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APOSTILA-ESTETICA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ESTÉTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS – SP 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 
2 O QUE É ARTE? ..................................................................................................... 5 
2.1 Tipos de Artes: uma classificação possível ........................................................ 6 
2.2 Noção de estética na arte ................................................................................... 9 
3 A FILOSOFIA DO BELO E SUA INFLUÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE ..... 10 
3.1 O que é estética na arte clássica? .................................................................... 10 
3.1.1 Estética para Platão .......................................................................................... 11 
3.1.2 Estética para Aristóteles ................................................................................... 12 
3.1.3 Mímese e catarse ............................................................................................. 13 
3.2 Os padrões estéticos das obras do período clássico ........................................ 16 
3.3 As características da estética clássica expressas na arte ao longo dos anos .. 19 
4 PARADIGMAS, HISTÓRIA, CULTURA E ARTE ................................................... 21 
4.1 A arte e a beleza estética ................................................................................. 23 
4.2 Arte e estética e sua relação com a cultura ...................................................... 24 
4.3 Indústria cultural e arte ..................................................................................... 27 
5 HISTÓRIA E PARADIGMAS DA ESTÉTICA......................................................... 31 
5.1 Correntes que orientaram a estética em diferentes épocas .............................. 32 
5.2 Tendências contemporâneas nas diferentes áreas da estética ........................ 35 
6 ARTE E ESTÉTICA: CONCEITOS ....................................................................... 36 
6.1 Evolução do conceito de estética ao longo dos anos ....................................... 38 
6.2 Padrões estéticos no mundo ............................................................................ 40 
7 A ESTÉTICA MODERNA E SEUS DISCURSOS .................................................. 42 
7.1 O movimento moderno no Brasil ....................................................................... 43 
8 ESTÉTICA DA COMUNICAÇÃO DE MASSA E INDÚSTRIA CULTURAL ........... 43 
8.1 Indústria cultural e estética padronizada ........................................................... 45 
8.2 Aspectos da estética do consumo .................................................................... 46 
8.3 Popularização da arte ....................................................................................... 48 
9 ARTE POP COMO CONTRAPONTO A ARTE ESTABELECIDA ......................... 51 
10 ESTÉTICA E EDUCAÇÃO .................................................................................... 52 
11 A ARTE NA CULTURA E NO CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL ........................ 55 
12 RELAÇÕES ENTRE A EDUCAÇÃO ESTÉTICA E A EDUCAÇÃO ARTÍSTICA ... 58 
 
3 
 
13 OS PRINCIPAIS ELEMENTOS DAS TEORIAS DE APRECIAÇÃO ESTÉTICA ... 62 
13.1 O papel do professor na apreciação estética .................................................... 63 
14 OS PROCESSOS DE COMPREENSÃO ESTÉTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL E 
NO ENSINO FUNDAMENTAL .................................................................................. 64 
14.1 Os níveis da compreensão estética .................................................................. 67 
15 A AQUISIÇÃO DO DESENHO E SUAS FASES DE DESENVOLVIMENTO ........ 69 
16 A AQUISIÇÃO DO DESENHO E O DESENVOLVIMENTO DA COMPREENSÃO 
ESTÉTICA NA APRENDIZAGEM ............................................................................. 72 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 O QUE É ARTE? 
 
A arte é uma área do conhecimento que analisa as obras de artes por meio de 
estilos artísticos e valor estético. Dewey (2010, p. 128) complementa dizendo que “[...] 
a arte, em sua forma, une a mesma relação entre o agir e o sofrer, entre a energia de 
saída e a de entrada, que faz com que uma experiência seja uma experiência.”. Assim, 
a arte reflete aspectos do contexto social, econômico, político e religioso em que a 
sociedade vive em determinado período. No entanto, essa não é uma área que se 
basta, pelo contrário, ela conta com outras ciências para complementá-la e ampará-
la nessas análises, como história, antropologia, filosofia, arqueologia e sociologia. 
Desde o início da história da humanidade, encontramos vestígios da existência 
de criações artísticas, sejam gravadas nas pedras ou por meio da produção de 
cerâmica utilizada no cotidiano, expressando seus sentimentos e sua visão de mundo 
ao modelar. No decorrer da história da arte é possível aprender um pouco sobre o ser 
humano na sua evolução e com as diversas expressões e manifestações artísticas 
dos diferentes povos. Se você considerar que todas as culturas, mesmo em 
circunstâncias materiais muito difíceis, desenvolveram sua forma de arte, nesse 
sentido, cabe a arte: 
 
Papel de clarificação das relações sociais, ao papel de iluminação dos 
homens em sociedades que se tornavam opacas, ao papel de ajudar o 
homem a reconhecer e transformar a realidade social. Uma sociedade 
altamente complexificada com suas relações e contradições sociais 
multiplicadas, já não pode ser representada à maneira dos mitos (FISCHER, 
1983, p. 1) 
 
Podemos dizer, ainda, que a arte também pode ser pensada como disciplina, 
pois se constitui de tudo o que o ser humano vem produzindo por necessidade ou para 
expressar seus sentimentos e emoções, com manifestações de ordem estéticas 
realizadas ao longo do tempo. 
O artista é quem emprega o ato de produção e se entrega ao prazer da criação, 
como explica Dewey (2010, p. 130): “[...] é alguém não especialmente dotado de 
poderes de execução, mas também de uma sensibilidade inusitada às qualidades das 
coisas. Essa sensibilidade também orienta seus atos de criação.”. 
Arte é um termo que vem do latim, e significa técnica e habilidade. Portanto, 
podemos considerar que é a linguagem fundamental para estimular o ser humano na 
 
6 
 
criação das práticas culturais de seu povo, pois é por meio da arte que se veicula à 
noção de estética e imprime a noção da beleza, permitindo materializar algo que 
inspira. 
Dessa forma, a arte passa a ser uma atribuição humana,que é produzida em 
um determinado contexto social, pois, como enfatiza o crítico de arte John Ruskin 
(apud PROENÇA, 2003, p. 7): “As grandes nações escrevem sua autobiografia em 
três volumes: o livro de suas ações, o livro de suas palavras e o livro de sua arte.”. 
Assim, podemos afirmar que, além de forma de se expressar, a arte se 
apresenta também em sua finalidade, conforme nos diz Ferreira (2011, p. 67): 
 
A finalidade da arte não se restringe a produzir o útil ou o belo, o prazer. É 
mais que isso. A arte pode contribuir para a compreensão do mundo real e 
expressão da verdade. O artista, através de sua obra de arte autêntica, pode 
protestar contra as barbáries do mundo, transformando a submissão em ato 
de luta, buscando resgatar a dignidade humana, o ser humano pleno, rumo a 
uma sociedade melhor, mais justa e mais democrática, onde todos possam 
ter acesso aos bens culturais de consumo e ao lazer. 
 
Dentre muitas classificações possíveis, podemos dividir as manifestações 
artísticas em quatro linguagens essenciais: 
 Artes visuais — todos os ‘tipos’ de arte que atuam no campo da visualidade, 
como a pintura, o desenho, a gravura, a escultura e a fotografia. 
 Dança — trata da relação do corpo em movimento em um determinado 
tempo e espaço. 
 Teatro — se vale da representação e da encenação para contar uma história. 
 Música — atua com sons, silêncios, timbres, alturas e intensidades em seu 
percurso de criação. 
Não é fácil definir um critério objetivo e universal para apresentar o conceito de 
arte ou as linguagens artísticas que nele habitam. Inicialmente, essa definição ficou 
restrita às áreas do conhecimento tradicionais e consideradas artísticas, que 
resultavam em uma impressão estética a seu receptor. 
 
2.1 Tipos de Artes: uma classificação possível 
 
O intelectual italiano Ricciotto Canudo publicou, em 1923, o Manifesto das Sete 
Artes, e é a partir dele que nos apoiaremos para propor uma classificação que agrupa 
a arte em elementos básicos de linguagem (CANUDO, 1995). São eles: música, artes 
 
7 
 
cênicas, pintura, escultura, arquitetura, literatura e cinema. Mais tarde, também foram 
consideradas mais quatro linguagens que compõem a área: fotografia, história em 
quadrinhos, jogos de vídeo e de computador e arte digital. Vamos focar nessas sete 
primeiras, e falar um pouco mais de cada uma. 
A forma de arte que combina sons e ritmos é nomeada música. Esta é uma 
prática cultural que se dá em diferentes sociedades desde a pré-história. Apesar de 
conter elementos comuns, a sua forma e seu conteúdo podem variar de acordo com 
a cultura e o contexto social. Desse modo, é difícil classificar a música em gêneros, já 
que existe uma grande variação musical conforme a cultura e a época. Essas 
classificações também consideram os instrumentos utilizados, as referências musicais 
e os envolvidos na produção dessa arte. 
O teatro é uma arte que percorre a história da humanidade. A representação 
teatral era evidenciada com as pessoas imitando animais para os membros da sua 
sociedade, expondo seus sentimentos e suas emoções, narrando histórias pertinentes 
aos seus povos e enaltecendo seus deuses. O teatro era percebido pelos povos de 
antigamente como sagrado, e, por isso, se acreditava que rituais e cerimônias 
expressos com danças, músicas e encenações dos heróis locais poderiam trazer bom 
agouro para o povo que o representou. 
Todo o conjunto de manifestações artísticas que utilizam tinta aplicada em uma 
superfície, chamamos de pintura. Essa arte pode ser identificada em afrescos, pintura 
a óleo, pintura de mural, pintura a têmpera, entre outras técnicas. Sabe-se que essa 
é uma forma de expressão utilizada como representação desde os povos medievais 
e até os dias de hoje. Por muito tempo, a pintura foi a única maneira de registrar e 
reproduzir a imagem de pessoas e lugares, até o surgimento de técnicas de 
reprodução de imagem por meio da máquina, como a fotografia, na Revolução 
Industrial no século XIX, e, posteriormente, a câmera de vídeo e o computador. 
A escultura se dá por meio de modelação e transformação de materiais que 
podem passar por esse processo com diferentes técnicas: moldagem, fundição, 
cinzelação ou a aglomeração de partículas, entre outros. Conforme o material 
utilizado, mais perene e mais durável será a obra, podendo ser eles: pedra, mármore, 
calcário, granito, ouro, prata, bronze ou argilas e madeiras. As primeiras esculturas 
foram encontradas na Índia e na China com alguns vasos em bronze fundido que 
datam do século X a.C. e 220-206 a.C. 
 
