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Resenha Crítica do Livro O Renascimento - Nicolau Sevcenko

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ÁTILA ARAUJO LEITE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESENHA CRÍTICA DO LIVRO 
O RENASCIMENTO – NICOLAU SEVCENKO 
 
 
 
 
 
Resenha crítica apresentada na 
graduação do curso de Licenciatura 
em Artes Visuais da Universidade 
Regional do Cariri. 
 
Orientadora: Renata Felinto 
 
 
 
 
 
Crato – CE 
2022 
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Biografia de Nicolau Sevcenko 
 
 Nicolau Sevcenko foi um professor e historiador formado pela USP, atuou como 
professor na PUC-SP, na Unicamp e na USP. Além das universidades brasileiras, Sevcenko 
atuou na Universidade de Illinois, foi professor visitante em Georgetown University e no 
King’s College e atuou também como professor titular na faculdade de Artes e Ciências da 
Universidade de Harvard até 2014. Foi autor de vários livros, que dentre eles estão: Orfeu 
Extático na metrópole, A Corrida para o século XXI e Literatura como missão. 
 Nascido em 1952, veio de uma família de refugiados da Ucrânia, que partiram 
durante a Guerra Civil Russa. Sua família uma vez no Brasil, o teve, em São Vicente, no 
litoral de São Paulo. Teve sua infância na cidade de São Paulo, na Vila Prudente e desde 
cedo se ocupava, coletava sucata aos sete anos e gostava de praticar esporte e estudar. 
 Em 1975 graduou-se no curso de História da Universidade de São Paulo e se 
doutorou em 1981 na área de História Social. Aos 61 anos morreu em sua casa em São Paulo 
no bairro de Belém, a causa é desconhecida, no entanto sua esposa acredita que ele foi vítima 
de um infarto. 
 
Resumo dos Capítulos 
Capítulo 1: Condições históricas gerais 
Resumo: O capítulo inicia falando sobre uma visão acerca da economia na Idade média, que 
se baseia em burgos e caravanas, um mercado constante e movimentado que permeava toda a 
Europa e ameaçava os feudos. No entanto, é descrito o colapso responsável por impactar a 
economia, e a idade média no geral, que se trata principalmente da peste negra e da guerra dos 
cem anos que afetava principalmente a Inglaterra e a França, mas que causava consequência 
aos países próximos. A crise entretanto, fortaleceu a monarquia e deu espaço para uma Nova 
Ordem Social, que tinha representantes como Maquiavel, com conceitos de ciência política, 
Galileu, com a ideia de heliocentrismo, Leonardo Da Vinci, entre outros nomes importantes. 
Capítulo 2: Os humanistas: Uma nova visão do mundo 
Resumo: Esse capítulo comenta principalmente sobre os Humanistas, explica quem são e 
como eles atuavam para garantir espaço com pensamentos que afrontavam o pensamento 
comum embasado na Teologia. Por esse motivo, muitos pensadores eram perseguidos e 
julgados de acordo com o pensamento religioso que abominava muitas das ideias humanistas, 
mesmo que seus representantes fossem cristãos. Nesse capítulo também, vemos que a 
diversidade no desenvolvimento de diversas áreas se tornou bastante presente, e o movimento 
renascentista em muitos casos cativava indivíduos com focos diferentes, a seguirem áreas 
distintas, pois, as mesmas estavam em uma constante evolução e ascensão e necessitava 
sempre de novos membros que se dedicassem ao seu desenvolvimento. Um exemplo que é 
sempre destacado, é Leonardo da Vinci, com seus conhecimentos a respeito de pintura, 
hidrostática, anatomia, entre muitas outras áreas. O capítulo também fala sobre o pensamento 
da Aristotélico da escola de Pádua, e o pensamento do Platonismo da Academia de Florença 
que se distinguia bastante, o que as vezes podia causar alguns conflitos. Por fim, o capítulo 
descreve o pensamento Utopista, e seus principais representantes da época e as obras mais 
influentes acerca do assunto. 
 
