar o alimento dando preferência ao uso de bombas de infusão (se disponíveis), 
correndo lentamente, ao invés de alimentação com infusões de volume horário, “em 
bolo”, evitando plenitude e não interferindo na alimentação via oral.
Analgesia
Geralmente pacientes queimados estão agitados e ansiosos, podendo necessi-
tar de medicação de controle. Normalmente apresentam-se nesse estado devido a 
hipoxemia ou hipovolemia, mais do que a dor, sendo a oxigenoterapia e a reposição 
volêmica medidas de controle para esses pacientes. Para a dor, apenas a cobertura 
da queimadura já promove alívio, mas quando necessária medicação (narcóticos, 
analgésicos ou sedativos), deve-se escolher os de ação imediata, por meio de admi-
nistração via endovenosa, em doses baixas e frequentes.
Imunização antitetânica e antibioticoterapia
A profilaxia do tétano é necessária quando as feridas forem consideradas tetano-
gênicas. Não se deve perder a oportunidade de vacinar as crianças (verificar sempre 
o cartão de vacinação) ou fazer a dose de reforço nos adultos. Avaliar inclusive a 
necessidade de soro anti-tetânico, a depender das características da ferida. Quanto 
à antibioticoterapia profilática, essa não é recomendada para pacientes queimados, 
devendo ser reservada apenas para o tratamento de infecções por meio da utiliza-
ção de antimicrobianos tópicos, como será descrito abaixo em cuidados com a fe-
rida. Em pacientes com queimaduras a partir de 2º grau apresentando temperatura 
superior a 39°C e afastado outros diagnósticos, juntamente com exames labora-
toriais sugestivos de infecção, pode-se escolher entrar com antibiótico sistêmico. 
As fontes de microrganismos podem ser endógenas (flora normal) ou exógenas 
Queimaduras   26
(proveniente do ambiente ou do próprio cuidado médico individual). Os organismos 
associados às infecções em pacientes queimados incluem bactérias gram-positivas, 
gram-negativas e, até mesmo, fungos. Caso o fechamento da ferida seja demorado 
e o paciente seja colonizado havendo necessidade de tratamento com antibióti-
cos de largo espectro, tais organismos iniciais podem ser substituídos por fungos 
e bactérias de maior resistência, dentre os quais se destacam e merecem atenção 
especial: Staphylococcus aureus, resistente à meticilina, e Pseudomonas aerugino-
sa. Microrganismos fúngicos, especialmente espécies de Cândida e outros, como 
Aspergillus e Mucor, estão associados a graves infecções em pacientes queimados. 
Infecções virais, como herpes simples e herpes zoster, raramente complicam feridas 
de queimados.
Cuidados com a ferida
Logo na abordagem inicial, a ferida deve ser coberta com pano limpo e seco para 
aliviar a dor e evitar hipotermia. Não se deve utilizar compressas ou água frias em 
pacientes com queimaduras extensas (> 10% SCQ) e sempre instruir o paciente a 
nunca estourar as flictenas. O cuidado posterior deve-se basear em uma técnica 
asséptica para realização dos curativos, reduzindo as chances de infecções. Tal téc-
nica inclui a lavagem das mãos, uso de campos, luvas e instrumentais esterilizados. 
Além disso, alguns passos devem ser seguidos:
•	 Reavaliar a ferida: a cada troca de curativo deve-se observar mudanças no ca-
ráter de odor, volume, aspecto da exsudação e presença de necrose, os quais 
devem direcionar a escolha da cobertura adequada do tipo de ferida. Por fim, 
deve haver limpeza sistemática e diária da área queimada.
•	 Desbridamento de tecidos desvitalizados: é um procedimento de grande im-
portância para redução das complicações infecciosas das queimaduras. Uma 
vez que os resíduos se acumulam na superfície da ferida, eles podem retardar a 
migração dos queratinócitos, atrasando, assim, o processo de epitelização.