8 
 
A arte que projeta e constrói edificações é a arquitetura. Para realização 
dessas edificações, há inspirações que consideram a harmonia das proporções, a 
estética da obra, as técnicas funcionais e estruturais, o material utilizado, o local em 
que será construído, entre outros fatores. Essa arte se desenvolveu no Egito Antigo 
com a construção de grandes obras, como os palácios de pirâmides e a estátua da 
esfinge, realizadas pelo governo dos faraós. 
A poesia utiliza a linguagem humana para expressar seus sentimentos e 
situações cotidianas, baseada em recursos linguísticos e estéticos. Seu objetivo é 
retratar algo real ou imaginado, de forma lírica, veiculando informações ao receptor 
sobre alguma questão pertinente à sociedade na qual se vive. A obra produzida pela 
poesia é chamada de poema, e o poeta é aquele que a realiza. Essa forma de arte foi 
bastante usada como técnica de memorização e transmissão oral nas sociedades pré-
históricas, quando ainda não existia a escrita. 
Mais recentemente, surge aquela que é considerada a “sétima arte”, o cinema. 
Com os irmãos Lumìere, na França, em 1895, surgiu o cinematógrafo, inspirado no 
domínio fotográfico com a ideia de síntese de movimento e na proposição sonora. Aos 
poucos, essa arte foi envolvendo grandes eventos sociais e também foi recebendo 
investimentos milionários para se aperfeiçoar. Cada vez mais documentários e filmes 
transmitem e veiculam imagens e mensagens que provocam, informam e causam 
sensações nos seus expectadores. (BARROSO, 2018). 
 
 
Fonte: https://www.artmajeur.com/ 
 
 
9 
 
2.2 Noção de estética na arte 
 
Quando falamos de arte, também atribuímos a ela noções sobre estética. Como 
diz Azevedo Junior (2007, p. 7): “[...] arte é uma experiência humana de conhecimento 
estético que transmite e expressa ideias e emoções.”. Logo, a obra realizada informa 
sobre elementos estéticos por meio da sua aparência, de seu conteúdo e até mesmo 
da sua relação com o ambiente no qual ela está exposta. Porém, o que é acionado 
quando falamos de estética? Vamos aprofundar um pouco mais esta questão! 
A filosofia nos ensina que a estética é um parâmetro medido por meio de um 
julgamento realizado pelo ser humano, que considera o universal e o particular para 
essa análise. Portanto, ao observar uma obra, você compara o que está vendo e 
percebendo ao que já conhece da sociedade em que vive. Logo, após essa análise 
mais minuciosa é possível concluir nosso posicionamento sobre a obra, ao mesmo 
tempo em que estabelecemos um acordo social entre os membros da sociedade, às 
vezes mais inconsciente do que consciente, sobre o que é belo e o que não é. 
A arte envolve formas de registrar a imaginação ou a realidade por meio de 
representações imagéticas carregadas de significados com valores artísticos. Esses 
valores também estão articulados à noção de estética, uma vez que a obra é 
produzida com certa intencionalidade, podendo variar conforme as pessoas, os locais 
e os períodos. Conforme avalia Lacoste (1986, p. 38): “[...] a arte, enquanto 
representação, contemplação por um olhar puro, responde, de fato, a uma espécie de 
apelo inconsciente da vontade.”. Essa vontade está aliada à expressão do ser humano 
no mundo, que ao ser realizada na arte comunica ao outro alguma mensagem. 
Essa questão é reforçadapor Proença (2003, p. 8), quando ela analisa que a 
arte não é algo isolado e pontual, mas que está atrelada às atividades humanas a todo 
mundo, uma vez que: “[...] a preocupação do homem com a beleza está tão presente 
nas culturas, que até mesmo objetos essencialmente úteis são concebidos de forma 
harmoniosa e apresentam-se em cores muito bem combinadas.”. Nesse sentido, 
cores, formas e conteúdo compõem essa experiência estética do objeto artístico, 
voltado para o que é considerado belo naquela sociedade e fazendo esses objetos 
comporem o modo de vida de determinada cultura. 
Por fim, cabe apontar que as obras de artes também carregam noções estéticas 
vinculadas aos posicionamentos políticos das pessoas e dos grupos sociais, de modo 
 
10 
 
que o que é considerado belo em um contexto pode não ser visto da mesma forma 
em outro. Desse modo, percebe-se que a condição da estética é constantemente 
negociada, uma vez que ela revela, apresenta e informa sobre elementos pertinentes 
a certas pessoas ou a grupos sociais. Assim, devemos considerar essas questões 
como a complexidade que envolve a arte. 
 
3 A FILOSOFIA DO BELO E SUA INFLUÊNCIA NA CONTEMPORANEIDADE 
 
A filosofia do belo, conhecida como Estética, teve seu início relacionado a 
Platão, no século V a.C., na Grécia. Esse estudo sempre esteve aliado às artes: 
pintura, escultura, arquitetura, entre outros. Com isso, é possível constatar que o 
conceito de beleza sofreu várias alterações ao longo dos anos e o contexto histórico 
e a sociedade são responsáveis por essas mudanças. (JARDIM, 2018). 
Na Grécia, por exemplo, a arquitetura estava ligada aos deuses, já que os 
templos são os melhores exemplares dessa arte, com suas colunas imponentes e o 
uso refinado/escultórico da pedra. No período Romano, os arcos e cúpulas, como 
forma de diminuir o número de apoios de sustentação vertical, trazem novos conceitos 
de estética. O tempo passa, e esses conceitos são negados durante a Idade Média, e 
são retomados durante o Renascimento. Inclusive, é possível observar a relação 
dessas definições estéticas nos exemplares modernos e contemporâneos, como nos 
cinco pontos da Arquitetura Moderna, proposta do arquiteto Le Corbusier. 
Nesta seção, você irá identificar o que era a estética do período clássico, 
identificar características desse momento histórico e como esses padrões se 
expressaram nas artes e arquitetura dos últimos dois séculos. 
 
3.1 O que é estética na arte clássica? 
 
O belo tem sido objeto de estudo ao longo de toda a história da filosofia. A 
estética enquanto disciplina filosófica — o estudo do belo — surgiu na Grécia Antiga, 
como uma reflexão das manifestações do belo em todas as suas facetas, sejam elas 
naturais ou artísticas. Há uma grande variabilidade de opiniões sobre o que é a beleza, 
independentemente da arte; e este tampouco é um estudo racional. A transitoriedade 
do conceito do belo torna impossível classificá-lo em alguma categoria: ele é 
 
11 
 
determinado pelo contexto histórico e por tudo o que nele está compreendido. Os 
contornos da beleza são difusos, sendo frequentemente comparados com os períodos 
da moda e os estilos de cada época. Porém, cada período problematizou a beleza de 
maneira específica e buscou um regramento para essa determinação (MARTINS, 
2013). 
Essa reflexão sistemática é indissociável da cultura das cidades gregas, onde 
os espaços públicos ganharam força e importância; dessa forma, a arquitetura 
apareceu com força. Os artistas (poetas, arquitetos, dramaturgos e escultores) 
desfrutavam de um grande reconhecimento social, em razão da possibilidade de 
debates de ideias. O resultado disso estava na produção de esculturas, pinturas, 
edifícios, poemas e teatros. Desse período clássico, dois filósofos foram essenciais 
para a determinação da estética e da filosofia do belo: Platão e Aristóteles. 
 
 
Fonte: https://conhecimentocientifico.r7.com/ 
 
3.1.1 Estética para Platão 
 
Platão, filósofo do período grego (século III a.C.), foi o primeiro a questionar 
sobre o que é o belo. Para ele, o belo era tido como o bem, a verdade e a perfeição. 
A beleza existiria em si, e algo seria mais ou menos belo, conforme participasse de 
uma ideia suprema de beleza. Assim, Platão julgava que a arte repetia o que há na 
natureza (no mundo sensível), afastando o homem da beleza que residiria no mundo 
das ideias. Em síntese, Platão colocava, numa visão geral do mundo e do homem, 
 
12 
 
que a beleza de algo estaria na comunicação com uma beleza absoluta. Ele também 
acreditava que a alma é atraída pela beleza, pois o seu lugar é no mundo das 
essências. Entendia-se que o homem não encontra a verdade por meio do 
conhecimento, tampouco a beleza por meio da arte, já que elas foram contempladas 
antes que a alma se encontrasse com o corpo (MANSUR, 2011). 
O filósofo era um amante da beleza, e a sua reflexão estética percorreu a esfera 
da moral, da ciência e da metafísica; por isso, é importante evitar que a crítica à arte 
confronte a visão platônica de beleza e a relação que ela guarda com a ética. A 
identidade entre beleza e moral — ou estética e ética — ocorre com sutileza tal, que 
Platão desvirtuaria o seu pensamento se reduzisse isso ao campo da arte. A estética 
é uma constante no pensamento platônico. A beleza permeia a sua filosofia desde a 
metafísica, passando pela filosofia da natureza, chegando a todas as atividades 
humanas — ciência, política, ética e arte. Abordar a teoria de Platão e as suas 
implicações com a ética impõe começar compreendendo o seu lugar na metafísica. A 
concepção de metafísica da beleza platônica estabelece uma identidade entre o ser, 
a bondade e o belo. 
É nos diálogos contidos em O Banquete e o Fedro que Platão mais se refere 
ao belo. No mito da Parelha alada, ele descreve que o caminho para chegar à alma é 
o amor. Quando separadas, cada alma procuraria o seu par. O amador considera a 
beleza da alma superior à beleza do corpo, pois esta resiste ao tempo; já a corpórea 
está sujeita à ruína. Isso segue o que pregava Platão: o mundo das ideias está acima 
do mundo material, das ruínas. No texto O Banquete, o filósofo comenta que o homem 
que atingisse a beleza seria o único a criar a verdadeira virtude, “[...] pois se encontra 
em contato com a verdade, atribui à beleza a identificando com a verdade, como um 
bem ou virtude” (MANSUR, 2011). Seguindo esse pensamento platônico, é coerente 
a afirmação presente no texto do Fedro: “somente a Beleza tem esta ventura de ser a 
coisa mais perceptível e elevadora” (PLATÃO, 2002). 
 