 
 
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Capítulo 3: A nova concepção nas Artes Plásticas 
Resumo: Este capítulo mostra a trajetória evolutiva da arte plástica e novas visões 
apresentadas que poderiam, e mudaram a forma como a maioria dos artistas faziam arte. Com 
a chegada do estudo da perspectiva, a arte gótica presente, que possuía somente uma visão 
bidimensional, mesmo em cenas repletas de figuras e pessoas, entrou em desuso. Assim como 
a representação naturalista que chegava para substituir o estilo cânone que normalmente era 
notado em vitrais de catedrais, onde os dedos das personagens, costumavam ter os mesmos 
tamanhos, e seus corpos e rostos não seguiam a anatomia à risca, como se houvesse uma leve 
despreocupação ou desconhecimento sobre o corpo. Somente depois, referências gregas, e 
estudos anatômicos surgem, inclusive pelo artista Michelangelo, que produziu bastante 
conteúdo a respeito do corpo do homem. 
Capítulo 4: A criação das línguas nacionais 
Resumo: Durante o período renascentista, diversos problemas surgiram em relação ao idioma 
usado para a escrita, muito se discutia sobre o público que consumiria o conteúdo produzido, 
e sobre a identidade de cada localidade na literatura. Durante esse período, Dante Alighieri 
publicou o livro A Divina Comédia que foi impactante para a maioria dos indivíduos, e se 
tratando de literatura é essencial comentar a respeito dele, pois inspirou gerações a frente, 
como o Cancioneiro de Petrarca, que traz um sentimentalismo do autor e uma moça chamada 
Laura, o que é semelhante ao amor descrito de Dante e Beatriz na Divina Comédia. Além 
dessas obras literárias, houve também a presença da Poesia Bucólica, retratando a simplicidade 
nos campos e a vida trivial. O teatro, deu grandes passos nesse período, desde então era comum 
peças sem muita profundidade técnica, com todos os atores presentes em cenas mesmo que 
não atuassem simultaneamente. 
Capítulo 5: A evolução da Cultura Renascentista na Itália 
Resumo: Esse capítulo descreve com objetividade a linha do tempo da arte renascentista na 
Itália. Há uma divisão do período em três fases, sendo elas: Trecento, Quattrocento e 
Cinquecento. Seus nomes remetem ao período de um século. Cada uma dessas fases, possuíam 
problemas únicos e assuntos específicos discutidos. No primeiro período, o Trecento, o 
Renascimento ainda estava começando a caminhar, era possível notar características da Idade 
média, muito ainda se era falado sobre o pensamento Cristão, Dante Alighieri pertencia a esse 
período e dava justamente uma visão acerca da pós morte. A arte plástica, também caminhava 
em passos lentos, ainda havia muito do estilo gótico, e da ausência do naturalismo nas obras 
da época. No Quattrocento, a evolução caminhava mais depressa. Uma nova arquitetura já se 
instaurava pela Itália, com novos princípios e características, elaboradas por Brunelleschi. A 
perspectiva já estava sendo muito mais explorada e usada em grandes monumentos e o 
naturalismo era o foco da maioria dos artistas. Além disso, o corpo nu era mais explorado, 
pois com os estudos de anatomia, se começou a se tornar presente, e a arte do nu foi levada a 
outro patamar, por verem o corpo como uma criação perfeita, sua representação buscar ser o 
mais fiel possível e seu contexto nas obras eram geralmente ligadas a apreciação do corpo. No 
período Cinquecento, o foco saiu um pouco da Arte. As explorações entre continentes e as 
novas descobertas, levavam a prioridade dos burgueses a outra direção. No entanto, nesse 
período a arte Renascentista chegou ao seu auge, com técnicas até hoje usadas e estudos 
exatos, obras icônicas e um naturalismo jamais visto pela humanidade em pinturas e 
esculturas. 
 
