Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MPFE Macroeconomia Professor: EUCLIDES PEDROZO euclides.pedrozo@fgv.br Desinflação Suponha que a economia está no seu equilíbrio de médio prazo: u = un e g = gy Mas é considerada alta. Como fazer para reduzir ? Aprendemos com o modelo que se deve reduzir gm Mas, se gm cair, fará, inicialmente gy cair e ut subir Qual seria, então, a forma ótima de desinflacionar (rápida ou lentamente)? Desinflação: quais as implicações do modelo estudado? Efeitos de curto prazo 3 Se a un = 6,5%, uma taxa efetiva de desemprego de 9% durante 4 anos seguidos corresponde a 4*(9 6,5) = 10 anos-ponto de excesso de desemprego. Suponha que o BC queira reduzir a inflação em 10 p.p., ou seja, uma redução de t t-1 = 0,10. Vamos também supor que = 1. Se o BC quiser obter essa redução em um ano: t – t-1 = – (ut – un) – 0,10 = – 1(ut – un) (ut – un) = 0,10 Se o BC quiser obter essa redução em dois anos: Ano 1: t – t-1 = – (ut – un) – 0,05 = – 1(ut – un) (ut – un) = 0,05 Ano 2: t – t-1 = – (ut – un) – 0,05 = – 1(ut – un) (ut – un) = 0,05 Taxa de Sacrifício Requer-se um desemprego de 10 p.p. acima de un, por um ano. 4 Seja a Curva de Phillips dada por: t – t-1 = –(ut – un) Para cair: (t – t-1) < 0 (ut – un) > 0 Ou seja, um excesso de desemprego de 1 p.p. por ano, diminui a taxa de inflação em 1 p.p. Não importa se a desinflação é gradual ou repentina: o montante de desemprego requerido para atingir a inflação desejada é sempre o mesmo. Desinflação: quanto desemprego e por quanto tempo? 5 A redução drástica da inflação aumento elevado do desemprego e queda do produto Taxa de sacrifício (TS) número de anos-ponto de desemprego necessários para se reduzir a inflação em 1 p.p. Alternativamente, quanto de queda do PIB é necessária para se reduzir a inflação em 1 p.p.: Desinflação: quanto desemprego e por quanto tempo? 6 Evidência Empírica: Brasil Fonte: Cupello, 2006 Pela fórmula da Taxa de Sacrifício: Se 1, então a razão de sacrifício é aproximadamente 1 uma desinflação de 10% requer 10 anos-ponto de excesso de desemprego. Se = 0,75, então a razão de sacrifício é aproximadamente 1,3 uma desinflação de 10% requer 13,3 anos-ponto de excesso de desemprego Se a taxa de sacrifício é constante, será que isto quer dizer que a velocidade da desinflação é irrelevante? Suponha que o BC queira reduzir a inflação de 10 p.p em um ano e =1 Se un = 6,5% ut = 6,5% + 10% = 16,5% Pela lei de Okun, com = 0,4 e gcy = 3%: ut – ut-1 = –0,4*(gyt – 0,03) gyt = (0,10 / 0,4) + 0,03% = 0,22 ou 22% A maior queda do PIB já ocorrida nos EUA foi de 15% em 1931, durante a grande depressão. Uma política monetária nesses moldes exigiria uma queda de 22% do produto! Taxa de Sacrifício: Exemplo 8 Perda de produção associada à desinflação tempo Tendência do Produto Perda de Produto Produto t0 t1 Inflação 0 1 t0 t1 tempo 9 Exemplo: Suponhamos que se pretenda obter uma redução de 14% para 4% na inflação em 5 anos (2 p.p. ao ano) BC não controla nem ut nem t diretamente. Controla apenas gm. = 1 Qual deve ser a trajetória de gm para obter a redução de 10 p.p. em t em 5 anos? Efeitos do aperto monetário – passos: Meta de trajetória inflacionária Trajetória de desemprego implicada pela curva de Phillips: t – t-1 = –(ut – un) Trajetória de crescimento do produto determinado pela lei de Okun: ut – ut-1 = –0,4*(gyt – 0,03) Trajetória requerida de crescimento monetário, a partir da relação de demanda agregada: gyt = gmt t Trajetória da Desaceleração Monetária 10 Trajetória da Desaceleração Monetária Meta de trajetória inflacionária 11 Trajetória da Desaceleração Monetária Taxa de desemprego requerida (Curva de Phillips) 12 Trajetória da