3.1.2 Estética para Aristóteles 
 
Aristóteles trouxe uma visão muito diferente de Platão, principalmente quando 
se trata da definição do belo. A sua filosofia considerava que a beleza de um objeto 
não dependeria da sua participação numa beleza absoluta, mas sim de uma harmonia 
 
13 
 
e uma proporção entre as partes desse objeto entre si, e a sua relação com o geral. 
Para Aristóteles, a beleza existiria na imponência e, ao mesmo tempo, na proporção. 
Por isso, para um objeto ser considerado belo, ele precisava ter grandeza e 
proporcionalidade — e não só um deles. Nesse raciocínio, pode-se comparar o quanto 
de beleza cada objeto possui: uma escultura simétrica não é tão bela quanto outra 
que, além de apresentar tal característica, também é grandiosa (SUASSUNA, 2009). 
Aristóteles contribuiu com a definição de estética, tirando a beleza do plano 
ideal e buscando encontrar a verdade nas coisas em si. Outra questão central do 
pensamento aristotélico foi incluir o feio na estética como sendo o antônimo do belo. 
Até esse momento, o feio não era considerado arte. Nessa visão, o mundo atual é 
organizado por uma harmonia, mas ainda são notáveis os vestígios do caos inicial, 
sendo papel do homem buscar a prevalência da harmonia sobre a desordem. Porém, 
é com Aristóteles que a arte ganha valor nocaos e na feiura. 
Na obra Retórica, Aristóteles examinou o sentido de fruição da obra de arte e a 
beleza a partir da visão do sujeito (subjetivo, da perspectiva cognitiva), entendendo 
que o prazer estético vem da captura do objetivo da arte, a partir do psicológico do 
sujeito. Entretanto, é importante salientar que ele procurou definir a beleza por um 
ponto de vista realista, sem buscar outra determinante para explicá-la, senão o mero 
objeto em questão. 
Para concluir, pode-se dizer que, para Aristóteles, a beleza é uma propriedade 
do objeto e consiste na harmonia das partes de um todo, que possua grandeza e 
medida. Outras características da beleza são harmonia e proporção. Aristóteles 
pressentia a fragmentação do campo estético e, por isso, passou a aceitar o feio como 
padrão estético (SANTORO, 2007). 
 
3.1.3 Mímese e catarse 
 
Dois temas foram importantes para compreender as bases conceituais dos 
estudos sobre estética que viriam a surgir no século XVIII: mímese e catarse. O estudo 
desse pensamento clássico não esclarece os pensamentos posteriores, mas com 
certeza todo o discurso ligado ao estudo de estética foi influenciado por pensadores 
da Antiguidade (KIRCHOF, 2003). 
 
 
14 
 
 
 
O termo mímese surgiu com Platão, que buscou definir esse conceito como “a 
mais completa discussão acerca da natureza da arte que recebemos do mundo 
antigo”; porém, não ele encontrou um sentido fixo para a palavra (MOISÉS, 2004). Já 
Aristóteles, em sua Poética, apresentou a mímese como temática central de sua obra 
e atribuiu a ela dois significados: o da imitação e o do antagonismo. Ambos filósofos 
viam na mímese a representação do mundo material e perceptível. Contudo, para 
Platão, toda a criação era considerada uma imitação — inclusive a criação do mundo 
era considerada uma imitação da natureza real. 
Já Aristóteles via o drama como sendo a “imitação de uma ação”, que teria na 
tragédia o efeito catártico. Como questionava o mundo das ideias, ele valorizava a 
arte como representação do mundo. Esses conceitos estão no seu mais conhecido 
trabalho: a Poética. Ele tomou o conceito de mímese (imitação) como algo que 
representaria uma esfera superior ao sensível, e não como a reprodução imperfeita 
do absoluto. 
 
 
 
Para atingir a catarse, é preciso passar da “felicidade” para a “infelicidade”. Por 
exemplo, Édipo Rei começa a história como rei de Tebas e, no fim, fica cego e passa 
a viver em exílio. Já na triste história de Romeu e Julieta, de Shakespeare, os dois 
protagonistas fazem parte da elite da cidade e morrem pelo seu amor proibido. Para 
 
15 
 
a estética, a catarse se refere ao desenvolvimento da purificação na plateia. No teatro, 
por exemplo, o espetáculo trágico refere- -se ao desenvolvimento de uma espécie de 
purgação de alguns sentimentos do público. Na retórica, segundo Aristóteles, a 
catarse trata da purificação experimentada por quem a assiste, após a apresentação 
dramática. 
Na obra Górgias, o conceito de mímese não aparece, mas a retórica é debatida 
por um discurso desonesto, quando o homem mente sobre a real aparência. É de 
suma importância considerar que o belo não está relacionado ao que apetece, mas 
sim ao que é útil para o bem do homem. Assim, o belo e o bem formam um par 
irredutível (MARTINS, 2013). Em Platão (2013), Sócrates se refere a Górgias, 
colocando a importância da mímese para a retórica, quando refere que quem fala 
melhor, mesmo que uma não verdade, pode se sair melhor: 
 
Digo mais: se na cidade que quiseres, um médico e um orador se 
apresentarem em uma assembleia do povo ou a qualquer outra reunião para 
argumentar sobre qual dos dois deverá ser escolhido como médico, não 
contaria o médico com nenhuma probabilidade para ser eleito, vindo a sê-lo, 
se assim, o desejasse, o que soubesse falar bem (PLATÃO, 2013 documento 
on-line). 
 
Em A República, há uma analogia entre o homem e a cidade: conhecendo bem 
a cidade, conhece-se bem o homem que nela habita, com seus defeitos e suas 
qualidades. Dessa forma, aparece, mesmo que indiretamente, a questão da imitação: 
o que convém ser representado na cidade, já que tudo o que é prejudicial deve ser 
afastado do homem (no Livro II da “A República”, aparece pela primeira vez o termo 
imitadores, quando trata das fábulas e poéticas). Em resumo, o belo, para Platão, é 
composto por um conjunto de regras a serem seguidas, a fim de atingir uma verdade 
eterna, desprezando tudo o que é ilusão, mentira, mímese. 
Aristóteles, por sua vez, concebe a poética de maneira bem sistemática. A 
estética — aqui entendida como uma questão de gosto e prazer, vinda da 
contemplação do objeto — tem a poesia como imitação. Todavia, a catarse vem a ser 
o grande mistério desse trabalho, que trata da purificação das emoções de terror e 
piedade. Logo, sendo a catarse um efeito cuja causa é a imitação, também é preciso 
considerar que o imitar é produzido por um poeta, e o sucesso disso dependerá 
estritamente dele (ARISTÓTELES, 1966). 
 
 
16 
 
3.2 Os padrões estéticos das obras do período clássico 
 
A primeira definição de estética está ligada a Platão, que estudava essa filosofia 
como algo superior. Dessa forma, foram desenvolvidos alguns padrões de beleza 
referentes a esse período, em que a arquitetura e a escultura foram incorporadas às 
artes da pintura e da poética. 
Podemos destacar um aspecto que torna a arte grega diferente das demais: a 
forma como ela ocupou espaços no cotidiano do povo. A arte era variada, não se 
restringia a uma única solução (como a religião), e tampouco estava ligada ao nível 
social. Além disso, passou a retratar a figura do homem com maior riqueza de 
detalhes, seja nas esculturas que retratavam músculos e veias, seja nas pinturas, com 
expressões e trejeitos muito próximos do real (KERENYI, 1980). 
 
 
As famosas colunas gregas com esculturas de mulheres, chamadas de cariátides. 
Fonte: Elisabetta82/Shutterstock.com 
 
Com relação ao teatro, os gregos foram responsáveis por criar os gêneros 
existentes nas artes cênicas atuais. A tragédia e a comédia, por exemplo, eram 
traduzidas nos textos em que as dúvidas cotidianas eram debatidas. Naquele período, 
o teatro era uma arte de grande prestígio na população, sendo um evento em que as 
pessoas se reuniam para diversão e também para discussão (KERENYI, 1980). 
Mesmo que Platão tenha iniciado o estudo da filosofia da beleza, foi Aristóteles 
que estudou a relação das medidas das partes com o todo como estética. Essa 
 
17 
 
proporção definiu principalmente medidas do corpo humano, aplicadas às esculturas 
e às construções. Na arquitetura, os templos sagrados tinham como características 
principais a ordem, simetria, geometria e proporção (ANZOLCH, 2009). Como a maior 
parte das construções eram dedicadas aos deuses, elas deveriam ser imponentes, de 
forma que fossem vistas de diversos pontos da cidade. 
A ordem, além da regularidade apresentada pelas edificações, também 
significava uma classe quanto ao ornamento das colunas gregas. As colunas eram 
responsáveis pela sustentação do frontão e da cobertura e, dependendo do grau 
decorativo, recebiam o nome de dórica, jônica e coríntia. 
Como as edificações gregas eram derivadas de formas geométricas puras, a 
simetria funcionava em todos os sentidos. Na planta baixa do Parthenon, dividindo-a 
com um eixo vertical, temos as fachadas leste e oeste com um espelhamento perfeito. 
Cortada por um eixo horizontal, todos os elementos existentes acima do eixo se 
repetem, de forma espelhada, abaixo dele. 
 