 
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Capítulo 6: A evolução do Renascimento em outras regiões europeias 
Resumo: No geral, é possível notar que o Renascimento não ocorreu de forma simultânea em 
toda a Europa, em determinados países, somente parte das características renascentistas 
estiveram presentes, em alguns caso chegando apenas no fim do século XV. Fica claro que o 
Renascimento em sua totalidade não ocorreu em todos os locais, mas a Itália e a Flandres, são 
os lugares que mais aproximaram-se dessa totalidade do pensamento. De qualquer forma, 
todos os países tiveram importantes contribuições para que isso ocorresse. É citado
então na 
obra alguns países e suas colaborações. Flandres contribuiu com um gigantesco acervo e uma 
eterna aula de como retratar a natureza morta com emoção. A França contribuiu com a Pléiade, 
um grupo de poetas liderados por Pierre de Ronsard e Du Bellay. A Inglaterra, fez jus ao 
pensamento humanista, com Francis Bacon e o método indutivo da pesquisa científica e com 
o teatro elisabetano que tinha grandiosos nomes como o famoso Shakespeare. A Alemanha se 
destacou com as encantadoras gravuras em madeira e metal, principalmente as feitas por 
Albretch Dürer. A Espanha mal esteve de fato envolvida no Renascimento, mas durante esse 
período produziu um estilo chamado Mudéjar, que possuía bastante influência mulçumana, no 
geral o seu contato com o Renascimento se dava por artesões espanhóis que estudavam em 
outros países, ou pela importação de artistas flamengos e italianos. E por fim, Portugal, que 
contribuiu bastante com as escritas de Camões, mas no geral, a cultura portuguesa pareceu se 
manter ao gótico Tardio. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Notas e Comentários 
 
“...Grandes cidades (burgos), tornadas centros de produção artesanal e entrepostos comerciais; 
as feiras internacionais de comércio, em que a participação era intensa e os negócios vultosos; 
as primeiras casas bancárias, voltadas para a atividade cambial e para os empréstimos a juros, 
e a Europa ocidental passou a ser cortada por caravanas ele mercadores em todas as direções. 
A economia de subsistência e de trocas naturais tendia a ser suplantada pela economia 
monetária, a influência das cidades passou a prevalecer sobre os campos, a dinâmica do 
comércio a forçar a mudança e a ruptura das corporações de ofícios medievais.” – Pag 5 
Comentário: Durante este período, a ideia de feudo estava sendo ameaçada pelo 
desenvolvimento do mercado monetário e a alteração na economia, as trocas entre materiais 
naturais estavam se tornando algo raro e a moeda chegava para substituir essa trocas. Haviam 
feiras e uma crescente produção artesanal que dava novas oportunidades para os camponeses 
e uma nova visão de economia e trabalho. 
 
“Os teólogos, portanto, tinham toda a preocupação voltada para as almas e para Deus, ou 
seja, para o mundo transcendente, o mundo dos fenômenos espirituais e imateriais. Os 
humanistas, por sua vez, voltavam-se para o aqui e o agora, para o mundo concreto dos seres 
humanos em luta entre si e com a natureza, a fim de terem um controle maior sobre o próprio 
destino.” – Pag 16 
Comentário: Por muito tempo, o caminho lógico que desmistificava a visão religiosa foi 
considerado uma ameaça. Justificativas para muitos acontecimentos naturais, eram 
explicados pela igreja por meio de ideias imateriais e infundadas, sem ligação a 
comprovação científica. Os humanistas vieram para mudar essa visão, mas muito sofreram 
as consequências de expor o pensamento real, por confrontar as ideias espirituais já 
estabelecidas. 
 
“O respeito à individualidade deles e à originalidade de pensamento nunca foi uma conquista 
assegurada. A vida sempre lhes foi cheia de perseguições e riscos iminentes: Dante e 
Maquiavel conheceram o exílio, Campanella e Galileu foram submetidos a prisão e tortura” – 
Pag 17 
Comentário: Era comum, apresentar uma nova fonte de pensamentos e causar um grande 
impacto, principalmente, porque a igreja mantinha os “fatos”, eles decidiam o que era certo e 
errado, e ir contra esse pensamento em alguns casos era um sacrilégio. Dante por exemplo, 
deu uma imagem ao Inferno, ao purgatório e ao paraíso, e embora seja referência até hoje o 
seu trabalho em Divina Comédia, na época era uma novidade afrontosa que ia contra escritas 
religiosas da época. 
 