•	 Tratamento com antimicrobianos tópicos: têm grande destaque no controle de 
infecções associadas às lesões por queimaduras. Dentre eles, destacam-se as 
associações entre sulfato de neomicina e bacitracina, e o sulfato de neomici-
na isolado. Entretanto, a sulfadiazina de prata é universalmente aceita como o 
tópico mais eficaz para controle da infecção local. A sulfadiazina de prata 1% é 
efetiva, particularmente, contra bactérias gram-negativas (E. coli, Enterobacter, 
Klebisiela sp, P. aeruginosa), mas inclui gram-positivas (S.aureus) e a Candida 
albicans,e deve ser utilizada apropriadamente em correspondência ao estágio 
de infecção encontrado.
•	 Escolha do curativo: quanto ao tipo de curativo, existem várias alternativas, 
como os biológicos e os sintéticos. Os biológicos incluem enxertos de pele de 
cadáver e de porco, que são utilizados como curativos temporários, principal-
mente em lesões extensas. Já os sintéticos são membranas colocadas sobre 
as queimaduras, permitindo o mesmo efeito dos curativos biológicos, ou seja, 
Queimaduras   27
cobrir a lesão, proporcionando cicatrização por debaixo deles. Porém, esse tipo 
de curativo não possui atividade antimicrobiana, portanto devem ser aplica-
dos precocemente, em menos de 72 horas, a fim de impedir uma colonização 
bacteriana e posterior infecção. Cabe ao profissional que cuidará do paciente 
queimado avaliar a queimadura e decidir qual será o melhor curativo a ser uti-
lizado no tratamento, levando sempre em consideração a realidade local e o 
custo-benefício.
 Saiba mais! PROCEDIMENTOS PARA UM CURATIVO IDEAL:
• Lavar as mãos com a técnica correta-
• Utilizar gaze uma só vez
• Lavar ferida com SF 0,9%, promovendo pressão suficiente para remover exsu-
dato da ferida e eventuais corpos estranhos
• Secar pele ao redor da ferida sem tocar no leito desta
• Adequar o curativo ao tamanho da ferida
• Remover ao máximo as secreções, corpo estranho e tecido necrótico
• Fechar curativos primários cobertos com gazes ou compressas, fazendo uma 
proteção da pele do paciente com adesivo microporoso e vedar com esparadra-
po comum, para manter o meio úmido
• Observar e anotar o aspecto da lesão e o curativo realizado para acompanhar 
a evolução da ferida
*Curativos primários, como alginato de cálcio e carvão ativado, ficam em conta-
to direto com a lesão e exigem uma cobertura
CARACTERÍSTICAS DE UM CURATIVO IDEAL:
• Manter a temperatura em torno de 37°C no leito da ferida;
• Absorver o excesso de exsudato, mantendo a umidade ideal;
• Prevenir a infecção, devendo ser impermeável a bactérias;
• Permitir sua remoção sem causar traumas no tecido neoformado;
• Não deixar resíduos no leito da ferida;
• Limitar a movimentação dos tecidos em torno da ferida;
• Proteger contra traumas mecânicos.
Queimaduras   28
ABORDAGEM DO PACIENTE QUEIMADO
Fonte: Próprio autor.
ABORDAGEM INICIAL
INTERRUPÇÃO DO 
PROCESSO DE LESÃO VIAS AÉREAS E VENTILAÇÃO
ACESSOS E REPOSIÇÃO
VOLÊMICA
RETIRAR ACESSÓRIOS E 
ROUPAS
VERIFICAR PERVIEDADE
DA VIA AÉREA
FÓRMULA DE PARKLAND
LAVAGEM COPIOSA COM 
CORRENTE POR 20 A 30 
MINUTOS
QUEIMADURA QUÍMICA EM
REGIÃO DE OLHO, LAVAGEM
COPIOSA POR 8H
NUNCA USAR AGENTES
NEUTRALIZANTES
REALIZAR COBERTURA
DA FERIDA COM
PANO LIMPO E SECO
EVITAR INFECÇÃO E
HIPOTERMIA
CHECAR CRITÉRIOS
LAVAGEM COPIOSA DE LESÃO 
INALATÓRIA
QUEIMADURA
CIRCUNFERENCIAL EM 
PESCOÇO OU TORAX?