 
Implantação do Parthenon, localizado na acrópole de Atenas. 
Fonte: Procópio e Neres (2004). 
 
Durante o período romano, nota-se uma sequência do que foi produzido 
durante a era grega, voltada à expressão de um ideal de beleza no qual os conceitos 
de geometria e proporções matemáticas ganharam ainda mais força. Além disso, a 
arte romana sofreuinfluência da arte etrusca (VI a.C.) popular, voltada para a 
expressão da realidade vivida. O modo de construir e os materiais empregados 
permitiram que esses conceitos fossem usados ao extremo, já que foi possível a 
construção do arco e da cúpula, por exemplo, o que cumpriu a necessidade de cobrir 
grandes áreas sem apoio central. Antes dessas invenções, o vão entre uma coluna e 
outra era limitado pelo tamanho da travessa, a qual não poderia ser muito grande, em 
 
18 
 
função do peso e da tensão exercida por ela nas colunas. No século I d.C., essas 
influências já teriam perdido força, e os romanos já estavam aptos a produzir uma arte 
autoral. 
 
 
Cúpula do Panteão, em Roma. 
Fonte: Pavel Ilyukhin/Shutterstock.com. 
 
Nesse período, a pintura foi desenvolvida principalmente nas cidades de 
Pompeia e Herculano, com quatro características distintas, de acordo com a sua 
aplicação e aparência. O primeiro modelo, no século II a.C., consistia em cobrir as 
paredes com placas pétreas, dividindo-as em vários trechos retangulares. O segundo 
modelo surgiu por volta de 80 a.C. e exigia a integração do trabalho entre arquiteto e 
decorador, pois o uso extensivo da perspectiva pintada podia anular ou desvirtuar o 
efeito da arquitetura real. Era uma pintura que retratava personagens e situações do 
cotidiano, com o uso variado das cores. O terceiro estilo seguia a linha do segundo, 
mas menos ornamental e mais leve. A perspectiva era menos profunda e mais 
achatada, e a representação era eclética e variada. O quarto e último estilo, 
desenvolvido por volta de 45 d.C., só pode ser definido pela palavra ecletismo, 
recuperando elementos de estilos anteriores e elaborando sobre eles novas 
configurações. As características mais evidentes são uma inclinação para 
composições mais assimétricas, uma tendência para as cores mais quentes e vivas e 
um maior requinte, com variedade e liberdade nas ornamentações. Além disso, a 
técnica da pincelada ficou mais livre, com uso de tracejado para as sombras, similar 
ao efeito de pontilhismo. (ANZOLCH, 2009). 
 
19 
 
3.3 As características da estética clássica expressas na arte ao longo dos 
anos 
 
Em relação à arte grega, podemos notar que elementos estéticos criados por 
esse povo ainda influenciam a arte contemporânea. Movimentos como o 
Renascimento, o Iluminismo e o Classicismo tiveram grande preocupação em retomar 
os referenciais lançados pelos gregos e refletir sobre eles. Dessa forma, é inegável 
que o legado artístico grego ainda tenha grande utilidade para se pensar o tempo 
presente. 
A Idade Média é um longo período na história, compreendido entre o fim do 
Império Romano do Ocidente (século V a.C.) e a Queda da Constantinopla (século XV 
d.C.). Nesse momento histórico, os filósofos viviam numa atmosfera que priorizava a 
fé, o salvamento e a purificação das almas, em detrimento dos questionamentos sobre 
o universo físico. Algumas pautas jamais vistas no período clássico, como salvação, 
relação divina e criação a partir do nada, por serem influenciadas pelas culturas 
judaica e cristã, passaram a ser debatidas a partir do século V. Em resumo, a filosofia 
da Idade Média buscava a harmonização da dualidade entre fé e razão. 
Com relação à arte, a maior parte dos exemplos tem foco religioso, com base 
no cristianismo, sendo financiados e incentivados pela própria igreja. Porém, quando 
o Império Romano foi derrubado, muito do que se sabia sobre a arte clássica foi 
perdido, como a noção de perspectiva. Com isso, as pinturas medievais são, na sua 
maior parte, bidimensionais e não consideram o fator de escala, já que as figuras eram 
maiores ou menores, de acordo com a importância. Na arquitetura, os principais 
exemplos estão nas igrejas e nos castelos, onde o papel do arquiteto é praticamente 
inexistente. As construções deveriam ter a maior altura possível, para chegar mais 
perto de Deus (ECO, 1989). Esse período chegou ao fim e, dessa forma, nasceu uma 
nova manifestação, conhecida como Renascimento. 
O Renascimento, após quase mil anos, retomou a estética clássica e aprimorou 
as técnicas de perspectiva, com base em soluções matemáticas que permitiram 
representar num papel — ou numa superfície plana — a realidade tridimensional. Além 
desses e de outros progressos na arte, na literatura e nas ciências, que superaram a 
produção greco-romana, o humanismo foi a questão central do Renascimento. Numa 
visão geral, esse ideal pode ser resumido como a valorização do homem (humanismo) 
 
20 
 
e da natureza, numa resistência ao divino e ao sobrenatural, características 
encrustadas na cultura da Idade Média (MOORE, 1905). 
A partir de 1700, após o barroco e os seus exageros, surgiu o período 
neoclássico, que utilizava os princípios clássicos, aliados com tecnologias e inovações 
atuais. Nesse período, ocorreu também a Revolução Industrial, que introduziu alguns 
materiais ainda não usados, como o ferro e o betão, similar ao concreto do período 
romano. Esse período histórico é fortemente marcado pelo iluminismo, um movimento 
filosófico e intelectual na Europa do século XVIII. Esse movimento consistia num 
conjunto de ideias centradas na razão como a principal fonte de autoridade e 
legitimidade; além disso, defendia ideais como liberdade, progresso e a separação do 
Estado e da igreja (PEVSNER, 2005). 
Além de rejeitar a extravagância proposta pelo barroco, não buscava um novo 
estilo, e sim a utilização de novas técnicas, diferentes do que já havia sido pensado. 
O Panteão de Paris, por exemplo, mantém as intenções clássicas, como colunas 
coríntias, frontão decorado e cúpula de 83 m de altura. Todavia, em vez de ter sido 
construído no século V a.C., teve a sua obra iniciada em 1764 e finalizada em 1790. 
 
 
Fonte: https://www.conexaoparis.com.br/ 
 
O fim do século XIX apresentou, por sua vez, uma série de contestações 
referentes às artes e à arquitetura. Sob influência da Revolução Industrial, do aumento 
das velocidades, da fotografia e do cinema, do avião, do estudo da mente, entre 
 
21 
 
outros, as artes podem ser classificadas segundo três divisões: estilo, quando 
buscava representar o novo estilo de vida moderna (futurismo, cubismo); mente, 
quando o objetivo da arte não era simplesmente representar o visível, mas também 
expressar o sentimento interior (expressionismo, surrealismo); e função, pensando na 
funcionalidade da arte, sem descuidar dos interesses da população (Bauhaus, De Stijl) 
(DEMPSEY, 2003) 
É muito importante ressaltar que, nesse momento, tudo o que era produzido 
estava negando o passado; como os próprios artistas falavam, a intenção era produzir 
algo realmente novo. Na pintura, Pablo Picasso e Van Gogh são alguns exemplos: 
eles empregaram novas técnicas e expressões na estética da arte moderna. Na 
arquitetura, a escola Bauhaus, criada em 1919, foi a primeira escola de design do 
mundo, e por ela passaram os arquitetos mais importantes do período, como Walter 
Gropius, Mies Van der Rohe e Wassily Kandinsky. Essa arquitetura propunha uma 
limpeza geral nos edifícios, em que “Less is more” (“Menos é mais”), segundo Rohe. 
Nesse período, outro nome importante foi Le Corbusier, que desenvolveu os cinco 
pontos da arquitetura moderna (pilotis, terraço jardim, janela em fita, fachada livre e 
planta livre), quase como uma regra para todas as edificações desse recorte histórico 
(BENEVOLO, 2001). 
No Brasil, um evento marcou essa reviravolta na estética das artes: a Semana 
de Arte Moderna, em 1922. Nesse movimento de vanguarda, os artistas apresentaram 
uma nova visão de arte no país, exaltando o ufanismo, o amor pelo país, uma crítica 
ao governo e aos problemas que o Brasil enfrentava. Nomes como Tarsila do Amaral 
(na pintura) e Manuel Bandeira (na poesia) foram importantes para causar o impacto 
que desejavam. 
 
4 PARADIGMAS, HISTÓRIA, CULTURA E ARTE 
 
A arte nos cerca o tempo todoe está presente em coisas que nem percebemos 
que são arte. A música que você ouve enquanto realiza seus afazeres ou se desloca 
de um lugar para o outro, por exemplo, é uma forma de arte. A arte também é um pilar 
da cultura e um elemento de grande importância para a formação dos cidadãos. 
Conhecer a arte e possuir o senso de estética, reconhecendo seus aspectos com 
emoção, é parte do processo de construção do indivíduo e da sociedade, bem como 
o entendimento dos diversos movimentos e transições ocorridos ao longo dos séculos. 
 