“Como se pode perceber, são múltiplos os caminhos do pensamento renascentista e certamente 
a variedade, a pluralidade ele pontos de vista e opiniões, foi um dos fatores mais notáveis da 
sua fertilidade. Grande parte das trilhas que foram abertas aí, nós as percorremos até hoje. E 
inútil querer procurar uma diretriz única no humanismo ou mesmo em todo o movimento 
renascentista: a diversidade é o que conta. Fato que, de resto, era plenamente coerente com 
5 
 
sua insistência sobre a postura crítica, o respeito à individualidade, seu desejo de mudança.” – 
Pag 24 
Comentário: A Renascença foi sem dúvida um período extremamente importante da história 
humana, é lindo a forma como se organiza a lógica e o pensamento religioso da época em 
conflito. Mesmo que alguns dos humanistas acreditassem no Cristianismo, o conhecimento e 
a busca por respostas, como a ideia do Heliocentrismo, tirava lentamente a cegueira que o 
clero causava ao povo com o Teocentrismo. 
 
“Era, pois, necessário construir uma nova imagem da sociedade na qual ela, a burguesia, 
ocupasse o centro e não as margens do corpo social. Assim sendo, as grandes famílias que 
prosperavam com os negócios bancários e comerciais e os novos príncipes e monarcas 
começam a utilizar uma parte ela sua riqueza para a construção de palácios no centro das 
cidades; igrejas, catedrais e capelas, na entrada das quais colocavam seus brasões e em cujo 
interior enterravam seus mortos;” – Pag 25 
Comentário: A arte visual era uma ótima forma de dar destaque a coisas comuns, famílias 
que queriam estar acima das outras, ou serem vistas de uma forma diferente, usavam a arte 
para transpor seus pensamentos familiares. Os brasões, contavam sobre cada família, cada 
componente, era posicionado, de forma que fosse visto e já identificassem em quais áreas da 
atuação aquela família atuava e era bem sucedida, assim como também sua história. Nos 
brasões também costumavam colocar animais, eram colocados para associar alguma de suas 
qualidades a família que possuía o brasão, semelhante ao que diversos povos faziam 
unificando pessoas e animais ou usando suas peles. Sendo assim, a burguesia foi essencial 
para criar uma base sólida para a arte visual durante o período do renascimento. 
 
“Por toda parte, a palavra de ordem era "viver mais pelo sentido do que pelo espírito". Com 
base nesse jogo de fatores, mestres pintores como Cimabue e Duccio, já na segunda metade 
do século XIV, passaram a dar a suas imagens um toque mais humanizado, dando maior 
expressão às figuras, demonstrando ainda a preocupação de produzir uma certa ilusão de 
espaço e movimento em suas composições.” – Pag 31 
Comentário: As pessoas agora, eram mais efêmeras e seguiam um pensamento mais lógico, 
sem se atrelar somente a alimentação espiritual. O naturalismo chegava para mudar as pinturas 
e as representações no geral. A arte passava a ser uma ferramenta mais útil agora. 
 
“O novo estilo artístico multiplicava o espaço dos interiores e, com a preocupação de dar às 
pessoas, aos objetos e paisagens retratados a aparência mais natural possível, parecia 
multiplicar a própria vida. Uma arte desse tipo impressionava muito mais os sentidos que a 
imaginação, convidava muito mais ao desfrute visual do que à meditação interior.” – Pag 32 
Comentário: A perspectiva, foi uma grande aliada para a representação de forma realista, pois 
se trabalhava exatamente com o que era visto pelo artista. Sendo assim, as pinturas agora eram 
percepções, eram a forma como o artista via certos acontecimentos, e em outros casos, o uso 
da perspectiva retratava a fantasia e transportava as pessoas a um desfrute visual 
completamente novo. 
 