NECESSIDADE
DE INTUBAÇÃO?
NECESSIDADE DE VENTILAR?
HIPÓXIA, INTOXICAÇÃO POR
MONÓXIDO DE CARBONO,
LESÕES INALATÓRIAS
GERAL: 2 ml X Kg X SCQ%
CRIANÇAS: 3 ml X Kg X SCQ%
ELETRICIDADE:
4 ml X Kg X SCQ%
MANUTENÇÃO SEGUNDO
DÉBITO URINÁRIO
GERAL: 0,5 ml X Kg (por hora)
< 30kg: 3 ml X Kg
(por hora) + GLICOSE
ECG PARA MONITORIZAÇÃO
RADIOGRAFIA DE TÓRAX E
GASOMETRIA ARTERIAL
AVALIAÇÃO DO PACIENTE
HISTÓRIA
A- ALERGIA
R- REMÉDIOS
D- DOENÇAS E DIA DA
ÚLTIMA MENSTRUAÇÃO
E- EVENTOS
RELACIONADOS À LESÃO
U- ÚLTIMA REFEIÇÃO
DEFINIÇÃO DA SCQ
GRÁFICO DE
LUND-BROWDER
REGRA DOS
NOVE
MÉTODO DA PALMA DA MÃO
DEFINIÇÃO DA
PROFUNDIDADE
SUPERFICIAL
ESPESSURA
PARCIAL
PROFUNDA
ESPESSURA
PARCIAL
SUPERFICIAL
ESPESSURA
TOTAL
EXTENSÃO PARA TECIDOS 
PROFUNDOS
FASCIO-
TOMIAS
ANTIBIOTI-
COTERAPIA
ESCARO-
TOMIAS
CUIDADOS
COM A FERIDA
SONDAGEM
GÁSTRICA ANALGESIA
VACINAÇÃO ANTITETÂNICA
MEDIDAS AUXILIARES
Queimaduras   29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Rice, P.H., Orgill, D.P. Assessment and classification of burn injury. Uptodate 2019. 
Atualizado em: Apr, 2020.
Wiktor, A., Richards, D. Treatment of minor thermal burns. Uptodate 2019. Atualizado 
em: Apr, 2020.
Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Queimaduras: Diagnóstico e Tratamento 
Inicial. Projeto Diretrizes. Abril 2008.
American College of Surgeons. ATLS, Advanced Trauma Life Suport. 10ª Edition. 
2018.
Queimaduras [Internet] / Universidade Federal de Santa Catarina; Organizadores: 
Nazaré Otília Nazário; Dilmar Francisco Leonardi e Cesar Augusto Soares Nitschke 
— Florianópolis; Acesso em 17 de dezembro de 2022; Disponível em: <https://ares.
unasus.gov.br/acervo/html/ARES/13962/1/QueimadurasPROVAB.pdf>
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shutterstock.com/pt/image-photo/mild-blister-vesicle-bleb-bulla-on-1430174162 >. 
Acesso em: 17 de dezembro de 2022
Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: <https://
www.shutterstock.com/pt/image-photo/hands-imitation-burn-chemical-isolated
-on-1191484603 >. Acesso em: 17 de dezembro de 2022
Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com,disponível em: <https://www.
shutterstock.com/pt/image-illustration/skin-burn-classification-first-second-
third-252074932>. Acesso em: 17 de dezembro de 2022
Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://www.
shutterstock.com/pt/image-photo/young-man-severe-sunburn-treatment-spe-
cial-1478197190 >. Acesso em: 17 de dezembro de 2022
Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://www.
shutterstock.com/pt/image-photo/sunburn-texture-child-skin-1602078589 >. Acesso 
em: 17 de dezembro de 2022
Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://www.
shutterstock.com/pt/image-photo/split-skin-graft-post-operative-wound-446379085 
>. Acesso em: 17 de dezembro de 2022
Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: < https://www.
shutterstock.com/pt/image-photo/burn-wound-surrounded-by-scabs-exsuda-
tes-2192920027 >. Acesso em: 17 de dezembro de 2022
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