22 
 
O contexto histórico da arte e sua importância na construção da civilização 
moderna, compreenderá os princípios da estética e perceberá como o entendimento 
da arte vai além dos sentimentos e das emoções que uma obra desperta. Além disso, 
também entenderá os aspectos culturais da arte e como a realidade de um país ou 
região pode ser retratada por ela. 
Apesar de você não reparar, elementos artísticos fazem parte do seu dia a dia 
em vários momentos, formas, linhas, desenhos e expressões. A arte está presente 
em elementos arquitetônicos das construções, em grafites nos muros, na música que 
você escuta, na interpretação teatral de novelas, filmes e séries que você gosta, por 
exemplo. A expressão artística é uma habilidade estritamente humana, nenhum outro 
animal possui essa capacidade criativa, pois trata-se de uma forma do ser humano 
expressar sentimentos. Além de sentimentos, pode-se dizer que a arte é uma 
extensão da imaginação do artista. 
 De acordo com Ocvirck et al. (2014), o desejo humano de criar não é um 
fenômeno recente. É possível encontrar artes desde o início dos tempos dos seres 
humanos no planeta Terra, quando eles pintavam nas paredes rochosas de cavernas 
imagens de sua realidade. Na contemporaneidade, chamamos esse movimento de 
arte rupestre, que geralmente representava animais caçados, rituais e momentos 
relevantes de sua existência primitiva. Essa forma de arte demonstrou ser eficiente no 
quesito duração, pois algumas delas estão preservadas até a atualidade. 
 
 
Representação do que parece ser um bovino nas cavernas de Lascaux, sudoeste da França. 
Cientistas calculam que as artes rupestres do local remontam de 15 a 17 mil anos. 
Fonte: shutterstock.com 
 
23 
 
Depois da arte rupestre, aconteceram muitas outras manifestações artísticas 
elementares e importantes para a área, como a arte egípcia, que apresentava 
conceitos de frontalidade muito característicos; a arte grega e seu comprometimento 
com a realidade; a arte romana, com sua associação aos tão respeitados seres 
mitológicos da época; e tantas outras que traçam seu caminho até a atualidade. Assim 
como a espécie humana, a arte se desenvolveu ao longo dos séculos e várias formas 
surgiram juntamente da evolução. (SPADIN, 2018). 
A criatividade humana permitiu que manifestações como a escultura 
acontecessem. Primeiramente, eram feitas pelas próprias mãos humanas e, depois, 
com instrumentos que aperfeiçoaram a técnica, permitindo a criação de cada vez mais 
detalhes. Essa transformação continua acontecendo e, com o passar do tempo, outros 
recursos e ferramentas são criados, inclusive as digitais. 
 
4.1 A arte e a beleza estética 
 
A arte é uma composição plural, e sua definição depende do entendimento do 
indivíduo. Pode estar ligada a sensações e sentimentos do artista, assim como com o 
seu jeito de enxergar a realidade. Da mesma forma que a definição é ampla, o 
entendimento também, pois o que é entendido como arte para alguns, para outros, às 
vezes, não. Conforme Ocvirk et al. (2014, p. 3), “para uns, uma obra de arte é 
alcançada somente quando a criação ultrapassa a simples função ou utilidade e 
assume mais do que o significado comum”. 
Outras pessoas, no entanto, têm uma visão menos seletiva e entendem vários 
outros tipos de manifestações criativas como arte. A definição e a interpretação da 
arte mudam com o passar do tempo. Um excelente exemplo da transição da arte e do 
que é considerado arte pela sociedade é o grafite, um tipo de pintura, geralmente com 
muitas cores e expressividade feito em muros e espaços urbanos. Segundo Souza 
(2008), a atividade deixou de ser associada a práticas juvenis de depredação, como 
a pichação, e conquistou o status de manifestação artística. 
Antes considerado uma manifestação marginal, o grafite hoje é respeitado e 
procurado por muitas pessoas, inclusive para integrar e enriquecer o visual da 
paisagem urbana, geralmente carregada do cinza dos prédios, e para integrar a 
decoração de interiores, como casas e empresas. 
 
24 
 
Portanto, é possível entender que a arte é transitória e tem ciclos. O que é 
considerado bonito para um grupo de pessoas ou em determinado período histórico, 
pode não ser para outro grupo. Assim, você pode compreender que a arte é subjetiva 
e depende de expectativas, gostos e preferências dos indivíduos que a 
apreciam/consomem. 
A noção de estética também segue a mesma linha de raciocínio. A estética tem 
ligações com a filosofia e a apreciação daquilo que é considerado belo pelo olhar 
humano. Assim como a arte, a apreciação da beleza também é relativa e depende de 
uma série de fatores, como preferências, noções e conhecimento do espectador. Nem 
todas as pessoas vão encontrar beleza em uma obra específica, pois suas 
preferências pessoais podem influenciar na apreciação. A arte se altera conforme a 
necessidade dos artistas de explorar novos formatos e, assim, a noção do que é arte 
também vai se modificando. São incontáveis as vezes em que essas modificações 
foram incompreendidas pelo público, que, em geral, fica confuso com o que lhe é 
apresentado. Conforme Azevedo Junior (2008, p. 15), “para apreciarmos algo ‘belo’ 
não usamos imediatamente nossa razão, mas os sentimentos, nossa intuição, nossa 
imaginação”, e é dessa forma que muitas pessoas conseguem uma experiência 
estética com uma obra de arte, seja ela qual for. Sem considerar o “correto” e sem 
perceber tendências na arte, em geral as pessoas consideram bonito e esteticamente 
agradável tudo aquilo que lhes toca os sentimentos e emociona de alguma forma. A 
palavra estética deriva da língua grega, e sua definição é algo aproximado a 
“compreender pelos sentidos”. 
 
4.2 Arte e estética e sua relação com a cultura 
 
Os padrões do que é considerado artístico são bastante fluidos, pois dependem 
da interpretação dos interlocutores, que, por sua vez, possuem gostos, raciocínios e 
sentimentos diferentes uns dos outros. Há, também, outro motivo para essas 
diferenças de interpretações, um pouco mais específico, que a cultura em que 
indivíduos ou grupos estão inserido. 
Cultura, em sua definição antropológica, envolve todos os costumes, padrões 
comportamentais, conhecimentos e crenças que distinguem um grupo social. Se você 
refletir um pouco, perceberá que existe uma quantidade infindável de características 
 
25 
 
culturais no espaço em que vive, além de notar que cidades, estados e países 
possuem uma cultura regional e tradições que, por vezes, remontam de séculos. 
A culinária de um país, suas tradições e festas típicas têm impacto cultural, e é 
justamente ele que pode tornar determinada região atrativa para o turismo, por 
exemplo. Muitas pessoas têm atração e curiosidade em conhecer aspectos culturais 
que não os de sua origem. 
As diferentes religiões espalhadas pelo mundo são grandes concentradoras de 
cultura, uma vez que, de uma para a outra, as comemorações, os rituais e as crenças 
variam, criando uma diversidade de características entre os grupos. Observe um 
exemplo de manifestação cultural religiosa na Figura abaixo. 
 
 
As festas juninas brasileiras são um aspecto cultural bastante característico do país e estão ligadas a 
traduções religiosas do catolicismo, pois são realizados em comemoração aos dias de Santo Antônio, 
São Pedro e São João. 
Fonte: https://jardimdomundo.com/Com a ampliação das fronteiras e o acesso à informação, fragmentos de outras 
culturas passam a se misturar com o que é tradição para um povo. Para o indivíduo 
inserido em uma cultura tradicional, toda a realidade que presencia é considerada por 
ele normal; porém, quando há esse espalhamento do acesso, as novas informações 
chegam a todo momento, tornando a cultura híbrida. (JUNIOR, 2008). 
Com a arte e a estética, não é diferente. O primeiro aspecto que analisaremos 
é a estética da arte, que pode ser considerada válida por indivíduos dentro de um 
contexto sociocultural específico e, por outros grupos com culturas diferentes, não 
validada ou não compreendida. Em seguida, para compreender a arte, é necessário, 
além da habilidade de compreender sensivelmente o que está sendo transmitido, 
desenvolver a capacidade de compreensão do contexto no qual a arte está inserida. 
 
26 
 
Azevedo Junior (2008) afirma que a maneira de compreender e apreciar a 
beleza na arte depende diretamente do repertório cultural do observador e do poder 
de transmissão e expressão das ideias e sentimentos do artista na maneira como 
escolheu representá-las. Portanto, a apreciação e o entendimento de diversas obras 
de arte necessitam de experiência estética prévia e conhecimento acerca do contexto 
histórico do momento em que a arte foi produzida por parte do receptor. Outros 
aspectos passíveis de uma interpretação mais aprofundada são a biografia do autor 
da obra e a intenção dele ao transmitir uma mensagem. 
Como você pode notar, a capacidade de perceber as obras de arte depende do 
conhecimento e da cultura que o indivíduo carrega e da competência do autor de 
expressar tais elementos na obra. Quanto à estética, cabe a cada indivíduo, ou grupo 
de indivíduos inserido em uma determinada cultura, a capacidade de julgar uma obra 
de arte como bela ou não. Esse julgamento vai depender dos recursos físicos 
inseridos na obra, assim como o contexto social e a cultural na qual ela estiver 
inserida. É possível interligar, por mais que pareça complicado, obras de arte com 
contextos políticos e sociais. Existem inúmeras obras de arte que retratam a realidade 
e a cultura dos países, como as fotografias que demonstram o sofrimento de conflitos 
civis em países, os efeitos de guerras e as dificuldades de um povo. 
 É necessário, porém, definir a ordem política na arte, para que você consiga 
compreender por que ela é introduzida nesse contexto. Política refere-se à toda 
realidade em que vive uma sociedade. Envolve leis e organiza a forma com que os 
cidadãos devem agir para conviver de forma pacífica, ou busca a melhor forma para 
que isso aconteça. A política também envolve as relações entre os estados de um 
determinado país e a forma como esse país se relaciona com os outros, visando uma 
convivência pacífica, mesmo com as diferenças culturais existentes. 
A política vai além das pessoas e tem grandes relações com a cultura e a 
maneira como a sociedade se constrói, as características que assume ao longo dos 
anos, bem como com decisões tomadas por grandes líderes, que nem sempre estão 
de acordo com as necessidades do povo. Neste contexto, é importante ressaltar que 
existem políticas de incentivo à produção de arte, que normalmente acontecem 
quando há a percepção de que a produção artística e cultural de uma cidade, estado 
ou país podem estar comprometidos. Assim, acontecem projetos que estimulam os 
 
27 
 
cidadãos a produzirem arte e entrarem em contato com ela, por exemplo, em 
exposições e galerias. 
Dessa maneira, a arte surge não somente para retratar a beleza de uma 
sociedade e seus acertos, de forma poética e enxergando somente aquilo que é 
positivo, mas também se eleva para declarar aquilo que é real, incomoda, é difícil de 
digerir ou gera incômodo, seja geral ou de parcela da população. De acordo com 
Oliveira (2019, documento on-line), os trabalhos artísticos que surgem de situações 
políticas não são simples comentários ou manifestações do artista: 
As obras espelham demandas e sentimentos da coletividade – são 
declarações políticas que, em sua maioria, evocam o potencial transformador 
da arte. Lembremos que, em meio às táticas de protesto, surgem 
manifestações artísticas, tais como, fotografias, performances, grafites, 
música e dança que acabam por compor uma estética contemporânea 
(OLIVEIRA, 2019, documento on-line). 
É possível compreender, então, que a arte é abrangente e se transformou, ao 
longo dos tempos, em uma forma de subverter, de retratar para o mundo aquilo que 
acontece dentro de uma determinada sociedade, ou seja, é um meio para retratar a 
história. 
 