Desaceleração Monetária Crescimento do produto (Lei de Okun) 13 Trajetória da Desaceleração Monetária Crescimento monetário nominal 14 Trajetória da Desaceleração Monetária Deslocamentos da Curva de Phillips ao longo do tempo 14 12 10 8 6 4 t 8,5 ut 6,5 PC (’=14%) PC (’=10%) PC (’=8%) PC (’=6%) PC (’=4%) 0 1 2 3 4 5 6 No médio prazo, o crescimento monetário e a inflação são menores e a taxa de desemprego e de crescimento do produto voltam ao normal, mas a transição para um menor crescimento monetário e inflação menor é associada com um período de desemprego mais alto. 15 Curva de Philips de Longo Prazo t ut Curva de Phillips inicial 0 1 A Curva de Phillips de Longo Prazo é vertical, ou seja, não importando a taxa de inflação, a taxa de desemprego sempre voltará à taxa natural. NAIRU ou Curva de Phillips de Longo Prazo 16 Curva de Philips de Longo Prazo Derivação a partir do equilíbrio WS-PS Nível de Emprego PS W/P E0 Inflação 6% 2% y0 y2 Produto WS 2% -2% E1 E2 4% y1=yN PC (’=6%) PC (’=4%) PC (’=2%) PC (’=0%) VPC 17 A política macroeconômica pode determinar a distribuição temporal, mas não o número de anos-ponto de excesso de desemprego: Principais críticas: Crítica de Lucas: Expectativas e seus efeitos sobre a Credibilidade da Política Rigidez Nominal de Preços e Natureza dos Contratos Papel das expectativas: De que forma alterações na formação de expectativas podem afetar o custo do desemprego e da desinflação. Trajetória da Desaceleração Monetária Crítica 18 Expectativas racionais: as pessoas baseiam suas expectativas em toda a informação disponível, considerando inclusive as políticas atuais e esperadas no futuro. Curva de Phillips sob a hipótese de expectativas racionais Política monetária utilizada frequentemente para reduzir a taxa de desemprego Política monetária raramente utilizada para reduzir a taxa de desemprego PC PC Tomar a equação t – t-1 = – (ut – un) como dada: Equivaleria a supor que aqueles que negociam os salários em termos nominais continuariam a esperar que a inflação do futuro fosse a mesma do passado, independentemente da ação do governo. Ou seja, que a formação de expectativas não se alteraria em resposta a mudanças na política. Crítica: Por que os agentes que determinam os salários não deveriam levar em conta as alterações de política? Seja a equação t = e – (ut – un): Se os agentes que determinam os salários adotam e = t-1 o único modo de diminuir t seria aceitar ut maior por algum tempo. Crítica: Se os agentes que determinam os salários pudessem ser convencidos de que t > t-1 , eles diminuiriam suas expectativas de inflação. Isso, por sua vez, diminuiria a inflação corrente sem a necessidade de se promover nenhuma alteração na taxa de desemprego. Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas Desinflação x Desemprego: Lucas não acreditava que a desinflação pudesse realmente ocorrer sem algum aumento do desemprego Sargent argumentou que, para alcançar a desinflação, o aumento no desemprego poderia ser pequeno. O fator essencial da desinflação bem-sucedida seria a credibilidade: Convicção dos agentes de que o banco central de fato esta comprometido com a redução da inflação. Caso fosse possível aumentar a credibilidade da política, os agentes que determinam os salários poderiam alterar o modo como formam suas expectativas, e assim, abreviariam os custos da desinflação. Ainda, os autores argumentam que um programa de desinflação rápido e transparente tem maiores chances de ter credibilidade maior. Expectativas e Credibilidade: a Crítica de Lucas S. Fisher, E. Phelps e J. Taylor argumentaram que o escalonamento das decisões salariais impunha fortes limitações sobre como uma desinflação