“A representação realista da figura humana, por sua vez, exigia um domínio completo sobre a 
anatomia do corpo, os recursos do movimento e a psicologia das expressões. Nessas 
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condições, o pintor já não era um artesão, mas um cientista completo, como Leonardo, 
Michelangelo, Dürer e tantos outros.” – Pag 35 
Comentário: A arte até hoje se divide por diversos campos, é indiscutível o quão útil poderia 
ser durante o período do Renascimento, em muitos casos,
matemáticos, médicos, e indivíduos 
de outras áreas, embarcavam na arte e em seus esboços traziam uma visão técnica que ajudaria 
a toda a comunidade, pois uma ideia escrita e ilustrada é mais clara que uma simples ideia 
falada. 
 
“Se, graças à criação pelo espaço pictórico produzido pela técnica da perspectiva, a pintura 
aparece como uma janela aberta para o mundo, a ele cabe decidir onde deve abrir essa janela 
e que cena deve mostrar.” – Pag 37 
Comentário: A perspectiva trazia uma visão real do mundo, e poderia ocorrer como a 
fotografia ocorre, abrir janelas seria como tirar uma foto. Representar de forma realista, locais 
que as pessoas da época podiam apenas passar e observar. 
 
 
“Quanto mais rápido um artista produz. Maiores encomendas recebe, pois a rapidez que ele 
entrega se torna também um valor de mercado. Mas para que produza tão rápido é preciso que 
racionalize a produção das obras através da divisão social do trabalho. Assim sendo, vários. 
Artistas e aprendizes participam da composição de uma mesma obra de que o artista pouco 
mais faz do que o esboço geral e a assinatura final. Esse processo certamente aumenta seus 
dividendos, porém reduz sua espontaneidade e sua individualidade.” – Pag 37-38 
Comentário: O valor das artes estava crescendo, e diversos fatores determinavam esses 
valores, o bom artista conseguia muitas encomendas, e como saída, pintava com um grupo de 
ajudante. No entanto, Da Vinci sempre foi contra esse tipo de produção, pois dizia que sua 
identidade não estaria ali, se sua obra fosse pintada por outro indivíduo, e eu concordo com 
ele. A arte é um processo que deveria envolver exclusivamente o artista e o seu trabalho. 
 
“O marco mais significativo da criação da literatura moderna é um tanto ambíguo. Trata-se da 
Divina comédia de Dante Alighieri (1265-1 321). Dizemos que é um marco ambíguo, porque, 
assim como as imagens de Giotto, a literatura de Dante guarda intocadas inúmeras 
características da mentalidade e da expressão medievais.” – Pag 39 
Comentário: Admiro muito A Divina comédia de Alighieri, e para mim fica claro porque lhe 
foi atribuído tanto significado. O sentimentalismo é algo de que sua obra está repleta, através 
de palavras, se sentia a melancolia e o pesar em Dante dentro da história. A sua vida, estava 
turbulenta enquanto escrevia a obra, e ele transpõe suas emoções com total transparência, e se 
coloca como um viajante que vai do inferno ao paraíso, como uma simbologia também ao seu 
estado emocional ao perder a sua amada. A ideia é bela, a forma como eram compostos os 
versos, e também a sua falta de filtros ao se falar de figuras históricas importantes. É uma obra 
sensacional e merece seu lugar como um Clássico “Universal”. 
 
“É dessa sensação de elevação que nasce uma consciência do papel superior que cabe ao poeta 
na sociedade, qual um ser inspirado que fala aos homens comuns sobre uma realidade acima 
de suas pálidas existências cotidianas. O poeta, assim, seria um experimentador que explora, 
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avalia e anuncia os limites mais extremos da emoção, da sensibilidade e da imaginação 
humana.” – Pag 46 
Comentário: O Poeta é um pesquisador que busca chegar ao interior do leitor e provocar ou 
trazer de dentro pra fora, fortes sentimentos, eles buscam mudar a visão acerca da existência 
cotidiana e do vazio, pois até o vazio possui profundidade. Tudo pode ser explorado e levado 
ao limite da sensibilidade e da emoção humana, em períodos difíceis a Poesia e a Arte plástica 
se adapta para a melhor representação e para dar eufemismo ao caos. 
 