4.3 Indústria cultural e arte 
 
Apesar da arte passar por evolução e transição constantes, além de contar com 
inúmeros movimentos artísticos, técnicas e formas de relatar um acontecimento, seus 
movimentos mais antigos não se apagam por existirem ferramentas mais modernas. 
A arte se adapta, surgem novas vertentes, novos movimentos, mas o que foi produzido 
permanece, sendo relembrado e fazendo parte da história da arte. Dessa maneira, é 
possível entender que sempre existe espaço na arte e que, apesar de surgir o novo, 
o contemporâneo, o pós-moderno, nenhum desses movimentos faz a estética antiga 
ser desconsiderada ou prescrever. A linha do tempo da arte é quase mágica e só se 
amplia com o passar do tempo. 
A arte de cada época remonta a uma parte da história da civilização, conta sua 
existência, seus problemas, expõe sua política e sua cultura. Assim, torna-se parte da 
cultura moderna, pois é importante para o sujeito contemporâneo possuir 
conhecimento histórico. A arte tem a capacidade de comunicar ao seu público tudo 
aquilo que ele precisa saber de forma visual, auditiva ou interpretativa. A 
 
28 
 
contemporaneidade, no entanto, trouxe uma evolução nunca imaginada para a arte e 
para a cultura da população mundial. A evolução da comunicação e dos meios 
tecnológicos possibilitou a queda das fronteiras invisíveis que delimitavam os países. 
Geograficamente, os territórios são os mesmos, porém, culturalmente, a tecnologia 
permitiu o “espalhamento” da cultura, causando uma miscigenação dos elementos 
históricos e culturais entre os povos. 
Esses acontecimentos podem ser considerados desde a evolução da prensa e 
da facilidade com que a informação passou a ter para se espalhar a partir disso. As 
produções manuais, rudimentares e praticamente artesanais passaram por uma 
industrialização, tornaram-se mais rápidas e, com isso, de mais fácil propagação. A 
partir disso, surge a fotografia, o cinema, a televisão e a internet, ferramentas que 
possibilitaram, cada uma de sua forma e a seu tempo, a ampliação das fronteiras e a 
propagação da informação, assim como a mistura de influências culturais diversas nas 
sociedades. Conforme os estudiosos da escola de Frankfurt, Adorno e Horkheimer 
(2000), toda a civilização moderna confere um ar de semelhança, ou seja, todos os 
livros, músicas, produção televisiva e cinematográfica, entre outros itens de cultura 
que a modernidade carrega tiveram um toque da indústria cultural. O termo indústria 
cultural foi criado pelos mesmos autores, Adorno e Horkheimer (1985), que estudavam 
a teoria crítica e os encaminhamentos da sociedade moderna. 
A indústria cultural refere-se a todo o tipo de cultura que nasce das massas de 
forma espontânea, ou seja, todo tipo de formato cultural que pessoas comuns 
passaram a criar, em vez de eruditos, artistas e grandes estudiosos da arte e da 
estética, por exemplo. A indústria cultural surge durante a “industrialização” da 
sociedade, o crescimento das linhas de produção e a facilidade e a possibilidade da 
fabricação de produtos em larga escala. Juntamente a isso, inicia-se uma 
padronização dos objetos culturais, seguindo o mesmo curso. 
De acordo com Cordeiro et al. (2017, p. 89) “Estes [os objetos culturais], na 
sociedade capitalistaliberal, passaram a ser produzidos sob a ótica do lucro, cujo fim 
é meramente o seu consumo”. A indústria cultural fala sobre a lógica de consumo 
criada pelo capitalismo, que prega não somente o consumo por conta da necessidade 
básica, mas como um merecimento pelo esforço de cada indivíduo, incentivando o ato 
deliberado de consumir. Os produtos frutos dessa indústria são feitos para agradar ao 
 
29 
 
máximo de pessoas possível e, dessa forma, serem consumidos em massa. Tudo 
funcionando está dentro da ótica do lucro, que é o objetivo do capitalismo. 
Com esse objetivo (satisfazer o máximo de pessoas possível), a indústria 
cultural usa muitos estereótipos e clichês, fazendo os indivíduos se perceberem 
naquele produto e o encaixarem em sua realidade, acreditando que precisam comprá-
lo ou consumi-lo. Faz parte da indústria cultural fazer promessas ao indivíduo, que, 
muitas vezes, esquece que vive em sociedade e tem necessidade de se autor 
recompensar por seu trabalho, pelas horas que passa estudando, entre outros 
“sacrifícios” que faz. Dessa forma, aquele que consome crê que é preenchido por suas 
posses e conquistas e se sente realizado em razão delas. Conforme lembram Cordeiro 
et al. (2017, p. 92), “não sabe o sujeito que ele não é o rei dessa indústria, como 
poderia pensar, mas reinado por ela. No assalto indefinido entre promessas, sonhos 
e espetáculos, a sua rotina diária e no trabalho continua a lhe massacrar”. 
É possível entender, então, dois pontos: o primeiro é que, apesar do consumo 
gerar uma tranquilidade momentânea, a rotina do homem voltará a fazer ele sentir 
necessidade de consumir novamente; e o segundo, é que a indústria cultural trabalha 
em favor do capitalismo. Você pode perceber, portanto, que a indústria cultural tem 
impacto em muitos setores da sociedade, inclusive na arte. Para Adorno e Horkheimer 
(2000), a sociedade sob influência da indústria cultural torna-se cada vez mais 
deficiente de pensamento crítico e mais toldada de liberdade. Estudiosos afirmam que 
a indústria cultural tem a capacidade de manipular o ser humano, criando a sensação 
de que ele precisa fazer o que todos os outros fazem. 
As pessoas são, portanto, influenciáveis. Na arte, podemos citar o cinema como 
uma das formas pré-moldadas da indústria cultural e que segue o modelo “agradar 
para vender”. Existe uma infinidade de temáticas de filmes disponíveis nos catálogos 
dos cinemas, da televisão e, mais recentemente, dos serviços de streaming. Porém, 
grande parte dessas produções segue uma “receita de bolo”. Um herói ou uma 
mocinha bondosos, justos e humanos — com os quais as pessoas se identificam por 
meio dos estereótipos — são imagens padronizadas. Por exemplo, a “mocinha” de 
uma história é sempre incapaz de cometer uma maldade, possui um conflito a ser 
resolvido com resiliência e coragem; o enfrentamento de um problema, que pode ter 
um grande vilão envolvido, um mal que pode destruir a humanidade, ou qualquer 
ameaça que lhes comprometa a existência. Depois de muitas lutas, percalços e, às 
 
30 
 
vezes, algum romance, o lado do herói sempre vence e todos os espectadores 
terminam o filme com aquela sensação de alívio e bem-estar, quase de missão 
cumprida. 
Esse efeito é produzido por grandes concentrações de estereótipos e clichês, 
que causam o sentimento de normalidade e identificação, é o famoso “final feliz”. Se 
você reparar, vai perceber que qualquer final ou desenvolvimento que saia dessa 
normalidade gera incômodo em algumas pessoas. Walter Benjamin afirma que a arte 
se tornou banal e comercial, perdendo a sua capacidade de ser original e seu caráter 
de objeto artístico (BENJAMIN, 2014). Benjamin defende que com a reprodutibilidade 
técnica — capacidade de propagação de informações por meios de comunicação, 
inclusive da arte — a aura da arte acaba por se perder. Ainda segundo Benjamin 
(1994, p. 168) “Na medida em que ela [a técnica de reprodução] multiplica a 
reprodução, substitui a existência única da obra por uma existência serial”. Portanto, 
o autor defende que a essência da obra de arte se desfaz dessa forma, e sua magia, 
a técnica com que foi feita, os detalhes em sua superfície e a história de sua produção 
perdem-se com a sua reprodução em diferentes mídias. 
Imagine que você está em uma praia de areia branca, sentindo o calor do sol 
na pele, ouvindo o barulho das ondas do mar e sentindo a brisa marítima. Essa 
sensação de presença em um local específico, com todas as suas características, 
nunca será substituída pela visualização de uma imagem na tela do seu computador, 
por mais que você tente. Esse é o pensamento de Walter Benjamin ao falar da 
reprodução da arte em meios de massa. Por mais que você tente ver a Mona Lisa, de 
Leonardo da Vinci, em uma impressão de papel, não é o mesmo que visitá-la no 
museu. 
Apesar de todos esses pontos críticos à indústria cultural e à massificação da 
informação, existe um contraponto na propagação da arte. A facilidade de acesso às 
obras de arte e produções artísticas históricas descentraliza o poder das galerias de 
arte e dos museus, que, na maioria dos casos, está longe da maior parte da 
população, e democratiza o acesso do conhecimento pelo público, permitindo, ao 
menos, a compreensão de alguns aspectos das obras de arte, mesmo que não as 
conheça. Afinal, não seria “justo” que, com a quantidade de informações que temos 
disponíveis, não fosse possível ver uma obra de arte a não ser indo até todos os 
museus espalhados pelo mundo. 
 