rápida poderia ser implementada. Para reduzir o custo do desemprego resultante da desinflação, seria necessário dar tempo aos fixadores de salários para levarem em conta a mudança na política econômica. Assim, mesmo com credibilidade total e com redução brusca do crescimento da moeda, teria de haver aumento do desemprego. Haveria contratos estabelecidos previamente que ainda estariam carregando as expectativas anteriores parainflação. O programa de ajuste deveria então ser anunciado com muita antecedência. Rigidez nominal de contratos Análise de Taylor: importância potencial das expectativas desinflação gradual pode ter um custo mais baixo do que o implicado pela abordagem tradicional Com o escalonamento das decisões salariais, a desinflação deve ser implementada lentamente para evitar o aumento do desemprego. Desinflação sem desemprego no modelo de Taylor Lawrence Ball (”What Determines the Sacrifice Ratio?” – NBER Working Paper nº 4306) examinou 65 episódios de desinflação, concluiu que: Desinflações geralmente conduzem a um período de maior desemprego. Desinflações mais rápidas estão associadas a quocientes de sacrifício menores. As taxas de sacrifício são menores em países que têm contratos salariais mais curtos. Evidência Empírica desemprego de ponto - anos de nº 1 inflação de redução ponto - anos de nº º = = a TS 1 1 - - - - = t t t t y y TS p p Episódios de desinflação Período Duração (trimestres) Inflação inicial Variação da Inflação Taxa de Sacrifício I 1985: 1 - 1985:4 3 229 65 -0,093% II 1989: 1 - 1991:4 9 3.152 2.600 0,001% III.a 1993: 1 - 1996:4 14 2.577 2.567 -0,004% Média pré-Real 9 1.986 1.744 -0,032% III.b 1996: 4 - 1997:4 5 8 5 -1,663% IV 2002: 2 - 2003:1 3 11 1 2,335% Média pós-Real 4 10 3 0,336% Antes 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Meta de trajetória inflacionária 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 4,0 4,0 4,0 Trajetória de desemprego 6,5 Trajetória de crescimento do produto 3,0 Trajetória requerida de crescimento monetário nominal 17,0 Indicadores Anos Desinflação Depois Antes 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Meta de trajetória inflacionária 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 4,0 4,0 4,0 Trajetória de desemprego 6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5 Trajetória de crescimento do produto 3,0 Trajetória requerida de crescimento monetário nominal 17,0 Indicadores Anos Desinflação Depois ( ) ( ) ( ) . . 2 1 2 1 p p u u u u u u N t N t N t t t = - Þ - - = - Þ - - = - - a p p Antes 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Meta de trajetória inflacionária 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 4,0 4,0 4,0 Trajetória de desemprego 6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5 Trajetória de crescimento do produto 3,0 -2,0 3,0 3,0 3,0 3,0 8,0 3,0 3,0 Trajetória requerida de crescimento monetário nominal 17,0 Indicadores Anos Desinflação Depois 2 3 4 , 0 2 1 1 - = + - = Þ + - = - y y t t yt g g u u g b 10 12 2 1 = + - = Þ + = Þ - = m t yt mt t mt yt g g g g g p p Antes 0 1 2 3 4 5 6 7 8 Meta de trajetória inflacionária 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 4,0 4,0 4,0 Trajetória de desemprego 6,5 8,5 8,5 8,5 8,5 8,5 6,5 6,5 6,5 Trajetória de crescimento do produto 3,0 -2,0 3,0 3,0 3,0 3,0 8,0 3,0 3,0 Trajetória requerida de crescimento monetário nominal 17,0 10,0 13,0 11,0 9,0 7,0 12,0 7,0 7,0 Indicadores Anos Desinflação Depois ( ) N t t y y - = - - a p p 1 ( ) W W P P W W P P W P D = D Þ D - D = D + = l l l m ˆ 1 e t t p p > e t t p p < t u n u t p e t t p p = e t t p p > e t t p p < t u n u e a p p + - - = ) ( n t e t t u u t p e t t p p =
Compartilhar