“Tratava-se, então, de uma cultura alienante que procurava negar a dinâmica da realidade? 
Não, sua coerência se dava com o movimento profundo e não superficial da sociedade, com a 
expansão das relações mercantis, com o aperfeiçoamento das técnicas produtivas, contabilistas 
e gerenciais, com a ampliação, homogeneização e conquista do espaço territorial, 
transformado em espaço econômico.” – Pag 54 
Comentário: É errado pensar que o propósito artístico era negar a realidade e viver alienado 
por uma falsa sensação gerada pelo meio artístico. A arte teve destaque por diversos motivos, 
e entre eles, a mudança da percepção de mundo e o desenvolvimento da criatividade, a arte 
permitiu o aprofundamento em diversas áreas e transformou completamente o cenário 
econômico durante esse período. 
 
“Sua pintura praticamente neutraliza as grandes polarizações que se definiam nesse clímax do 
Renascimento entre o racionalismo inquieto de Da Vinci e o arrebatamento dilacerante do 
mestre da Capela Sistina. Sua arte é harmoniosa, tranquila, segura ele si, sem mistérios, sem 
dúvidas e sem remorsos. Com a magnífica perfeição técnica que um talentoso herdeiro ele 
toda a tradição pictórica italiana soube aproveitar, representa um mundo sólido, farto, crente 
e satisfeito consigo mesmo.” –Pag 66 
Comentário: O artista Rafael, representa bem a evolução do renascimento e o Cinquecento. 
Pra mim, Leonardo e Michelangelo possuíam identidades únicas, mas principalmente, 
possuíam muitas dúvidas que eram consequência de “serem o processo” de desenvolvimento 
da arte no Renascimento. O propósito nunca foi claro para eles, pois estavam eles construindo 
um propósito e um estilo que mais tarde seria melhor explorado. Rafael no entanto, teve o 
privilégio da observação, pôde ver e acompanhar de que forma os artistas anteriores evoluíram 
e buscaram sua essência, conseguindo então um equilíbrio em suas obras. 
 
“Suas maiores preocupações eram a pesquisa elos materiais ele pintura, o aprimora�mento 
técnico e o esforço de representação o mais natural possível elos objetos. Foram eles que 
introduziram a tinta a óleo (Mestre de Flemalle), iniciaram as pesquisas sobre a perspectiva 
linear, inventaram a perspectiva aérea (embaçamento progressivo da imagem quanto maior for 
a distância elo observador) e desenvolveram como ninguém os efeitos de cor, luz e brilho na 
pintura.” – Pag 67 
Comentário: É interessante ver que mesmo com tanta contribuição do Flandres, muitos 
historiadores e artistas dão destaque somente aos Italianos, por terem em Florença tantas peças 
e nomes da arte. Inclusive o Retábulo do cordeiro místico dos irmãos Van Eyck, é uma enorme 
obra que na minha opinião deveria ter o mesmo destaque e valor que quadros como a Monalisa 
e A Criação de Adão de Da Vinci e Michelangelo, respectivamente. 
 
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“Esse mesmo Albrecht Dürer, tão fiel à tradição alemã, fez ainda uma série de viagens à Itália 
e à Flandres, vindo a configurar através de sua arte a mais perfeita síntese desses três focos 
principais da pintura renascentista. Ele une à solidez do gótico alemão o cromatismo e 
luminosidade da arte flamenga e o sentido de geometria, harmonia e profundidade da pintura 
italiana. Suas obras mais notáveis seriam a Adoração dos reis magos, a Natividade, Adão e 
Eva, Os quatro apóstolos e A Santíssima Trindade.” – Pag 78 
Comentário: É bom ver que o renascimento como um todo, gerou um efeito dominó por toda 
a Europa, onde a cada país, uma porção de criatividade era derramada, e para na Alemanha, é 
belo ver que a arte plástica não se prendeu somente a pinturas, arquitetura e esculturas, Dürer 
traz consigo uma percepção bem diferente da maioria, unificando a Gravura, que possui muita 
identidade gótica e medieval, com o Naturalismo já estudado e praticado no renascimento, e 
até então essa era uma combinação jamais feita, que deixou resultados incríveis. 
 