31 
 
5 HISTÓRIA E PARADIGMAS DA ESTÉTICA 
 
Para tratar da história e dos paradigmas da beleza através dos tempos, faz-se 
necessário conceituar a beleza. O conceito de beleza é variável de acordo com a 
cultura e a opinião pessoal (TRINDADE, 2010). Mas a beleza pode ser definida como 
“uma característica ou um conjunto de características que são agradáveis à vista e 
que são capazes de cativar o observador”. Por outro lado, a palavra estética vem do 
grego ainsthétiké, ainstásism, ainsthésia, significando sensação ou percepção; daí 
também se originou a palavra anestesia, ou seja, sem sensação. Pode-se dizer que a 
estética está intimamente relacionada com o belo, que remete à beleza e também que 
diz respeito ao sentimento que alguma coisa bela desperta dentro de cada indivíduo 
(TRINDADE, 2010). 
A estética teve desde sempre um papel muito importante na promoção da 
beleza, do bem-estar. Nascida na Grécia antiga como uma disciplina da filosofia, a 
estética estuda as formas de manifestação da beleza natural ou artística (SHMIDTT; 
OLIVEIRA; GALLAS, 2008). Seja na literatura ou na arte (Figura abaixo), a beleza foi 
sempre um tema muito abordado e cultuado de acordo com as normas de cada época. 
Por exemplo, no século XVI, o corpo considerado belo era um corpo com gordura e 
curvas vultuosas; as formas se tornaram então mais polpudas, e o contorno, mais 
consistente (SHMIDTT; OLIVEIRA; GALLAS, 2008). 
 
 
Representação grega da beleza feminina 
Fonte: Milana Tkachenko/shutterstook.com 
 
32 
 
A busca pelo embelezamento e pela conservação da juventude, com o desejo 
de parar o tempo e de atrasar o envelhecimento, é tão importante nos dias de hoje 
quanto foi nos séculos anteriores, em que os egípcios e romanos enalteciam a beleza 
(SHMIDTT; OLIVEIRA; GALLAS, 2008). Uma revolução tem ocorrido na área da 
estética, especificamente no tratamento de distúrbios estéticos da pele. Isso se deve 
à disponibilidade de procedimentos e tecnologias que produzem benefícios evidentes 
com poucos efeitos colaterais. Esses procedimentos coincidem com o estilo de vida 
ativo de muitos pacientes, que buscam melhoras na aparência que não interfiram em 
suas obrigações profissionais, sociais ou pessoais (AVRAM et al., 2008). 
 
5.1 Correntes que orientaram a estética em diferentes épocas 
 
Desde a antiguidade, existem padrões de estética e ao longo das épocas, foramadaptando-se e tornando-se mais refinados. Um exemplo disso é a evolução da moda 
para a mulher grega que, primeiramente, usava palas, uma vestimenta simples com 
os braços despidos e com um cinto na cintura ou preso na altura do peito. Depois, 
ocorreu o acréscimo de uma barra bordada em algumas partes do pala, além de 
penteados elegantes, colares e bijuterias (TRINDADE, 2010). Como você pode 
perceber, a noção de estética foi evoluindo, sempre em busca de um equilíbrio entre 
vários elementos. 
Nos séculos anteriores ao século XX, o asseio e os cuidados com a higiene não 
eram os mais adequados aos olhos de hoje em dia; eram realizados mais para a 
autopreservação do que para atração. Além disso, a cosmética nem sempre foi bem 
aceita, principalmente por questões religiosas (GERSON et al., 2011). Os africanos 
antigos também apresentavam esse comportamento de autopreservação, pintando-
se de várias cores para camuflagem no ambiente quando fossem caçar. Durante o 
reinado de Elizabeth I, na Europa, homens e mulheres usavam pó facial feito de 
arsênico e chumbo, seguindo a tendência social da época (GERSON et al., 2011). 
Somente a partir do século XVII, as loções e outros produtos cosméticos 
começaram a entrar mais no cotidiano, assim como outros adereços de estética, como 
as perucas, lenços e fitas (LOPES; CARVALHO, 2011). Os primeiros testemunhos do 
uso de cosméticos foram encontrados no Egito Antigo. A maquiagem e as perucas 
eram usadas como forma de distinção social e proteção espiritual. A maquiagem dos 
 
33 
 
olhos extremamente elaborada ajudava a proteger contra os raios solares e servia 
como repelente para insetos, e os óleos aromáticos ajudavam a prevenir contra as 
queimaduras do sol e os danos dos ventos de areia. Os olhos maquiados com formas 
amendoadas tornaram-se característica estética dos egípcios (GERSON et al., 2011). 
Um dos maiores símbolos da Cosmetologia para a área da ciência 
farmacêutica, voltada para a pesquisa, desenvolvimento, elaboração e produção de 
cosméticos, é Cleópatra (69 a.C.), a última rainha do Egito. Cleópatra ficou conhecida 
por ter sido culta (diz-se que tinha conhecimentos de filosofia, literatura e arte gregas), 
saber vários idiomas, ser uma hábil estrategista militar, mas também, e 
principalmente, pela vaidade. Há evidências de que a rainha tomava banhos de leite 
de cabra, usufruindo de suas propriedades cosméticas, como as proteínas e as 
vitaminas (BRENNER, 2011). 
Os egípcios e os hebreus antigos já haviam elaborado inúmeras técnicas de 
asseio e de cuidados com a pele. Os cosméticos eram usados por esses povos na 
limpeza e conservação da pele, dos cabelos, dos dentes e nos cuidados com a saúde 
em geral. Por serem nômades, adotavam facilmente técnicas de outras culturas. Os 
produtos mais uteis para eles eram a mirra e a romã: a mirra era usada para repelir 
pulgas quando em pó, e sua tintura era usada na a higiene bucal; a romã era usada 
como antisséptico, além de ajudar a expelir vermes intestinais (GERSON, 2011). 
Outro povo que nos deixou legados foram os gregos. As palavras do português 
“cosméticos” e “cosmetologia” vieram da palavra grega kosmetikos, que significa 
“hábil no uso da estética”. A beleza, na Grécia Antiga, era estabelecida pela aparência 
do corpo nu. Os atletas gregos eram a personificação do equilíbrio entre a mente e o 
corpo. Costumavam banhar-se com azeite de oliva e polvilhar uma areia fina por cima, 
como forma de proteger a pele de altas temperaturas e prevenir o envelhecimento 
com a proteção contra o sol. Estavam sempre buscando formas de aprimorar seus 
cuidados com a saúde e aparência, e esse amor pela perfeição tornou-os pioneiros 
nas técnicas de asseio e cuidados com a pele (GERSON, 2011). Os famosos banhos 
romanos eram o local das reuniões sociais e discussões para os senadores e 
aristocratas da época. Há registros de que tenham abrigado também atos imorais, 
condenados pela religião. 
 
 
34 
 
 
Banhos romanos visitados atualmente por turistas 
Fonte: Christian Mueller/shutterstock.com 
 
Nessa época surgiu também a alquimia, uma ciência oculta em que se 
utilizavam fórmulas cosméticas em atos de magia e ocultismo. Foi também nessa 
época que Ovídio escreveu seu livro voltado para a beleza da mulher, de título “Os 
produtos de beleza para o rosto da mulher”, no qual ensina as mulheres a cuidarem 
de sua beleza usando receitas caseiras (GERSON, 2011). 
 
 
Representação de elementos utilizados na alquimia 
Fonte: Vera Petruk/shutterstock.com 
 
O período da História europeia entre a Antiguidade clássica e o Renascimento 
é chamado de Idade Média. Teve início com o declínio de Roma no ano 476 d.C., 
durando até 1450, aproximadamente. Durante essa época, a igreja exercia uma 
função dominante na vida das pessoas. A cultura da beleza era pouco praticada, as 
 
35 
 
mulheres usavam maquiagens coloridas nas bochechas e nos lábios, mas não nos 
olhos. O banho não era um ritual diário, mas os mais ricos usavam óleos perfumados 
(GERSON, 2011). 
Na sequência da História da estética, surge o período em que a civilização 
ocidental fez a transição da história medieval para a moderna. Salienta-se, nesse 
período, o conceito de beleza a partir de duas tendências artísticas, cujas estéticas 
vão perdurar em estilos e movimentos até a atualidade: o Renascimento e o Barroco 
(TRINDADE, 2010). 
Entre as décadas de 1830 e 1850, o movimento do Romantismo torna-se um 
marco e muda o paradigma da conceituação de beleza na arte, influenciando o belo 
como uma nova forma de ser, pensar e agir, de maneira geral, na moda, na higiene 
e, inclusive, na decoração de interiores (TRINDADE, 2010). 
 
5.2 Tendências contemporâneas nas diferentes áreas da estética 
 
O asseio pessoal e o estilo estético transformaram-se muito ao longo da 
História, refletindo as tradições e costumes de períodos específicos. O 
embelezamento e os adornos, aos poucos se afastaram do âmbito espiritual e 
medicinal e gradualmente começaram a representar a cultura popular de cada época 
(GERSON, 2011). Após a Segunda Guerra, com a emancipação da mulher e sua 
inserção no mercado de trabalho, passou-se a exigir dela “boa aparência”. A moda, a 
publicidade e a grande mídia passaram a influenciar a busca por um padrão de beleza 
mais longilíneo. Os índices de obesidade cresceram no mundo inteiro, ao mesmo 
tempo em que crescia a busca pelo corpo ideal (SHMIDTT; OLIVEIRA; GALLAS, 
2008). Fala-se muito da tirania estética do consumo, do privilégio de poucos que passa 
a ser a necessidade de muitos. Não é a necessidade de uma beleza qualquer, mas 
de uma beleza construída segundo padrões ditados pelo próprio mercado, que define 
o corpo da moda (SCHOSSLER, 2011, documento on-line). 
Novas tecnologias, novos produtos, novas técnicas levam à modificação e ao 
controle corporal. Essas incluem desde as oferecidas por academias de ginástica, 
salões de beleza e clínicas estéticas, até procedimentos mais radicais, como as 
cirurgias plásticas (NOVAES, 2006). A imagem está cada vez mais implicada na 
construção da identidade das pessoas. A cultura contemporânea enfatiza a beleza e 
 
36 
 
a estética e encoraja as cirurgias. Os padrões de beleza socialmente impostos estão 
levando as pessoas a práticas estéticas desordenadas, na tentativa de alcançar tais 
padrões de beleza (LENHARO, 2016). 
Há algum tempo, a estética, assim como a medicina estética e a cosmética, 
tem acompanhado a evolução das novas tecnologias, levando homens e mulheres a 
buscarem resultados excelentes no rejuvenescimento. Dessa forma, a indústria de 
cosméticos também está em constante desenvolvimento. Hoje estão disponíveis 
equipamentos que, associados a princípios ativos, trabalham a remodelação corporal 
e tratam outras disfunções estéticas, tanto faciais como também capilares (BORGES, 
2010). 
 
6 ARTE E ESTÉTICA: CONCEITOS 
 
Para os gregos antigos,a arte significava o domínio do ser humano de uma ou 
mais técnicas. Deriva daí a ideia de que saber fazer algo muito bem feito é uma arte, 
por exemplo, a arte da guerra, da política, de fazer parto, da medicina, do direito, etc. 
Outro conceito é que a arte é uma experiência humana de conhecimento estético, que 
transmite e expressa ideias e emoções; por isso, para a apreciação da arte, é 
necessário observá-la, refletir sobre ela, criticá-la a ponto de emitir opiniões 
fundamentadas sobre gostos, estilos, materiais e modos diferentes de fazer arte 
(AZEVEDO JÚNIOR, 2007). 
A função da arte e o seu valor estão na representação simbólica do mundo 
humano. A partir disso, Aristóteles e Alberti apresentam visões diferentes sobre o 
assunto. Aristóteles, pensador grego que viveu nos anos 300 a.C., entende a arte 
como uma criação especificamente humana, na qual o belo não pode ser desligado 
do homem: está em nós. Entretanto, ele separa a beleza da arte, e muitas vezes, a 
feiura, o estranho ou o surpreendente se tornam o principal objetivo da criação 
artística. Para o filósofo grego, o que confere beleza a uma obra é a sua proporção, 
simetria, ordem — isto é, uma justa medida. Dessa maneira, ele distingue dois tipos 
de artes: as que têm uma utilidade prática, isto é, completam o que falta na natureza; 
e as que imitam a natureza, mas também podem abordar o que é impossível, 
irracional, duvidoso. 
 
37 
 
Leon Battista Alberti (1404–1472) foi um arquiteto e teórico de arte italiano, 
seguidor de Vitrúvio. Teve o livro De re aedificatoria como seu principal tratado teórico, 
o qual tomava como base de referência a arte da Antiguidade. Nesses estudos, é 
possível identificar quatro pontos de arte clássica, os quais se mantiveram vigentes 
por mais de 300 anos: arte é uma ciência; arte deve interpretar um ideal objetivo de 
beleza; arte deve dizer respeito às ações humanas; o propósito da arte não é somente 
proporcionar prazer, mas também ensinar uma lição de moral. 
Em resumo, arte é o ato de fazer uma obra que será admirada, seja ela uma 
canção, uma escultura, uma poesia, uma dança, uma arquitetura. A estética será, 
portanto, a disciplina que estudará e analisará a relação existente entre a arte e o 
homem. Nesse sentido, a estética é vista como uma ciência que remete à beleza 
relacionada a algum sentimento, demonstrado por suas manifestações artísticas e 
naturais, sendo vista como a filosofia da arte. É um ramo da filosofia com o objetivo 
de interpretar simbolicamente o mundo e as formas de manifestação da beleza pura 
e artística. Platão foi o primeiro a formular, explicitamente, a pergunta sobre o que é o 
belo. Para ele, o belo é identificado com o bem, a verdade e a perfeição. A beleza 
existe em si, separada do mundo sensível. Nesse sentido, ele criticou a arte que se 
limitava a “copiar” a natureza e o mundo sensível, afastando assim o homem da beleza 
que reside no mundo das ideias. As obras de arte deviam seguir a razão, procurando 
atingir tipos ideais e desprezando os traços individuais das pessoas e a manifestação 
das suas emoções. Assim, entende-se que Platão ligou a arte à beleza. (AZEVEDO 
JÚNIOR, 2007). 
Foi o filósofo Alexander Gottlieb Baumgarten (1714–1831) que utilizou pela 
primeira vez a palavra “estética”, no conceito moderno, com o intuito de estabelecer 
uma disciplina da filosofia que se encarregaria de estudar todas as manifestações 
artísticas. Na Grécia Antiga, outros filósofos já utilizavam a palavra “estética”, que 
deriva da palavra grega aesthesis, a qual significa percepção e sensação. Desse 
modo, no sentido mais íntimo do significado, a palavra “estética” significa 
“sensibilidade”. Ela está presente desde o surgimento do homem: os povos primitivos 
usavam óleos e perfumes para ocasiões especiais. 
Atualmente, o seu significado moderno corresponde à doutrina do 
conhecimento sensível. Baumgarten definiu a estética como sendo uma disciplina que 
deveria refletir sobre as emoções produzidas pelos objetos que são admirados pelos 
 
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seres humanos. O autor ainda afirma que a estética deveria ser abordada de forma 
subjetiva, ou seja, a partir da consciência de cada indivíduo. Esse filósofo da arte 
entende que a única forma de se apreciar uma obra se dá pela sensibilidade do 
observador. Ela — a sensibilidade — só é possível quando o observador se permite 
contemplar a arte a partir da sua própria subjetividade. (MARIANO, 2018) 
 
6.1 Evolução do conceito de estética ao longo dos anos 
 
Ao longo da história, a filosofia sempre se perguntou a respeito da essência do 
belo — a interrogativa central da estética. A estética enquanto filosofia surgiu na 
Grécia Antiga, como uma reflexão sobre as manifestações do belo, seja ele natural ou 
artístico, bem como o estudo da filosofia, em conjunto com a lógica e a ética, formando 
os conceitos de belo e bom para os valores da humanidade. Essa reflexão sistemática 
é inseparável da vida cultural das cidades gregas, as quais atribuíam uma enorme 
importância aos espaços públicos e ao livre debate de ideias. Dessa forma, os poetas, 
arquitetos, dramaturgos e escultores desfrutavam de um grande reconhecimento 
social. No Egito, Cleópatra acreditava que a beleza era importante para a imortalidade 
e, desse modo, serviu de inspiração para diversos artistas e suas pinturas. Nesse 
período, a representação da figura humana aparecia na versão idealizada dos artistas, 
com grandes olhos escuros, figuras esbeltas, corpos morenos e perfeitos, e cabelos 
brilhantes. Na Idade Média, a Igreja acreditava que a vaidade vinha de forças 
malignas, e qualquer preocupação estética não era bem vista (pregando inclusive o 
abandono dos hábitos de higiene). Além disso, julgava-se que a preocupação com o 
belo estaria alterando a face dada por Deus. 
Dois pensadores tiveram grande importância na definição dos conceitos de 
estética. Platão já definia o belo como o bom; a estética existiria em si, a partir de uma 
essência ideal, objetiva, independente do gosto. Essa tendência compôs o ideal 
universal de beleza, dominando a arte da Antiguidade até o século XVII. No caso de 
Aristóteles, pupilo de Platão na sua academia, a estética tem como base dois 
conceitos de caráter realista: a teoria da imitação e a catarse (libertação). Os conceitos 
platônicos reaparecem no Renascimento, principalmente nas escolas inglesas, em 
conjunto com pensamentos que contemplam o belo como uma manifestação do 
espírito. No classicismo francês, como nos pensamentos de Descartes, as ideias de 
 
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Aristóteles se mantêm vivas, e são introduzidos novos conceitos de beleza, como 
claridade e distinção. (MARIANO, 2018). 
Durante o século XVIII, a história da estética encontra o seu ponto máximo. Os 
críticos ingleses foram os responsáveis por analisar as impressões estéticas e 
estabelecer as diferenças entre a beleza da experiência imediata e a beleza relativa. 
A partir disso, originou-se outra tradição: o belo tornou-se relativo, subjetivo, 
relacionado à maneira como cada sujeito nota o objeto. Também foi apresentada a 
separação entre o que era belo e o que era magnífico ou sublime. 
Essa oposição ao pensamento do passado é aliviada por Kant, no século XVIII, 
definindo que, na estética, a objetividade está no objeto, enquanto a subjetividade está 
no sujeito. Portanto, o belo existe em si, no objeto, mas nem sempre é percebido pelo 
leigo — aquele que não foi educado para apreciar a beleza como um crítico de arte. 
Seguindo essa evolução, no século XIX, Hegel introduziu o contexto histórico na 
concepção de beleza, para o qual o “devir” (as mudanças) se reflete no gosto. Em 
outras palavras, ele sofre uma interferência da cultura, construindo uma nova visão 
de mundo. A partir dessas tradições, outra concepção de estética surgiu no século 
XX, vinculada à fenomenologia, principalmente em relação à arte. O belo passou a ter 
significado, independentemente

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