Organização do Livro 
Sua organização foi feita de acordo com os acontecimentos históricos, e com os 
acontecimentos mais marcantes do movimento. Inicialmente o autor fala sobre o contexto 
histórico que antecedeu o período do Renascimento, expõe de que forma a economia se 
encontrava e como a idade média prejudicou bastante a Europa. No entanto em meio a todo o 
colapso da época, os humanistas se ergueram com ideias profundas e pouco discutidas
pela 
sociedade. Enfrentando o conservadorismo, principalmente vindo do Clero, eram perseguidos 
e precisaram lutar para conseguirem um espaço para discutirem a respeito dos assuntos que 
permeavam suas mentes. Com o tempo e com a resistência esse espaço foi sendo conquistado, 
como é explicado nos capítulos 2 e 3. E em meio ao pensamento humanista sobre o mundo e 
sobre a sociedade, se desenvolvia também a arte visual, que junto ao movimento progressista 
do renascimento, auxiliava na criação de projetos e paralelamente evoluía em todas as áreas 
em que estava presente. Com a criação da perspectiva, por Brunelleschi, descrito no capítulo 
3, a ideia de naturalismo foi se consolidando e se popularizando. Após isso, nos é passado uma 
rápida visão sobre as mudanças na literatura e no teatro, e como a língua foi um problema, 
pois, diferente das artes plásticas, a apreciação da escrita possui o requisito de entender o 
idioma. Em seguida, temos uma visão detalhada sobre a divisão das fases, do Renascimento, 
onde vemos seu início, meio e fim, cada fase possuindo características próprias e sendo a 
segunda fase a fase de maior mudança. Por fim, o livro apresenta a chegada do renascimento 
em outros lugares, e como não havia algo uniforme, onde se é possível notar que alguns países 
se viam mais em algumas áreas da arte e menos em outras. 
 
Conclusão 
O livro é muito bem organizado, possui uma natureza linear e uma linguagem muito 
confortável, sem dúvidas leria novamente, sua informação é concisa e objetiva. O autor 
claramente possui conhecimento suficiente para expor os acontecimentos, e a sua visão em 
relação a tudo que apresenta se mostra sem posicionamento, seu único papel foi a apresentação 
dos acontecimentos históricos, sua subjetividade não aparece, e para mim é algo ótimo. 
Eu tenho um grande encanto pelo Renascimento e pelos Humanistas, sendo assim, eu 
considero que o trabalho foi proveitoso e me deu uma visão muito mais profunda, mas finita, 
a respeito do renascimento. Durante o processo, conheci diversos trabalhos que me apaixonei, 
e que sem dúvidas farão parte da meu acervo mental, serão referências que me acompanharão 
sempre e graças a este livro. 
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É possível ver que no fim da idade média, a Europa poderia se ver perdida, após tantos 
conflitos e tantas mortes. No entanto o humanismo reergueu a sociedade com ideias que 
modificavam o natural e davam um novo Norte ao mundo. As contribuições não só foram úteis 
durante aquele período, são úteis até hoje, formam uma base sólida em toda a civilização 
humana. Mente influentes e brilhantes como a de Da Vinci, Shakespeare, Francis Bacon, 
Galileu Galilei, entre outros, serão sempre lembrados e reverenciados pela sociedade. 
A arte foi útil durante todo o renascimento e mudou a ótica que possuíam acerca dela, graças 
a essa mudança de visão, foi possível dar uma visão nova para o mundo sobre a Europa. A 
arquitetura e os estudos realizados com o uso da arte, ficaram marcados para sempre, e fazem 
parte do processo do desenvolvimento humano. Este movimento, foi muito influente e 
importante para dar um salto no tempo e evoluir drasticamente, além de expor todo o potencial 
da arte visual, talvez seja necessário um novo renascimento, mas agora incluindo o mundo 
inteiro e com o foco em representar de fato a realidade, como buscavam os renascentistas, mas 
agora de forma figurativa buscar as realidades que todos ocultam, quem sabe assim, possa se 
recuperar o valor da arte visual que vem se perdendo na sociedade contemporânea e o valor 
do caráter humano que parece decair cada vez mais.

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